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Minicurso ofertado por Anna Maria Moraes (PPGEO-UERJ) e Camilla Sales Gonçalves (PPGG-UFRJ)
em ocasião do I Colóquio NERU e NEEPG de Divulgação Científica.
Contato
annamariapll21@gmail.com | camilla.sales13@gmail.com
Instagram @neruuff | @neepguff
PÓS-GRADUAÇÃO: PASSO A PASSO DAS SELEÇÕES DE MESTRADO E DOUTORADO
Contextualizando a Pós-Graduação
Questões norteadoras
Veja bem, os motivos para cursar uma Pós-Graduação podem ser inúmeros: trabalhar como
pesquisador, melhorar as habilidades para o mercado de trabalho, obter mais um título para
melhorar seu desempenho em concursos, ou simplesmente para aumentar o conhecimento sobre
um determinado campo científico. Como saber se esse caminho é pra você?
Independente do seu objetivo, há de se recuperar sempre que um Mestrado e um Doutorado
exigem, por 2 ou 4 anos, que você TRABALHE COM PESQUISA, que você cumpra o papel de um(a)
PESQUISADOR(A) e que, ao final, exponha o produto deste trabalho. Tenha isso em mente para se
preparar caso não seja esse seu objetivo profissional quando terminar o curso, ou se a área
acadêmica não for muito a sua praia, ok?
Use as seguintes perguntas como critério de sua decisão:
Essa escolha também precisa de critério e a esse ponto a questão gira em torno do que é
negociável ou não pra você. Comece se perguntando:
inegociável para você e o seu programa-desejo não contar com amplo financiamento, é válido
tentar simultaneamente algum outro que as ofereça.
É importante que se opte por alguém especializado ou que já tenha em algum momento
trabalhado com temas afins ao que você quer pesquisar. O trabalho é de sua responsabilidade, mas
com orientação especializada a tendência é de que flua mais tranquilamente. Informações sobre o
histórico de pesquisa dos docentes podem ser encontradas em seus Currículos Lattes
(http://lattes.cnpq.br/).
Chegou a hora da seleção! É imprescindível que o edital seja lido com tranquilidade,
preferencialmente por mais de uma vez e com bastante atenção. É neste documento onde você
encontrará tudo o que precisa saber sobre o processo seletivo, tais como os documentos
solicitados, etapas e prazos. Atente-se sobretudo às seguintes informações:
Anteprojeto de pesquisa
Se trata de um documento onde você deve expor o assunto que deseja pesquisar,
justificando a relevância do tema e evidenciando seu domínio sobre a literatura. Cada programa
terá exigências específicas, mas, em geral, os tópicos são: título, introdução, objetivos, justificativa,
metodologia, referencial teórico, cronograma de atividades e referências. Para quem deseja
ingressar ao doutorado, geralmente também se exige a hipótese da investigação.
Dê preferência a utilizar autores do próprio programa pretendido e não esqueça de que seu
texto deve estar alinhado aos eixos de investigação ofertados.
Os principais critérios de avaliação são: clareza do texto, objetividade na apresentação de
ideias, relevância do tema e exequibilidade da proposta. A atribuição de pontos a cada uma das
seções e aspectos é variável e deve ser verificada no edital.
Entrevista
Nesta etapa, a regra é: estudar cada detalhe do seu projeto e estar embasado para todas as
possíveis perguntas. Explique a lógica do seu trabalho, pois o foco de uma entrevista é avaliar se
você argumenta bem a necessidade de sua pesquisa para aquele campo científico.
Não deixe de se atentar a detalhes como: horário e duração da entrevista, e a plataforma de
chamadas de vídeo onde será realizada (para as seleções remotas).
Além disso, esteja ciente de que em alguns programas perguntas mais pessoais são feitas,
tais como se você aceitaria estudar sem bolsa, se trabalha, tem filhos etc.
Arguição
Para alguns programas, essa é uma das etapas realizadas no processo seletivo. Trata-se da
defesa presencial do projeto como uma apresentação formal, ou em alguns casos, uma leitura da
prova escrita realizada.
Memorial
Trata-se de um texto escrito em primeira pessoa onde você narra os aspectos mais
relevantes de sua trajetória acadêmica e profissional e demais pontos exigidos caso essa etapa
conste em seu edital. Em geral, solicitam que apresente sua formação, idiomas que compreende,
atividades de pesquisa ou extensão que tenha desenvolvido durante a graduação, atuação
profissional, entre outros.
Prova escrita
Durante a pandemia vários programas retiraram essa etapa de seus processos seletivos,
mas a tendência é de que elas retornem visto que professores, organizadores e inscritos estão
mais adaptados à atividades remotas.
Sua estrutura é também variável, mas em geral duas possibilidades são recorrentes: 1. a
redação de um único texto problematizando as questões exigidas e 2. prova com 3 a 4 questões
diferentes em que pedem respostas mais curtas e pontuais. Em ambos os casos, o que se avaliará
é sua capacidade de relacionar teorias, articular temas cotidianos, construir textos elaborados e
que explicitem senso crítico.
Cada programa indica, no edital, a bibliografia de leitura obrigatória para a realização das
provas.
Análise de currículo
Chegou o momento de pôr a mão na massa! O ideal é que o planejamento seja feito com
antecedência. Ou seja, se você já sabe o(s) programa(s) que deseja prestar a seleção, já tem uma
ideia da pesquisa a desenvolver e já sabe qual orientador(a) vai escolher, comece a preparação
antes mesmo antes de o edital do ano sair. O tempo é uma vantagem preciosa!
Se esse não for o seu caso, e tiver sido pego de surpresa pela própria decisão, pela
antecipação da publicação de um edital ou coisa do tipo, não há problema! Com um prazo mais
apertado a preparação vai ser mais intensa, mas nem de longe torna impossível sua aprovação.
O primeiro passo a ser dado refere-se aos seus documentos. Depois de ler o edital, tome
nota de todos os documentos necessários e os agrupe em um só lugar (tanto os documentos
pessoais quanto as comprovações de seu currículo). Se for necessário pedir à coordenação de seu
curso de graduação por algum certificado, o faça com antecedência, pois pode haver um prazo de
entrega maior que o que você precisa. Tenha disponível também uma foto 3x4 atual.
Finalmente, dedique-se ao seu anteprojeto de pesquisa. Aqui, mais que em qualquer parte, o
gerenciamento de tempo é essencial! Aconselhamos a seguinte divisão:
- 20% do tempo: Objetivos (O que quero fazer nessa pesquisa?) e Justificativa (Por que esse
trabalho é relevante cientificamente?)
- 30% do tempo: Referencial teórico (O que a literatura diz sobre o meu tema?)
- 20% do tempo: Metodologia (De que forma eu operacionalizo a minha pesquisa e o que a
literatura discute a esse respeito?)
- 5% do tempo: Cronograma de atividades (Quando vou ler os textos da área? Quando vou
coletar os dados? Em quanto tempo pretendo cumprir os créditos disciplinares? Quando vou
qualificar minha pesquisa? Quando vou escrever? Quando será a defesa final? No caso do
Doutorado, quando cumprirei o estágio docente?)
- 15% do tempo: Introdução – o cartão de visitas da sua pesquisa. Recomendamos que seja a
última seção do anteprojeto a ser escrita pois nela constarão uma espécie de resumo das
demais partes.
- 10% do tempo: Formatação (de acordo com o edital), revisão e ajustes gerais do texto.
Esperamos que esse pequeno manual te ajude de alguma forma. Sua preparação não deve
se esgotar nele e é fundamental a dedicação e autonomia de buscar mais conteúdo.
A Pós-Graduação não é um horizonte tão distante quanto parece e, apesar da situação atual
do país ser de extrema desvalorização do trabalho de pesquisadores, a atividade resiste.
Boa sorte!