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BALANÇOS GLOBAIS
Autor: Me. Rafaela Guimarães
Revisor: Mario Callefi
INICIAR
introdução
ç
Introdução
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, vamos aprender sobre os balanços globais de energia,
determinando se um fluido está fornecendo ou recebendo trabalho, caso das máquinas e
turbinas. Além disso, vamos deduzir a famosa equação de Bernoulli, que, segundo
especialistas, é uma das mais utilizadas em fenômenos de transporte até hoje.
F = m . a (1)
Esta é uma das mais importantes análises feitas em fenômenos de transporte: a análise
entre as forças gravitacionais, a aceleração da partícula e o campo de pressão.
Nossa primeira análise da equação (2) será bidimensional, nas direções (x e z), ou seja, o
movimento da partícula será descrito pelo vetor velocidade, que pode ser definido como a
taxa de variação temporal da posição da partícula.
Quando o fluido está escoando em regime permanente, toda partícula fluida escoa ao
longo de sua trajetória e seu vetor velocidade é sempre tangente à trajetória. Também
podemos descrever o escoamento em função das coordenadas da linha de corrente
(MUNSON, 2004, p. 89), conforme a Figura 3.1, item b.
O movimento da partícula será descrito em função da distância, dada por s = s (t), que pode
ser medida ao longo da linha de corrente (adotando uma origem) com um raio de curvatura
local dado por R = R (s) .
Como a aceleração é a taxa de variação da velocidade sobre o tempo, dado pela fórmula a =
dV/dt (a indicação da velocidade em negrito quer dizer que estamos nos referindo ao vetor
velocidade) no eixo de coordenadas x - y, essa aceleração terá dois componentes:
as =
dV
dt
= (
dV
ds
)
ds
dt
= V
dV
ds
(3)
an =
V
R
(4)
∑ δFs = δm . as = δm V dV
ds
=ρV dV
ds
= ρδ Volume V dV
ds
Onde V é a velocidade, ∑ δF representa a soma dos componentes das forças que atuam
s
ds
Fps = - Volume (7)
dp
δ δ
ds
partícula.
Assim, a força líquida que atua sobre a partícula representada pelo diagrama de corpo livre,
conforme está representado na Figura 3.3, é dada por:
Combinando as equações (8) e (5) nós teremos a equação do movimento ao longo de uma
linha de corrente que é dada por:
ds ds
Essa equação pode ser interpretada por “a variação da velocidade da partícula é provocada
por uma combinação adequada do gradiente de pressão com a componente peso da
partícula na direção da linha de corrente” (MUNSON, 2004, p. 93).
Equação de Bernoulli
A equação de Bernoulli é uma relação entre pressão, energia cinética e energia potencial
muito utilizada em fenômenos de transporte para escoamentos com líquidos
incompressíveis, como a água.
As hipóteses simplificadoras, de acordo com Brunetti (2008, p. 87), que devemos considerar
para podermos aplicar a equação de Bernoulli são:
2
dm1 . v
_dE1 =d m1 . g. h + 1
2
1
+p 1 dV1 (10)
Na seção 2, uma massa \(\text{d}_{m2} do fluido que pertencia ao trecho (1) - (2) escoa para
fora, levando a energia \(\text{d}_{E2} dada por:
2
dm2 . v
dE2 =d m2 . g. h + 2
2
2
+p 2
dV2 (11)
ou:
2 2
dm1 . v dm2 . v
dm1 .g. h + 1
2
+p dV = d
1
1 1 E2 = d m2 .g. h + 2
2
2
+ p 2
dV2 (12)
Temos que ρ= dm
dV
e que dV= dm
ρ
(13)
Substituindo a equação (3.12) na equação (3.11), obtemos:
2 2
dm1 . v dm2 . v
. g. + + = = . g. + +
p p
1 1 2 2
dm1 h1 dm1 dE2 dm2 h2
2 ρ 2 ρ
1 2
dm2 (14
2 ρ 2 ρ
1 2
Agora, vamos dividir a equação (15) por g e nos lembrar de que γ = ρ. g, para obtermos:
2 2
v v
h1 + + = g. h2 + + (16)
p p
1 1 2 2
2 . g γ 2 . g γ
A equação (16) é a famosa equação de Bernoulli que nos permite relacionar cotas (altura),
velocidades e pressões em duas seções de um tubo, onde há um escoamento de um fluido.
Abaixo indicaremos separadamente o significado de cada termo da equação (16), de acordo
com Brunetti (2008, p. 89):
m. g G
γ γ . V G G
Como z é uma cota (altura, é dado em metros), logo , assim como também devem
2
v p
2 . g γ
ser medidos em m.
A energia total (representada pela letra H) por unidade de peso pode ser calculada por:
H= + + z (17)
2
p v
γ 2 . g
O enunciado dessa equação pode ser definido como “se, entre duas seções do escoamento,
o fluido for incompressível, sem atritos, e o regime, permanente, se não houver máquina
nem trocas de calor, então, as cargas totais se manterão constantes em qualquer seção,
não havendo nem ganhos nem perdas de carga” (BRUNETTI, 2008, p. 89).
Se a energia total tiver sinal positivo, o escoamento estará recebendo trabalho, ou seja, o
sistema se comporta como uma bomba. Já se H for negativo, o sistema estará fornecendo
energia, ou seja, o escoamento estará exercendo a função de uma turbina hidráulica.
praticar
Vamos Praticar
Na figura a seguir, vemos um reservatório de grandes dimensões fornecendo água para o tanque
indicado com uma vazão de 10 l/s. Queremos fazer um estudo da função da máquina
representada pela letra M na figura a seguir e de sua energia total. Dados γágua = 10 N/m ,
4 3
Podemos definir trabalho, segundo Livi (2017, p. 98), como o produto escalar de uma força
aplicada sobre um fluido multiplicado pelo deslocamento que essa força provoca.
δ W = F . dS (18)
dt dt
A Segunda Lei de Newton afirma que a força F exercida pela vizinhança sobre o volume de
controle, de forma que o fluido escoa através da superfície de controle, exerce uma força (-
F) sobre a vizinhança, resultando, ainda segundo Livi (2017, p. 98), que a taxa de trabalho
realizada pelo fluido pelas tensões normais σn em um elemento de área dA da superfície
de controle será dada por:
δWf
dt
= - F . V = - σn dAV (20)
− − − −
Agora, podemos calcular a potência de escoamento que é definida como a taxa de trabalho
realizado pelas forças devidas às tensões normais considerando toda a superfície de
controle:
σ n = - p (22)
dt
= ∫ ∫
S.C.
p (V n) dA (23)
− −
- =∫ dA + dvol (25)
δQ δW d
∫ e ρ (V . n) ∫ ∫ ∫ e ρ
dt dt S.C. dt V .C.
− −
- -∫ p (V n) dA = ∫ e ρ (V n) dA + e ρdvol (26)
δQ δWeixo d
∫ ∫ ∫ ∫ ∫
dt dt S.C. S.C. dt V .C.
− − − −
Onde e é a energia total específica (por unidade de massa) do sistema e vol é o menor
volume, em torno de um ponto. Ou
- =∫ ( dA + e ρdvol (27)
δQ δWeixo p d
∫ (e + )ρ V n) ∫ ∫ ∫
dt dt S.C. ρ dt V .C.
− −
Essa equação é conhecida como equação de energia porque ela fornece um balanço global
da energia para um volume considerado (LIVI, 2017).
= = (30)
δBsis Bsis (t + δt) − Bsis (t ) Bvc (t + δt) − BI (t + δt) + BII (t + δt) − Bsis (t )
δt δt δt
= - + (31)
δBsis Bvc (t + δt) − Bvc (t ) BI (t + δt) BII (t + δt)
δt δt δt δt
O terceiro termo do lado direito da equação (32) representa a taxa com que o parâmetro
extensivo B escoa do volume de controle através da superfície de controle, representada
pelo número II (romano) na Figura 3.6.
Então,
BII (t + δt) = (ρ 2
b2 ) (δ volII ) = ρ2 b2 A2 V2 δt (33)
Onde ρ2 b2 são os valores de ρe b na seção II (que são constantes). Então, a taxa com que a
propriedade b escoa do volume de controle Bs será:
Bs = = ρ2 b2 A2 V2 (34)
BII (t + δt)
lim
δt
δt → 0
BI (t + δt) = ρ1 b1 A1 V1 δt (35)
Agora, vamos juntar as equações (300) a (36) para que possamos encontrar a taxa de
variação no tempo de B para o sistema e para o volume de controle:
= + Bs - Be (37)
DBsis dBsis
Dt dt
= 2 b2 A2 V2 - ρ1 b1 A1 V1 (38)
DBsis dBsis
ρ
Dt dt
praticar
Vamos Praticar
Um motor trabalhando em regime permanente fornece 30 HP, equivalentes a 22,40 kW, a uma
bomba para bombear água à taxa de 0,04 m /s, conforme está ilustrado na figura a seguir. O
3
Dt
∫
sis
e ρ dVol = (∑ Qe − ∑ Qsis )
sis
+ (∑ We − ∑ Wsis )
sis
=
(Qliq.e + Qliq.e )
sis
(Equação 3.38)
Ou seja, segundo Munson (2004), a energia total por unidade de massa (energia total
específica) e está relacionada com a energia interna específica u, com a energia cinética por
unidade de massa V /2 e com a energia potencial por unidade de massa, dada por g . z
2
pela equação:
=u+ + g z (40)
2
V
e
2
Vamos analisar mais profundamente, de acordo com Munson (2004), a equação da energia
para escoamentos em regime permanente em média, dada por:
2 2
m = Qliq.e +
p p V − V
s e
[us − ue + ( ) − ( ) + + g (zs − ze ]
ρ ρ 2
s e
Wliq.e (41)
m = Qliq.e (42)
p p Vs − Ve
[us − ue + ( ) − ( ) + + g (zs − ze ]
ρ ρ 2
s e
A diferença entre as equações (41) e (42) é o termo Wliq.e, que representa a potência no
eixo que, nesse caso, é nulo em todas as equações. Se o escoamento for incompressível, a
equação (42) pode ser simplificada por:
2 2
+ + g zs = + + g ze - (us - ue - qliq.e) (43)
p V p V
s s e e
ρ 2 ρ 2
Sendo que:
Qliq.e
qliq.e = m
(44)
É a taxa de transferência de calor por unidade de massa que escoa no volume de controle.
Se os efeitos do atrito puderem ser desprezados, teremos:
2 2
ps + + γ zs = pe + + γ ze (45)
ρ V ρ V
s e
2 2
Sendo que γ = ρ g é o peso específico do fluido. Agora, vamos dividir a equação (45) pela
massa específica do fluido:
2 2
+ + g zs = + + g ze (46)
p V p V
s s e e
ρ 2 ρ 2
us - ue - qliq.e = 0 (47)
+ + g zs = + + g ze - perda (49)
p V p V
s s e e
ρ 2 ρ 2
O volume de fluido que passa por cada elemento de área está representado na Figura 3.9 e
é dado por:
Onde δln = δl cos θ é a altura (normal a base δA) do pequeno elemento de fluido eθ é o
ângulo entre o vetor velocidade e a normal que aponta para fora da superfície, n
^ . Como δ l =
Bs = = = ρb V cos θδA (52)
ρ b δ V ol (ρ b cos θ δt) δA
δ lim lim
δt δt
δt → 0 δt → 0
Agora, vamos integrar a equação (52) em toda a sua porção da superfície de controle que
possui descarga de fluido, SC:
Bs = ∫SCs
dBs = ∫ SCs
ρ b V cos θ dA (53)
Sendo que V cos θ é a componente da velocidade na direção normal à área δA, que é dada
pelo produto escalar V . n
^ . Agora, temos uma forma alternativa para a equação (53) que é:
Bs = ∫SCs
ρ bV.V.n
^ dA (54)
Be = ∫ SCs
ρ b V . cos θ dA = -∫ SCe
ρ bV.n
^ dA (55)
A convenção normal do versor normal à superfície aponta para a superfície, ou nas regiões
com descarga de fluido temos V . n ^ > 0, para - 90º < θ< 90º e nas regiões com alimentação
de fluido temos V . n
^ < 0, para 90º < θ< 270º, conforme está mostrado na Figura 3.11.
Podemos notar que o valor de cos θ é positivo nas porções da superfície de controle que
possuem descarga e negativo nas regiões com alimentação. E, nas regiões sem alimentação
ou descarga, a V n
^ = V cos θ= 0, ou seja, o fluido se encontra preso na superfície ou está
= +∫ bV.n
^ dA (57)
DBsis dBvc
ρ
Dt dt SC
Como Bvc = ∫ SC
ρ b dV, então, a equação (57) fica sendo:
= b dvol + ∫ bV.n
^ dA (58)
DBsis d
∫ ρ ρ
Dt dt vc SC
praticar
Vamos Praticar
Dois orifícios localizados em uma parede com espessura igual a 120 mm são mostrados na figura a
seguir. Os orifícios são cilíndricos e o de baixo apresenta uma entrada arredondada. O ambiente
apresenta pressão constante e igual a 1,0 kPa acima do valor atmosférico. A descarga dos dois
orifícios ocorre na atmosfera. Pode ser demonstrado que a perda de energia disponível no orifício
2
orifício inferior. Nessas condições, a vazão no orifício de menor perda será um número entre
(BRUNETTI, 2008, p. 109):
a) Entre 0 e 0,010 m³/s
b) Entre 0,011 e 0,020 m³/s
c) Entre 0,021 e 0,030 m³/s
d) Entre 0,031 e 0,040 m³/s
e) Entre 0,041 e 0,050 m³/s
Análise Dimensional e
Teoria da Semelhança
Ela é uma teoria matemática que, aplicada à Física, e especificamente à Mecânica dos
Fluidos, permite tirar maiores proveitos dos resultados experimentais, assim como
racionalizar a pesquisa e, portanto, diminuir seus custos e as perdas de tempo. A teoria da
semelhança, ou teoria dos modelos, é baseada em princípios abordados pela análise
dimensional e resolve certos problemas através da análise de modelos convenientes do
fenômeno em estudo (BRUNETTI, 2008).
L = metro ou unidade de L;
K = kilograma-força ou unidade de F;
S = segundo ou unidade de tempo.
Outras unidades serão produto de potência dessas três. Por exemplo, a massa específica é
dada por:
2
4
m
Teorema dos Pi ou Teorema de
Buckingham
O Teorema dos π nos diz que: “seja um fenômeno físico em que intervêm n variáveis, x1, x2,
…, xn, interligadas por uma função: f (x1, x2, …, xn) = 0. Pode-se demonstrar que existe
outra função, chamada de Φ(π , π , …, π ) = 0 rigorosamente equivalente à anterior para o
1 2 n
=x .x …x .x
α1 α2 αr αr+1
π1 r
1 2 r+1
=x .x …x .x (59)
β β β β
1 2 r r+1
π2 r
1 2 r+1
…………………………..
=x .x …x .x
δ1 δ2 δr δr+1
πm r
1 2 r+1
Podemos notar que todos os adimensionais são os mesmos com exceção dos expoentes.
Chamamos esse conjunto de r fatores de base das grandezas dos fenômenos e eles devem
ser independentes.
Número de Reynolds
Número de Euler
Número de Froude
Número de Mach
Re = (60)
ρ v L
Fμ = σ. A como as forças viscosas. Então, a divisão entre essas duas forças será dada por:
v
ρ V
= \ (61)
Fi m . a T
α v
Fμ σ . A μ A
L
Re = (63)
ρ v L Fi
α
μ Fμ
Desse modo, provamos que o número de Reynolds é proporcional ao quociente das forças
de inércia e viscosas do escoamento.
Como foi visto, Re < 2.000 caracteriza escoamentos laminares e Re > 2.400, escoamentos
turbulentos, ou seja, as turbulências denotam um domínio das forças de inércia sobre as
viscosas, enquanto, em escoamentos laminares, temos um predomínio das forças viscosas
sobre as inerciais. Essa predominância faz com que o fluido flua suavemente, sem agito. Em
compensação, quando tivermos valores muito elevados do número de Reynolds, os efeitos
da viscosidade poderão ser desprezados.
Eu = (64)
Δp
2
ρ v
Eu = (65)
Δp . A
F
2
α 2
2
ρ v . A ρ v L
Fr = (66)
2
v
L. g
(M) = (67)
v
a) v = .
g . h
2
v
b) π = g . h. v2 .
c) π = g . h. v.
d) v = .
g . h
e) v = .
g . h
3
v
indicações
Material
Complementar
FILME
Poseidon
Ano: 2006
Comentário: Na virada de ano novo, a força de um tsunami de
150 pés consegue virar o transatlântico Poseidon de cabeça para
baixo. Os passageiros que sobrevivem a esta guinada de 180º no
eixo do navio têm que escolher entre a sensação de conforto de
estar no salão de festas e terem sobrevivido a essa tragédia ou a
subir até o casco do navio para atingir a superfície e assim
poderem sair da embarcação. Vale notar a combinação das forças
gravitacionais, da velocidade da água e da pressão inundando
todos os cantos do transatlântico.
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer a seguir.
TRAILER
LIVRO
referências
Referências
Bibliográficas
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall Revisada, 2008.