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Aula 01

Ministério do Trabalho (Auditor Fiscal do


Trabalho - AFT) Economia do Trabalho -
2022 (Pré-Edital)

Autor:
Amanda Aires, Vicente Camillo

26 de Dezembro de 2021

95531440049 - Fernanda Gomes


Amanda Aires, Vicente Camillo
Aula 01

Derivada ....................................................................................................................... 2
Oferta de Trabalho ...................................................................................................... 8
Utilidade e Curva de Indiferença .................................................................................................................. 9
Inclinação da Curva de Indiferença ....................................................................................................... 12
Restrição Orçamentária .................................................................................................................................... 16
Quantas Horas Trabalhar? ............................................................................................................................... 18
Oferta de Trabalho ................................................................................................................................................ 23
Conceitos Adicionais sobre a Oferta de Trabalho .............................................. 32
Elasticidade salário da oferta........................................................................................................................ 32
Salário de reserva ................................................................................................................................................... 33
Rendas econômicas ............................................................................................................................................ 34
Lista de Questões e Gabarito .................................................................................. 37
Gabaritos ...................................................................................................................................................................... 40
Questões Resolvidas ................................................................................................. 41
Considerações Finais ............................................................................................... 48

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DERIVADA
Antes de iniciarmos os temas relativos à oferta de trabalho, é relevante conhecer
um pouco de cálculo diferencial, sobretudo do processo de derivação.

O presente curso não irá se aprofundar no assunto, pois não é necessário. No


entanto, considerando que a utilização do cálculo diferencial está por trás de
muitos conceitos que serão vistos adiante (como a oferta de trabalho, a demanda
por trabalho, as elasticidades etc.), iremos apresentar o assunto “por cima”, com a
intenção de apresenta-lo ao aluno que não o conhece. Ao final da aula, será
resolvido um exercício se valendo da técnica.

Portanto, vamos lá!!!

A derivada representa a variação instantânea de uma função.

Vamos utilizar uma função qualquer que pode se aplicar à microeconomia, que
possui a forma abaixo apresentada:

𝒚 = 𝒙𝟑 + 𝟐𝒙𝟐 + 𝟑𝒙

A função simplesmente nos diz que o termo y é função da relação apresentada à


direita (𝒙𝟑 + 𝟐𝒙𝟐 + 𝟑𝒙). Ou seja, y é função de x. Assim, se desejamos saber o quanto
a função varia, devemos calcular este montante em função da variação de x.
Afinal, se y depende de x, a variação de y é função da variação de x.

E é aqui que utilizamos a derivada, pois, se desejamos saber o valor da variação da


função y, podemos deriva-la em relação a x, o que significa, em resumo, encontrar
a valor da variação instantânea de y quando temos uma variação de x.

Pela definição de derivada, já sabemos que a derivada da função y é


representada pela variação instantânea desta função. Ou seja, em quanto varia o
valor de y, dada uma variação no valor de x.

Nos cursos de física de nível médio é muito comum aprendermos que a variação
da velocidade é dada pela aceleração. Pois bem, se aplicarmos uma variação

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instantânea à função velocidade, iremos encontrar o valor da aceleração. Acho


que já deu para perceber a importância da derivada nas aplicações matemáticas.

Voltando à função acima, a representação de sua derivada, bem como a


derivada em si, seria a seguinte:

𝒚 = 𝒙𝟑 + 𝟐𝒙𝟐 + 𝟑𝒙

𝝏𝒚
= 𝟑𝒙𝟐 + 𝟒𝒙 + 𝟑
𝝏𝒙
𝝏𝒚
Sendo que a representação representa justamente a derivada de y em função
𝝏𝒙

de x.

Abaixo segue o passo a passo de como encontrar este valor:

1. Como a derivada mede a variação instantânea da função y, esta variação


tem de ocorrer devido a variação do parâmetro x. Ou seja, a única forma do valor
de y mudar é através de uma mudança em x, pois os demais parâmetros da função
são constantes (fixos). Assim, ao representar a derivada, deve-se demonstrar que a
𝝏𝒚
variação em y foi provocada pela variação em x. A representação serve para
𝝏𝒙

este fim. O mesmo pode ser representado pelo parâmetro ∆ ou mesmo pelo 𝒅, pelo
∆𝒚 𝒅𝒚
que ficaríamos com ou com . Há ainda uma forma mais resumida de
∆𝒙 𝒅𝒙

representar a derivada, que consiste em colocar uma apóstrofe após o sinal da


𝝏𝒚
função. Em nosso caso ficaríamos com = 𝒚´
𝝏𝒙

2. Conhecendo a forma de apresentação da derivada estamos prontos para


derivar. A forma geral para derivar uma função como a apresentada em nosso
exemplo é a seguinte, com os passos marcados em vermelho:

𝒚 = 𝒙𝑵

𝝏𝒚
= 𝑵𝒙𝑵−𝟏
𝝏𝒙

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Como visto, não há segredos. Basta subtrair o expoente em 1 e trazer o expoente


para multiplicar o parâmetro x. Se você reparar, é exatamente o que foi feito na
função 𝒚 = 𝒙𝟑 + 𝟐𝒙𝟐 + 𝟑𝒙. Fazendo com mais calma:

𝒚 = 𝒙𝟑 + 𝟐𝒙𝟐 + 𝟑𝒙

𝝏𝒚
= 𝟑 × 𝒙𝟑−𝟏 + 𝟐 × 𝟐𝒙𝟐−𝟏 + 𝟏 × 𝟑𝒙𝟏−𝟏
𝝏𝒙
𝝏𝒚
= 𝟑𝒙𝟐 + 𝟐 × 𝟐𝒙𝟏 + 𝟏 × 𝟑𝒙𝟎
𝝏𝒙
𝝏𝒚
= 𝟑𝒙𝟐 + 𝟒𝒙 + 𝟑
==1e00d3==

𝝏𝒙

Obviamente que podemos complicar mais e ir além no conceito de derivada. Mas,


para nossos fins, isto basta.

O grande segredo do conceito, para concursos públicos, é saber aplicá-lo quando


estamos diante, por exemplo, da necessidade de calcular uma elasticidade,
quando precisamos derivar uma função de demanda, ou mesmo quando
precisamos encontrar o custo marginal a partir de uma função custo total. Mas,
fique tranquilo: cada um destes conceitos será apresentado da forma comum e
através da derivada no momento oportuno.

Antes de finalizar, vamos calcular a elasticidade preço da demanda através da


derivada.

Vamos tomar o caso em que a demanda é negativamente relacionada com os


preços. Ou seja, mais preços resultam em menor quantidade demanda. Isto pode
ser expresso através de uma função de demanda, como a que segue:

𝑸𝒅 = 𝟐𝟎 − 𝟒𝒑

Sendo que:

Qd ➔ representa a quantidade demandada

P ➔ representa o preço

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A função acima nos mostra que para preço igual a zero, o consumidor demanda
20 unidades do bem. Para encontrar este resultado basta substituir o parâmetro p
por 0. Da mesma forma, caso o preço se eleve para 1, a demanda agora será de
16 unidades. E assim por diante. Portanto, à medida que o preço aumenta em 1
unidade, a quantidade demandada do bem diminui em 4 unidades.

Se lembrarmos do conceito da derivada, é exatamente isto que encontramos ao


derivar a função de demanda em função do preço. Ou seja, iremos encontrar a
taxa de variação instantânea da quantidade demandada em função da variação
instantânea do preço.

Achando a derivada da função de demanda, temos que:

𝝏𝑸𝒅
= (𝟏) × 𝟒𝒑𝟏−𝟏
𝝏𝒑

𝝏𝑸𝒅
= 𝟐𝟎𝟎 − (𝟏) × 𝟒𝒑𝟎
𝝏𝒑

𝝏𝑸𝒅
= −𝟒
𝝏𝒑

Note que o termo “20” não apareceu no momento da derivada. Isso ocorre porque
ele é uma constante. Se estamos querendo saber a variação do valor da função,
a constante não tem sentido de ser. Ou seja, ela deve ser ignorada no processo de
derivação justamente por não variar, afinal, ela é uma constante.

Ou seja, encontramos os mesmos -4. Interpretando o resultado, temos que a


sensibilidade da demanda em função de uma variação no preço é de -1, ou seja,
se o preço aumentar em 1%, a quantidade demandada irá diminuir em 4%.

E também sabemos que a expressão da elasticidade do preço da demanda é a


seguinte:

𝒑 ∆𝒒
𝑬= ×
𝒒 ∆𝒑

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∆𝒒
Se notarmos com mais atenção, é exatamente a derivada da função de
∆𝒑

demanda em relação ao preço, que já sabemos que é igual a -4 para o caso em


questão.

Assim, a elasticidade preço da demanda se resume a:


𝒑
𝑬= × (−𝟒)
𝒒

Imagine que a quantidade demandada é igual a 10. Qual seria a elasticidade


preço da demanda neste ponto?

Fazendo as contas, temos que:

𝑸𝒅 = 𝟐𝟎 − 𝟒𝒑

𝟏𝟎 = 𝟐𝟎 − 𝟒𝒑

𝒑 = 𝟐, 𝟓

Substituindo estes valores na expressão da elasticidade, temos que:


𝒑
𝑬= × (−𝟒)
𝒒

𝟐, 𝟓
𝑬= × (−𝟒)
𝟏𝟎

𝑬 = −𝟏

A elasticidade preço da demanda para o presente caso é igual a -1.

Note que se alterarmos o preço ou a quantidade demandada, o valor da


elasticidade também muda. E já sabemos disso, pois foi citado que, no caso de
uma curva de demanda linear (como no caso em questão), a elasticidade não é
constante. E, pelo exemplo acima, podemos verificar este resultado através da
utilização da derivada.

Podemos agora verificar os mesmos passos para uma função demanda de


elasticidade constante que possui a seguinte forma:

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𝒂
𝑸𝒅 =
𝒑

Sendo que p é o preço do bem e a é uma constante positiva.

Apenas lembrando que a função de elasticidade possui a seguinte forma:

𝒑 ∆𝒒
𝑬= ×
𝒒 ∆𝒑

Derivando, temos:
𝒂
𝑸𝒅 =
𝒑𝟏

𝝏𝑿
= (−𝟏) × 𝒂 × 𝒑−𝟏−𝟏
𝝏𝑷
𝝏𝑿 𝒂
=− 𝟐
𝝏𝑷 𝒑

Resolvendo a elasticidade substituindo pelos valores encontrados:

𝒑 ∆𝒒
𝑬= ×
𝒒 ∆𝒑
𝒑 𝒂
𝑬= 𝒂 =− 𝟐
𝒑
𝒑
𝒑 𝒂
𝑬=𝒑× =− 𝟐
𝒂 𝒑

𝒑𝟐 𝒂
𝑬= =− 𝟐
𝒂 𝒑

𝑬 = −𝟏

Pronto! A elasticidade-preço da demanda é igual a -1. Ou seja, possui valor


constante!

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OFERTA DE TRABALHO
Nesta aula nosso objetivo é responder algumas perguntas bem simples: o porquê,
como e quanto as pessoas trabalham?

As perguntas são simples e, prometo, o instrumental para efetuar esta análise será
também de simples compreensão. Portanto, comecemos!

O modelo de oferta de trabalho se vale do instrumental apresentado pelos


econômicas neoclássicos e pode ser definido da seguinte forma:

Os indivíduos desejam maximizar sua utilidade


através do consumo e do lazer. Mais consumo e
mais lazer fornecem mais utilidade. No entanto,
para a maioria dos indivíduos, é necessário
trabalhar para ter renda e, assim, consumir. Dessa
forma, a oferta de trabalho acontece no ponto
em que os indivíduos maximizam sua utilidade ao
combinar quantidades de consumo (horas
trabalhadas) e lazer (horas não trabalhadas)

Eu disse que o conceito é simples, não disse? A partir de agora iremos destrinchar
todos os conceitos envolvidos nessa simples definição para que você acerte todas
as questões!!!

Como citado, os indivíduos pretendem maximizar sua utilidade. E, para tanto,


desejam consumidor mais bens, além de desfrutar mais horas de lazer. Via de regra,
podemos dizer isso com tranquilidade: mais consumo e mais lazer trazem mais
utilidade.

A representação matemática dessa ideia é apresentada por uma função utilidade


e possui a seguinte forma:

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𝑼 = 𝒇(𝑪, 𝑳)

Ou seja, a utilidade (U) é uma função (f) de consumo (C) e lazer (L).

A função utilidade irá apresentar ao individuo o quanto de satisfação/felicidade


ele irá obter ao empregar um determinado valor monetário de consumo e uma
quantidade de horas de lazer. Ambos são conhecidos na teoria como “bens”, ou
seja, mais quantidades de ambos derivam maior utilidade. Preste muita atenção
nisso: por mais que certas pessoas seja avessas ao consumo ou ao lazer, a teoria
econômica considera que estes itens trazem utilidade.

Podemos representar essa ideia de forma gráfica, na conhecida curva de


indiferença.

UTILIDADE E CURVA DE INDIFERENÇA

Uma curva de indiferença apresenta um, e apenas um, nível de utilidade. Ou seja,
podemos considerar em um plano cartesiano quantidades de consumo (em $$$) e
quantidade de lazer (em horas) que retornam a mesma quantidade de utilidade.
Portanto, uma função utilidade com determinado valor de utilidade (chamado de
útiles) pode ser representada por uma curva de indiferença.

Vejamos:

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CONSUMO ($)

300

C
200

A
2000 útiles
100

B
1000 útiles

100 125 150 HORAS DE LAZER

Como é simples notar, um dos eixos representa uma quantidade monetária de


consumo, enquanto o outro eixo, horas de lazer. Os pontos A, B e C estão
ressaltados para nossa análise.

O ponto A, por exemplo, fornece $200 de consumo e 100 horas de lazer. O ponto
B, por sua vez, $100 de consumo e 125 horas de lazer. Note que os dois pontos estão
na mesma curva de indiferença, o que indica que eles fornecem o mesmo nível de
utilidade. Em nosso exemplo, a utilidade é 1000 útiles.

Note que, se passarmos de A para B, o individuo abriu mão de consumo em troca


de mais horas de lazer. Esse fato é muito importante: como consumo e lazer
resultam em mais utilidade, para permanecer com o mesmo nível de utilidade (na
mesma curva de indiferença), o indivíduo precisa abrir mão de um para ter mais de
outro. Se tivesse mais de ambos, por exemplo, ficaria com mais utilidade. Guarde
este fato, pois ele será de suma importância na análise posteriormente.

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Outro fato importante é o seguinte: curvas de utilidade acima e à direita têm mais
utilidade. Vamos, por exemplo, comparar o ponto C com o ponto B. Enquanto em
C o individuo tem 2000 útiles, em B ele tem 1000 útiles. Como o sujeito pretende
maximizar a utilidade, é de se esperar que ele deseje estar na curva de utilidade
mais à “nordeste”. Assim, curvas de utilidade mais acima e à direita possuem mais
utilidade; curvas de utilidade mais abaixo e à esquerda indicam menor nível de
utilidade.

Outro fato de grande relevância é chamado de transitividade: as curvas de


utilidade são paralelas e não se cruzam. Imagine que elas tivessem algum
intercepto entre si: seria uma confusão!! Se C possui mais utilidade que B, as curvas
de utilidade em que estão estes pontos não poderiam se cruzar, pois, caso isso
acontecessem, elas teriam o mesmo nível de utilidade no cruzamento. Ou seja, isso
é um tanto quanto ilógico.

Um outro fator é importante para nossa análise: a curva de utilidade é


negativamente inclinada (decrescente) e convexa em relação à origem (aberta
para cima).

Antes de analisar o porquê disso, tome nota!!!

Curvas de indiferença mais altas têm mais


utilidade.

Em respeito à transitividade, as curvas de


indiferença não se interceptam.

Curvas de indiferença são negativamente


inclinadas.

Curvas de indiferença são convexas em relação


à origem.

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INCLINAÇÃO DA CURVA DE INDIFERENÇA

Conforme já observado, a curva de indiferença é negativamente inclinada. Segue


novamente a representação:

CONSUMO ($)
300
200

B
100

100 125 150 HORAS DE LAZER

Se nos deslocarmos no sentido da seta, indo de A até B, veremos que o indivíduo


abre mão de quantidades consumidas em troca de mais horas de lazer. Ou seja,
as duas variáveis estão negativamente relacionadas (mais de uma significa menos
de outro). Como observado, esse fato é obvio para manter a utilidade no mesmo
nível e, assim, permanecer na mesma curva de indiferença.

Disso concluímos que a curva de indiferença do trabalhador que irá ofertar trabalho
é negativamente inclinada.

Vamos adicionar pitadas de matemática para continuar.

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Abrir mão de consumo, significa reduzir o valor do consumo. Ou seja, temos uma
variação de consumo quando passamos de A para B. E variação é representada
matematicamente pelo delta (∆). O mesmo vale para o lazer. Assim, temos um -∆𝑪,
que representa a variação negativa do consumo, e um ∆𝑳, que representa a
variação na quantidade de lazer.

Omitindo os pormenores matemáticos, podemos descobrir, através da inclinação


da curva nesse trecho entre A e B, o valor da taxa de troca entre consumo e lazer.
Ou seja, o quanto o individuo abriu mão de consumo para ganhar lazer.

Basta dividir os deltas para encontrarmos o conceito de taxa marginal de


substituição:

∆𝑪
𝑻𝑴𝑺 = −
∆𝑳

O conceito é, mais uma vez, simples: a taxa marginal de substituição mede o


aumento marginal na quantidade de lazer quando o trabalhador abre mão de
consumo.

Não tem segredo: para ter mais lazer é preciso trabalhar menos (afinal, as horas do
dia são limitadas); e, se você trabalha menos, você ganha menos e consome
menos. O que nos interessa, nesse momento, é calcular essa taxa de troca,
chamada de taxa marginal de substituição.

Calculando com base no exemplo:

𝟏𝟎𝟎 − 𝟐𝟎𝟎
𝑻𝑴𝑺 =
𝟏𝟐𝟓 − 𝟏𝟎𝟎
−𝟏𝟎𝟎
𝑻𝑴𝑺 =
𝟐𝟓

𝑻𝑴𝑺 = −𝟒

Isto é, o trabalhador abre mão de $4 de consumo em troca de 1 hora de lazer. Essa


forma de “leitura” é comum entre as bancas, pois as mesmas costumam analisar a
TMS em módulo.

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Portanto:

𝑻𝑴𝑺 = −𝟒

|𝑻𝑴𝑺| = 𝟒

As duas formas estão corretas e são rotineiramente empregadas pelas bancas


examinadoras.

Vamos continuar com a análise, novamente omitindo propositadamente a


matemática, para uma importantíssima relação. Qual seja:

∆𝑪 𝑼𝑴𝒈𝑳
𝑻𝑴𝑺 = − =−
∆𝑳 𝑼𝑴𝒈𝑪

Isto é, a TMS é igual a relação entre as utilidades marginais de lazer e consumo. Dito
de outro modo, a inclinação da curva de indiferença é igual à razão entre a
utilidade marginal do lazer e a utilidade marginal do consumo.

Mas, do que se trata essa tal utilidade marginal?

A utilidade marginal representa o quanto a utilidade varia quando lazer ou


consumo variam marginalmente. Por exemplo, a utilidade marginal do lazer nos diz
o quanto a utilidade aumenta quando o lazer aumenta marginalmente (como já
vimos, mais lazer resulta em mais utilidade). Da mesma forma, a utilidade marginal
do consumo implica no quanto a utilidade aumenta quando o consumo aumenta
(como também já sabemos, mais consumo resulta em mais utilidade). O mesmo
conceito vale para a redução: portanto, a utilidade marginal também mede o
quanto a utilidade diminui quando consumo ou lazer são reduzidos. De toda forma,
a utilidade marginal é positiva, tanto para consumo, quanto para lazer.
𝑼𝑴𝒈𝑳
Assim, 𝑻𝑴𝑺 = − significa que o valor da inclinação da curva de indiferença tem
𝑼𝑴𝒈𝑪

como resultado a razão das utilidades marginais.

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E, o que muda quando a TMS é igual a 4 e quando a TMS é igual a 10, por exemplo?

Se ela for igual a 10, o trabalhador exige abrir mão de $10 de consumo para
aumentar 1 hora de lazer. Se a TMS é igual a 4, ele exige $4 de consumo para mais
1 hora de lazer.

O que isso quer dizer?

Se o trabalhador exige $10 a mais de consumo por 1 hora a menos de lazer,


podemos dizer que ele é mais avesso ao trabalho do que o trabalhador que exige
$4 adicionais de consumo por 1 hora a mais de lazer.

Vamos dizer que o primeiro caso (𝑇𝑀𝑆 = 10) refere-se à Pedro, enquanto que o
segundo caso, a João (𝑇𝑀𝑆 = 4). As curvas de indiferença dos dois estão
apresentadas abaixo1:

CONSUMO ($)

JOÃO

PEDRO

HORAS DE LAZER
1
Como sabemos, as curvas de indiferença do MESMO trabalhador não se cruzam. Como estão sendo
demostradas curvas de indiferença de indivíduos diferentes, que possuem preferências distintas, elas
podem se cruzar. ATENÇÃO!!!

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A curva de indiferença de João é menos inclinada (mais horizontal) que a curva de


indiferença de Pedro. Isso quer dizer que Joao prefere mais lazer do que trabalho
em relação à Pedro. Afinal, ele precisa de um incremento de $10 em consumo para
abrir mão de 1 hora de lazer, enquanto Pedro exige $4 de consumo para abrir mão
de 1 hora de lazer.

Isso NÃO quer dizer que João gosta menos de trabalhar do que Pedro. Mas, sim,
que João exige mais unidades monetárias de consumo por 1 hora a menos de lazer
usufruído.

Em termos de preferências, dizemos que João requer um incentivo adicional (no


caso em questão mais $6 de consumo) do que Pedro para usufruir 1 hora a menos
de lazer.

RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A análise da utilidade é uma parte da análise. A outra, refere-se às restrições


presentes no processo de oferta de trabalho: tempo e dinheiro. Afinal, o consumo
e o lazer estão limitados pelo orçamento e pelo tempo do individuo.

Portanto, vamos adicionar outra pitada na análise da oferta de trabalho: a restrição


orçamentária.

Parte da renda de uma pessoa é derivada do trabalho (salário) e outra parte é


derivada do “não trabalho” (dividendos, alugueis, loterias etc.) A parte derivada
do trabalho é representada por w e a parte representada pelo não trabalho, por
V.

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Desta forma, o salário hora do trabalhador (w) multiplicado pela quantidade de


horas trabalhadas (h) mais a quantidade de rendimentos derivadas do não
trabalho é igual ao total por ele consumido (C)2:

𝑪 = 𝒘𝒉 + 𝑽

Sabemos que a pessoa gasta seu tempo (T) com trabalho (h) ou lazer (L). Assim,
podemos dizer que 𝑻 = 𝑳 + 𝒉. Desenvolvendo: 𝒉 = 𝑻 − 𝑳. Substituindo na restrição
orçamentária:

𝑪 = 𝒘(𝑻 − 𝑳) + 𝑽

𝑪 = 𝒘𝑻 + 𝑽 − 𝒘𝑳

Essa expressão é conhecida como linha orçamentária e sua inclinação é dada por
−𝑤. Vamos analisa-la graficamente:

CONSUMO ($)

𝑤𝑇 + 𝑉

V E

T HORAS DE LAZER

2
Essa hipótese não considera a possibilidade de poupança. Evidentemente, é uma hipótese
simplificadora, mas suficiente para nossa análise.

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O ponto E é chamado de ponto de dotação. Ou seja, ele mostra o quanto o


individuo consegue consumir gastando todas suas horas em lazer. Dito de outro
modo, o ponto denota o total de consumo possível com o não trabalho. No gráfico
este valor é dado por V.

À medida que a pessoa oferta trabalha, ela vai se deslocando acima e à esquerda,
conforme indica a seta. Ao fazer isso, a pessoa gasta menos horas com lazer, mas,
como recompensa, aumenta a quantidade de consumo de acordo com o salário
hora e com as horas trabalhadas.

QUANTAS HORAS TRABALHAR?

Vamos responder à pergunta acima juntando todos os conceitos vistos até o


momento.

Relembrando, o individuo deseja o máximo de utilidade, se situando na curva de


indiferença que lhe dá tal possibilidade, mas está limitado pela restrição
orçamentária e pelo tempo.

A solução para tal questão, se vista graficamente, é dada pela tangência entre a
curva de indiferença e a reta orçamentária. Matematicamente, temos nesse ponto
a igualdade entre as inclinações das curvas, ou seja3:

𝑼𝑴𝒈𝑳
=𝒘
𝑼𝑴𝒈𝑪

Graficamente:

3
Já estamos utilizando a expressão em módulo, como é mais comum em provas de concursos.

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B
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CONSUMO ($)
300
100 200

B
U2
E
U1

100 125 150 HORAS DE LAZER

50 25 0 HORAS DE TRABALHO

A condição de otimização
𝑼𝑴𝒈𝑳
( = 𝒘) é encontrada em B. No ponto ótimo, a taxa marginal de substituição (ou
𝑼𝑴𝒈𝑪

a razão entre as utilidades marginais) é igual à taxa salarial. Dito de outro modo, a
taxa na qual a pessoa está disposta a abdicar de horas de lazer em troca de
consumo adicional (TMS) é igual à taxa em que o mercado de trabalho permite ao
trabalhador substituir lazer por trabalho (w).

Na situação acima, é possível notar que o individuo escolhe trabalhar 25 horas,


usufruir 125 horas de lazer e consumir o total de $200 em bens. O salário hora neste
caso é de $4. É também possível notar que o ponto de dotação permite um
consumo de $100, de modo que o consumo derivado do trabalho é de $100

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adicionais (25 horas trabalhadas ao valor de $4/hora). Assim, o consumo total é de


$200.

Evidente que é uma situação hipotética, mas ela representa um poderoso


instrumental de análise utilizado pelos economistas e analistas em geral para fazer
algumas conjecturas.

Por exemplo, o que acontece com a quantidade de horas trabalhadas e com o


consumo se o ponto de dotação é modificado? Ou seja, o que acontece com o
aumento da renda do não trabalho? Vejamos:

Aumento da “Renda não Trabalho”

CONSUMO ($)
300

C
100 200

E1
B
U2
E0
U1

100 125 150 HORAS DE LAZER

O ponto de dotação é deslocado de E0 para E1. O novo equilíbrio ocorre em C.


Neste ponto, a pessoa trabalha por volta de 10 horas (usufruindo aproximadamente
140 horas de lazer) e consumo o total de $300. Em resumo, ela desejaria ofertar

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menos trabalho, pois poderá consumir mais em função do aumento da renda não
trabalho.

Dito de outro modo, um aumento na renda provoca aumento no “consumo” de


lazer. O lazer, nesse sentido, é considerado um bem normal.

Em microeconomia, um bem é considerado normal


quando o seu consumo aumenta com o aumento da
renda. Em contraposição, ele é considerado como
inferior quando um aumento na renda resulta em
diminuição do seu consumo.

Em nosso exemplo, podemos considerar o lazer


como um “bem”. Assim, o aumento na sua
“demanda” em função do aumento da renda da
pessoa o denota como bem normal. Se as horas
gastas com lazer diminuíssem com o aumento da
renda, ele seria um bem inferior.

Continuando, podemos conjecturar o que ocorre quando a renda do trabalho


aumenta. Isto é, qual o comportamento do trabalhador quando o seu salário
aumenta? É um pouco mais complicado, mas não menos interessante.

Vejamos.

Aumento do Salário

O aumento do salário provoca aumento na inclinação da reta orçamentária (ela


se torna mais inclinada). Vejamos:

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CONSUMO ($)
300

C
100 200

E0 U2
U1

100 125 150 HORAS DE LAZER

Como sabemos, a inclinação da reta orçamentária é dado por w. Assim, se w


aumenta, a inclinação da reta também aumenta. Na passagem do equilíbrio de B
para C, o trabalhador possui maior nível de consumo e mais tempo gasto com lazer.

No entanto, é possível notar que o efeito é menor do que no caso anterior de


aumento da renda não trabalho.

No caso em questão, há dois efeitos operando: o efeito renda e o efeito


substituição. Se consideramos o lazer como bem normal, como vimos, o aumento
da renda acarreta em aumento no tempo com lazer.

Mas (e esse “mas” é muito importante!!!), o aumento da taxa salarial causa um


efeito adicional de suma importância na análise: aumento no custo do lazer. Se o
salário aumenta, deixar de trabalhar (aumentar as horas com lazer) acarreta em

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abrir mão de uma maior quantidade de consumo, o que não parece interessante
ao trabalhador racional.

Assim, tome nota:

Efeito Renda: se o lazer é “bem normal”, o efeito


renda acarreta em aumento na demanda por
lazer quando a renda aumenta

Efeito Substituição: o aumento na taxa salarial faz


com que o trabalhador abra mão de maior nível
de consumo quando ele usufrui mais horas com
lazer. Assim, a relação é negativa: se a taxa salarial
aumenta, o efeito substituição provoca redução
na quantidade de horas gastas com lazer.

O resultado final irá depende da força destes dois movimentos:

Se o efeito substituição é maior que o efeito renda, o aumento no salário irá


resultar em aumento das horas trabalhadas (redução nas horas gastas com
lazer);
Se o efeito renda é maior que o efeito substituição, o aumento no salário irá
resultar em redução nas horas trabalhadas (aumento nas horas gastas com
lazer)

Com estes conceitos, finalmente, podemos derivar a curva de oferta de trabalho,

OFERTA DE TRABALHO

A curva de oferta de trabalho denota a quantidade de trabalho ofertada em função


da taxa salarial. Ela irá nos mostrar o quanto o trabalhador está disposto a ofertar
de trabalho em função do salário.

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Em suma, basta “ligar os pontos” de equilíbrio.

Vejamos:

CONSUMO ($)

C
300

D
B
100 200

100 125 150 HORAS DE LAZER

SALÁRIO ($)

D
CURVA DE OFERTA
DE TRABALHO
C

B
A

HORAS DE TRABALHO

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Antes de iniciar, já peço desculpas pela minha habilidade artística nula...rs!

Mesmo assim, é possível notar que a oferta de trabalho aumenta à medida que o
salário aumenta. Mas, isso ocorre até certo ponto, enquanto o efeito substituição é
maior que o efeito renda.

A passagem do primeiro para o segundo gráfico é muito simples: basta ligar os


pontos de equilíbrio A a D. Como já sabemos, cada um destes equilíbrios indica o
intercepto entre determinada taxa salarial e algum nível de utilidade. A passagem
do ponto A ao ponto D representa, portanto, aumento

Assim, iniciando no ponto A e indo até o ponto C, temos que a oferta de trabalho
aumenta enquanto o salário aumenta. Como já salientado, o efeito substituição
supera o efeito renda neste momento, de modo que a quantidade de horas gastas
com lazer diminui e, consequentemente, as horas trabalhadas aumentam. A
majoração do salário torna o lazer mais caro, e o indivíduo substitui lazer por
trabalho.

À medida que o salário continua a aumentar, e passamos de C em direção à D, o


efeito renda passa a dominar o efeito substituição e aumento salariais passam a ser
acompanhados de redução na quantidade de trabalho, isto é, em aumento na
quantidade de lazer.

A explicação para este fato é interessante. Taxas salariais mais elevadas, a partir de
certo nível, resultam em satisfação do consumo do indivíduo. A partir deste
momento, o trabalhador pode se perguntar a ele mesmo: trabalhar mais horas para
que? Diz-se que, deste ponto em diante o indivíduo atinge certo grau de
saciedade, de forma que mais consumo não trará ganhos relevantes de utilidade,
liberando-o para mais horas de lazer ao passo que a taxa salarial aumenta.

Esse fato pode parecer uma situação distante no Brasil, mas alguns países
desenvolvidos já o experimentam. A mesma ideia pode ser aplicar a trabalhadores
que, dado o alto grau de qualificação e experiência, reduzem a quantidade de

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horas trabalhadas do meio da carreira em diante ao passo que incrementam o


salário hora.

Já explicada a ideia central, vamos analisa-la mais de perto, com um pouco mais
de tecnicismo.

Como visto, à medida que a renda aumenta, coeteris paribus, a demanda por um
bem aumenta. Assim, se a renda aumenta, mantidos os outros fatores constantes,
a demanda por lazer aumenta (já que o lazer é um bem). Veja que quando falamos
“mantidos os outros fatores constantes”, estamos dizendo que todo o resto é
constante, inclusive os salários (lembre que salários ≠ renda). Logo, podemos
reescrever a afirmação da seguinte maneira: se a renda aumenta, e os salários
mantêm-se constantes, a oferta de trabalho cairá.

Esta resposta das horas de lazer demandadas às mudanças na renda, com os


salários mantidos constantes, é chamada de efeito renda. Ele é baseado no fato
de que, à medida que as rendas se elevam, mantendo-se o custo de oportunidade
do lazer constante (salários constantes), as pessoas desejarão consumir mais lazer
(o que significa trabalhar menos).

Transformando este efeito em uma expressão algébrica, definimos o efeito renda


como sendo a mudança nas horas de trabalho (ΔH) produzida por uma mudança
na renda (ΔY), mantendo-se os salários constantes (W):
∆𝑯
Efeito renda = | 𝑾 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
∆𝒀

O efeito renda é negativo. Se a renda (ΔY) aumentar (com salários constantes), as


horas de trabalho (ΔH) caem. Se a renda cai, as horas de trabalho aumentam.
Observe que o numerador e o denominador movem-se em direções opostas,
dando um sinal negativo ao efeito renda.

Imaginemos agora uma situação oposta: aumento de salários, mantendo-se a


renda constante. A teoria sugere que se a renda for mantida constante, um
aumento na taxa salarial reduzirá a demanda pelo lazer, aumentando assim os

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incentivos ao trabalho. O raciocínio é este: o aumento de salários (W) aumenta o


custo do lazer, já que este é igual aos salários. A lei da demanda nos diz que
aumento de preços/custos provocam reduções nas quantidades demandadas.
Desta forma, o aumento do custo do lazer, diminui a demanda pelo mesmo, o que
é o mesmo que dizer que a oferta de trabalho aumenta. (de maneira igual, um
declínio na taxa salarial, com a renda constante, reduzirá o custo de oportunidade
do lazer, aumentará a demanda por lazer, e diminuirá os incentivos ao trabalho.)

A resposta das horas de lazer demandadas às mudanças nos salários, mantendo-


se a renda constante, é chamada de efeito substituição. Traduzindo este efeito em
uma expressão algébrica, definimos o efeito substituição como sendo a mudança
nas horas de trabalho (ΔH) induzida por uma mudança no salário (ΔW), mantendo-
se a renda constante (Y):
∆𝑯
Efeito substituição = | 𝒀 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
∆𝑾

De forma oposta ao efeito renda, o efeito substituição é positivo. Se o salário


aumentar (com renda constante), as horas de trabalho aumentam. Se o salário cai,
as horas de trabalho também caem. Observe que o numerador e o denominador
sempre se movimentam na mesma direção, indicando que o sinal da fração será
positivo.

Em alguns casos, é possível observar situações que criam efeitos renda ou


substituição puros. Entretanto, o mais comum é a presença dos dois efeitos
simultaneamente, um trabalhando contra o outro.

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EFEITO RENDA PURO. O recebimento de uma herança


é um exemplo clássico do efeito renda puro. Tal
acontecimento aumenta nossa disponibilidade
financeira, independentemente das horas de
trabalho. Logo, temos um aumento de renda
mantendo-se o salário constante. Neste caso, o efeito
renda induz a pessoa a consumir mais lazer, reduzindo
assim a disposição para trabalhar. (o contrário,
logicamente, também é válido. Se a mudança na
renda fosse negativa, mantendo-se o salário
constante, o efeito renda sugeriria maior oferta de
trabalho.)

Pesquisa realizada nos EUA com pessoas que receberam pequenas e grandes
heranças parece comprovar a previsão teórica. De fato, o índice de participação
na força de trabalho daquele grupo de pessoas que recebeu maiores legados era
menor que a participação das pessoas que receberam legados menores.

EFEITO SUBSTITUIÇÃO PURO. Imagine que o governo


decida controlar o uso da gasolina como combustível.
Seu plano consiste em aumentar o imposto sobre a
gasolina, mas compensando esse aumento mediante
uma redução no imposto de renda da pessoa física. A
ideia é elevar o preço da gasolina sem reduzir a renda
disponível das pessoas.

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Este tipo de ação do governo cria um efeito substituição puro, pois ao reduzir o IR
sobre a pessoa física, o valor que os trabalhadores receberão no contracheque
será maior. Isto é, haverá aumento de salário. Mas este mesmo aumento de salário
será compensado pela gasolina mais cara, de forma que a renda disponível não
se alterará. Portanto, os salários são aumentados enquanto a renda é mantida
aproximadamente constante. Esse programa, assim, cria um efeito substituição que
induz as pessoas a ofertar mais trabalho. (aumento de salários W → aumento do
custo do lazer → redução na demanda por lazer → aumento da oferta de
trabalho.)

OS DOIS EFEITOS SIMULTANEAMENTE. Embora os


exemplos citados acima nos remetam a efeitos renda
e substituição puros, a situação normal é os dois efeitos
atuarem simultaneamente. Por exemplo, imaginemos
o caso de uma pessoa que receba um aumento
salarial.

A resposta da oferta de trabalho a uma simples mudança salarial envolverá tanto


o efeito renda como o efeito substituição. Isto acontece porque aumentos salariais,
a priori, aumentam tanto o salário quanto a renda.

O aumento de renda, conforme vimos, faz com que haja aumento da demanda
por lazer e, consequentemente, redução da oferta de trabalho. O aumento de
salários faz com que haja redução da demanda por lazer e, consequentemente,
aumento da oferta de trabalho. A resposta real da oferta de trabalho será a soma
dos efeitos renda e substituição, de forma que não podemos prever a resposta
antecipadamente.

Se o efeito renda é dominante, a pessoa responderá a um aumento salarial


reduzindo sua oferta de trabalho. Esse declínio será menor do que se alguma
mudança na renda fosse devida a um aumento na riqueza não-trabalhista

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(teríamos efeito renda puro). Lembre que quando duas variáveis variam em
sentidos opostos, temos uma curva negativamente inclinada. Aqui, estas duas
variáveis são os salários e a quantidade de trabalho.

Se o efeito substituição é dominante, a pessoa responderá a um aumento salarial


aumentando sua oferta de trabalho. Esse aumento será menor do que no caso do
efeito substituição puro (aumenta salário sem alteração de renda). Lembre que
quando duas variáveis variam no mesmo sentido, temos uma curva positivamente
inclinada.

É aceito doutrinariamente pela teoria econômica que, a níveis salariais baixos, o


efeito substituição domina o efeito renda, de forma que a curva de oferta de
trabalho será positivamente inclinada. A níveis salariais mais altos, no entanto,
maiores aumentos de salários resultam em horas reduzidas de trabalho (domina o
efeito renda).

Visto graficamente:

Salários
(W)

Efeito renda domina

W*

Efeito substituição domina

Horas desejadas de trabalho

Segundo a obra “Moderna Economia do Trabalho”, esta curva é chamada de


“pendente retrógrada”. Já para Hal. R. VARIAN (Microeconomia: princípio básicos),

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a curva é denominada “curva de oferta de trabalho curvada para trás”. Em outras


obras, a nomenclatura comumente usada é “curva reversa”. Não há uma
definição sobre qual a nomenclatura mais correta, e todas, no fundo, querem
apenas traduzir o termo original em inglês: backward bending supply labour curve.

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CONCEITOS ADICIONAIS SOBRE A OFERTA DE TRABALHO

ELASTICIDADE SALÁRIO DA OFERTA

A elasticidade salário da oferta para uma categoria de mão-de-obra é definida


como a variação percentual na oferta de emprego (E) induzida por um aumento
de 1% em sua taxa salarial (W). De modo menos técnico, a elasticidade salário da
oferta reflete a variação na oferta de emprego em virtude de variações nos
salários. Segue a expressão da elasticidade salário da oferta:
%𝜟𝑬
η=
%𝜟𝑾

A elasticidade salário da oferta segue as mesmas propriedades da elasticidade


salário da demanda, com a diferença, é claro, que agora estamos tratando da
oferta de trabalho e não da demanda de trabalho. Caso η>1, temos oferta
elástica, se η<1, oferta inelástica, se η=1, oferta de elasticidade unitária.

No estudo da elasticidade salário da demanda, é convencionado tratá-la sempre


pelo valor de seu módulo, tendo em vista que seu valor é negativo (ΔE e ΔW variam
em sentidos opostos, maiores salários (+ΔW) indicam menor demanda de emprego
(-ΔE), e vice-versa).

Como a curva de oferta geralmente é positivamente inclinada (maiores salários


indicam maior emprego ofertado), a elasticidade da oferta será positiva, pelo
menos na maioria das vezes. Quando o efeito renda supera o efeito substituição,
sabemos que a curva de oferta de trabalho é negativamente inclinada e,
consequentemente, a elasticidade da oferta será negativa (pois ΔE e ΔW variarão
em sentidos opostos, do mesmo modo que na curva de demanda). Assim,
podemos estatuir:

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Se a elasticidade da oferta é positiva, a curva de oferta de trabalho será


positivamente inclinada e o efeito substituição superará o efeito renda;

Se a elasticidade da oferta é negativa, a curva de oferta de trabalho será


negativamente inclinada e o efeito renda superará o efeito substituição.

SALÁRIO DE RESERVA

Objetivamente, salário de reserva é o salário que torna o indivíduo indiferente entre


ofertar ZERO horas de trabalho ou ofertar algumas horas de trabalho.

De modo mais simples, funciona assim: cada trabalhador possui um patamar


mínimo remuneratório, abaixo do qual, ele não estará disposto a ofertar trabalho.
Este patamar mínimo é o salário de reserva, e é variável de pessoa para pessoa. Há
profissionais no mercado que não aceitam trabalhar por menos de R$ 20.000,00! Por
outro lado, há profissionais que, devido às suas condições pessoais, aceitam
trabalhar recebendo apenas o salário mínimo fixado pelo governo. Assim, para o
primeiro profissional, o salário de reserva será R$ 20.000,00. Para o segundo, o salário
de reserva será R$ 510,00.

O salário de reserva também pode ser conceituado como o salário mínimo para
que determinada pessoa oferte trabalho. Ainda, de outra maneira: o salário de
reserva é o salário, acima do qual, determinada pessoa oferta horas positivas de
trabalho.

Assim, em relação ao salário de reserva, pode-se estar em três situações, que, por
sua vez, geram três definições distintas:

1. abaixo do salário de reserva: caso o salário oferecido seja menor que o salário
de reserva, serão ofertadas ZERO horas de trabalho;

2. ao nível do salário de reserva: caso o salário oferecido seja exatamente igual


ao salário de reserva, a pessoa será indiferente entre ofertar ZERO horas de
trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho;

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3. acima do salário de reserva: caso o salário oferecido seja maior que o salário
de reserva, serão ofertadas horas positivas de trabalho.

Caso caia a definição na prova, deve-se estar atento para o nível salarial que
está sendo colocado como referência. Se for expresso no enunciado que serão
ofertadas ZERO horas de trabalho, o salário em análise está abaixo do salário de
reserva. Se for expresso que serão ofertadas horas positivas de trabalho, o salário
em análise está acima do salário de reserva. Se for expresso que há indiferença
sobre ofertar, ou não, horas de trabalho, o salário em análise é IGUAL ao salário de
reserva.

RENDAS ECONÔMICAS

Renda econômica pode ser definida coma a quantia em que o salário de mercado
supera o salário de reserva em um emprego particular.

Imagine um trabalhador que aceite ofertar trabalho caso receba R$100,00 por
hora. Este salário é, portanto, seu salário de reserva. Suponha, agora, que ele seja
contratado e receba um salário de R$120,00 por hora. Estes R$ 20,00 acima do
salário de reserva constituem a renda econômica. Assim, vemos claramente que a
renda econômica é a diferença entre os pagamentos destinados à mão-de-obra e
o mínimo valor que teria de ser despendido para poder contratar o uso de tal mão-
de-obra.

Considere a curva de oferta de mão-de-obra dos enfermeiros, por exemplo.


Conforme é mostrado na figura 10, se os hospitais querem contratar L 1
trabalhadores, basta eles pagarem salários no valor de W 1, pois a este nível de
salários, os trabalhadores ofertam L1 de mão-de-obra, exatamente a quantidade
requerida.

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Estes salários relativamente baixos irão atrair para o trabalho na enfermagem


somente aqueles mais vocacionados para a atividade e que não se importam em
ganhar reduzidas remunerações. Para que os hospitais expandam a oferta de mão-
de-obra e empreguem L* trabalhadores, será necessário elevar os salários para W*.
Esse pagamento mais elevado é requerido para atrair aqueles que teriam
considerado a profissão de enfermeiro como uma carreira sem atrativos a um nível
de salários W1.

Se W* acaba se revelando o salário de equilíbrio do mercado (salário que iguala a


demanda e a oferta de mão-de-obra), todos aqueles que haviam ofertado sua
mão-de-obra por menos de W* estão recebendo uma renda econômica, pois será
impossível para os hospitais pagarem exatamente o salário de reserva de cada um,
de modo que todos irão ganhar W*. A área em cinza no gráfico representa a
extensão desta renda econômica.

W
Oferta de
mão-de-obra

W*

RENDAS
W1
Demanda de
mão-de-obra

L1 L*
L (Quantidade de
trabalhadores)

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Aula 01

Assim, a diferença entre o salário efetivamente pago e os salários de reserva dos


trabalhadores multiplicada pelo número de trabalhadores que recebem valores
acima do salário de reserva (área cinza) é a quantia da renda econômica. Já que
cada trabalhador tem um salário de reserva diferente, as rendas podem variar de
trabalhador para trabalhador. As maiores rendas serão recebidas pelos
trabalhadores que teriam se apresentado para trabalhar nos hospitais mesmo que
os salários fossem de apenas W1. Já aqueles enfermeiros que se apresentaram aos
hospitais somente quando o nível salarial atingiu W* não possuem qualquer renda
econômica.

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LISTA DE QUESTÕES E GABARITO


BACEN-Adaptada

Tomemos um trabalhador que possua dois bens, consumo(C) e Lazer(L), com


preços do lazer e consumo, respectivamente, PL=1 e PC=1. Para este trabalhador
cuja função utilidade é dada por U =C.L e que possui uma renda total M de seis
unidades monetárias, a cesta de consumo que lhe maximizará a satisfação é:

a) C=3 e L= 3

b) C=3 e L=2

c) C=2 e L=3

d) C=2 e L=2

e) C=0 e L=6.

CESPE - Ana (BACEN)/BACEN/Área 3 - Política Econômica e


Monetária/2013

Julgue o seguinte item acerca da teoria dos ciclos econômicos e do mercado de


trabalho.
As curvas de oferta coletiva e individual de mão de obra têm inclinação positiva,
com a curva de oferta individual à direita da de oferta coletiva.

CESPE - Ana MPU/MPU/Perícia/Economia/2010

Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o


nível de atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego,
julgue o item a seguir.

A curva de oferta de mão de obra é descendente por causa do produto marginal


decrescente.

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Aula 01

CESPE - Ana MPU/MPU/Perícia/Economia/2010

Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o


nível de atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego,
julgue o item a seguir.

Imigração, mudança nas preferências do trabalhador e mudanças tecnológicas


deslocam a curva de oferta de mão de obra.

NC-UFPR - Ana Jud (TJ PR)/TJ PR/Economia/2006

Assinale a alternativa que traduz a explicação dada por Arthur W. Lewis, no


chamado modelo dualista, para o problema da mobilidade da mão-de-obra do
campo em direção das cidades.

a) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque a modernização da agricultura gera desemprego no campo e força uma
migração para as cidades.

b) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque os preços dos imóveis nas cidades são mais caros do que o preço dos
imóveis do campo.

c) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque a política de assentamento do homem no campo não realiza uma perfeita
distribuição da terra.

d) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque a oferta de serviços de saúde são maiores no meio urbano do que nas
cidades.

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e) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque os salários pagos no meio urbano são fixados acima do nível de subsistência
da agricultura.

ESAF - AFT/MTE/2003

A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa porque, quando o salário real
fica suficientemente elevado,

a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.

b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.

c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.

d) o lazer passa a ser um bem "inferior".

e) o efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.

ESAF - AFT/MTE/2006

Suponha um modelo neoclássico de oferta de trabalho individual em que a


utilidade do indivíduo dependa apenas do consumo (C) e do lazer (L) e que o
indivíduo disponha de uma dotação inicial dos dois bens: C 0 e L0. Suponha que
L0=24 horas. Suponha também que a função utilidade seja U (C,L) = C a L1-a, onde 0
< a < 1, que a restrição orçamentária seja linear e que o preço do bem de consumo
C seja 1 por unidade do bem. Considere as seguintes afirmações:

I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo


que a taxa de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do
consumo, dado que o salário de mercado é maior que o salário de reserva.

II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero
horas de trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.

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III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente


inclinado, desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação
compense o efeito-substituição. Nesse trecho negativamente inclinado, a
elasticidade da oferta de trabalho com relação ao salário é negativa.

A opção correta é:

a) I, II e III estão incorretas.

b) I e II estão corretas e III está incorreta.

c) I está incorreta; II e III estão corretas.

d) I e III estão incorretas; II está correta.

e) I, II e III estão corretas.

GABARITOS

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

A CERTO ERRADO ERRADO E E E

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QUESTÕES RESOLVIDAS
BACEN-Adaptada

Tomemos um trabalhador que possua dois bens, consumo(C) e Lazer(L), com


preços do lazer e consumo, respectivamente, PL=1 e PC=1. Para este trabalhador
cuja função utilidade é dada por U =C.L e que possui uma renda total M de seis
unidades monetárias, a cesta de consumo que lhe maximizará a satisfação é:

a) C=3 e L= 3

b) C=3 e L=2

c) C=2 e L=3

d) C=2 e L=2

e) C=0 e L=6.

Foram dados pela questão:

Função Utilidade → 𝑈 = 𝐶𝐿

Reta Orçamentária → 𝐶 + 𝐿 = 6 (o formato da reta orçamentária é 𝑀 = 𝑃𝑐𝐶 + 𝑃𝑙𝐿, ou seja,


o trabalhador consome toda sua renda com consumo e lazer)

Conforme sabemos, o trabalhador atinge o ótimo quando:

𝑈𝑚𝑔𝐿 𝑃𝑙
=
𝑈𝑚𝑔𝐶 𝑃𝑐
𝑑𝑈
A utilidade marginal do lazer é dada pela derivada da função utilidade pelo lazer ( 𝑑𝐿 ) e

a utilidade marginal do consumo é dada pela derivada da função utilidade em função


𝑑𝑈
do consumo ( 𝑑𝐿 ). Derivando:

1) 𝑈𝑚𝑔𝐿 = 𝑑𝑈/𝑑𝐿 = 1 × 𝐶 × 𝐿1−1 = 𝐶

2) 𝑈𝑚𝑔𝐶 = 𝑑𝑈/𝑑𝐶 = 1 × 𝐿 × 𝐶 1−1 = 𝐿

Agora basta substituir os resultados:

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𝑈𝑚𝑔𝐿 𝑃𝑙
=
𝑈𝑚𝑔𝐶 𝑃𝑐

𝐶 1
=
𝐿 1
𝐶 1
=
𝐿 1

Substituindo C por L na equação da renda:

𝐶+𝐿 =6

𝐿 + 𝐿 = 6 → 2𝐿 = 6 → 𝐿 = 3

𝐶𝑜𝑚𝑜 𝐶 = 𝐿 → 𝐶 = 3

GABARITO: A

CESPE - Ana (BACEN)/BACEN/Área 3 - Política Econômica e


Monetária/2013

Julgue o seguinte item acerca da teoria dos ciclos econômicos e do mercado de


trabalho.
As curvas de oferta coletiva e individual de mão de obra têm inclinação positiva,
com a curva de oferta individual à direita da de oferta coletiva.

A curva de oferta coletiva é a agregação de curvas de oferta individuais. Ou seja,


trata-se da soma das curvas de oferta de vários indivíduos.

Sabemos que a curva de oferta individual tem a seguinte forma:

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SALÁRIO ($)

CURVA DE OFERTA
DE TRABALHO

HORAS DE TRABALHO

A curva de oferta coletiva de trabalho , ao ser uma soma de curvas individuais, fica
à direita da curva individual. Desta forma:

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SALÁRIO ($)

CURVA INDIVIDUAL
CURVA COLETIVA

HORAS DE TRABALHO

GABARITO: CERTO

CESPE - Ana MPU/MPU/Perícia/Economia/2010

Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o


nível de atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego,
julgue o item a seguir.

A curva de oferta de mão de obra é descendente por causa do produto marginal


decrescente.

Como vimos, a curva de oferta de trabalho é ascendente. Maiores salários, até


certo ponto, resultam em maior quantidade ofertada de trabalho.

GABARITO: ERRADO

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CESPE - Ana MPU/MPU/Perícia/Economia/2010

Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o


nível de atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego,
julgue o item a seguir.

Imigração, mudança nas preferências do trabalhador e mudanças tecnológicas


deslocam a curva de oferta de mão de obra.

Os fatores que deslocam a curva de oferta de trabalho são todos aqueles que
aumentam ou reduzem a quantidade de trabalho. Imigração e mudanças
tecnológicas possuem este efeito.

No entanto, a mudança nas preferências do trabalhador significa que ele altera a


taxa na qual troca lazer por trabalho, ou seja, ocorre a alteração da TMS, o que
acarreta em alteração na inclinação da curva de indiferença.

GABARITO: ERRADO

NC-UFPR - Ana Jud (TJ PR)/TJ PR/Economia/2006

Assinale a alternativa que traduz a explicação dada por Arthur W. Lewis, no


chamado modelo dualista, para o problema da mobilidade da mão-de-obra do
campo em direção das cidades.

a) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque a modernização da agricultura gera desemprego no campo e força uma
migração para as cidades.

b) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque os preços dos imóveis nas cidades são mais caros do que o preço dos
imóveis do campo.

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c) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque a política de assentamento do homem no campo não realiza uma perfeita
distribuição da terra.

d) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque a oferta de serviços de saúde são maiores no meio urbano do que nas
cidades.

e) A mobilidade de mão-de-obra do meio rural em direção das cidades ocorre


porque os salários pagos no meio urbano são fixados acima do nível de subsistência
da agricultura.

Em que pese não termos abordado este modelo em específico, em função dele
não ser cobrado em nosso certame, a ideia é muito simples: a oferta de trabalho é
maior conforme maior for o salário. Assim, a mobilidade de mão-de-obra do meio
rural em direção das cidades ocorre porque os salários pagos no meio urbano são
fixados acima do nível de subsistência da agricultura.

GABARITO: LETRA E

ESAF - AFT/MTE/2003

A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa porque, quando o salário real
fica suficientemente elevado,

a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.

b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.

c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.

d) o lazer passa a ser um bem "inferior".

e) o efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.

Como visto, a oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa quando o efeito
renda supera o efeito substituição.

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GABARITO: LETRA E

ESAF - AFT/MTE/2006

Suponha um modelo neoclássico de oferta de trabalho individual em que a


utilidade do indivíduo dependa apenas do consumo (C) e do lazer (L) e que o
indivíduo disponha de uma dotação inicial dos dois bens: C 0 e L0. Suponha que
L0=24 horas. Suponha também que a função utilidade seja U (C,L) = C a L1-a, onde 0
< a < 1, que a restrição orçamentária seja linear e que o preço do bem de consumo
C seja 1 por unidade do bem. Considere as seguintes afirmações:

I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo


que a taxa de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do
consumo, dado que o salário de mercado é maior que o salário de reserva.

II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero
horas de trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.

III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente


inclinado, desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação
compense o efeito-substituição. Nesse trecho negativamente inclinado, a
elasticidade da oferta de trabalho com relação ao salário é negativa.

A opção correta é:

a) I, II e III estão incorretas.

b) I e II estão corretas e III está incorreta.

c) I está incorreta; II e III estão corretas.

d) I e III estão incorretas; II está correta.

e) I, II e III estão corretas.

Todas as opções estão corretas e representam perfeitamente a definição de


conceitos vistos no decorrer da aula.

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Apenas um comentário adicional: o efeito renda pode ser dividido entre efeito
renda-ordinário e do efeito renda-dotação. Ou seja: 𝐸𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 =
𝐸𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎𝑂𝑅𝐷𝐼𝑁Á𝑅𝐼𝑂 + 𝐸𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎𝐷𝑂𝑇𝐴ÇÃ𝑂

GABARITO: LETRA E

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos aqui mais uma aula. Espero que tenha gostado e compreendido nossa
proposta de curso.

Saiba que, ao optar pelos Estratégia Concursos, estará fazendo a escolha certa.
Isso será perceptível no decorrer do curso, a medida em que formos desenvolvendo
os assuntos.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou


disponível no fórum no Curso, Facebook ou Instagram.

https://www.facebook.com/profvicentecamillo/

https://www.instagram.com/profvicentecamillo/

Obrigado pela companhia.

Aguardo vocês na próxima aula.

Bons estudos e até lá!

Prof. Vicente Camillo

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