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Matemática Elementar - Prof.

Fábio Pacheco 1

1 - INTRODUÇÃO

A priori, muitas pessoas devem estar se fazendo a seguinte pergunta:

“Qual a razão de estudarmos tanta Matemática no curso de Física?”

A linguagem tem sido interpretada desde Aristóteles (384-322 a.C.) como uma
ferramenta para a designação convencional de conceitos (imagens mentais): na literatura, as
palavras contam histórias, descrevem situações, lugares, personagens etc.; na música, os
arranjos das notas constituem sinfonias; nas artes, uma pintura ou escultura, além de
emoção, podem expressar aspectos culturais de uma época. As ciências também têm sua
linguagem própria, que deve auxiliar nas descrições, interpretações e conclusões a respeito
de fenômenos.
A abrangência da linguagem matemática pode ser medida por um comentário de
Galileu Galilei (1564-1642), em sua obra Saggiatore, publicada em 1623:

“A filosofia está escrita neste grandioso livro que temos continuamente aberto
diante de nossos olhos (refiro-me ao universo), mas não se pode entender o que nele está
escrito sem antes aprender a linguagem e conhecer os caracteres. Está escrito em
linguagem matemática, e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras
geométricas, meios sem os quais é humanamente impossível entender uma única palavra.”

Os fenômenos não podem ser classificados isoladamente como químicos, físicos,


econômicos, sociais etc.; na verdade, em todo estudo científico há um entrelaçamento de
ciências, e o papel de aglutinação é, em grande parte dos casos, representado pela
Matemática. Por isso, ao estudar conceitos matemáticos, é importante relaciona-los com
outros domínios da ciência.
Ou seja, a Matemática está inserida em tudo a nossa volta. O mundo moderno está
cada vez mais dependente da Matemática, onde está é utilizada para descrever, modelar e
resolver problemas nas diversas áreas da atividade humana. Ela aparece, por exemplo:
• no relógio;
• no jornal com porcentagens, gráficos ou tabelas.
• na medicina numa ultra-sonografia, num eletrocardiograma, num diagnóstico
através da utilização da estatística, numa cirurgia utilizando robôs e etc.;
• na construção civil ela aparece nos projetos e cálculos das estruturas, além dos
pedreiros que utilizam antigos métodos egípcios para se fazer ângulos retos.
• nos programas de computador onde ela aparece nos algoritmos que formam estes
programas.
• na indústria automobilística e de aviação, onde praticamente todas as peças
exigem cálculos complexos para a sua construção;
• Na confecção, quando uma costureira modela e corta peças de roupa, além de
resolver problemas de geometria como, por exemplo, fazer bordados através da semelhança
de figuras geométricas com ampliações ou reduções de figuras;
Nessa etapa da sua formação você vai estudar conteúdos que lhes ajudarão a
desenvolver familiaridade com o raciocínio matemático a fim de se criar uma base para um
aprendizado sólido, fazendo uso da linguagem durante todo o seu curso através da real
compreensão dos processos envolvidos na construção do conhecimento na área da Física.

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2 – EQUAÇÃO DO 1° GRAU

Muitas situações do nosso cotidiano exigem cálculos para se descobrir um valor


desconhecido. Atualmente as equações são usadas para determinar o lucro de uma empresa,
para calcular a taxa de uma aplicação financeira, para fazer a previsão do tempo etc. Por
exemplo, uma propaganda anunciava as condições de pagamento na compra de um
automóvel:

Compre seu automóvel 0 km por apenas R$ 27 000,00,


pagando a prazo e sem juros:
Entrada de R$ 3 000,00 mais 12 prestações iguais.

Veja que a propaganda não explicita o valor de cada prestação, mas, com as
informações dadas, é possível determiná-lo:

• subtraindo 3000 do valor 27000, obtemos 24000, que é a quantia que deve ser
dividida em 12 prestações iguais;

• dividindo 24000 por 12, obtemos 2000, que é o valor, em reais, de cada prestação.

Ou seja, o que fizemos nesse exemplo foi determinar o valor desconhecido x da


sentença:

3000 + 12 x = 27000

Essa sentença é chamada de equação do 1° grau na incógnita x. O valor 2000, que,


atribuído a x, torna a sentença verdadeira, é chamada de raiz da equação.

Definição 2.1: Toda equação da forma ax + b = 0 , em que a e b são constantes reais,


com a ≠ 0 e x a incógnita, é denominada equação do 1° grau.

A resolução das equações do 1° grau é fundamentada nas propriedades da


igualdade, a seguir:

• Adicionando um mesmo número a ambos os membros de


uma igualdade ou subtraindo um mesmo número de ambos os
membros, a igualdade se mantém.

• Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma


igualdade por um mesmo número não-nulo, a igualdade se
mantém.

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2.1 – CONJUNTO UNIVERSO E CONJUNTO SOLUÇÃO

Observe a seguinte situação:

Duas empresas têm juntas 40000 funcionários. A empresa A tem 7000 funcionários
a mais que a empresa B. Qual é o número de funcionários de cada empresa?
Equacionando o problema:

x → Nº. de funcionários da empresa A;


x − 7000 → Nº. de funcionários da empresa B.

Daí,

x + x − 7000 = 40000 .

Veja que, não é preciso resolver a equação para sabermos que sua raiz deve ser um
número natural, pois x representa um número de pessoas; por isso, dizemos que o conjunto
universo dessa equação é o conjunto N. O elemento desse conjunto universo que é raiz da
equação forma o conjunto solução da equação.

Obs.: Quando for pedido o conjunto solução de uma equação, deve ser fornecido
explicitamente o conjunto universo.

Exemplo 2.1: Vamos resolver a equação x + x − 7000 = 40000 , sendo U = N .

x + x − 7000 = 40000
⇒ x + x − 7000 + 7000 = 40000 + 7000
⇒ 2 x = 47000
2 x 47000
⇒ =
2 2
⇒ x = 23500 S = {23500}
Ou melhor,
x + x − 7000 = 40000
⇒ 2 x = 40000 + 7000
⇒ 2 x = 47000
47000
⇒x=
2
⇒ x = 23500 S = {23500}

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EXERCÍCIOS

1) Escreva e resolva a equação correspondente a cada uma das seguintes situações:

a) A idade de Paulo mais o triplo dela é igual a 40 anos. Qual é a idade de Paulo?
b) A soma do dobro com o quádruplo de um mesmo número real x é igual a 36. Qual é
esse número x?
c) Nas casas ALAGOAS o plano de venda é dado pela expressão 100,00 + 6 p , em que
p representa o valor da prestação. Qual é o valor de cada prestação na venda de uma
geladeira cujo preço é de R$ 1000,00?
d) Um carpinteiro serra uma tábua de 50 cm em dois pedaços. O comprimento do
pedaço menor representa a quarta parte do comprimento do pedaço maior. Escreva uma
equação que nos permita calcular o comprimento de cada pedaço e calcule o
comprimento de cada um desses pedaços.

2) Na cidade de Niterói, o preço pago por uma corrida de táxi inclui uma parcela fixa,
denominada bandeirada, e uma parcela que depende da distância percorrida.
A bandeirada custa R$4,18 e cada quilômetro rodado custa R$0,83. Qual a distância
percorrida por um passageiro que pagou R$14,14?

3) No triênio 1999/2001, um município produziu 228 mil toneladas de soja. A produção


3
do ano de 1999 foi de 3 mil toneladas a mais que da produção de 2000, e de 2001 foi de
4
5 mil toneladas a mais que a do ano anterior. De acordo com esses dados, complete os
valores que ainda faltam no gráfico:
Produção
(milhares de toneladas)

1999 2000 2001 Ano

4) Um ciclista nas Olimpíadas de Pequim percorreu 40 quilômetros em 45 minutos: nos


primeiros 15 minutos percorreu 1 km a menos que nos 15 minutos seguinte; nos últimos 15
minutos percorreu três quintos da distância percorrida nos primeiros 15 minutos. Quantos
quilômetros esse ciclista percorreu nos últimos 15 minutos?

5) Determine o quadrado da raiz da equação 2.( x − 2) + 3.( x − 2) = 5.( x − 1) .

6) Determine o conjunto solução em cada uma das equações abaixo, sendo (U = R ) :

3
a) 5 x + 3 − 22 = −2 x − 11 + 6 x b) x − =1 c) 5 + 3 ( y − 2) = 4 + 2 . ( y − 1)
8

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3 – INEQUAÇÕES DO 1° GRAU

Em muitas situações do nosso dia-a-dia somos obrigados a resolver uma


desigualdade, ou seja, uma inequação. Por exemplo, vamos supor que a média mínima para
ser aprovado automaticamente é 5,0 e que essa média, em cada matéria, seja calculada pela
expressão
A + B + 2C
4

Em que as letras A, B, e C representam as notas das 1ª, 2ª e 3ª avaliações,


respectivamente. Se suas notas fossem 7,0 e 4,0 nas avaliações A e B, então, para ser
aprovado automaticamente, sua nota C, da última avaliação, deveria satisfazer à condição
7 + 4 + 2C
≥5
4

Essa sentença é chamada de inequação do 1° grau na variável C.

Definição 3.1: Toda inequação da forma ax + b > 0 (ou relações ≥, <, ≤ ou ≠ ), em


que a e b são constantes reais, com a ≠ 0 e x a variável é denominada inequação do 1°
grau.
A resolução das inequações do 1° grau é fundamentada nas propriedades da
desigualdade, a seguir:

• Adicionando um mesmo número a ambos os membros de


uma desigualdade ou subtraindo um mesmo número de
ambos os membros, a desigualdade se mantém.

• Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma


desigualdade por um mesmo número positivo, a desigualdade
se mantém.

• Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma


desigualdade do tipo ≥, >, ≤ ou < por um mesmo número
negativo, a desigualdade inverte o sentido.

7 + 4 + 2C
Exemplo 3.1: Vamos resolver a inequação ≥ 5 , sendo U = R .
4
7 + 4 + 2C
≥5
4
⇒ 7 + 4 + 2C ≥ 20
⇒ 11 + 2C ≥ 20
⇒ 2C ≥ 20 − 11
9
⇒ C ≥ = 4,5
2
S = {x / x ∈ R e x ≥ 4,5}
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Obs.: O número b é uma solução de uma desigualdade se a desigualdade é


verdadeira quando a variável x é substituída por b. O conjunto de todos os valores de x que
satisfazem uma desigualdade é chamado solução completa da desigualdade.

PROPRIEDADES

Sejam a, b, c e d números reais:

1) Propriedade transitiva: a < b e b < c → a < c ;


2) Soma de desigualdades: a < b e c < d → a + c < b + d ;
3) Multiplicação por uma constante (positiva): a < b → ac < bc, c > 0 ;
4) Multiplicação por uma constante (negativa): a < b → ac > bc, c < 0 ;
5) Soma de uma constante: a < b → a + c < b + c ;
6) Subtração de uma constante: a < b → a − c < b − c.

Observe que a desigualdade é invertida quando você multiplica ambos os membros


por um número negativo. Assim, por exemplo, se x < 3, − 4 x > −12 . Esse princípio
também se aplica à divisão por um número negativo: se − 2 x > 4, então x < −2.

Exemplo 3.2: Determine a solução completa da desigualdade 3 x − 4 < 5.

3x − 4 < 5
3x < 9
9
x<
3
⇒ x<3

Assim, a solução completa é o intervalo (−∞,3) .

Exemplo 3.3: (Níveis de Produção) Além de um custo fixo de R$500,00 por dia, o
custo para produzir x unidades de um certo produto é de R$2,50 por unidade. Durante o
mês de agosto, o custo total de produção variou entre um máximo de R$ 1325,00 e um
mínimo de R$ 1200,00 dia. Determine os níveis de produção máximo e mínimo durante o
mês.

C = 2,5 x + 500
1200 ≤ C ≤ 1325
1200 ≤ 2,5 x + 500 ≤ 1325
1200 − 500 ≤ 2,5 x + 500 − 500 ≤ 1325 − 500
700 ≤ 2,5 x ≤ 825
700 2,5 x 825
≤ ≤
2,5 2,5 2,5
280 ≤ x ≤ 330

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ou

1200 ≤ 2,5 x + 500 ≤ 1325


I) 1200 ≤ 2,5 x + 500 II ) 2,5 x + 500 ≤ 1325
1200 − 500 ≤ 2,5 x 2,5 x ≤ 1325 − 500
700 ≤ 2,5 x 2,5 x ≤ 825
825
− 2,5 x ≤ −700 ⋅ (−1) x≤
2,5
2,5 x ≥ 700 x ≤ 330
700
x≥
2,5
x ≥ 280

I
280
II
330
I ∩ II
280 330

I ∩ II = [280,330]

Assim, a produção diária do mês de agosto variou entre um mínimo de 280 unidades
e um máximo de 330 unidades.

EXERCÍCIOS

1) Considerando o universo dos números reais, determine o conjunto solução das


inequações:

a) 2 x + 14 > 9 b) 7x + 6 > 4x + 7 c) 4 y − 5 < 2( y + 3) + 5 y

2) Para enviar uma mensagem por fax, um comerciante cobra uma taxa fixa de R$1,20
mais R$0,54 por página enviada, completa ou não. Qual é o número mínimo de páginas que
devem ser enviadas para que o preço ultrapasse R$10,00?

3) Conforme o critério da escola onde Paulo estuda, a média final em cada matéria é dada
pela expressão:
a + b + 2c + 2 d
6
Em que a, b, c e d representam as notas do 1º, 2º, 3º e 4º bimestre, respectivamente,
sendo que cada uma delas pode assumir valores de 0 a 10. Um aluno cuja média final for

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maior ou igual a 6, em uma determinada matéria, é aprovado automaticamente nessa


matéria.

O documento abaixo é o boletim escolar de Paulo:

Colégio PAPÁDUA Série: 1º A


Aluno: Paulo Pacheco de Souza Período: Matutino
N.ºde matrícula: 12.005.003 Sala: 08

Matéria 1º 2º 3º 4º Média final


bim. bim. bim. bim.
Biologia 7,2 5,2 4,1 6,2 5,5
Física 5,9 4,9 7,5 6,0
Geografia 7,5 7,3 6,2 X
História 5,6 6,4 7,0 Y
Inglês 8,8 9,2 9,0 Z
Matemática 1,2w w 7,0 2,9w
Química 3,6m 6,4 3,2m 8,3

Determine:

a) Complete a coluna destinada à média final, após resolver as letras b, c, d, e, e f. Obs.


alguns valores ficarão em função de uma variável.
b) os possíveis valores de x para que Paulo seja aprovado automaticamente em
Geografia.
c) os possíveis valores de y para que Paulo não seja aprovado automaticamente em
História.
d) os possíveis valores de z para que Paulo não seja aprovado automaticamente em
Inglês.
e) os possíveis valores de w para que a média final de Paulo em Matemática seja no
máximo 5.
f) os possíveis valores de m para que Paulo tenha no mínimo 8 como média final em
Química.

4) Em uma balança de dois pratos há, em um dos pratos, dois cilindros de 1,5 kg cada um.
Colocando-se no outro prato 4 bolas de massas iguais, constata-se que o prato das bolas fica
em posição mais baixa que o dos cilindros. Retirando uma das bolas, constata-se que o
prato das bolas fica em posição mais alta que o dos cilindros. Indicando por x a massa de
cada bola, em kg, complete de a tornar verdadeira a sentença:
LLL < x < LLL

5) Um reservatório, quando totalmente cheio, pode conter y litros de água. Se retirarmos


3
50 litros de água, a quantidade que resta é menor que da capacidade total desse
4
reservatório. Qual a sentença matemática que expressa esse fato? E resolva a inequação
encontrada?
50l
y 3
da capacidade total y
4

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4 – SISTEMAS DE EQUAÇÕES DO 1° GRAU

Aprendemos a resolver problemas por meio de equações ou inequações com uma


incógnita.
Aqueles problemas podem ser equacionados, também, com duas incógnitas. Veja:
Um terreno retangular de perímetro 96 m tem na base 24 m a menos do que na
altura. Qual é a medida da base e da altura desse terreno?
1º modo: Usando uma incógnita
Assim, equacionando, temos:
x+24
x + x + x + 24 + x + 24 = 96
4 x + 48 = 96
x

2º modo: Usando duas incógnitas


Assim, equacionando, temos:
y
 x + x + y + y = 96 2 x + 2 y = 96
 ou seja, 
 y = x + 24  y = x + 24
x

Essa duas equações, por conterem as mesmas incógnitas x e y, formam um sistema


de duas equações com duas incógnitas.
Obs.: O nosso objetivo é revisar a resolução desse tipo de sistema, o que faremos
através de exercícios resolvidos.

Exercícios Resolvidos:

1) Vamos resolver o sistema da situação apresentada anteriormente:


Veja que a incógnita y esta isolada. Assim, substituindo a incógnita y na 1ª equação
pelo valor x + 24 obtido na 2ª equação, temos:
2 x + 2( x + 24) = 96
2 x + 2 y = 96 2 x + 2 x + 48 = 96
 ⇒
 y = x + 24 4 x = 48
x = 12
Então, y = 12 + 24 = 36

2) O custo de fabricação de cada litro de tinta vermelha é R$7,20, enquanto o custo


para a fabricação de cada litro de tinta branca é R$6,00. Misturando as tintas vermelha e
branca, o fabricante produziu tinta cor-de-rosa ao custo de R$6,40 o litro. Para calcular a
razão entre as quantidades de tinta vermelha e branca dessa mistura, basta resolver o
sistema:
7,2 x + 6 y = 6,4

y + x = 1

em que x e y representem, respectivamente, a fração de litro de tinta vermelha e de tinta


branca que compõe 1L de tinta cor-de-rosa.

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RESOLUÇÃO:

Isolando a incógnita y na 2ª equação, temos: y = − x + 1 .

Assim, substituindo a incógnita y na 1ª equação pelo valor − x + 1 obtido na 2ª


equação, temos:

7,2 x + 6(− x + 1) = 6,4


7,2 x − 6 x + 6 = 6,4
1,2 x = 0,4
0,4 1
x= =
1,2 3
1 2
Então, y = − + 1 =
3 3
1 2
Concluímos que cada litro de tinta cor-de-rosa contém L de tinta vermelha e L
3 3
de tinta branca, o que significa que a tinta vermelha foi misturada à tinta branca na razão
1
.
2
EXERCÍCIO

1) Usando as incógnitas x e y estabeleça e resolva um sistema de duas equações de 1º grau


associado a cada uma das seguintes situações:

a) O preço de uma caneta é o dobro do preço de uma lapiseira e as duas juntas custam
30 reais.

b) O preço de uma camisa é o triplo do preço de uma bermuda e as duas juntas custam
60 reais.

c) Em um estacionamento há carros e motos, num total de 12 veículos e 40 rodas.

d) A soma de dois números é 30, e o maior deles é igual ao dobro do menor, menos 1.

e) Em um terreiro há galinhas e coelhos, num total de 23 animais e 82 pés.

f) Uma pessoa possui apenas moedas de 25 centavos e de 50 centavos, num total de 31


moedas. Sabe-se ainda que o número de moedas de 25 centavos excede o de 50
centavos em 5 unidades. Qual a quantia essas moedas totalizam?

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5 – CÁLCULO ÁLGÉBRICO

5.1 – MONÔMIOS

Definição 5.1: Monômios são expressões algébricas que apresentam apenas um


número, apenas uma variável ou multiplicações entre número e variáveis.

Obs.: Um monômio é formado por duas partes: um número, que é o seu coeficiente,
e uma multiplicação de variáveis, que é a sua parte literal.

5 é o coeficiente.
5x 3 y 2  3 2
 x y é a parte literal .

5.2 – MONÔMIOS SEMELHANTES

Definição 5.2: Monômios que têm a mesma parte literal são chamados de monômios
semelhantes.

Exemplo 5.2.1: 5 x 3 y 2 e − 3 x 3 y 2 são monômios semelhantes.

5.3 – ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE MONÔMIOS

Para somar 5 x 3 y 2 + 6 x 3 y 2 , podemos pensar assim: temos 5 monômios x 3 y 2 mais 6


monômios x 3 y 2 , ou seja, temos 11 monômios x 3 y 2 . Portanto:

5 x 3 y 2 + 6 x 3 y 2 = 11x 3 y 2

A subtração de monômios semelhantes também é feita de modo análogo à soma de


monômios.

Exemplo 5.3.1: 5 x 3 y 2 − 3 x 3 y 2 = 2 x 3 y 2

5.4 – MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO E POTENCIAÇÃO DE MONÔMIOS

5.4.1 – MULTIPLICAÇÃO

Acompanhe a multiplicação do monômio y 2 pelo monômio y 3 :

y 2 . y 3 = y . y . y . y . y = y 5 , ou seja, y 2 . y 3 = y 2+3 = y 5

Esta propriedade de potências é a base para a multiplicação de monômios.

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Exemplo 5.4.1: (5 x 3 y 2 )(−3 x 3 y 2 ) = −15 x 6 y 4

5.4.2 – DIVISÃO

Acompanhe a divisão do monômio y 6 pelo monômio y 3 :

y6 y. y. y. y. y. y
y ÷ y = 3 =
6 3
= y. y. y = y 3 , ou seja, y 6 ÷ y 3 = y 6−3 = y 3
y y. y. y

Obs.: Uma outra propriedade de potências é a base para a divisão de monômios.

Exemplo 5.4.2: (15 x 9 y 4 ) ÷ (−3 x 3 y 2 ) = −5 x 6 y 2

5.4.3 – POTENCIAÇÃO

Observe que a potência (5 x 9 y 4 ) 2 é uma multiplicação de dois fatores iguais a


5 x 9 y 4 , ou seja,

(5 x 9 y 4 ) 2 = 5 x 9 y 4 . 5 x 9 y 4 = 25 x18 y 8

Obs.: Podemos efetuá-la mais rapidamente, usando as propriedades da potenciação:

(5 x 9 y 4 ) 2 = 5 2 . ( x 9 ) 2 . ( y 4 ) 2 = 25 x 18 y 8

Exemplo 5.4.3: (15a 4 y ) 2 = 225a 8 y 2

5.5 – POLINÔMIOS

Definição 5.5.1: Polinômio é qualquer monômio ou qualquer adição (ou subtração)


de monômios.

Exemplo 5.5.1: 5 x 3 y 2 + 5 x 2 y 3 − 3 x 5 é um polinômio.

5.5.1 – ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE POLINÔMIOS

A adição de polinômios é a adição de todos os seus monômios.

Exemplo 5.5.2: (5 x 3 y 2 + 5 x 2 y 3 − 3 x 5 ) + (7 x 3 y 2 + 2 x 2 y 3 ) = 12 x 3 y 2 + 7 x 2 y 3 − 3 x 5

Para efetuar a subtração de dois polinômios, somamos o minuendo com o oposto do


subtraendo.

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Exemplo 5.5.3: (5 x 3 y 2 + 5 x 2 y 3 − 3 x 5 ) − (7 x 3 y 2 + 2 x 2 y 3 ) =
= (5 x 3 y 2 + 5 x 2 y 3 − 3 x 5 ) + (−7 x 3 y 2 − 2 x 2 y 3 ) =
= −2 x 3 y 2 + 3 x 2 y 3 − 3 x 5

5.5.2 – MULTIPLICAÇÃO DE POLINÔMIOS

5.5.2.1 – MULTIPLICAÇÃO DE MONÔMIOS POR POLINÔMIOS

Veja que:

32 × 4 = 128 ou 32 × 4 = (30 + 2) × 4 = 30 × 4 + 2 × 4 = 120 + 8 = 128

Ou seja, nesta multiplicação, distribuímos o fator 4 pelas parcelas 30 e 2.


A multiplicação de um monômio por um polinômio é feita do mesmo modo.

Exemplo 5.5.4: x 2 ( x 3 + 2) = x 2 . x 3 + x 2 . 2 = x 5 + 2 x 2

5.5.2.2 - MULTIPLICAÇÃO DE DOIS POLINÔMIOS

Ao multiplicarmos dois números naturais, 13 por 25, por exemplo, multiplicamos


(10 + 3) por (30 + 5) . Ou seja,

13 × 35 = (10 + 3) . (30 + 5) = 300 + 50 + 90 + 15 = 455

O mesmo ocorre com a multiplicação de polinômios.

Exemplo 5.5.5: (5 x + 3) . (3 x + 5) = 15 x 2 + 25 x + 9 x + 15 = 15 x 2 + 34 x + 15

5.5.3 – DIVISÃO DE POLINÔMIOS

5.5.3.1 – DIVISÃO DE POLINÔMIOS POR MONÔMIOS

Veja que: (50 + 30) ÷ 5 = 80 ÷ 5 = 16 ou (50 + 30) ÷ 5 = 50 ÷ 5 + 30 ÷ 5 = 10 + 6 = 16


A divisão de um polinômio por monômio é feita do mesmo modo.

Exemplo 5.5.6: ( x 3 + 2 x 2 ) ÷ x 2 = x 3 ÷ x 2 + 2 x 2 ÷ x 2 = x + 2

5.5.3.2 – DIVISÃO DE DOIS POLINÔMIOS

Já percebemos que toda propriedade da estrutura algébrica dos polinômios tem sua
correspondente na estrutura dos números; por isso, ao operar com polinômios convém
procurar sua analogia com os números.

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Utilizando um raciocínio análogo a divisão de dois números, podemos dividir o


polinômio P ( x) = x 3 − 2 x 2 − x + 2 por D ( x) = x 2 − 1 .

Resolução:

1º) Dividimos o monômio de mais alto grau de P (x) pelo monômio de mais alto
grau de D (x) :
x3 − 2x 2 − x + 2
x
2º) Subtraímos do dividendo o polinômio x ( x 2 − 1) = x 3 − x :
x3 − 2x 2 − x + 2 x2 −1
-
x3 −x x
− 2x 2 + 0x + 2
3º) Dividimos o monômio de mais alto grau do primeiro resto parcial pelo monômio
de mais alto grau de D (x) :
x3 − 2x 2 − x + 2 x2 −1
- 3
x −x x−2 quociente

− 2x 2 + 0x + 2
-
− 2x 2 +2
0 resto

Temos, então, Q ( x) = x − 2 e R ( x) = 0 .

PROPRIEDADE 5.5.3.1: (Propriedade Fundamental da Divisão de Polinômios)

Sejam os polinômios P (x) , D (x) , Q (x) e R (x) . Os polinômios Q (x) e R (x) são,
respectivamente, o quociente e o resto da divisão de P (x) por D (x) se, e somente se

P( x) = Q( x) ⋅ D( x) + R( x) .

EXERCÍCIOS

1) Mário tem x anos. Ele é o pai de Márcia, uma jovem de y anos. Responda usando um
polinômio:

a) Quantos anos Mário tem a mais que Márcia?

b) Quantos anos Mário terá quando Márcia tiver 40 anos?

c) Quantos anos Mário terá quando Márcia tiver a idade que hoje ele tem?

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2) Proponha a um amigo que siga as instruções:

• Escreva dois números diferentes, mas não mostre;


• Calcule a soma e a diferença dos números escritos;
• Some os dois resultados obtidos;
• Finalmente, divida essa soma pelo maior dos dois números escritos no início.
Agora, você pode adivinhar o resultado dessa divisão. Explique, utilizando a
álgebra, qual será o resultado da divisão.

3) Faça o que se pede:

a) Deduza uma fórmula para o perímetro e a área deste campo de futebol retangular.
b) Se x = 90 , qual é o perímetro e a área deste terreno?
x

4) Considere as fórmulas: x + 30

P = −4 z 2 − 2 z − 5 x A = +3 z 2 + 7 x I = −5 z 2 + 3 z + 4 x

Calcule e simplifique a resposta de:

a) P + A + I b) A.I c) A 2 d) P − A − I e) 2 P + 3 A

5) Na questão anterior, calcule o valor de P + A + I , quando x = 5 e z = 3 .

6) Determine o resto da divisão de P ( x) = 4 x 5 − 2 x 4 + 3 por:

a) D ( x) = x 3 − x b) D ( x) = x − 2

7) No esquema abaixo, escreva no pontilhado o polinômio dividendo P (x) :


................ x 2 − 1
3 x
8) Sendo A( x) = 3 x − 1, B ( x) = ax 2 + bx + 5 e C ( x) = ax + c determine as constantes a, b e
c, sabendo que [ A( x)] + B ( x) = C ( x) .
2

5.6 – PRODUTOS NOTÁVEIS

O produto de polinômios é obtido por meio das propriedades distributivas. Muitos


produtos de polinômios por serem muito utilizados merecem atenção especial, devido a sua
grande utilidade, recebem o nome de produtos notáveis.

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5.6.1 – PRODUTO DA SOMA PELA DIFERENÇA DE DOIS NÚMEROS

Considere o produto da soma pela diferença de dois números a e b:

(a + b)(a − b) = a 2 − ab + ab − b 2 = a 2 − b 2

Veja que, o produto da soma pela diferença de dois números é igual ao quadrado
do primeiro menos o quadrado do segundo número.

Exemplo 5.6.1: ( x − 3)( x + 3) = x 2 − 9

5.6.2 – QUADRADO DA SOMA E QUADRADO DA DIFERENÇA DE DOIS


NÚMEROS

Considere o quadrado da soma de dois números a e b:

(a + b) 2 = a 2 + ab + ab + b 2 = a 2 + 2ab + b 2

Veja que, o quadrado da soma de dois números é igual ao quadrado do primeiro


mais o dobro do produto do primeiro pelo segundo mais o quadrado do segundo
número.
De modo análogo obtemos o quadrado da diferença de dois números a e b:

(a − b) 2 = a 2 − ab − ab + b 2 = a 2 − 2ab + b 2

Note que, o quadrado da diferença de dois números é igual ao quadrado do


primeiro menos o dobro do produto do primeiro pelo segundo mais o quadrado do
segundo número.

Exemplo 5.6.2: a) ( x + 3) 2 = x 2 + 2 ⋅ x ⋅ 3 + 3 2 = x 2 + 6 x + 9

b) ( x − 3) 2 = x 2 − 2 ⋅ x ⋅ 3 + 3 2 = x 2 − 6 x + 9

c) (4 y + 2) 2 = (4 y ) 2 + 2 ⋅ 4 y ⋅ 2 + 2 2 = 16 y 2 + 16 y + 4

5.6.3 – PRODUTO NOTÁVEL NA RACIONALIZAÇÃO DE


DENOMINADORES

A racionalização de denominadores que apresentam adição ou subtração


envolvendo raiz quadrada é obtida através do produto notável. Observe o exemplo a seguir:
3
Vamos racionalizar o denominador da fração .
5+ 2

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Multiplicando o numerador e denominador por 5 − 2 , temos:

3 3 5− 2 3 ⋅ (5 − 2 ) 15 − 3 2 ) 15 − 3 2 )
= ⋅ = = =
5+ 2 5+ 2 5− 2 (5 + 2 ) ⋅ (5 − 2 ) 5 − ( 2)
2 2
25 − 2

15 − 3 2 )
=
23

5.7 – FATORAÇÃO

Os termos de uma multiplicação são chamados de fatores. Sendo assim, fatorar um


número ou polinômio significa representá-lo sob forma de um produto.

Exemplo 5.7.1: a) 10 = 5 ⋅ 2
b) 5 x + 5 y = 5( x + y )
c) Uma fatoração do polinômio 4 xy − 6 xv é 2( xy − 3 xv)
d) Fatoração completa do polinômio 4 xy − 6 xv é 2 x(2 y − 3v)

5.7.1 – FATOR COMUM

Quando todos os termos do polinômio têm um fator comum, podemos colocá-lo em


evidência através da propriedade distributiva.

Veja: 3 xy + 9 xz + 6 x = (3 x) ⋅ y + (3 x) ⋅ 3 z + (3 x) ⋅ 2 = (3 x) ⋅ ( y + z + 2)

5.7.2 – FATORAÇÃO POR AGRUPAMENTO

Considere a o polinômio ax + bx + 2a + 2b . Veja que os seus termos podem ser


agrupados de modo que em cada grupo os termos tenham um fator comum:

ax + bx + 2a + 2b = x(a + b) + 2(a + b)

Observe que o termo (a + b) é um fator comum. Sendo assim,

ax + bx + 2a + 2b = x(a + b) + 2(a + b) = (a + b)( x + 2)

Portanto, para fatorar uma expressão algébrica por agrupamento:

• formamos grupos com os termos da expressão;


• em cada grupo, colocamos os fatores comuns em evidência;
• colocamos em evidência o fator comum a todos os grupos (se existir).

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5.7.3 – DIFERENÇA DE DOIS QUADRADOS

Considere o polinômio x 2 − y 2 . Nos produtos notáveis, vimos que essa diferença de


quadrados é o resultado de ( x + y )( x − y ) . Portanto, a diferença de dois quadrados é o
produto da soma das bases pela diferença delas.

Exemplo 5.7.2: a) x 2 − 16 = ( x − 4)( x + 4)

b) 25 x 2 − 1 = (5 x) 2 − 1 = (5 x + 1)(5 x − 1)

5.7.4 – TRINÔMIO QUADRADO PERFEITO

O polinômio x 2 + 2 xy + y 2 é chamado de trinômio quadrado perfeito, pois é o


quadrado de ( x + y ) , ou seja, é o resultado de ( x + y ) 2 . Assim, temos mais dois polinômios
que sabemos fatorar:

x 2 + 2 xy + y 2 = ( x + y ) 2 e x 2 − 2 xy + y 2 = ( x − y ) 2

Obs.: Há trinômios que são quadrados perfeitos e outros que não são.

Exemplo 5.7.3: a) x 2 + 8 xy + 16 y 2 = x 2 + 2 ⋅ x ⋅ 4 y + (4 y ) 2 = ( x + 4 y ) 2
b) 25 x 2 − 20 xz + 4 z 2 = (5 x) 2 − 2 ⋅ 5 x ⋅ 2 z + (2 z ) 2 = (5 x − 2 z ) 2

EXERCÍCIOS

1) Efetue:

a) (4 x − 5)2 b) ( x + 5) 2 − x 2 c) ( x − 3)( x + 3) + x( x + 2)
d) 2 y ( y − 1)
3
e) 4 y ( y − 2) + 4 y
3
f) (12 x3 y 4 − 18 x 4 y 2 ) ÷ (−6 x3 y 3 )

2) Fatore:

a) 15 y 6 − 5 y 4 b) x 2 − 9 c) x 2 − 4 x + 4 d) 49 z 2 + 14 xz + x 2

3) Efetue as divisões, fatorando o dividendo.

15 x + 15 y 4 x2 − 9 5 x + 10 y x 2 − 16 ax + ay − bx − by
a) b) c) d) e)
x+ y 2x + 3 5 x−4 x+ y

4) O custo diário total para produzir x unidades de um certo produto é dado pelo quociente
da divisão do polinômio 3 x 3 + 506 x 2 + 1000 x pelo binômio x 2 + 2 x . Determine esse
custo.

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6 – CONJUNTOS

6.1 – CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS (N)

Quantos professores há na UFF? Quantos alunos há na UFF? Quantos habitantes há


em Niterói? As respostas dessas perguntas resultam de uma contagem de unidades. Número
Natural é todo número que resulte de uma contagem de unidades. Indicamos por N o
conjunto dos números naturais e por N * o conjunto dos números naturais não-nulos:

N = {0,1, 2, 3, 4, 5, ,6, K} ; N * = {1, 2, 3, 4, 5, ,6, K}

Considere n um número natural, então n + 1 é um número natural tal que:

i) n e n + 1 são chamados de números naturais consecutivos;


ii) n é antecessor de n + 1 ;
iii) n + 1 é sucessor de n.

6.1.1 – PROPRIEDADES

P1. Todo número natural possui sucessor.


P2. A soma de dois números naturais quaisquer é um número natural.
P3. O produto de dois números naturais quaisquer é um número natural.

6.1.2 – UM POUCO DE HISTÓRIA

Quem poderá dizer quando surgiram os números? Terá surgido com o próprio
homem? Ou mesmo antes da humanidade?

“Darwin, no The descent of man (1871), observou que alguns animais superiores
possuem capacidades como memória e imaginação, e hoje é ainda mais claro que as
capacidades de distinguir número, tamanho, ordem e forma – rudimentos de um sentido
matemático – não são propriedades exclusivas da humanidade. Experiências com corvos,
por exemplo, mostram que pelo menos alguns pássaros podem distinguir conjuntos com até
quatro elementos”. (BOYCER, Carl B. História da Matemática. São Paulo, Edgard
Blücher, 1974).

Há também a explicação teológica para a origem dos números: Os números


originaram-se já no primeiro dia da criação, pois nesse dia Deus separou a luz das trevas,
surgindo assim duas coisas no mundo. Como conseqüência desse ato ficou criado o número
dois – o primeiro número!”(KARLSON, Paul. A magia dos números. Porto Alegre, Globo,
1961)”.
Independente dessas afirmações. Não se pode pôr em dúvida a importância do
número na história da humanidade. O conceito de número evoluiu e provavelmente irá
evoluir muito além do que temos hoje.

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6.2 – CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS (Z)

É fácil percebermos que os números naturais não são suficientes para a solução de
todos os problemas matemáticos que aparecem no dia-dia. Por exemplo, em economia,
define-se balança comercial como a diferença entre o valor das exportações e o das
importações de um país, nessa ordem.
Veja a tabela a seguir, que mostra o que ocorreu com a balança comercial de certo
país nos ano de 2004, 2005 e 2006 (em milhões de dólares):

Exportações Importações Balança comercial


2004 30500 15000 30500 − 15000 = 1550
2005 27000 25000 27000 − 25000 = 2000
2006 20000 21000 20000 − 21000 = ?

Para representar o resultado do ano de 2006 é necessário outro tipo de número, não-
natural: o número negativo –1000.

Denominamos conjunto dos números inteiros o conjunto


Z = {K , − 3, − 2, − 1, 0,1, 2, 3, K} .

Para representar o conjunto dos números inteiros não-nulos, usamos Z * o conjunto


dos números inteiros não-nulos, ou seja, Z * = {K , − 3, − 2, − 1,1, 2, 3, K} .
Considere n um número inteiro, então n + 1 é um número inteiro tal que:

i) n e n + 1 são chamados de números inteiros consecutivos;


ii) n é antecessor de n + 1 ;
iii) n + 1 é sucessor de n.

6.2.1 – PROPRIEDADES

P1. Todo número natural é inteiro, ou seja, N ⊂ Z :

N Z

P2. Todo número inteiro possui antecessor e sucessor.


P3. A soma de dois números inteiros quaisquer é um número inteiro.
P4. A diferença de dois números inteiros quaisquer é um número inteiro.
P5. O produto de dois números inteiros quaisquer é um número inteiro.

6.2.2 – UM POUCO DE HISTÓRIA

Não se sabe exatamente quando se fez uso dos números negativos pela primeira vez.
Sabe-se, porém, que por volta do ano 300 a.C., os chineses já faziam cálculos usando duas

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coleções de barras de bambu, marfim ou ferro – uma de barras vermelhas para indicar
números positivos e outra de barras pretas para indicar números negativos. Provavelmente
esses cálculos se referiam a débitos e créditos resultantes do comércio de mercadorias.

6.3 – CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS (Q)

A necessidade de dividir dois números inteiros exigiu o surgimento de novos


conjuntos de números. Esse tipo de divisão é fundamental para resolver muitos problemas
do nosso cotidiano, tais como:
Uma pessoa deseja dividir, em partes iguais, sua fortuna entre cinco filhos. Que
parte caberá a cada filho?
1
Hoje em dia sabemos que a cada filho caberá ou 0,2 de sua fortuna.
5
Acredita-se que já na Idade do Bronze tenha surgido a necessidade do conceito de
fração e de uma notação para frações.
Sendo assim, ficou definido que número racional é todo aquele que pode ser
representado por uma razão entre dois números inteiros, sendo o segundo não-nulo, ou seja:

a
, {a, b} ⊂ Z e b ≠ 0
b

Exemplo 6.3.1: 0,2 é um número racional, pois pode ser representado por uma
razão entre dois números inteiros:

1 2
0,2 = = =L
5 10

Exemplo 6.3.2: 4 é um número racional, pois pode ser representado por uma razão
entre dois números inteiros:

4 8
4= = =L
1 2

Exemplo 6.3.3: 2,333K é um número racional, pois pode ser representado por uma
razão entre dois números inteiros:

Veja que no número decimal 2,333K o algarismo 3 se repete indefinidamente. Esse


número é chamado de dízima periódica de parte inteira 2 e período 3. Aprenderemos agora
com devemos proceder para representá-lo sob forma de razão entre dois números inteiros:

1º) Indica-se por d a dízima periódica: d = 2,333K

2º) Multiplicam-se por 10 ambos os membros dessa igualdade:

10d = 23,33K .

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3º) Subtraem-se, membro a membro, as duas igualdades obtidas:

10 d − d = 23,33K − 2,333K
9 d = 21
21 7
d= =
9 3
7
A fração é chamada de geratriz da dízima periódica, pois ela gera a dízima a
3
partir da divisão de 7 por 3.
Portanto, 2,333K é um número racional. Indicamos por Q o conjunto dos números
racionais:

a
Q = { / a ∈ Z e b ∈ Z *}
b

Ou seja, esses números são todos os decimais finitos (com número de casas
decimais finito) e todas as dízimas periódicas.

6.3.1 – PROPRIEDADES

P1. Todo número inteiro é racional:


N Z Q

P2. A soma de dois números racionais quaisquer é um número racional.


P3. A diferença de dois números racionais quaisquer é um número racional.
P4. O produto de dois números racionais quaisquer é um número racional.
P5. O quociente de dois números racionais quaisquer, sendo o divisor diferente de
zero, é um número racional.

6.4 – CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS (I)

Durante muitos séculos acreditou-se que os números racionais fossem suficientes


para resolver qualquer problema numérico. Supõe-se que da escola pitagórica surgiu um
problema que lançou por terra a idéia de suficiência dos números racionais.
O problema era determinar a medida da diagonal de um quadrado cujo lado mede uma
unidade.
Pelo teorema de Pitágoras, tem-se que:
d
1
d 2 = 12 + 12 ⇒ d 2 = 2

Qual é o número d cuja potência é igual a 2?


Podemos fazer os seguintes cálculos para se determinar o número d?

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Como (1,4) 2 = 1,96 e (1,5) 2 = 2,25 , então o número d está entre 1,4 e 1,5.
Fazendo a média aritmética do intervalo 1,4 e 1,5 encontramos 1,45. Veja que
(1,45) = 2,1025 , então o número d está entre 1,4 e 1,45.
2

Fazendo a média aritmética do intervalo 1,4 e 1,45 encontramos 1,425. Veja que
(1,425) 2 = 2,030625 , então o número d está entre 1,4 e 1,425.
Continuando indefinidamente esse processo nunca chegaremos a um decimal finito
ou a uma dízima periódica como valor de d, ou seja, d não é número racional. E assim, os
matemáticos consideraram a existência de números que não pudessem ser representados
por razões de dois números inteiros. Se opondo aos números racionais, chamaram-se de
números irracionais esses “novos” números. Indicamos por Q , o conjunto dos números
irracionais: Q , = {x / x ; é dízima não - periódica} .

6.4.1 - PROPRIEDADES

P1. Se o número n a , com n ∈ N * e a ∈ N , não é inteiro, então esse número não é


racional, ou seja, é irracional.
Exemplo 6.4.1: a) 3 ∈ Q , b) 3 8 ∉ Q , , pois 3 8 = 2

P2. A soma de um número racional com um número irracional é um número


irracional.
Exemplo 6.4.2: 2 + 3,14159265 K = 5,14159265 K

P3. A diferença entre um número racional e um número irracional, em qualquer


ordem, é um número irracional.
Exemplo 6.4.3: 2 − 3,14159265 K = −1,14159265 K

P4. O produto de um número racional, não-nulo, por um irracional é um número


irracional.
Exemplo 6.4.4: 3 ⋅ 5 = 9 ⋅ 5 = 9 ⋅ 5 = 45

P5. O quociente de um número racional, não-nulo, por um número irracional é um


número irracional.
15 15 5 15 5
Exemplo 6.4.5: 15 ÷ 5 = = ⋅ = = 3 5 = 45
5 5 5 5

6.4.2 – UM POUCO DE HISTÓRIA

Pitágoras (século VI a.C.). Segundo a escola pitagórica, a ordem do Universo está


numericamente determinada.

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6.5 – CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS (R)

Qualquer número racional ou irracional é chamado de número real. Ou seja, todo


número decimal, com um número finito ou infinito de casas decimais é dito número real.
Indica-se por R o conjunto dos números reais:

R = Q ∪ {irracionais} = {x | x é número racional ou irracional}

N Z Q Q, R

Conjunto
,
Q
Destacamos alguns subconjuntos de R, a seguir:

 R * = {x | x é número real diferente zero}


 R+ = {x | x é número real positivo ou nulo}
 R+* = {x | x é número real positivo}
 R− = {x | x é número real negativo ou nulo}
 R−* = {x | x é número real negativo}

Analogamente, representamos Z * , Z + , Z +* , Z − , Z −* , Q * , Q+ , Q+* , Q− e Q−* .

6.5.1 – PROPRIEDADES

P1. A soma de dois números reais quaisquer é um numero real.


P2. A diferença de dois números reais quaisquer é um numero real.
P3. O produto de dois números reais quaisquer é um numero real.
P4. O quociente entre dois números reais quaisquer, sendo o divisor diferente de
zero, é um numero real.
P5. Para todo número real não-nulo r existe o número real s, denominado inverso ou
1
recíproco de r, tal que sr = rs = 1 . Indica-se o inverso de r por .
r
P6. Para todo número real x existe o número real y, denominado oposto de x, tal que
x + y = y + x = 0 . Indica-se o oposto de x por -x.
P7. Se n é um número natural ímpar e a ∈ R , então n a ∈ R .
P8. Se n é um número natural par diferente de zero e a um número real, tem-se que:
n
a ∈ R ⇔ a ≥ 0.

6.6 – INTERVALOS

Determinados subconjuntos dos números reais são chamados intervalos. Assim,


dados dois números reais, a e b, com a < b , temos:

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6.6.1 – INTERVALO ABERTO

Representação geométrica:
a b
Representação algébrica: {x ∈ R / a < x < b} ou ]a, b[

Obs.: A bolinha “o” é para indicar que os extremos a e b não pertencem ao


intervalo. Esse intervalo contém todos os números reais compreendidos entre a e b.

6.6.2 – INTERVALO FECHADO

Representação geométrica:
a b
Representação algébrica: {x ∈ R / a ≤ x ≤ b} ou [a, b]

Obs.: A bolinha é para indicar que os extremos a e b pertencem ao intervalo.

6.6.3 – INTERVALO SEMI-ABERTO À DIREITA

Representação geométrica:
a b
Representação algébrica: {x ∈ R / a ≤ x < b} ou [a, b[

6.6.4 – INTERVALO SEMI-ABERTO À ESQUERDA

Representação geométrica:
a b
Representação algébrica: {x ∈ R / a < x ≤ b} ou ]a, b]

Definimos como intervalos infinitos os subconjuntos de R, com sua representação


na reta real:

{x ∈ R / x > a} =]a, + ∞[
a

{x ∈ R / x ≥ a} = [a, + ∞[
a
{x ∈ R / x < a} =] − ∞, a[
a
{x ∈ R / x ≤ a} =] − ∞, a ]
a
EXERCÍCIO

Represente, na reta real, os intervalos:

a) [6, 10] b) ]-1, 5[ c) ] − ∞, 3]


d) {x ∈ R / x ≥ −2} e) {x ∈ R / 3 < x ≤ 7} f) {x ∈ R / − 2 ≤ x ≤ +0,5}

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7 – EQUAÇÕES DO 2° GRAU

7.1 – INTRODUÇÃO

Considere a seguinte situação:

Suponha que o seguinte retângulo, representando um campo de futebol, tenha


10 800 m 2 de área. Sendo assim, responda:
x
a) Qual é a medida x indicada na figura?
b) Quais as dimensões desse campo?

Qual deve ser o valor de x para que essa área seja igual a 10 800 m 2 ?

Veja que a área desse campo de futebol pode ser indicada por: x 2 + 30 x . Assim,
resolvendo a equação x 2 + 30 x = 10800 poderemos responder a essa pergunta.
A sentença x 2 + 30 x = 10800 é chamada de equação do 2° grau na incógnita x.

Definição 7.1: Toda equação da forma ax 2 + bx + c = 0 , em que a, c e b são


constantes reais, com a ≠ 0 e x a incógnita, é denominada equação do 2° grau.

7.2 – RESOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DO 2º GRAU

Generalizando o método de “completar quadrados” de Al-Khowarizmi, podemos


encontrar uma fórmula para resolver equações do 2º grau. Como podemos ver a seguir:
Consideremos a equação genérica do 2º grau, ax 2 + bx + c = 0 , com coeficientes a,
b e c, com a ≠ 0 .
Isolando os termos em x, obtemos: ax 2 + bx = −c .
Dividimos ambos os membros por a, para facilitar a formação do quadrado perfeito
bx c
no primeiro termo: x 2 + =− .
a a
2
b
Agora, adicionamos a ambos os membros, para formarmos um quadrado
4a 2
perfeito no primeiro membro:

2
bx b 2 c b2  b  b 2 − 4ac
x2 + + 2 =− + 2 ⇒  x +  =
a 4a a 4a  2a  4a 2

b b 2 − 4ac ± b 2 − 4ac − b ± b 2 − 4ac


Logo, x + =± = ⇒ x=
2a 4a 2 2a 2a

− b ± b 2 − 4ac
Portanto, x= .
2a

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Onde, a expressão b 2 − 4ac é chamada discriminante da equação, indicada pela


−b± ∆
letra grega ∆ (delta). Sendo assim, temos: x = , em que ∆ = b 2 − 4ac .
2a

Exemplo 7.2.1: Resolva a equação x 2 + 30 x − 10800 = 0 , sendo U = R :

 a =1

Veja que:  b = 30 Portanto:
 c = −10800
 − 30 + 210
x1 = = 90
2
Assim:
e
− 30 − 210
∆ = 30 2 − 4 ⋅ 1 ⋅ (−10800) x2 = = −120
2
∆ = 900 + 43200
∆ = 44100 Então, S = {−120, 90}

Logo:

− 30 ± 44100 − 30 ± 210
x= =
2 ⋅1 2
7.3 – EQUAÇÕES DO 2º GRAU INCOMPLETAS

A resolução de equações do 2º incompletas pode ser feita através da fórmula, mas


existem outras maneiras mais simples resolvê-las.

7.3.1 – EQUAÇÕES DA FORMA ax 2 + bx = 0 (c = 0)

A resolução de equações do 2º incompletas do tipo ax 2 + bx = 0 é feita com o


auxílio da propriedade conhecida como propriedade do produto nulo.

PROPRIEDADE IMPORTANTE:

O produto de números reais é igual a zero se, e somente se, pelo menos um dos
fatores é igual a zero. Assim, fatorando o primeiro membro da equação, obtemos:

x(ax + b) = 0
b
Pela propriedade do produto nulo, concluímos que x = 0 ou ax + b = 0 ⇒ x = − .
a
Exemplo 7.3.1: Vamos resolver a equação x − 10 x = 0 , sendo U = R .
2

x 2 − 10 x = 0 ⇒ x( x − 10) = 0
x = 0 ou x − 10 = 0 ⇒ x = 10
S = {0,10}

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7.3.2 – EQUAÇÕES DA FORMA ax 2 + c = 0 (b = 0)

A equação do 2º incompleta do tipo ax 2 + c = 0 tem resolução imediata. Como


veremos no exemplo 7.3.2.

Exemplo 7.3.2: Vamos resolver as equações, sendo U = R .


a) 9 x 2 − 25 = 0 b) x 2 + 9 = 0 c) x 2 − 100 = 0

9 x 2 = 25 x 2 = −9 x 2 = 100

⇒ x2 =
25 ⇒ x = ± −9 ⇒ x = ± 100
9 Obs : não existe x ∈ R tal que ⇒ x = ±10
⇒x=±
25

5 S ={ } S = {− 10,10}
9 3
 5 5
S = − , 
 3 3

EXERCÍCIOS

(Obs.: resolva os problemas utilizando equações.)

1) Em uma indústria, o custo em reais para a produção de x toneladas de vigas de metal é


dado pela fórmula: C = 20 + 60 x − 0,75 x 2 . Calcule o custo para que sejam produzidos 10 t.

2) Do quadrado de um número real x subtraímos 12, obtendo o número 109. Qual é o


número real x?

3) Resolva as equações do 2º grau em IR :


a) x 2 − 25 = −9 b) − 4 x 2 + 12 x = 0 c) 4 x 2 − 16 = 0
d) 4 x 2 − 8 x = 0 e) x 2 - 7 x + 10 = 0 f) ( x − 1)( x − 2) = 6

4) O retângulo seguinte, representando um salão, tem 140m 2 de área.

a) Qual é a medida x indicada? x + 30


b) Quais as dimensões desse salão?
x+6
2
5) O retângulo seguinte, representando uma quadra de futebol de salão, tem 675m de área.

a) Qual é a medida x indicada? x


b) Quais as dimensões dessa quadra?
x + 30
6) O quadrado da idade de Jô mais o seu quíntuplo é igual a 50. Qual a idade de Jô?

7) A área de uma praça quadrada é 100 m 2 . Quanto mede o lado dessa praça?

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8) O menor custo médio para produzir x unidades de um certo produto ocorre quando o
nível de produção é fixado como a solução (positiva) na equação 0,0003 x 2 − 1200 = 0 .
Determine esse nível de produção.

9) Após dois anos, o montante de um investimento de R$ 1200,00 a uma taxa anual r de


juros, capitalizados anualmente, é dado por A = 1200(1 + r ) 2 . Determine a taxa de juros
aproximada, se A = R$1300,00 . (Considere 624 = 25 )

8 – FUNÇÕES

O conceito de função está presente em praticamente todos os ramos do


conhecimento humano, como a Administração de Empresas, a Economia, a Física, a
Biologia, a Engenharia, a Astronomia, a Astronáutica, a Sociologia etc. Ou seja, o conceito
de função está onde se estudam relações entre variáveis por meio de modelos abstratos,
como uma fórmula, um gráfico ou uma tabela.

8.1 – NOÇÃO DE FUNÇÃO

Considere a seguinte situação:

Em uma padaria, seu Manuel, o gerente, procurando melhorar sua comunicação com
a relação entre o número de pãezinhos e os seus preços, construiu a seguinte tabela:

Nº. de Pãezinhos Preço a pagar (em R$)


1 0,25
2 0,50
3 0,75
4 1,00
M M

Veja que, a tabela mostra a relação entre duas grandezas que variam. Ou melhor, o
preço a pagar depende (está em função) da quantidade de pãezinhos. Ou seja:

Preço a pagar = número de pãezinhos comprados × R$ 0,25.

Obtendo assim, a sentença matemática chamada de lei da função:

P = 0,25 × n

onde: • P é o preço a pagar;


• n é a quantidade de pãezinhos comprada.

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Exemplo 8.1.1: Em 1602, Galileu Galilei fez uma descoberta fundamental para a
Física. Fazendo vários experimentos, anotando dados, preenchendo tabelas, ele descobriu
que a distância d percorrida por um corpo que cai é função do tempo t. Se d está em metros
e t em segundos, a fórmula aproximada dessa função é:

d = 4,9 ⋅ t 2

Obs.: A fórmula mostra como d varia em função de t.

8.2 – DOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO

Ao relacionarmos duas variáveis por meio de uma função, devemos nos preocupar
aos possíveis valores que as variáveis podem assumir na função.

Exemplo 8.2.1: Considere a função y = x . Nesse caso, x tem que ser um número
não-negativo, ou seja, x ∈ R + , pois não existe raiz quadrada de números negativos nos
números reais.
Sendo assim, para cada valor de x teremos um valor correspondente de y.

Definição 8.2.1: O conjunto de valores que “x” pode assumir é denominado domínio
da função. Indicamos pela letra D.

Definição 8.2.2: O conjunto formado por todos os valores de “y” é denominado


conjunto imagem da função. Indicamos por Im. O valor da variável y corresponde a um
determinado valor de x chamado imagem do número x pela função.

8.3 – FUNÇÃO DO 1º GRAU

Toda função definida pela fórmula matemática y = ax + b , com a ∈ R, b ∈ R e


a ≠ 0 , é chamada função do polinomial do 1º grau ou função afim, ou simplesmente
função do 1º grau.
Pela definição, são funções do 1º grau:

2
• y = 2x + 1 • y= x + 10 • y = 9 − 7x • y = −2 x
5

Exemplo 8.3.1: Dada a função definida por y = 2 x + 1 , determine a imagem do


número real -3 pela função.

Como : y = 2 x + 1

Então: y = 2 ⋅ (−3) + 1 = −6 + 1 = −5

Portanto, -5 é a imagem do número real -3 pela função.

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Exemplo 8.3.2: Dada a função definida por y = 9 − 7 x , qual é o número real x cuja
imagem pela função é 2?

Como : y = 9 − 7 x

Então: 2 = 9 − 7 x ⇒ 7 x = 7 ⇒ x = 1

Portanto, o número real procurado é 1.

8.3.1 – GRÁFICO DA FUNÇAO DO 1º GRAU

Representamos o gráfico de uma função do 1º grau utilizando para isso o sistema de


coordenadas cartesianas.

Vamos construir o gráfico da função y = x + 1 : y

x y (x, y)

-2 -1 (-2, -1)
2

-1 0 (-1, 0) ⇒ 1

-2 -1 0 1 2 x
0 1 (0, 1)
-1
1 2 (1, 2)
M M M

Obs.: 1) Para x = −1 , tem-se y = 0 . Esse valor do número x, para o qual se tem


y = 0 , é denominado zero ou raiz da função polinomial do 1º grau.

2) É fácil perceber que em toda função do 1º grau o seu crescimento, ou


decrescimento, é “proporcional”. Logo, o gráfico de uma função do 1º grau, no plano
cartesiano, é sempre uma reta.

8.4 – FUNÇÃO POLINOMIAL DE 2º GRAU

Na função d = 4,9 ⋅ t 2 , descoberta por Galileu Galilei, apresentada no exemplo


8.1.1, observamos que o 2º membro desta fórmula que define a função é um polinômio do
2º grau na variável x.
Sendo assim, definimos função polinomial de 2º grau ou função quadrática, ou
simplesmente função do 2º grau, como toda função definida pela fórmula matemática
y = ax 2 + bx + c , com a, b, c ∈ R e a ≠ 0 .

Pela definição, são funções do 2º grau:

• y = 2x 2 + 1 • y = x 2 − 5x + 6 • y = 9 − 7x2 • y = x2

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8.4.1 – GRÁFICO DA FUNÇAO DO 2º GRAU

A representação gráfica da função do 2º grau é uma curva chamada parábola.

Constataremos, nos exemplos a seguir, com o auxílio de uma tabela, que o gráfico
de uma função do 2º grau é uma parábola.

Exemplo 8.4.1: Vamos construir o gráfico da função y = x 2 − 5 x + 6 .


y

x y (x, y)
M M M
6
-1 12 (-1, 12)
0 6 (0, 6)

2 0 (2, 0)
2,5 -0,25 (2,5, -0,25) 2
2,5
3 0 (3, 0)
4 2 (4, 2) -0,25 1 2 3 4 x
M M M

O conjunto de todos os pontos ( x, y ) , com x real e y = x 2 − 5 x + 6 , é o gráfico da


função, representado por uma curva chamada parábola. Os pontos (2, 0) e (3, 0) são
chamados de zero da função polinomial de 2º grau, e ponto (2,5,−0,25) chama-se vértice
da parábola.

Obs.: Neste caso, dizemos que o vértice é o ponto mínimo da função. Mais ainda, é
fácil perceber que quando a > 0 , a função y = ax 2 + bx + c tem um ponto de mínimo no
vértice.

Exemplo 8.4.2: Vamos construir o gráfico da função y = − x 2 + 4 x .

y
x y (x, y) 4
M M M
3
0 0 (0, 0)
1 3 (1, 3) ⇒
2 4 (2, 4)
3 3 (3, 3)
0 1 2 3 4 x
4 0 (4, 0)
M M M

O conjunto de todos os pontos ( x, y ) , com x real e y = − x 2 + 4 x , é o gráfico da


função, representado pela parábola. Veja que, os pontos (0, 0) e (4, 0) são os zeros da
função, e o ponto (2, 4) é o vértice da parábola.

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Obs.: Neste caso, dizemos que o vértice é o ponto máximo da função. Mais ainda, é
fácil perceber que quando a < 0 , a função y = ax 2 + bx + c tem um ponto de máximo no
vértice.

8.4.2 – COORDENADAS DO VÉRTICE

Considerando a função do 2º grau, y = ax 2 + bx + c , com coeficientes a, b e c, com


a ≠ 0 , podemos encontrar uma fórmula para determinar o vértice da parábola. Como
podemos ver a seguir:

Sabemos que os zeros da função do 2º grau são encontrados por:

− b ± b 2 − 4ac
x=
2a

Ou seja,

−b+ ∆ −b− ∆
x1 = e x2 =
2a 2a

A abscissa do vértice da parábola xv pode ser encontrada calculando o ponto médio


entre os zeros da função do 2º grau. Veja:

−b+ ∆ −b− ∆ − 2b
+
x + x2 2a 2a −b
xv = 1 = = 2a ⇒ xv =
2 2 2 2a

E daí, encontramos o valor da ordenada y do vértice da parábola atribuindo-se o


valor xv , à variável x da função considerada.
Ou seja,

− b 2 + 4ac −∆
yv = ⇒ yv =
4a 4a

Exemplo 8.4.2: O custo diário da produção de uma indústria de aparelhos de


televisores é dado pela função y = x 2 − 100 x + 3000 , em que y é o custo em reais e x é o
número de unidades fabricadas. Quantos aparelhos devem ser produzidos diariamente para
que o custo seja o mínimo?

− (−100)
Resolução: xv = = 50
2 ⋅1

Resposta: Devem ser produzidos diariamente 50 aparelhos para que o custo seja
mínimo.

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EXERCÍCIOS

1) Sabendo que A(4, 4), B(-4, 4), C(-4, -4) e D(4, -4) são os vértices de um quadrado.
Localize esses pontos no plano cartesiano e construa o quadrado. A seguir responda:

a) Qual é o comprimento de cada lado?


b) De quantas unidades é o seu perímetro?
c) De quantas unidades é a sua área?

2) Considere a figura abaixo e responda: y

a) Quais são as coordenadas dos vértices do quadrado? 6


b) Qual é o perímetro do quadrado?
c) Qual é a área do quadrado? 0 12 x

-6

3) Seja a função definida por f ( x) = 2 x − 1 .Calcule:


a) f (0) b) f (−1) c) f (3) d) f (2) e) f (1)

4) Seja a função definida por f ( x) = x 2 − 5 x + 6 .Calcule:


a) f (0) b) f (−1) c) f (3) d) f (2) e) f (1)

5) O preço de um sorvete é 2,50 reais. Se você comprar x sorvetes, deverá pagar y reais, ou
seja, a quantia que você vai pagar é dada em função do número de sorvetes que vai
comprar. Nessas condições, responda:

a) Qual é a fórmula matemática que define essa função?


b) Quanto você gastará se comprar 3 sorvetes?
c) Qual é a imagem do numero 7 pela função?
d) Se você pagou 12,50 reais, quantos sorvetes você comprou?
e) Qual é o número x cuja imagem pela função é 20?

6) Observe o quadro e responda:


Nº. de m 3 de Preço a pagar
a) Qual o preço a pagar por 2 m 3 de gás? gás
3
b) Quantos m de gás podem ser comprados com R$12,50? 1 1,25
c) Qual o preço y a pagar numa compra de x metros cúbicos 2 2,50
de gás? 3 3,75
d) Esboce o gráfico da função encontrada na letra c:

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7) O crescimento de uma planta é dado pela função y = 3 x (onde x representa o tempo em


dias e y representa a altura em centímetros). Construa o gráfico que representa o
crescimento dessa planta.

8) Um corpo se movimenta com velocidade constante obedecendo à fórmula matemática


s = 2 + 2t (onde o espaço s é medido em metros e o instante t, em segundos). Construa o
gráfico dessa função.

9) Encontre as coordenadas do vértice da função y = x 2 − 5 x + 6 .

10) O custo diário da produção de uma indústria de aparelhos de telefone é dado pela
função y = x 2 − 100 x + 3000 , em que y é o custo em reais e x é o número de unidades
fabricadas. Quantos aparelhos devem ser produzidos diariamente para que o custo seja o
mínimo? E qual é esse custo?

11) Em uma indústria de óleo comestível, o custo de produção y, por minuto, em função do
número x de litros de óleo fabricados, por minuto, é dado por y = 2 x 2 − 40 x + 250 . Quantos
litros de óleo devem ser fabricados, por minuto, para que o custo de produção, por minuto,
seja mínimo. E qual é esse custo?

12) Um estacionamento cobra 8 reais pelas primeiras duas horas e mais 1,50 reais pelas
horas subseqüentes.

a) Um carro ficar estacionado n horas, n > 2 , quanto se pagará ao final?


b) Qual o número máximo de horas que um carro pode ficar no estacionamento para
que o valor a ser pago seja inferior a R$ 39,00?

13) A temperatura de uma caldeira varia linearmente de 0ºC a 300ºC no intervalo de 0 min
a 10 min e, a partir daí, sua temperatura permanece constante.

a) Qual é a lei que expressa a temperatura da caldeira em função do tempo?


b) Construa o gráfico da temperatura da caldeira em função do tempo.

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14) As funções f e g são dadas por f ( x) = 3 x − 1 e g ( x) = 4 x + 2 . Qual o valor de


1
f (1) − 3 g   ?
5

15) Seja f ( x) = ax + b uma função afim. Sabe-se que f (−1) = 4 e f (2) = 7 . O valor de
f (8) é:
a) 3 b) 0 c) 23 d) 13

16) O gráfico das funções f ( x) = mx + n passa pelos pontos A(1, − 2) e B (4, 2) . Podemos
afirmar que:
4
a) m + n = 2 b) m − n = −2 c) m = d) m n = −1
3
17) Dada a função f ( x) = ( x − 3) 2 + 2 , pedem-se:
a) os pontos em que seu gráfico corta o eixo x (raízes da função).
b) os pontos em que seu gráfico corta o eixo y.
c) as coordenadas do vértice de seu gráfico.
d) o gráfico da função.

18) Repita o exercício anterior para y = x 2 − 2 x − 3 .

19) Sabe-se que, sob certo ângulo de tiro, a altura atingida por uma bala, em metros, em
função do tempo, em segundos, é dada por h(t) = - 20t² + 200t . Qual a altura máxima
atingida pela bala? Em quanto tempo, após o tiro, a bala atinge a altura máxima?

20) Vamos construir os gráficos das funções:

a) f ( x ) = −2 x 2 b) f ( x) = 2 x 2 + 4 c) y = x 2 − 5 x − 6

21) Considere a tabela com valores x e y:

x y
60 0,00
65 1,00
70 2,05
75 2,57
80 3,00
85 3,36
90 3,69
95 4,00
100 4,28

Considerando y como uma função de x, ela é crescente, decrescente, constante ou nenhuma


das situações?

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22) Qual das funções é decrescente?

a) Temperatura externa como função do tempo.


b) A média do índice Dow Jones como uma função do tempo.
c) A pressão do ar na atmosfera terrestre como uma função da altitude.
d) População mundial desde 1900 como uma função do tempo.
e) Pressão da água no oceano como uma função da profundidade.

24) Uma pequena empresa fabrica bonecas e semanalmente possui um custo fixo de
R$350,00. Se o custo para o material é de R$4,70 por boneca e seu custo total na semana é
uma média de R$500,00, quantas bonecas essa pequena empresa produz por semana?

25) Conclua se cada ponto identificado no gráfico é um mínimo local, um máximo local ou
nenhum dos dois casos. Identifique os intervalos nos quais temos a função crescente ou
decrescente. y (5, 5)
(-1, 4)

(2, 2)

26) Sejam os conjuntos A = {1,−1,2,−2,3} e B = {2,5,10} e a função f : A → B tal que


f ( x) = x 2 + 1 .

a) Construa o diagrama de flechas representando a função f .


b) Construa o diagrama de flechas representando a relação f −1 .
−1
c) A relação f é função? Por quê?

8.5 – FUNÇÃO MODULAR

8.5.1 – MÓDULO DE UM NÚMERO REAL

O módulo ou valor absoluto de um número real x, representado por x , é definido


como o “afastamento” entre esse número a origem, no eixo real.

Obs.: Quando x < 0 , o número − x é positivo, pois x é negativo.

3 3
Exemplo 8.5.1: a) = b) 0 = 0 c) − 7 = 7
5 5

Obs.: Geometricamente, o módulo de um número indica, na reta real, a distância


desse número ao zero.

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8.5.1.1 – PROPRIEDADES

P1) Para todo x ∈ R , temos x = − x .


Exemplo 8.5.2: 9 = − 9 ⇒ 9 = 9

2
P2) Para todo x ∈ R , temos x 2 = x = x 2 .
2
Exemplo 8.5.3: 3 2 = 3 = 3 2 ⇒ 9 = 9 = 9

Obs.: É correto afirmar que para todo x ∈ R , temos x2 = x .

P3) Para todo x, y ∈ R , temos x ⋅ y = x ⋅ y .


Exemplo 8.5.4: − 3 ⋅ 4 = − 3 ⋅ 4 ⇒ 12 = 12

P4) Para todo x, y ∈ R , temos x + y ≤ x + y .


Exemplo 8.5.5: − 3 + 4 ≤ − 3 + 4 ⇒ 1 ≤ 7

P5) Para todo x, y ∈ R , temos x + y ≤ x − y .


Exemplo 8.5.6: − 3 − 4 ≤ − 3 − 4 ⇒ 1 ≤ 7

8.5.2 – DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO MODULAR

Definimos como função modular a função f, de R em R, tal que f ( x) = x , ou seja:


 x, para x ≥ 0
f ( x) = 
 − x, parax < 0

Exemplo 8.5.7: Se f : R → R é dada por f ( x) = x , calcule:

a) f (7) = 7 b) f (4) = 4 c) f (−7) = 7 d) f (−4) = 4

8.5.2.1 – GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO MODULAR

Vamos construir o gráfico da função f ( x) = x : y


• se x ≥ 0 ⇒ f (x) = x = x

x y = f (x)
0 0 x
1 1
2 2

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y
• se x < 0 ⇒ f ( x) = x = − x

x y = f (x)
-1 1 x
-2 2

Ou seja, temos o gráfico de f ( x) = x : y

8.6 – FUNÇÃO COMPOSTA

Observe a seguinte situação:

Dona Maria tem uma pequena fábrica que produz salgados para lanchonetes. Ela
calcula o seu lucro por meio da equação L = 0,6 C , onde L é o lucro e C o preço de venda
desse salgado para o comércio. Por sua vez, o preço C de venda é calculado fazendo-se
C = 20 + 2 P , onde P é o valor gasto com matéria-prima para a fabricação desse salgado.
Vemos, então, que o lucro L é dado em função do preço C, e este é dado em função do
gasto P.
Pergunta: Seria possível determinar o lucro diretamente do gasto P com a matéria-
prima?
Para isso, podemos fazer uma composição entre as duas funções:
L = 0,6C 
 L = 0,6(20 + 2 P ) ⇒ L = 12 + 1,2 P
C = 20 + 2 P 

Ou seja, a fórmula (função) acima relaciona diretamente L e P.

Utilizando um raciocínio análogo para as funções f : A → B , definida por


f ( x) = 3 x e g : B → C , definida por g ( x) = x . É fácil perceber que a imagem B da
2

função f é o mesmo domínio da função g.


Sendo assim, podemos considerar uma terceira função, h : A → C , que faz a
composição entre as funções f e g. Ou seja, a cada z ∈ C , tal que z = (3 x) 2 = 9 x 2 .
Essa função h, de A em C, dada por h( x) = 9 x 2 , é denominada função composta de
g e f.
A função composta de g e f será indicada por g o f (lê-se: g círculo f). Ou melhor,
( g o f ) = g ( f ( x)) .

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8.7 – FUNÇÃO EXPONENCIAL

O estudo da exponencial como função foi desenvolvido pelo matemático suíço


Johann Bernoulli (1667 – 1748).
A função exponencial possui um número muito grande de aplicações na Matemática
e em diferentes situações na Natureza.

8.7.1 – POTÊNCIAS (REVISÃO)

Vamos iniciar com a seguinte pergunta:

Quantos foram os trisavós dos trisavós dos seus trisavós?

Para facilitar, vamos construir o seguinte esquema:


Você

Pai Mãe

A A A A

B B B B B B B B

T T T T T T T T T T T T T T T T

Continuando o esquema acima até chegar aos trisavós dos trisavós dos seus trisavós,
você terá feito a seguinte multiplicação:

2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 = 4096

Obs.: não consideramos cruzamentos de casais que têm mesmos antepassados.

Este tipo de multiplicação, com fatores iguais, é uma outra operação matemática: a
potenciação.

Na matemática, a expressão 21⋅ 4


2 ⋅4
2 ⋅4
2 ⋅4⋅ 22
24 ⋅ 24
⋅ 24⋅ 24⋅ 4
2 ⋅4⋅ 2 é indicada de modo
23
12 vezes
12
abreviado, assim: 2 . Lê-se dois elevado à décima segunda potência.

• O expoente 12 indica o número de vezes que o número 2 será multiplicado;

• A base 2 é o fator que se repete na multiplicação ;

• A potência 4096 é o produto.

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Definição 8.7.1: Para quaisquer números inteiros a e n, com, n > 1 , defini-se a n


como o produto de n fatores iguais a a.
a n = a . a .K. a , produto de n fatores, se n ≥ 2 .

onde: a n é a potência; sua base é a; seu expoente é n.

Em particular, temos: a1 = a e a0 = 1 .

Por exemplo: 5 3 = 5 ⋅ 5 ⋅ 5 = 125 , então, cinco à terceira potência é 125.

REGRAS E PROPRIEDADES

1) PRODUTO DE POTÊNCIAS DE BASES IGUAIS

Vamos analisar o produto 2 2 . 2 3 em que as potências têm bases iguais a 2. Observe


que o produto pode ser transformado numa só potência:

. 2 . 2 . 2 . 2 = 2{5 . Ou seja, 2 2 . 2 3 = 2 2+3 = 2 5 .


2 2 . 2 3 = 2{
123 2 + 3
22 2
23

Modo geral, concluímos que o produto de potências de bases iguais é escrito como
uma só potência, conservando a base e somando os expoentes dos fatores.
5 3 8
2 2 2 28
Exemplo 8.7.1: a) 4 2 . 4 7 = 4 9 b) 7 5 . 7 3 = 7 8 c)   .  =   = 8
3 3 3 3

2) QUOCIENTE DE POTÊNCIAS DE BASES IGUAIS

Vamos analisar o quociente 2 5 : 2 2 em que as potências têm bases iguais a 2.


Observe que o quociente pode ser transformado numa só potência:

2.2.2. 2. 2
25 :2 2 = = 2 . 2 . 2 = 2 3 . Ou seja, 2 5 : 2 2 = 2 5−2 = 2 3 .
2.2

Modo geral, concluímos que o quociente de potências de bases iguais é escrito como
uma só potência, conservando a base e subtraindo os expoentes dos fatores.

5 3 2
2 2 2
Exemplo 8.7.2: a) 4 : 4 = 4 = 4
8 7 1
b) 6 : 6 = 6
5 4
c)   ÷   =  
3 3 3

1 n
1 1 1
Em particular, temos: a −1 =   = e a − n =   , suposto − n inteiro e negativo
a a a
e a ≠ 0.

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3) POTÊNCIA DE POTÊNCIA

Potência de potência significa uma potência cuja a base é uma outra potência.
Considere 2 5 ( ) 2
= 2 5 . 2 5 = 210 . Ou seja, 2 5 ( ) 2
= 2 2×5 = 210

Modo geral, concluímos que a potência de uma potência é escrita numa só potência,
conservando-se a base da primeira potência e multiplicando-se os expoentes.

3
  2 5  2
15

Exemplo 8.7.3: a) 2 ( )
3 2
=2 3×2
= 2 b) 3
6
( )
2 2
=2 2× 2
=2 4 
c)  
 3  
 = 
  3

4) DISTRIBUTIVA DA POTENCIAÇÃO EM RELAÇÃO À


MULTIPLICAÇÃO

Considere o produto (2 . 3) elevado ao quadrado:

(2 . 3) 2 = (2 . 3) . (2 . 3) = 2 . 2 . 3. 3 = 2 2 . 3 2

Ou seja, (2 . 3) 2 = 2 2 . 3 2

Modo geral, concluímos que uma potência, cuja base é um produto indicado, pode
ser escrita como um produto de potencias em que cada fator é elevado ao expoente dessa
potência.

Exemplos 8.7.4: a) (2 . 5) 2 = 2 2 . 5 2 ( ) 3
b) (3 2 . 4) 3 = 3 2 . 4 3 = 3 6 . 4 3

5 ) POTÊNCIAS DE EXPOENTE RACIONAL

p
Sendo a ∈ R+ e ∈ Q , com p e q inteiros e q positivo, definimos:
q

p
q
a = ap .
q

p
p
E ainda por definição, sendo ∈ Q+ , temos: 0 q = 0 .
q
Vejamos agora uma boa argumentação da definição anterior.

De 41 = 4 , se dobrarmos o expoente estaremos elevando ao quadrado o valor


anterior da potência.

4 1 = 4 ⇒ 4 1. 2 = 4 2

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Agora, se dividirmos por 2 o expoente de uma potência, estaremos extraindo a raiz


quadrada do valor anterior da potência.

1
41 = 4 ⇒ 4 2 = 4 = 2 41

Analogamente:

p p

4 = x ⇒ 4 = x e, então, 4 = 3 4 p
p 3 3 3

Modo geral, se q é um número inteiro positivo, temos:

p p
q
4 = x ⇒ 4 = x ⇒ 4 = 4p .
p q q q

x .3 x .4 x
Exemplo 8.7.5: Vamos simplificar a expressão , em que x > 0 .
12
x

1 1 1 1 1 1 13
+ + 13 1
x .3 x .4 x x2 . x3 . x4 x2 3 4
x 12 −

12
= 1
= 1
= 1
= x 12 12
= x1 = x
x 12 12 12
x x x

EXERCÍCIOS

1) Escreva como uma só potência:


a) 4 2 . 4 7 b) 7 5 . 7 3 ( )
c) 7 3
2
( )
d) 2 2
2

e) 6 8 : 6 7 f) 8 5 : 8 g) (2 3 . 2 4 : 2 2 ) 2 : (2 5 ) 2 + (7 2 . 7 3 ) 2 . (7 8 : 7 5 ) : (7 3 ) 2 : 7 4

2) Qual a metade de 2 22 ?
3) Qual a terça parte de 354 ?

4) Reduza a uma única potência:


a) ( x 2 . x 3 . x 4 ) ÷ ( x 2 ) 3 b) (a 5 ÷ a 3 ) 2 . a 3 c) [( x 3 ) 3 ]3 d) ( x 2 . x 3 ) 7

5) Dê os resultados das expressões:


( )
a) 710
5
÷ 7 48 b) (2 . 3) 8 ÷ 6 8 c) [(−7) 3 ]7 ÷ [(−7)10 . (−7) 9 ]
d) (5 2 . 2) 3 . 2 3 e) (2.3) 7 ÷ (2 3. 33 ) f) (6 2 ) 3 ÷ (2 . 3 . 5 .7) 0

6) Numa cultura, um certo tipo de microorganismo se reproduz de maneira tal que a


t

população é dada em função de tempo, em segundos, por P (t ) = 100 ⋅ 2 600 .


a) Quantos microorganismos há nessa cultura após 10 minutos?
b) Qual o número inicial de microorganismo dessa cultura?

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8.7.2 – A FUNÇÃO EXPONENCIAL

Observe a seguinte situação:

Num laboratório que realiza pesquisas com bactérias, um pesquisador constatou que
uma cultura de certo tipo de bactérias duplica sua quantidade a cada minuto. Ou seja:

Tempo em minutos Número de bactérias


0 1
1 2
2 4
3 8
M M

Mais ainda, podemos concluir que a lei matemática que expressa o número de
bactérias (y) em função de um número inteiro de minutos (x) é y = 2 x .
A função y = 2 x é chamada de função exponencial, pois apresenta a variável no expoente.

Definição 8.7.2: Toda função definida por f ( x) = a x (com a positivo e a ≠ 1 ) para


todo x real é chamada de função exponencial de base a)

8.7.2.1 – GRÁFICO DE UMA FUNÇÀO EXPONENCIAL

Analisaremos a representação gráfica das funções exponenciais através dos exemplos a


seguir.

Exemplo 8.7.6: Vamos construir uma tabela com alguns pontos pertencentes ao
gráfico da função, y = 2 x , no plano cartesiano.
Gráfico:
x y (x, y) y
M M M
8
-2 14 (-2, 1 4 )
-1 12 (-1, 1 2 )
0 1 (0, 1)
1 2 (1, 2) 4
2 4 (2, 4) 2
3 8 (3, 8) 1

M M M -1 0 1 2 3 x

Obs.: 1) Sempre que a base for maior que 1, a função é crescente.


2) Quanto menor for o valor de x mais o gráfico da função se aproxima da
reta suporte do eixo x, porém sem atingi-lo. Quando isso ocorre, a reta é chamada de
assíntota.

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Exemplo 8.7.7: Vamos construir uma tabela com alguns pontos pertencentes ao
x
1
gráfico da função, y =   , no plano cartesiano.
2
Gráfico:
x y (x, y) y
M M M 8
-2 4 (2, 4)
-1 2 (-1, 2)
0 1 (0, 1)
1 12 (1, 1 2 ) 4
2 14 (2, 1 4 ) 2
1
3 18 (3, 1 8 )
-3 -2 -1 0 1 x
M M M

Obs.: 1) Sempre que a base estiver entre 0 e 1, a função é decrescente.

2) Quanto maior for o valor de x mais o gráfico da função se aproxima da


reta suporte do eixo x, porém sem atingi-lo. Quando isso ocorre, o eixo x é chamado de
assíntota à curva.

EXERCÍCIO

1) Esboce o gráfico de cada uma das seguintes funções:

a) f ( x) = x − 4 b) f ( x) = x + 1

2) Dada a função f de R em R definida por f ( x) = 3 − x + 4 , faça o que se pede:

a) Determine f (8), f (−1), f (−3) e f (0) ;


b) Construa o gráfico de f;
c) Determine D ( f ) e Im( f ) .

3) A produção diária estimada x de uma refinaria é dada por x − 200.000 ≤ 25.000 , onde
x é medida em barris de petróleo. Determine os níveis máximo e mínimo de produção.

4) Dadas as funções de domínio real f ( x) = x 2 − 5 x + 6 e g ( x) = 2 x + 1 , determine os


valores de x para que tenhamos g ( f ( x)) = 0 .

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5) Sejam as funções reais f e g definidas respectivamente por f ( x) = x + 1 e


g ( x) = 2 x − 1 . Determine:
2

a) g ( f ( x)) e f ( g ( x))

b) os valores de x para que se tenha g ( f ( x)) = f ( g ( x))

6) Sendo f ( x) = 5 x − 1 e f ( g ( x)) = 4 x + 6 , determine g ( x) .

7) Calcule:

1 3 1 1

2 2 0, 5 2 3 4
a) 25 b) 25 c) 400 d) (3 ) e) 81

8) (Fuvest - SP) Mostre que é possível calcular a 37 , a partir de a, executando não mais do
que 7 vezes a operação de multiplicação.

9) (Belas Artes - SP) Um determinado pedaço de metal contém 10 29 átomos. Um polímero


superficial é realizado e remove 10 20 átomos. Após o polímero, o número de átomos estará
mais próximo de:

a) 10 29 b) 10 20 c) 1019 d) 10 9

10) Examinando os dois gráficos nos exemplos, determine:

a) o domínio de cada função;


b) o conjunto imagem de cada função;
c) o valor de y do ponto P (0, y ) do gráfico de cada função.

11) Faça um esboço gráfico de cada uma das seguintes funções, definidas em R:

x
1
a) y = 3 x b) y =   c) y = 1,5 x
3

12) Uma pessoa aplicou R$ 100 000,00 na caderneta de poupança que rendeu 1% ao mês ao
longo de um ano (lembre-se que os juros são cumulativos). Ao fim do referido ano, essa
pessoa tinha C reais na caderneta de poupança, sem ter feito outro depósito além do inicial,
ou realizado saque. Sabendo que C é calculado pela fórmula C = 100 000(1,01) x , onde x
representa o número de meses da aplicação, qual o valor de C?

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