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Cálculo VII - Prof.

Fábio Pacheco Ferreira 10

3.2.3 – UMA APLICAÇÃO NA ECONOMIA

Encontramos uma importante aplicação econômica das derivadas parciais de primeira


ordem de uma função de duas variáveis, a Função Produção de Cobb-Douglas. Ou seja,
considerar a função

f ( x , y ) = ax b y 1−b (1)

onde a e b são constantes positivas com 0 < b < 1 .

Na função (1), x representa a quantidade de dinheiro gasta em mão de obra, y


representa o custo de equipamento capital e a função f calcula a saída do produto final e é
denominada função produção.

Chamamos de produtividade marginal de mão de obra, a derivada parcial f x . Esta


derivada parcial f x mede a taxa de variação da produção com relação à quantidade de
dinheiro gasta em mão de obra, para um nível de gasto de capital constante. Analogamente, a
derivada parcial f y , conhecida como produtividade marginal de capital, mede a taxa de
variação de produção com relação à quantidade gasta em capital para determinado nível de
gasto de mão de obra constante.

Exemplo 3.12: A produção de certo país nos anos seguintes à Segunda Guerra
Mundial é descrita pela função

2 1
f ( x , y ) = 30 x 3 y 3

unidades, quando x unidades de mão de obra e y unidades de capital foram usadas.

a) Calcule f x e f y .
b) Qual é a produtividade marginal de mão de obra e a produtividade marginal de
capital quando as quantidades gastas em mão de obra e capital são de 125 unidades e 27
unidades, respectivamente?
c) O governo deveria ter encorajado investimento em capital em vez de um gasto
crescente em mão de obra para aumentar a produtividade do país?

Solução:
1 2
1 1
 x 3
2 2
a) f x = 30 . x 3 y 3 = 20  e f y = 30. x 3 y 3 = 10
2 − y 3 1 −

3 x 3  y 

b) Produtividade marginal de mão de obra:

1
 27  3  3  60
f x (125, 27 ) = 20  = 20  = = 12
 125  5 5

isto é, 12 unidades para cada aumento de uma unidade em gasto de mão de obra (o gasto em
capital é mantido constante a 27 unidades).

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Produtividade marginal de capital:

2
 125  3  25  250 7
f y (125, 27 ) = 10  = 10  = = 27
 27   9  9 9

7
isto é, 27 unidades para cada aumento de uma unidade no gasto de capital (a mão de obra é
9
mantida constante e igual a 125 unidades).

c) Os resultados no item (b) mostram que um aumento de uma unidade no gasto de


capital resultou em um aumento muito maior em produtividade do que um aumento de uma
unidade em mão de obra ocasionaria. Sendo assim, o governo deveria ter encorajado um
aumento crescente em gasto de capital em vez de mão de obra nos primeiros anos de
reconstrução.

EXERCÍCIOS

1) A produção de um determinado país sul-americano é dada pela função


f ( x , y ) = 20 x 3 4 y 1 4 quando x unidades de mão de obra e y unidades de capital são usadas.

a) Qual é a produtividade marginal de mão de obra e a produtividade marginal de


capital quando as quantidades gastas em mão de obra e capital são de 256 unidades e 16
unidades, respectivamente?
c) O governo deveria, desta vez, encorajar investimento em capital em vez de um
gasto maior em mão de obra, a fim de aumentar a produtividade do país?

2) A produção de um determinado país na Europa Ocidental é dada pela função


f ( x , y ) = 40 x 4 5 y 1 5 quando x unidades de mão de obra e y unidades de capital são usadas.

a) Qual é a produtividade marginal de mão de obra e a produtividade marginal de


capital quando as quantidades gastas em mão de obra e capital são de 32 unidades e 243
unidades, respectivamente?
c) O governo deveria, desta vez, encorajar investimento em capital em vez de um
gasto maior em mão de obra, a fim de aumentar a produtividade do país?

3) A receita semanal total (em reais) da fazenda “Boi de Pádua” associada a


fabricação e à venda de seus queijos é dada pela função

R ( x , y ) = −0,2 x 2 − 0,25 y 2 − 0,2 xy + 200 x + 160 y

onde x representa o número de unidades de queijos do tipo “Premium” fabricadas e y


representa o número de unidades de queijo do tipo “Standart” produzidas e vendidas a cada
semana. Calcule ∂R ∂x e ∂R ∂y quando x = 300 e y = 250 . Interprete seus resultados.

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4) A fórmula usada por meteorologistas para calcular a sensação térmica (a


temperatura que você sente no ar que equivale à temperatura real quando levamos em conta o
efeito do vento) é

T = f ( t , s ) = 35,74 + 0,6215 t − 35,75 s 0,16 + 0,4275 ts 0,16 ( s ≥ 1)

onde t é a temperatura real do ar em o F e s é a velocidade do vento em mph.

a) Qual é a sensação térmica quando a temperatura real é de 32 o F e a velocidade do


vento é de 20 mph ?

b) Se a temperatura é de 32 o F , em quanto mudará a sensação térmica, se a


velocidade do vento passar de 20 mph para 21 mph ?

6) O volume V (em litros) de uma massa de gás está relacionado com a sua pressão P
(em milímetros de mercúrio) e sua temperatura T (em graus Kelvin) pela lei

30,9T
V =
P

Calcule ∂V ∂T e ∂V ∂P quando T = 300 e P = 800 . Interprete seu resultado.

7) A fórmula

S = 0,007184W 0, 425 H 0 ,725

relaciona a área S da superfície do corpo humano (em metros quadrados) com o seu peso W
(em quilos) e sua altura H (em centímetros). Calcule ∂S ∂W e ∂S ∂H quando W = 70 kg e
H = 180 cm . Interprete seus resultados.

8) Segundo a lei do gás ideal, o volume V (em litros) de um gás ideal está relacionado
com a pressão P (em pascal) e a temperatura T (em graus Kelvin) pela fórmula

kT
V =
P

∂V ∂T ∂P
onde k é uma constante. Mostre que . . = −1
∂T ∂ P ∂ V

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3.3 – REGRA DA CADEIA PARA FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

dy
Sabemos que, para uma função de uma única variável, se y for uma função de u e
du
du dy
existir, e u for uma função de x e existir, então y será uma função de x, existe e é
dx dx
dy dy du
dada por = . .
dx du dx

Agora vamos considerar a regra da cadeia para uma função de várias variáveis, onde
cada uma delas também é função de outras variáveis.

Caso I) Sejam A e B conjuntos abertos em R 2 e R, respectivamente, e sejam


z = f ( x , y ) uma função que tem derivadas parciais de 1ª ordem contínuas em A, x = x (t ) e
y = y (t ) funções diferenciáveis em B tais que, para todo t ∈ B , temos ( x (t ), y (t )) ∈ A .

Seja a função composta h (t ) = f ( x ( t ), y (t )), t ∈ B .


∂h
Então, h (t ) é diferenciável para todo t ∈ B e é dada por
∂t

dh ∂f dx ∂f dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt

Exemplo 3.13: Use a regra da cadeia e calcule a derivada de w = xy em relação a t ao


longo do caminho x = cos t , y = sent . Qual é o valor da derivada em t = π ?
2
dw ∂w dx ∂u dy
Solução: = +
dt ∂x dt ∂y dt

∂ ( xy ) d ∂ ( xy ) d
= (cos t ) + ( sen t ) = ( y )( − sen t ) + ( x )(cos t )
∂x dt ∂y dt

= ( sen t )( − sen t ) + (cos t )(cos t ) = − sen 2 t + cos 2 t

= cos 2t

Podemos fazer o cálculo de um modo mais direto, escrevendo uma função de t,

1
w = xy = cos t . sen t = sen 2t
2

Daí,

dw d  1  1
=  sen 2t  = . 2 cos 2t = cos 2t
dt dt  2  2

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E, portanto, para o valor dado de t, temos:

 dw   π
  = cos 2.  = cos π = −1
 dt  t =π 2  2

Caso II) Sejam A e B conjuntos abertos em R 2 , e sejam z = f ( u , v ) uma função que


tem derivadas parciais de 1ª ordem contínuas em A, u = u ( x , y ) , v = v ( x , y ) funções
diferenciáveis em B tais que para todo ( x , y ) ∈ B temos ( u ( x , y ), v ( x , y )) ∈ A .
Seja a função composta

h ( x , y ) = f (u ( x , y ), v ( x, y )), ( x , y ) ∈ B .

Então, a função composta h ( x , y ) é diferenciável para todo ( x , y ) ∈ B , valendo:

∂h ∂f ∂u ∂f ∂v ∂h ∂f ∂u ∂f ∂v
= + e = +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x ∂y ∂u ∂y ∂v ∂y

O diagrama da árvore é um modo simples de se memorizar a regra da cadeia. Por


∂h
exemplo, para encontrar , comece com h e siga cada rota para x, multiplicando as
∂x
derivadas ao longo do caminho. Depois, adicione os produtos.

h = f(u, v)

∂f ∂f
∂u ∂v

u• •v
∂u ∂v
∂x ∂x

x
∂h ∂f ∂u ∂f ∂v
= +
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x

∂h ∂f ∂u ∂f ∂v
A expressão = + pode ser reescrita em linguagem matricial. Ou
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
seja:

 ∂u ∂u 
 ∂h ∂h   ∂f ∂f   ∂x ∂y 
= .
 ∂x
 ∂y   ∂u ∂v   ∂v ∂v  .
 ∂x ∂y 

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Exemplo 3.14: Dados f ( x, y ) = x 2 y − x 2 + y 2 e x = r cos θ e y = rsenθ encontre as


∂f ∂f
derivadas parciais e .
∂r ∂θ
∂f ∂f ∂x ∂f ∂y
Solução: • = + = ( 2 xy − 2 x ). cos θ + ( x 2 + 2 y ).senθ
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r

∂f ∂f ∂x ∂f ∂y
• = + = ( 2 xy − 2 x ).( − rsenθ ) + ( x 2 + 2 y ).r cos θ
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ

Caso III) Podemos generalizar a regra da cadeia para funções com mais de duas
variáveis.
Exemplo 3.15: Dada a função w = f ( x, y , z ) = x 2 + y 2 + z 2 onde, x = r cos θ senγ ,
y = rsenθ senγ e z = r cos γ . Encontre as derivadas parciais de primeira ordem da função w
em relação a r, θ e γ .
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
Solução: • = + + = 2r
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂z ∂r

∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
• = + + =0
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ ∂z ∂θ

∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
• = + +
∂γ ∂x ∂γ ∂y ∂γ ∂z ∂γ

= 2 r 2 cos θ cos2 γ + 2r 2 senθ cos2 γ − 2 r 2 cos γ senγ

EXERCÍCIOS

∂w ∂w
1) Expresse e como funções de u e v usando a Regra da Cadeia e também
∂u ∂v
∂w ∂w
expressando w diretamente em termos de u e v antes de diferenciar. Depois calcule e
∂u ∂v
no ponto dado (u, v ) .

a)  =  −  + ;  = + ;  = − ;  = ; ,  = , 1. 

b)  =  + 2 +   ;  = ;  = 
+ ;  = 2 ; ,  = 1, 1.


2) Seja z = f ( r 2 + s 2 − t , rst ) , onde f ( x, y ) é uma função diferenciável. Encontre


∂z ∂z ∂z
, e em termos das derivadas parciais de f.
∂r ∂s ∂t

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