No segundo volume dessa duologia, Leigh Bardugo traz de volta nossos seis criminosos favoritos às ruas de Ketterdam. Após sobreviverem milagrosamente ao ousado assalto à Corte de Gelo no último livro, nossos protagonistas têm que lidar com a traição de seu contratante que lhes nega a recompensa prometida e sequestra um membro valioso do grupo, além é claro das consequências dos esforços empreendidos para completar a última missão. Esse livro tinha um alto padrão a atingir, Six Of Crows foi uma mistura brilhante de trama de assalto e alta fantasia, com uma construção de personagens louvável e desenvolvimento de todos eles, o que merece destaque quando falamos de um livro com seis protagonistas. A primeira pergunta que surge, então, é: como superar aquilo? Eles já invadiram a maior fortaleza que há, como ir além? Bom, para nossa sorte, a autora tinha algumas ideias. O final de Six Of Crows é no mínimo agoniante, vivemos a traição de Van Eck que se recusa a pagar os corvos, tenta assassiná-los e ainda sequestra Inej. É compreensível, portanto que o leitor chegue a essa continuação com muitas perguntas sem resposta e um coração acelerado. Fico feliz em tranquiliza-lo, afirmando que todas elas serão respondidas. Vivemos nessa trama um novo nível de profundidade para os dilemas gerais e individuais dos personagens, eles estão de volta ao Barril, a briga agora é em casa, tudo se intensifica. Problemas antigos e novos parecem se misturar e as consequências da última missão turvam ainda mais o caminho. Cada personagem parece viver uma dimensão ainda mais densa dos dramas já apresentados no primeiro livro. Temos um aprofundamento significativo que aprimora as conexões que o próprio leitor estabelece com os seis. Vivemos é claro, uma história tramas e esquemas, roubos, sequestros e traições com planos mirabolantes e lutas épicas, mas vivemos também muitas lutas internas, cada um dos seis avança largos passos em suas relações entre si e na superação dos próprios dilemas. Viemos e vemos eles viverem, o amor, a dor, a perda, o esforço, a luta, a esperança, o desespero, a raiva e a alegria, o fundo do barril e mais alto dos ceús. É um livro intenso, e um final digno para essa brilhante duologia. O coração do leitor vai se alegar e se partir, isso eu posso garantir. Vai também ser conquistado por elementos nostálgicos e visitado por personagens conhecidos do mundo grisha. Vai conhecer mais de personagens que tiveram pouco espaço no primeiro livro, como Wylan e Jasper e vai viver plenamente essa aventura que com certeza está um nível acima. A autora sem dúvidas se supera, ela tinha um alto padrão a atingir e assim o fez, tudo é maior, os problemas, as emoções, os dilemas, as consequências. Me resta dizer que esse é por excelência um bom livro, um que merece sua atenção caro leitor. Ele vai te arrancar algumas emoções e tudo bem, os melhores são assim. Esse é o ápice do grishaverso, é a convergência de tanto em tão pouco tempo, tantos povos, culturas, dilemas, tudo se envolve para arrebatar o leitor e bem, funciona.