Em seu terceiro livro, finalizando a série, Kiera Cass nos traz o encerramento da história de Maxon e America, é hora de finalmente viver o desfecho desse romance que envolveu o público por anos! Cada vez mais perto do fim da seleção as tensões aumentam por todos os lados. Dentro do castelo questões familiares e amorosas implodem causando frenesis contidos e aflorando emoções, fora dos muros e longe da realeza, forças revolucionárias se agrupam para a tomada do poder, a hora está chegando. America vai decidir aceitar seu príncipe e viver um grande amor, sendo a futura rainha do país? Restará afinal algum país ou monarquia que reine sobre ele? Graças ao bom Deus chegamos ao fim e sim, todas as nossas perguntas são respondidas. Kiera finaliza sua saga descrevendo os momentos finais dessa atribulada aventura quando descobriremos (para a surpresa de ninguém) que Maxon e America terminam juntos. É digno de nota que nesse livro finalmente vencemos o infindável dilema do triângulo amoroso! Logo nos primeiros momentos isso já está estabelecido e nossa protagonista percebe (depois de muito muito tempo) que realmente ama Maxon e que quer estar ao lado dele, dispondo-se a enfrentar seu medo da monarquia e da coroa para tanto. Nesse livro vivemos com muito mais intensidade as questões dos rebeldes e dos atentados ao Palácio, à monarquia de maneira geral e entendemos melhor como se organizam tais grupos, quais suas motivações, quais conexões estão feitas, quem faz parte de cada grupo e entendemos o que seria o grande plot aqui construído. Devo dizer que esperava mais, fez-se uma grande construção de suspense em cima dessa narrativa rebelde e de quem seriam eles, de onde vinham, o que queriam e quão perigosos eram para quando finalmente fosse revelado se tornasse algo fútil e pouco discutido. Falta nesse livro como faltava aos outros dois a profundidade e a dimensão que dariam a esse momento impacto e força, o plot se perde em meio a isso e sobra algo como um check list ao leitor que simplesmente assimila a resposta ao grande questionamento pensando mais ou menos assim “ah, ok”. Falta força, falta comover quem está lendo. Falando em falta de profundidade, tratemos das resoluções de dilemas da autora. Ela abriu muitas pontas em 2 livros e precisava fechar todas elas nesse e como falhou... São soluções bate-pronto do tipo que caem prontas do céu e simplesmente encaixam e fazem sentido sem nenhuma construção prévia. O caso Aspen é um exemplo disso: durante dois livros o dilema de amar tanto um ao outro causou diversas confusões, nesse finalmente, uma conversa depois está tudo resolvido, falta o porquê, falta entender a construção dessa resolução. Tudo que a autora entrega são as respostas, falta ver a justificativa por trás de cada uma, entender as nuances que fazem tudo mais real e único e não apenas soluções feitas a toque de caixa. Sobre o caso Celeste nem vale muito a pena comentar, uma solução de roteiro fraca e anêmica com o puro intuito de arrancar engajamento dramático nos momentos finais, é bobo, é mal construído e não atende o propósito, contrasta com tudo que foi estabelecido até então, não corresponde a verdade dessas duas personagens como de fato o são. Falando em cenas bobas, vamos a grande batalha final, o atentado terrorista ao Palácio. Muitas mortes, muitos tiros, um verdadeiro massacre instalado e tudo isso sendo trazido de maneira extremamente caricata, rebeldes disfarçados de garçons, máscaras, armas escondidas, situações de quase morte, declarações em meio ao tiroteio. Tudo se desenrola longe demais do fio condutor de realidade, deixando toda a cena alheia e flutuando no mar da incredulidade. É uma maneira por excelência de resumir e finalizar a obra de Kiera, confusa, bagunçada, sem profundidade e de pouco impacto.