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O cheiro de sangue, ainda quente e fluindo, era a coisa mais
intoxicante. Era preciso um tipo especial de homem para gostar disso. Para
admirar a lama grossa e vermelha, que atravessava a pele e pingava na
panela enferrujada no chão.
— Você gosta de brincar com sua comida e eu amo isso em você.
As palavras ressoaram sobre Daniel Nieto, provocando o suor em sua
nuca enquanto ele se afastava e admirava sua obra. Sua presa se
considerava segura. Intocável. Não para Daniel. Ele serviu como um
lembrete: ninguém estava seguro. Ninguém escapava dele quando ele
estava caçando.
O homem pendurado no gancho de carne diante dele gritou até sua
voz sumir. Agora, não importava a quantidade de dor que Daniel
cuidadosamente causava, tudo o que ele recebeu em resposta foram
espasmos na carne e gemidos devastados. Para alguém como ele,
apaixonado por todos os aspectos disso, foi uma decepção.

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Ainda assim, ele conseguiu muito do que ele se propôs a fazer.
Quebrar a vontade de um homem. O espírito dele. A mente dele. E ele
tinha muito prazer nisso. Isso era punição, mas ele ainda buscava
respostas, então, apesar de tudo, ele não podia deixar o outro homem
morrer ainda.
Uma pena.
Ele estava nu, balançando naquele gancho de carne, sangue
escorrendo das dezenas de cortes que Daniel havia estrategicamente
colocado em todo o peito e torso. A maior ferida estava no lado direito,
onde Daniel enfiou a faca entre as costelas. Ele estava sangrando. Mas não
tão rápido. Todos gritavam e xingavam, até que se viam à sua mercê.
Então eles imploravam.
Ele se aproximou do homem ensanguentado, seus lábios curvando-se
com os gemidos rasgados que saíam dos lábios inchados e
ensanguentados. Ele mal lutou quando Daniel finalmente o alcançou. Que
vergonha. O sangue escorria da lâmina de Daniel enquanto ele estava com
os braços ao lado do corpo. A lâmina era especial, feita apenas para ele.
Até o nome dele estava gravado no seu pesado cabo.
Nieto.
Eles fizeram amor com essa faca, pressionando a ponta ridiculamente
afiada na pele aquecida um do outro, enquanto eles se uniam e se
igualavam. Quando atingiram o clímax, a roupa de cama estava vermelha,
solidificando quem eles eram.
O que eles eram.
— Responda à minha pergunta — ele falou em espanhol. — Você terá
uma morte rápida. — Esse era um presente que ele não oferecia

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facilmente. Uma morte rápida era um ato misericordioso. Ele não
acreditava em misericórdia, mas podia fingir.
— Monstros não nascem, sabe — ele continuou conversando. Como
se tivessem tempo. Como se o tempo não estivesse se esgotando enquanto
ele estava naquele lugar, com sangue derramado até o pescoço. —
Nenhum homem deixa o ventre de sua mãe com afinidade em causar
estragos e flertar com a morte — ele suspirou. — Somos criados pelas
circunstâncias. Pela perda. Pela dor. — Ele agarrou o homem pelo
punhado de seus cabelos molhados - encharcados de suor ou sangue, ou
ambos - e puxou a cabeça para trás.
Ele chorou silenciosamente. Lágrimas rolaram pelo rosto sujo,
abrindo e fechando a boca enquanto ele lutava para falar.
Segurando o olhar aterrorizado, Daniel mergulhou a faca no lado
esquerdo. O outro homem ficou rígido. Seu corpo aceitou a lâmina com
facilidade, quando Daniel a empurrou completamente, seus dedos
enluvados afrouxando o aperto. Ele puxou a faca de volta, quase
estremecendo com a sucção molhada.
Tão semelhante ao som que Stavros fazia quando sua boca estava ao
redor do pênis de Daniel.
— Diga-me o que eu preciso saber — ele sussurrou. — E isso acaba.
Seu pessoal pode até enterrar seu corpo. — Tudo o que ele recebeu em
resposta foi um gorgolejo, um murmúrio. O sangue escorria da boca do
prisioneiro pelo queixo. — Você não fala e eu te dou aos porcos. Enquanto
você ainda está vivo — ele sorriu. — Então eu faço uma visita a seus pais.
Em seguida, a sua esposa.
Ninguém estava fora dos limites. Quando você amava como ele
amava, não havia linhas, apenas males menores.

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— Por... fa... — O homem tossiu e cuspiu mais vermelho. Ele estava
morrendo. Ele podia sentir isso? Porque Daniel podia ver. — Por favor.
— Comece a falar.
— Eu não... eu não sei — o outro homem resmungou. — Eu só liguei
para ele me encontrar.
Por dentro, Daniel estava ardendo. Medo e raiva lutando para decidir
qual queimaria mais forte. Ele engoliu o vapor, provou a fumaça enquanto
inclinava a cabeça. — Continue. — Prossiga.
— É-é isso. — Mais conversa. Mais vermelho. Ele chiou, sufocando.
— Eu saí antes que ele chegasse.
Emboscada. Armadilha. Daniel assentiu. Com um golpe da faca, ele
cortou a corda, mantendo os braços do outro homem acima da cabeça.
Como a corda estava presa ao gancho, o homem nu caiu no chão duro e
frio com um grunhido de dor.
Bruce era o nome dele, mas para Daniel, o prisioneiro dele não
merecia nem essa fatia da humanidade. Não depois do que ele fez. Ele
enfiou a faca no bolso do casaco preto na altura dos joelhos e segurou os
cabelos de Bruce. Ele gritou, mas Daniel o ignorou, arrastando-o pelo
chão. Ele já estava tão mal ao ponto de não lutar. Eles passaram pela porta
do celeiro, ao longo do chão de cascalho solto e até a dúzias de porcos
rolando em sua própria sujeira na fria e cinzenta luz da manhã.
Seu prisioneiro os ouviu, ou provavelmente os cheirou, porque
começou a protestar. — Não. Não. Por favor, não.
Daniel o soltou por tempo suficiente para abrir a cerca e depois
continuou a arrastar o outro homem, deixando-o cair no meio dos animais
bufando.
— Não. Por favor. Me desculpe. Me desculpe.

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Era uma visão horrível ver um homem ser comido vivo. Os sons eram
tão horripilantes. Daniel não se mexeu, ele mal piscou. Ele se recusou a
desviar o olhar, mesmo quando passos se aproximaram e outro homem
imitou sua posição.
— Tío.
— Foi uma emboscada — disse ele à Toro. — As pessoas em que ele
confiou, elas o tiraram de mim.
— Vamos recuperá-lo — prometeu Toro. — E eles vão pagar.
Stavros desapareceu há mais de uma semana. Um dia, eles estavam
em sua casa de praia fazendo amor, em seguida, Stavros partiu para Nova
York para uma reunião com o agora morto Bruce - seu ex-amante - e ficou
em silêncio desde então.
Bruce desapareceu por alguns dias até Daniel o localizar em uma
fazenda na zona rural da Virgínia. Uma localização conveniente, de várias
maneiras. Mas agora Daniel sabia que Stavros nunca tinha visto a
emboscada chegando.
Ele não se importava com os porquês. Os “como.” Tudo o que
importava era encontrar seu amante, e os seus inimigos com certeza o
veriam chegando.
É melhor que Stavros esteja vivo.
Mas ele estava. Ele tinha que estar. Daniel saberia se não estivesse.
Seu próprio coração ainda estava batendo, e ele não estava enrolado em
posição fetal.
Stavros ainda estava vivo. Daniel só tinha que encontrá-lo.
— Você quer que eu limpe? — Toro apontou para o celeiro onde
Daniel havia repintado o local com o sangue de Bruce.

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— Não. — Daniel balançou a cabeça. — Deixe. — Serviria como uma
mensagem. Um aviso. Ele pensou em passar o resto da vida sendo mais
do que aquilo que foi criado para ser, mas as forças lá fora estavam
conspirando para garantir que sua aposentadoria não acontecesse.
Ele puxou a faca do bolso e a levantou, examinando-a, passando um
dedo sobre o nome.
Nieto.
— Vamonos1 — disse ele à Toro. As pessoas que levaram Stavros
queriam Daniel à solta? Porque a única pessoa que poderia contê-lo era
Stavros. Sem ele ao seu lado, Daniel estava prestes a abrir um caminho
sangrento através de qualquer um que estivesse em seu caminho.
Cavando túmulos e empilhando corpos.
Um por um.

1
Vamos, em espanhol.

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UMA SEMANA ATRÁS

— O que mais eu preciso saber? — Stavros recostou-se na cadeira,


puxando a gravata em volta do pescoço com uma mão, a outra segurando
o telefone no ouvido. — E se apresse, Bruce. — Nem cinco minutos
depois de chegar em casa de uma viagem ao exterior, ele recebeu a ligação
de Bruce. Ele mal conseguiu beijar Daniel antes de se trancar em seu
escritório, apagando o fogo.
— Linc sumiu.
Stavros bufou, passando a mão no rosto. Seus olhos ardiam pela falta
de sono, já que ele não dormia tão bem quanto deveria sem Daniel ao seu
lado. Uma semana inteira virando e se revirando em uma cama macia de
um hotel sueco e ele estava se arrastando.
Seriamente.
— O que isso importa? Nós não controlamos nossos homens. —
Normalmente, o tio de Stavros lidaria com tudo isso, mas o velho teve
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recentemente um problema de saúde que o colocou fora de serviço,
deixando que Stavros assumisse o trabalho. Ele estava viajando,
encontrando-se com clientes - aqueles que queriam se encontrar cara a
cara - certificando-se de que os negócios funcionassem sem problemas.
Desde que seu tio tinha Bruce trabalhando para ele como um tipo de braço
direito, Stavros o manteve em Nova York, enquanto ele viajava de país
para país.
Seu grupo de mercenários estava em todo o mundo. Os negócios
estavam crescendo. Mas tudo o que ele queria era um banho e Daniel nem
seus braços. Às vezes, eles trabalhavam juntos, ele e seu amante, mas
quando se tratava de pequenas coisas nos negócios, Stavros preferia deixar
Bruce cuidar disso. Parecia que seu ex-amante era bom nisso. Quem
imaginava?
— Hum...
Droga. Ele sabia o suficiente para saber que Bruce estava prestes a dar
algumas notícias fodidas. — Apenas me diga.
— Seu prazo tinha um tempo limite. Dois dias atrás.
Stavros se adiantou. — Não está pronto?
— Não.
— Merda — ele ficou de pé, jogando a gravata pelo quarto. — Merda.
— Havia uma razão pela qual seus negócios eram bem conhecidos em
certos círculos. Ele entregava. Sempre. — O que sabemos?
— A última vez que Linc fez contato foi quando aceitaram a oferta.
Eu desconfiei quando ele não enviou uma palavra de conclusão. Sem
resposta.
Eles não policiavam seus homens. Eles faziam as ofertas, os homens
as aceitavam e depois enviavam mensagens através de mensagens

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criptografadas quando o trabalho era concluído. O pagamento final do
cliente, da pesada taxa de Stavros, servia como confirmação suficiente
para que o trabalho tivesse sido realizado de forma satisfatória. Ele nunca
foi rígido com o pagamento. Quem seria suicida o suficiente para não
pagar a ele? Ele também nunca deixou de não entregar como prometido.
— Atribua o trabalho a outra pessoa, dobre sua taxa habitual e
encontre Linc — ele sussurrou para Bruce. — Quando terminar, entre em
contato com o cliente com nossas desculpas. Ligue-me de volta quando
terminar.
— Sim, senhor.
Antigamente essa resposta costumava deixar Stavros duro. — E
Bruce? A próxima vez que você esperar tanto para me dizer algo tão
importante, acredite em mim quando digo que você vai se arrepender. —
Ele encerrou a ligação com a gagueira de Bruce e olhou para o espaço.
Porra!
Tudo o que ele aguardava a semana inteira era o tempo de inatividade
com Daniel, mas isso parecia estar todo fodido agora. Ele suspirou e subiu
as escadas e entrou no quarto deles.
Daniel estava na cama, a metade superior nua, a metade inferior
coberta enquanto assistia futebol na TV. Ele era lindo com a barba por
fazer ao longo de sua mandíbula afiada, e aqueles olhos sérios dele que
viam diretamente na alma de Stavros. Ele era naturalmente esbelto, com
um punhado de cabelos grisalhos no peito. Aos cinquenta e dois anos, sua
idade estava se mostrando, mas Stavros adorava tudo isso. Ele foi até
Daniel, dando um beijo na testa e depois na garganta, beijando as marcas
de corda queimadas em sua carne desde aquela vez em que Stavros tentou
matá-lo.

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— Sinto muito — ele murmurou, passando a mão sobre a cabeça de
Daniel.
Seu amante inclinou a cabeça para trás, olhos escuros procurando o
rosto de Stavros. — Você está bem?
— Há um... — Ele balançou a cabeça. — Não importa agora. Vou
tomar um banho, ok? Eu voltarei. — Ele se virou, mas Daniel agarrou seu
pulso.
— Conte-me.
Ele iria, apenas pelo comando na voz rouca de Daniel e pela expressão
em seus olhos que dizia que ele estava ansioso para ouvir Stavros, ansioso
para ajudar. — Eu vou. Quando eu terminar o meu banho — ele sorriu.
— Acha que pode esperar tanto tempo?
Daniel não aceitou essa pergunta como a provocação de Stavros
pretendia. Sua expressão permaneceu sombria, o olhar pesado no rosto de
Stavros. — Vou esperar por você o tempo que for preciso, diablo.
— Eu sei. — Mesmo quando tudo estava louco pra caralho, Daniel
era firme e forte e constante, tão... — Eu sei — ele acariciou o pulso de
Daniel, o mesmo com o rosário em volta. Rosário de Petra. Ela estava com
eles agora, sempre por perto. E, de alguma forma, os lembretes sutis da
mulher que Stavros matou não sufocaram o amor que ele compartilhava
agora com o marido. — Chuveiro, então nós conversamos. — Ele soltou
Daniel e foi para o banheiro.
Ele se despiu, largando as roupas ali mesmo no tapete do banheiro
antes de pisar sob o jato quente de água.
Sua mente foi imediatamente ao problema com Linc. Ele conheceu o
estoico cubano-americano apenas uma vez em pessoa, mas Linc deixou
uma impressão ao não deixar uma impressão. O que era loucura. No

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instante em que você se afastou do homenzinho, você esqueceu como ele
era, como ele parecia. Mas isso foi intencional da parte de Linc. Ele era
indispensável. Um dos melhores homens de Stavros. Não era havia como
ele não cumprir sua obrigação fosse algo voluntário.
O que significava que Stavros poderia ter um grande problema em
suas mãos.
Porra, ele queria um dia com Daniel que não fosse consumido pelos
negócios. Daniel não reclamou, ele nunca reclamaria, mas Stavros queria
mais para eles do que ele constantemente em um avião e Daniel em casa
esperando por ele.
Ele abaixou a cabeça sob a água, lavando o shampoo.
Ele pensou em ter Daniel acompanhando-o quando ele viajava, mas
acabou por Daniel ser uma pessoa caseira. E a última vez que Stavros o
levou a uma reunião, o cliente estava com muito medo de conversar,
tremendo o tempo todo.
Ele sorriu enquanto esfregava o corpo. Seu amante tinha uma
reputação sombria que o precedeu. Daniel fez alguns trabalhos para
Stavros, porém, e aqueles que ele fez sozinho, foi com eficiência e rapidez.
Eles fizeram alguns lado a lado, que foram divertidos e tão excitantes, até
que chegou o diagnóstico de câncer de seu tio. Até Stavros ter que voltar
a ser o empresário e não apenas um assassino profissional.
O velho tinha que melhorar.
Pelo bem deles.
Terminado o banho, ele desligou a água e sacudiu os cabelos, depois
abriu a porta do chuveiro.
Daniel estava de costas contra a porta fechada do banheiro, vestido
apenas com uma cueca preta, o olhar intenso avaliando Stavros.

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— Pensei que você estivesse esperando? — Stavros arqueou uma
sobrancelha, não fazendo nenhum movimento para pegar a toalha que
Daniel segurava.
— Eu estou esperando.
Stavros riu. — Você está?
— Sí.
O olhar de Daniel era tudo. Quente e abrasador, possessivo e exigente.
Stavros afundou os dentes no lábio inferior. Ele estava exausto, mas, de
alguma forma, a apreciação de Daniel teve seu sangue bombeando,
adrenalina e a necessidade já agitando em sua barriga.
— Eu deveria te secar, — Daniel murmurou, mas não se mexeu.
— Ou eu poderia te molhar. — Ele lambeu os lábios e a toalha na mão
de Daniel caiu no chão.
Ainda assim, seu amante não se mexeu. — Você está cansado.
A água pingava dos cabelos de Stavros, descendo pela têmpora e pelo
pescoço. O calor que os rodeava podia ser do chuveiro ou da energia que
eles de alguma forma formavam juntos. Ele não se importava. — Nunca
muito cansado. — Ele estendeu a mão e Daniel a agarrou, levando os
dedos de Stavros aos lábios.
Beijando os nós dos dedos.
— Você precisa descansar.
— Eu preciso te molhar. — Stavros puxou sua mão, puxando-o para
mais perto. Peito a peito. Daniel não parecia se importar com a pele
molhada de Stavros. Levantando o queixo, Stavros sussurrou: — Você
deveria me beijar.

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A excitação brilhou nos olhos de Daniel, como um raio saindo de trás
das nuvens escuras. — Eu devo?
— Eu preciso de você.
E assim tão facilmente, a boca de Daniel estava na dele. Suave, no
entanto. Beijando Stavros completamente, mas gentilmente, como tivesse
sentindo-o antes de ir mais fundo, mais forte.
Ele passou os braços em volta do corpo magro de seu amante, unhas
arrastando pelas costas para pressioná-lo além de qualquer que seja o
motivo que o tenha feito hesitar de repente. O alívio do contato de pele
contra pele com Daniel, depois de ter passado tanto tempo, fez a
respiração de Stavros ficar mais forte, e seu peito arfava apenas com o
deslize suave de suas línguas. Ele tremia, com necessidade, com desejo,
com fome, pressionado com tanta força contra o homem que amava.
Daniel o tocou, uma mão deslizando para cima do braço de Stavros para
segurar sua garganta.
Cristo. Ele afastou a boca, piscando para afastar a luxúria que nublava
seus olhos. Daniel observou-o, com uma intensidade silenciosa,
esperando com aquele aperto em sua garganta, quase não apertado o
suficiente. Não machucando o suficiente. Eles eram ásperos juntos,
sempre ásperos. Mas Daniel tinha sido terno com ele. Ele ainda possuía
uma suavidade, apesar de sua fachada áspera.
Stavros nunca conseguiu expressar em palavras, nunca conseguiu
definir tudo o que Daniel era para ele.
Ele tocou a mão na garganta, os lábios roçando a mandíbula de Daniel
quando ele sussurrou: — Você pode parar de esperar. Você pode pegar o
que é seu.
Desta vez... Desta vez, o beijo de Daniel doeu. A pressão da boca
contra a de Stavros, os dentes rasgando, línguas entrelaçando, os lábios
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chupando. Doloroso. Stavros gemeu por ele. Daniel era como sangue em
sua boca, surpreendentemente familiar, cobre e fogo limpando qualquer
outro sabor.
Sim.
Stavros se chocou contra ele, seu pau doendo, duro e já pingando onde
ele esfregava na barriga de Daniel. O aperto em sua garganta aumentou e
ele ofegou, estremecendo, tonto com a onda inebriante de prazer. Daniel
moveu-os, girando Stavros e posicionando-o na frente do espelho.
Stavros os observou se moverem no grande espelho, uma mão
agarrando a pia. A cabeça escura de Daniel inclinou, seus dentes
afundando na carne onde o pescoço e o ombro de Stavros se encontravam.
— Porra! — Ele chiou, queimou, estremecendo, empurrando de volta
para Daniel. A ereção do outro homem - ainda coberta por sua roupa
íntima - pressionou possessivamente contra a bunda nua de Stavros. —
Daniel. — Colocando um braço em volta do pescoço de Daniel, Stavros o
segurou mais perto, fechando os olhos.
Ele não conseguia parar de tremer.
Jesus. As coisas que esse homem fazia com ele.
Ele estava além do pensamento lúcido, no entanto. Muito além do
raciocínio. Empurrando para trás, esfregando sua bunda contra a ereção
de Daniel, implorando por isso entre suspiros desesperados por ar.
— Por favor. Daniel.
— Nos assista, diablo — Daniel disse asperamente em seu ouvido. —
Olhe para nós.
Era difícil manter os olhos abertos, distinguir qualquer coisa através
da névoa úmida fodendo com sua visão, mas Stavros os encarou no
espelho. Sua nudez, os lábios inchados e os olhos pesados que não
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escondiam a necessidade gritante. A mão em sua garganta se movendo,
descendo pelo peito, dedos beliscando, puxando seus mamilos.
— Unngh. — Ele queria jogar a cabeça para trás e gemer, oferecer-se
para Daniel fazer o que quisesse, mas ele manteve os olhos abertos. O
contraste deles, a pele de Daniel um pouco mais escura que a dele, era de
tirar o fôlego. Ele deveria estar cansado, mas Stavros poderia passar a
noite toda e o dia seguinte parado em frente a um espelho - oscilando em
joelhos fracos - enquanto Daniel o enlouquecia.
A mão continuou abaixando, envolvendo seu pênis.
Stavros estremeceu, respirando fundo.
Daniel montou sua bunda, balançando contra ele, a respiração
irregular. Seu coração batia no mesmo ritmo que o de Stavros, com o
sangue bombeando em suas veias e pulso, disparando a cada toque de
Daniel. — Por favor. Me foda.
Porra, ninguém nunca o deixou tão enlouquecido como Daniel. Ele
empurrou os quadris para frente, fodendo o punho de Daniel, grunhindo
quando Daniel o apertou e acariciou. Desde a base até a coroa, o punho
torcendo no movimento ascendente.
E em baixo.
Deus.
Respiração pesada, joelhos tremendo, os dedos dos pés se curvando.
O pré-sêmen vazando, o toque de Daniel era tão perfeito, puxando os
quadris para a frente enquanto ele se enfiava naquele punho. De novo e de
novo. Ele desistiu de tentar manter os olhos abertos. Eles fecharam no
momento em que Daniel passou o dedo sobre a sensível coroa de Stavros.
Merda.

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Daniel o não desencorajou, com a mão no pau de Stavros e dentes em
seu pescoço, o pau balançando para cima e para baixo em sua fenda e um
aperto possessivo no quadril. Alcançando atrás dele, Stavros agarrou a
cueca de Daniel, puxando-a com uma mão, com um movimento
desajeitado, dedos inúteis. Mas ele conseguiu de algum jeito e o pau
quente de Daniel estava em sua pele.
Porra.
Ele quase gozou, apenas do tapa pesado do pau de Daniel contra sua
bochecha, com a ponta molhada e pulsante. Ele se mexeu e o pau se
aninhou entre suas nádegas.
Deus.
O calor era insuportável, mas foda-se se Stavros não empurrasse
contra ele, ficando na ponta dos pés, procurando, dedos puxando, trazendo
Daniel para onde ele precisava.
— Diablo. — Daniel beliscou seu lóbulo da orelha, mas nunca parou
de acariciar Stavros.
Eles se esfregaram no mais belo silêncio em frente ao espelho; Daniel
fodendo entre suas nádegas, Stavros empurrando no punho dele, a cabeça
jogada para trás, o braço em volta do pescoço de Daniel, segurando-o
perto, a boca na orelha de Stavros, a respiração irregular, o coração
batendo tão rápido quanto o de Stavros.
Não era o que Stavros queria. Daniel não estava dentro dele. Mas de
alguma forma isso foi suficiente, tirando prazer um do outro. Dando
também. O cheiro deles. Os sons. Ele virou a cabeça, pegou os lábios de
Daniel e afundou-se nele. Em sua boca, combinando os golpes vorazes de
sua língua, as mordidas, saboreando os gemidos, engolindo cada suspiro.

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Ele nunca se cansaria disso. Nunca superaria a novidade de cada
toque.
A mão de Daniel em seu pênis rastejou para baixo, os dedos segurando
as bolas de Stavros.
Ele engasgou, empurrando os quadris trêmulos. Ele afastou a boca. —
Oh, Merda. Daniel!
Seu amante grunhiu, a língua deslizando sobre o nariz de Stavros e
depois até o queixo. — Goze para mim, diablo.
Ele não podia. Não queria que isso terminasse, essa coisa, essa
perfeição. Mas o toque de Daniel era bom demais e ele se mexeu nas
costas de Stavros, seu pau deslizando pela sua fenda antes de recuar, a
cabeça sem corte pressionando sua entrada. Calor líquido se espalhou por
sua pele.
O esperma de Daniel.
— Porra! — Assim Stavros entrou em erupção, gozando duro,
convulsionando. Daniel agarrou seu pau, acariciando. Stavros fechou os
olhos com força, corpo em espasmos enquanto esperma jorrava por toda
a mão de Daniel. Seus joelhos dobraram, mas Daniel o manteve em pé, o
manteve exatamente onde estava, pegando tudo dele, até que ele não
tivesse nada.
— Precioso. — Daniel beijou seu pescoço. — Precioso, Diablo.
A cabeça de Stavros pendia sobre o ombro dele. Se não fosse por
Daniel, ele estaria com a cara no chão do banheiro. Merda, ele não
conseguia manter os olhos abertos.
Daniel se afastou dele e Stavros protestou fracamente, estendendo a
mão para agarrá-lo. Daniel pegou a mão dele e a levou aos lábios. —

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Deixe-me limpar você. — Ele apertou a mão na nuca de Stavros,
encorajando-o a se curvar.
Ele o fez, joelhos trancados, pendurado na beira da pia enquanto
Daniel molhava uma toalha e o limpava. O resto do corpo estava seco do
banho, o cabelo ainda um pouco úmido. Ele caiu e os braços de Daniel o
cercaram, os lábios roçando sua testa.
— Devo levá-lo para a cama, diablo?
Stavros abriu os olhos, olhando para ele. — Você pode fazer o que
quiser.
Daniel fez uma das coisas favoritas de Stavros. Ele sorriu.
Ele não se lembrava de adormecer, mas Stavros acordou com o rosto
enterrado nos travesseiros e o telefone tocando. Porra! Ele abriu os olhos.
O quarto ainda estava escuro, então ainda não era de manhã. Ao lado dele,
Daniel se mexeu. Stavros rolou na cama e pegou o telefone, levando-o
para o banheiro.
— Bruce. — Ele limpou a garganta para remover um pouco da
rouquidão. — O que houve?
— O cliente quer se encontrar.
Ele afastou o cabelo dos olhos. — Ok. Então marque um horário e
você...
— Não, ele quer se encontrar com você. Hoje.
Droga. Ele afastou o telefone do ouvido para verificar a hora. 3:12 da
manhã. — Você conseguiu alguém para assumir o trabalho?
— Eu consegui. — Bruce respirou fundo. — Mas quando expliquei
isso ao cliente, ele disse para esperar até você e ele falarem primeiro.

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Stavros não se reunia com clientes, a menos que fosse absolutamente
necessário. Noventa por cento dos negócios eram conduzidos
anonimamente. Era o que era. Mas havia pessoas por aí que exigiam. Esse
cliente em particular não era um estranho sem rosto. Stavros o conhecia
pessoalmente. Ele buscou seus negócios, prometeu entregar, e não o fez.
Ele fechou os olhos brevemente e depois voltou para o quarto,
acendendo a luz. — Ligue e tenha o avião pronto. Eu estarei lá em breve.
— Ele disse quando Daniel levantou a cabeça e piscou para ele.
— Sim, senhor.
Terminando a ligação, Stavros foi até Daniel. — Eu tenho que ir.
A testa de Daniel franziu. — Diablo...
— Eu sei. Eu sei, e sinto muito, mas preciso lidar com isso.
— Bruce não pode...
— Este é o meu negócio, então não, Bruce não pode. — Ele pegou
sua mala de onde ele a jogou quando ele chegou algumas horas atrás. Ele
nem tinha desembalado.
— Você não me disse o que está acontecendo — Daniel disse a ele.
É verdade. Ele adormeceu após a transa deles. — Um dos meus
homens está desaparecido. Ele não concluiu um trabalho e o cliente quer
se encontrar.
— Eu deveria ir com você, não?
Stavros parou de se vestir para ir até ele e segurar sua mandíbula. —
Isso não é necessário, querido. Eu voltarei hoje à noite. Eu só preciso
resolver isso e eu voltarei — ele sussurrou. — Eu prometo.
— Não faça promessas que não pode cumprir.

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O que diabos isso significa? — Eu sempre mantenho minhas
promessas — ele caiu de joelhos, roçando os lábios sobre a têmpora de
Daniel. — Eu particularmente mantenho minhas promessas para você.
Daniel o abraçou mais perto, o rosto enterrado em seu pescoço. —
Então eu vou esperar.
Stavros se afastou para sorrir para ele. — Eu te amo. Você sabe disso,
não é?
Daniel assentiu. ― Eu sei. Assim como eu amo você.
— Sim — com um último beijo, desta vez nos lábios de Daniel,
Stavros se levantou. — Você quer me levar para a pista de pouso?
Na pista de pouso, Daniel se despediu masturbando-o na parte de trás
do SUV estacionado ali ao lado do avião, e com um beijo dolorido.
No avião, Stavros enrolou-se e adormeceu, acordando minutos antes
do pouso. Bruce estava esperando por ele quando ele desembarcou, café
na mão enquanto ele estava ao lado do SUV preto.
— Senhor. — Ele estendeu o café, mas Stavros recusou.
— Eu estou bem. Apenas me leve para a cobertura. Preciso de
algumas coisas antes de nos irmos para a reunião.
— Claro. — Bruce assentiu e abriu a porta do carro para Stavros, que
entrou e recostou-se com um suspiro.
Ele deveria ter chamado seu tio para pedir conselhos, mas a última
coisa que Stavros queria era distrair o velho do seu tratamento. Essa
situação aqui era o motivo que ele odiava lidar com os negócios. Basta lhe
dar um alvo para matar, ele era bom nisso, mas isto?
Ugh.

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O tráfego da manhã os mantinha devagar pelas ruas de Manhattan,
mas finalmente chegaram à cobertura no Upper East Side. Juntos, ele e
Bruce subiram no elevador particular. Stavros saiu primeiro quando
parou, entrando na cobertura.
Apenas cinco passos para dentro e ele parou.
Ele deveria ser melhor em detectar o perigo a uma milha de distância.
Os pelos do pescoço dele se arrepiaram primeiro e ele girou, a mão indo
para a arma que deveria estar em sua cintura.
Não estava.
Bruce também não estava lá, mas outro homem estava. Olhos cruéis
em um rosto bonito. Um sorriso de pena contorcendo belos lábios. Arma
na mão.
Droga.
Assim que Stavros abriu a boca, a bala bateu nele. Um soco quente no
estômago que o fez cambalear, mãos agarrando imediatamente aquele
local, sangue tão vermelho, tão brilhante.
Os joelhos dele bateram no chão.
Merda.
Daniel ficaria chateado.

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Não foi preciso nada específico. Apenas um ritmo constante e solitário
para Daniel saber...
Algo estava errado.
Ele deveria ter tido notícias de Stavros muito antes deste momento, o
momento em que ele ficou com o olhar no relógio e o telefone no ouvido,
toques vazios ecoando. Era a quinta vez que ele fazia a chamada. Não
havia exclusão ou arrogância em um relacionamento como o deles.
Apenas a consciência de que eles sempre seriam alvos, que o check-in era
uma necessidade. Aconteça o que acontecer.
Não importa o que.
Horas desde que Stavros teria chegado em Nova York. Não era uma
falsa sensação de importância que Daniel soubesse que Stavros já teria
telefonado. Teria atendido o telefone se pudesse. Eles não ignoravam as
ligações um do outro. Nunca as deixava sem resposta.
Algo estava errado.

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Aceitar isso aliviou a onda crescente de pânico em seu peito. Havia
um problema e ele o encontraria e consertaria. Então ele se vestiu, fez uma
mala e se recusou a permitir que sua mente fosse a lugares que não
deveriam.
Ela foi mesmo assim, o que significava que ele não estava tão no
controle como ele esperava. Imagens o bombardearam, de Stavros deitado
em algum lugar machucado e sozinho. Indefeso e precisando dele. Ele
imaginou o que significaria não ter mais Stavros em sua vida. Ele
imaginou que já sentia o lamber das chamas em sua pele enquanto
queimava o mundo.
Ele tinha uma longa viagem até Atlanta para não se preocupar, para
não pensar em todas as coisas que alguém poderia estar fazendo com seu
amante. Para se distrair, ele fez ligações. O primeiro foi para seu sobrinho.
— Tío.
— Stavros está desparecido. — Ele não mediu palavras. — Estou a
caminho de Atlanta. Eu preciso chegar a Nova York. — O piloto que eles
geralmente mantinham em espera estava muito longe para Daniel esperar
por ele.
— Eu vou lidar com isso. — Toro não fez perguntas, porque ele sabia
que se havia mais alguma coisa para compartilhar, Daniel lhe diria
pessoalmente.
— Gracias. — Ele terminou a ligação e discou para o tio de Stavros.
Daniel e Christophe não se davam muito bem. Ele não se importava com
o homem mais velho, de um jeito ou de outro, mas ele era a família de
Stavros. Portanto tolerável. — Olá? — Uma voz feminina suave
respondeu. Uma das enfermeiras que cuidava do velho, provavelmente.
— Eu preciso falar com Christophe.

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— Sinto muito, ele não está disponível. Devo entregar uma
mensagem, senhor...
Daniel desligou. Ele não confiava em ninguém, exceto Stavros, Toro
e seu irmão mais novo, Levi. Talvez não fosse a melhor maneira de viver,
mas o mantinha vivo. No momento, ele não confiava em ninguém. Stavros
estava lá fora, esperando Daniel encontrá-lo, e ele o faria. Ele não
precisava de provas para saber. Ele sentiu isso em seus ossos. Stavros
precisava dele.
E Daniel precisava dele de volta.
Depois de horas na estrada, ele chegou ao aeroporto. O que ele odiava.
Tão grande e interminável, mas ele embarcou no avião que Toro havia
fretado com muito alívio. Os muitos dons de seu sobrinho incluíam um
talento para persuasão e um foco único para que as coisas acontecessem.
Toro estava esperando por ele vestindo sua camiseta e jeans habituais,
desta vez com uma jaqueta de couro e óculos escuros, flertando com a
piloto feminina. No momento em que Toro avistou Daniel, ele era todo à
negócios, deixando a mulher baixinha com pele de cobre e olhos
castanhos franzindo a testa quando ela se virou e voltou para a cabine de
pilotagem.
— Diga-me — disse Toro quando Daniel se sentou em frente a ele e
apertou o cinto.
— Você não precisa se juntar a mim. — Daniel disse a ele.
Os lábios de Toro se curvaram, um sorriso indulgente. — É claro que
sim. — Ele se inclinou para frente, tirando os óculos escuros.
Seus olhos procuraram o rosto de Daniel. — Diga-me.
Daniel suspirou. — Ele não ligou. — Aqui, na presença de seu
sobrinho, ele se permitiu o peso dessas três palavras enquanto explicava o

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que sabia. O que não era muito. O problema com um dos homens de
Stavros que estava desaparecido, a ligação de Bruce, a partida de Stavros.
Quando ele terminou, Toro deu um tapinha em seu joelho. — Nós
vamos descobrir. E nós o encontraremos.
Claro que sim. Que outra opção havia?
Nenhuma.
Mas quando a piloto disse que estava tudo pronto e eles finalmente
estavam a caminho, ele não teve nada a fazer senão evitar os pensamentos
sombrios quando se lançaram sobre ele. Lembrou-se da última vez que
vira Stavros, as linhas de exaustão ao redor dos olhos e da boca. Seu
amante estava se esforçando ao máximo para lidar com os negócios, e
Daniel, o que ele estava fazendo? Sentado em casa, esperando Stavros
finalmente voltar.
Ele voltou, apenas para dar a volta e sair novamente.
Daniel deveria tê-lo parado. Deveria ter insistido em ir com Stavros.
Ele falhou com ele, não foi? Prometendo protegê-lo, em seguida,
falhando.
Três minutos de autopiedade. Isso foi tudo o que ele se permitiu antes
de voltar aos negócios. Quem levou Stavros não fazia ideia do que havia
feito. Não fazia ideia do que Daniel faria para recuperar seu amante e fazê-
los pagar. A lição sempre veio no final, no entanto.
A piloto permaneceu de prontidão para eles, quando foram
diretamente para a cobertura de Stavros. Toro dirigiu o carro alugado que
eles pegaram quando pousaram. Eles tinham que encontrar Bruce, mas
primeiro as coisas mais importantes.
O guarda no saguão do edifício era um rosto que Daniel não tinha
visto antes. — Senhor. — Ele estendeu a mão quando Daniel e Toro

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passaram por ele a caminho do elevador. — Senhor, eu preciso do seu
nome e identificação. Você não pode...
— Traga ele — Daniel disse para Toro que imediatamente agarrou o
homem uniformizado pela gola e pressionou uma faca em sua garganta,
arrastando-o para o elevador com eles.
O homem, branco e careca, de constituição redonda e barriga saliente,
levantou as duas mãos enquanto Daniel pegava a arma e a segurava. —
Você é novo.
— S-Sim.
— Quão novo? — Toro pressionou mais fundo a faca.
— Semana passada — o homem soluçou. — Comecei na semana
passada.
— Uma pena para você — Daniel disse a ele quando o elevador
chegou ao andar de Stavros. A porta da cobertura estava aberta, não toda,
mas o suficiente para Daniel respirar fundo.
Ele deu um passo à frente, abrindo a porta. O lugar estava impecável,
intocado... exceto pelo pequeno círculo vermelho no tapete.
Não. Então ele disse isso em voz alta. — Não. — Ele foi para aquela
mancha escura, ajoelhou-se e tocou-a com um dedo. Nem úmido, nem
seco. Talvez ele estivesse louco, talvez ele estivesse enlouquecendo, mas
isso era Stavros. O sangue dele. A marca dele. Daniel o sentiu lá.
Ele ficou de pé e atravessou o apartamento. Ele conhecia isso com a
palma da mão. Ele conhecia todos os cantos escondidos do jeito que ele
conhecia Stavros. Ele procurou e não encontrou nada, nenhum indício de
que Stavros estivesse lá.
Exceto pelo sangue.

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No quarto, ele trancou a porta atrás de si e ficou por um momento de
costas para o quarto, a testa pressionada contra a porta, as mãos abrindo e
fechando enquanto tentava obter o controle, com um pensamento racional.
Por mais que ele quisesse destruir o lugar com as unhas, ele não podia
permitir-se aquele momento de fraqueza. Ele poderia nunca encontrar sua
força novamente.
Stavros precisava de sua força. Ele não poderia ser isso para ele se ele
fosse trazido de joelhos com a própria ideia de seu amante estar ferido.
Mas quando ele finalmente abriu os olhos e encarou a sala, ele teve
que engolir a queimação na garganta que tinha um gosto tão familiar de
desespero. De desamparo. Eles fizeram memórias neste quarto, na cama
larga agora coberta por lençóis brancos suaves. Eles construíram o
relacionamento deles aqui.
Ele se virou, abriu a porta e voltou para a frente da cobertura. Toro
não se mexeu e ainda segurava o guarda cujo rosto estava vermelho
inchado quando ele implorou para ser solto.
— O homem que possui este lugar, ele veio aqui esta manhã? —
Daniel perguntou a ele.
— S-Sim. — O guarda assentiu. — Ele e outro cara. Loiro.
Bruce. O ex-amante de Stavros tinha muito a responder e Daniel
demoraria um pouco com o interrogatório. — Alguém mais?
— Uh, outro cara apareceu antes deles. Disse que eles estavam
esperando por ele.
Ah, Daniel inclinou a cabeça. — Nome? Como ele era?
O guarda deu de ombros. — Alto? Ele usava um boné preto, então eu
não podia ver seu rosto. Ele disse que seu nome era Smith.

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— Você deveria obter permissão antes de deixar alguém entrar nos
elevadores, não? Você conseguiu permissão? — Daniel perguntou.
— Não, mas quero dizer...
Daniel atirou nele. Bem entre os olhos com sua própria arma. O corpo
sendo agarrado por Toro.
— Um pequeno aviso seria bom. — Toro resmungou enquanto
colocava o corpo no chão.
— Eu não emito avisos. — Daniel colocou a arma do guarda morto
ao lado dele e depois se endireitou. — Venha — ele não podia mais estar
neste lugar. — Bruce é o próximo.

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Foi a dor que arrastou Stavros de qualquer consolo que ele tinha
encontrado em estar inconsciente. Ele acordou imediatamente ciente do
suor em sua testa, a umidade atingindo sua nuca e nas costas, mas a dor...
Merda, a dor o fez lamentar duramente. Respirar também. Todo o seu
corpo estava em chamas enquanto a agonia irradiava da sua cintura.
— Ele está acordando — alguém sussurrou urgentemente.
Passos soaram. Stavros grunhiu, os cílios tremendo quando ele os
levantou. Seus olhos ardiam, lacrimejando quando ele tentou respirar
fundo. A luz preencheu sua visão e ele piscou rapidamente quando duas
figuras entraram em foco.
Uma dor aguda na cintura o atingiu novamente e ele olhou para baixo.
Um terceiro homem estava ajoelhado ao lado de Stavros - ele mal viu a
cabeça de cabelos grisalhos desgrenhados - costurando o seu ferimento. A
camisa que uma vez foi branca de Stavros estava pendurada em dois
pedaços de cada lado do seu corpo, deixando a metade superior exposta.
Sua barriga inteira estava coberta de sangue e ensopava a calça que ele

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ainda usava. Os dois homens à sua frente observavam silenciosamente,
expressão séria, com expectativa.
Ele os ignorou, olhando lentamente ao redor, por causa da tontura.
Eles o colocaram em uma cadeira de rodas, com as mãos algemadas nas
costas. Sempre que alguém se mexia, o som ecoava no grande espaço.
Algum tipo de armazém vazio, pelo pouco que ele podia ver. A luz do dia
entrava pelas grandes janelas, perto do teto.
— Isso parece estranhamente um déjà vu — ele resmungou. Sua boca
estava seca, os lábios rachados e ele os lambeu, quase sem perceber a
queimadura.
— Parece? — Essa pergunta veio de trás dele, de outro homem que
ele não tinha visto. Suas palavras se aproximaram, e Stavros não o ouviu
se mover, mas de repente ele estava na linha de visão de Stavros, parado
com os outros dois.
Era quem estava na cobertura, quem havia atirado nele. Stavros não o
conhecia, mas reconhecia homens como ele. Arrogância em seu sorriso,
promessas sombrias em seus olhos escuros, autoconfiança no modo como
ele andava, ombros para trás, coluna ereta.
Stavros inclinou a cabeça. — Eu conheço você? — Ele abafou um
grito quando quem o costurava pressionou um pano com algo que cheirava
fortemente a álcool em sua ferida - Foda-se! Porra! - Antes de cobri-lo
com um curativo. Ele fechou os olhos, ofegando. Droga. Ele não era
estranho à dor, mas preferia ficar sem ela no momento.
— Tudo pronto. — O homem de cabelos grisalhos se levantou, tirando
as luvas enquanto encarava os outros três. Ele usou o ombro para empurrar
os óculos deslizantes de volta ao nariz. — Retirei a bala e o remendei. Eu
não sei... — Uma explosão de uma arma parou suas palavras quando o

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recém-chegado atirou na garganta dele. Ele desmoronou aos pés de
Stavros.
Huh.
— Você pode me chamar de Jay e não, você não me conhece, Stavros,
mas você tem algo que eu quero.
Como se ele fosse chama-lo de qualquer coisa. — Então você é
definitivamente o responsável? — Obviamente ele era, porque os outros
não tinham falado nenhuma vez desde que Jay anunciou sua presença.
Eles pareciam líderes de torcida silenciosos, um com a cabeça careca e
metade de uma das orelhas faltando, tão acima do peso que parecia que
ele usava um pneu em volta da barriga, e o outro magro, com um nariz
grande e uma expressão astuta no rosto fino.
— Você fez um trabalho em Atenas recentemente, um trabalho
pessoal quando eu sei que você é muito seletivo sobre esse tipo de coisa.
— disse Jay.
Stavros resmungou. — Você sabe, hein?
— Quero saber o nome do cliente que encomendou esse trabalho.
Huh. Novamente. — É por isso que estou aqui? Você precisa de um
nome? — ele zombou. — Você pode ir em frente e esvaziar sua munição
em mim agora, porque isso não vai acontecer.
Jay suspirou e olhou para o Rosto Fino com um aceno de cabeça.
Stavros ficou rígido quando o Rosto Fino enfiou a mão dentro de sua
jaqueta. Ele pegou um telefone e apertou um botão, primeiro mostrando o
que estava na tela para Jay e se aproximando de Stavros.
— Imaginei que você diria isso, então trouxe um incentivo — disse
Jay.

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Rosto Fino empurrou o telefone em Stavros. Era um vídeo, de um
homem em uma cama. Não qualquer homem, no entanto. O tio dele,
Christophe. Ligado a um I.V.2, uma enfermeira mexendo com ele.
— A propósito, isso é uma transmissão ao vivo. E aquela enfermeira?
Ela trabalha para mim. — Jay fez uma pausa. — O que você acha que ela
tem nessa bolsa, bombeando em seu corpo?
Filho da puta! Atrás das costas, ele fechou suas mãos, dedos apertados
enquanto ele encarava com fúria. — Você é um homem morto. — Apenas
um pouco de sabedoria que ele pensou em transmitir.
— Não seremos todos? — Jay encolheu os ombros. — Me dê o que
eu quero e seu tio volta a receber sua quimioterapia regularmente
programada. Ele é seu único parente vivo, não é?
O único que Stavros se importava, pelo menos. — Bruce disse tudo
sobre mim, não é?
Jay zombou. — Eu só precisava de acesso a você. Bruce providenciou
isso.
Por uma taxa alta, sem dúvida. Stavros balançou a cabeça. Jay e seus
capangas não tinham ideia de com quem eles estavam mexendo, e ele
sentiu a necessidade de avisá-los. Dar-lhes um aviso e oferecer uma
chance de lutar, porque essa merda seria tudo menos bonita.
Ele lambeu os lábios, ignorando os arrepios que faziam seu corpo
vibrar ou a dor percorrendo seu corpo. — Eu já estive aqui antes, sabe?
— Ele levantou o queixo, as palavras ficando mais lentas. — Outro
homem me pegou, me trancou e me torturou por semanas — ele engoliu
em seco, a visão nadando. — Eu mereci, é claro. Eu matei a esposa dele.
— Uma risada retumbou em seu peito, mas não chegou aos lábios. — Eu
o mantenho na minha cama hoje em dia, porque nós dois somos monstros
2
“Gotejamento” intravenoso.

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e a tortura nos excita — ele sorriu, mas esse gesto desapareceu quando
uma série de tosses secas sacudiu seus ossos. — M-me pergunte o nome
dele. — Rosto Fino ficou atrás dele, fora de vista.
— Cara, você acha que dou a mínima para quem você está fodendo?
— O rosto de Jay se torceu em uma careta de nojo. — Eu quero esse nome
e se...
— Daniel Nieto. — Sua visão estava toda fodida agora, mas Stavros
ainda distinguiu o súbito silêncio que atravessou a sala. O ligeiro aumento
dos olhos de Jay também. Oh, isso foi gratificante de assistir. — Acontece
que m-monstros também podem amar, e ele me ama tanto quanto eu o
amo. Ele v-virá por mim e ele matará por mim. Não posso começar a dizer
o quanto você esta fodido. — Ele começou a rir, mesmo que doesse,
mesmo que seus olhos estivessem se cruzando e suas mãos tivessem
ficado dormentes. Sua garganta estava pegando fogo, seu peito, o mesmo,
mas ele riu com toda a dor.
O Careca se virou para Jay. — Chefe, o que...
— Cale a boca dele. — Jay latiu.
Stavros continuou rindo do seu pânico, até que um golpe na parte de
trás da cabeça o silenciou.

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Bruce tinha ido embora. Pelo menos de acordo com a esposa dele que
estava chorando, a arma de Toro na sua cabeça, seu bebê estridente
agarrado ao peito. Suas lágrimas caíram quando ela implorou por sua vida,
pela vida de seu bebê, amaldiçoando seu marido - que, ao que parecia, ela
não conhecia tão bem quanto pensara - e Daniel não sentiu nada.
Ele não se importava. Se necessário, ele também teria o sangue dela
nas mãos. Ele seria aquele monstro. Ela falou a verdade, no entanto. Ele
sabia o suficiente para ser capaz de ler o choque e confusão honesta nos
olhos dela. Então ele mandou Toro deixá-la ir.
Eles poupariam a vida dela.
Por enquanto.
Eles deixaram a casa de dois andares da família em Bethpage, em
Long Island, depois de emitir uma última ameaça: se Bruce fizesse
contato, ela deveria ligar para Daniel. Se não o fizesse e ele descobrisse,
ela iria para o túmulo desejando ter feito as coisas de maneira diferente.

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Eles estavam sentados no carro estacionado na rua da casa em que
acabaram de sair, Toro no banco do motorista. Daniel olhou para o para-
brisa, forçando sua mente a ir a qualquer lugar diferente que ele estava
determinado a ir. Os piores cenários. Stavros ensanguentado e quebrado.
Esperando Daniel encontrá-lo enquanto ele estava sentado neste lugar,
neste carro, sem pistas.
Pedaços dele se rompiam a cada hora que passava, com cada tique do
relógio sem respostas.
— Nos leve de volta à cidade — disse ele à Toro. Fazer isso sozinho
não era viável. Ele precisava de acesso ao submundo de Nova York,
alguém com os ouvidos lá embaixo. Isolado como ele esteve na casa de
praia, ele não estava atualizado sobre o que estava acontecendo. Ele tinha
que encontrar alguém que estaria, e ele sabia exatamente onde encontrá-
la.
Durante todo o caminho de volta a Manhattan, ele ignorou o relógio
no painel. Stavros era forte, resistente e capaz. Se ele pôde sobreviver a
Daniel, ele poderia sobreviver a qualquer coisa. Ele aguentaria pelo tempo
que levaria para Daniel encontrá-lo. Ele tinha que acreditar nisso, caso
contrário ele seria inútil.
Uma hora depois de voltar à cidade, ele entrou em uma galeria de arte
no centro da cidade, no Brooklyn, Toro ao seu lado, e encontrou Seraphina
Cook esperando por eles, um sorriso indulgente nos lábios vermelhos
contrastando com a rica pele marrom. Vestida com uma blusa branca
cruzada sobre a metade superior, calça preta com pernas largas e salto alto,
ela estava diante de uma pintura de manchas vermelhas e pretas sobre um
fundo branco.

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Ela era tão perigosa quanto bonita, assumindo o comando de uma
operação maciça de armas e drogas quando o marido morreu. Havia
rumores de que ela o matou por esse privilégio.
Quando Daniel ficou na frente dela, ela lhes deu as costas,
gesticulando para a pintura. — Bonito, não é? — Ela bateu um dedo no
queixo. — Faz você pensar, certo? Faz você questionar as coisas.
Daniel resmungou.
— Não estamos aqui para discutir arte. — Toro assobiou.
Seraphina enrijeceu antes de inclinar a cabeça careca para o lado,
ainda sem olhar para nenhum deles. — Por que você está aqui, Daniel?
— Meu sobrinho e eu...
— Eu não dou a mínima para o seu sobrinho. — Ela girou ao redor
então, um sorriso liso curvando seus lábios. Como ela fez desde o
momento em que entraram, ela ignorou descaradamente Toro, seu olhar
astuto preso no de Daniel.
Este era o último lugar que ele queria estar. Seraphina Cook nunca era
confiável, mas neste momento, ela acabou sendo quem ele precisava. O
que quer que ele sentisse por ela, tinha que ficar no banco de trás. —
Stavros está desaparecido.
Ela inclinou a cabeça, seu sorriso ficando maior. — Você verificou o
inferno?
Toro fez um som, mas Daniel apenas a encarou. Ela e Stavros tinham
sangue ruim entre eles. Ele entendeu isso. — Preciso da sua ajuda. — As
sobrancelhas dela se ergueram, mas ela não falou, então ele continuou: —
Você deve ter ouvido coisas.
Ela girou, afastando-se lentamente. Daniel continuou andando com
ela, Toro atrás deles. A pequena galeria não tinha outros clientes, e Daniel
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não viu nenhuma pessoa de Seraphina por perto. Ela veio a uma reunião
com ele desprotegida?
Ele deveria estar ofendido?
— Eu ouço coisas. — Ela deu um sorriso presunçoso. — E vejo ainda
mais.
Levou tudo para não agarrá-la pelo pescoço e exigir que ela contasse
tudo a ele. Ele precisava dela do seu lado hoje. Hoje era o único dia que
importava.
— Apenas nos diga o que você sabe. — Aparentemente, Toro não se
sentia da mesma maneira que Daniel. — Ou você está gostando disso? —
Ele se aproximou, os ombros roçando os de Daniel. — Você está gostando
disso. — Ele não escondeu seu desgosto e Seraphina mais uma vez não
poupou um olhar.
— Você me deverá, Daniel.
Ele assentiu. — Sí.
— Não estou falando de um favor em algum momento — ela disse,
erguendo o queixo. — Estou falando de agora. O que eu ganho em troca
de ajudá-lo?
— Foda-se.
Daniel acalmou Toro com a mão em sua nuca. Seraphina o estava
levando a algum lugar e ele escolheu seguir a trilha. — O que você quer?
— Seu sobrinho. — Ela não estava mais sorrindo. Sua expressão se
tornou séria.
Ao lado dele, Toro ficou sério. — O que?

CL Traduções
Daniel escondeu seu próprio choque. Essa era a última coisa que ele
esperava ouvir, mas ele deveria saber que nunca a deveria a subestimar.
— O que você quer com ele?
— Qualquer coisa que minha mente depravada possa pensar. — Ela
virou-se para Toro. — E só para esclarecer, eu vou gostar. — Toro apertou
as mãos, um pulsar batendo rapidamente em sua têmpora.
— Você não vai machucá-lo. — Havia algo acontecendo entre
Seraphina e Toro que Daniel não entendia muito bem, mas não importava.
— Toro, a escolha é sua.
Seu sobrinho balançou a cabeça com um suspiro. — Na verdade eu
não quero, mas farei isso por você. Por Stavros.
— Hmm. Tão altruísta. — Seraphina revirou os olhos.
— Você recebe um mês de mim — informou Toro, com a voz fria e
sob controle. — Nada mais.
Ela riu, tocando seu queixo com a ponta de um dedo. — Continue
dizendo isso a si mesmo. — Então ela afastou a mão e deu um passo para
trás, voltando à negócios novamente. — Ouvi dizer que Stavros colocou
aquele brinquedinho encarregado de administrar o negócio.
Daniel cruzou os braços.
— Ouvi dizer que contratos não foram cumpridos. — Isso não poderia
ser verdade.
— Ouvi dizer que esse brinquedo nunca foi deixado de lado. — Ela
balançou a cabeça. — Esse foi o primeiro erro de Stavros. Mantendo o
brinquedo por perto. Sempre se livre deles — seu olhar deslizou para Toro
e depois de volta para Daniel. — Nunca guarde lembretes.
— Diga-me o que você viu. — Daniel retrucou.

CL Traduções
— Eu estava saindo do meu avião há dois dias, e vi Bruce com três
homens no LaGuardia. Parecia que ele tinha acabado de buscá-los.
Apenas um era familiar, mas não sei como e por quê. — Frustração surgiu
em sua voz então.
— Descrição?
Ela descreveu um homem acima do peso com um pedaço da orelha
faltando, um magro e outro com cabelos escuros e características
genéricas. Ninguém que Daniel reconhecia. Ele engoliu sua irritação.
— Isso é tudo que eu sei — ela disse a ele. — Encontre Bruce. Algo
me diz que é a chave de tudo.
— Eu preciso de seus contatos — ele disse a ela. — Pergunte ao redor.
Qualquer coisa que você descobrir...
— Claro. — Ela sorriu docemente quando ele se virou, dirigindo-se
para a porta. — Toro, vejo você em breve.
Toro não respondeu, e Daniel esperou até que eles voltassem ao carro
para se virar para ele. — O que está acontecendo?
— Nada. — Seu sobrinho não olhou para ele. — Vamos nos
concentrar em encontrar Bruce.
— Eu posso fazer isso e ainda me preocupar com o que está
acontecendo entre você e Seraphina Cook. — Quando a mandíbula de
Toro se apertou, Daniel ergueu uma sobrancelha. — Você a quer.
— Ela acha que pode me controlar do jeito como ela lida com todo
mundo.
— Ela pode?
Toro soltou um suspiro. — Até hoje, essa resposta teria sido não.

CL Traduções
Por causa de Daniel. — Lo siento3.
— Não. — Toro balançou a cabeça bruscamente. — Vamos encontrar
Stavros, certo? Ele é tudo o que importa agora.

3
Desculpe, em espanhol.

CL Traduções
Maldito déjà vu.
A porra do carma?
O que quer que fosse, Stavros não permitiu que Jay e seus homens
conseguissem um som dele, uma vez que o amarraram e se revezaram em
chicotear a pele de suas costas. Não era porque não doía. Porque doeu. Ele
empurrou a dor do passado para algo que não tinha nome, mas a força
disso o levou a outro lugar.
Um lugar onde ele revisitou sua estadia no cativeiro de Daniel. Se ele
pôde sobreviver a Daniel Nieto e saiu do outro lado amarrado àquele filho
da puta por toda a vida, ele também poderia sobreviver a isso. Ele apenas
tinha que esperar pelo tempo que levaria para Daniel encontrá-lo.
O pensamento da fúria de seu amante forçou seu rosto rígido e
dolorido a sorrir.
— Ele está sorrindo — a pessoa na frente dele parecia incrédula. —
Chefe, ele está sorrindo. — Parecia o cara magro, mas Stavros não saberia
porque mantinha os olhos bem fechados.
CL Traduções
— Acerte-o com mais força.
Stavros estava preparado. Mas não havia uma quantidade de
estimulante que pudesse prepará-lo para a mordida do chicote que pousou
em seu ombro direito. O sangue encheu sua boca, seu nariz. Ele desabou,
a cabeça caindo para a frente. Sentia suas costas como se tivessem jogado
gasolina e acendido um fósforo. Fogo dançava em sua pele, corroendo-o,
afundando nos ossos. Uma queimadura permanente encharcou seus olhos
na umidade quente, sobre a qual ele não tinha nenhum controle.
Ele abriu a boca, ofegando, e a baba escorreu pelo queixo.
Alguém riu.
Se suas cordas vocais estivessem funcionando, ele riria também.
— Eu quero esse nome. — A voz de Jay o cercou, Stavros não
conseguiu identificar sua posição. — Me dê o nome do cliente e tudo isso
irá parar.
Ele deve considerar Stavros um novato. Um pensamento ofensivo.
Uma mão bateu em suas costas esfoladas e ele arqueou com a dor, as
correntes ao redor do pulso machucando os tendões, especialmente
quando aquela mão o agarrou, apertando-o.
— Nome.
Os dedos dos pés dele se curvaram, como se tentassem se esconder da
tortura. Eles o despiram há muito tempo. Se ele tivesse que adivinhar, diria
que dias se passaram desde que ele acordou sob a custódia deles. Ele não
tinha ideia de quantos dias, no entanto.
Sem comida, apenas tortura.
Déjà vu.
Daniel tinha feito isso melhor. Ou ele estava sendo tendencioso?

CL Traduções
Dedos em seu cabelo puxaram sua cabeça para trás. — Eu quero esse
maldito nome.
Jay não tinha paciência. Um homem preparado para torturar tinha que
estar preparado para esperar. Especialmente se ele tivesse escolhido
Stavros. Ele não conseguia sentir qualquer coisa, exceto o fogo em suas
costas, provando nada além do sangue, embora Stavros continuasse
exatamente onde estava.
Olhos fechados.
Pulsos com certeza quebrados.
Tremendo da tortura, da perda de sangue, da fome.
Eles não sabiam nada. Não sabia que não era a força que o mantinha
vivo. Não era a teimosia que segurava sua língua. Era Daniel Nieto. Por
trás das pálpebras, Stavros viu o rosto de seu amante. Os olhos dele.
— Me passe a vara.
Um golpe na parte de trás de suas coxas tirou todo seu ar de seus
pulmões, e antes que ele se recuperasse, golpes choveram. Na parte de trás
das coxas, nos joelhos. Agonia extraordinária que o enrijeceu antes de
deixá-lo mole.
Jay estava mais uma vez em seu ouvido, exigindo nomes. Mas Stavros
o ignorou, até que tudo o que ouviu foi Daniel. Tudo o que viu foi Daniel.
Se seus pulmões funcionassem, ele seria capaz de respirar e Stavros sabia
que ele o sentiria quando inalasse.
Confortando. Aquecendo. Em casa. Onde ele queria estar. Na cama,
pele cntra pele, lábios um no outro, mãos também. Se ele escutasse de
perto o suficiente, ouviria a voz áspera de Daniel.
— Diablo.

CL Traduções
Foi sorte? Encontrar um amor como esse, em um lugar tão sem
esperança? Foi o destino? Foi mais?
Uma pressão em sua garganta forçou um gorgolejo dele, forçou-o a
consciência. Ele estava no chão frio, de costas. Ele abriu os olhos então,
olhando para cima, piscando para limpar as sombras, o sangue e o suor
que o queimavam enquanto a merda nadava e ondulava sua linha de visão.
Em sua garganta estava uma perna ligada a uma pesada bota de estilo
militar.
A bota de Jay.
Sua morte pertencia a Stavros. Ele teria que enfatizar isso para Daniel.
Jay era seu para aniquilar.
— Seria um prazer te matar — Jay murmurou. — E eu vou, mas
primeiro, quero esse nome.
Ele não conseguia sentir o rosto, mas Stavros sabia que seus lábios se
moveram por causa da repentina faísca de triunfo nos olhos de Jay. A bota
se foi e Jay se ajoelhou sobre ele, a cabeça inclinada, uma orelha nos lábios
de Stavros.
Ele esperou, até que o tolo estava perto o suficiente, em seguida, usou
a último de suas forças para o ataque, mordendo a orelha dele. Jay gritou
e Stavros o rasgou, mastigando, segurando apesar dos golpes, das
maldições, do sangue que escorria em sua boca, pelo queixo. Ele segurou
essa merda, até que um golpe invisível o jogou na escuridão.

Demorou muitos dias para encontrar Bruce. Muitas noites que Daniel
não dormiu, porque não imaginava que Stavros tivesse dormido. Por que
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Daniel deveria, então? Às vezes, sua exaustão tomava conta e seus olhos
se fechavam, então ele se enrolava, questionando a falta de calor que se
registrava até mesmo durante o sono. Estendendo a mão para puxar
Stavros para mais perto.
Apenas para agarrar o vazio.
Ele voltava à consciência com o coração disparado, acelerado, o medo
rastejando como cobras em sua espinha. Essa sensação não desapareceu,
apenas piorou quando - graças a Seraphina Cook, de todas as pessoas - ele
finalmente encurralou Bruce naquela fazenda na West Virgínia. Quando
soube que Stavros havia sido emboscado, levado como um cordeiro ao
matadouro por alguém em quem nunca deveria ter confiado.
Ele ainda não sabia o porquê, mas sabia como. O onde permaneceu
indefinido. E agora que Bruce havia sido alimentado aos porcos, uma
misericórdia no livro de Daniel, ele tinha que visitar Christophe
novamente. Ele esperava poder manter o tio de Stavros fora disso. O velho
não estava bem e Daniel o visitou uma vez anteriormente para descobrir
se ele sabia quem havia levado o sobrinho. Christophe estava tão fora de
si, que Daniel não teve a chance de perguntar qualquer coisa antes de sua
enfermeira expulsar ele e Toro. Ele se certificou de manter o homem
protegido, fornecendo guardas invisíveis para garantir que o homem
doente não sofresse danos. Ele permaneceu de cama, seus únicos
visitantes eram as enfermeiras que o cuidavam. Mas Daniel tinham que
descobrir o que Christophe sabia.
O tempo estava passando.
Eles dirigiram sem parar de volta a Nova York, o sangue de Bruce
pontilhando a frente da camisa de Daniel, escurecendo as suas unhas. Ele
não lavou nada e encarava as mãos enquanto Toro dirigia.
— Tío.

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Ele deveria ter passado mais tempo com Bruce. O rasgado com os
dentes. Mas o tempo...
Ele não teve tempo. Stavros não tinha tempo. Cada hora o levava cada
vez mais longe de Daniel. Cada tique-taque do relógio era um lembrete de
que ele estava em algum lugar com homens que não tinham ideia do que
haviam feito.
— Tío.
Ele levantou a cabeça com a voz preocupada de Toro. O olhar de seu
sobrinho sondou o dele antes que Toro sacudisse o queixo.
— Estamos aqui.
Daniel olhou pela janela do carro. Eles haviam realmente chegado à
casa de Christophe. — Vamos. — Ele pulou para fora do carro e estava
na porta da frente do edifício antes que Toro o alcançasse. Eles subiram
no elevador em pesado silêncio.
Toro foi quem bateu na porta de Christophe.
Uma mulher de bata branca abriu a porta. Alta e magra. Não é a
mesma enfermeira de antes. Os olhos dela, quando pousaram em Daniel,
estavam arregalados.
— Precisamos ver Christophe. — Toro não mediu palavras.
— Senhor. Christophe não está bem — sotaque europeu. — Ele não
está...
Daniel deu um passo à frente e ela correu para trás, com pânico nos
olhos castanhos. Ele olhou dela para Toro e depois de volta.
— Pegue-a.
Toro não hesitou, agarrando-a pela garganta e batendo-a contra a
parede. Daniel foi até eles, segurando o queixo dela, forçando-a a

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encontrar seus olhos. Reconhecimento. Por que uma enfermeira sabia
quem ele era? — Você sabe quem eu sou.
Não era uma pergunta, mas ela tremeu. — Não. Não.
Ele sorriu. — Verifique Christophe. Ele vai precisar de uma nova
enfermeira — ele disse à Toro. Voltando-se para ela, ele sussurrou: —
Qual é o seu nome?
Seu peito arfava com respirações ofegantes, em cada sopro de ar que
atingia seu rosto. — A-Anna.
— Anna, eu sinto seu medo. Você me conhece e sabe do que sou
capaz. Vou perguntar apenas uma vez e você me dirá o que preciso saber.
Stavros Konstantinou. Quem o tem? E onde?
— Tío. — Toro apareceu. — O velho está fraco, mas está bem. A
nova enfermeira estará aqui em vinte minutos — ele se aproximou. —
Temos câmeras. Em toda parte.
Daniel inclinou a cabeça, encontrando o olhar aterrorizado de Anna.
— Câmeras. Sua obra, Anna?
— Por favor. Eu apenas fiz o que me disseram. Eu... — Lágrimas
rolaram pelas bochechas dela. — Me desculpe.
Ele estalou. — Todo mundo se arrepende quando é pego. Eu nunca
desculpo, Anna. Nunca. Agora... — Ele baixou a mão. Recuando. — Onde
ele está?
A enfermeira Anna exalou, alívio em seus olhos, em sua posição,
enquanto começava a falar, contando segredos. Nomes. Ele engoliu sua
raiva que aumentou mais a cada palavra que ela falava e quando ela
terminou, ele sorriu para ela.
— Obrigado, Anna.

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Ela devolveu o sorriso que congelou em seu rosto quando ele atirou
nela no estômago. Ela recuou apenas um passo antes de cair no chão, de
cara. Ele se aproximou e usou o pé para jogá-la de costas.
— Você sabe por que estou te matando, Anna? — Ele se ajoelhou
diante da cabeça dela, afastando os cabelos escuros do seu rosto.
Ela olhou boquiaberta para ele, mortalmente pálida, abrindo a boca e
fechando enquanto pressionava a mão na ferida.
— Porque você é cúmplice em tirar a pessoa mais importante do meu
mundo de mim. — Ele se endireitou, olhando para ela. Lágrimas vazaram
pelos cantos dos olhos enquanto ela tentava se afastar dele, tentando
deslizar de costas, usando as pontas dos pés. Daniel atirou nela novamente
e continuou atirando.
Até ele ficar sem balas. Então ele largou a arma vazia sobre o corpo
dela.
— Há câmeras aqui? — ele perguntou sem se virar para Toro.
— Sim. À sua esquerda, canto superior.
Daniel se virou nessa direção, olhando para a pequena câmera com a
luz vermelha piscando. Ele olhou para aquela luz vermelha, para a câmera,
com as mãos nos bolsos do casaco de lã preto e com o queixo erguido.
Quem estava assistindo, ele queria que eles soubessem, precisava que
eles soubessem...
Ele estava chegando.

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A desvantagem de ter dez dedos era que, quando alguém quebrava o
primeiro, fazia com que fosse muito mais fácil para eles continuarem.
Continuarem quebrando.
O tempo tornou-se uma ilusão. Stavros não sabia os dias ou as horas.
Tudo o que sabia era que estava em chamas. Suas extremidades doíam em
um nível que ele nunca havia experimentado antes. Jay e seus homens se
revezaram trabalhando nele, golpes que o entorpeceram, nocautearam e
acordaram-no de volta para suportá-lo novamente. Eles pararam de
alimentá-lo, nem mesmo com água, e ele definitivamente pode ser
tendencioso, mas preferia muito mais o seu tempo como cativo de Daniel.
— Eu quero esse nome. — Stavros distinguiu as botas de Jay através
de seus olhos inchados, de onde fora jogado em um canto depois de
desmaiar mais cedo. — Um nome e isso acaba. Vamos lá, cara.
Ao manifestar suas mentiras ele pensou que Stavros iria desistir e dar
o que ele queria. Fazia muito tempo que ele perdeu a capacidade de fazer
algo além de gemer depois que golpearam seu rosto, mas se conseguisse
usar sua língua, mandaria Jay chupar o seu pau.
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Jay se ajoelhou ao lado dele, apertando o rosto de Stavros entre os
dedos. — Não é tão intocável, não é? — Ele sorriu. — Quanto tempo você
acha que pode aguentar?
Até que Daniel o encontrasse. Ele tentou dizer isso a Jay, mas nada
saiu. Seu queixo provavelmente estava quebrado. Ele parou de sentir os
dedos dos pés há algum tempo, e os dedos, bem, eles estavam fodidos.
A mão de Jay se moveu de seu rosto para baixo, envolvendo o pescoço
de Stavros. — Se eu não precisasse desse nome, você já estaria morto.
Você sabe disso, certo? — ele sussurrou. — Eu estaria fazendo um favor
a tantas pessoas, acabando com você.
Stavros sorriu. Pelo menos, ele tentou o gesto que se desfez quando
Jay o apertou. Testando a princípio, em seguida, muito mais decisivo.
Ficar longe dele era impossível. Ele não estava contido, mas Stavros não
conseguiu se mexer. Doía piscar, consumia mais energia do que ele tinha.
Ainda assim, ele tentou rolar para longe, tentou levantar uma mão não
cooperativa para bater em Jay.
Ele foi incapaz de ajudar a si mesmo, com dor, contando os pontos
escuros que dançavam em sua visão enquanto sua respiração já agitada
ficava mais irregular.
— Chefe! Chefe, olhe!
A urgência naquela voz cortou o sangue batendo nos ouvidos de
Stavros. O aperto de Jay desapareceu. — O que é isso? — Jay parecia
petulante, como se alguém tivesse levado seu brinquedo favorito.
— É a transmissão da casa do tio. Olhe!
Foi um tremor que Stavros captou naquela voz aguda? Medo? Ele não
podia ver nada, mas ele se arrastou para frente, gemidos de agonia
rasgando por trás dos seus dentes cerrados. Tudo doía.

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Tudo.
— Isso é... Oh, merda! É ele. É o Daniel Nieto.
Ah. Uma mecha de algo quente serpenteava através de Stavros.
Orgulho. Amor.
— Há quanto tempo foi isso? — Jay exigiu.
— Meia hora? Quarenta e cinco minutos, talvez? Ela disse a ele. Veja
como ele olha para a câmera.
Eles estavam em pânico agora, e Stavros lamentou que ele não
pudesse ver isso em seus rostos uma vez que a realização ocorreu. Você
não podia ser um criminoso “decente” sem estar ciente de Daniel Nieto e
da longa e escura sombra que ele lançava e sua sede por derramar sangue.
Seu mandato como chefe do cartel mexicano era notório, e o submundo
do crime estava saturado das histórias de suas atividades. Das matanças
dele. Quem, em sã consciência, queria estar do lado ruim?
Não esses desgraçados.
— Estamos indo embora. Agora! — Jay latiu. Passos correram em
direções diferentes.
Não importa quanto tempo ou até onde eles correriam. Ele os
encontraria. Um pé caiu com tanta força em seu joelho esquerdo que ele
quase ficou de pé.
— Você não pensou que eu tinha esquecido de você, não é? — Jay
perguntou para ele. — Deixe Nieto vir. Ele não vai nos encontrar e com
certeza não vai te encontrar vivo.
Uma bala atingiu o peito de Stavros e essa dor varreu qualquer outra
que ele já sentiu até aquele momento. Quente, terrível e conclusiva. Jay e
os passos de seus homens retrocederam enquanto Stavros permanecia de

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costas no chão frio, o corpo tremendo, o sangue escorrendo em uma
piscina sob ele.
Tão perto. Ele esteve tão perto, não foi? Daniel estava chegando e
Stavros, ele estava cansado. Ele aguentou, resistiu. Mas as pontas dos
dedos eram inúteis agora, suas respirações cada vez mais curtas. Ele
nadava em agonia, encharcado de sangue, perdido pela dor. Ele queria
Daniel. Queria vê-lo, tocá-lo novamente. Se ele ainda tinha alguma luta,
concentrou-se nisso enquanto a escuridão atingia-o.
Um estrondo sacudiu o chão, despertando-o. O som mais bem-vindo.
— Está vazio. Não tem... Dios4.
— Diablo.
Ele gemeu, o som ficando cada vez mais alto quando alguém o tocou.
Não alguém, no entanto. Ele conheceria o toque de Daniel em qualquer
lugar.
— Tío, merda. Eles o foderam.
Só mesmo Toro para afirmar o óbvio. Stavros queria dizer a Daniel
que ele esperou por ele. Que sabia que ele viria. Mas ele estava afundando
no esquecimento, no alívio, onde quer que a dor residisse.
— Fique. Stavros, fique.
Ele nunca ouviu Daniel entrar em pânico. Nunca lhe deu uma razão
até agora e a injustiça doeu tanto quanto a bala de Jay. Lembrou-se de seu
medo quando Daniel levou um tiro durante uma emboscada na casa de
praia. Ele se lembrou daquele desespero. Daniel estava sentindo isso agora
e Stavros não queria nada além de corrigir isso.
Levar isso embora.

4
Deus, em espanhol.

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Mas ele não conseguiu. Ele não podia. Algo quente deslizou por seu
rosto, pingando em seu ouvido.
Lágrimas.
— Diablo. — Os lábios de Daniel roçaram seus olhos, colocando uma
mão sob a cabeça de Stavros para levantá-lo do chão. Ele parecia tão
destruído, tão distante.
Stavros virou-se para ele, em direção ao seu perfume, tentando pegar
emprestado um pouco de sua força, mas sua cabeça pendeu para trás, a
escuridão subiu e ele desceu ao mais convidativo vazio enquanto a voz de
Daniel ficava cada vez mais fraca.
Até que despareceu completamente.

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Stavros estava irreconhecível.
Rosto espancado até uma massa ensanguentada. Mandíbula fraturada,
dentes arrancados. Eles o quebraram, sua clavícula, braços, costelas. Até
os dedos das mãos e pés. Nada disso era potencialmente fatal. Não, era a
bala no peito, alojada em um local precário que exigia uma delicada
cirurgia de cinco horas. Foi isso que ameaçou tirá-lo de Daniel.
Tudo era uma névoa vermelha. Eles haviam entrado no armazém para
encontrar Stavros quase inconsciente no chão. Os covardes o
abandonaram lá enquanto corriam. Ele esperava que eles ainda estivessem
correndo, porque a raiva correndo por seu sangue exigia que ele os
perseguisse. Ele faria.
Mas agora?
Nesse momento, Stavros estava naquela cama de hospital, enfaixado,
o rosto machucado e roxo, os olhos fechados. Sua pele normalmente
bronzeada estava pálida. Daniel não conseguia ficar parado, mas ele
também não podia sair, então andou. Dia e noite. Stavros não abriu os

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olhos desde o armazém. Às vezes ele gritava ou tentava. Não havia muito
som, mas Daniel permaneceu perto o suficiente para ouvir.
Gritos abafados em seu sono.
O som sempre o fazia levantar, os nós dos dedos brancos e doloridos
enquanto ele fechava as mãos. Desamparo não era algo com o qual ele
tinha se familiarizado até esse momento. Não havia nada que ele pudesse
fazer. Nenhuma ameaça que ele pudesse fazer para que Stavros fosse
consertado e saísse daquela cama. Ele não podia assustar os médicos mais
do que ele já tinha. Porque ele ameaçou suas famílias e todas suas
linhagens se Stavros morresse na mesa de operações.
Se ele tivesse morrido...
Daniel inclinou a cabeça para trás e depois rolou o pescoço para tirar
algumas torções. Cinco dias foi una eternidad. Uma eternidade. Ele não
podia deixar de fazer o que precisava ser feito, então encarregou Toro de
encontrar aqueles homens que pensavam erroneamente que Stavros
Konstantinou estava sem ninguém para procurar vingança em seu nome.
Graças a Anna, a enfermeira plantada com o tio de Stavros, eles tinham
nomes que foram usados para tirar algumas fotos granuladas, então eles
tiveram algumas ideias sobre quem estavam procurando.
Eles apenas não os tinham encontrado ainda.
Eles encontrariam, no entanto.
Ele se virou em direção à cama, em direção ao homem que amava
deitado tão quieto e foi até ele, ajoelhando-se. Não era para ele tocar em
Stavros, não de acordo com os médicos, mas Daniel roçou seus dedos nos
dedos enfaixados. — Nós vamos encontrá-los, diablo — ele sussurrou. —
E você e eu vamos fazê-los sofrer. — O toque não era apenas para Stavros
sentir ele, mas também para Daniel poder senti-lo. Para se lembrar de que
Stavros estava com ele, apesar da quietude. — Stavros. — Ele engoliu
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em seco e inclinou a cabeça. Ele podia contar em uma mão as vezes que
ele chamou o amante pelo nome durante o relacionamento deles. — Está
ficando mais difícil respirar — confessou. — Você me destruiu. Você fez
isso para que eu não possa viver sem você. Você me deve sua vida e
ninguém mais tem direito a isso.
Ele queimou, raiva e medo em uma mistura quente na nuca, fazendo-
o suar por baixo da camisa. Ficar aqui - assistir Stavros lutar a certa altura,
lutar contra as enfermeiras que estavam apenas tentando arrumar sua cama
- foi uma das coisas mais difíceis que Daniel já havia feito. Mas ele
permaneceu trancado nesta sala, nunca saindo, guardas na porta, na
entrada principal e no telhado. Apesar de seus outros membros da família,
ele só tinha Stavros. E Stavros o tinha. Eles eram isso. Daniel protegeria
isso como deveria ter feito o tempo todo.
A culpa mostrou sua cabeça então. Não pela primeira vez. Ele deveria
estar lá, ele deveria ter feito aquela viagem a Nova York com Stavros. Ele
deveria ter feito muitas coisas. Torturado Bruce por mais tempo do que
ele fez. Aquela enfermeira também. A morte dela foi fácil demais.
— Você!
Ainda de joelhos, ele olhou em direção à porta e encontrou Christophe
apontando uma bengala trêmula para ele, Toro ao lado dele com uma
careta de desculpas.
— Tío, eu tentei parar...
— Como você pôde deixar isso acontecer? — Christophe estava frágil
e pálido, onde ele havia sido vibrante, sua doença e o tratamento afetaram
seu corpo. Quando ele não estava na cama, ele se movia cautelosamente
com a ajuda da bengala que agora estava nivelada na testa de Daniel. Seu
sistema imunológico estava comprometido, então eles tentaram mantê-lo
afastado por medo de mexer com sua recuperação, mas ele era um homem

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teimoso e, claramente, nenhuma quantidade de avisos dos médicos
poderia mantê-lo afastado. Daniel entendeu isso. — Meu sobrinho... —
Lágrimas rolaram sem controle pelo rosto dele. — Como isso pôde
acontecer? — A pergunta pareceu ser feita antes dele estreitar os olhos
molhados para Daniel. — Quem fez isto?
— O nome dele é Jay. — Daniel se levantou, mas não se aproximou
do velho. — Ele quer um nome que acha que Stavros tem. Sua enfermeira,
Anna. Ela trabalhava para ele.
Christophe inclinou a cabeça, o entendimento surgindo em seus olhos
a respeito do porquê Anna tinha estado com ele. O amor de Stavros por
seu tio teria sido visto como uma fraqueza. — Você cuidou dela?
Ele abaixou o queixo. — Sí.
O olhar de Christophe foi além do ombro de Daniel para a cama e o
homem nela, e o corpo do velho estremeceu enquanto suas feições
desmoronavam. Ele abaixou a bengala no chão com um baque e se apoiou
nela. — Ele teria visto essa ameaça chegando. — Quando seus olhos
voltaram aos de Daniel, estavam vermelhos e transbordando de culpa e
acusação. — Ele teria previsto isso se ele não estivesse aprisionado a você.
Amarrado em você.
Talvez isso fosse verdade. Talvez não fosse. Essas palavras rasgaram
Daniel.
— Ele me disse que você o amava — continuou o tio de Stavros. —
É verdade? Você o ama?
— Cuidado, velho. — Toro o repreendeu.

CL Traduções
— Todo está bien, Toro5. — Ele acenou para Christophe. — Sim. Eu
o amo. — De certa forma, essas três palavras nunca poderiam ser
suficientes.
— Então conserte isso! — Christophe gritou. Seu corpo tremia e ele
caiu em Toro, que agarrou seus ombros ossudos. — Conserte isso — ele
ofegou. — Faça-os pagar.
Isso era algo que Daniel poderia fazer. — Será feito. — Ele pegou o
olhar de Toro e sacudiu o queixo. — Deixe Toro te levar para casa. Você
precisa descansar.
— Eu vou descansar quando estiver morto. — Mas não havia calor
por trás das palavras e depois de um último olhar para Stavros, Christophe
permitiu que Toro o guiasse para fora da sala.
Daniel permaneceu no mesmo local, a cabeça baixa e as mãos
fechadas ao lado. — Se ele não estivesse aprisionado a você... — As
palavras ainda ecoavam na sala, caindo como um chicote nos ombros de
Daniel. Não poderia ser verdade, mas não importava. Ele sentiu essas
palavras. Sentiu a responsabilidade e a culpa que Christophe colocou a
seus pés.
— Tío. — Toro apareceu diante dele, o olhar fixo.
Daniel se endireitou, inspirando profundamente. — Notícias?
Seu sobrinho balançou a cabeça. — Nada ainda.
Não era o que ele queria ouvir.
— Tío. — Toro tocou seu ombro. — Você não acredita no que o velho
disse, não é? Você sabe que não é verdade — ele apontou para a cama. —
Ele não se sentiria assim.

5
Está tudo bem, Toro. Em espanhol.

CL Traduções
— Toc. Toc. — Duas enfermeiras entraram na sala, parando quando
viram Daniel e Toro. Uma delas era familiar, jovem, com cabelos
castanhos encaracolados e um sorriso perpétuo no rosto redondo que
corava sempre que ela olhava para Toro.
Como agora.
— Precisamos ajustar seus remédios e verificar o ferimento — disse
ela a Daniel. — O médico chegará em breve para falar com você.
Ele assentiu e saiu do caminho, puxando Toro com ele para o lado.
Juntos, eles assistiram uma das enfermeiras mexer com o gotejamento
intravenoso de Stavros enquanto a outra registrava as coisas em um
gráfico. Mas quando elas começaram a bisbilhotar a incisão no peito,
Stavros começou a fazer aqueles sons de cortar o coração. Os gemidos
despedaçados em sua garganta que não chegavam aos lábios. Sua cabeça
balançava de um lado para o outro nos travesseiros e seus olhos reviravam
atrás das pálpebras fechadas. Daniel foi até ele, alisando os cabelos,
passando os lábios sobre a testa dele.
— Senhor, você não pode...
— Não tente detê-lo. — Toro disse a quem falou. — Apenas aceite
que isso vai acontecer. Façam o que vocês precisam. Rapidamente. —
Elas trocaram o curativo de Stavros e, durante todo o tempo, seu amante
gritou sem acordar.
— Nós demos a ele mais morfina. Ele se acalmará em breve.
Não era suficiente. Nunca seria “em breve” o suficiente. Daniel doía
por ele, com ele, e aquela dor de segunda mão congelou sua respiração e
enrijeceu seus membros, para que ele pudesse imaginar o que isso fazia
com Stavros.

CL Traduções
— Estou aqui — ele sussurrou as palavras destinadas apenas a Stavros
no ouvido de seu amante. — Sempre aqui, Diablo. Não vou a lugar
nenhum, a menos que você esteja comigo, então volte. Temos sangue para
derramar. Túmulos para cavar. Corpos para enterrar.
Alguém engasgou.
Ele ignorou.
— Vocês terminaram aqui? — Toro perguntou às enfermeiras. —
Vocês podem sair se terminaram, e tenho certeza de que não preciso avisá-
las sobre o compartilhamento do que vocês veem e ouvem nesta sala.
Certo?
Daniel confiou em seu sobrinho para garantir que eles estavam
seguros, porque ele não podia. Ainda não. Seu único foco tinha que ser
Stavros. Um clique na porta sinalizou a partida das enfermeiras, mas ele
permaneceu amontoado na cama ao lado de Stavros, tomando cuidado
para não empurrar e machucar seu amante. Ele beijou a orelha de Stavros
e depois se virou para Toro, que estava ao pé da cama, olhando seu celular.
— Christophe?
— Levamos ele de volta para o local. Quatro guardas com ele.
Eles haviam movido o velho de sua própria casa e o protegido em um
local diferente, em algum lugar mais perto do hospital e fortemente
vigiado. Stavros amava seu tio. Daniel não podia deixá-lo se machucar.
— Enviei informações a todos os nossos associados — disse Toro. —
Temos olhos nos aeroportos e nas estações de trem e ônibus. Onde quer
que esses bastardos estejam escondidos, nós os encontraremos.
— Certifique-se de que nosso pessoal saiba que não deve atacá-los,
caso os localizar. — Daniel tinha que ser o único a fazer isso, de
preferência com Stavros ao seu lado. Isto pertencia a eles.

CL Traduções
Toro assentiu. — Eles sabem. — Ele hesitou, colocando seu celular
no bolso e balançou em seus pés.
— O que foi?
Toro apertou os lábios. — Você não acredita nele, acredita?
Christophe, o que ele disse.
— Não é verdade? — Daniel voltou a olhar para Stavros, que
sucumbiu aos medicamentos e estava dormindo, com o rosto
aparentemente congelado em uma careta de dor. — Eu sou o parceiro dele.
Eu deveria ter estado ao lado dele.
— Não, você não deveria. — Toro puxou uma cadeira e caiu nela,
inclinando-se para a frente com os cotovelos nos joelhos. — Tío, Stavros
é bom no que faz. Não só isso — ele levantou a mão no ar. — Ele é o
melhor no que faz, e foi traído por alguém em quem confiava.
Alguém que ele não deveria ter confiado. A raiva de Daniel por Bruce
aumentou, e ele pulou da cama e começou a andar.
— Tío, ele de modo algum viu isso acontecer. Então você também
não teria.
— Mas eu deveria estar lá! — ele rugiu. — Eu deveria estar lá, Toro.
Ele ficou sozinho o tempo todo, pensando que morreria... — Tão rápido e
ferozmente quanto as palavras vieram, elas o deixaram, e ele apenas ficou
lá, olhando para a cama. Para Stavros. Ele tentou pensar no que isso
significaria, na vida sem Stavros. Ele tentou imaginar isso. Este homem
tirado do seu lado, de sua vida. A forma como seu coração se sentiria
conforme seu peito desabava em cima dele. Como agora. A maneira como
seus ossos doeriam. Como agora. — Eu o quero de volta. Eu o quero de
volta — ele disse à Toro. — Eu o quero de volta.
Toro pulou da cadeira e o abraçou com força. — Eu sei.

CL Traduções
Ele não se permitiu conforto desde que encontraram Stavros no
armazém. Seu amante não tinha, então por que ele deveria? Mas ele se
agarrou a Toro agora. Ele cedeu à tristeza que de repente tomou conta de
todo o resto.
— Ele vai voltar. — Toro fez promessas que não tinha direito, mas
Daniel as absorveu mesmo assim. — Ele vai voltar para você, ele te ama
demais.
Era demais esse amor? Se isso cegou Stavros para coisas que ele teria
visto de outra forma? Daniel se afastou quando o celular de seu sobrinho
tocou. Toro respondeu quando Daniel voltou para Stavros, traçando a
sobrancelha direita com um dedo.
— Foram os guardas na entrada principal — disse Toro ao encerrar a
ligação. — Temos uma visita.
A testa de Daniel franziu. — Quem?
— Elias Kote.

CL Traduções
Daniel conhecia muito poucos homens cuja reputação os precedia em
uma sala. Elias Kote era um desses homens, e ele atravessou as portas do
quarto de hospital de Stavros com três dos homens armados de Daniel ao
seu redor. Cabelo ruivo preso em um rabo de cavalo, camisa branca aberta
na garganta mostrando seu peito tatuado, Elias estava com as duas mãos
nos bolsos de sua calça escura e encarou Daniel, mas seu olhar travou em
Stavros naquela cama.
— Elias Kote. — Daniel dispensou os guardas com uma inclinação do
queixo. — Por que você está aqui?
Quando os guardas saíram, a enfermeira corada entrou correndo na
sala. — Senhor, você tem que sair — ela se dirigiu a Elias. — O paciente...
— Toro.
— Tratarei disso. — Toro acenou para a enfermeira, que olhou de
Stavros para Toro e de volta, obviamente confusa. — Eu tenho uma
pergunta. — Toro disse a ela, então ele se inclinou, sussurrando algo em

CL Traduções
seu ouvido que a fez corar em um vermelho brilhante. Ela correu para fora
da sala e Toro piscou para Daniel antes de segui-la e fechar a porta.
Daniel voltou a se concentrar em Elias. — Por que você está aqui?
A mandíbula de Elias se contraiu quando seu olhar encontrou o de
Daniel. — Pensei que fosse um boato. Tinha que ver por mim mesmo.
Daniel estreitou os olhos. — Você está aqui para se gabar? — Não
havia amor perdido entre Stavros e Elias, ele sabia disso. Eles cresceram
juntos e foram treinados para matar pelo pai de Stavros. Eles foram
amantes em algum momento, e Elias matou a família de Stavros depois
que foram atrás de seu marido e filha. Esse ato cortou qualquer vínculo
tênue que os dois pudessem ter.
Os frios olhos azuis de Elias se fixaram em seu rosto. Ele se aposentou
como assassino, mas a serenidade ao seu redor permanecia. — Não é uma
coisa cotidiana, Stavros Konstantinou fraco e vulnerável.
Daniel se aproximou dele, entrando em seu espaço enquanto falava
com uma calma que não sentia. — Essas são duas coisas que ele nunca
será.
— Certo. — Os lábios de Elias se curvaram. — Eu gosto de como
você diz isso com uma cara séria, como se ele não estivesse naquela cama
agredido e quebrado. — Seus olhos zombavam de Daniel e foi necessário
tudo dele para não arrancar aquele sorriso no rosto com a faca que Stavros
havia lhe dado de presente. Um quarto de hospital não era o lugar para
isso. Elias também não era o verdadeiro alvo para sua necessidade de
violência.
Embora o ex-assassino estivesse insistindo.
— Vou perguntar apenas mais uma vez. Por que você está aqui?

CL Traduções
— Percebi que nunca estendi minhas condolências. — Elias recuou.
— O envolvimento com Stavros come você pouco a pouco por dentro, até
que você fica vazio e esgotado. E então - se você tiver muita sorte - os
associados a ele tentam matá-lo. — Algo mudou atrás de seus olhos.
Memórias sombrias.
— Nós não somos os mesmos, Sr. Kote. — Daniel era bem ciente dos
eventos que levaram ao rompimento de quaisquer laços que Elias e
Stavros compartilhavam. — Por um lado, eu não teria trazido inocentes
para um mundo como o nosso. — Ele se referia ao homem com quem
Elias se casou. Os filhos que eles criavam agora. — É aí que reside a
verdadeira fraqueza. A vulnerabilidade — ele jogou as palavras de Elias
de volta para ele, sua cabeça inclinada enquanto ele permitia que o mais
simples dos sorrisos tocasse seus lábios. — Eu pensei que você já tinha
aprendido essa lição, mas estou preparado para ensiná-lo.
Elias deu uma risada. — Tenho certeza que você pensa que está, mas
você não está preparado para lidar com um homem que tem tanto a perder
quanto eu. — Ele soltou um suspiro e esfregou o meio da testa com dois
dedos. — Estou aqui apenas porque meu marido acha que eu deveria estar.
Ele acha que eu deveria fazer a coisa certa. Ele e nossos filhos são as
únicas pessoas pelas quais eu faria a coisa certa.
Daniel ficou em alerta. — Então você não está aqui para se gabar?
— Oh, eu estou. Acredite nisso. — Elias passou os dedos pelos
cabelos, soltando-os do rabo de cavalo. — Mas também estou aqui porque
sei por que Stavros foi pego.

CL Traduções
— E Toro acha que devemos removê-lo deste lugar, caso alguém
venha procurá-lo. — Daniel passou o dedo de um lado para o outro sobre
o rosário que ele enrolou no pulso flácido de Stavros. Sob seu toque, o
pulso do outro homem era forte e constante. Os médicos disseram que ele
estava indo bem. O ferimento de bala no peito estava sarando muito bem,
assim como a mandíbula, o braço esquerdo quebrado e a clavícula. Era
tudo um jogo de espera.
Esperando ele abrir os olhos.
Falar.
Até agora, nada disso estava acontecendo e Daniel lutou contra suas
próprias frustrações, suas próprias preocupações.
— Eu acho que a enfermeira tímida está deixando Toro frustrado —
disse ele a Stavros adormecido. — Ela é linda, mas inocente. A inocência
não atrai Toro. — Conversar também ajudou a distraí-lo da visita que teve
com Elias Kote ontem. O ex-assassino havia acumulado um conhecimento
e entendimento do submundo do crime que Daniel invejava em um
momento como este. Mas Elias tinha detalhes sobre por que Stavros foi
traído por Bruce, por que ele foi emboscado, por que aqueles homens
queriam as informações que eles queriam.
Cada pedaço que Elias compartilhava apenas enfureceu mais Daniel.
Ele questionou por que Elias escolheu compartilhar, mesmo considerando
por um momento que ele poderia estar envolvido para ferir Stavros do
mesmo modo que Stavros o machucou. Dando um passo para trás,
limpando o cérebro para pensar com clareza, Daniel finalmente teve que
reconhecer que Elias não queria mais fazer parte de Stavros e daquele
mundo. Ele não colocaria sua família no tipo de retaliação que Daniel
montaria contra ele.

CL Traduções
— Gostei de Elias — ele compartilhou enquanto se mexia na cama.
Ele se amontoou ao lado de Stavros e teve que estar ciente de todos os
movimentos, tomando cuidado para não empurrar muito, pois Stavros
ainda estava se recuperando. Toro mantinha as enfermeiras ocupadas,
flertando incansavelmente com elas. Quando isso não funcionava, ele
oferecia dinheiro para que ignorassem o que viam e ouviam na sala.
Seu sobrinho era um bom homem, um que Daniel tinha entregue nas
garras de Seraphina Cook. Ele sabia que Toro queria a mulher mais velha,
mas Daniel não viu como isso iria acontecer. Então ele se lembrou de onde
estava, com quem, e deu de ombros mentalmente.
Vai acontecer como deve acontecer.
Petra dizia isso para ele o tempo todo e o lembrete dela - não que ele
realmente precisasse de um - o fez inclinar a cabeça sobre a mão de
Stavros, que ele segurava entre as suas.
— Acorde para mim, diablo. Já esperei muito por você.
Ele não conseguiu nada além do bipes constantes das máquinas.
De lado, ele colocou a boca o mais perto possível da orelha de Stavros,
sem machucá-lo. — Há homens em algum lugar lá fora que te
machucaram. Eles não podem continuar respirando, diablo. Eles não
podem continuar rindo, sorrindo e sendo felizes com seus entes queridos
quando a perda de sua voz e seu toque me deixa vazio. Eles devem pagar
e devemos fazê-lo juntos — ele engoliu em seco contra as emoções duras
que o mantinha nesta cama, dia e noite, implorando que Stavros voltasse
para ele. — Abra seus olhos. — Seus papéis foram invertidos uma vez.
Foi Daniel que estava na cama do hospital e Stavros implorando para que
ele acordasse.
Ele esfregou o peito em um movimento circular, tentando aliviar o nó
dolorido que se recusava a ceder.
CL Traduções
Ficar sentado esperando não era o estilo dele. Outra pessoa fazendo o
que ele deveria estar fazendo não era o seu estilo. Ele coçava para sair de
lá, para encontrar os homens que tentaram tirar Stavros dele. Mas essa
coceira não era tão insistente quanto o desejo de garantir que Stavros
estivesse seguro. Não era maior do que sua necessidade egoísta de ser o
que Stavros visse primeiro quando decidisse finalmente abrir os olhos.
Eles não tinham muitos amigos e familiares próximos - Stavros mais do
que ele - mas eles tinham um ao outro antes de qualquer outra coisa, e ele
não podia abandonar Stavros e escapar e satisfazer sua sede de sangue.
Por mais que demorasse, ele ficaria nessa cama desconfortável,
sussurrando coisas para Stavros até que seu parceiro voltasse para ele.
Ele roçou os lábios sobre a testa de Stavros e depois recostou-se com
a cabeça apoiada no ombro de Stavros.
A porta se abriu e Toro entrou, fechando-a suavemente atrás dele. —
Tío. — Toro olhou de Stavros para Daniel, seu olhar brilhando com
antecipação.
Daniel saltou para a posição vertical.
— Encontramos um deles.
Ele saiu da cama. — Quem? Onde?
— Um de nossos colaboradores em Washington conseguiu...
As máquinas da sala enlouqueceram, os bipes acelerando. Daniel se
virou. A cabeça de Stavros balançava para frente e para trás enquanto ele
gemia, alto e dolorido.
— Diablo! — Daniel correu para seu lado, segurando a parte de trás
de sua cabeça. — Stavros — a mão dele tremia, a voz embargada. — Por
favor... — Ele viu isso acontecer, os cílios tremulando, a luta no rosto
quase curado de Stavros. Ele se preparou para isso, observando os olhos

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rolarem por trás das pálpebras fechadas, mas quando os cílios escuros
finalmente se levantaram...
Quando olhos cinzentos sem foco se fixaram em seu rosto, Daniel
engasgou. — Stavros. — Ele não queria piscar, mas seus próprios olhos
ardiam, a visão nadando em umidade por um momento. O alívio ameaçou
derrubá-lo em sua bunda e ele involuntariamente enterrou os dedos na
nuca de Stavros.
Stavros piscou para ele com uma careta, abrindo a boca. Nenhuma
palavra saiu e ele levou a mão enfaixada ao rosto de Daniel, dedos
instáveis traçando suas sobrancelhas, nariz, lábios.
— Estou aqui. — Daniel sussurrou contra as pontas dos dedos. —
Estou aqui, diablo. Toro... — ele se dirigiu ao sobrinho, nunca quebrando
o contato visual com Stavros. — Chame o médico. A enfermeira. —
Alguém. Todos. Quando as portas se fecharam atrás de Toro, Daniel se
arrastou de volta para a cama, colocando a testa contra Stavros. Tremendo.
Incontrolavelmente. — Eu senti sua falta — deslizando uma mão pela
bochecha de Stavros, ele enviou uma oração de agradecimento a quem
estivesse ouvindo. — Eu senti sua falta.
A pressão instável da mão de Stavros em seu braço foi o melhor
presente que Daniel já havia recebido.
— Eu... eu estou bem. — O discurso de Stavros foi hesitante,
arrastado. — De-desculpe por fazer você se preocupar... — Ele parou,
tocando sua própria boca. — Por quê?
— Você estava com o queixo quebrado. Os médicos tiveram que
realizar uma cirurgia. Eles vão...
A porta se abriu e quase meia dúzia de pessoas entraram. Médicos.
Enfermeiras.

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— Senhor, se você pudesse... — Alguém afastou Daniel da cama e ele
deu um beijo no nariz de Stavros antes de sair.
— Dan... — Stavros estendeu a mão para ele.
— Eu estou bem aqui. — Ele estava do outro lado da sala, mas dentro
da linha de visão de Stavros. — Eu nunca irei embora. Deixe que eles
cuidem de você. — Ele assentiu para os outros.
Stavros não desviou o olhar dele, nem uma vez, enquanto os médicos
o examinavam e a enfermeira verificava seus sinais vitais. Como sua fala
estava afetada pela cirurgia, eles o fizeram responder “sim” ou “não” a
perguntas em um tablet. Essa foi a única vez que ele desviou os olhos de
Daniel e, mesmo assim, ele levantava a cabeça a cada poucos segundos,
como se quisesse checar se Daniel ainda estava lá.
E ele certamente estava.
Stavros era o único naquela cama, mas ele ainda estava preocupado
com Daniel.
Passou bem mais de vinte minutos quando o médico saiu depois de
comentar sobre o grande progresso que Stavros estava fazendo e prometeu
voltar a vê-lo no dia seguinte. Ele prescreveu novos antibióticos e
analgésicos para controlar a dor e disse que Stavros seguiria uma dieta
suave por alguns dias. Pela maneira como ele franziu a testa, Stavros não
estava feliz com isso.
Depois que ele foi alimentado e o medicamento administrado, Daniel
finalmente ficou sozinho com Stavros. Ele subiu na cama, segurando a
mão de Stavros na dele e trouxe os dedos enfaixados aos lábios.
— Encontramos um deles.
Stavros assentiu ansiosamente.

CL Traduções
— Nós vamos esperar. Até que você esteja melhor. Iremos fazer isso
juntos. Sí?
— Sim. — Stavros engoliu em seco, então seu olhar caiu para o pulso
onde Daniel havia colocado o rosário de Petra. Ele tocou timidamente,
perguntas em seus olhos.
— Ela me deu você — Daniel disse suavemente. — Você e ela... son
mi corazón6. — Ele tocou seu peito.
Stavros sorriu, embora seus olhos estivessem se fechando, o rosto
ficando relaxado quando ele se recostou no travesseiro. — Eu amo você
— ele murmurou.
Daniel beijou-o, o mais suave toque de seus lábios. — Te amo.
Descanse e eu estarei aqui quando você acordar. Siempre. — Sempre.
Stavros fez, sua mão direita agarrando a camisa de Daniel como se
estivesse com medo dele desaparecer. Ele adormeceu imediatamente.
Daniel observou o peito subir e descer. Ele observou o pulso em sua
garganta bater de forma constante.
Ele contou essas batidas até não poder mais, até o alívio e a exaustão
tomarem conta, e ele colocou a cabeça ao lado de Stavros e fechou os
olhos.

6
São meu coração, em espanhol.

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Três semanas era muito tempo para estar em um hospital. Parecia
ainda mais longo quando tudo o que você queria era atravessar aquelas
portas e sair, encontrar as pessoas que colocaram você naquela cama
estreita e ajustável, e destruí-las quando tentaram destruí-lo.
E eles tentaram.
E se eles tivessem conseguido? Às vezes Stavros achava que essa
resposta só poderia ser afirmativa. Desde o primeiro momento que ele
abriu os olhos, ele estava vivendo em analgésicos pesados. Dormindo
apenas por causa disso. Dia após dia, ele aprendeu a esconder melhor sua
dor, para não precisar ver o pânico controlado nos olhos de Daniel. A dor
havia diminuído agora, reduzida a uma dor maçante e irritante.
Daniel nunca deixou seu lado, nem uma vez.
E depois de três semanas, parecia bastante asfixiante. Aquela cama,
as quatro paredes, os mesmos rostos das enfermeiras e dos médicos que
entravam e saíam da sala. A preocupação de Daniel. Essas coisas pareciam
o pé de Jay no pescoço dele enquanto ele lutava para respirar. Ele queria

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sair. Queria o sol, mas ele se contentaria com a chuva. Queria ver o céu,
mas ele aproveitaria as nuvens também.
Ele havia perdido a conta das cirurgias, mas mesmo tendo acabado
com isso e se sentido melhor do que se sentia há muito tempo, os médicos
ainda não haviam mencionado quando ele poderia sair. Isso tinha que
mudar. Ele ficou nessa merda por tempo suficiente. Ele tinha negócios
para lidar, muita coisa para consertar. Seu tio estava lá fora, lidando
sozinho com sua doença.
Enquanto Stavros estava deitado nessa cama.
Sufocando.
— Diablo.
Ele não precisou abrir os olhos para poder ler a expressão no rosto de
Daniel, mas Stavros o fez mesmo assim. As sobrancelhas abaixadas, olhos
estreitos vendo mais do que Stavros queria que ele visse. Perguntas que
Stavros não quis responder.
— Eu quero ir para casa — disse ele suavemente. — Para a casa de
praia. — Ele teve que reduzir as falas e comer alimentos dissolvidos,
ordenado pelos médicos, para ajudar sua mandíbula a curar. Mas ele
estava bom agora, apenas um pouco mais lento com suas palavras.
Daniel acariciou a mandíbula de Stavros e ele se inclinou para isso.
Ele sentiu falta das mãos de Daniel nele. Nesse lugar, ele não conseguiu
ser tocado da maneira que queria, então as impressões das mãos de Jay
continuaram como marcas de reivindicação. Os leves toques de Daniel
quase não fizeram nada para limpá-lo.
— Você não pode sair até que os médicos digam. — Daniel se
inclinou, olhando profundamente em seus olhos. — Você deve melhorar
primeiro. Eu preciso de você melhor.

CL Traduções
E agora ele não estava.
Stavros fechou os olhos. — Quando eu estava na sua masmorra, nunca
tive medo. Eu sabia que você ia me fazer sofrer, eu sabia que você ia me
matar. Você poderia ter queimado aquele lugar e eu não me importaria se
eu conseguisse sair. Nunca tive medo. — Ele tinha sido forte na época.
Forte o suficiente para deixar seu velho orgulhoso, que Deus guarde sua
alma. Reabrindo os olhos, ele disse a Daniel: — Eu me preocupei desta
vez.
— Diablo. — Daniel abaixou a cabeça até que suas testas se tocaram,
até que seus narizes roçaram e seus lábios ficaram mais perto.
— Eu estava com medo. — Ele admitiu agora a Daniel o que ele não
conseguia reconhecer antes. — Eu tinha medo que eles me matassem
antes que você viesse — ele apertou a frente da camisa de Daniel enquanto
confessava em um sussurro: — Eu tinha medo que você viesse e eles te
machucariam. Eu tinha medo de que me amar te colocasse onde eu nunca
quis que você estivesse, na linha de fogo destinada a mim.
— Não. — Daniel inclinou-se para o lado, segurando o rosto de
Stavros com ternura. Seus olhos negros brilhavam com todas as coisas que
Stavros tinha estado desesperado para ver novamente. Ele não duvidou
que Daniel viria por ele. Ele apenas questionou se estaria respirando
quando esse momento chegasse. — Nós somos quem somos, Diablo. O
medo é bom. O medo mantém você lutando, — seus dedos bateram contra
a pele de Stavros. — Eu também estava com medo e, como você, me
manteve alerta. Me ajudou a fazer o que precisava ser feito, porque farei
qualquer coisa por você. Assim como eu sei que você fará qualquer coisa
por mim.
O medo era uma fraqueza. Uma arma a ser tomada e empunhada pelos
insensíveis. Seu pai tinha perfurado isso nele antes dele aprender suas

CL Traduções
cartas. Sob os punhos de Jay, Stavros teve tempo de pensar, de colocar um
nome para o aperto que sentiu em seu peito no momento em que
reconheceu seu amor por Daniel Nieto.
Medo.
Tudo poderia ser destruído sem aviso prévio. Ele não tinha visto a
traição e isso foi estupido de sua parte quando ele era quem ele era.
Quando ele fazia as coisas que ele fez. Para as pessoas que ele tinha feito.
— Eu não me sinto forte. — Ele se virou para Daniel, enterrou o rosto
em seu pescoço e repetiu as palavras. Parecia muito com fraqueza. Que
tinha que ser, certo? Porque se ele não era forte, o que mais ele era além
de um maldito fraco confinado a uma cama, enquanto as pessoas que
tentaram matá-lo andavam por aí livremente? — Eu não me sinto forte.
A mão de Daniel deslizou por suas costas enquanto ele emitia um som
baixo na garganta. — Você não precisa ser, Diablo. Não o tempo todo.
Não aqui comigo. — Ele abraçou Stavros, para que eles estivessem de
lado, com as frentes pressionadas enquanto sua mão continuava sobre a
bunda de Stavros. Nada de errado com o equipamento dele, porque o
corpo de Stavros agitou com o contato. — Mas se você quiser, minha força
é sua. Sempre sua.
— Eu quero — ele sussurrou. — Eu quero você.
— Pegue. Me tenha. — Ele amava quando Daniel Nieto sorria.
Amava tanto, então Stavros o beijou. Os dedos de Daniel apertaram
sua bunda quando seus lábios se separaram. Deus. Ele sentiu falta deles.
Sentiu falta do jeito que eles se amavam. Esse beijo foi gentil, cuidadoso,
tão carinhoso que Stavros quis chorar. Ele queria subir em cima de Daniel
naquela cama estúpida e montá-lo.

CL Traduções
Ele não tomava banho há muito tempo. As enfermeiras davam banho
de esponja uma vez ao dia e Daniel precisava ajudá-lo ir ao banheiro,
devido às suas pernas ainda estarem se curando, ajudando escovar os
dentes e usar o banheiro. A língua de Daniel em sua boca o fez querer
deixar esse lugar ainda mais. Ansiava por sentir Daniel em todos os
lugares, prová-lo também. Não que beijar e dar amassos não tinha um
certo charme, mas ele queria foder e ser fodido.
Ele deslizou mão em Daniel, segurando-o e apertando-o. Seu amante
grunhiu em sua boca, resistindo ao aperto.
— Diablo. — Ele estremeceu tão bem.
— Eu sinto sua falta — disse Stavros. — Sinto sua falta.
— Eu também. — Segurando a nuca dele, Daniel mordeu seu lóbulo
da orelha. — Eu vou ter você em breve. Ok? Em breve. — Seus dentes
passaram pelo pescoço de Stavros e ele gemeu.
Deus. — Sim, por favor.
Uma batida soou na porta. — Sr. Konstan... — A enfermeira com a
paixonite por Toro entrou. Ele não sabia por que ela se incomodava em
bater quando nunca esperava para entrar. Ela corou quando viu a mão dele
no pau de Daniel. — Uh, senhor. Você não pode...
— Pare de me dizer o que posso e o que não posso fazer. — Ele
desenrolou os dedos daquele precioso - preciosíssimo pau e olhou para
ela.
— Diga-me quando eu posso sair deste lugar.
Sua pele apenas brilhou em um vermelho mais brilhante. — O médico
está subindo para vê-lo. — Ela limpou a garganta, os olhos se afastando
deles. Como ela era tão inocente? E ela queria Toro? Ele a comeria viva.
Por outro lado, ela pode muito bem gostar desse tipo de coisa.

CL Traduções
— Qual médico está vindo? — Ele tinha um monte de médicos, todos
eles flutuando ao redor dele o tempo todo. Ele não perguntou, mas ele
sabia que Daniel havia lançado algumas ameaças em todas as direções,
nenhum dos médicos faziam contato visual quando falavam e todos
gaguejavam enquanto Daniel pairava com uma carranca no rosto.
— Oh, hum... — A enfermeira olhou para o tablet na mão. — Todos
eles?
— Isso é uma pergunta?
Ela não teve a chance de responder, porque uma pequena multidão
entrou na sala. Ele se viu de volta ao microscópio enquanto os médicos
conversavam entre si, conferindo como estava o exame de sua cabeça, a
ferida de bala em seu peito e cada polegada dele nesse meio tempo. Eles
consultaram testes e essas merdas conforme ele tentava prestar atenção.
Daniel havia contado a ele sobre um dos caras que haviam encontrado.
Ele estava sendo vigiado até Stavros estar pronto. Ele tinha que estar mais
do que pronto. Ele tinha que estar no seu melhor quando ele e Daniel
partissem em sua missão. Ele não pararia até que Jay e todo maldito corpo
que ele conhecesse, todo mundo que ele amasse, fosse derrubado. Isso era
pessoal e ele não dava a mínima para o que tinha que fazer.
Uma lição deve ser ensinada.
Não deveriam ter fodido com ele.
— ...Nós vamos liberá-lo para casa amanhã.
Ele se animou, voltando à conversa em volta dele. — O que?
— Eu preciso vê-lo andando sozinho — disse o Dr. Mandieves. —
Vamos ver como você está hoje sem ajuda. Se for o que eu quero ver, você
pode ir para casa amanhã — ele se virou para dois enfermeiros, um deles
do sexo masculino. — Ajude-o a se levantar.

CL Traduções
Merda. Ele estava pronto para dar o fora da cama, mas não o fez. Ele
aceitou a ajuda e ficou de pé. Ele balançou um pouco quando o soltaram,
mas conseguiu ficar de pé e andar - até a porta e voltar, curvando-se para
tocar os dedos dos pés - sob as instruções e o exame médico. Ele ainda
tinha alguma dor, mas com certeza não estava tão ruim quanto antes.
Ele se sentiu bem, ainda mais com a possibilidade iminente de voltar
para casa.
— Ok. — O Dr. Mandieves sorriu e anotou algo em seu prontuário.
— Quero que você faça isso a cada duas horas, as enfermeiras aparecerão
para ajudar. E acho que você definitivamente voltará para casa amanhã
com alguma fisioterapia de acompanhamento. Progresso maravilhoso.
Stavros permaneceu de pé quando todos partiram, até que apenas seu
homem permaneceu. E quando Daniel ficou na frente dele, sorrindo
aquele sorriso que Stavros gostava de considerar pertencer apenas a ele,
passou os braços em volta da cintura fina de Daniel, o rosto em sua
garganta.
Daniel o segurou com tanta força.
Eles estavam em uma espécie de padrão de espera, esperando que
Stavros se recuperasse, pela melhora antes de colocar qualquer coisa em
movimento. Mas não por muito tempo. Ele estava prestes a ser solto.
Ele levantou a cabeça. — Ligue para Toro.
Daniel beijou o seu nariz e fez exatamente isso, enquanto Stavros
estava sentado na beira da cama, observando-o. Seu amante parecia
exausto. Stavros dormiu, mas parecia que Daniel nunca teve a mesma
oportunidade. Ocupado se preocupando com Stavros, lidando com todo o
resto. Ele não estava se cuidando, muito focado em Stavros.

CL Traduções
Então isso tinha que mudar, porque ele também precisava do seu
homem em boa forma.
— Ele está a caminho.
Stavros pegou Daniel pela cintura e o incentivou a se aproximar até
ficar entre as pernas dele. — Quando foi a última vez que você dormiu?
Daniel deu de ombros. — Ontem à noite, por algumas horas.
— Eu preciso que você descanse por mim, ok? Encontre um lugar
calmo por aqui ou vá a um hotel, mas preciso que você esqueça todo o
resto e descanse.
Daniel passou os dedos pelos cabelos de Stavros. — Eu descanso
quando você descansa.
Ele pegaria isso. Por enquanto. — Ok.
Toro estourou através das portas. — O que está acontecendo?
— Parece que eu vou estar recebendo alta amanhã. — Stavros disse a
ele. — Me atualize — quando o olhar de Toro se voltou para Daniel,
Stavros estreitou os olhos. — Não olhe para ele. Olhe para mim. Me diga
o que está acontecendo.
— Com as informações que recebemos de Elias, eu tenho...
Elias? — Espere. Que informação? Você falou com Elias? Meu Elias?
— Eu não falei...
— Ele veio aqui. — Daniel interrompeu Toro. — Para falar comigo.
E ver você também.
— Que diabos? Quando foi isso? Por que estou ouvindo sobre isso
apenas agora? — A separação dele e de Elias não foi muito boa, então não
deveria haver razão para o seu ex aparecer. A menos que... — Toro, saia.

CL Traduções
— Ele não esperou para ver se Toro se mexeu. Stavros voltou a olhar para
seu amante. — Explique-se. E porra, é melhor você fazer isso.

CL Traduções
O fogo estava de volta aos olhos de Stavros. Uma carranca feroz
torceu suas feições. Daniel se viu enlaçado, tendo perdido isso por tanto
tempo. Ele tocou Stavros, traçando a curva de sua mandíbula com a ponta
de um dedo. Se ele soubesse que a menção ao ex-amante de Stavros teria
provocado esses incêndios, ele já teria mencionado Elias antes. Mas ele
queria esperar, para garantir que ele tivesse suas próprias informações e
sustentar o que Elias compartilhou com ele.
— Você está enrolando.
Ele sorriu. — Não. Estou tocando em você. — Ele deslizou o polegar
sobre o lábio inferior de Stavros. — Devo parar?
Os olhos de Stavros brilharam. Seus cabelos pretos e ondulados
haviam crescido, caindo nos olhos. Todas as manhãs, Daniel o ajudava a
ir ao banheiro para fazer a barba. Era uma coisa tão comum, de pé na porta
com os braços cruzados, observando Stavros fazer suas coisas no espelho
do banheiro, ajudando-o a voltar para a cama. Também era algo que ele
aguardava a cada vez. Deitado naquela cama de hospital, Stavros havia

CL Traduções
perdido peso com seu físico normalmente musculoso, mas ele ainda era o
homem mais bonito que Daniel já viu.
— Não pare. — Os olhos de Stavros se fecharam brevemente quando
Daniel segurou sua bochecha. — Mas eu quero saber sobre Elias. Ele veio
para se certificar de que eu estava morto?
— Eu não me importo por que ele veio. — Daniel deu de ombros. —
Só o que ele fez. — Caso contrário, Daniel não teria conseguido a
vantagem. Ele não teria conhecido as portas para chutar ou as pedras para
virar.
Stavros deve ter percebido isso em sua voz porque seu olhar se
estreitou. — O que ele disse?
Daniel deixou cair a mão, enfiando as duas nos bolsos enquanto
olhava para Stavros. Deveria ter sido impossível para o homem sentado
naquela cama significar muito para ele, mas não era. Havia algo em seu
abraço que tornava tudo mais fácil. E Daniel sentiu sua falta. — O trabalho
que você fez em Atenas...
— Eles querem o nome da pessoa que ordenou o trabalho, eu já sei
disso.
— Conte-me sobre isso.
Os olhos de Stavros se estreitaram, mas ele obedeceu. — O pedido
veio pelos meios usuais. O alvo era um político local que estuprou uma
jovem e depois pagou seus pais em suborno. A garota se matou.
Daniel assentiu. — E o cliente? — Mesmo sabendo o que seria a
resposta de Stavros.
— Anônimo. Você sabe disso.
— Então, por que Jay pensaria que você estaria na posse desse nome?

CL Traduções
Stavros ficou rígido. — Você sabe alguma coisa. — Não foi uma
pergunta.
— Elias sabe quem é o cliente. Ele foi abordado antes de você.
Acontece que eles se conheciam pessoalmente. — Daniel sacudiu o
queixo. — Elias diz que você também o conhece pessoalmente.
— Quem é? — Stavros estendeu a mão para ele.
— Yusef Afwerki.
A mão de Stavros caiu sem nunca tocar em Daniel. Ele permaneceu
sentado na beira da cama, olhos arregalados. Esse nome não significava
nada para Daniel, mas obviamente significava algo para Stavros. Ele ficou
pálido, punho abrindo e fechando enquanto olhava para o nada. Daniel
caiu de joelhos diante dele, segurando a mão de Stavros na dele,
acariciando seus dedos.
— Diga-me quem ele é.
A boca de Stavros se apertou. — Yusef era... um de nós. Treinado
pelo meu pai. — Ele piscou, trazendo o olhar de volta para o de Daniel.
— Ele se afastou de sua família na Eritreia. Acho que nunca tivemos a
história completa sobre o porquê, mas sei que tinha algo a ver com uma
luta pelo poder dentro da família. Nós éramos os principais homens do
meu pai: Yusef, Elias e eu. Até Yusef conhecer alguém e ele querer sair.
— Stavros riu secamente. — Até hoje, eu não sei o que ele disse ao meu
pai, mas o velho apenas se afastou e acenou para ele em adeus.
Daniel levantou uma sobrancelha. — Isso era incomum?
— Era incrivelmente inédito. Ninguém deixava o negócio. Meu pai
me ensinou isso desde criança, mas Yusef foi capaz de simplesmente ir
embora sem ser tocado. Eu não tenho notícias dele desde então.
— Até agora.

CL Traduções
— Até agora. — Stavros balançou a cabeça. — Não faz sentido. Yusef
não precisa de mim ou Elias para realizar um golpe. Por que contratar
quando ele poderia ter lidado com as coisas facilmente?
— Seu marido foi morto. — Daniel transmitiu suavemente as
informações que Elias havia lhe dado. — Motorista bêbado. Yusef
também foi ferido. Elias diz que ele não está como era antes.
— Mas por que ele precisaria de um político grego morto? — A testa
de Stavros franziu. — Nada disso faz sentido. Isso significa que Jay quer
o nome de Yusef.
— Atenas foi o quarto trabalho que Yusef contratou de você. —
Daniel disse a ele. — Diferentes países, nenhum dos homens conhecidos
o suficiente para despertar grande atenção, mas todos eles têm uma coisa
em comum: eles passaram um tempo na Eritreia pouco antes de morrerem.
— Ainda não entendo o que isso tem a ver comigo. — Stavros bufou.
— O que mais Elias disse a você?
Daniel sentou-se ao lado dele, esfregando o joelho de Stavros com
cuidado. Ele pegou a confusão e a raiva saindo do outro homem. Ele
estava tão perdido quanto Stavros quando Elias começou a falar. A
história toda envolvia homens que Daniel não conhecia e nem se
importava, e saber que Stavros havia quase morrido por causa de
circunstâncias fora de seu controle tornou muito mais difícil deixar de lado
sua raiva.
— Seu pai deu a Yusef uma nova identidade. Ele vivia uma vida
comum até a morte do marido. Elias acha que não foi um acidente, essa
batida, e que a família de Yusef está por trás disso. Ele acha que Yusef
está empenhado em vingança, usando você e a empresa para fazer isso.
Os homens que morreram foram todos os principais investidores nos

CL Traduções
negócios da família de Yusef. — A compreensão apareceu lentamente nos
olhos de Stavros.
— Eles descobriram que ele estava por trás disso.
— Sí.
— E já que ele tem um novo nome... — Stavros passou a mão pelo
rosto. — Eles não conseguiram encontrá-lo, mas acham que eu sei. Que
eu estou escondendo-o, trabalhando para ele. Filho da puta! — Ele ficou
de pé. Daniel o agarrou pela cintura, firmando-o quando ele cambaleou.
— Filho da puta! Eu vou matá-lo.
— Toro e eu achamos que Jay é Johnathon, primo de Yusef.
— Porra! — Stavros o encarou. — Eu pensei que tinha feito algo
errado — ele sussurrou. — Eu pensei que era minha culpa.
— Não. — Daniel balançou a cabeça firmemente enquanto se
levantava, envolvendo os braços em volta dele. — Você não fez nada
errado. — Ele passou os dedos pelos cabelos de Stavros, segurando e
puxando até os olhos deles se encontrarem. — Você não fez nada errado,
diablo.
— Onde está Yusef agora?
— Ainda não sabemos. Se escondendo, provavelmente.
— Eu quero que ele seja encontrado.
— Ele será — ele não podia se esconder para sempre. — Nossa
prioridade agora é tirá-lo daqui o mais rápido possível.
Stavros assentiu. — Amanhã, o médico disse. — Ele enterrou o rosto
no pescoço de Daniel. — Estou cansado deste lugar. — Suas palavras
saíram abafadas, mas Daniel entendeu e simpatizou. — Quero minha

CL Traduções
cama. Eu quero a sua pele — sua mão acariciou as costas de Daniel. —
Eu quero o seu gosto.
— Em breve. — Não importava o pequeno exército de homens que
ele mantinha ao seu redor no hospital, Daniel não podia baixar a guarda
até que eles voltassem ao seu território. Esse inimigo que eles estavam
enfrentando não era familiar dele, então ele tinha que fazer sua pesquisa.
Se o pessoal de Yusef pensasse que Stavros sabia seu nome e paradeiro,
eles não parariam de aparecer. Daniel os queria fora da cidade quando
chegasse a hora.
Stavros levantou a cabeça e encontrou o olhar de Daniel diretamente.
— Eu quero sangue.
— Você vai ter isso.

CL Traduções
Foi um erro pensar que voltar à casa de praia o faria se sentir melhor.
Mesmo quando Stavros se sentou na varanda quando a noite caía, olhando
para o nada, as pernas apoiadas em travesseiros com a ajuda de Daniel, a
inquietação o consumia.
Exaustão também, embora ele não pudesse imaginar o porquê. Ele não
fez nada além de ficar deitado desde que voltou para casa há uma semana.
O sono se transformou em algo que ele nunca esperava. Pesadelos o
atormentavam constantemente. Inimigos que ele não sabia que o
esperavam, exceto que, em vez de torturá-lo, ele se se viu forçado a vê-
los machucando Daniel.
Uma coisa infernal para sua mente quando ele deveria estar totalmente
focado em sair disso, encontrando aqueles homens que tentaram destruí-
lo. A situação toda era uma bagunça complicada e, pela primeira vez, não
tinha nada a ver com ele. Essa percepção não ajudou muito quando ele
ainda estava de alguma forma envolvido no meio dela.
Antes de sair de Nova York, ele mandou seu tio se mudar para outro
local. Ele deixou Daniel e Toro lidar com isso, e eles garantiram que seu
CL Traduções
tio tivesse todos os profissionais necessários para ajudar a lidar com sua
doença. Ele não gostou, mas o fato era que Christophe era um alvo, uma
fraqueza.
Ele fazia fisioterapia três vezes por semana para ajudar os dedos que
estavam quebrados e as pernas que ainda doíam quando ele ficava em pé
por muito tempo. Ele não contou a Daniel sobre a dor. Seu amante apenas
se preocuparia mais do que ele já se preocupava.
O que foi muito.
Oh, ele fingia que não. Mas Stavros o conhecia bem o suficiente para
ler nas entrelinhas. Daniel não saia de casa. Não desde que eles voltaram
de Nova York. Ele mandou Toro mover céus e terra e encontrar Jay e os
outros dois que haviam pegado Stavros e, enquanto isso, Daniel estaria ao
seu lado toda vez que Stavros se movia.
Como agora.
Daniel se ajoelhou ao seu lado, acariciando seu cotovelo. — Eu posso
sentir isso, você sabe.
— Sentir o que? — Stavros não olhou para ele. Não sabia dizer a
Daniel que ele tinha zero sono a noite. Ou, talvez sim, ele poderia, mas
ele não queria. Não queria compartilhar que Jay e seus homens tinham
fodido com ele mais do que ele pensava.
— Diablo. — Daniel suspirou. — Se vista. — Ele ficou de pé. — Nós
estamos saindo.
Stavros franziu a testa. — Saindo para onde? — Mas Daniel já estava
voltando para casa, ignorando sua pergunta. — Merda. — Ele se levantou
e entrou. Ele agarrou a mão de Daniel, interrompendo seu amante. —
Onde estamos indo?

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Daniel observou-o atentamente enquanto ele se soltava do aperto de
Stavros e o envolvia. — Você nunca precisa perguntar, porque eu sempre
sei o que você precisa. — Ele beijou o topo da cabeça de Stavros e depois
se afastou. — Prepare-se. Toro estará aqui em cinco minutos.
— Então você não vai me dizer.
Os lábios de Daniel se torceram. — Você verá em breve.
Daniel Nieto nunca o havia realmente enganado, então Stavros fez o
que ele disse, vestindo apressadamente um jeans e uma camisa cinza, e as
botas gastas que Daniel enfiou em sua mão. Então eles partiram, indo para
algum lugar em silêncio com Toro atrás do volante. Stavros colocou a
cabeça no ombro de Daniel, sem se preocupar em esconder o arrepio
quando Daniel o puxou para mais perto.
Eles ainda tinham que fazer sexo.
Ele estava precisando tanto disso no hospital, desesperado para tocar
em Daniel novamente. Talvez para estar perto de novo, provar que ambos
estavam vivos e relativamente ilesos. Mas quando chegaram em casa,
Stavros não conseguiu manter os olhos abertos por um período
significativo de tempo nos primeiros dias. Eles dormiam juntos, no
começo sempre envoltos nos braços um do outro, só pra acabar com
ambos em cada canto da cama quando o sol nascia.
Ele ainda não conseguia tirar as mãos de Daniel. Eles estavam
constantemente se tocando, Daniel o acalmando com toques e pequenos
beijos. Mas sexo...
Não havia nada disso.
Ele simplesmente não conseguia entender por que não estava
pressionando, dando início a isso. Ele não abordou o assunto, nem Daniel.

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Deus sabia que ele queria isso tanto quanto queria mergulhar no sangue
dos homens que o torturaram.
O que era muito.
Ele prometeu a si mesmo que quando eles voltassem de onde Daniel
os levaria hoje à noite, eles estariam fodendo.
Cerca de vinte minutos depois de terem entrado na estrada, Toro
entrou na garagem de um prédio isolado. Stavros espiou. A grande placa
na frente estava desbotada, mas ele percebeu as palavras Discount
Furniture Warehouse7, antes de Toro voltar para trás. Ele se virou para
Daniel, que obviamente estava vestido de preto: camisa, calça e casaco
leve. — Onde estamos?
— Obtendo o que você precisa. — Respondeu Daniel, enigmático.
Stavros estreitou os olhos quando o veículo parou. Toro pulou para
fora e abriu a porta para eles. Stavros agarrou a mão de Daniel e saiu. Ele
deu alguns passos e depois girou em círculo, olhando em volta. Havia dois
homens no telhado do prédio baixo, ambos armados. Ainda mais homens
armados estavam posicionados em torno do perímetro.
Eles saíram da estrada, ao longo de um caminho de cascalho quase
imperceptível, o prédio obviamente abandonado cercado de ambos os
lados com arbustos quase tão altos quanto Stavros.
— Venha, diablo.
Stavros bufou. — Você realmente não vai me dizer o que estamos
fazendo aqui, com todos esses homens armados por aí?
A expressão calma de Daniel não vacilou uma vez. — Esses homens
trabalham para nós. E a resposta para sua pergunta está lá dentro — ele

7
Depósito de mobília.

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apontou o polegar em direção ao armazém azul-neon. — Você vai se
juntar a mim?
Stavros não pôde evitar o sorriso. — Sempre. — Ele passou a ponta
do dedo no queixo de Daniel. — Sempre.
Daniel uniu seus dedos, pressionando um beijo em suas juntas. Dois
homens armados e volumosos estavam de guarda, AR-158 nas mãos,
máscaras de esqui cobrindo os rostos, exceto os olhos. Eles reconheceram
Daniel com um aceno de cabeça, então abriram a porta e deram um passo
para trás, concedendo-lhes entrada.
Era realmente um armazém, um amplo espaço aberto sem janelas,
apenas um pequeno cubículo bem na frente. Algumas peças de móveis
quebrados estavam espalhadas, e Stavros torceu o nariz com o cheiro, a
poeira espessa e o mofo. Seus passos ecoaram quando Toro os levou para
dentro do edifício, até a parede dos fundos.
Lá, um homem nu esperava.
Stavros parou.
Era o careca, obesamente gordo, com meia orelha.
A raiva aumentou tão rapidamente que Stavros não estava preparado
para o calor que isso trouxe à sua pele. Para as pontas de suas orelhas, o
rosto. O formigamento do couro cabeludo.
— Diablo.
Daniel tocou seu ombro, pronunciou mais palavras, mas Stavros o
desligou quando deu um passo à frente, passando por Daniel e Toro para
se agachar na frente do homem suando abundantemente. Careca tremia
com tanta força que as pernas da cadeira de metal a que ele estava

CL Traduções
amarrado batia no chão de concreto. Seus olhos estavam arregalados,
correndo o risco de pular para fora de sua cabeça a qualquer momento.
Alguém o amordaçou, com uma fita adesiva cinza que abafava os
pequenos sons de pânico que ele fazia.
Stavros sorriu. Cotovelos no topo de suas coxas que queimavam com
sua posição agachada, pernas que já haviam começado a protestar contra
todos os movimentos. Ele permitiu que essas coisas funcionassem como
lembretes, motivação, enquanto fechava os olhos brevemente, inspirando
profundamente.
Urina e terror.
Suas bolas ficaram pesadas.
— Eu o trouxe para você. — Daniel ficou ao lado de Stavros,
colocando a mão no ombro dele. — Ele é seu.
— Meu. — Stavros inclinou a cabeça para trás, encarando seu amante.
— Você disse que sabia o que eu precisava, você não estava brincando.
A intensidade no olhar de Daniel encurtou o fôlego de Stavros e deu
um impulso para a corrida. O Careca e seus gemidos desesperados
desapareceram. Toro também. — Não estava. — Daniel moveu a mão do
ombro de Stavros até o seu pescoço e enterrou os dedos em seu cabelo,
puxando um pouco. — Eu irei assistir.
Maldição. A rouquidão em sua voz ameaçava dizimar qualquer ilusão
de controle que Stavros pensasse ter. Ele mudou da raiva por ter o Careca
na frente dele, para estar tão duro, tão excitado, que ele teve que ofegar
para respirar direito. — Toro — ele não se afastou do olhar de Daniel. —
Vá embora.

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Toro jogou uma grande mochila aos pés de Stavros com uma risada.
— Divirta-se. — O barulho alto das portas na entrada dos fundos foi a
única coisa que sinalizou sua partida.
Stavros endireitou-se, entrando nos braços de Daniel. Beijando o
pescoço dele. — Obrigado — ele sussurrou. Segurando a nuca de Daniel
com as duas mãos, olhou em seus olhos encapuzados. — Eu te amo.
Os lábios de Daniel se curvaram. — Haz tus cosas. — Faça seu
trabalho. — Eu estarei lá — ele apontou por cima do ombro para uma
cadeira dobrável preta e depois para a mochila. — Ferramentas.
Stavros riu. — Você pensou em tudo.
Seu amante balançou a cabeça. — Eu só penso em você.
Doce misericórdia. Stavros o beijou. Duramente. Brusco. Então deu
um passo atrás. — Sente-se. — Ele apontou para a cadeira. — Me assista
trabalhar. — Ele voltou-se para o Careca, que esperava com tanta
impaciência, lágrimas e ranho se encontrando na beira da fita adesiva.
Stavros rasgou a fita, apenas para descobrir que um pedaço de pano havia
sido enfiado na boca. Ele puxou-o lentamente com um sorriso, virando-se
para remexer na mochila que Toro havia fornecido tão prestativamente.
Ele encontrou cerca de dez tipos diferentes de lâminas, tamanhos e
comprimentos diferentes, uma serra elétrica, martelo, uma furadeira sem
fio, soqueiras. E luvas que Stavros colocou imediatamente.
Então ele pegou a furadeira.
Careca deu um pulo na cadeira com tanta violência que quase a
derrubou. Stavros agarrou a parte de trás com uma mão, a outra segurando
a furadeira.
— Qual o seu nome? — ele perguntou em tom de conversa. Ele já
sabia dessa merda, mas queria testar a bravura dessa vez.

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— P-por favor. Eu estava apenas seguindo as ordens. — Os dentes do
Careca bateram. — Por favor, não me mate.
Então a bravura era inexistente. — Qual é o seu nome?
— Roger. — Ele engoliu em seco, olhando em volta antes de voltar
para Stavros. — Roger Kaufman.
Stavros balançou a cabeça em fingida repreensão. Ele entendeu agora
por que esse foi o primeiro a ser pego. Roger era o mais suave da equipe.
Sem estômago para a verdadeiramente merda. Não haveria muito
desempenho com este. — Você sabe por que você está aqui, Roger?
— Sim. — O sussurro era tão suave que Stavros teve que se esforçar
para entender.
— Bom. — Ele ligou a furadeira pressionando o polegar. — Então
vamos começar.
— Não! Não! Não!
Ele se sentou no chão aos pés amarrados de Roger e foi ao trabalho.
Perfurando os joelhos. Um por um. Os gritos de Roger ecoaram da
maneira mais macabra, elevando-se acima do zumbido da broca. Seu
sangue fluía sem restrições, o mais brilhante carmesim, o cheiro enjoativo
nas narinas de Stavros. Nada distraiu de sua tarefa, colocando buracos nos
joelhos de Roger.
Meticulosamente.
No momento em que cedeu às cãibras dos dedos e à dormência na
bunda, os gritos de Roger haviam morrido para sons patéticos e úmidos e
ele caiu, queixo no peito, banhado em suor da cabeça até as coxas, sangue
do joelho ao tornozelo.

CL Traduções
Stavros abaixou a furadeira, tirando as luvas ensanguentadas e
jogando-as no chão. Ele deu um tapa na cara de Roger várias vezes para
acordar sua bunda. E ele fez, apenas para voltar a implorar por sua vida.
— Onde estão os outros?
— Eu não... — Seu peito nu arfava. Ele vomitou no meio do trabalho
de Stavros. — Eu não sei.
Stavros pegou o facão que ele tinha colocado para fora. Cabeça
inclinada, ele perguntou novamente: — Onde estão os outros?
— Nós nos separamos! — Roger chorou. — Cada um por si, Jay disse.
— Bem, isso é péssimo. Eles estão lá fora, livres e desimpedidos,
enquanto você tem a infelicidade de estar aqui comigo, morrendo muito,
muito dolorosamente. — Stavros avançou, afundando a faca na barriga e
depois puxando-a de volta.
Roger engoliu em seco. Engasgando.
Stavros o acertou de novo. E de novo. O sangue cobria seus dedos, tão
grossamente. Caloroso. Ele formigava. — Eu vou mantê-lo vivo — ele
murmurou. — Apenas para continuar te fodendo assim com minha faca.
Eu gosto disso — ele empurrou. Mais fundo. Os olhos ameaçando se
fechar em um calafrio com o amortecimento. — Você gosta disso?
— Po... — A saliva ensanguentada pingava do canto da boca de
Roger. — Por favor.
— Conte-me sobre Jay. — Stavros perguntou educadamente. — E o
outro também.
Os lábios de Roger se moveram e Stavros se aproximou, usando o
cabo da faca enterrada em seu intestino como alavanca. Roger soltou um
chiado, estremecendo, revelando segredos entre respirações ofegantes e
palavras trêmulas, sangrando por todo Stavros. Quando conseguiu o que
CL Traduções
queria, Stavros recuou para examinar seu trabalho. O estomago do homem
gordo era todo sangue, a faca ainda dentro dele. Suas pernas também
estavam fora de serviço desde que Stavros havia perfurado diretamente os
dois joelhos.
— Você deve estar com muita dor. — Ele soltou a faca, limpando as
mãos no jeans. O sangue cobria a parte inferior das botas que Daniel lhe
deu para usar. — Eu deveria dar um fim à sua triste existência.
— Não. Não. — Roger não tinha muita voz, mas aquele pobre filho
da puta tentou o seu melhor. Mãos ainda amarradas atrás das costas,
pernas inúteis, várias feridas de faca no estômago, e ele ainda tentou se
encolher quando Stavros pegou a serra.
— Não se preocupe. — Stavros disse a ele. — Eles vão te encontrar.
Vou me certificar disso. — De que outra forma eles receberiam a
mensagem? Como eles saberiam que ele estava os caçando?
Ele passou a serrar a perna de Roger a partir do joelho.
Não foi um trabalho fácil.
Não era delicado. Mas ele fez isso. Não era como se fosse sua primeira
vez. Ele estava fazendo isso antes de conseguir sua primeira ereção. Roger
continuou desmaiando, mas Stavros não permitiu que ele escapasse. Ele
despertou sua bunda com sais de cheiro todas as vezes, certificando-se de
que ele estava ciente. Que ele podia sentir tudo.
Um joelho. Então dois. O tempo todo ele se lembrava do que eles
fizeram com ele. Como eles o fizeram pensar que ele nunca poderia voltar
para Daniel. Ele lembrou o pânico, o desamparo. O maldito terror. E sua
visão ficou turva.
A mão dele escorregou.

CL Traduções
Então Daniel estava ao seu lado. Seus dedos firmes sobre os dedos
ensanguentados de Stavros, emprestando sua força. A sua ajuda. O seu
cheiro. A sua presença. Juntos, eles cortaram Roger.
Pernas.
Braços.
E, finalmente, a cabeça dele.
Eles ficaram de pé, lado a lado, enquanto a cabeça rolava no chão
molhado de sangue e urina. Foi Daniel quem fisicamente arrancou os
dedos de Stavros da serra e a colocou de lado. Foi Daniel quem arrancou
a faca daquele torso sem cabeça e a jogou na mochila.
Daniel, que estava na frente dele com os olhos de pálpebras pesadas,
narinas dilatadas, um dedo ensanguentado sob o queixo de Stavros
enquanto olhava nos olhos dele. Daniel, cujos lábios se moveram
enquanto ele falava. Provavelmente fazendo perguntas.
Mas foi Stavros quem arrancou as luvas e arrancou o casaco dos
ombros de Daniel, jogando-o sobre o torso ensanguentado ainda na
cadeira. Stavros, que rasgou a camisa de Daniel, arrancando botões. Ele
avançou, mordendo o lábio inferior de Daniel, sugando-o na boca.
Beijando ele. Fodendo a língua profundamente em sua boca enquanto
lutava para desfazer suas calças com dedos inúteis.
Sua pele estava muito tensa e seu peito doía muito. Ele não conseguia
respirar, não sem as mãos de Daniel nele naquele momento. Não sem o
seu gosto por todo o paladar de Stavros. Seu cheiro nos pulmões de
Stavros.
Daniel o agarrou pela frente de sua camisa e o puxou para perto, a
boca aberta, língua e dentes emaranhados desesperadamente em uma
corrida para a linha de chegada. Mordendo-o de volta.

CL Traduções
Umph.
Porra.
O prazer mais apertado tomou conta dele e Stavros tropeçou, as pernas
cederam quando ele escorregou, levando Daniel com ele. Somente no
último segundo Daniel torceu seus corpos até que ele terminou no chão
com um grunhido, Stavros em cima dele, roçando nele, moendo a ereção
em seu quadril.
Se fodendo. Usando Daniel para gozar.
Desesperado. Faminto.
Ele estava pegando fogo. Coração acelerado, garganta apertada.
Ansioso. Necessidade arranhou sua espinha quando ele se libertou do
apertado jeans, em seguida, enfiou a mão na calça de Daniel depois de
finalmente abaixar o zíper, puxando seu pau para fora. A cabeça já estava
escorregadia, tão escorregadia que pré-sêmen molhava os dedos de
Stavros. Ele inclinou os quadris para poder se esfregar contra Daniel. Seus
paus se tocaram e deslizaram um sobre o outro, pressionando, avançando,
pingando sêmen. Daniel gemeu em sua boca, uma mão grande na bunda
de Stavros, incitando, amassando, balançando.
Se empurrando para ele, o impulsionando de volta.
Ele manteve os olhos abertos, em Daniel, com esforço. Manteve a
língua na boca de Daniel, gritando quando Daniel apertou os dois e os
juntou. Partes de corpo espalhadas por todo o chão ensanguentado e nada
importava, a não ser a doce agonia de Daniel acariciando-os ao mesmo
tempo, seus quadris tremendo, rangendo. Stavros passou os dedos por
Daniel. Seu amante bateu-se contra ele, com o punho apertando o pau de
Stavros, o puxando, o desfazendo.
O quebrando.

CL Traduções
Ele curvou os dedos dos pés, arqueando, se enfiando cada vez mais
fundo no punho de Daniel.
Então gozou.
Gozando com força e rápido e ughhh…
O esperma de Daniel caiu sobre a cabeça de Stavros e ele derreteu.
Engasgando, afastando a boca para enterrar o rosto no ombro de Daniel.
Afundando os dentes nele.
Gritando.
Gritando pra caralho.
Até que sua garganta estava tão em chamas quanto o resto dele.
Sua força cedeu e Daniel o envolveu nos braços, alisando os cabelos
molhados de suor dos olhos. Beijando a testa dele.
— Diablo.
Ele ofegou enquanto olhava para Daniel. — Deveríamos ter dito à
Toro para adicionar lubrificante na mochila de suprimentos. — Ele
lambeu o polegar e depois limpou uma mancha de sangue da ponta do
nariz de seu amante.
— Sim. — Os lábios de Daniel se contraíram. — Isso pode se tornar
um hábito.
Stavros apertou seu o rosto com as duas mãos. — Eu te amo. — Ele
não sabia onde estaria... sim, ele sabia.
Morto. Ele poderia estar morto.
— E eu você, diablo.
— Me leve para casa. Preciso lavar esse sangue e depois ser fodido.

CL Traduções
— Eu vou fazer isso acontecer. — Stavros não tinha dúvida de que ele
faria.

CL Traduções
Eles bateram pelas portas da casa de praia, mãos rasgando as roupas
um do outro, lábios trancados. Stavros bateu a mão no interruptor de luz
próximo, ligando-o e grunhindo quando Daniel o agarrou pela garganta e
o jogou contra a porta. Seu corpo ainda não estava em condições de lidar
com as coisas duras, mas era tudo o que ele queria.
O doce aroma de sangue encheu suas narinas quando ele inalou. Eles
limparam as mãos com lenços úmidos entregues a eles por Toro, mas eles
ainda tinham a evidência de onde tinham estado, o que fizeram, e isso só
serviu para deixa-lo duro.
Os lábios de Daniel deslizaram para longe dos dele e passaram por sua
mandíbula, descendo pelo pescoço. Stavros agarrou sua nuca, prendendo-
o ali, para que ele não saísse, não parasse.
Sentia como se tivesse passado séculos desde que ele teve Daniel,
reduzido a grunhidos e mãos agarradas, empurrando sua ereção no quadril
de Stavros, moendo contra ele. Ele tinha gosto de desespero, e Stavros
sentiu isso em sua alma.

CL Traduções
— Diablo. — Daniel mudou de posição, aterrissando contra a porta
com a mão nos cabelos de Stavros. Puxando, quase arrancando os fios de
sua raiz. A dor fez seus olhos lacrimejarem, apertou sua garganta e
empurrou seu pau, fazendo-o vazar. Mas quando Stavros conseguiu
levantar as pálpebras pesadas foi o olhar no rosto de Daniel que o deixou
sem fôlego. Amor, luxúria e dor. Fome escura e necessidade gritante.
Ele lambeu os lábios, segurando aquele olhar quando alcançou entre
eles e desfez o cinto do outro homem. Os dedos em seu cabelo
flexionaram. As narinas de Daniel se alargaram, mas ele não fez nada,
exceto manter o aperto da morte nos cabelos de Stavros. Stavros soltou o
cinto e jogou-o de lado. Então ele desabotoou a calça de Daniel, arrastando
cuidadosamente o zíper sobre sua ereção.
Os lábios de Daniel se separaram.
Stavros o alcançou, pegando o rosto com as duas mãos e se inclinou,
tomando a sua boca. Fodendo a língua o mais fundo que pôde, olhos
deslizando fechados, coração batendo forte, o corpo pegando fogo. Ele
poderia ter perdido tudo isso, e a realização fez seus dedos tremerem
contra a pele de Daniel.
Daniel o puxou para trás e ele foi, encontrando o olhar de seu amante
com um gemido. Ele doía, mas queria dar a Daniel qualquer coisa. Tudo.
Então ele se abaixou, as pontas dos dedos roçando os lados de Daniel
enquanto ele se abaixava. Antes que seus joelhos caíssem no chão, Daniel
o ergueu de volta, controlando-o como uma marionete em cordas com
apenas aquela mão no cabelo. Ele trouxe Stavros até altura do peito, lábios
curvados, os olhos brilhando, tomando sua boca novamente.
Forte. Dolorido. Devorando-o como se Daniel não suportasse não
beijá-lo. Então ele se separou. — Seus joelhos...

CL Traduções
— Está tudo bem. — Stavros murmurou. Nada estava parando isso.
— Eu quero você.
Daniel não escondeu sua preocupação nem pela luxúria que pesava
em seu olhar, mas depois de um instante, ele balançou o queixo.
E Stavros caiu nele.
Todo o caminho até os joelhos, puxando as calças de Daniel para
baixo até que se enrolou em torno de seus tornozelos e seu pênis ficou no
rosto de Stavros, a ponta molhada e gotejante fazendo com que o paladar
de Stavros se tumultuasse. Ele se inclinou para frente, deslizando a língua
sobre a coroa lisa.
Daniel empurrou o quadril. Seus dedos flexionaram, unhas cravando
no couro cabeludo de Stavros.
Stavros repetiu o movimento, lambendo cada gota de pré-sêmen,
enquanto acima dele a respiração de Daniel engatou e seus quadris se
contraíram. Então Stavros abriu a boca e o sugou, sem hesitação. Ele levou
Daniel para o fundo da sua garganta, uma mão acariciando seu pau, a outra
brincando com suas bolas.
Daniel grunhiu, e quando Stavros olhou para ele, ele empurrou para
frente. O momento teria desequilibrado Stavros, mas o aperto dominante
que Daniel tinha sobre ele o mantinha onde estava, a garganta envolvida
em torno daquele pênis enquanto Daniel o fodia bem, o fodia do jeito que
ele amava.
Ele manteve os olhos abertos, com muito esforço, mantendo o olhar
de Daniel, e tomou todos os impulsos, todas as batidas que inclinaram a
sua cabeça para trás e tornaram mais fácil para Daniel se aprofundar,
respirar e controlar.

CL Traduções
Daniel observou-o com pálpebras pesadas, sombreando seus olhos
escuros, o rosto contorcia-se de prazer e dor, dando-lhe um semblante
ainda mais selvagem. O cheiro dele, seu calor, a sensação de sua pele,
confortaram Stavros, mesmo ali de joelhos doloridos. Ele soltou o pau de
Daniel para abrir seu jeans e segurar sua própria ereção.
Seus olhos se fecharam então, estremecendo com a emoção intensa
que o percorria.
A cabeça do pênis de Daniel deslizou ao longo da parte interna de sua
bochecha esquerda e depois saiu da boca com um estalo, saliva e pré-
sêmen agarrados aos seus lábios, escorrendo pelo queixo. Daniel o puxou
de pé por seu cabelo, e ele se levantou, calça jeans agrupadas em torno de
seus tornozelos, pau para fora, pré-sêmen vazando na ponta.
Daniel passou a língua sobre o queixo de Stavros, lambendo o cuspe
e pré-sêmen, depois deslizou a língua na boca de Stavros, devolvendo a
ele. Stavros gemeu por ele, puxando-o para mais perto até que estivessem
colados, sem espaço entre eles, com os batimentos cardíacos
sincronizados. Ele tirou a camisa aberta de Daniel dos ombros e o outro
homem deixou-o ir por tempo suficiente para tirar isso e jogar de lado.
Stavros aproveitou o tempo para se livrar do resto de suas roupas, até que
ambos estavam nus no meio da entrada, com as luzes acesas. As paredes
de vidro do chão ao teto ao redor garantiam um espetáculo a qualquer tolo
que tivesse a sorte de estar olhando.
Daniel colocou a mão no peito de Stavros e a desceu, segurando seu
pau, acariciando-o. Stavros se empurrou para o aperto com um grunhido.
— Você quer que eu te foda. — A voz de Daniel no meio da luxúria
era a mistura do mais fodido som.
Stavros adorou, sabendo que ele era a razão de tudo isso. Ele assentiu.
Sussurrando: — Sim.

CL Traduções
Os olhos de Daniel brilharam com uma luz perigosa. — Venha até
mim.
Eles já estavam tão perto, mas ele ainda se aproximou. Daniel segurou
sua bunda e nuca, e Stavros o escalou, pernas enrolando ao redor da
cintura dele, braços agarrados ao pescoço enquanto Daniel tropeçava para
a frente e entrava na cozinha.
Stavros enterrou o rosto em sua garganta, cobrindo cada centímetro
de pele que ele conseguia alcançar com beijos. As coisas caíram no chão
ao redor deles, então ele foi colocado no balcão. Ele não teve a chance de
piscar antes que a boca de Daniel estivesse sobre ele, deslizando no
comprimento de sua ereção, dedos lubrificados empurrando em sua bunda
e afundando rapidamente.
— Porra. — Ele agarrou a parte de trás do pescoço de Daniel, sua
cabeça batendo de volta em um dos armários. — Daniel.
Seu amante apenas grunhiu ao seu redor, o som vibrando através dele
e fazendo os dedos dos seus pés se curvarem. Stavros ergueu a bunda,
inclinando-se um pouco para que Daniel pudesse ter mais acesso. Dedos
torceram dentro dele, esfregando até seus olhos revirarem, a boca molhada
de Daniel o destruindo a cada lambida e chupada.
— Por favor. Por favor. — Ele tremeu, implorando por isso. O
orgasmo já aquecia a base da sua coluna e a parte inferior do seu pé. —
Daniel.
Sua necessidade deve ter rompido a névoa da luxúria, porque Daniel
se afastou, se endireitou e se ajustou entre as coxas trêmulas de Stavros.
Ele agarrou Stavros pela garganta, puxando-o para a frente para lamber
seu rosto, o nariz, os olhos, antes de beijá-lo com fome.
Avidamente.

CL Traduções
Ele se aproximou da entrada de Stavros e empurrou, quebrando o beijo
para olhar nos olhos dele.
— Deus. — Queimou, aquela entrada, e Stavros não sabia como ele
não era uma pilha de cinzas no balcão da cozinha. — Oh, porra.
Uma vez que Daniel o violou, eles congelaram, respirando com
dificuldade, os peitos subindo e descendo. Ele era grande pra caralho e a
dor de sua presença centralizou Stavros, o aterrou-o enquanto reverberava
pela extensão de sua coluna e se acomodava em suas articulações.
— Diablo. — Daniel pronunciou o amado apelido como se estivesse
esperando que Stavros o salvasse, o libertasse.
— Leve-me.
Com essa permissão, Daniel recuou e empurrou o resto do caminho.
Stavros gritou, as pernas levantando para envolvê-lo, os tornozelos
cruzados acima de sua bunda. Daniel engoliu seus gritos e alimentou
Stavros enquanto ele empurrava nele. Era tudo o que Stavros precisava.
Ele levantou a bunda mais alto, abriu-a para Daniel, e um golpe daquele
pau duro na sua próstata o fez gritar, voz rouca, seu pau atirando fios de
sêmen entre eles.
Daniel o fodeu através do orgasmo, os quadris estalando rápido,
direcionando exatamente assim. Ele mordeu a garganta de Stavros, dedos
cravaram em seu quadril. Stavros sentiu quando seus movimentos
vacilaram, quando sua respiração congelou, quando seu pau estremeceu e
explodiu, enchendo-o com o tipo mais familiar de calor.
Eles se agarraram um ao outro, até as pernas de Daniel se dobrarem.
Ele soltou Stavros e plantou sua bunda em uma cadeira. Stavros
simplesmente pulou do balcão e montou em Daniel, com os braços em

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volta dele, a cabeça em seu ombro. O pau gasto de Daniel pressionado
contra Stavros, cuja bunda vazava esperma em seu colo.
Daniel o abraçou, roçando distraidamente o nariz ao longo do topo de
sua cabeça. Seu coração batia forte contra Stavros, e as suas respirações
ofegantes eram os únicos sons na sala. Stavros pressionou os lábios na
pele suada de Daniel, inalando-o.
— Você está com dor? — A voz de Daniel retumbou no silêncio, e
Stavros amaldiçoou o fato de que nada passava por Daniel.
— Não dor... — ele murmurou em sua pele. — Apenas...
desconfortável. — Seus joelhos não tinham gostado da coisa de se
ajoelhar, mesmo que Stavros gostasse.
Os braços ao redor dele se apertaram. — Nós devemos tomar banho.
— Eles realmente deveriam.
— E você descansar.
Ah, mas não havia descanso para ele. — A informação que Roger me
deu...
— Toro está cuidando disso.
Claro que ele estava. Toro deu uma olhada neles quando eles saíram
do armazém, ensanguentados, rindo e as roupas todas desarrumadas.
Stavros contou o que Roger tão gentilmente compartilhou enquanto era
cortado em pedaços. O nome de alguém que possivelmente estaria
escondendo os outros dois homens. Toro saiu para fazer alguma
investigação. E também dispersar os restos mortais de Roger de uma
maneira que enviaria uma mensagem definitiva. — Eu só quero um local
— disse ele a Daniel. — Essa é a minha merda e eu quero lidar com isso
o tempo todo, então certifique-se que Toro saiba disso.

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— Claro. — Daniel assentiu. — Mas, por enquanto, vamos tomar um
banho. — O estômago de Stavros roncou.
— E comer.
Stavros sorriu. Ele se inclinou para trás e segurou a mandíbula de
Daniel. — Obrigado por hoje à noite. — Os amantes de outras pessoas
davam joias e viagens a locais exóticos. Ele lhe deu um corpo para torturar
e desmembrar.
Os dentes de Daniel brilharam quando ele sorriu. — Eu sei o caminho
para o seu coração, diablo.

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As informações que caíram dos lábios moribundos de Roger
indicavam um endereço em Cleveland. Então, três dias depois que Roger
encontrou seu final infeliz, Stavros estava no avião logo após a meia-noite,
com Daniel ao seu lado.
Toro desempenhou seu papel, como sempre, de algum lugar fora de
vista, flertando com a bonita aeromoça. Daniel confidenciou a Stavros
sobre o acordo que fizeram com Seraphina Cook, informando do mês que
ela teria sabe lá como com o Toro. Aquilo ali seria um desastre de
proporções épicas, ainda pior pelo fato de que Stavros não sabia dizer qual
deles ficaria em pé no final. O que ele sabia com certeza era que Seraphina
tinha definitivamente encontrado seu par com Toro.
Ele se esticou, pernas no colo de Daniel.
Os últimos dias foram... interessantes. Variavam de Daniel tentando
afastá-lo por causa de seus joelhos fodidos, para o mesmo Daniel
transando com ele em todas as superfícies da casa.
Os lábios de Stavros se contraíram.

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Seu fisioterapeuta não estava feliz por ele ter danificado seus
ferimentos, mas Stavros não se importava. Independentemente se
estivesse ajoelhado por Daniel ou obtendo a melhor posição para levar um
maçarico ao tornozelo de alguém, ele estaria fazendo o que precisava ser
feito. Ele lidaria com as repercussões em seu corpo mais tarde. Quando
todos que tivessem algo a ver com sua captura e tortura estivessem a seis
metros de profundidade.
Foda-se essa coisa de dois metros.
Daniel acariciou as suas pernas e quando Stavros olhou para ele,
encontrou Daniel observando-o atentamente.
— No que você está pensando? — Daniel perguntou.
— Apenas planejando o que exatamente eu farei quando chegarmos
ao nosso destino — quando Daniel ergueu uma sobrancelha incrédulo,
Stavros riu. — Claro que não. Não tenho planos além de entrar, matar todo
mundo à vista e sair.
Daniel lambeu os lábios. — Esse é um plano sólido, diablo.
Sim, ele pensava assim, praticamente salivando com o pensamento de
sangue. — Além de encontrar e lidar com os homens que me torturaram,
preciso encontrar Yusef. — Ele nunca esqueceria e nem perdoaria o ex-
assassino por ter envolvido Stavros em sua briga família. Stavros tinha
suas conexões lá fora, à procura, mas aparentemente Yusef havia se
arrastado de volta para qualquer buraco em que ele esteve se escondendo
nos últimos anos, e já se passaram muitos anos desde que ele desapareceu
de cena. Acho que ele aprendeu pelo menos uma coisa com as lições que
o pai de Stavros lhes ensinou.
A sombra é sua. Seja dona dela.

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— Ele não pode se esconder de nós — disse Daniel, confiante. — Nós
o encontraremos. — Stavros não duvidava de nada quando Daniel
proclamava isso.
— O piloto disse que estamos a poucos minutos de nossa descida. —
Toro apareceu do nada, endireitando suas roupas, o começo de um chupão
no pescoço, lábios vermelhos e inchados como se ele estivesse sugado
alguma coisa.
Ou alguém.
Piloto? Stavros estreitou os olhos para ele. — Eu pensei que você
estivesse de olho na aeromoça?
Toro deu um sorriso arrogante. — Tenho dois olhos. Um em cada um
deles.
Daniel riu.
Stavros revirou os olhos. — Fique longe do meu piloto, a menos que
ele esteja em terra firme, Toro. — Ele passou os dedos pelos cabelos
quando Toro se sentou em frente a eles, apertando o cinto. — Temos tudo
o que precisamos na mochila?
— Sim. — Toro assentiu lentamente, os olhos brilhando. — Tudo que
você precisa. — Ele piscou.
Stavros ameaçou matá-lo, mas o homem mais novo riu o tempo todo
até o momento do pouso. Entretanto, ele ficou sóbrio quando eles
desceram do avião. E quando o SUV de cor escura que ele tinha alugado
para eles parou na pista, Toro estava de volta ao modo de executor. Ele
definitivamente tinha a expressão mortalmente séria de Nieto, mas ao
contrário de seu tio, Toro também podia ser um palhaço.
Daniel só realmente baixava a guarda em torno de Stavros. Toro
também, até certo ponto, mas Stavros sabia que ele era o único

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privilegiado em ver Daniel no seu estado mais vulnerável. Ele adorava
que Daniel confiasse nele de forma tão implícita.
O destino deles ficava a meia hora do pequeno aeroporto. Uma casa
de dois andares escondida em um tranquilo beco sem saída, branca com
persianas verde-limão e um grande gramado bem cuidado. Três veículos
bloquearam a garagem, dois que funcionavam e um parado, sem pneus.
Havia outras casas por perto, perto o suficiente para que vizinhos
intrometidos corressem, se houvesse algum tipo de barulho estranho
ocorrendo.
Quando Toro parou, Stavros colocou as luvas pretas. Daniel fez o
mesmo. Toro permaneceria no carro com seus olhos e ouvidos em alerta,
pronto para lidar com qualquer ameaça que ocorresse. Daniel saiu
primeiro e depois estendeu a mão. Stavros a pegou e saiu, olhando em
seus olhos por um momento antes de interromper o contato para encarar
a casa.
Todo mundo lá dentro estaria morrendo esta noite.
Daniel segurou a mochila que Toro entregou a ele, então os dois foram
em direção a garagem e deram a volta. Não havia segurança nesta parte
da casa. Nem mesmo um maldito poodle pequeno para latir um aviso de
que havia homens entrando na casa pela porta dos fundos.
Bom para Stavros, mas ele não gostava do fácil. Ele nunca se sentiu
como se merecesse alguma merda quando eles o pegaram tão facilmente.
Ele gostaria de ter que se esforçar.
Dentro da casa escura, ele se arrastou para a sala de estar. Isso também
estava vazio. Então todos estavam lá em cima? Todos seguros e felizes,
escondidos em suas camas.
Ele sorriu.

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Isso estava prestes a mudar.
Ele olhou para trás e encontrou Daniel logo atrás dele. Ele colocou a
mochila em um canto e ficou de guarda, protegendo as costas de Stavros
com olhos atentos e uma arma na mão. Stavros o apreciava mais do que
ele jamais poderia dizer. Então ele se inclinou para a frente, roçando os
lábios nos de Daniel antes de se afastar para empurrar o queixo em direção
à escada. Os olhos de Daniel brilharam quando ele assentiu.
Stavros não se deu ao trabalho de ir com calma ao subir as escadas.
Se essas pessoas estavam escondendo seus ex-captores, obviamente eles
pensaram que estavam seguros aqui. Que Stavros nunca os encontraria.
No topo da escada, ele abriu a primeira porta que se deparou,
aproximando-se do casal roncando na cama. Ele esperou até Daniel ficar
ombro a ombro com ele, antes de ajustar o silenciador e colocá-lo no meio
da testa do homem.
E puxou o gatilho.
Pfftt.
Então ele bateu no ombro da mulher até que ela despertou com um
resmungo.
— Hmm? — Ela rolou para o lado direito, se encostando no homem
morto ao lado dela. Stavros bateu nela novamente. — O qu...
Olhos azuis sonolentos. Ele percebeu isso através da luz prateada que
filtrava através das cortinas da janela. Ela piscou para ele, uma mecha de
cabelo castanho caindo sobre a testa. Seu rosto estava cheio de rugas, não
do sono, mas de uma vida dura.
— Olá. — Ele sorriu para ela, e ela ofegou, se empurrando na posição
vertical. Quando seu olhar caiu sobre o homem ao seu lado, seus olhos se

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arregalaram, quase engolindo todo seu rosto quando ela abriu a boca para
gritar.
Daniel a deteve, batendo a palma da mão enluvada sobre a boca dela.
— Você faz um som e morre mais cedo do que faria se simplesmente
respondesse às minhas perguntas e fizesse o que foi solicitado. — Stavros
disse a ela.
A mão de Daniel abafou seu gemido. A cama balançou com seus
tremores e lágrimas caíram de seus olhos. Stavros observou tudo
desapaixonadamente.
— Celeste Bridges, esse é o seu nome? — ele perguntou.
Ela fechou os olhos com força, as lágrimas sem fim, dando um aceno
de cabeça.
— Maravilhoso. Agora, meu parceiro aqui tirará a mão da sua boca e,
quando o fizer, você permanecerá em silêncio, a menos que eu faça uma
pergunta. — Stavros estava sentado na beira da cama. Maldito colchão
confortável. — Se você falhar em fazer o que eu peço, emitir algum som
ou fazer qualquer coisa para chamar a atenção para nós, você não morrerá
tão misericordiosamente quanto seu marido aqui.
Ela soluçou na mão de Daniel. — Você me entende, Celeste? — Ela
assentiu freneticamente.
— Bom. Agora, engula essas lágrimas.
Ela tentou, engolindo em seco, tremendo, mas não conseguiu parar de
chorar. Stavros não podia culpá-la. Daniel removeu a mão dele e ela deu
um tapa na boca dela, inclinando-se, balançando para frente e para trás.
— Estou procurando por dois homens, Celeste, e ouvi dizer que eles
podem estar por perto.

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Ela se afastou, os olhos se arregalando ainda mais. Se isso fosse
possível. O olhar de uma mulher que sabia exatamente o que e quem
Stavros estava falando.
Ele descreveu Jay, mas ela balançou a cabeça em confusão. Ele
descreveu o outro. — Magro. Nariz longo.
— A-Alan.
— Oh, esse é o nome dele? — Ele inclinou a cabeça como se ainda
não soubesse. — Onde ele está, Celeste?
Ela lambeu os lábios, olhando rapidamente para o homem morto ao
seu lado antes de desmoronar novamente. — Por favor. P-por favor, não
me mate.
— Onde está Alan?
— No...No final do co-corredor — ela gaguejou. — Eu não... eu não
sabia o que ele tinha feito.
— Ele está sozinho? Ele veio aqui com mais alguém?
— Não, ele...ele veio sozinho.
Stavros se levantou. — Levante-se — ele fez um gesto com a mão e
ela se encolheu. — Agora. — Ela se afastou, os joelhos dobrando até
Daniel - que estava sexy em seu silêncio sombrio - e agarrou o braço dela
para firmá-la. — Quem mais está nesta casa?
— Minha mãe e meu pai. E m-meu irmão. Por favor, não os
machuque. — Ela estendeu a mão para Stavros, mas pensou melhor antes
de tocá-lo. Em vez disso, começou a torcer as mãos. — Por favor, não os
machuque. Nós não fizemos nada.
— Você está escondendo um homem que me sequestrou e me torturou
por dias. Que quase me matou.

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Ela empalideceu, balançando a cabeça para frente e para trás. Catarro
escorria de seu lábio superior. — Eu não sabia. Eu...
— Por que você acha que ele queria estar escondido? O que você
achou que ele havia feito para ele implorar por abrigo?
— Eu não perguntei. — Ela inclinou a cabeça.
— Nada inteligente — ele apontou o polegar para a porta. — Nos leve
a ele.
Ela o fez, puxando a gola da camisola branca de babados, levando-os
para fora do quarto e pelo corredor, passando por duas outras portas
trancadas.
A porta que ela finalmente abriu levou à lavanderia. Quando ela puxou
o fio de suspensão, ligando a lâmpada do teto, Stavros afastou a lavadora
e a secadora para um lado da parede, junto com algumas prateleiras com
detergente e coisas do gênero. No lado oposto do espaço, um homem
estava enrolado sobre uma pilha de cobertores.
Dormindo como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo.
— Eu cuidarei dos outros. — Daniel murmurou ao seu ouvido, com
o hálito quente, fazendo Stavros tremer.
Ele assentiu e seu amante se afastou, movendo-se como o fantasma
que ele era. Então ele se concentrou novamente, chutando o corpo no
chão.
— Hã? — Alan rolou de costas, uma mão subindo para proteger os
olhos da luz brilhante quando ele fez uma careta. — Celeste? O que...
— Olá, Alan. — Stavros atirou nele no ombro esquerdo antes mesmo
que ele tivesse a chance de falar. Celeste pulou com um grito agudo,
pressionando o corpo contra a parede.

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— Aaah! Argh!
— Cale a boca. — Stavros se ajoelhou, passando a arma sob o queixo
de Alan. — Nos encontramos novamente. — Ele piscou, deslizando a
arma do queixo de Alan para cima, usando a ponta do silenciador para
traçar seus lábios trêmulos quase como a carícia de um amante. — Algo
me diz que desta vez o prazer será todo meu.

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Daniel ficou nas sombras. Era onde ele estava confortável, mas isso
não significava que sua presença não era reconhecida ou sentida. Era o
show de Stavros e Daniel queria que ele o tivesse. Tivesse qualquer coisa
- e tudo - que ele queria ou precisava. Stavros tinha sido torturado.
A vingança era dele e, no entanto, Daniel estaria ao seu lado. Ou, nesse
caso, no canto, de costas contra a parede, enquanto Stavros estava no meio
da sala de estar. As persianas estavam fechadas, cortinas puxadas para
garantir que ninguém pudesse ver o interior, e uma lâmpada havia sido
acesa, lançando a sala sob uma luz amarela opaca. Eles trouxeram todos
da casa para o andar de baixo e os amarraram a cadeiras que foram
colocadas em círculo. As fitas sobre suas bocas abafaram seus gritos
enquanto todos imploravam por suas vidas.
As mangas da camisa de Stavros estavam arregaçadas até os
cotovelos, enquanto ele se virava lentamente, absorvendo tudo. Ele estava
em seu elemento, na violência controlada, o rosto em uma máscara de
concentração, os olhos brilhando. Daniel não conseguia tirar os olhos dele.
Stavros não falou, não deu a nenhuma das cinco pessoas amarradas uma
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explicação sobre o que estava prestes a acontecer além de dizer que eles
iriam morrer.
Mas Alan sabia o porquê.
A mãe e o pai idosos de Celeste não pararam de implorar por suas
vidas até que fossem amordaçados. O irmão não implorou, embora seu
medo sangrasse por todos os poros.
Daniel colocou as mãos ao lado do corpo. Ele teve que lutar contra
seu próprio instinto de apertar as mãos nuas ao redor do pescoço de Alan
e observar seus olhos enquanto a vida se esvaía. Ele pegou Stavros de
Daniel. O fez sentir um medo que não havia experimentado há muito,
muito tempo. A pele sob o colarinho coçava, os dedos se contraindo. Ele
estalou o pescoço e respirou fundo. Se ele fosse um fumante, este seria o
momento em que acenderia um cigarro.
Ele queria pôr as mãos em Alan, mas queria mais observar Stavros.
Seu amante tinha toda sua atenção em um dia normal, mas nesse lugar,
com essa expressão em seu rosto e o brilho sedento de sangue em seus
olhos, fez com que Daniel o observasse, o mantendo cativo e preso a todos
os seus movimentos. Ele deixava Daniel fascinado até no jeito que
respirava, a forma calma que seu peito subia e descia.
Ele não ouviu o silenciador a princípio. O som abafado não se
registrou, mas a cabeça da velha empurrou para trás e depois caiu para
frente. Os gritos abafados surgiram, terror tão espesso quanto o sangue
escorrendo daquele ferimento de bala.
Daniel lambeu os lábios.
Um a um, Stavros colocou uma bala entre os olhos do velho, depois
do irmão de Celeste. Celeste gritou por trás da fita adesiva na boca, tão
pálida que sua pele estava praticamente translúcida, lágrimas derramando

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enquanto ela lutava contra as amarras. Daniel foi quem a amarrou, então
ela não ia a lugar algum.
Exceto ao necrotério.
O ar cheirava a urina e ele não podia dizer entre ela e Alan, qual deles
finalmente havia perdido o controle da bexiga. Eles não entenderam que
isso era o mais misericordioso que Stavros poderia ser. Daniel observou
seu amante com os dentes no lábio inferior, sua barriga esticada. Chame-
o de depravado e ele responderia, porque adorava ver Stavros assim.
— Isso foi eu sendo misericordioso, — Stavros disse aos dois
restantes calmamente. — Mas agora acabou. — Ele ajoelhou-se na frente
de Celeste, pegando uma das lágrimas dela com a ponta do dedo. — Você
deveria culpar Alan por me trazer à sua porta. Ele sabia o que iria
acontecer, mas veio até você de qualquer maneira. — Ele balançou a
cabeça com um tsk. — E você o deixou entrar sem questionar. — A cadeira
vibrou enquanto ela tremia. Daniel viu a compreensão surgir em seus
olhos - um pouco tarde demais, na verdade - de que ela estava prestes a
morrer. — Sua recompensa por essa lealdade cega sou eu. — Ele deu um
sorriso triste quando se levantou. — E eu trago apenas morte.
— Mmf. Mmmmmff. — Alan decidiu que era o momento perfeito
para chamar a atenção de Stavros.
Stavros estendeu a mão, arrancando a fita da boca. Alan começou a
tagarelar.
— Leve-me. Leve-me, em vez disso. Cel-Celeste, querida. Eu sinto...
Stavros deu um passo atrás dela, agarrou os cabelos dela e deslizou a
mão dele casualmente pela garganta. O sangue jorrou quando sua carótida
foi cortada.
Alan engasgou, seus olhos se arregalando.

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Um gemido deixou a garganta de Daniel espontaneamente. Stavros
deve ter ouvido, porque ele parou, o cabelo de Celeste ainda em seu
punho, a lâmina ainda pingando na garganta dela, e virou a cabeça
lentamente em direção a Daniel. Seus olhares se encontraram e ficaram
presos, sua conexão atraindo Daniel, puxando-o para longe da parede. Ele
deu um passo à frente e o olhar de Stavros percorreu seu corpo, seus lábios
se curvando em um sorriso arrepiante.
Daniel o queria.
Naquele momento, ele queria Stavros mais do que queria respirar. Seu
peito estava tenso, a pele coberta de arrepios e suor. A língua de Stavros
saiu rapidamente, deslizando ao longo do lábio inferior, provocando.
Daniel abriu a boca... Alan vomitou, vomitando por todo o corpo e no
chão.
Stavros não se mexeu. Ele sorriu para Daniel, olhos refletindo o
mesmo fogo destrutivo, os mesmos anseios desesperados, combinando
com a depravação de Daniel como se fossem um só. Mas sim, eles eram,
um par ideal.
Daniel inclinou o queixo para cima e Stavros piscou, limpando a
lâmina na coxa, antes de desviar o olhar para se concentrar em Alan. A
visão de seu homem... A necessidade o inundou e Daniel inspirou ar em
seus pulmões, caindo contra a parede que o mantinha de pé enquanto seus
joelhos tremiam.
— Você não acha que vai escapar tão facilmente como os outros, não
é? — Stavros perguntou a Alan, baixinho. — Porque isso seria tolice. —
Ele ajoelhou-se, remexendo na mochila que colocara nas proximidades.
— Você não parece um homem tolo. — Ele levantou uma serra de osso.
Alan gritou... até Stavros o agarrar pela garganta, cortando todo som.

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Daniel se afastou da parede e foi até eles. Um olhar para os olhos de
Stavros e ele puxou a própria lâmina gravada de seu tornozelo e
pressionou os dedos nas laterais do rosto de Alan, forçando a boca aberta.
Então ele começou a cortar a língua.
Não foi um de seus melhores trabalhos, com Alan lutando e tudo mais,
mas Daniel conseguiu, deixando a língua cair aos pés de seu amante.
Stavros tocou a perna de Daniel que estava mais perto dele, acariciando-
o através de suas calças, se inclinando nele. Daniel olhou para o trabalho
ensanguentado e se abaixou, colocando a cabeça de Stavros repousando
brevemente em seu joelho, acariciando o lado do seu rosto.
Havia perfeição nisso. Uma certeza. Um conhecimento de que ele não
poderia compartilhar esses momentos com ninguém além de Stavros
Konstantinou.
Ele desviou o olhar do rosto ensanguentado de Alan e olhou para seu
amante, apenas para encontrar o rosto de Stavros virado para cima, os
olhos cheios de adoração e de promessas sombrias.
Foi a vez de Daniel sorrir. — Funcionou, — ele disparou quando deu
um passo para o lado. Ele não voltou para as sombras. Ele permaneceu ao
lado de Stavros. Estimulado além da imaginação, enquanto Stavros
cortava Alan, pedaço por pedaço, tão lindamente.
Um especialista com a serra, sangue e suor pingando de seu rosto,
umedecendo a camisa. Concentração absoluta em sua expressão, enquanto
se concentrava em sua tarefa macabra, e Daniel se concentrava nele. A
flexão de seus músculos, as gotas vermelhas que pontilhavam seu nariz.
A nuca suada quando ele inclinou a cabeça, expondo-se a Daniel, que teve
que morder a parte interna da bochecha para não ficar de joelhos e colocar
os lábios naquele local.

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O cheiro de sangue invadiu suas narinas e sua boca ficou inundada de
saliva. Fazer era emocionante, o colocava em chamas sujar as mãos com
o vermelho pegajoso. Mas assistir...
Assistir Stavros era o pior tipo de preliminares. Ele não queria que
terminasse, mas também não podia esperar o final. Ele temia ficar
obcecado com essa visão: seu amante coberto de sangue, aquela serra
trabalhando, seus cabelos grisalhos com o suor, exigindo vingança da
maneira mais sexy que Daniel já vira. Ele queria interromper as ações de
Stavros apenas para levá-lo e ser levado no chão, cercado por cadáveres e
fluidos corporais.
Ele estava todo tenso, rangendo os dentes, cavando as unhas na carne
da palma da mão. Seu corpo pulsava com o zumbido da serra, seu pau
ficando mais duro, a cabeça mais molhada. Esse sentimento. Dios.
A serra parou abruptamente e Stavros se levantou, cambaleando um
pouco quando ele piscou para a pilha de membros que costumava ser Alan.
— Eu acho que...
Daniel o agarrou pela garganta, puxando-o em seus braços, tomando
sua boca. Sem beijos. Apenas mordidas. Lambidas. Ele devorou a boca de
Stavros como se fosse sua última refeição, rasgando suas roupas. Não
importava onde eles estavam. Esse fogo que Stavros alimentava o
incineraria se não pusesse as mãos em Stavros. Se ele não entrasse nele.
Stavros passou os braços em volta dele, gemendo, estremecendo por
ele, enquanto Daniel os guiava para trás, pressionando as costas de Stavros
contra a parede. Eles ofegaram na boca um do outro quando ele se
atrapalhou para remover as luvas antes de jogá-las para o lado e atacar o
zíper de Stavros. Ele libertou a ereção de seu amante, agarrando-o,
puxando-o enquanto Stavros rosnava, resistindo em suas garras. Ele

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estava quente e macio, com a ponta escorregadia enquanto pulsava nas
mãos de Daniel.
Daniel tirou a boca dele. Stavros gemeu, tentando se aproximar, mas
Daniel o virou até que ele encarou a parede, empurrando as calças de
Stavros para baixo para expor sua bunda. Ele fez o mesmo com suas
próprias calças, e começou a beijar ao longo do pescoço exposto de
Stavros, sentindo o gosto do suor, da pele e do desejo. Ele era uma droga,
e tudo o que Daniel queria era se perder nele.
Ele arrastou um dedo entre as bochechas da bunda de Stavros,
engolindo em seco quando sentiu a saliência de alguma coisa... Um plug.
Stavros usava um plugue.
— Diablo. — O carinho saiu por seus lábios quando ele falou contra
a orelha de Stavros. — Por quê...
— Porque isso é quem nós somos. — Stavros virou a cabeça, roçando
os lábios nos de Daniel. — Eu sou seu, e você pode me foder em qualquer
lugar. Sempre. Não importa o quê.
O aperto de Daniel sobre ele aumentou quando ele estremeceu. Ele
não conseguia pensar, não conseguia respirar. Mas ele poderia dizer: —
Te amo. — Ele removeu o plugue, jogando-o no chão e enfiou um dedo
em Stavros, sondando sua entrada. — Stav. — Ele estava liso e esticado,
o calor do seu buraco combinando com o fogo que esquentava o estômago
de Daniel. Doloroso em sua intensidade.
— Unghh. Estou pronto para você. Foda-me — implorou Stavros. —
Por favor.
Daniel cuspiu na palma da mão e apertou o pênis, acariciando-se antes
de se alinhar e entrar nele. ¡Misericordia! Misericórdia. Quando os
músculos dele envolveram Daniel, tirou-lhe qualquer outro pensamento.

CL Traduções
Stavros gemeu, ficando na ponta dos pés. Daniel fechou os olhos com
força, soltando o aperto em Stavros. Ele era todo quente e acolhedor,
engolindo cada centímetro de Daniel. Ele empurrou a cabeça de Stavros
para baixo, fazendo-o arquear as costas, inclinando a bunda mais alto.
Facilitando para Daniel entrar nele.
Deslizar mais fundo.
Até que ele entrou e Stavros implorou por mais, sua voz se elevou,
alta e necessitada no silêncio. Daniel afundou os dentes no ombro de
Stavros, os dedos cravando em seu quadril quando ele se afastou e bateu
com força.
— Sim! Sim! — Stavros estremeceu. — Não pare.
Não até que eles estivessem uma bagunça quente. Não até que ele
estivesse satisfeito. Daniel o fodeu, mantendo a boca contra a pele de
Stavros para abafar seus próprios gemidos. O prazer percorreu sua
espinha, fazendo-o torcer e tremer como uma montanha-russa. O corpo de
Stavros o manteve apertado, preso. Ele era perfeito, mas quando Daniel
abriu a boca para dizer a ele, os únicos sons que saíram foram gemidos
roucos. Ele pegou tudo o que Stavros deu e retribuiu, dando a Stavros tudo
o que tinha.
Isto é quem nós somos.
Palavras mais verdadeiras nunca foram ditas.
Stavros empurrou para trás, fodendo de volta contra Daniel, pegando
tudo o que ele dava com gritos de dor, os dedos arranhando a parede.
Daniel estendeu a mão, empurrando a mão entre Stavros e a parede,
segurando seu amante na mão, acariciando-o até que Stavros jogou a
cabeça para trás e congelou, gritando, gozando.
Mergulhando as juntas de Daniel em sêmen pegajoso.

CL Traduções
Sua bunda apertou Daniel, o sufocando, apertando os músculos
enquanto extraia o orgasmo dele. O clímax afrouxou sua língua, fazendo-
o dizer palavras que ele não conseguia compreender. Ele encheu Stavros
com sua semente, segurando seu amante no lugar quando seus joelhos
dobraram.
Ele caiu contra Stavros, com o peito queimando enquanto ofegava por
ar. Stavros apoiou a testa na parede. O cheiro persistente de cobre flutuou
até Daniel e seu pau estremeceu dentro de Stavros.
O sangue era realmente o melhor afrodisíaco.

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Quase um mês após o “incidente de Cleveland”, e Stavros voltou a
ficar inquieto. O ponto alto de lidar com Alan durou cerca de uma semana,
mas o lembrete de que ele ainda tinha um homem para encontrar, um
homem que se mostrava melhor em se esquivar do que o pessoal de
Stavros, estava fodendo com sua cabeça.
Ele passava os dias fazendo fisioterapia e obtendo favores, usando
qualquer influência que tivesse à sua disposição para caçar Jay. Suas
noites, aquelas que ele dava a Daniel. Egoisticamente, também, para que
seu amante pudesse distraí-lo, consolá-lo, mantê-lo ancorado e os
pesadelos à distância.
A operação do negócio estava em segundo plano, já que ele não tinha
o foco necessário para lidar com esse lado das coisas. Não havia como ele
sair dessa vida, mas ele tinha que implementar algumas mudanças, mudar
algumas merdas.
Não imediatamente, mas em breve.
Assim que ele tivesse lidado com Jay.

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O telefonema chegou tarde da noite, momentos depois que Daniel caiu
em cima dele, seus corpos suados escorregadios. Deslizando. Gozo saindo
da entrada de Stavros, sujando os lençóis embaixo dele. Daniel grunhiu
quando o telefone de Stavros vibrou em cima da mesa de cabeceira e rolou
para pegá-lo.
Stavros engoliu em seco, tentando acalmar sua garganta seca e crua
de todo o implorar que ele tinha feito. Daniel começou a afiá-lo9
recentemente. Era enlouquecedor e maligno, e a coisa mais quente de
todas. Seu corpo inteiro latejava quando ele se contorcia de costas
enquanto Daniel atendia o telefone.
— Toro. — A voz de Daniel estava muito mais profunda e rouca que
o normal. — O que é... — Ele endureceu contra Stavros e depois assentiu,
embora seu sobrinho não tivesse como ver o gesto, antes de entregar a
Stavros o telefone.
Stavros pegou e sentou-se, encostando-se. — Toro, o que houve?
— Eu tenho alguém que quer te encontrar.
Stavros franziu a testa, inclinando a cabeça para encontrar o olhar
conhecedor de Daniel.
— Quem? — Era Jay?
— Ele disse que o nome dele é Linc? Disse que ele trabalha...
— Para mim. Sim. — Ele avançou até a beira da cama, balançando
as pernas e colocando os pés no chão. Dada a merda que se seguiu quando
ele foi para Nova York, ele havia discutido tudo sobre o homem que havia
desaparecido sem completar sua missão designada. Ele tinha algumas

9
Edging em tradução livre é afiar que é a prática de levar a si mesmo ou ser levado ao ponto do orgasmo e depois
parar antes de gozar.

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perguntas que precisavam ser respondidas, com certeza. — Onde ele está?
Quando ele quer esta reunião?
— Ele está comigo.
Bem, isso não parecia bom.
— O interceptei a dez minutos da casa... — Toro fez uma pausa,
enquanto Stavros estreitou os olhos e se inclinou para pegar o pijama do
chão. Linc saber sua localização era mais que um motivo de preocupação.
Essa merda era uma bandeira vermelha de aviso. — Ele não está sozinho,
— continuou Toro.
Colocando o telefone na cama, Stavros ligou o viva-voz e vestiu a
calça de pijama com uma sobrancelha erguida. — Ele trouxe reforços? —
Os lábios dele se curvaram.
Toro bufou. — Ele trouxe Yusef Afwerki.
Stavros congelou. — Bem, isso é interessante.
— Definitivamente, essa é uma maneira de colocar isso. — Ele ouviu
o sorriso irônico de Toro através do telefone.
Além de caçar Jay, eles também estavam tentando descobrir uma
maneira de tirar Yusef de qualquer buraco em que ele se arrastou. O
problema era que o ex-amigo de Stavros era bom. Treinado como todos
haviam sido, ele realmente não esperava encontrar Yusef até que o homem
quisesse ser encontrado.
Acho que chegou a hora.
Ele não sabia como Linc e Yusef se conheciam, mas ia descobrir.
— Onde você está os mantendo? — Ele tirou o pijama que acabara
de vestir e se virou, indo para o armário quando Daniel se levantou e
começou a se vestir.

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— Armazém. Não tenha pressa, estamos todos nos conhecendo por
aqui.
Stavros sorriu. — Não os machuque. Ainda. Estamos a caminho.
— Entendi.
Stavros terminou a ligação e virou-se para Daniel, que estava ao lado
da cama com apenas uma calça preta, o botão aberto. Diminuindo a
distância entre eles, ele deslizou a mão pelo peito e torso de Daniel,
parando logo abaixo do umbigo. — O que você acha?
Os lábios de seu amante se esticaram em um sorriso feroz. — Acho
que estou ansioso por isso. — Algo sombrio cintilou nas profundezas de
seus olhos.
Stavros sorriu. — Eu também.
Toro manteve seus novos convidados no mesmo antigo armazém de
móveis que eles lidaram com Roger. Acontece que Daniel havia comprado
o prédio especificamente para esse fim. Um lugar relativamente próximo,
mas ainda longe da casa, com privacidade e nenhuma conexão com eles.
O lugar estava coberto de todos os lados com guardas armados, nenhum
dos quais Stavros deu atenção.
Toro os encontrou na entrada dos fundos, cumprimentando-os com um
pequeno sorriso e olhos que pareciam turvos. Stavros o conhecia bem, no
entanto. Toro não usava drogas pesadas, mas tinha uma certa fraqueza por
violência e adrenalina.
Uma vez lá dentro, Toro os levou aos dois homens que esperavam na
parte de trás do grande espaço. Stavros parou a alguns metros de distância,
cruzando os braços. Ele observou Linc primeiro. O cabelo do cubano era
maior, se isso fosse possível, sempre indecente, selvagem e grosso,
envolvendo a cabeça em uma massa de cachos castanhos escuros. Ele era

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um pequeno homem, mal chegando ao meio do peito de Stavros. Sua
expressão não revelava nada quando seus olhos castanhos se encontraram
e seguraram o olhar de Stavros. Ele usava um único brinco, uma pequena
cruz de prata pendurada no lóbulo da orelha direita e estava vestido da
cabeça aos pés de preto: uma camisa sob um casaco preto, calça e sapatos
de couro brilhantes.
Ao lado de Linc, Yusef Afwerki estava encostado na parede, com a
mandíbula tensa.
Agora ele parecia como se tivesse passado por alguma merda.
Características tensas, maçãs do rosto altas que se tornaram muito mais
proeminentes por sua evidente perda de peso. Ele parecia exausto, como
se não tivesse ideia do que significava dormir. Sua barba era grossa e
descuidada, os olhos vazios e injetados de sangue, a camiseta enrugada,
jeans e botas empoeiradas salpicadas de tinta e algo mais que o fazia
parecer sombrio e sujo.
Stavros foi até eles... Os dois homens ficaram tensos.
...E ele se moveu, socando Yusef na mandíbula, jogando-o contra a
parede. A dor irradiou por todo seu braço, mas ele rangeu os dentes,
flexionando os dedos enquanto olhava para o homem que havia fodido
com sua vida.
— Eu vou te matar, — Stavros disse suavemente, conversando,
enquanto o filho da puta flexionava a mandíbula e lambia a mancha de
sangue no lábio inferior. — Mas não agora. — Ele voltou sua atenção para
Linc. — Como você o conhece?
Linc hesitou.
— Linc, diga a ele. — A voz extraordinariamente profunda e
fortemente acentuada de Yusef continha muitas coisas, a maioria delas
parecia irritar Linc. Também era uma coisa estranha, porque em todas as
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vezes que Stavros lidara com o mercenário, ele nunca havia conseguido
uma reação por parte de Linc.
— Ele é meu... — Linc soltou um suspiro. — Ele era casado com meu
irmão.
Stavros piscou. — O que morreu? — Cara, ele poderia jurar que nada
mais o surpreendia, mas aqui estava ele. Surpreso.
— Sim. — Linc assentiu.
Essa confirmação fez Stavros recuar quando olhou de Linc para o
silencioso e sombrio Yusef. — Acho que não é coincidência que Linc
tenha acabado trabalhando para mim, hein? — Então Yusef estava
jogando com ele e puxando as cordas há muito tempo das sombras.
Stavros queria estripá-lo quase tanto quanto ele queria matar Jay.
— Tudo o que ele fez foi compartilhar algumas histórias, eu me
aproximei de você eu mesmo. — Disse Linc.
— Eu aposto. — Stavros grunhiu.
— Eu não o queria trabalhando para você. Eu não o queria em lugar
nenhum perto de você — disse Yusef amargamente. — Mas ele se recusou
a me ouvir.
— Hmm. — Stavros não acreditava nessa merda nem por um minuto,
mas ainda tinha perguntas que precisavam ser respondidas. Ele se virou
para Linc. — Você tinha um trabalho. Por que não foi feito?
— Alguém estava me seguindo. — Linc deu de ombros. — Como
ninguém deveria saber sobre mim ou onde eu moro, tive que recuar.
— Esse perseguidor, tem a ver com o que aconteceu com seu irmão?
— Sim. — Foi Yusef quem falou dessa vez, e Stavros teve que morder
a parte de dentro de sua bochecha para não atacá-lo novamente.

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Ele manteve sua atenção em Linc, porque a visão de Yusef o lembrou
de Jay. Do seu tempo gasto acorrentado e torturado, e se ele não fosse
cuidadoso, ele começaria a destruir esse lugar antes de conseguir o que
queria. — Você sabia o que ele estava fazendo? — ele perguntou a Linc.
— Você sabia que ele estava me usando e a minha empresa para derrubar
os aliados de sua família? — Yusef fez um som, mas Linc não olhou para
ele enquanto segurava o olhar de Stavros e balançou a cabeça.
— Eu não fazia ideia. — Linc desviou o olhar e quando seu olhar
voltou para Stavros estava cheio de remorso. — Eu não sabia o que ele
estava fazendo. Eu não sabia que ele estava usando você e seus homens
para fazer... o que ele estava fazendo. Ele me contou tudo isso ontem à
noite e é por isso que estamos aqui. Eu queria ver você, conversar cara a
cara e resolver essa merda. Eu não peguei nenhum dos trabalhos que ele
fez com você. Você pode checar meus trabalhos. — Ele não olhou para o
cunhado. — Quando perdemos meu irmão, isso afetou todos nós de
maneira diferente.
Stavros zombou. — Você está dando desculpas? Desculpas para ele?
— Ele agarrou Yusef pela garganta então, batendo-o contra a parede. O
outro homem não lutou com ele. Ele simplesmente observou Stavros com
olhos mortos. — Quase morri por sua besteira. Você me usou em sua
vingança, colocou meu tio e todo mundo com quem eu me importo em
perigo, e você está aqui agora, como se não fosse nada? Como se você
achasse que eu não vou te matar?
— Tire Linc daqui. — A voz de Yusef soou como se ele tivesse
passado os últimos anos apenas gritando.
— Yusef, não...
A súbita aparição de Daniel ao lado de Stavros cortou as palavras de
Linc. Sua garganta se moveu, angústia se espalhando sobre suas feições

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em uma onda fugaz. Ele endireitou os ombros e controlou suas feições
quando Toro se adiantou com um de seus sorrisos piedosos, gesticulando
para que Linc o seguisse.
— Espere. — Stavros estreitou os olhos para Linc. — Como você sabe
onde eu moro?
— Eu sou bom em encontrar pessoas, — Linc disse a ele,
inexpressivo. — É por isso que você me contratou em primeiro lugar, não
foi?
Idiota. Stavros gesticulou para Toro levá-lo embora e esperou até que
seus passos desaparecessem antes de soltar Yusef, que caiu no chão e ficou
lá. Ele era um homem diferente. Stavros lembrou que Elias havia dito a
Daniel que Yusef não era o mesmo após o acidente que matou o marido.
Era verdade. Ele era uma casca quebrada agora, sem vida aos pés de
Stavros. Quando ele se agachou, a perna direita de seu jeans levantou o
suficiente para Stavros distinguir um membro protético.
— Você quer Jay. — Yusef não se levantou. Ele permaneceu no chão,
olhando para Stavros.
— E eu vou pegá-lo.
A boca de Yusef torceu. — Você pode tê-lo dentro de uma hora.
Stavros lambeu os lábios, mas foi Daniel quem fez a pergunta, falando
pela primeira vez. — E o que você quer?
— Que Linc permaneça vivo.
Interessante. — O que mais? — Stavros perguntou.
Não havia nada além do vazio gritante nos olhos de Yusef quando ele
disse: — Eu não ligo para qual de vocês faz isso, mas quero que me
matem.

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— Não. — Daniel agachou-se na frente do homem quebrado, enrolado
no chão, implorando pela morte. Erguendo a cabeça de Yusef com um
dedo embaixo do queixo, ele balançou a cabeça, repetindo-se. — Não.
Depois do que você fez, você não decidirá como lidamos com você. —
Ele ouvira histórias de Stavros sobre o tipo de homem que Yusef
costumava ser. Essa... coisa, essa concha, não era o que Daniel esperava.
Foi um esforço, conversar, permanecer quieto, quando tudo o que ele
queria era cortar esse homem, da garganta à virilha, e assistir sua vida
sumir em rios de vermelho espesso e intoxicante.
Mas esse era o desejo de Yusef, não era?
Daniel não estava no negócio de dar aos covardes o que eles queriam.
Segurando o queixo de Yusef em sua mão, ele apertou até que seus dedos
protestaram contra a tensão. Mas se ele estava machucando o outro
homem, os traços de Yusef não demonstravam. — Você usou os negócios
de Stavros para buscar sua vingança contra sua família. Por quê?
Stavros ficou ao lado deles, silencioso e quieto, permitindo isso a
Daniel. Sim, foi Stavros quem foi acorrentado e torturado, mas Daniel
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precisava disso tanto quanto seu amante. Stavros parecia entender
também.
Os olhos de Yusef, o marrom mais escuro, permaneceram fixos nos de
Daniel quando ele finalmente respondeu à pergunta. — Era rápido e
eficiente. — Seus ombros mal se moveram quando ele deu de ombros, sua
expressão não mostrando nenhum arrependimento ou pedido de
desculpas. — E isso criou um abismo entre eu e eles.
Deixando Stavros totalmente exposto quando tudo veio à tona.
Daniel sorriu, sem fazer nada para esconder a sede de sangue que
estava por todo seu rosto. — Não haverá abismo entre você e nós, — ele
murmurou, acariciando distraidamente o polegar sobre o queixo de Yusef.
— Também não haverá morte. — Porque na morte, não havia mais
sentimento, nem mais dor. E o homem que quase tirou o coração de
Daniel, que chegou tão perto de arrancar esse órgão diretamente de seu
peito... esse homem deve sentir dor.
Ele deve conhecer a agonia.
Ele deve entender que Stavros Konstantinou não era alguém para ser
usado como um amortecedor, não enquanto Daniel estivesse vivo e
respirando.
Ele tirou a mão abruptamente, inclinando a cabeça para trás e olhando
para Stavros. Havia assassinato sangrento nos olhos de seu amante,
tornando-os maiores e mais selvagens do que o normal. Os lábios de
Daniel se ergueram levemente com essa visão. Voltando o olhar para
Yusef, ele disse — Você nos dirá onde Jay está. — Não fazia sentido para
eles continuarem procurando cegamente quando tinham a informação
sobre o paradeiro do homem bem na frente deles.

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A respiração de Yusef zumbiu quando ele inalou. Algo como a
antecipação apareceu em seus olhos por um breve momento, tão fugaz que
Daniel questionou se ele realmente tinha visto. — Então você vai...
Daniel calou-o com um tsk suave e um único movimento da cabeça.
— Não estamos em negociação, — disse ele suavemente. — Quero a
informação agora, caso contrário você terá a cabeça de Linc a seus pés. E
então eu vou começar com você, e prometo — ele se inclinou para mais
perto, abaixando a voz. — Há muitas maneiras que eu posso derramar seu
sangue e ainda mantê-lo vivo. — Ele mostrou os dentes. — E colocar sua
reunião com seu marido morto em espera indefinidamente.
Stavros emitiu um som ao contornar a forma caida de Yusef,
ajoelhando-se atrás das costas do homem para sussurrar em seu ouvido —
É melhor você dar a ele o que ele quer. — Quando seus olhos se voltaram
para os de Daniel, ele descobriu que eles haviam se suavizado um pouco,
não tão selvagens quanto antes. — Ele é meio genial na coisa do sangue.
Eu deveria saber... — Ele fungou delicadamente. — Eu já estive em sua
masmorra. — Suas feições se suavizaram enquanto encaravam o rosto de
Daniel, como se ele estivesse se lembrando daqueles tempos.
Eles foram memoráveis, é claro. Por muitas razões.
— Eu quero...
— Toro! — Daniel gritou pelo sobrinho, interrompendo as palavras
de Yusef.
— Tío? Você chamou? — A voz de Toro ecoou por todo o espaço,
embora ele permanecesse fora da vista.
— Traga-o para mim.
— Sí, señor.
Daniel sentou-se e esperou enquanto Stavros sorria para ele.

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Era bom que Stavros o conhecesse do jeito que ele conhecia, que
Daniel nunca tinha que explicar suas ações. Eles eram dois corpos, mas
uma mente. Ele teve isso, até certo ponto, com Petra, embora ela não
estivesse lá com ele, derramando sangue. Havia uma liberdade
imensurável em nunca ter que esconder quem você era, e ele amava
Stavros por ser a pessoa que Daniel precisava ao seu lado.
Ele transmitiu isso com uma piscadela e as narinas de seu amante se
alargaram em resposta.
Ele era perfeição.
Passos ecoaram em suas costas, mas ele não se virou, simplesmente
mudou o olhar de Stavros para Yusef. Quando Toro ficou ao lado dele,
Daniel o instruiu — Coloque-o de joelhos.
Linc caiu de joelhos ao lado de Daniel com a ajuda não muito
prestativa de Toro. Puxando a faca, Daniel estendeu a mão, ainda não
quebrando o contato visual com Yusef enquanto colocava a lâmina na
garganta de Linc. Para seu crédito, o cunhado dele não vacilou, muito
menos respirou.
Ele estava disposto a morrer.
E ele faria.
Stavros se endireitou e caminhou até Linc, puxando a arma. Ele
colocou na cabeça de Linc. E, claro, Toro estava com a arma apontada
para a nuca de Linc.
Linc não emitiu nenhum som e olhou para a frente, não olhando para
Yusef, mas para um ponto na parede atrás dele.
— A localização de Jay, — Daniel falou calmamente. Não havia
motivo para raiva, ou levantar a voz. Nada disso deixaria suas intenções
ou ações mais claras. Havia um ligeiro desgaste no cobertor do vazio em

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que Yusef havia se escondido. Uma fraqueza que ele talvez não soubesse
que possuía. O traidor de Stavros poderia se considerar desprovido de se
importar com nada agora que seu marido estava morto e desaparecido,
mas Daniel viu... Linc.
Ele viu o cintilar nos olhos de Yusef quando ele finalmente o viu de
joelhos, a lâmina de Daniel em sua garganta vulnerável, a arma de Stavros
em sua têmpora, a de Toro pressionada na parte de trás da cabeça. Ele viu
angústia.
Daniel quase podia simpatizar com esse sentimento.
Quase.
Stavros não tinha morrido, mas Linc morreria. Sem pensar duas vezes.
Dedos atados à sua frente, Linc aguardou seu destino com o
comportamento mais calmo. Daniel poderia apreciar isso, e se ele fosse
qualquer outro tipo de homem, provavelmente se arrependeria de matar
alguém assim. Mas ele não era outro tipo de homem.
Ele era simplesmente Daniel, apaixonado por Stavros.
— Ele vai embarcar em um navio de contêineres saindo do Porto de
Miami amanhã. — Yusef não olhou para Linc.
Daniel sorriu para ele. — Não foi tão difícil, foi? — Ele sacudiu o
pulso, cortando a lateral do pescoço de Linc. O homenzinho se encolheu
quando seu sangue jorrou, ambas as mãos disparando para cobrir a ferida.
Ele fez tudo isso sem fazer barulho.
Impressionante.
— Linc! — Yusef avançou, apenas para congelar quando Stavros e
Toro apontaram suas armas em uníssono. — Linc.

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— Ele está bem. — Daniel acenou com a preocupação. — É uma
ferida superficial. Desta vez. — Ele se levantou e moveu seu queixo para
Toro colocar Linc na posição vertical. Daniel olhou para o homem. —
Coloque alguma pressão nisso. Vigie os dois — ele disse à Toro. — Ainda
nem começamos. — Ele limpou a lâmina na manga e a enfiou novamente
na bota antes de se virar para Stavros e estender a mão. Quando seus dedos
se encontraram, Stavros agarrou-o com força e puxou-o para o lado.
— Ouvi dizer que estamos indo para Miami, — Stavros falou apenas
para ele ouvir.
— Estás en lo correcto10. — Mas antes disso, ele tinha uma ligação a
fazer. Ele levou Stavros com ele enquanto se afastava dos outros e pegava
o telefone. Normalmente, Toro seria o intermediário, procurando contatos,
colocando planos em movimento. Mas não desta vez.
Stavros estava com ele, esperando, enquanto Daniel colocava o
telefone no ouvido e o ouvia chamar. O mínimo que podia fazer era
informar um conhecido quando você estava prestes a derramar sangue à
sua porta.
O telefone foi atendido no quinto toque. — Quem é?
Os lábios de Daniel se contraíram com o tom brusco. — Pascal. — Os
dedos de Stavros se contorceram ao redor dos dele. — Precisamos
conversar.

10
Você está certo.

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Matheu Pascal não se levantou quando Daniel foi escoltado para seu
escritório. Daniel já podia sentir a impaciência do outro homem, e seus
lábios se contraíram em um quase sorriso. Pascal queria conversar por
telefone, mas concordou quando Daniel insistiu em se encontrarem.
Algumas horas em um avião, e aqui estavam eles em Miami. Stavros
não tinha se juntado a ele. Stavros e Pascal tinham algum tipo de sangue
ruim entre eles. Mas com quem Stavros não tinha sangue ruim? Ele ficou
no hotel, fazendo planos com Toro enquanto Daniel fazia essa viagem
sozinho. Contra o conselho de Stavros e Toro.
Ele não tinha nada com que se preocupar, como havia dito aos homens
em sua vida. Ele e Pascal não eram amigos íntimos, mas não eram
inimigos. Ainda. O haitiano tinha que saber o que estava acontecendo em
seu quintal, já que o porto de Miami estava sob seus domínios.
Então, ele esperava uma visita de Daniel, mais cedo ou mais tarde.
Não?

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Os guardas de Pascal permaneceram com eles dentro do grande
escritório, os dois homens silenciosos e opostos enquanto flanqueavam
Daniel. Ele ergueu o queixo em cumprimento e esperou, as mãos enfiadas
nos bolsos. O olhar de Pascal desviou para seus homens e eles se viraram
e saíram, fechando a porta silenciosamente.
— Por que você está aqui? — Pascal juntou as mãos em cima da mesa
e se inclinou para frente. Ele era uma força por si só, assumindo a
liderança da máfia haitiana quando seu velho faleceu. O pai de Daniel
costumava fazer negócios com o de Pascal, e foi assim que eles
começaram a se conhecer. Mas, uma vez que Daniel começou a
administrar as coisas, logo percebeu que os haitianos não tinham nada que
ele quisesse, embora tivesse muitas coisas que eles desejavam.
Não que eles tenham conseguido isso.
Permanecendo perto da porta, ele sustentou o olhar do outro homem
quando respondeu com uma pergunta própria. — Você sabe do que eu sou
capaz, Mathieu?
Pascal não revirou os olhos, mas pela expressão em seu rosto, Daniel
podia ver que ele queria. — Estou bastante ciente de sua reputação, Nieto.
Novamente, vou perguntar, por que você está aqui?
Daniel se afastou da porta e caminhou até a mesa. — Se você sabe
quem eu sou e do que sou capaz, por que você está oferecendo uma
passagem segura ao homem que tentou matar Stavros Konstantinou?
Pascal recostou-se, braços cruzados, expressão entediada. — Eu não
tenho ideia do que você está falando, mas tenho certeza que você vai me
dizer eventualmente. No entanto, sei que isto... — Sua mandíbula
endureceu. — A intimidação não funciona comigo, então não se preocupe
em tentar.

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Daniel sorriu para ele. — Eu não comecei a intimidar, mas é bom
saber. — Ele cruzou as mãos atrás das costas. — Há um homem pronto
para partir em um dos seus navios amanhã. — Ele fez uma pausa e,
quando Pascal não falou, Daniel disse a ele — Eu o quero.
— Eu não estou ciente deste homem que você fala.
Daniel lançou lhe um olhar de pena. — Então você não é o
responsável por aqui. — Os olhos de Pascal se estreitaram, mas Daniel
simplesmente deu de ombros. Ele falou a verdade. Estar no comando
significa que você sabe cada passo que seu pessoal dá. Quando comem,
quando trabalham, quando dormem. Você conhece todos os segredos
deles, mesmo aqueles que eles não sabem que tem. E você definitivamente
sabe quando eles estão escondendo um estranho com um alvo nas costas.
— Onde está Stavros? — Pascal se inclinou para frente, erguendo uma
sobrancelha. — Covarde demais para me encarar?
Daniel o observou em silêncio. Sua pele era de um marrom escuro, os
cabelos aparados em um corte raspado. Com características fortes e uma
mandíbula angular, ele poderia ser considerado intimidador. Não para
Daniel, no entanto. Pascal se parecia com um homem de negócios, até o
terno escuro, mas havia uma certa presença que ele tinha, assim como
Stavros - Daniel também, se ele estava sendo honesto - que os diferenciava
na multidão. Mesmo que outros não reconhecessem seus rostos, não
soubessem seus nomes ou reputação, essa presença os denunciava.
Mostrava à população em geral que homens maus estavam entre eles.
— Você tem uma hora, — disse ele a Pascal após um longo silêncio.
— Sessenta minutos a partir do momento em que eu sair daqui, para
entregar esse homem, ou então trarei guerra à sua porta e você será a
primeira vítima.

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Os lábios de Pascal se apertaram. — Eu sempre pensei que você era
corajoso, — ele meditou. — Mas isso foi elevado a um nível totalmente
novo, você não acha? Entrar na minha cidade, onde eu tenho o poder e as
armas, e fazendo ameaças que você não pode cumprir?
— Você nunca vai me superar. — Como alguém como Pascal não
sabia disso? — E eu nunca ameaço. Por que eu deveria? — Ele deu de
ombros. — Não há necessidade disso. Minha presença em sua cidade, em
sua casa, é a ameaça. — Ele deu um passo para trás. — Eu pensei que
você era mais rápido em aprender. — Ele balançou sua cabeça. — Você
está ficando mole e essa vida não é para os mais fracos. Eles são comidos
vivos.
Pascal jogou a cabeça para trás com uma risada. — Cara, você é outra
coisa. Você espera sair daqui vivo depois disso?
— Não. — Daniel balançou a cabeça. — Eu espero que você pense na
irmã que você ama, na pessoa que não quer nada com você. — O sorriso
de Pascal murchou e morreu. — Espero que você pense na casa em River
Lane e nos segredos que deveriam ter permanecido trancados dentro de
suas paredes. — Foi na linha fina e repentina que cobriu a boca de Pascal
que Daniel achou um tipo de excitação. Isso veio do fato de saber que
você ganhou sem precisar levantar um dedo contra seu oponente.
— Você está jogando um jogo perigoso, — disse Pascal.
— Seu primeiro erro foi pensar que isso era um jogo. Se você está
escondendo meu inimigo, você se colocou diretamente na linha de fogo.
Mas se você nem sabe que está escondendo-o? — Ele soltou um suspiro
duro. — Minha arma não é a única apontada para sua cabeça.
Pascal o observava, os lábios curvados para cima. Daniel não
conseguia ler os pensamentos do outro homem, mas não imaginava que
fosse algo bom.

CL Traduções
— Stavros estaria aqui, — continuou ele. — Mas acredite em mim
quando digo que sou a melhor opção agora. Meu parceiro teria matado
todo mundo até que não houvesse ninguém entre ele e seu prêmio. — Mas
Pascal não parecia gostar da tentativa de Daniel de prolongar sua vida.
— Seu parceiro, não é? — Pascal olhou com raiva. — Isso foi antes
ou depois que você o sequestrou e o torturou? Eu também sei coisas,
Nieto.
Daniel acenou com as palavras com um sorriso zombador. — Depois.
Mas você já sabe disso. — Ele se virou, dando as costas a Pascal. — Uma
hora. Nem um minuto depois. Você sabe como entrar em contato comigo.
— Ele foi até a porta e a abriu.
Os dois homens que o escoltaram para dentro estavam lá, bloqueando
sua saída. Ele esperou pacientemente enquanto eles olhavam por cima do
ombro para seu chefe. Daniel não olhou para trás, mas Pascal deve ter
dado o aval para que o deixassem partir, porque se afastaram.
Ele passou por eles, atravessando a grande casa. Ele sabia muitas
coisas sobre Pascal, como o fato de viajar de um lado para outro de Miami
a Nova York várias vezes por mês. Que ele havia sido traído violentamente
por um ex-amante, uma traição que Pascal ainda não havia se recuperado.
E se Daniel realmente queria colocar Pascal de joelhos, a casa em
River Lane era definitivamente onde ele atacaria. Mas Pascal
provavelmente nem sabia o quanto aquela casa de tijolos e seu habitante
o deixaram fraco.
Daniel pode ter que ser o único a mostrar a ele.
Ele voltou para o hotel, sorrindo quando dois SUVs pretos o seguiram.
Eles não se esforçaram muito para se esconder, e ele não tentou agir como
se não soubesse que eles estavam lá. Pelo menos eles mantiveram

CL Traduções
distância quando ele estacionou e entrou, as mãos nos bolsos do casaco
preto.
Stavros apareceu no instante em que abriu a porta do quarto, expressão
calma, seus olhos uma história diferente. — Como foi?
Daniel segurou seu rosto e chutou a porta para fechar. — Ele conhece
nossos termos. — Ele deu um beijo no nariz de Stavros. Então em seus
lábios. — Agora vamos esperar.

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Como você ameaça um homem como Mathieu Pascal sem ameaçá-
lo? Como você acende um fogo embaixo da bunda dele sem sequer pegar
em um fósforo? Como você faz com que ele queira lhe dar todas as coisas,
mesmo as merdas que você nem pediu?
Stavros estava meio encostado na cadeira de couro, com um sorriso
nos lábios. Um gesto predatório. Talvez um pouco desenfreado também,
se ele se permitisse olhar no espelho.
Havia um falsificador procurado em toda Miami. Muitos não sabiam
seu nome verdadeiro, só que ele trabalhava apenas para um homem.
Pascal. Stavros sabia mais do que isso, no entanto. Ele sabia quem e o que
o falsificador residente costumava ser, no passado que Pascal o ajudou a
enterrar. No passado, que os dois fingiam não reconhecer um ao outro. O
exterior do falsificador estava limpo hoje em dia, e brilhava com a limpeza
profunda de Pascal e, em troca, ele fez um favor a Pascal.
Stavros sabia sobre eles apenas porque, em sua vida passada, o
falsificador esteve no lugar errado, na hora errada. Perto o suficiente e

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quieto o suficiente, que Stavros não o tinha visto enrolado debaixo da
cama até depois que ele explodiu o cérebro de seu alvo.
Ele estava sentado em frente a Stavros no quarto do hotel agora,
aquele falsificador, tão diferente do garoto assustado e trêmulo que ele era
naquela época. Agora havia crescido uma espinha dorsal, crescido o
cabelo e os olhos cheios de terror na última vez que Stavros o viu,
continham agora a quantidade perfeita de desprezo e raiva. Ele evoluiu...
De novo.
Desta vez, ele não estava tão desamparado quanto quando Stavros o
arrastou, todo maltratado, machucado e esgotado, de debaixo daquela
cama de motel paga por hora. Mas desta vez ele tinha muito mais a perder.
— O que você quer? — O falsificador exigiu com um sorriso de
escárnio. — Finalmente veio terminar o trabalho todos esses anos depois?
Toro foi quem o agarrou saindo de um consultório médico. Ele não
estava amarrado, embora Toro quisesse tapar a boca dele, Stavros
dispensou. O falsificador sabia que não devia chamar a atenção para eles,
mas ele não sabia o quão precioso era para Pascal. Um bem valioso. Ele
logo descobriria.
Ele continuou falando enquanto Toro estava na sua frente, tirando
fotos com seu telefone.
— O que diabos está acontecendo? — Os olhos do falsificador
saltaram de Toro para Stavros e depois para Daniel, que acabara de voltar
de seu encontro com Pascal. — Por que você me pegou? — ele perguntou
a Stavros. — Por que ele está tirando fotos minhas...
— Enviado, — Toro o interrompeu, girando para encarar Stavros. —
E foi visualizado. — Ele sorriu e enfiou o telefone no bolso. — Eu estarei
lá fora. — Ele saiu, fechando a porta atrás de si.

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— Stavros, o que diabos está acontecendo? — Os olhos do
falsificador eram de um tom perturbador de verde contra sua pele marrom
clara, cortesia de um pai das Índias Ocidentais e uma mãe alemã.
Stavros levantou um dedo. — Espere.
— O que? O que é...
— Espere, — Stavros gritou. O telefone de Daniel tocou no momento
seguinte, e Stavros sorriu, trocando um olhar com o homem. Pascal estava
dentro do cronograma, desagradável e previsível.
Daniel respondeu após o quinto toque, colocando-o no viva-voz e se
aproximando. — Si.
— O que é que você fez? — Pascal exigiu. O falsificador se assustou,
os olhos se arregalando ao som daquela sua voz.
— Olá, Mathieu, — Stavros o cumprimentou casualmente.
— Stavros, seu filho da puta.
Stavros se inclinou para a frente com uma risada, joelhos separados,
mãos entrelaçadas entre eles. — Daniel te disse o que queríamos, mas eu
estou bem familiarizado com a maneira como você trabalha. Então,
enquanto você está nessa grande mansão branca, pensando no que você
deveria ou não deveria fazer... — Ele levantou a cabeça, segurando o olhar
do falsificador. — Peguei a única coisa que sei que você nunca suportaria
perder.
O falsificador ficou pálido. Eles não eram amantes, ele e Mathieu, mas
estavam conectados como Stavros e Daniel, e isso era uma coisa que
transcendia qualquer tipo de intimidade física.
— Deixe-o ir, — Pascal emitiu a ordem como se esperasse que Stavros
cumprisse imediatamente.

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Stavros balançou a cabeça. — Há um homem escondido em algum
lugar do seu território, com permissão sua ou de alguém que trabalha para
você - o que é a mesma coisa, aos meus olhos. Eu quase morri por causa
desse homem, e Mathieu, se não o pegar, ou souber do paradeiro dele nos
próximos... — Ele olhou o relógio. — Vinte e um minutos e quinze
segundos, seu falsificador morrerá. Então eu estarei invadindo seu maldito
castelo. Eu sugiro que você pense duas vezes antes de pensar em me
enganar.
Daniel bateu no telefone e encerrou a ligação.
— Você está falando sério? — O falsificador começou a gritar
novamente. Não tenho nada a ver com isso. Por que diabos você me
envolveu em sua merda com Mathieu?
— Você é o atalho. — Stavros sorriu para sua expressão confusa.
— O que?
— Você é o atalho, — Stavros repetiu. — Eu não tenho que me
perguntar se Pascal fará o que eu quero, não se eu tiver você.
Ele ainda estava lá, porra sem noção. — Isso... isso não faz sentido.
Eu apenas trabalho para ele de vez em quando. É isso aí.
— Não, — Daniel se dirigiu diretamente a ele pela primeira vez. —
Você é mais.
— Ele salvou você da minha bala todos esses anos atrás. — Foi um
dos primeiros empregos de Stavros nos EUA e a única vez que ele deixou
uma testemunha viver. Daniel não contava. — Ele te limpou, te deu uma
nova vida, te manteve perto e te deu um emprego. — E ele assistiu do
lado de fora enquanto o Falsificador construía uma vida que não o incluía.
Não que Pascal não tivesse seus próprios relacionamentos, mas que

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Stavros soubesse havia apenas um significativo. E Pascal foi traído, teve
sua merda roubada pelo homem que compartilhou sua cama.
Isso deve ser péssimo.
— Você está enganado. — O falsificador ergueu o queixo, mas não
antes que Stavros visse o flash de medo nem seus olhos. Não por sua
situação atual, mas pela ideia de que Pascal o visse como mais do que ele
pensava que era.
Interessante.
— Veremos. — Stavros encolheu os ombros. — Se ele não fizer o que
eu quero, você morre, então talvez - não sei - reze para que eu esteja certo?
A menos que você realmente não se importe com uma bala entre os olhos.
A sala ficou em silêncio depois disso. Não havia mais nada a dizer,
havia? Stavros não observava o relógio, mas o falsificador observou, seu
olhar fixo no relógio redondo de ouro e branco na parede próxima.
Quando faltavam dez minutos, ele começou a se mexer na cadeira,
olhando do relógio para a porta.
Em cinco minutos, Stavros podia ouvir sua respiração, podia ver o
suor escorrendo em sua testa, deixando os cabelos grudados em sua
têmpora. Ele não fez barulho, no entanto.
Faltando dois minutos, Daniel se levantou.
O falsificador se encolheu.
Stavros sorriu.
Em um minuto, o telefone na mão de Daniel vibrou. Ele olhou para
ele. — Temos um endereço.
— Aí. Você não está feliz por eu estar certo? — Stavros perguntou ao
falsificador. Seus olhos estavam fechados, as juntas brancas onde ele

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segurava os braços da cadeira. — Você acha que ele tinha as informações
o tempo todo? — Ele inclinou a cabeça quando os olhos do falsificador se
abriram, perfurando-o. — Você acha que ele esperou até o último minuto
literalmente para enviar essa informação, brincando com sua vida?
— Você... — O falsificador engoliu em seco e desviou o olhar
brevemente, controlando suas feições antes de olhar para Stavros. — Você
conseguiu o que queria. Me deixar ir.
Stavros ficou de pé e foi ficar na frente dele. — Oh, eu não te contei?
Você está preso comigo. Pelo menos até que meus negócios em Miami
estejam concluídos. Ele sorriu. — Você acha que seu marido sentirá sua
falta?
A respiração do falsificador ficou presa.
— Espero que não, porque se ele decidir fazer algo a respeito, vou ter
que lidar com ele.
— Não.
Stavros piscou. — Sim.

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O falsificador não fez um esforço para acompanhar Stavros e Daniel
e finalmente encontrar sua presa muito procurada. Em vez disso, eles o
mantiveram confinado dentro do hotel, em uma sala separada, em um
andar completamente diferente, inconsciente, com a boca tapada, mãos e
pés amarrados. Sob forte proteção também. Daniel tinha contatos
infinitos, todos ansiosos para agradar.
Então eles saíram, movendo-se - como sempre - como um trio.
Não se tratava de se Toro iria ou não se juntar a eles, e Stavros teve
que admitir que achava o Nieto mais novo indispensável. Toro os levou
ao seu destino, a cerca de 24 quilômetros de distância, enquanto Stavros
estava sentado no banco de trás do SUV blindado, com Daniel ao seu lado.
Eles estavam mais perto do que nunca de encontrar Jay, de Stavros ter
a vingança que ele estava ansiando desde o momento em que foi baleado
em seu apartamento em Nova York. A antecipação e a adrenalina
provocaram uma tempestade em seu interior quando ele olhou pela janela
a paisagem que passava. Era noite, horas depois de Pascal ter enviado o
endereço para o telefone de Daniel.
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Stavros não sabia se Pascal sabia sobre Jay desde o início, ou se ele
teve que bater algumas cabeças para obter as informações. Isso não
importava. Se tudo isso era uma armadilha, uma espécie de emboscada,
era melhor que Pascal esperasse que não houvesse sobreviventes.
Mas agora, Jay tinha toda a sua atenção.
Dedos agarraram os deles onde estavam apoiados em seu joelho, e ele
olhou para encontrar os olhos de Daniel nele, o olhar claro e firme quando
ele arqueou uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa. Stavros não
sabia qual era a pergunta, mas ele baixou o queixo, levando os dedos
entrelaçados aos lábios e beijando-os. O que a noite trouxesse, o que quer
que os esperasse, ele estava bem com isso, desde que tivesse Daniel ao
seu lado.
Não havia como fazer reconhecimento da área. Eles estavam indo às
cegas, e algo sobre isso o emocionou ainda mais. Apenas Toro para
conhecer atalhos e coisas assim, em Miami de todos os lugares. Stavros
não se incomodou em perguntar à Toro como ele estava familiarizado com
onde eles estavam ou para onde estavam indo. Ele confiava no sobrinho
de Daniel com sua vida.
— Nós paramos aqui. — Toro parou o veículo e desligou o motor. Ele
procurou no porta-luvas e pegou algumas lanternas. — Meu contato diz
que a casa fica a cerca de quatrocentos metros daqui. — Ele checou o
telefone, os lábios torcidos em um sorriso quando ele olhou de volta para
eles. — Pronto?
Como se ele tivesse que perguntar. Stavros zombou, pegando uma das
lanternas enquanto descia o SUV. Daniel fez o mesmo. A escuridão estava
densa lá fora e o ar fedia a umidade e outras coisas úmidas que ele não se
importava em identificar. A grossa cama de folhas no chão fazia barulho
sob seus pés enquanto se moviam. Stavros checou suas armas; aquela no

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coldre do tornozelo e as duas dentro do casaco. Ele não planejava dar a
Jay uma morte rápida, mas as balas eram úteis.
Dedos subiram pela nuca e afundaram em seus cabelos. Ele fechou os
olhos, a respiração acelerada quando Daniel segurou seus cabelos e puxou
a cabeça para trás.
— Diablo.
Stavros virou-se para ele e ergueu os cílios. Seu homem estava todo
de preto, fundindo-se nas sombras ao redor tão bem que era quase
impossível ver. Seus olhos, escuros como costumavam ser, brilhavam para
Stavros, encarando seu rosto com um carinho severo.
Ele colocou a mão sobre o coração de Daniel. — Estou pronto.
Daniel o esmagou contra o peito, aquele aperto ainda em seu cabelo,
o rosto em seu pescoço. Stavros passou os braços em volta dele, e eles
ficaram como um no meio de toda aquela escuridão. O coração de Daniel
batia por ele, uma batida constante que vibrava através de Stavros, porque
eles estavam tão perto. Ele fechou os olhos brevemente, permitindo que
um sorriso aparecesse em seus lábios.
— Obrigado por fazer isso comigo, — ele disse suavemente. Ele não
poderia pensar nisso como algo garantido. Não podia pensar em Daniel
como garantido.
— Qualquer coisa. — Daniel levantou a cabeça, voltando os olhos
para o rosto de Stavros. — Eu farei qualquer coisa por você.
Stavros deslizou um dedo sobre o seu queixo. — Eu sei. — Ele inalou
e deixou sair. — Vamos matar um homem, então?
Em algum lugar escondido nas sombras, a risada de Toro chegou aos
seus ouvidos.

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Daniel simplesmente assentiu, a doce violência sangrava em seu olhar
quando a afeição que existia antes retrocedeu. — Si.
— Vamos. Toro, lidere.
Não foi uma caminhada fácil, abrindo caminho pelo mato que estava
quase tão alto quanto a cintura de Stavros, com apenas lanternas para
iluminar o caminho. Toro tinha um nariz parecido com um cão de caça e,
aparentemente, um senso de direção incrível. Quando o jovem Nieto
finalmente parou, Stavros simplesmente esperou. Uma luz entre as árvores
lhe disse que provavelmente haviam chegado ao seu destino.
— Eu vou dar uma olhada. — Toro desapareceu em um piscar de
olhos, movendo-se como porra de fumaça, rapidamente e sem som.
— Ele é bom, — Stavros murmurou para Daniel, que riu.
— Sim.
Ele não mencionou que tinha sido o único a ensinar à Toro todas essas
habilidades que ele exibia, mas Stavros já sabia disso. Seus dedos
flexionaram onde agarraram o punho da arma, aguardando o retorno de
Toro. E, como se tivesse ouvido os pensamentos de Stavros, a voz de Toro
apareceu antes de seu corpo. — Três guardas. Posicionado ao norte, sul e
oeste.
— E leste? — Stavros perguntou.
— Nada.
Daniel fez um som. — O alvo?
— Nenhum sinal, provavelmente dentro de casa com o outro guarda.
Provavelmente. — Ok. Cada um de nós pega um. — Stavros lambeu
os lábios. Ele quase podia provar o que estava por vir. — Vamos.

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Os guardas andavam de um lado para o outro, cada um segurando um
rifle automático. Os três se separaram, para eliminar a ameaça. Stavros foi
em direção ao lado oeste, afinal era a entrada, e esperou até que o guarda
passasse antes de saltar dos arbustos. O elemento surpresa permitiu que
ele fizesse o que precisava ser feito, torcendo o pescoço do guarda até
ouvir um estalo doentio e depois recuou, permitindo que o corpo caísse
no chão.
Daniel e Toro se juntaram a ele, pouco tempo depois, mas Stavros já
estava subindo os degraus até a porta da frente. Ele debateu apenas um
segundo antes de chutar a porta. Dois homens estavam sentados em um
sofá em frente a uma TV de tela grande, um no telefone, o outro
assistindo... críquete?
Os dois pularam quando a porta bateu, pegando suas armas.
— Ah. Ah. — Stavros deu um tiro no primeiro e ele caiu. O segundo?
Oh, o segundo era familiar pra caralho. — Olá, Jay. — Ele abaixou a arma
quando Jay a ergueu. — Eu fiz uma promessa a você, não fiz?
O olhar de Jay mudou do rosto de Stavros para um pouco por cima do
ombro, aumentando um pouco.
Stavros aproveitou essa distração simples, atirando na mão dele
segurando a arma. Jay gritou, cambaleando para trás e Stavros avançou
sobre ele. — Posso entrar? Sinto que devo entrar. — Ele não se lembrava
de suas pernas se mexendo, mas de repente ele estava no rosto de Jay, uma
mão na garganta, sufocando-o enquanto ele sangrava por todo o traje sob
medida de Stavros. — Você me fez persegui-lo. — Ele estalou a língua.
— Não foi uma boa ideia.
Jay lutou com ele, lutou contra suas garras, mas ele estava sangrando,
e Stavros tinha meses de raiva reprimida e hostilidade para fortalecê-lo. O
fodido não tinha chance.

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— Que pena, na verdade, — disse Stavros quando Daniel se
aproximou, ficando atrás de Jay. — Não sei quanto a você, mas pretendo
aproveitar isso por muito, muito tempo. — Daniel atacou então, um golpe
na mandíbula de Jay que o apagou instantaneamente. Antes de cair no
chão, Daniel se inclinou, pegando o homem inconsciente.
— Toro? — Daniel se dirigiu ao sobrinho.
— Tudo limpo, — respondeu Toro.
— Então vamos dar o fora daqui, — disse Stavros.
Começou a chuviscar quando eles voltaram para o veículo no escuro,
tomando cuidado com o caminho, e Stavros não respirou com facilidade
até que finalmente chegaram ao SUV. Daniel jogou o homem ainda
inconsciente no banco de trás e mal subiu nele antes que Toro partisse, seu
tio no banco da frente.
Quando Toro entrou em um antigo cemitério que parecia ter sido
esquecido há muito tempo, a chuva caía em torrentes e Jay estava se
mexendo.
Uma coisa sobre ele, o bastardo tinha um bom timing.
Stavros tirou a jaqueta e arregaçou as mangas, depois desceu quando
Toro estacionou, arrastando Jay pelos pés. Seu ex-captor gritou quando
Stavros o jogou no chão.
— Hora de acordar, Jay. Temos negócios a tratar.
Jay se arrastou no chão, olhando para Stavros através da chuva. —
Foda-se.
Stavros recuou, colocando uma expressão chocada. — Bem, isso não
é muito legal. — Ele bateu o pé no rosto de Jay, jogando a cabeça para
trás. — De pé. Agora. — Daniel apareceu, dando-lhe uma mão puxando

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Jay na posição vertical, liberando-o enquanto ele balançava e cambaleava,
caindo para trás na lateral do SUV. — Tire suas roupas.
Jay cuspiu uma bola de sangue a seus pés, a chuva pingando como
lágrimas pelo rosto. — Se você acha...
— Minha paciência com você começou e terminou no armazém onde
você me torturou, — Stavros rosnou quando ele bateu a cabeça de Jay no
SUV, amassando-o. — Tire a porra da sua roupa, e eu posso pensar duas
vezes antes de alimentar os jacarés com você... — Ele fez um gesto para
a água imóvel logo após a beira do cemitério. — Vivo.
Desafio brilhou nos olhos de Jay. Ele olhou em volta, observando os
três homens esperando para foder ele, e ele fez como ordenado, puxando
a camisa sobre a cabeça e jogando-a para o lado, em seguida, soltou o
cinto e puxou o jeans, a cueca e as botas. Quando ele ficou nu diante deles,
Stavros pegou a pá que Toro segurava e jogou em Jay.
— Comece a andar.
Jay fez, silenciosamente. De mau humor. Ele não tinha desistido,
Stavros leu isso na rigidez de seus ombros. Ele não estava bravo com isso.
De fato, ele preferia isso.
Ele fez Jay andar mais fundo no cemitério, passando pelas lápides
despedaçadas e túmulos não identificados, invisíveis através das vinhas e
arbustos cobertos de vegetação, a chuva os atingindo durante todo o
caminho. A roupa de Stavros estava grudada nele, encharcada, e ele
continuava tendo que limpar o rosto para ver claramente.
— Pare, — Toro gritou.
Jay deu mais alguns passos antes de fazer o que foi dito.
Stavros riu e deu um passo à frente, sorrindo quando a mandíbula de
Jay endureceu, o ódio era uma coisa viva em seus olhos. — Bem, vá em

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frente. — Ele apontou para a terra imperturbável sob seus pés. — Cave
seu túmulo.

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Para seu crédito, Jay não seguiu o comando de Stavros
imediatamente. Ele também não se mexeu, embora seus dedos apertassem
o cabo da pá em suas mãos. A chuva era quase dolorosa quando atingiu o
rosto de Stavros, suas botas afundando na terra amolecida. Tudo ao redor
deles estava escuro, mas não escuro o suficiente para esconder o aumento
dos olhos de Jay.
Afastando o cabelo molhado para trás, longe da testa, Stavros
gesticulou com o queixo. — Você pode cavar seu próprio túmulo, ou eu
posso fazer isso por você.
A mandíbula de Jay endureceu, os olhos escuros se estreitando. —
Não tenho medo de morrer, Konstantinou. — Ele ergueu o queixo e
Stavros não pôde deixar de sorrir com sua teimosia fora de lugar. — A
morte é...
— Uma fuga. — Stavros o agarrou pela garganta, sua pele molhada
fazendo com que não fosse tão fácil como deveria ter sido. — A morte é
uma fuga, uma misericórdia, algo pelo qual eu assegurarei que você
implore. — Daniel e Toro haviam voltado às sombras, dando a Stavros o
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palco para fazer o que ele precisava fazer. Este era o momento dele, e ele
já havia dito aos outros dois que o único papel deles era deixá-lo ter isso.
Afastando-se de Jay, Stavros arrancou a própria camisa e a jogou para
o lado, de pé na frente dele, de peito nu, vestindo apenas calças e botas.
Ele não tinha nenhum plano, apenas a raiva dentro dele que permaneceu
desde seu tempo como prisioneiro de Jay, acorrentado e espancado. Essa
raiva o deixou mais quente do que o ar espesso ao redor deles, algo que a
chuva não ajudou em nada.
— Você acha que vai conseguir me matar? — Jay perguntou, todo
convencido, apesar de sua nudez e da pá que ele segurava como algum
tipo de campo de força, numa tentativa ineficaz de impedir que Stavros se
aproximasse dele novamente. — Minha família vai fazer você pagar.
— Sua família é a próxima na minha lista, e eu não vou parar até que
eu limpe toda a sua linhagem de merda. — Stavros balançou a cabeça,
cabelos molhados voando, chicoteando em seu rosto. — Como vocês,
idiotas, pensaram que poderiam vir atrás de mim e não esperarem
retaliação, está além de mim.
— Você trabalha para Yusef, nosso inimigo.
Stavros bufou. — Veja. Esse foi seu primeiro erro, acreditar nessa
merda. Eu trabalho para mim. E eu não sabia que você existia até que você
atirou em mim. Tolos malditos.
— Mas você sabe meu nome agora. — Jay sorriu para ele. — E você
nunca vai esquecer. Mesmo se você me matar, eu vou ficar aqui. — Ele
bateu um dedo na têmpora.
Stavros deu uma risada. — Você gostaria de pensar isso, mas nah, uma
vez que eu terminar com você, eu terminei com você. — A expressão de
Jay o chamou de mentiroso, mas Stavros não se importou. — Você tentou
me matar só porque achava que eu estava trabalhando para Yusef,
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ajudando-o a matar os homens que sua família tinha na folha de
pagamento.
— Seus assassinos estavam matando nossos aliados, — Jay disse a ele
com um encolher de ombros. — Obviamente, tinha que ser sob suas
ordens.
Obviamente. Stavros ainda não havia lidado com Yusef. Mas isso
mudaria uma vez que ele finalizasse essa ponta solta. Qualquer um que
tivesse uma mão no que havia acontecido com ele seria tratado, ele não se
importava quanto tempo levasse.
Ele casualmente pegou sua arma na cintura e gesticulou. — Comece
a cavar.
Jay estufou o peito. — Faça, — ele provocou. — Atire em mim. Não
vou facilitar as coisas para você.
Stavros revirou os olhos. — Você já fez disso fácil para mim, então
obrigado por isso. — Ele disparou, o silenciador da arma sufocando o
som, embora provavelmente não fosse necessário, tão longe quanto eles
estavam.
Os joelhos de Jay dobraram e ele largou a pá, as duas mãos indo para
o ferimento no ombro esquerdo. Stavros aproveitou, colocando um pé em
seu estômago. Isso fez Jay cair de joelhos no chão, e Stavros pegou a pá,
batendo no lado de sua cabeça. Jay se jogou de bruços na lama.
Stavros largou a pá e apoiou um pé na parte de trás do pescoço do
homem caído, forçando o rosto na lama. — Estou me divertindo com
você. — Ele levantou a voz mais alto para ser ouvido sobre o som da
chuva. — Seus cúmplices todos tiveram mortes rápidas. — Então ele se
lembrou de desmontar aqueles filhos da mãe com a serra. — Bem. — Ele
inclinou a cabeça. — Relativamente falando. Mas você... — Ele se
inclinou, passando a mão sob o queixo de Jay e levantando a cabeça. A
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lama estava endurecendo sobre seu rosto, cobrindo os olhos, nariz e boca.
— Você, eu vou lidar com isso até ficar entediado, e então eu vou deixar
você negociar sobre como devo terminar com isso.
— Eu nunca vou implorar.
Ele tinha certeza de que era isso que Jay disse, mas as palavras saíram
confusas por causa da merda que enchia sua boca. Stavros sorriu para ele
e esmagou o rosto de volta na lama. — Se isso é um desafio... — Ele
lambeu os lábios. — Eu aceito. — Ele se endireitou, mantendo o pé onde
estava na parte de trás do pescoço de Jay enquanto olhava ao redor. A
chuva estava diminuindo um pouco, mas ele não conseguia distinguir Toro
e Daniel. Esses dois definitivamente se misturaram ao cenário. Um
movimento à direita chamou sua atenção e ele se virou a tempo de ver
Daniel se afastar das sombras como se fosse uma camada de roupa.
Daniel estendeu algumas correntes, não muito diferentes das que Jay
usara para prender Stavros. — Eu pensei que você poderia precisar delas.
Com a pá em uma mão, e o pé na parte de trás do pescoço de Jay,
Stavros sorriu ternamente para seu amante. — Eu não sabia que tínhamos
isso.
Daniel deu de ombros. — Toro planeja tudo.
Sim, ele planejava. Stavros estendeu a pá para Daniel, e eles trocaram.
Ele olhou para as correntes na mão. Elas eram longas o suficiente para
arrastarem no chão. — Obrigado. — Ele olhou de volta para Daniel.
— Claro. — Daniel inclinou o queixo. — Eu estarei por perto. — Ele
gesticulou, dando um passo para trás, e Stavros o agarrou pela camisa
molhada, apertando-a com força e puxando-o para mais perto.
— Você quer me ajudar a acorrentar nosso convidado? — ele
perguntou contra os lábios de Daniel e sentiu o sorriso do outro homem.

CL Traduções
— Seria um prazer, diablo. — Hum, sim, seria.
Jay se recusou a se levantar quando Stavros gritou a ordem, então,
juntamente com Daniel, ele trancou as correntes ao redor dos tornozelos
de Jay, então cada homem segurou e eles arrastaram Jay de bruços pelo
cemitério.
Acho que Jay tinha aprendido que Stavros gostava quando lutava.
Então ele não lutou. Mas ele também não cumpria as ordens. Enchia
Stavros de satisfação, ouvir seus sons de dor - ele ainda estava sangrando
da bala no ombro, embora tivesse sido um simples arranhão, Stavros se
certificou disso - então Jay fez o possível para abafar esses sons.
Homem inteligente.
Stavros havia apostado na raiva, deixando-a de lado, mas uma vez que
eles acorrentaram Jay ao que parecia ser a única lápide que não estava
desmoronando com a idade e a negligência, estava de volta. Ele acenou
com a cabeça para Daniel, que pegou a dica e desapareceu novamente.
Ele amava esse homem.
Ele pegou a pá que Daniel havia apoiado nas proximidades e começou
a cavar. Jay se contorceu no chão, emitindo esses sons abafados, as
correntes alertando Stavros a cada movimento. Como ele não ia a lugar
algum, Stavros o ignorou na maior parte.
Não era fácil cavar um túmulo. De fato, suas costas e pernas
protestaram muito antes de seus braços. Mas ele continuou, o suor se
misturando com a chuva que diminuíra até uma garoa. Levou tempo,
fazendo tudo sozinho, com aquela pá. Mas ele fez isso.
Os sons da pá cavando na terra molhada, o cheiro, a sensação do solo
sob suas botas. Ele dedicou tudo à memória, para garantir que ela
substituísse as lembranças que ainda tinha de ser acorrentado e torturado.

CL Traduções
A respiração de Jay, alta e ofegante de dor, das correntes, de sua posição
no chão, filtrou-se para Stavros, onde ele estava dentro daquele túmulo
recém cavado.
Seus dedos ficaram dormentes por causa da dor de usar a pá. Seu
corpo, ainda tão frágil depois do que ele havia sofrido por causa de Jay,
doía horrivelmente. Ele poderia pedir ajuda, por isso tinha Daniel e Toro.
Mas Stavros fez tudo sozinho.
Quando ele terminou, uma vida mais tarde, ele xingou quando tentou
sair do buraco e o solo cedeu sob suas mãos, fazendo-o cair de volta. Ele
tentou de novo e de novo. E na quarta vez...
Daniel olhou para ele, com uma mão estendida, oferecendo assistência
silenciosamente. Então Toro apareceu ao seu lado. Stavros aceitou sua
ajuda com um sorriso agradecido, cambaleando no abraço de Daniel
quando ele finalmente saiu.
Daniel o abraçou com força. — Você está bem?
— Sim, — Stavros murmurou em seu ouvido. — Eu estou. — Ele deu
um beijo na mandíbula de Daniel e depois se afastou com relutância. —
Vocês dois querem me ajudar a colocar este aqui no seu local de descanso
final?
Os dois acenaram entusiasmados demais.
Jay tentou segurar um pedaço de lápide quando eles se voltaram para
ele, uma tentativa fraca de prolongar o inevitável. Stavros simplesmente
pisou em seu ombro ferido, até que seu aperto já fraco se soltou; depois,
juntamente com Daniel e Toro, eles arrastaram Jay pelas correntes nos
tornozelos, a uma curta distância da cova recém cavada.
Não tinha seis pés11 de profundidade.

11
1,80 metros.

CL Traduções
Mas era bastante profunda.
Eles largaram Jay, e ele imediatamente se ajoelhou, olhando-os
furiosamente. Ah, e o que era aquilo, brilhando nos olhos dele? Acho que
a situação finalmente se tornou real para ele, porque sim, ele estava com
medo.
Stavros sorriu para ele, então ele pegou a pá e pegou um pouco da
terra empilhada nas laterais. Ele jogou a terra na cabeça de Jay.
— Foda-se, Konstantinou, — Jay gritou. — Foda-se! Eu deveria ter
matado você!
Stavros riu. — Não posso discutir com isso. — Ele continuou jogando
a terra, enchendo a cova enquanto Jay gritava e xingava, cuspindo e
cuspindo quando a terra entrou em seu rosto, sua boca.
Daniel e Toro ajudaram, usando os pés.
Jay o amaldiçoou até que ele estava enterrado até a cintura.
Então ele começou a implorar.

CL Traduções
— Você estava certo, — Stavros disse calmamente, sobre Jay
gritando. Ele olhou para o homem preso dentro do túmulo, a sujeira
subindo mais ao redor de seu corpo com cada pá cheia que ele jogava. —
Você deveria ter me matado. — Ele sorriu. — Mas essa foi sua falha fatal:
não finalizar isso. Felizmente para você, não sofro da mesma aflição.
Jay não conseguia se mexer, pelo menos não a parte inferior do corpo.
Ele olhou para Stavros, olhos vermelhos e atirando punhais que Stavros
não deu atenção. Ambos sabiam que ele estava vivendo com tempo
emprestado. Tempo que Stavros controlava.
Ele se sentia mais leve, de alguma forma, e Stavros não conseguia
explicar o porquê. Pelo menos ainda não. Mas ele se sentiu mais leve do
que tinha estado quando deixaram o hotel em busca de Jay. A raiva dentro
dele, aquela merda que ele vinha espalhando desde o momento em que
Jay atirou nele em Nova York, permaneceu, mas não era tão potente
quanto quando ele colocou as mãos nos dois outros cúmplices de Jay.
Se pudesse, Stavros passaria a noite inteira jogando terra no túmulo
até Jay deixar de existir. Ele tinha tempo e a recém descoberta paciência.
CL Traduções
— Toro. — Ele não desviou o olhar de Jay. — Pegue seu telefone.
Vamos gravar um vídeo. — Se Toro ou Daniel ficaram surpresos com suas
palavras, eles não demonstraram. Toro simplesmente pegou o telefone e
ligou-o, depois o levantou. Stavros ficou na beira do túmulo e começou a
conversar enquanto Toro filmava. — É o que acontece quando você não
conhece seu lugar.
Toro se aproximou mais, virando a câmera para capturar Jay no que
seria seu último lugar de descanso.
— Que seja uma mensagem, a única que eu enviarei: você vem atrás
de mim e dos meus, traga um exército filho da puta e esteja preparado para
morrer. Porque estou preparado para matar.
O chão, macio da chuva, afundou atrás dele e Daniel estava ao seu
lado, colocando baldes de dez litros ao lado de Stavros. Do seu ponto de
vista lá em baixo, não tinha como Jay ver o que aqueles baldes continham,
mas seus olhos ainda estavam arregalados.
Medo do desconhecido.
Stavros veio bem preparado, certificando-se de trazer tudo o que ele
precisava para garantir que Jay pagasse pelo que havia feito. Com os
outros, ele queria enviar um alerta, avisar a todos que ele iria atrás deles.
Com Jay, a mensagem era diferente.
Ele colocou as luvas que Daniel lhe entregou e depois pegou o
primeiro balde, e enquanto Toro o filmava com a câmera do telefone,
Stavros jogou o conteúdo do balde para o túmulo.
Em Jay.
Seus gritos eram de gelar o sangue, mas eles não abafaram o chiado
quando o ácido corrosivo fez contato com sua carne. Acontece que Daniel
Nieto era bom em mais coisas do que apenas amar Stavros. Um

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telefonema rendeu-lhes um pequeno exército e todos os suprimentos
necessários para lidar com essa tarefa.
Ácido.
Lixívia12.
O cheiro da carne de Jay derretendo era esmagador, quase assustador.
Enterrado até a cintura, ele não podia ir a lugar algum, não podia se mover
para escapar, não podia fazer nada além de aceitar o que Stavros já havia
lhe dito.
Ele ia morrer.
Da maneira mais dolorosa.
A maneira mais criativa que Stavros poderia apresentar em tão pouco
tempo e sua morte seria enviada à sua família para que eles pudessem ver
o que haviam feito.
Stavros não estava disposto a dar qualquer pedaço de Jay para enterrar.
A lixívia o derreteria até virar gosma.
Dois baldes de ácido. Stavros jogou o segundo em Jay.
O fedor, os gritos, o som da pele de Jay sendo devorada. Stavros não
tirou os olhos dele, nem por um minuto. Nem por um segundo. Isso pode
ser considerado um exagero. Ele poderia ter terminado com uma bala.
Inferno, até a motosserra teria sido misericordiosa. Mas Jay não teve
nenhuma piedade de Stavros.
Stavros também não queria o sangue de Jay debaixo das unhas.
Ele queria garantir que quem quisesse ir atrás dele pensasse duas
vezes. Isso? Era ele de bom humor.

12
Soda cáustica.

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O ácido arrancou os cabelos e a pele de Jay como se não fossem nada,
tirou seus gritos também, deixando para trás apenas os sons mais
lânguidos e tristes. Ele ainda estava vivo, mas sem nenhum traço
distinguível. Vivo, mas não por muito tempo.
Stavros se sentou, as pernas balançando sobre o buraco. — Você
deveria ter me matado, — disse ele, conversando. — Você não deixa
alguém como eu vivo para voltar e se vingar de você. Minha mente
começa a ficar criativa e acabamos aqui... — Ele acenou com a mão. —
Eu não sou um assassino comum, Jay. Essa merda é arte para mim. Você
nunca deve me dar uma desculpa, eu amo demais. — Ele não achava que
Jay pudesse ouvi-lo, seus ouvidos não estavam mais onde costumavam
estar, mas Stavros balançou a cabeça e continuou falando. — Por favor,
saiba que não haverá nada para sua família enterrar. Inferno, não haverá
nada de você que seja sólido quando eu terminar aqui. Mas isso é culpa
sua, não minha. — Toro ainda estava filmando, então Stavros virou-se
para a câmera. — Espero que sua família entenda isso como o aviso que
é. — Caso contrário, eles fariam isso novamente. Mas isso não seria sua
escolha.
Merda. Sua escolha seria voltar para casa com seu homem e passar
pelo menos uma semana sem fazer nada além de foder e comer. Sua
escolha seria colocar tudo isso em ordem e viver sua vida com o homem
que amava. Sua escolha seria voltar à vida que ele tinha antes de Bruce o
trair e Jay decidir fazer alguma merda estúpida que o levou aonde ele
estava agora.
Esta noite, ele fez a sua jogada. Tudo isso poderia terminar ou se
intensificar.
Stavros sabia qual ele preferia, mas estava pronto para qualquer um.

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Ele sentou no chão molhado até que os sons de Jay pararam
completamente.
Então chegou a hora de fazê-lo desaparecer.
Toro guardou o telefone e ele e Daniel ajudaram Stavros a terminá-lo.
A lixívia derreteu o corpo até virar nada, mas não era um processo rápido
nem agradável. Tudo o que restou de Jay quando terminaram foi uma
gosma viscosa e fedorenta que embebia a terra molhada. Eles cobriram o
buraco no chão, depois tiraram suas roupas, jogando tudo em uma pilha e
depois incendiando-a. Stavros não havia pensado em trocar de roupa, mas
o sempre preparado Toro pensou.
Como de costume, quando saíram do cemitério, a luz do dia se
aproximava substituindo o céu cinzento e ele voltaram ao veículo.
— Toro, — Stavros se dirigiu a ele do banco de trás. — Certifique-se
de que o vídeo chegue às pessoas certas.
Toro assentiu, já atrás do volante. — Estou nisso.
— E obrigado. — Stavros encontrou os olhos do jovem Nieto no
espelho retrovisor. — Por hoje à noite. E todas as outras vezes.
Toro sorriu. — Você é louco. Entendo por que meu tio te ama.
Daniel resmungou com isso e passou a mão sobre o joelho direito de
Stavros. — Você só vê partes do porquê eu o amo, Toro. — Ele abraçou
Stavros, pressionando um beijo no topo de sua cabeça enquanto dizia ao
sobrinho — Nos leve de volta ao hotel.
Stavros deu um suspiro, enterrando o rosto na curva do pescoço de
Daniel. O fedor da carne queimada de Jay permaneceu em suas narinas,
apesar do cheiro de chuva e da pele molhada de Daniel.
— Você está bem? — Daniel murmurou.

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Ele estava bem? Stavros se afastou, encontrando os olhos
interrogativos de seu amante. — Estou exausto, — confessou. — Meu
corpo dói. — Ele esticou as pernas com um estremecimento. — Eu ainda
posso cheirá-lo.
Daniel acariciou sua bochecha. — Mas você está bem? — Seus olhos
escuros queimavam o rosto de Stavros como se tentassem encontrar a
resposta.
— Eu estou bem. — Stavros assentiu. — Eu não quero fazer isso de
novo, — ele disse alto o suficiente para Toro também ouvir, e nenhum
homem perguntou o que ele queria dizer. Eles sabiam. — Eu farei se for
preciso. Mas eu não quero.
— Yo se13. — Daniel embalou o rosto de Stavros em suas mãos. —
Você já fez o suficiente, — ele disse suavemente. — O que quer que
aconteça, é a minha vez.
Stavros cantarolou em concordância e encolheu-se contra o lado de
Daniel pelo restante da viagem de volta ao hotel. Quando eles chegaram
e saíram do veículo, um homem os esperava na entrada dos fundos, alto e
corpulento, com pele marrom clara e um grosso bigode prateado.
Ele não falou quando Toro jogou as chaves do veículo e o instruiu —
Queime-o. — O estranho - obviamente não desconhecido para Toro -
simplesmente assentiu, subiu no SUV e partiu.
Daniel manteve Stavros perto com um braço em volta da cintura
enquanto eles subiam no elevador até o andar deles. Eles teriam que lidar
com o prisioneiro - O Falsificador - eventualmente, mas não
imediatamente. Agora, Stavros queria tomar um banho e sentir a pele nua
de Daniel deslizando ao longo da dele em uma daquelas luxuosas camas
de hotel. Qualquer coisa mais...

13
Eu sei.

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O telefone de Toro tocou e ele atendeu bruscamente. — Sim? — Ele
ouviu e ficou rígido.
Daniel também, e Stavros ficou em alerta.
— O que é isso?
O elevador chegou ao andar deles naquele momento, as portas se
abrindo para revelar um grupo de homens, todos armados. Suas armas
apontando para o elevador.
Stavros deu uma risada. — Não é o tipo de boas-vindas que eu
esperava, mas eu aceito.
Uma figura solitária, claramente o responsável, empurrou através da
multidão e parou na frente, pressionando o cano da arma na testa de
Stavros. — Onde ele está? — Mathieu Pascal exigiu. Parece que ele veio
buscar seu falsificador.
Stavros ignorou Pascal com sua arma e suas exigências, e olhou para
Daniel, que estava olhando para Pascal como se tentasse decidir a melhor
forma de fazê-lo sofrer. — É sua vez. — Então ele simplesmente passou
por Pascal, atravessou a multidão de homens armados - todos parecendo
confusos por ele não estar se encolhendo com a demonstração de força -
e entrou no quarto de hotel.

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Ele não conseguia se lembrar de estar errado de verdade antes, mas
enquanto Daniel considerava Mathieu Pascal com os olhos semicerrados,
teve que admitir que o haitiano queria morrer. Essa era a única razão
possível pela qual ele seria tão estúpido a ponto de apontar uma arma para
Stavros.
Ele permaneceu de pé no elevador aberto depois que Stavros passou
por ele e desapareceu no quarto de hotel, deixando Daniel para lidar com
a obviamente escalada suicida de Pascal. Ele voltou com homens
armados, seus olhares perplexos mudando de seu chefe para Daniel e
Toro.
— Pascal. — Daniel torceu o lábio. — Recue, senão não lhe darei a
dignidade de te matar. Vou deixar meu sobrinho cuidar de você. — Toro
se mexeu, emitindo um som baixo e aprovador.
As narinas de Pascal alargaram-se. Ele não recuou. — Você acha que
eu dou a mínima para suas ameaças, Nieto? Onde ele está?

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Ah. Portanto, essa demonstração de força era sobre o Falsificador. —
Você está fazendo exigências? Depois de abrigar um inimigo meu em seu
território, você está fazendo exigências? — Daniel queria ter certeza.
— Você não me assusta, — Pascal disse a ele. — Eu quero ver...
— Eu assusto seus homens, — Daniel retrucou com um pequeno
sorriso. — Eu acho que eles obedeceriam se eu ordenasse que eles
apontassem suas armas em você. — Ele abriu bem os braços, encontrando
o olhar dos homens atrás de Pascal. Pelo menos aqueles corajosos o
suficiente para olhar para ele. — Estou pensando seriamente em dar essa
ordem.
— Pare de brincar com a comida, — Stavros chamou de algum lugar
fora de vista. — Você tem vinte minutos.
Daniel sorriu. — Você o ouviu. — Ele apontou o queixo para Pascal.
— Eu passo os próximos dezenove minutos esfregando seu sangue
debaixo das minhas unhas? — Seria um desperdício, mas ele não se
arrependeria.
Pascal mostrou os dentes. — Se você acha que pode me derrubar, pode
tentar. Mas não vou embora daqui sem o que eu vim buscar.
Não, ele não iria. Ele se sentiu responsável pelo Falsificador e Daniel
entendia, mesmo que não quisesse. O falsificador, apesar de todos os
sonhos desfeitos em seus olhos e da luta que enfrentou, ele ainda estava
onde estava por causa de Pascal. E o homem na frente de Daniel sabia
disso.
Segurando o olhar de Daniel, o haitiano levantou a mão, acenando
para o seu povo. Os homens imediatamente se dispersaram com esse
gesto. Depois sobraram apenas os três, e Toro parado tão silencioso e
vigilante como sempre.

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Daniel permitiu que um sorriso curvasse seus lábios quando passou
por Pascal. — Bueno14. — Ele não verificou se Pascal o seguiu. Claro que
ele seguiu. Ele subiu as escadas a poucos metros de distância. Escadas que
davam no andar acima do dele e de Stavros, onde haviam escondido o
Falsificador, em uma sala separada. Os guardas na porta se endireitaram
quando o avistaram, e ele assentiu em reconhecimento antes de entrar na
sala e dispensar os homens armados que mantiveram a segurança do
falsificador.
Os olhos do falsificador se arregalaram quando ele viu Pascal. —
Mathieu? — Esse não era o tom de um homem feliz em ver seu salvador.
Apesar de toda a emoção que Pascal mostrava do lado de fora, agora
que ele tinha o falsificador à vista, sua expressão ficou fria. Calma. Como
se ele estivesse na frente de um estranho. Daniel recuou, observando a
interação deles com a cabeça inclinada, braços cruzados.
— Você está bem? — Pascal perguntou.
O falsificador não olhou para ele, seu olhar saltou ao redor da sala
enquanto ele assentia. — Eu estou bem, — ele mordeu. — Você não
precisava vir.
Mas Pascal não teria feito nada diferente, teria? Assim como eles
sabiam que ele lhes daria esse endereço. Ele tinha uma fraqueza pelo
Falsificador. Um homem que não o queria por perto.
Interessante.
— Desamarre-o, — Pascal disse a Toro, que abaixou o telefone que
estava em seu ouvido.

14
Bom.

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Ignorando Pascal, Toro virou-se para Daniel. — Seu marido está
fazendo barulho, procurando por ele. — Ele apontou o polegar na direção
do falsificador. Daniel deu de ombros.
— Lide com isso.
Com um aceno de cabeça, Toro caminhou em direção à porta.
— Não! — O falsificador gritou, lutando contra as amarras que o
mantinham preso à cadeira. — Não... por favor, — ele ofegou. — Não.
Por favor. Apenas, apenas me deixe ir. Eu resolvo isso.
— Por...
— Você tem o hábito de ficar fora a noite toda? — Toro interrompeu
o protesto de Pascal, dirigindo sua pergunta ao Falsificador com uma
sobrancelha levantada.
— O que? Claro que não!
— Então, como você vai explicar onde esteve? — Toro o encarou
completamente, recostando-se na porta, esperando por uma resposta.
— Eu posso inventar algo. — O falsificador torceu na cadeira. — Por
favor. Ele não tem nada a ver com isso.
— Ele é seu marido, — Daniel lembrou. — Ele tem tudo a ver com
isso. Com você.
— Não. — O falsificador riu, o som áspero e zombador. — Ele não
sabe quem eu sou. Quem eu costumava ser. Estou mentindo para ele há
anos. — Com os olhos vermelhos, ele engoliu em seco, ainda sem olhar
para Pascal quando sussurrou — Mais uma mentira não é nada.
Isso não era um relacionamento. Era um desastre, levando em
consideração quem era o marido dele.
— Tío?

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Daniel não olhou para Toro quando lhe disse — Sem corpo, Toro. —
Seu sobrinho saiu da sala sem dizer uma palavra, fechando a porta
suavemente atrás dele. — Seria fácil matar seu marido, — disse ele ao
Falsificador. — Mas eu não ligo muito para prazeres passageiros. Além
disso, ele não é minha bagunça para limpar. Ele é problema seu — disse
ele a um carrancudo Pascal. — Talvez você o mate. — O falsificador fez
um som. — Ou talvez, quando ele descobrir exatamente o que o marido
faz por você, quando descobrir os segredos que vocês dois guardam, ele o
matará. — Daniel deu de ombros. — De qualquer maneira, uma guerra
está chegando à sua porta.
Uma guerra que Daniel e Stavros instigaram. Uma que eles assistiriam
do lado de fora até a hora de entrar, mas Pascal não era tolo o suficiente
para apontar isso.
— Você não é tão esperto quanto pensa, Nieto, apesar de suas malditas
maquinações. — Pascal foi até o falsificador, ajoelhando-se. Ele tirou uma
faca de algum lugar dentro dos confins de seu caro terno e cortou as cordas
antes de se recostar em seus quadris, olhando para o homem na cadeira.
— Você tem certeza que está bem?
Mesmo assim, o Falsificador não encontrou os olhos de Pascal. —
Sim. — Ele assentiu, esfregando os pulsos. A expressão dele era a de um
homem cheio de vergonha. Um homem ciente de que alguém o viu no seu
pior estado, e o próprio olhar deles poderia expô-lo. — Eu preciso - eu
estou livre para ir, certo? — Ele não esperou que Pascal ou Daniel
respondessem antes de se levantar, elevando-se sobre Pascal. Ele
cambaleou com seu primeiro passo, e quando Pascal o alcançou, o
Falsificador se afastou de seu toque, encontrando os olhos de Daniel. —
Meu marido não tem nada a ver com você. Não tenho nada a ver com
você. Deixe-nos em paz, por favor. Eu não quero... — Ele engoliu. — Eu
gosto da vida que tenho.

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Parecia que ele estava tentando convencer alguém - não Daniel - de
suas palavras. Daniel simplesmente o observou, observando as marcas da
corda em torno de seu pulso e tornozelos. Como ele explicaria isso?
Daniel não se preocupou com isso. O Falsificador faria o que ele precisava
para proteger o que ele tinha.
— Eu ainda não sei por que você me sequestrou em primeiro lugar,
— continuou o Falsificador.
Os lábios de Daniel torceram. — Você sabe porquê. — Todos os três
sabiam, e a prova indiscutível desse conhecimento se levantou e se ajeitou.
— Espere por mim do lado de fora — murmurou Pascal no ouvido do
Falsificador. Seus olhos ardiam de raiva, onde encaravam o rosto de
Daniel, mas ele esperou até que o Falsificador desaparecesse pela porta
antes de se virar para Daniel. — Você passou dos limites, Nieto, e não vou
esquecer.
— Eu espero que não. Espero que você se lembre de como é perceber
que sua casa não está em ordem. — Daniel se afastou da parede e se
aproximou até ficarem peito a peito. — Espero que você se lembre de que,
por mais alto que esteja, nunca estará no topo da cadeia alimentar. E
Mathieu, espero que você nunca mais pense em apontar uma arma para
Stavros novamente. Caso contrário, você perderá mais do que jamais
soube que possuía.
Pascal riu sombriamente, balançando a cabeça. — Você não é
invencível, Nieto.
— Claro que não. — Ele nunca afirmou ser.
— Existe alguém lá fora que vai foder sua bunda.
— Sí. — Daniel balançou a cabeça em concordância. — Eu me
apaixonei por ele.

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Pascal passou por ele depois de um último olhar e saiu pela porta,
batendo-a atrás dele.
Daniel a abriu. — Certifique-se de que Pascal e seu pessoal vão
embora, — ele instruiu dois dos quatro guardas no corredor. Ele saiu
então, ladeado pelos outros dois, subindo as escadas até a sala onde
Stavros esperava. — Ninguém nos interrompe a menos que o mundo
esteja pegando fogo, — disse ele a seus homens antes de entrar e trancar
a porta atrás de si. Ele tirou a roupa enquanto caminhava para o quarto.
Stavros não estava lá.
O som da água correndo e a luz sob a porta do banheiro o levaram
nessa direção. Stavros estava na enorme banheira, com as mãos apoiada
nos lados, a cabeça jogada para trás, os olhos fechados. A água pingava de
seus cabelos molhados.
Como se sentisse o olhar de Daniel, seus cílios se ergueram e ele se
sentou, fazendo com que a água espirrasse pelos lados. — Matou Pascal?
— Chegamos perto, mas não. — Daniel se aproximou dele com um
sorriso, subindo na banheira e montando nele. Seus olhos se fecharam
brevemente com a sensação da água quente. Por maior que a banheira
fosse, ainda era uma posição desconfortável, ele no colo de Stavros, mas
isso não incomodou Daniel. Também não parecia incomodar Stavros,
porque ele agarrou a bunda nua de Daniel, mantendo-o onde estava. —
Não, nós não matamos Pascal, — ele murmurou, segurando a nuca de
Stavros enquanto ele juntava suas testas. — Começamos uma guerra.
Stavros recostou-se, lábios abertos, olhos arregalados e brilhando com
antecipação. — O marido?
Daniel assentiu. — O marido.

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Stavros riu, pressionando beijos de boca aberta na mandíbula de
Daniel. — Dois malditos pássaros, — ele sussurrou sem fôlego.
Com um grunhido, Daniel deslizou a mão por baixo da água,
acariciando o pau pulsante de Stavros, tão forte e ansioso por ele. — Uma
pedra.

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— Você está bem? — Stavros perguntou próximo ao ouvido de
Daniel.
Daniel inclinou a cabeça, afastando-se o suficiente para encontrar os
olhos sonolentos do outro homem. Ele estava bem? — Por que você
pergunta uma coisa dessas? — Ele franziu a testa.
Os lábios de Stavros se curvaram, embora não fosse um sorriso, e ele
se mexeu, fazendo seu pênis semiereto roçar as bolas de Daniel. Os dois
estremeceram com o contato. — Tudo isso foi sobre mim, essa coisa que
estamos fazendo. Minha vingança. — Seus dedos flexionaram no quadril
de Daniel. — Minhas necessidades. Não tive tempo para perguntar — ele
disse com voz rouca, erguendo o queixo. — E as suas necessidades,
Daniel Neto?
Que tipo de pergunta era essa? Daniel se afastou de seu amante,
deslizando para trás até ficar de costas para a banheira, e ele estava
posicionado em frente a Stavros. A água espirrou pela borda com seus
movimentos enquanto ele esticava as pernas, colocando-as nos lados do

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corpo de Stavros. Ele olhou para o outro homem com os olhos
semicerrados. — Me diga o que você quer dizer.
Stavros lambeu os lábios, dedos afagando distraidamente a panturrilha
esquerda de Daniel. — Existe um tipo especial de medo que é amar você,
ser amado por você. Seus inimigos. Meus. Aqueles que nem conhecemos.
Eu empurro para baixo, coloco no fundo da minha mente, mas é uma parte
permanente da minha existência agora. Esse medo. Nós não somos
invencíveis, embora você me faça sentir assim. Você me faz sentir que é
apenas mais uma coisa a conquistar.
— Estou feliz. Caso contrário, eu ficaria sozinho nessa loucura.
— Nunca, — Stavros respondeu. — Você nunca está sozinho. Nunca
estará sozinho.
Daniel continuou observando seu rosto, sua expressão pensativa,
esperando pelo que Stavros quis dizer. No entanto, ele também estava
familiarizado com esse medo. Não por si mesmo, mas pelo homem que o
olhava com o coração nos olhos. Ele não tinha se familiarizado
intimamente com esse medo quando Stavros estava desaparecido?
Stavros veio até ele, permitindo que a flexibilidade da água o levasse
para mais perto, até que ele estava sentado nas pernas de Daniel. Ele pegou
o rosto de Daniel nas mãos, juntou suas testas e sussurrou — Não me
arrependo de nada. — Ele traçou o contorno do rosto de Daniel com o
dedo. — Tudo foi necessário. Tudo deveria acontecer. — Ele inclinou a
cabeça para a frente, roçando os lábios nos de Daniel, sussurrando — Eu
te amo de maneiras que ainda nem descobri.
Daniel o arrastou para o colo até Stavros estar montado nele, e agarrou
sua mandíbula, mantendo a cabeça firme. — Mas? — Ele afastou o cabelo
da testa de Stavros, passando a palma da mão sobre a cabeça do outro
homem. — Diga o que você quer dizer, diablo.

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Os cílios de Stavros se ergueram e seus olhos perfuraram Daniel. —
Começamos uma guerra entre Pascal e o presidente de uma das maiores
gangues de motociclistas do país.
— Sí. — Daniel assentiu.
— Isso é tudo o que somos? — Stavros perguntou com voz rouca. —
Violência e derramamento de sangue é a única coisa que nos mantém...
nós? Se tudo desaparecer amanhã ou depois... — Ele engoliu em seco. —
Eu também te perco?
Daniel levantou uma sobrancelha. — Você está questionando a força
disso?
— O pensamento de morrer e deixar você para trás. — Stavros
balançou a cabeça. — Faz um homem pensar, faz um homem querer fazer
qualquer coisa para manter uma coisa boa. A melhor coisa.
— E você precisa de tranquilidade.
Stavros bufou. — Eu preciso de você.
— Temos gostos particulares em comum, diablo. — Daniel pegou a
mão esquerda de Stavros, tirando-a da água e segurando-a, entrelaçando
os dedos. — Isso é verdade, mas somos mais do que nosso amor pela
violência. — Eles eram mais do que quando se conheceram. — Você quer
saber sobre minhas necessidades. Faz três anos e elas estão como sempre
estiveram. Minhas necessidades são as suas. Essa coisa de vingança, eu
precisava disso tanto quanto você. — Ele tocou as mãos unidas no meio
do peito. — Porque eles te levaram. E ninguém leva você além de mim.
Stavros pareceu derreter diante de seus olhos. — Merda. São muitas
palavras apenas para dizer que você me ama. — Ele piscou.
— Eu te amo, — Daniel disse a ele. — Eu sempre vou amar você.
Estou neste mundo porque você está. — Ele roçou o nariz no de Stavros.

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— Você é a única razão. Não há outra escolha senão evoluir quando você
ama alguém que desafia você, que também te ama com um altruísmo sem
igual.
Os lábios de Stavros se curvaram, mas seus olhos eram bonitos em
sua vulnerabilidade.
— Eu sou tão bom?
— Sim.
— Malditamente certo. — O olhar de Stavros focou nos lábios de
Daniel. — Quero isso. — Ele se inclinou para frente, colocando os lábios
nos de Daniel. — Quero a guerra entre Pascal e Jairo Beltrán... — Ele
disse o nome do marido do Falsificador, que eles descobriram através de
Yusef, estava lavando todo o dinheiro sujo de sua família. — E eu quero
que nós possamos destruir quem resta quando a poeira baixar.
A sede de sangue em sua voz fez faíscas deslizarem sobre a pele de
Daniel. Ele agarrou a bunda de Stavros, balançando-o suavemente sobre
sua ereção pulsante, a fome borbulhando dentro dele, retumbando em sua
garganta. Quando a mão de Stavros se estabeleceu em torno de sua
garganta, os dedos pressionando, Daniel se empurrou contra ele.
Vingança como a que eles estavam realizando poderia ser calculada,
mas, o que a família distante de Yusef - os Berhes - fizeram com Stavros,
algo maior se justificava. Saber quem lidava com o dinheiro dos Berhes
significava que eles poderiam tirá-lo, mas simplesmente entrar e roubar
não era divertido.
Não para homens como eles.
— Eu quero construir um império com você, — Stavros murmurou
em seus lábios, seu aperto cada vez mais forte. — Ninguém nem tentaria
tocar, porque eles saberiam... — Ele lambeu o nariz de Daniel, o queixo.

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— Mundos queimariam, sangue fluiria. — Ele estava sem fôlego,
roubando o de Daniel também com aquelas palavras que poderiam ser
consideradas doces. — Eu farei qualquer coisa por você. — Ele moveu os
quadris sensualmente, se empurrando no pau de Daniel.
Com as mãos nos quadris de Stavros, Daniel o ajudou a se mover,
provocando os lábios de Stavros com a língua. Sua garganta ardia, o peito
cheio de emoção tão crua que não achava que poderia encontrar palavras.
— Diablo. — Ele forçou isso a sair.
— Sim. — Stavros esfregou a mandíbula no rosto de Daniel, e a
sensação - Daniel gemeu, os dedos em espasmos. — Quero tudo isso com
você, mas mais do que isso, Daniel Nieto, quero levá-lo para dentro
daquele quarto e te foder até a inconsciência.
Ele também queria isso. Ele gostaria disso. Muitíssimo. — Sí.
Stavros voltou a sorrir, o predador em exibição, e Daniel ficou um
pouco mais duro, tornando seus membros inúteis. Stavros saiu da banheira
primeiro, a água escorrendo de seu corpo como se lhe fosse ordenado, e
quando ele estendeu a mão, olhos escuros, olhar penetrante, Daniel a
pegou.
Ele seguiu Stavros para o quarto e se viu na cama, o corpo ainda
molhado, mas secando rapidamente com o calor que saía de Stavros e
sobre ele. Daniel estendeu as duas mãos para ele, mas Stavros só se
ajoelhou acima dele e segurou a lateral do rosto.
Finalmente beijando a boca dele.
A sala pegou fogo então, os dois presos no meio, perdidos no sabor e
textura. Nunca houve um nome para a sensação: Stavros sobre ele, seus
corpos escorregando, deslizando, línguas duelando, bocas tão abertas que
poderiam engolir um ao outro inteiro, se quisessem.

CL Traduções
E eles fizeram.
Nunca era o suficiente. Cada toque, cada beijo, abriu o abismo dentro
de Daniel que queria mais, que implorava por isso. Stavros trabalhou no
seu corpo, movimentos fluídos quando ele pausou o beijo para lamber o
corpo de Daniel, chupando um mamilo enquanto os dedos puxavam o
outro. Beliscando. Torcendo.
Enquanto Daniel se contorcia.
Daniel clamou por ele, pediu mais, tentando fazer Stavros entender o
quão gritante era a necessidade. Quão crua era a fome que o atravessava.
Ele tremia, reduzido a esse ser, sempre que estava sob o peso do corpo de
Stavros, da mordida dos dentes e o deslizar da língua gananciosa. Prazer
era uma palavra muito fraca e a felicidade não se comparava. Mas ele
aguentou tudo isso, e abriu suas coxas, erguendo os quadris quando
Stavros mergulhava entre suas coxas.
As palmas das mãos na parte interna de suas coxas o abrindo mais, a
respiração em suas bolas fazendo sua pulsação aumentar, a língua girando
sobre a cabeça de seu pau, devastando-o. Stavros o dominou
terrivelmente, maravilhosamente, e tudo o que Daniel pôde fazer foi
sentir. Aceitar. Ficar viciado nisso.
Ele se abaixou cegamente, boquiaberto como um peixe no anzol, e
enfiou os dedos pelos cabelos de Stavros, segurando-o com firmeza,
mantendo-o lá enquanto entrava e saía da boca.
Molhado. Quente.
As coisas eram assim quando Stavros colocava a boca nele. Quando
ele chupou com tanto abandono selvagem. Saliva pingando. Língua
lambendo. Um pouco de dentes, mordendo. Seus grunhidos eram mais
altos do que os de Daniel, e quando Daniel finalmente encontrou força
suficiente para olhar para baixo, encontrou Stavros olhando-o.
CL Traduções
Com amor, com luxúria, com adoração.
Eles mataram um homem há poucas horas e estavam aqui agora,
porque era quem eles eram. E foi glorioso. Depravado também. Mas era
para eles, a depravação. Era apenas para eles. Era combustível para o fogo,
o mantinha furioso, chamas alcançando o céu, chamuscando qualquer um
que não fosse eles.
Seus lábios se separaram, as palavras que ele pretendia dizer saindo
como um gemido longo quando Stavros lambeu o pau de Daniel, passando
por suas bolas.
Rosto enterrado em sua bunda, língua determinada mergulhando.
Daniel arqueou, soltando um som gutural enquanto puxava os cabelos
de Stavros.
— Diablo.
Ele recebeu um grunhido em resposta, primeiro um depois dois dedos
o penetrando.
A respiração desapareceu completamente então, e Daniel caiu de volta
nos travesseiros, levantando as pernas, a bunda também. Stavros emitiu
um som de aprovação enquanto continuava a destruir Daniel apenas com
a língua e dois dedos, a outra mão enrolada no pau de Daniel, acariciando
e empurrando.
Entre um momento e o seguinte, tornou-se demais, a intensidade
esmagadora. Isso encheu Daniel, o orgasmo, encheu todas as partes dele,
todas as rachaduras, todas as áreas escuras, até que ele estava arrebentando
com elas, gritos lamentosos rasgando sua garganta, corpo sacudindo com
tremores.
As pontas dos dedos acariciaram sua glândula em um toque quase
inocente.

CL Traduções
Suas pernas abaixaram, dedos do pé enrolados no colchão, e ele gozou
gritando o nome de Stavros, sentindo o gosto de sangue na boca. Então
Stavros estava sobre ele, forçando-o a se sentar no colchão quando Daniel
se empurrou para beijá-lo. Ele assumiu, os olhos se recusando a se
concentrar. Embora ele tenha percebido os movimentos de Stavros
enquanto se preparava com o pacote de lubrificante da carteira de Daniel,
ele estava lá, pressionando, levantando uma das pernas de Daniel sobre o
ombro.
Uma entrada lenta e torturante que doeu da melhor maneira. Daniel
não conseguia ficar parado, seus sentidos estavam pegando fogo,
estremecendo com cada golpe quente de Stavros que o levava cada vez
mais fundo. Parecia que levou horas para que Stavros estivesse totalmente
dentro dele.
Eles respiraram então. Ofegando.
E Stavros se abaixou no peito de Daniel, o rosto empurrado em seu
pescoço, colocando pequenos beijos em sua pele. Daniel o envolveu,
braços e pernas, dedos presos nos cabelos.
Eles fizeram amor.
Golpes profundos medidos que viraram Daniel de dentro para fora.
Ele amava como Stavros o controlava. Rápido ou lento, duro ou calmo.
Não importava. Mas isso hoje parecia demais. Mais quente. Mais doce.
Ele puxou os cabelos de Stavros, virou a cabeça e o beijou.
Beijos tão lânguidos quanto aqueles golpes. Daniel não era o
responsável, ele simplesmente ia aonde Stavros o levava e sabia por
experiência que nunca ficaria desapontado.
Ele tirou as mãos do cabelo de Stavros, e as deslizou para cima e para
baixo nas suas costas. Traçando as elevações, as curvas da espinha de
Stavros sob as pontas dos dedos, quando Stavros mudou de ângulo,
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atingindo Daniel no ponto certo. Ele inalou, arranhando as costas de
Stavros, gemendo no beijo que se transformou em algo mais selvagem,
seus dentes batendo juntos.
Stavros quebrou o beijo abruptamente. — Goze para mim novamente.
— A primeira vez que ele falou desde que entraram no quarto. — Eu quero
ver você gozar. — Ele passou a língua sobre a ponta do nariz de Daniel,
os quadris girando, o pau empurrando dentro de Daniel. — Adoro ver você
gozar.
Ele não era jovem. Demorava alguns minutos para se recuperar, mas
seu corpo não se importava com isso. Só sabia que Stavros queria algo e
ele existia para dar a Stavros o que ele queria. Portanto, ele não teve
escolha, não quando Stavros o pegou na mão novamente, acariciando sua
coroa pegajosa, a unha pressionando apenas para a direita, provocando
uma dor que fazia seus sentidos se mexerem.
Apenas assim, Daniel gozou, sem som desta vez, arqueando,
apertando Stavros.
— Porra. — Stavros o fodeu. — É isso aí. É isso aí. Ah, merda. — Ele
enrijeceu, gozo quente enchendo Daniel, que estava contraindo seu
interior e escorrendo pelas bolas.
Daniel teve um espasmo após o clímax, braços ali para pegar Stavros
quando ele desabou sobre seu peito. Eles estremeceram juntos, as
vibrações fazendo os dentes de Daniel baterem. Ele abraçou Stavros,
pressionando beijos ofegantes nos cabelos úmidos.
Stavros rolou de costas, deslizando parcialmente para fora do peito de
Daniel, e ele passou o braço em volta do pescoço do outro homem,
mantendo-o perto.
— Violência e sangue são os extras, — ele murmurou contra o rosto
de Stavros quando finalmente conseguiu recuperar o fôlego. — Eles são
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a cereja do bolo, diablo. Torna mais doce, impossível resistir. Vamos
construir nosso império e, no processo, vamos exagerar em todos os
extras.
Stavros acariciou o quadril direito de Daniel e torceu para dar um beijo
no queixo de Daniel. — Eu amo um pouco de adrenalina.
— Sim, mas também... — Daniel pegou o queixo, seus olhos piscando
inocentemente. — Eu ainda estou acordado.
Stavros sorriu para ele, o sexo deles aparente no peso de seu olhar e
na vermelhidão inchada de seus lábios. Ele se afastou do aperto de Daniel
e sentou-se com uma lambida nos lábios. — Fique em suas mãos e joelhos,
— ele vociferou.
Não foi fácil para Daniel. Ele já estava sensível e provavelmente não
conseguiria gozar pelas próximas horas. Mas quando Stavros falou, ele
ouviu, e ficou de joelhos. E Stavros se posicionou atrás dele, agarrou seus
quadris com as duas mãos e deslizou em seu buraco coberto de sêmen. —
Mmm.
Stavros acariciou sua nuca, lambeu a orelha direita e depois pegou o
lóbulo entre os dentes. — Monte em mim e nos coloque para dormir. —
Daniel obedeceu.

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Não havia como ficar em Miami, não quando Stavros tinha negócios
inacabados esperando por ele na Geórgia. Então, a noite depois que ele
lidou com o pedaço de merda que era Jay, depois que Daniel se livrou de
Pascal e seu falsificador, eles saíram da cidade.
Não haveria descanso, até Stavros lidar com todos os seus inimigos,
então diretamente do aeroporto, Toro os levou para onde havia escondido
Yusef e Linc. Os dois estavam aguardando, enquanto Stavros lidava com
a ameaça imediata que Jay apresentava. Mas agora, Stavros não tinha mais
do que tempo para dedicar ao homem que conscientemente colocara sua
vida em perigo, tudo por suas próprias necessidades egoístas.
Toro os prendeu na parede em um espaço apertado. Eles se sentaram
de costas, com os rostos cobertos com capuzes pretos, as mãos amarradas
na frente deles.
Ambos estavam nus.
Stavros os observou, de braços cruzados.

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Ele não tinha um plano de como lidaria com Yusef. Tudo o que sabia
era que aquele filho da puta precisava sofrer. Matá-lo não fazia parte de
seus planos, porque estaria apenas jogando em suas mãos suicidas o que
ele queria. Mas Stavros poderia fazê-lo sofrer. Ele poderia fazer aquele
filho da puta se arrepender do dia em que ele pensou em atravessar seu
caminho. Ele poderia fazê-lo gritar para qualquer divindade em que
acreditasse, alguém que obviamente o abandonara há muito tempo.
Ele acenou com a cabeça para Toro, que arrancou os capuzes. Nenhum
de seus prisioneiros se encolheu. Eles eram profissionais, afinal. Ou no
caso de Yusef, costumava ser profissional. Stavros seguiu em frente,
agachando-se na frente de Yusef.
— Boas notícias, Jay foi descartado. — Ele sorriu, dando um tapinha
no joelho de Yusef mais próximo dele. — Agora, sou todo seu, — Stavros
disse suavemente. — Você tem minha atenção total. — Erguendo um
ombro, ele continuou — Infelizmente.
A garganta de Yusef se moveu. — Linc é inocente, — ele resmungou.
Stavros riu. — Não. Você fez isso de forma que ele fosse tão culpado
quanto você. — Ele se inclinou para mais perto, passando a mão pelos
cabelos de Yusef. — Essa morte pela qual você continua implorando, eu
vou garantir que você nunca tenha, — ele compartilhou em um tom
conspiratório. — Seu cunhado, por outro lado... — Ele não completou a
frase. Não precisava.
— Por favor. — O proeminente pomo-de-adão de Yusef se moveu
para cima e para baixo, seus olhos se movendo de Stavros para Daniel que
estava assumindo sua posição habitual, nas costas de Stavros. — Eu aceito
o que você fizer comigo... — Sua aceitação ficou mais pronunciada
quando sua agitação se tornou mais aparente. — Mas Linc não fez nada...

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Stavros puxou a arma e a levou à cabeça de Linc. De costas para Linc,
o homem menor não conseguia ver o que Stavros estava fazendo.
Posicionado de frente para Stavros, Yusef também não tinha muita visão,
mas viu o suficiente - sabia o suficiente - para saber que, se a arma não
estava apontada para ele, estava em Linc. — Você sabia que sua família
viria atrás de mim por causa disso? — ele perguntou calmamente. — Você
deliberadamente ligou essa merda à mim para que eles me matassem?
O eritreu endureceu, a vida rastejando em seus olhos mortos pouco a
pouco. — Deixe Linc ir.
— Você pode continuar falando, — Stavros disse a ele. — Mas saiba
que, a menos que as palavras que você pronuncia sejam o que eu quero
ouvir, tudo o que você fará é dar ao seu cunhado uma bala na cabeça. —
Ele poderia ter perdido. Se ele não estivesse olhando Yusef tão
intensamente, ele poderia ter perdido o pulsar visivelmente batendo na
têmpora esquerda, poderia ter perdido o leve tremor que fazia vibrar a
barba espessa e desarrumada do outro homem.
Há muito tempo passou de ser interessante e agora beirava a trágicas
as reações de Yusef a quaisquer ameaças relativas ao bem-estar de Linc.
— Diga-me... — Stavros se ajoelhou, a arma ainda pressionada na
parte de trás da cabeça de Linc. — Este ponto fraco que você tem pelo
pequeno Linc aqui, é porque ele é da família ou é algo mais?
Linc se moveu com isso, como se quisesse ouvir a resposta também.
Yusef não respondeu, mas seus olhos, oh, a vida estava voltando aos
poucos. A raiva se tornando mais proeminente com o passar dos segundos.
Stavros sorriu. — Você está fodendo Linc? É o que estou perguntando.
A indignação e raiva encheu a expressão de Yusef. — Ele é meu
cunhado, — ele cuspiu. — Eu nunca...

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— Não foi o que eu perguntei. — Stavros inclinou a cabeça. —
Responda minha pergunta. Caso contrário, vou perguntar a Linc, e você
definitivamente não vai gostar do jeito que eu perguntarei.
— Não. Eu não estou dormindo com Linc — Yusef rosnou. — Eu
amava meu marido.
Hmm. — Você quer foder Linc?
A mandíbula de Yusef se apertou e seus olhos brilharam com um ódio
tão poderoso. Olhe para isso. Ele estava voltando à vida, e nem um
momento muito cedo. Não era divertido torturar um homem que já estava
quebrado. Que tinha parado de sentir. Stavros queria que ele se
machucasse. Ele queria que todos os momentos de Yusef fossem
insuportáveis, e Stavros o queria sem opções para acabar com a dor.
— Você quer transar com ele? — ele perguntou novamente, mais
suave desta vez. Ele se inclinou, a bochecha contra a de Yusef, lábios na
orelha. Tão perto, ele estava se dirigindo a ambos. Linc, que havia ficado
congelado, e Yusef, que começou a implorar com seus olhos que Stavros
o tirasse de sua miséria. Mas não. Ainda não. — O irmão do homem que
você deixou morrer, o homem que você afirma amar tanto. Você quer o
irmão dele, Yusef? Mais do que você sempre quis o homem com quem se
casou?
Yusef vibrou contra Stavros, seu corpo lamentável puxando
novamente as algemas, como se estivesse tentando alcançar Stavros,
tentando agarrá-lo.
Stavros recuou. — Responda! — Ele bateu a arma na parte de trás da
cabeça de Linc, e fez um estalo satisfatório. O homenzinho soltou um
grunhido assustado, tentando se afastar.
— Não! — Yusef avançou, levando Linc com ele, embora não
houvesse para onde ir. Não com as correntes.
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— Porra, me responda! — Stavros atingiu Linc novamente, e sangue
- tão quente e espesso - jorrou sob o golpe, encharcando instantaneamente
os dedos, já que ele não havia se incomodado com luvas, afrouxando o
aperto na arma. Ele continuava batendo em Linc várias vezes, enquanto
Yusef implorava pela vida de seu cunhado.
— Sim! Eu sabia que minha família viria atrás de você. Eu sabia que
eles tentariam te matar. Eu só precisava de alguém para assumir a culpa.
Stavros parou. — E? — Ele gesticulou com a arma. — O quê mais?
— Me mate! Ele não está envolvido. Stavros. Stavros!
Stavros o ignorou, martelando a arma na cabeça de Linc. Amarrado
como estava, o assassino menor não podia fazer nada para evitar os
golpes, e Stavros não ia facilitar isso. A não ser que ele conseguisse o que
queria.
— Sim! — Yusef gritou. — A resposta para sua outra pergunta é sim!
Stavros interrompeu seus movimentos e girou, piscando a sede de
sangue de sua visão. A arma apontada para Linc, ele agarrou Yusef pelo
queixo com a mão livre, mantendo a cabeça firme, olhando nos olhos. Eles
eram lindos, molhados e vermelhos. — Por que você não disse isso? —
Ele sorriu.
E ele apertou o gatilho.
Yusef gritou.
Ele ainda estava gritando quando Toro retirou o corpo de Linc dali em
um carrinho de mão.

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— Você pode parar de me olhar fixamente, rapaz. Estou bem.
Stavros inalou ao ouvir as queixas de seu tio. Os outrora espessos
cabelos brancos de Christophe estavam afinando e caindo e ele parecia
mais frágil do que nunca na cama do hospital, mais magro do que a última
vez que Stavros o vira. Ele era tudo o que Christophe tinha, e fez seu peito
doer que o velho estivesse sozinho enquanto lidava com sua doença. Ele
caiu na cadeira ao lado da cama e se inclinou para pegar a mão do outro
homem na sua. — Seus médicos dizem que o prognóstico é promissor.
Christophe grunhiu, batendo levemente na mão de Stavros. — Eles
são os melhores. — Seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso que
não durou muito tempo. — Estou em boas mãos. — Mas seus olhos não
pareciam tão otimistas quanto suas palavras soavam.
— Tio...
— Seus... problemas, — Christophe o interrompeu. — Foram
contidos?

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Ele sabia o que o velho estava fazendo, mudando de assunto, mas
Stavros o deixou. Em vez disso, ele assentiu. — Sim. Contidos.
Fazia uma semana desde que ele saiu de Miami, desde que visitou
Yusef e fez o que tinha que ser feito lá. Ele não deu a Yusef o que ele
estava implorando. Caso contrário, que tipo de punição seria essa? Não.
Yusef permaneceu acorrentado, com os olhos vendados e amordaçado, no
buraco escuro onde Stavros o largara. O eritreu teria todo o tempo do
mundo para ficar magoado, lamentar, e saber que Stavros era a razão de
sua situação. Essa situação tinha um prazo indefinido. Ele se apegaria em
Yusef enquanto esse homem respirasse.
E Stavros garantiria pessoalmente que Yusef continuasse respirando
por um tempo extraordinariamente longo.
— E onde está seu homem? — Christophe levantou uma sobrancelha.
— Ele cuidou de mim, você sabe. Quando você estava... indisposto.
Stavros soltou um suspiro. Indisposto. Uma palavra bastante
inofensiva, não era? — Daniel está com sua família. — Seu amante não
queria fazer uma viagem a Seattle para ver Levi, mas Stavros insistira em
que ele fosse. O filho de Levi tirou um tempo da escola para viajar para o
exterior, mas ele havia voltado recentemente, então Levi convidou Daniel
e Stavros para uma festa para recebê-lo em casa. Uma festa não estava no
topo da lista de tarefas de Stavros, não depois de tudo que aconteceu, mas
isso não significava que Daniel não poderia ir. Seu amante não queria que
Stavros viajasse de volta para Nova York sem ele, mas não haveria apoio
dessa vez.
Nova York não era seu lugar favorito, não mais, mas ele se recusou a
permitir que qualquer coisa que aconteceu o impedisse de seguir com sua
vida. Ele não tinha medo de nada nem de ninguém. Então, aqui estava ele,

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na clínica de tratamento cara, porém desconhecida, no Brooklyn, na qual
Daniel havia escondido Christophe.
— Quero que você volte para casa comigo, — disse ele ao tio agora.
— Eu não gosto de você estar aqui e eu tão longe. — Christophe era toda
a família de sangue que ele tinha - pelo menos, o único que reconhecia, o
único que importava.
— Meu garoto. — Christophe saiu do seu alcance e sentou-se,
consciente do gotejamento intravenoso ao qual estava ligado. — O que
você pode fazer que os médicos daqui não podem? Hmm?
— Você é minha família, — Stavros disse a ele, mais forte do que
pretendia. — Farei o que for necessário para você melhorar. Eu posso
trazer seus médicos até nós, enfermeiras o tempo todo...
— Eu já tenho isso aqui e gosto disso. — Christophe não olhou para
ele. — Eu não serei um fardo...
— Como você ousa? — Ele se levantou rapidamente, olhando para o
homem mais velho. — Um fardo? Nós. Somos. Família. — Ele enfatizou
novamente, porque talvez seu tio não tivesse ouvido na primeira vez. —
Você é o que o homem responsável pelo meu nascimento nunca poderia
ser para mim, um pai. Você nunca será um fardo, Tio. Você nunca poderia
ser isso.
Christophe virou-se para ele então, expressão calma, olhos vermelhos.
O câncer tomou sua cor, dando a sua pele uma aparência quase
translúcida, suas veias azuis proeminentes agora. Ele se machucava com
facilidade, sentia a dor mais aguda. Dor que ele sentia constantemente.
Sua falta de apetite e náusea o tornaram frágil, uma casca fraca do que
costumava ser. Quem ele era, no entanto, permaneceu intacto.
A ideia de perdê-lo doía tanto que Stavros teve que descartar o
pensamento no momento em que entrou em sua cabeça.
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— Venha.
Por ordem de Christophe, Stavros foi até ele, pegando a mão
levemente trêmula que o outro homem estendeu e colocando a cabeça no
peito do tio. Sob a bata do hospital, ele percebeu o som de seu coração
batendo. Ele nunca tinha visto seu tio frágil desde o diagnóstico, e a visão
o deixou desequilibrado.
— Você sabe o quanto eu me preocupei com você? — Christophe
acariciou a cabeça com uma mão instável. — Eu não estou falando sobre
o que aconteceu recentemente. Eu me preocupava antes disso. Antes de
você conhecer Daniel.
Stavros levantou a cabeça com uma careta. — Por quê?
— Você parou de se importar. — Christophe apertou os lábios. —
Você tinha parado de viver, e até Daniel te sequestrar, eu me preocupava
que você estivesse sozinho. — Ele engoliu em seco, com voz rouca
quando disse — Eu me desesperei em pensar com quem ficaria com você
quando eu morresse.
O coração de Stavros balançou em seu peito. — Você não está
morrendo, — ele ordenou.
O velho riu. — Hoje não, não. Também não amanhã, espero, mas
minha hora chegará. — Ele segurou a mandíbula de Stavros, com um
toque gentil. — E eu costumava temer o que você faria então. A merda
que você faria quando a dor atingisse.
— Então…. — Stavros piscou para ele. — Você está dizendo que não
se preocupa mais comigo?
— Não me preocupo mais com o fato de você estar sozinho. Sou grato
por você ter alguém capaz de ser quem e o que você precisa — disse

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Christophe. — E sinto pena de quem estiver no caminho de vocês, quando
vocês dois soltam a trela um do outro.
Stavros sorriu, embora tenha tremido um pouco. Os olhos dele
também arderam. — Eu tive que destruí-lo para amá-lo, tio. — Não havia
como esquecer como ele e Daniel chegaram onde estavam agora. Eles não
sentaram e insistiram nisso, mas também não hesitaram em reconhecê-lo.
— Sim, meu garoto. — Christophe assentiu. — Você o destruiu e
depois o construiu de novo. Como ele fez por você.
Ele virou o rosto na palma quente do tio, aninhando-a. — Eu o amo.
— E era algo dez vezes mais forte que o amor que eu via nos olhos
dele quando você estava desaparecido. Seja o que for, o que está além do
amor, ele sente isso por você. — Christophe agarrou seu queixo. — Não
tenho medo de morrer, sobrinho. Não tenho medo de deixar você com ele.
Eu vou ficar aqui com meus médicos. Eles vão me curar. — Ele acenou
com a mão livre com desdém. — Ou eles não vão. Mas saiba disso, eu
amo você. — Seus olhos estavam brilhantes demais, com um olhar terno.
— Nunca quis que você fosse outra coisa senão o que sempre foi. Você é
meu filho em todos os aspectos que importam. — O queixo dele tremia.
— De qualquer maneira.
Ele arrancou o coração de Stavros do peito. Ele não tinha palavras
além — Obrigado, tio. Eu também te amo. — Ele fechou os olhos contra
a queimadura neles e colocou a cabeça no peito do outro homem quando
ele se recostou nos travesseiros com um suspiro. O câncer tinha uma
maneira de destacar a falta de controle e o desamparo.
Isso lhe mostrou o seu, e ele não gostou. Nem um pouco.
Ele ficou até seu tio adormecer e depois voltou a conversar com os
médicos. Eles não acharam que seria benéfico movê-lo, então o plano de
Stavros de levar seu tio para a Geórgia foi um fracasso. Não era grande
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coisa, ele poderia se adaptar. Ele não tinha planejado ficar em Nova York
por mais tempo do que o necessário, mas ia estender a viagem por alguns
dias, o que significava que ele precisava voltar para a cobertura que estava
evitando. Parte de suas tarefas enquanto estava na cidade era também
colocar a cobertura à venda. Sua vida estava em outro lugar, então não
fazia sentido mantê-la. Além disso, estava contaminada agora, todas as
coisas ruins eclipsando as boas.
Ao deixar a clínica, ele instruiu seu motorista a levá-lo para a
cobertura. Na traseira do veículo, ele enviou uma atualização para Daniel
via texto, depois encostou a cabeça contra o assento e fechou os olhos. O
otimismo dos médicos sobre o progresso de seu tio aliviou um pouco o
aperto no peito. Ele não estava pronto para perder o velho ainda.
Os negócios ficaram em segundo plano, mas Stavros teria que lidar
com tudo de uma vez. Ele se permitiu olhar além da saúde de seu tio e de
sua própria merda.
Isso não ia acontecer tão cedo.
Quando os pneus gritaram e o SUV parou, seus olhos se abriram e ele
se sentou, puxando imediatamente as duas armas que mantinha nele. Seu
motorista também pegou sua arma, e Stavros olhou em volta. Estavam no
estacionamento da cobertura, parados entre dois carros cujas portas se
abriram. Homens armados se amontoaram e cercaram seu SUV.
Ele deu um suspiro. — É demais esperar uma viagem sem
intercorrências, hein?
— Senhor. — O motorista encontrou seus olhos através do espelho
retrovisor.
Sim, eles estavam cercados e definitivamente em menor número. —
Não faça nada, — ele instruiu. — Eles vieram até nós, vamos permitir que
eles façam o primeiro movimento. — Alguém bateu na porta de Stavros,
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no lado do passageiro. — Senhor Konstantinou, eu gostaria de uma
palavra.
Ele revirou os olhos. — Eu estou em desvantagem, — ele gritou pela
porta fechada. — Você sabe meu nome, mas eu não sei o seu.
— Justo. — A pessoa fez uma pausa. — Me chame de G.
Claro. — G, se você gostaria de ter uma conversa, há maneiras
melhores que não terminam com você - quem quer que seja - na minha
lista de merda.
— Não pude evitar, receio.
Uh-huh. — Você quer conversar, você diz? — Ele verificou suas
armas e as colocou no colo. — Livre-se de seus homens, para que
possamos ter uma conversa. — Ele esperou, inclinando-se para olhar
através do para-brisa. Os homens não se mexeram por um tempo. E então
eles fizeram, provavelmente recebendo o sinal verde do líder para recuar.
Enquanto Stavros observava, a meia dúzia de homens - todos com o rosto
coberto - baixou as armas e seguiu relutante para os veículos. Ele levantou
uma sobrancelha. — Caminhe para o outro lado, — ele instruiu quem foi
deixado lá fora. Daniel definitivamente não estaria feliz com ele agora. —
Junte-se a mim. — Ele deu ao motorista um único aceno de cabeça.
Ele não ouviu os passos, mas assim que o motorista destravou o
veículo, a porta de trás do lado do motorista se abriu e um homem entrou.
— Stavros Konstantinou. — Ele encontrou os olhos estreitos de
Stavros com um sorriso largo, dentes brancos e levemente tortos. — É
uma honra. — Ele tinha mais ou menos a idade de Stavros, cabeça
raspada, careca e reluzente, com uma barba cheia com manchas de prata
e pele de cobre. Olhos negros, profundos e firmes, observaram Stavros
avaliando-o. Vestido com uma camisa azul clara, desabotoada na garganta
e calça cinza escura com sapatos pretos, recostou-se, um leve sorriso
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curvando os lábios quando seu olhar as armas no colo de Stavros. Ele era
um estranho, mas seus traços eram familiares.
— Sua família cria o hábito de emboscar pessoas?
G suspirou, esfregando o queixo com dois dedos. — As ações de meu
primo - Jay - não foram sancionadas pela família.
Certo. — O que você quer?
G apertou os lábios. — Nós queremos Yusef. Estou aqui para tirá-lo
de suas mãos.
Stavros riu na cara dele. — Sua família ainda não aprendeu a lição.
— Ele nos prejudicou, exigimos pagamento.
Stavros se mexeu em seu assento, de modo que suas costas estavam
niveladas contra a porta, garantindo que ele enfrentasse G completamente.
— Eu entendo que você matou o marido dele.
Algo escuro distorceu as feições de G. — Yusef deveria saber melhor.
— Assim como você deveria saber melhor do que se aproximar de
mim como você fez. Saiba que sou agradável de vez em quando. — Ele
se inclinou para frente. — Yusef iniciou todo esse drama. Ele é meu
primeiro, mas você pode ficar com o corpo dele depois que eu finalmente
terminar. — Ele lambeu os lábios. — O que vai demorar um tempo.
O olhar de G permaneceu em seu rosto, firme, mal piscando. Ele era
diferente de Jay, Stavros sabia. Mais controlado. Mais analítico, porque
ele podia ver o cérebro do outro homem zunindo.
— Não quero nada de você ou sua família, — Stavros disse a ele para
ir direto ao ponto. — Eu já tenho o que quero, e você pode tentar me matar,
mas você já sabe o que acontece quando estou me defendendo.
— Nós não queremos uma guerra com você.

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— Eu espero que não. — Stavros resmungou. — Você já perdeu sem
nunca entrar no campo de batalha, G. — Os olhos do outro homem
brilharam. — Não, você não vai ter Yusef. Não pergunte novamente. Se
você não gosta da minha resposta, sabe o que fazer. Estarei em Nova York
por um tempo. — Ele sorriu. — Espero que você e seu pessoal saibam
melhor do que se aproximar de mim e de qualquer pessoa com quem eu
me importe de novo. Caso contrário, continuarei enviando vídeos meus
matando seu pessoal.
G emitiu um zumbido baixo na garganta. — Você acredita que é
invencível, — ele disse quase pensativo.
— Invencível? — Stavros riu. — Não. Eu só sei a quem temer. E já o
conheci. Você e sua família não são ele.
G sorriu. — Estaremos esperando quando você mudar de ideia. — Ele
agarrou a porta pela maçaneta e a abriu e pulou para fora.
— Sim, vá em frente e faça isso, — disse Stavros atrás dele. — E por
favor, prenda a respiração enquanto faz isso. — Ele ergueu a mão para o
motorista esperar que G e seu pessoal partissem com um chiado agudo de
pneus. Então ele acenou para o motorista.
Uma vez estacionados, ele subiu as escadas, o motorista agindo como
uma escolta completamente desnecessária. Fechando a porta quando o
homem ficou no corredor, Stavros entrou na cobertura, puxando seu
telefone do bolso enquanto ele estava em pé sobre o local onde caíra
depois que Jay atirou nele.
Ele ligou para Daniel.
— Diablo.
Cristo. Ouvir sua voz, esse nome de animal de estimação, era como
uma injeção de adrenalina toda vez. Stavros tirou a jaqueta e a deixou cair

CL Traduções
no chão, depois se sentou no sofá mais próximo, passando a mão no rosto.
— Você nunca vai acreditar no que aconteceu.

CL Traduções
A casa estava toda iluminada. Do bando de trás de seu SUV Stavros
estava olhando para fora, ele não via nada além do último andar. Mas isso
foi o mais perto que ele chegou em muito tempo. Tem sido um impulso
do momento deixar a cobertura e instruir o motorista a trazê-lo aqui. Para
a casa familiar de dois andares em Jersey, situada atrás de árvores altas e
cercas de privacidade, a uma boa distância de seu vizinho mais próximo.
Era provável que ele tivesse um plano quando saiu de Manhattan.
Agora? Ele não sabia o que estava pensando. Daniel estava a caminho de
Seattle e juntos voltariam para a casa de praia. Realmente não havia razão
para ele estar lá, olhando para uma casa em que nunca seria convidado.
Não que ele quisesse um convite. Ele explodiu essa ponte com
canhões, explodiu-as até virar nada e não se arrependeu de suas ações. Ele
nunca fez algo que não fosse justificado e necessário.
Mas ele estava aqui de qualquer maneira, a confusão de seu motorista
aparente na maneira como o homem o olhava pelo espelho retrovisor. O
que fazia dois deles, não era?

CL Traduções
— Senhor?
Ele assentiu com a pergunta não dita. — Sim, podemos sair agora. —
Eles poderiam voltar para onde ele deveria ter ficado, naquela cobertura,
esperando por Daniel de quem sentia falta como um membro amputado.
Alguém bateu contra o lado do SUV. O lado dele. O motorista
assustou-se e Stavros respirou fundo.
— Está bem. — Ele abaixou a janela, olhando nos olhos furiosos de
Elias Kote. — Elias. É um prazer ver você aqui.
— O que diabos você está fazendo na minha casa? — O temperamento
de seu ex sempre fascinou Stavros. A fúria brilhava em seus olhos azuis,
fazendo parecer que eles estavam brilhando na escuridão que os cercava.
Ele ficou maior desde a última vez que Stavros o viu. Seu cabelo ruivo
também era mais comprido, preso em um rabo de cavalo na nuca. O
relacionamento deles não havia terminado da melhor maneira possível.
Inferno, também não tinha começado bem. Eles eram amigos, depois
amantes, e inimigos. Mas Stavros não estava lá para se concentrar no
passado. Ele abriu a porta e saiu, fechando-a com força quando ficou de
pé na calçada estreita, enquanto Elias o encarava.
Ele entendeu por que o outro homem ficaria chateado. Elias tinha uma
família abrigada naquela casa. Marido e filha que ele desafiou Stavros e
seu pai para ter. Para manter. — Você parece bem. — Ele sorriu quando
os olhos de Elias se estreitaram.
— Por que você está aqui?
Seu tom certamente assustaria qualquer outra pessoa, mas Stavros foi
quem ensinou Elias tudo o que sabia. Ele não podia agitar Stavros e muito
menos assustá-lo. — Ouvi dizer que você me visitou enquanto eu estava
no hospital. Disse a Daniel sobre Yusef.

CL Traduções
Elias cruzou os braços, tatuagens coloridas - feitas pelo marido, sem
dúvida - visíveis através das mangas curtas de sua camiseta preta,
expressão ainda furiosa. — Então, você está aqui para expressar sua
gratidão? Um cartão seria suficiente.
Stavros deu uma risada, olhando em volta. O condomínio fechado
estava estranhamente quieto. Ele estava sentado do lado de fora da casa
por quase uma hora e não tinha visto uma pessoa lá fora. Ele voltou sua
atenção para Elias. — Eu te devo uma. Eu pago minhas dívidas, então
queria agradecer. — Ele achava que nunca tinha feito isso antes, agradecer
a alguém por ajudá-lo. Pode ser porque não havia muitas pessoas em sua
vida que o ajudaram, pelo menos sem querer algo em troca. Mas, apesar
de tudo o que aconteceu entre ele e Elias - como o outro homem matando
a família inteira de Stavros, mesmo que eles merecessem, - ele sabia que
seu ex não era do tipo maldoso.
Não, a menos que ele tivesse motivos para ser.
Stavros o machucara, machucara seus amigos, e Elias ainda deu
informações para ajudar Stavros. Então esse era o motivo dele estar em
Jersey.
Apenas para expressar sua gratidão.
— Você não me deve nada. Só fui porque queria estar lá para
identificar seu corpo quando você morresse. E você pode agradecer a
Lucky por até me fazer ir primeiramente.
Stavros sorriu. — Felizmente para você, eu não sou tão fácil de matar.
— Ele desviou o olhar para a casa em que estavam na frente. — Como
está Lucky? E a criança?
Elias descruzou os braços e revirou os olhos. — Crianças agora.
Também temos um filho.

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Ah. Stavros apertou os lábios. — Boa sorte com isso. — Ele não
entendia o apelo de crianças, mas, novamente, ele não entendia o apelo da
maioria das coisas.
Elias o observou em silêncio por alguns instantes antes de dizer — Eu
pensei que era uma piada, você sabe. Você e Daniel Nieto. — Ele balançou
sua cabeça. — Mas eu esqueci que quando você fode, você realmente
fode.
Isso era verdade, então Stavros não se incomodou em se ofender. Ele
simplesmente deu de ombros. — Ele me sequestrou e torturou. Não tive
escolha a não ser transar com ele.
— Todos nós estaríamos mais seguros se isso fosse tudo o que você
fez, mas você o fez amar você. — A inspiração de Elias foi aguda. — Pior
que isso, você o ama.
Ele entendeu, e agora entendia Elias de uma maneira que não tinha
antes. Ele entendeu as palavras de Elias, ditas depois que Stavros havia
ameaçado Lucky. — Lucky Mousasi é meu... Você acha que eu não vou
banhar este mundo, o seu e o meu, com gasolina e vê-lo queimar para
garantir que ele tenha o que precisa? — Stavros vivia essas palavras
agora, elas estavam gravadas em seus ossos quando se tratava de seu
relacionamento com Daniel. — Sim. — Ele acenou com a cabeça para
Elias cuja sobrancelha se franziu. — É pior que eu o ame. — Porque
ninguém estaria seguro, não quando Stavros se sentisse do mesmo modo
que Daniel. Ele se virou e voltou para o veículo.
— Aproveite sua família, Elias.
— Você deveria arranjar uma, — Elias falou às suas costas. — Pode
ser bom para você.

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Stavros parou e olhou para ele por cima do ombro, mostrando os
dentes em um sorriso. — Eu nunca fui fã do que é bom para mim. Você
sabe disso.
Elias sacudiu a cabeça. — Da próxima vez que você decidir me
perseguir na minha casa, envie um aviso prévio.
Stavros franziu a testa. — Onde está a diversão nisso? — Ele entrou
no SUV e o motorista partiu. Ele não olhou, mas não precisava para saber
que Elias não havia se mexido. Ele não faria. Não até Stavros estar fora
de sua rua sem saída.
Era sempre uma alta para seu ego, deixar homens como Elias no limite
e lutando para melhorar a segurança em sua casa.

Ao contrário da última vez que Daniel esteve na cobertura de Nova


York, Stavros estava lá esperando por ele. Ontem, Stavros ligou para
contar sobre o estranho chamado G, que o emboscou, exigindo que ele
entregasse Yusef. Daniel queria embarcar imediatamente em um avião,
mas Stavros insistiu que ele ficasse com seu irmão e o resto de sua família.
Então Daniel ficou durante a noite, mas sua mente não estava lá.
Enquanto observava o irmão Levi e o marido comemorando o retorno de
seu filho do exterior, o foco de Daniel estava em Stavros.
Agora, aqui estava ele, porque até um dia era longo demais para eles
se separarem. Especialmente após os eventos recentes.
Seu amante estava sentado em silêncio no sofá nas sombras, apenas a
luz de uma lâmpada do outro lado da grande sala iluminando o espaço.
Daniel o observou enquanto tirava o casaco. O cabelo de Stavros estava
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todo bagunçado, como se ele estivesse passando os dedos por ele. Sua
camisa estava fora da calça, os três primeiros botões desabotoados. Seu
cinto também estava solto e ele estava descalço. Ele segurou o olhar de
Daniel enquanto levava um copo de vinho aos lábios, a garrafa aberta no
chão a seus pés.
Arregaçando as mangas da camisa até os cotovelos, Daniel atravessou
a sala e afundou no sofá ao lado de Stavros. Imediatamente, Stavros se
inclinou para ele, a cabeça caindo sobre seu ombro.
Daniel beijou o topo de sua cabeça. — Diablo. — Ele não queria voltar
a este lugar, definitivamente não queria que Stavros voltasse para cá. Não
sem ele. Enquanto o elevador subia ele tinha revivido a última vez. O
pânico que azedou o fundo de sua garganta quando ele apareceu nesta
cidade procurando por Stavros. A dor quando ele entrou na mesma
cobertura para encontrar o sangue no chão. Ele se endureceu contra a
violência, a perverteu mais do que já era, para se adequar, para satisfazer
seus apetites. Mas amar Stavros enfraquecia a barreira que ele havia
construído com tanto cuidado, possibilitando que ele sentisse aquele
pânico, aquela dor.
— Você está bem? — Ele perguntou encostado no rosto Stavros. Jay
tinha sido tratado, Yusef também, mas ainda havia outros por aí. Depois,
havia a saúde de Christophe a considerar. — Seu tio está indo bem? — Os
médicos colocaram Christophe em um novo tratamento e, embora fosse
muito cedo para ver grandes progressos, Stavros havia compartilhado que
os resultados eram promissores.
Stavros se afastou, assentindo enquanto tomava outro gole de vinho
tinto. — Christophe está bem. — Ele fez uma careta. — Considerando
tudo.

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Daniel se inclinou e pegou a garrafa de vinho do chão. Só tinha menos
da metade, e ele bebeu direto da garrafa e depois se recostou, a garrafa
ainda em suas mãos, passando o braço livre pelos ombros de Stavros e
puxando-o para perto. — Fale comigo.
Stavros encontrou seu olhar com um pequeno sorriso. — Estou
vendendo a cobertura.
Bom. — O que te fizer feliz, diablo. — O seu olhar parecia cansado.
Precisando de tempo longe de tudo o que tinha acontecido. O sono ainda
era difícil para Stavros, ele sabia, os pesadelos diminuíram, mas nem
todos se foram. Daniel cuidaria para que ele tivesse todo o tempo que
precisasse. Observou Stavros levar o vinho aos lábios, beber a última gota,
depois se abaixar e colocar o copo no chão.
— Você queria saber se eu estou bem. — Stavros assentiu. — Eu
estou. Eu estava sentado aqui pensando em merda. — Ele acenou com a
mão com desdém. — Os negócios. Meu tio. Todos esses idiotas tentando
me pegar, mas você está aqui agora. E acontece que nada mais importa
tanto quanto você estar aqui. Então sim. — Ele encolheu os ombros. —
Eu estou bem.
Pareciam doces, aquelas palavras, tinham um sabor ainda melhor
quando Daniel o beijou, passando a língua entre os lábios entreabertos.
Ele gostava das palavras, mas elas não eram necessárias. Eles eram
homens de ação, ele e esse homem sentado em seu colo, arrancando a
camisa. As ações de Stavros nunca mentiam, nunca foram não
verdadeiras.
Daniel não fez perguntas, tinha apenas uma fome feroz queimando em
seu estômago e Stavros nos braços. Ele tomou a boca do outro homem em
um beijo duro, dedos pegando o zíper de Stavros e se atrapalhando.
Stavros rasgou a camisa de Daniel, arrancando botões e empurrando a

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roupa ofensiva do corpo. Dedos quentes tremiam onde eles se espalhavam
por seu peito.
Daniel o consumiu, despindo-se e a seu amante. Acontecia toda vez.
Não era um sacrifício, porque Stavros retribuía. Sempre. Sempre dando,
sempre combinando com os movimentos de Daniel.
Eles estavam nus em pouco tempo, sem nada louco o suficiente para
ficar entre eles, e Daniel estava de volta ao sofá, Stavros mais uma vez em
seu colo. Pele quente cheirando como o perfume mais inebriante. Daniel
beijou o caminho através da mandíbula de Stavros e desceu pela garganta,
depois enterrou o rosto na curva do pescoço do seu amante.
Inalando.
Mesmo fechado, seus olhos reviraram quando o perfume de Stavros
atingiu seus sentidos. Ele gemeu, os membros já estremecendo. Ele
chamou isso de loucura antes. E era. Mas o melhor tipo.
O melhor.
Ele afundou os dentes na carne de Stavros, amando o jeito que ele
tremia, empinando, esfregando a bunda, moendo no pau de Daniel.
— D-Daniel.
Ele passou os braços em volta de Stavros, com seus peitos esfregando,
os batimentos cardíacos reverberando. Qualquer que fosse a forma que o
ato sexual deles assumisse - sexo real ou derramamento de sangue, - isso
tinha o mesmo efeito. Toda vez. Daniel não tinha isso com mais ninguém.
Ele não queria isso com mais ninguém.
Stavros o lambeu, do ombro esquerdo para a direita, um deslizamento
suave da língua molhada, deixando um rastro de calor em seu caminho.
Daniel segurou suas costas e o puxou de volta, forçando Stavros a
encontrar seus olhos.

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— Eu vou te foder agora.
As narinas de Stavros se alargaram. — Sim, — ele respirou.
— Você fará amor comigo mais tarde.
Seu amante lambeu os lábios, as pupilas aumentando, engolindo
audivelmente. — Sim.
Nada foi dito depois disso. Stavros pegou as calças e tirou a carteira,
pegando o pacote de lubrificante lá dentro e esguichando-o nos dois
dedos.
Bocas fundidas, língua e dentes rasgando um ao outro, eles
prepararam Stavros juntos. Os dois dedos deslizaram, esticando,
deslizando de dentro para fora. Ele estava, como sempre, apertado e
quente, e bonito com a cabeça jogada para trás, expondo o comprimento
gracioso do pescoço. Nos dois lados do corpo de Daniel, suas coxas eram
armadilhas tensas, enjaulando Daniel enquanto empurrava seus dedos,
apertando e soltando, produzindo os sons mais arrepiantes.
Daniel não conseguia parar de beijá-lo, mesmo quando se transformou
em nada mais do que uma batalha, que nenhum dos dois estava tentando
vencer. Ele removeu os dedos e espalhou o resto do lubrificante em seu
pênis, sem sequer olhar.
Uma mão na bunda de Stavros, a outra na base do seu eixo, ele se
guiou para casa.
Stavros se afastou do beijo e os olhos de Daniel se abriram para
encontrar seu amante, observando-o com olhos vidrados, lábios molhados
e inchados quando ele se levantou e afundou. A boca de Stavros se abriu
quando Daniel entrou nele, forçando-se a ultrapassar o anel muscular que
tentava mantê-lo longe de um dos seus lugares favoritos. O ajuste apertado
sufocou sua respiração, e ele lutou para respirar. Perdido no fluxo de

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emoção nos olhos de Stavros, no aperto de seu corpo e no calor de seu
toque.
Ele era bonito.
O motivo.
Ele era a vida como Daniel nunca tinha visto.
E quando Stavros o tomou, quando ele estava cheio de Daniel, seus
olhos se fecharam, cílios escuros descansando em suas bochechas
enquanto a felicidade agonizante se espalhava por seu rosto. Daniel
segurou seus cabelos, puxou-o para a frente e o beijou novamente.
— Diablo.
Stavros agarrou-se a ele, os dois braços em volta do pescoço,
montando-o como se tivessem todo o tempo do mundo. Para cima e para
baixo.
Daniel gemeu. Fricção requintada. Era como fogo em seus sentidos,
colocando-os em chamas. Ele ficou, porém, ficou no meio desse inferno,
os dedos de uma mão traçando a curva da espinha de Stavros, a outra
apertada em seus cabelos, incitando-o, puxando-o para cima quando ele
levantava, batendo com força quando ele descia.
Morte em câmera lenta.
Se sentia assim.
Daniel deu as boas-vindas à Stavros com a língua, moldado em torno
de seu pau, as unhas de seu amante deixando cicatrizes que Daniel
esperava que nunca se curassem. A trilha sonora de seu amor era
grunhidos e gemidos, ficando mais alta a cada golpe. Mais alto ainda
quando Stavros arqueou e Daniel deslizou sobre um ponto específico. As
respirações ofegantes, os arranhões ficavam cada vez mais dolorosos, e os

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músculos em volta do pau de Daniel o sufocavam e puxavam suas bolas
para cima.
— Daniel. Porra! — Com uma mão entre os corpos puxando seu pau,
Stavros gritou seu nome, frenético, desesperado. Como se estivesse
perdido e Daniel fosse seu único caminho de casa.
Daniel deu a ele o que queria, inclinando para que ele pudesse bater
naquele ponto novamente. Batendo mais forte, até os olhos de Stavros
ficarem incrivelmente arregalados e seu corpo congelar. Trancando e
prendendo Daniel.
Stavros gozou para ele, seu esperma pulverizando entre eles, caindo
na parte inferior da barriga de Daniel. O calor do gozo de Stavros fez o
pau de Daniel tremer, seus quadris empurrarem para frente e seus olhos
revirarem para trás em sua cabeça enquanto seu orgasmo o desfazia.
Dedos dos pés enrolados no tapete, dedos arranhando as costas de Stavros,
ele deu tudo isso ao corpo ansioso de Stavros.
Até que ele estivesse vazio.
Esgotado.
A respiração de Stavros no queixo fez Daniel levantar as pálpebras
pesadas. Seu amante sorriu, parecendo tão cansado quanto Daniel. Ele
beijou Daniel suavemente a princípio, depois com mais insistência, e
dentro de Stavros, Daniel estremeceu, querendo novamente.
Ele estremeceu, passando a mão pelas costas de Stavros. — Diablo.
— Eles não eram homens jovens. Era necessário um momento para se
recuperarem, mas ele não gostava de esperar.
— Senti sua falta — murmurou Stavros contra seus lábios.
— E eu a sua.

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Ele sentiu a curvatura dos lábios de Stavros quando sorriu. — E eu
quero mais de você.
— Vamos precisar da cama, — Daniel disse a ele. — Eu sou um
homem velho, diablo.
— Meu homem velho.
— Sí.

Muito mais tarde, eles ficaram sentados no terraço, olhando a vista


espetacular do Central Park e do horizonte da cidade de Nova York.
Stavros estava encolhido contra Daniel, ambos vestindo roupões brancos
combinados, bebendo mais uma garrafa de vinho, enquanto assistiam às
notícias de Miami pelo telefone de Stavros.
— Uma briga sangrenta durante a noite entre membros de
organizações criminosas rivais termina com seis mortos e vários feridos.
Boatos de que há anos as tensões fervorosas entre os membros da máfia
haitiana e o geralmente misterioso Rogue Warriors Motorcycle Club,
explodiram ontem à noite.
— Você entende o que vem a seguir? — Stavros perguntou ao homem
que estava à esquerda do terraço nas sombras, com os braços cruzados.
— Sim. — Ele avançou na pergunta de Stavros, para a luz. Com todo
o cabelo raspado, Linc ostentava um curativo na cabeça devido aos golpes
de Stavros. O curativo branco sobre a bala no ombro superior direito era
visível sob a gola da camiseta. Ele ainda estava vivo, mas apenas porque
eles queriam que ele estivesse. Ele sabia disso. Eles o possuíam, e ele sabia
disso também.
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Parece que o Falsificador lidou bem com as coisas o suficiente para
que seu marido ainda não tivesse ideia do seu passado com Pascal. Ainda.
O trabalho de Daniel e Stavros era garantir que a paz não durasse em
Miami. Linc era o catalisador por trás da briga que eles acabaram de
assistir. Seu trabalho era infiltrar-se na gangue de motociclistas foragidos
de Jairo Beltrán, ganhar a confiança do líder e atrapalhar tudo, garantindo
que Beltrán e seus Rogue Warriors entrassem em guerra com Pascal. E em
troca eles manteriam Yusef vivo.
Eles planejaram fazer isso de qualquer maneira, mas não
compartilharam isso com Linc. Ele aproveitou a chance de fazer o acordo,
uma vez que fora levado do depósito sangrando. Seus serviços pela vida
de Yusef. Ele não parecia se importar com o fato de que ele poderia não
sobreviver às garras de Beltrán se seu disfarce fosse descoberto. E isso por
si só o denunciou.
Ele amava Yusef. Amava-o de uma maneira que um irmão não deveria
amar o marido do outro irmão.
Daniel olhou para ele. — Você sabe o que fazer a seguir. Nós vamos
entrar em contato.
Linc deu-lhes um breve aceno de cabeça e saiu, desaparecendo dentro
da cobertura.
Stavros tomou um gole de vinho e estendeu para Daniel. — Começou.
Daniel pegou a garrafa com um grunhido e um aceno de cabeça,
beijando sua têmpora. — Sí, mi amor. Começou.

FIM

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