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Seção Especial

Como tirar uma música de ouvido?

Tirar uma música de ouvido depende muito do treino do


seu ouvido. Pode significar apenas desvendar os acordes
mais comuns da música e depois usar apenas um timbre e
improvisar.
Mais que isso, é um exercício de paciência e que muitas
vezes trazem um certo gosto de vitória ou frustração.
Mas como músico não pode ser frustrado senão não
progride, damos umas dicas legais sobre como fazer para
tirar uma música de ouvido.
Primeira coisa a fazer é criar uma forma que possibilite
você representar graficamente a música que vai tocar, a
menos que você seja capaz de guardar tudo no mínimo
detalhe.
Existem algumas formas de representar graficamente uma
música.

1) Criando um gráfico

Exemplo 01
Observe que nos compassos foram colocados apenas os
tempos principais e a cifra acompanha a evolução e a
ordem dos tempos.

Exemplo 02

Neste exemplo, você coloca os acordes no compasso e as


notas de marcação de tempo em cima dos acordes.
Pessoalmente eu acho esse método mais eficiente porque
você só se preocupa com a base e os efeitos
(contratempos) usando os acordes.

2) Entendendo a harmonia

Bem. Criado a forma de representação, vamos para a parte


mais complicada.
A melhor forma de entender uma harmonia é usando o
baixo (contrabaixo) como referência, porque em 80% dos
casos o baixo está tocando a nota fundamental (tônica de
cada acorde). Após ouvir o baixo, execute a música com ele
(você faz os acordes no teclado/violão) executando as
mesmas notas [Nota: Procure ajustar seu aparelho para o
realce do baixo (bass) e sempre usar seu instrumento num
volume inferior que possibilite você ouvir os dois]. Para não
se enganar, use sempre uma oitava acima do baixo.
Agora você pode tentar identificar a tonalidade da música
usando o conhecimento de campo harmônico (Se você
acompanhou nossa aula de teoria, então não estamos
falando grego), mas é melhor seguir a intuição e educar o
ouvido porque fica mais fácil você entender o caminho da
música do que entender a teoria.
Se algum acorde te parecer estranho, por exemplo: o baixo
está fazendo um Mi e no seu instrumento não encaixa Mi
maior nem Mi menor, então é porque alguns acordes estão
invertidos (nossa famosa aula de teoria de novo!), neste
caso execute a nota mais aguda (da ponta), porque de
repente o baixo está fazendo Mi e o teclado/violão soa
como Dó maior, neste caso é um acorde invertido C/E (Dó
maior com Mi no baixo: Mi - Sol - Dó).
Ouça os acordes um por um ou agrupe-os de dois em dois,
sempre usando a fórmula ouvir-depois-tocar-depois-tocar-
junto.
Depois que você conseguir identificar se um acorde é maior
ou menor, fica mais fácil complementar a nota com graus
adicionais (dissonantes).

3) Entendendo os arranjos

Dado o passo do entendimento da harmonia, o próximo


passo é prestar atenção nos patterns ou grooves, que
sempre são compostos de frases ou antecipações rítmicas.
Anote tudo, a introdução, os grooves, etc mas
principalmente as introduções e finais, que costumam ser
mais complicados.

4) Solos
Da mesma forma que nos arranjos, os solos exigem muita
concentração.
Se você pretende reproduzir um solo fielmente se preocupe
em decorar uma frase por vez e toque-a (no aparelho de
som) repetidas vezes (esqueça o seu instrumento por um
tempo) até que consiga cantar, solfejar ou assobiar a frase,
daí fica mais fácil passar para o instrumento. Divida o solo
em compassos, trechos, etc...
Trechos muito rápidos (slides) são mais difíceis e o método
mais aplicável e diminuir a velocidade do solo usando
software ou funções de alguma pedaleira, sei lá, lembrando
que a alteração do pitch (velocidade) do solo pode causar
mudança na tonalidade.

5) Finalização
Com os passos acima finalizados, após ter fixado a melodia
da música, toque várias vezes a música com o playback até
que tenha um domínio completo do arranjo.
Não fique muito alienado ao arranjo, se solte, relaxe...
toque naturalmente, mesmo que cometa alguns erros
continue... nunca reinicie do começo porque se não você
vicia no erro.

O segredo para tirar música de ouvido é TREINO, TREINO,


TREINO, TREINO... com o tempo, de tanto treinar seu
ouvido vai se familiarizando com os tons e acordes, daí fica
mais fácil.

Tente, por exemplo, tocar um acorde e, sem olhar para os


dedos, assimilar o acorde: Maior, Menor, Diminuto,
Dominante, etc...

Dica:
Os campos harmônicos sempre seguem uma regra (a
famosa I, II, III, IV, V, VI, VII).
Saindo de Dó maior para Fá maior espera-se duas coisas:
a) voltar para Dó maior; b) Ir para Sol maior
Saindo de Dó maior para Sol maior espera-se: a) Ir para Lá
menor e depois para Fá maior ou para Mi menor b)
Repousar em Dó maior ou ir para Fá e logo em seguida ir
para Sol maior e complementar na Tônica (Dó maior)
Saindo de Dó e indo para Mi menor, espera-se: a) ir para
Fá maior e complementar em Sol maior; b) Ir para Lá
menor, retornar em Mi menor depois ir para Fá maior, Sol
maior e fechar em Dó maior.
Etc, etc, etc...

Espero ter contribuído para melhorar ainda mais sua


perspicácia musical.

Abraços.

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