Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EA D
AULA 01 – Parte I
Introdução ao Reino Vegetal – Jurema
Uso das ervas no Candomblé e Umbanda
Quebrando tabus
Muito bem, vamos começar o nosso encontro com as ervas, com o elemento natural,
agradecendo ao Pai Criador, aos nossos sagrados pais e mães Orixás, aos nossos guias, mentores,
protetores, direcionadores, a todos aqueles que de alguma forma tem interferido positivamente na
nossa caminhada evolutiva, nos abençoando com o conhecimento e com a sabedoria.
Eu sou Adriano Camargo, Erveiro da Jurema, e o nosso encontro virtual é uma iniciativa
bacana e pioneira do Instituto Cultural Aruanda na plataforma EAD. Ele vem ao encontro de muitos
pedidos sobre o conhecimento das ervas, sobre como aprender um pouquinho mais com o uso
litúrgico e com o seu uso ritualístico. As ervas estão em todas as culturas, em todas as tradições
religiosas nós vemos o uso dentro dessas tradições, nós umbandistas herdamos isso da nossa raiz
africana, herdamos também da nossa raiz indígena.
Começo esse nosso encontro com uma rápida defumação. No decorrer das aulas vamos ver
o que eu fiz aqui, como eu queimei essa erva e eu começo esse nosso encontro com essa
defumação e pedindo as bênçãos de nosso Pai Criador, de nossos pais e mães Orixás para que nós
possamos mais uma vez aqui, desta forma pioneira, virtual pela internet, você aí prestando atenção
naquilo que eu estou falando.
Não é possível essa troca de sensibilidade com a erva, eu vou pegar algumas folhas, vou
mostrar, vou sentir o aroma da folha aqui e você deve fazer isso desse lado também para que a
gente possa de alguma forma bacana interagir e você perceber também o que eu estou percebendo.
Nós vamos trocar bastante informação, conhecimento sobre as ervas e que isso possa acrescentar
na nossa liturgia, acrescentar no nosso conhecimento religioso. É obvio que os conhecimentos vão
se complementando, vão se emaranhando, aqueles que já participaram dos cursos de Teologia de
Umbanda, também na plataforma EAD, ou cursos presenciais, vão se servir do elemento a partir
daquele conhecimento da Umbanda.
Ele é muito próximo ao organismo humano em função disso. Ele é o único que nasce cresce
deteriora, nasce, cresce e morre, muito parecido com o organismo humano. A forma de crescimento
do vegetal também. Não podemos esquecer que somos uma flora, nosso organismo tem a sua flora
intestinal, enfim, nós lidamos com isso, elemento vegetal está carregado de uma essência
energética, de uma forma energética compatível com a nossa. A erva está carregada de ar, a erva
na natureza, a erva verde, está carregada de água. Para manter a cor, a sua viciosidade ela tem
água e nós não podemos esquecer que somos pelo menos 70 / 75% água.
Será que não existem regras naturais que sejam pares com a nossa natureza humana que nos
permitam lhe dar com a erva ?
Sim, sem dúvida nenhuma e a religião de Umbanda é uma prova disso.
Não conheço um terreiro de Umbanda que pergunte para as pessoas que vem buscando a
palavra amiga, buscando a caridade espiritual, que permite qual religião da pessoa, se ela é batizada
ou não na Umbanda, a Umbanda tem as suas portas e seu coração aberto para todos, todos aqueles
que querem a palavra amiga, um abraço do Preto-Velho, o sorriso da Criança, a força e integridade
do Caboclo. A nossa religião é a maior prova disso, dessa pluralidade e quando eu falo religião da
natureza, religião da natureza humana pois todos os sentidos que eu falei, a fé, o amor, o
conhecimento, dizem respeito a natureza humana. São sentidos divinos, estão no divino, estão no
intimo de Deus, no intimo de Olorun e são manifestadas de Deus para o nosso meio humano,
manifestadas em polaridades sem dúvida nenhuma.
A fé tem as suas nuances, o excesso de sentido da fé vai levar o humanismo ao fanatismo, a
falta vai levá-lo a ilusão, a falta de fé, falta de acreditar e junto com esses sentidos nós temos uma
infinidade daquilo que nós chamamos de fatores, vale a pena lembrar que esse assunto é muito bem
tratado dentro da Teologia de Umbanda. Aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar a
Teologia de Umbanda façam isso porque o acréscimo de conhecimento será significativo, será
bastante substancial. Esses fatores que nós chamamos de fator dentro do estudo da teologia, dentro
do estudo dos sentidos de Deus, nós poderíamos dizer também que é o verdadeiro poder realizador
e eu estou falando de fator de sentido, de sentido, elemento, falando tudo isso e tudo isso é magia,
se resume em magia, magia da criação, magia a divina.
A primeira das magias, a criação e a face de Deus, pairava sobre o abismo trevoso e o verbo
disse “faça-se a luz“ e a luz se fez, Gênese capitulo 1, está na Bíblia. O verbo é tão poderoso que
levou a plenitude onde não havia nada, onde havia o vazio, levou a luz onde havia o vazio. Estou
falando de verbo, um poder movimentador, um poder realizador, a partir do verbo, a partir da
vontade. Nós sabemos que todas as traduções que chegam à nós de todos os livros sagrados, tem
as suas interpretações, a sua forma de ser, não estamos aqui para discutir a Bíblia e nenhum livro
Existem ervas que desencadeiam, que desempenham funções no nosso campo astral humano ?
Sim, dúvida nenhuma.
Muita gente pergunta isso: “Erveiro, tem aquela erva que pega homem, pega mulher ?”
Claro que tem, sempre tem.
“Mas será que é uma erva que você tomou um banho, vai sair na rua, encontrar o
Brad Pitt e ele vai pular em cima de você ?”
Claro que não, não é assim que funciona. Mas ela vai proporcionar o seu campo astral humano uma
paridade vibracional, vai equalizar o teu campo vibratório como uma vibração magnetismo.
O objetivo tem que estar ligado a uma vontade, a um querer, para quem não sabe o que quer,
qualquer coisa está bom. Adianta a gente preparar um banho de ervas, levar no terreiro, o Preto-
Velho pedir para que tome um banho de hortelã com alecrim e salvia, aí você prepara aquele banho,
sai do terreiro e diz “vou tomar esse banho que o Preto-Velho vem atrás de mim”. Pois é, um pouco
diferente você lidar dessa forma e você sair do terreiro e dizer “Preto-Velho, uma entidade
manifestada naquele momento, ali ele é o poder divino, o poder realizador manifestado através do
médium, da estrutura do terreiro”.
Ele manifestado ali te coloca em um caminho, o que ele coloca ali para você como “faça esse
banho, tome este banho” não quer dizer que aquilo vai resolver todos os seus problemas, mas vai te
colocar em condições de buscar o que é seu, colocar em um padrão vibratório par com aquilo que é
seu, aquilo que você tem que buscar, aquilo que a sua vontade, a sua perseverança, a sua
insistência, a sua dedicação vai trazer como resultado a você.
Nos fomos bombardeados de 2007 para cá com “O Segredo”, com a lei da atração, você atrai
aquilo que é, aquilo que pensa, é muito fácil isso. Se a gente olhar e observar é jóia, vou ficar o
tempo todo pensando em riqueza material, pensando em bem estar, só que nós seres humanos
temos a nossa bipolaridade, nossa variação de pólos energéticos, pólos vibratórios. Você sai da sua
casa bem, acorda ótimo, toma o seu banho, coloca a sua roupa bacana, sua roupa preferida, pega
seu carro, sai na rua e o primeiro filho da mãe que te fecha você o amaldiçoa. Pronto, já mudou
completamente a sua vibração. Você estava vibrando o 88 e daqui a pouco você vai vibrar o 08.
“Qual a tendência do ser humano ? É equalizar o tempo todo na luz, o tempo todo nas trevas ?”
Não, o máximo possível no meio compreendendo a luz e compreendendo as trevas.
Os sentidos dos fatores são assim: quando nós falamos de uma erva que carrega um poder
paralisador, esse poder paralisador tanto pode ser paralisado na doença, um processo negativo
Vamos falar das formas de uso da erva, o bate folhas, o banho, a defumação que eu acabei
de falar, e tudo tem que ter um propósito, tudo é passível da determinação daquilo que eu quero da
erva. Assim como na cultura Ioruba, eu preciso saber o nome daquilo que eu estou controlando, que
eu estou chamando, o uso da erva em todas as religiões precisa de definição, determinação.
Eis o mistério: para quê serve um banho, uma defumação, o uso do elemento natural ?
Digitação : Danaíra S. M.
Aluna do Curso de Ervas na Umbanda