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æ resenha

Cidades para um pequeno planeta


Richard Rogers
Prof. Ms. Arq. Luiz Benedit o de Cast ro Telles

O present e t rabalho t raduz um a reflexão sobre os fundam ent os do


livro Cida de s pa r a u m Pe qu e n o Pla n e t a de Richard Rogers, com
o obj et ivo de ent endim ent o m ais profundo sobre a sust ent abilidade
das cidades de m odo geral, e em especial das m et rópoles, com o
cont ribuição aos est udos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa
Paradigm as para o Est udo das Cidades I béricas e Am ericanas no
Século XXI .

Palavras- chave: Cidades – Sust ent abilidade – Richard Rogers

The present work t ranslat es a reflect ion on t he beddings of t he


book Cit ie s for a Sm a ll Pla n e t by Richard Rogers, wit h t he
obj ect ive of deeper com prfehension on t he sust ainabilit y of t he
cit ies in general way, and in special of t he m et ropolises, as
cont ribut ion t o t he st udies developed by t he group of research
Paradigm s for t he St udy of t he I berian and Am erican Cit ies in t he
21 o Cent ury.

Word- key: Cit ies - Sust ainabilit y - Richard Rogers


Cidades para um pequeno planeta
Richard Rogers 1

Prof. Ms. Arq. Luiz Benedit o de cast ro Telles ∗

A obra Cida de s pa r a u m Pe qu e n o Pla n e t a de Richard Rogers,


com post a por cinco capít ulos – A Cult ura das Cidades, Cidades
Sust ent áveis, Arquit et ura Sust ent ável, Londres: a Cidade
Hum anist a e Cidades para um Pequeno Planet a – foi reorganizada
por assunt os relat ivos às cidades e suas evidências de
det erioração, espaços colet ivos, m onofuncionalidade e
m ult ifuncionalidade dos espaços urbanos e dos edifícios,
part icipação da sociedade nas t om adas de decisão sobre as
quest ões urbanas, e as cidades com pact as.

Para Rogers, o processo de expansão das cidades não t em


considerado a fragilidade do ecossist em a, evidenciando seu carát er
predom inant em ent e quant it at ivo, em det rim ent o do aspect o
qualidade. Aliás, ent re nós, a int erpret ação do crescim ent o das
cidades e da econom ia, m eram ent e quant it at ivo, est eve sem pre
ligado à im agem de “ m odernização” , negligenciando aspect os
relacionados à qualidade, especialm ent e à qualidade social. No
m undo, houve aum ent o global de riqueza, do grau de pobreza e
aum ent o da população pobre.

1
A elaboração dest a r esenha se serviu de CI D AD ES PARA UM PEQUEN O PLAN ETA Richard Rogers + Philip
Gum uchdj ian. Lisboa: GG, 2001 ( Copyright Richard Roger s 1997)

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As cidades, consideradas por Rogers com o “ habit at da
hum anidade” , const it uíram - se no grande agent e dest ruidor do
ecossist em a e de am eaça à sobrevivência da própria hum anidade.
Ele const at a que, at ualm ent e, as pessoas se lem bram das cidades
m uit o m ais com o cenário de aut om óveis e de edifícios do que por
suas ruas e praças – espaços colet ivos –, m uit o m ais pelo
isolam ent o social, poluição, m edo da violência, local de consum o e
pela busca insaciável de lucro do que pela com unidade,
part icipação, espírit o cooperat ivo, beleza e prazer. A dem ocracia se
faz represent ar equivocadam ent e por com unidades segregadas.

Ao m esm o t em po em que as cidades reúnem e pot encializam


energia física, int elect ual e criat iva, que abrigam grande
concent ração de fam ílias e que facilit am o t rabalho e o
desenvolvim ent o cult ural, são elas prej udiciais ao m eio am bient e
em det rim ent o de t odos.

Com relação à t ecnologia, Rogers é de opinião que o


desenvolvim ent o t ecnológico “ excessivo” não é o causador dos
problem as da cidade, m as sim sua “ excessiva” aplicação
equivocada. A sust ent abilidade das cidades deve ser um dos
principais obj et ivos do desenvolvim ent o t ecnológico. Faz- se
em inent e a rediscussão sobre a prem ência do ret orno financeiro
aos invest idores e do m au uso da t ecnologia.

A m ent e dos cidadãos e a t ecnologia sofist icada ( t ecnologia da inform ação)


est ão subst it uindo m at éria prim a e força m uscular. A rede de criat ividade est á
agora dirigindo a nova econom ia criat iva. As t rocas ent re art e e t ecnologia –
t roca de idéias em vez de t roca de produt os – est ão se t ornando a seiva vit al da
nova econom ia e de nossa prosperidade fut ura. Pág. 162.

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Rogers crit ica a invasão de grande part e dos espaços públicos –
especialm ent e ruas e praças – pelos veículos, causada pela
ineficácia dos sist em as de t ransport e colet ivo e pela deform ação
cult ural, segundo a qual o carro t orna- se elem ent o indispensável
ao cidadão, pois lhe possibilit a liberdade de locom oção e lhe
confere st at us.

O aut or t ece um panoram a sobre as cidades em basado por dados


est at íst icos que m ost ra a relevância dos problem as – crescim ent o e
em pobrecim ent o da população, habit ação indigna, poluição, fom e
et c. – enfrent ados, principalm ent e, pelas m et rópoles.

O fut uro da civilização será det erm inado pelas cidades e dent ro das cidades.
Hoj e, elas consom em t rês quart os de t oda a energia do m undo e causam pelo
m enos t rês quart os da poluição global” . Pág.27.

Rogers faz referência a São Paulo com o exem plo de cidade que
t em com o m ot ivação m aior a busca do lucro e que prej udica o
m eio am bient e. Crit ica o congest ionam ent o de t ráfego nas ruas, as
favelas – 32% da população são de favelados – e a falt a de
coerência urbana.

“ São Paulo, a t erceira m aior e m ais poluída do m undo, é um a m assa cont ínua de
edifícios pont uada em t odas as direções por arranha- céus. Suas ruas est ão
const ant em ent e congest ionadas e os níveis de poluição são dram át icos, além
disso, a cidade parece não t er cent ro, nenhum a diversidade e nenhum a
coerência urbana” . Pág. 59.

O livro sit ua a cidade do México e Bogot á com o m et rópoles em


sit uação ainda m ais difícil que a de São Paulo. Os sinais de

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det erioração nas grandes cidades são explicit ados pelo solo
prej udicado, pela baixa qualidade do ar, escassez de água –
redução das áreas perm eáveis em função da pavim ent ação,
m udança clim át ica reduzindo os índices pluviom ét ricos; o problem a
do lixo, perda cont ínua de coesão social. Out ros sinais apont ados
correspondem aos condom ínios fechados – que, para Rogers,
assem elham - se às ant igas m uralhas –, ao aut om óvel e à
fragm ent ação urbana causada pelas grandes avenidas e est radas,
à pobreza, desem prego, m á qualidade do ensino de m odo geral,
aos conflit os, à inj ust iça social, exclusão social e form ação de
guet os, espaços públicos desprezados, crescim ent o da população
urbana e os baixos padrões de m oradia. Tudo isso cont ribui para
acelerar o aum ent o da t axa de poluição e de erosão.

Los Angeles para os pobres e para os desem pregados, segundo


Rogers, resum e- se em um conj unt o de ruas replet as de
aut om óveis.

A expansão urbana para bairros dist ant es cont inua sendo


est im ulada pelo excesso de veículos – “ 500 m ilhões de carros em
t odo o m undo” – fat o que t am bém cont ribui para a dest ruição da
qualidade dos espaços públicos.

O livro evidencia o aspect o ant ieconôm ico represent ado pela


necessidade de expansão do sist em a de t ransport e público. Quant o
m aior for a cidade, m aior será o cust o de im plant ação dessa
expansão.

O dom ínio público das cidades, os espaços públicos ent re edifícios,


nas últ im as décadas, t êm sido negligenciados. O uso das ruas para

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“ brincadeiras e encont ros” é subst it uído por est acionam ent o e
congest ionam ent o de veículos, afet ando diret am ent e o nível de
int eração social da com unidade. Esse negligenciam ent o do espaço
público é confirm ado pelo fat o de que a m aior part e dos parques
públicos, praças e ruas sej am legado de séculos ant eriores. Os
edifícios são geralm ent e proj et ados com o elem ent os isolados sem
considerar o sít io, o ent orno.

“ Os edifícios am pliam a esfera pública de várias form as: eles conform am a


silhuet a da m assa edificada, m arcam a cidade, conduzem a exploração do olhar,
valorizam o cruzam ent o das ruas. O m enor det alhe t em efeit o crucial na
t ot alidade” . Pág. 71.

“ Est rut uras est éreis, com suas m odernas fachadas clássicas, neovernáculas,
com o se escolhidas a part ir de um cat álogo de fachadas, não t êm qualquer
ligação com a com unidade ou o lugar. Edifícios de t odos os t ipos são
em brulhados e padronizados” . Pág. 68.

Os espaços públicos são os principais elem ent os urbanos de leit ura


da cidade. Eles cont ribuem efet ivam ent e para a com preensão e
percepção do usuário ou t ranseunt e, com relação ao espaço
urbano. Rogers faz referência a espaços públicos europeus com o
exem plos nesse sent ido: Galeria Vict orio Em m anuelle de Milão, as
Ram blas de Barcelona, os parques de Londres, onde nos sent im os
com o part e da cidade. Podem os nos considerar part e de São Paulo?

Para Rogers, os espaços públicos com significado propiciam o


exercício do ent endim ent o com relação ao out ro, e, port ant o, o
exercício da t olerância. A liberdade do espaço público é t ão

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im port ant e quant o a liberdade de expressão. Am bas devem ser
veem ent em ent e defendidas.

Os espaços urbanos m onofuncionais e os m ult ifuncionais de Mihael


Walzer são abordados na obra de Rogers, que m ost ra a
im port ância dos espaços m ult ifuncionais nas propost as de
reconst it uição do t ecido urbano. São eles espaços que reúnem a
diversidade de at ividades e de pessoas da cidade. Espaços que
propiciam a convivência de part es dist int as da cidade. .... “ a praça
lot ada, a rua anim ada, o m ercado, o parque, o café, a calçada, t odos
represent am espaços m lt ifuncionais.....( para est es) est am os sem pre pront os a
olhar, encont rar e part icipar. Pág.9.

E com plem ent a que a m onofuncionalidade exclui os m enos


favorecidos – o m ercado da rua para t odos cede lugar aos shopping
cent ers para alguns.

Por ext ensão, os edifícios m ult ifuncionais com plem ent am , as


relações hum anas e a qualidade de vida. A quest ão da
com plexidade de seu gerenciam ent o e incorporação com parada à
da im plant ação de edifícios m onofuncionais deve ser ponderada
pela relação cust o- benefício, considerando priorit ariam ent e o
benefício social.

Rogers alia à m ent alidade que encara os edifícios com o m ercadoria


a escolha de arquit et os não pela qualidade de seu t rabalho e sim
pela conveniência de seus salários – o profissional é colocado em
sit uação de realizar o m aior proj et o ( volum e de t rabalho) pela
m enor rem uneração, no m enor prazo e ainda “ vest ir fachadas com
qualquer est ilo que sej a possível aparafusar... Est rut uras est éreis, com suas

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m odernas fachadas clássicas, neo- vernáculas, com o se escolhidas a part ir de um
cat álogo de fachadas, não t êm qualquer ligação com a com unidade ou o lugar. ”
Pág. 68.

A sociedade deve ser at ivam ent e part ícipe do processo de


const rução e m anut enção do desenvolvim ent o da cidade e, para
isso, os cidadãos precisam ser inform ados inclusive do papel a ser
desem penhado pelo arquit et o. O profissional t em com o
responsabilidade a definição e o exercício de sua dim ensão ét ica.

A part icipação pública no processo de planej am ent o urbano foi


incluída no processo eleit oral de San Francisco, Seat t le e Port land,
dem onst rando a vont ade de a população int erferir na conform ação
de sua cidade.

Devem os const ruir ce n t r os de a r qu it e t ur a para envolver e inform ar os


cidadãos, arquit et os, planej adores e incorporadores para que pensem e proj et em
um a cidade que sat isfaça as necessidades das fut uras gerações. Pag. 107.

Maquet es, palest ras, exposições e cursos sobre a cidade devem ser
cont inuam ent e exercit ados no sent ido de cont rolar, inclusive o
m ercado regido pelo lucro.

Rogers faz m enção à necessidade de um novo planej am ent o


urbano segundo o qual não sej am m ais criados guet os com erciais,
indust riais, educacionais, de com pras et c. A int eração espacial de
diferent es at ividades deve recom por a t ram a da cidade. O aut or
esclarece que na França, a profissão de arquit et o adquiriu respeit o
e adm iração m undiais, a part ir dos anos 1980, pelos novos edifícios
e parques públicos im plant ados na cidade, cuj os proj et os foram

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result ado de concursos int ernacionais e públicos, t ant o para novos
quant o para recuperação/ reciclagem de edifícios exist ent es.

A cooperação ent re set or público, iniciat iva privada, sociedade


part icipat iva e o conselho da cidade devem com por o grande
em penho em prol de um a cidade m elhor e sust ent ável. As cidades
precisam eleger seus represent ant es.

O processo de m udança com relação à consciência de


sust ent abilidade som ent e t erá início efet ivam ent e pela educação, “ a
com eçar pela educação das crianças, com ponent e im port ant e para alt erar est a
sit uação e essencial para se conseguir um novo sist em a de planej am ent o
part icipat ivo” . Pág. 107.

A cidade de Barcelona est abeleceu um plano diret or est rat égico


geral ( t ot al) criando 150 praças, um novo m obiliário urbano para
as ruas e propost a para a recuperação de área indust rial degradada
que separava a cidade do m ar. Para consolidar o plano, arquit et os
de vários países foram selecionados e convidados a part icipar.
Essas iniciat ivas t iveram com o origem o fat o de Barcelona t er sido
escolhida com o sede dos Jogos Olím picos de 1992.

A sociedade é elem ent o essencial na fiscalização e cont role


responsável da aplicação das polít icas am bient ais e urbanas.

“ Os cidadãos t êm o direit o de esperar que seus governos proporcionem edifícios


públicos da m elhor qualidade arquit et ônica possível, j á que est es são edifícios
cruciais na nossa vida cot idiana: arquit et ura é a expressão física do
desenvolvim ent o cult ural e das preocupações sociais de um a sociedade urbana” .
Pág. 161.

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Na int rodução do livro, Sir Crispin Thick afirm a que “ quem polui
deve pagar a cont a” . Essa post ura j á é seguida com relação à
região do Rio Paraíba do Sul quant o ao pagam ent o de t axas pela
responsabilidade pós- consum o por part e de fabricant es/ em presas.
Rogers propõe a reciclagem de m at eriais, redução do lixo e
preservação dos recursos não- renováveis. Toda cidade deve bem
adm inist rar a ut ilização desses t endo com o principal ferram ent a o
planej am ent o abrangent e – que inclui a sociologia –, o
ent endim ent o das relações ent re cidadãos, de aspect os
relacionados a polít icas de t ransport e, serviços e da relação
geração/ consum o de energia e seu im pact o no m eio am bient e.

A renovação urbana e a recuperação de áreas degradadas


consist em t am bém em result ado da aplicação dos conceit os de
sust ent abilidade. Muit as cidades passaram por processo de m au
uso, abandono e esvaziam ent o de áreas pela redução da função
indust rial – nos últ im os 20 anos –, áreas essas geralm ent e
localizadas ao longo das principais vias de t ransport e, ao longo de
rios e canais e j unt o ao m ar. O aut or considera que a habit ação é
elem ent o im port ant e na consolidação de áreas urbanas.

A int enção de conect ar espaços colet ivos exist ent es com significado
deve, t am bém , est ar present e nos novos proj et os de int ervenções
urbanas, no sent ido de hum anizar a cidade.

Para Rogers, a im plant ação de m elhorias no t ransport e público é


fundam ent al para cont ribuir com a sust ent abilidade da cidade. Para
ele, ent ret ant o, a im plant ação de polít icas rest rit ivas o uso de
aut om óveis part iculares, sem cont rapart ida de com pet ent e
t ransport e colet ivo, m ost ra- se ineficient e, pois aum ent a o cust o da
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m obilidade dos habit ant es. O aut or reafirm a que os
em preendim ent os que acarret am cust os sociais devem t er seus
lucros part ilhados com program as sociais e educacionais.

Richard Rogers defende o conceit o de “ cidade com pact a” que se


caract eriza por evit ar expansão sobre as áreas rurais e áreas de
preservação am bient al, por aum ent ar o desem penho da energia,
reduzir o nível de poluição e o consum o de recursos, além de
oferecer as “ vant agens de se m orar ao lado do out ro pela
redescobert a da proxim idade” , sem o risco à saúde, fat o t ípico
das cidades densas do século XI X.

A cidade com pact a é com pat ível com a m ult ifuncionalidade e com a
predom inância de t ransport e colet ivo eficient e. As ruas e dem ais
espaços colet ivos, nessa cidade, são de dom ínio da população; “ do
pedest re e da com unidade” .

Para o aut or, a cidade com pact a é sust ent ável e prom ove a
eqüidade, abrigando at ividades diversas e que, ao m esm o t em po,
se sobrepõem . É, port ant o, um a cidade “ livre que favorece os
cont at os pessoais em espaços colet ivos com significado; um a
cidade bela e conect ada com a art e, e ainda possível de ser
reconst ruída” .

Rogers é de opinião que a arquit et ura aliada ao urbanism o e ao


planej am ent o urbano podem evoluir no sent ido de requalificação
das cidades para que, no fut uro, seus am bient es sej am
sust ent áveis e civilizados.

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Apesar do processo de evolução ser lent o, o aum ent o do grau de
conscient ização sobre a sust ent abilidade, avanço da t ecnologia das
com unicações/ inform ação e da produção aut om at izada, segundo o
aut or, “ são as condições que cont ribuem para o desenvolvim ent o
de um a cult ura urbana pós- indust rial socialm ent e responsável e
am bient alm ent e conscient e” . Pág. 5. Est a, segundo ele, é a garant ia
de que de nossa sociedade sobreviva, pelo at endim ent o às
necessidades at uais sem o com prom et im ent o das gerações fut uras.

Rogers m ost ra a im port ância do pensam ent o criat ivo com o


em basam ent o de reflexões e inclui em seu t ext o o posicionam ent o
de David Put t nam a esse respeit o, segundo o qual a expansão da
im aginação criat iva ( poder int elect ual) – o m ais valioso dos
recursos hum anos – é capacit ada pelas novas t ecnologias. A
im aginação criat iva t em carát er social e respeit a o m eio am bient e,
sendo provenient e da “ m assa cinzent a” , riqueza nat ural disponível
e sust ent ável.

O poder int elect ual, no sent ido da evolução efet iva da sociedade,
deve m ais e m ais subst it uir as font es que ext raím os da t erra, para
que se possa obt er e conservar um padrão de vida digno –
“ decent e, civilizado e am plam ent e eqüit at ivo” .

O aut or enfat iza a im port ância do t em po disponível ext ra t rabalho,


para o desenvolvim ent o de at ividades criat ivas – enfoque
sem elhant e ao de Dom enico de Masi com relação ao ócio criat ivo –,
em cont raposição ao desem prego, à falt a de expect at iva de
evolução, às drogas e à indigência.

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At ualm ent e, há um a grande separação social, um cont ra- senso
com relação ao expressivo desenvolvim ent o das conexões
elet rônicas. A cult ura de preservação exacerbada da liberdade
individual/ privacidade cont ribui para o fort alecim ent o desse
isolam ent o social.

“ Para cont rabalançar est as forças, precisam os incent ivar e prem iar a
part icipação em t arefas que servem de base à sociedade” . Pág.150.

‘Cult ura é a alm a da sociedade e a qualidade que lut a cont ra a repressão. Ela
diferencia as pessoas nest es t em pos de globalização e m esm ice” . Pág.151.

Rogers salient a a prem ência de criação de locais de encont ro


form ais e inform ais, no sent ido de garant ir convívio social para as
pessoas ( população crescent e) que desenvolvem seus t rabalhos em
casa ou em out ros locais e que não m ais est ão ligadas aos espaços
das grandes organizações form ais, o que possibilit a m enor
deslocam ent o de pessoas pela cidade.

O aut or t am bém prevê que as cidades vão fazer part e de redes


m undiais de t roca de conhecim ent o, de t ecnologia de serviços e
recursos recicláveis, por m eio de polít icas globais que, ent ret ant o,
respeit em as cult uras locais.

Segundo Richard Rogers, a cidade sust ent ável t em várias facet as.
É j ust a, bela, criat iva pela visão abert a e expost a à
experim ent ação. É ecológica, de leit ura fácil, diversificada,
com pact a e policênt rica. Deve ela criar est rut ura flexível para um a
com unidade expressiva e fort e, em am bient e saudável.

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“ O conceit o de cidade sust ent ável reconhece que a cidade precisa at ender aos
nossos obj et ivos sociais, am bient ais, polít icos e cult urais, bem com o aos
obj et ivos econôm icos e físicos. É um organism o dinâm ico t ão com plexo quant o à
própria sociedade e suficient em ent e ágil para reagir rapidam ent e às suas
m udanças” . Pág. 167.

Cert am ent e Rogers em Cidades para um pequeno planet a,


cont ribui para que reflexões cont inuem sendo exercit adas, no
sent ido de m elhor com preender e prom over ações para um m elhor
“ habit at da hum anidade” .

Segue a bibliografia ut ilizada por Richard Rogers na elaboração de


Cida de s pa r a u m pe qu e n o pla n e t a .

2
Luiz Telles

2
Lu iz B. C. Te lle s – Arquit et o e Urbanist a ( FAUMack 1966) , Mest re em Arquit et ura e Urbanism o ( FAUMack 2002) ,
professor de proj et o e de m et odologia da Faculdade de Arquit et ura e Urbanism o Mackenzie ( 2002,_) , t it ular do
escr it ór io LT Arquit et ura e m em bro do grupo de pesquisa “ Paradigm as para o est udo das cidades ibéricas e
am er icanas no século XXI ” . aedificandi@aedificandi.com .br
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