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Mariza de Almeida
Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada – Esalq/USP
E-mail: mariza.de.almeida@hotmail.com
Elena Castellani
MBA em Data Science e Analytics – Esalq/USP
E-mail: elenacastellani.castellani@gmail.com
Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo realizar o levantamento das estradas vicinais de Mato Grosso e classificar os
municípios mato-grossenses quanto às prioridades de investimento na recuperação e ampliação das estradas
vicinais. Para tanto, é construído o Índice de Vulnerabilidade de Transporte (IVT), em se utiliza dados secundários
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) e informações de quilometragem das estradas vicinais. Os resultados apontaram, que o período de
colheita de grão do Mato Grosso corresponde ao período de chuvas, indicando que a colheita e o respectivo
escoamento ocorrem no momento mais crítico, em que se evidencia o maior volume de chuvas. Com relação ao
IVT, a média para o Mato Grosso foi de 0,484. Os municípios com os menores índices estão concentrados nas
regiões Centro-Norte, Noroeste e Oeste do Mato Grosso, regiões que se destacam na produção de grãos. Por sua
vez, osmunicípios com maiores IVT estão localizados a leste e Sul do Mato Grosso. Destaca-se que a ampliação
da malha viária e, sobretudo, a pavimentação das rodovias já existentes são iminentes, visto que as estradas não
pavimentadas representam cerca de 77,8% do total da malha viária do Estado do Mato Grosso, maior produtor de
grãos do país.
Palavras Chaves: Estradas Vicinais, Transporte, Produção Agrícola.
Abstract
The present research goals to carry out a survey of the rural roads of Mato Grosso and classify the municipalities
of Mato Grosso in terms of investment priorities in the recovery and expansion of secondary roads. For that, the
Transport Vulnerability Index (IVT) is constructed, using secondary data released by the Brazilian Institute of
Geography and Statistics (IBGE), National Institute of Meteorology (INMET) and mileage information on rural
roads. The results showed that the grain harvest period in Mato Grosso corresponds to the rainy season, indicating
that the harvest and the respective flow occur at the most critical moment, when the highest volume of rain is
evident. With respect to the IVT, the average for Mato Grosso was 0,484. The municipalities with the lowest rates
1. Introdução
Os problemas mais comuns nas estradas não pavimentadas, foram mencionados por
vários estudiosos do tema. Por exemplo, Santos et al (1988) citam como causas a ausência de
sistema de drenagem eficiente, falta de capacidade de suporte do subleito e o mau desempenho
da superfície de rolamento. Dos Santos (2011) adiciona outros fatores que contribuem para a
deterioração dessas vias: i) sazonalidade das vias, que em épocas de alta pluviosidade podem
ficar intransitáveis; ii) utilização das vias com o trânsito de veículos automotores com cargas
acima da permitida; e, iii) erros na elaboração do traçado, como a não observação de questões
Oda (1995) refere-se a defeitos extrínsecos à via, como tráfego, chuva e atividades de
manutenção inadequadas e outros intrínsecos, como geometria imprópria (projeto em planta,
em perfil longitudinal e seção transversal), drenagem ineficiente, tipos de solos e outros. Há de
se adicionar, ainda, como principais agentes que influenciam nas condições das estradas
vicinais o relevo, o clima e o tipo de solo.
3. Metodologia
Em que:
𝑆𝑈𝐵1 = subíndice padronizado da proporção da extensão de estradas vicinais sobre a extensão
total de rodovias;
𝑆𝑈𝐵2= subíndice padronizado da razão entre a extensão total de rodovias sobre a área total do
município; e,
𝑆𝑈𝐵3 = subíndice padronizado da média anual de precipitação pluvial (em milímetros).
Em que:
𝑀𝑖𝑛í𝑚𝑜 (𝑋) = valor mínimo encontrado da proporção nos municípios estudados;
𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 (𝑋) = valor máximo encontrado da proporção nos municípios estudados.
𝑋𝑖 = valor da proporção obtida da extensão de estradas vicinais sobre a extensão total de
rodovias no município “i” analisada, sendo:
Onde:
𝑀í𝑛𝑖𝑚𝑜 (𝑍) = valor mínimo encontrado da proporção nos municípios estudados;
𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 (𝑍) = valor máximo encontrado da proporção nos municípios estudados.
𝑍𝑖− = valor da proporção obtida de extensão total de rodovias sobre a área do município “i”
analisado, sendo:
Tal que:
𝐷𝐸𝑁𝑈𝐹 F - densidade de estradas vicinais no estado estudado.
Á𝑅𝐸𝐴𝑀𝐼𝐶𝑅𝑂 - área do município estudado (em km2).
𝐾𝑀𝑉𝐼𝐶𝐼𝑁𝐴𝐼𝑆 - extensão de estradas vicinais no município estudado (em km)
Para os municípios cujos resultados de densidade foram maiores ou iguais aos dos seus
estados, não necessitariam, em um cenário de restrição de recursos, de ampliação da malha:
𝐷𝐸𝑁𝑈𝐹 = 𝐷𝐸𝑁𝑀𝐼𝐶𝑅𝑂
Assim:
A necessidade de recuperação das estradas vicinais nos municípios é estimada pela sua
extensão de estradas vicinais existentes, visto que esse tipo de rodovia necessita de manutenção
constante.
4. Resultados
O estado do Mato Grosso possui 908.806 km2 de área total ou 10,61% do território
brasileiro. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2022), divulgou
que o Mato Grosso concentra os 35 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro. As
informações foram extraídas da análise dos dados de Produção Agrícola Municipal (PAM) e
do Produto Interno dos Municípios, ambos disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Dentre os municípios, ganha destaque Sorriso, onde a
agropecuária representa 26,65% do Produto Interno Bruto (PIB). A Figura 2 ilustra a
distribuição da produção de grãos (soja, milho, arroz e algodão) em toneladas no estado do MT
referentes ao ano de 2020.
Figura 3 – Produção de soja, milho, arroz e algodão por municípios no Mato Grosso, em 2020
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de IBGE (2020).
A soja, com cada vez mais detentora de recordes de produção maiores, inicia a colheita
em meados de janeiro. No mês seguinte, além de observada a concentração do serviço de
colheita, o período é marcado por chuvas intensas. É comum que o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) anuncie precipitações acima da média. O clima, no Mato Grosso é
tropical, caracterizado por estações bem marcadas, com duração de até seis meses, sendo
invernos secos, entre maio e setembro; e, verões chuvosos, nos períodos de novembro a abril
(ZAVANTTI, 2009; MARCUZZO; OLIVEIRA; CARDOSO, 2012). As precipitações, em
média são superiores a 750 milímetros ao ano, atingindo até 1.800 milímetros (EMBRAPA,
2022).
A vasta extensão territorial e diferenças de altitudes refletem em clima heterogêneo.
Corroboram com essa afirmação, Pereira, dos Santos e Neves (2020) quando mencionam em
seu estudo direcionado para dimensionar a variabilidade pluviométrica do Mato Grosso, que a
espacialidade se faz relevante na compreensão da distribuição de chuvas no estado. Os autores
verificaram a série histórica de chuvas, obtidos no site do Hidroweb da Agência Nacional de
Águas (ANA), de 1998 a 2017, em 16 pontos pluviométricos com o menor percentual de falhas
em relação a série histórica. Reporte-se como empecilhos para melhores resultados, a rarefeita
distribuição espacial de postos pluviométricos, bem como a qualidade das informações em
séries históricas são algumas das dificuldades. Mesmo diante desses problemas os autores,
conseguiram apresentar a frequência de chuvas em percentual, como demonstrado na Tabela 1,
que permite nessa pesquisa assumir algumas hipóteses.
1 CANARANA
2 CUIABÁ
1 3 DIAMANTINO
3
5 4 MATUPA
2 5 NOVA XAVANTINA
7
6 6 ST. ANT. LAVENGER
7 POROXÉU
100
80
60
40
20
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Figura 7 - Estações e médias pluviométricas do Mato Grosso, no período de 1991-2020
Fonte: INMET (2021).
< 1,0
< 0,8
< 0,6
< 0,4
< 0,2
Figura 9 – Índice de Vulnerabilidade de Transporte (IVT) nos municípios do Mato Grosso
Fonte: Resultados da pesquisa.
O IVT é menor que 0,6 em 76.5% dos municípios do Mato Grosso, ou seja, 88.098
quilômetros de estradas vicinais. Dentre os municípios mais críticos, com IVT > 3, têm-se
Reserva do Cabaçal, Jauru, Figueirópolis D’Oeste, São José dos Quatro Marcos, Porto
5. Conclusões finais
7. Referências Bibliográficas