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Legislação

SUMÁRIO

Legislação da Saúde: Constituição Federal de 1988 (Título VIII - Capítulo II - Seção


II). ........................................................................................................................... 1
Lei Federal nº 8.142/90 e suas alterações. ......................................................... 4
Lei Federal nº 8.080/90 e suas alterações. ......................................................... 6
Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde - NOB-SUS/1996. .. 25
Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS - SUS/2001. ................. 52
Lei Federal nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e suas
alterações............. .................................................................................................. 53
Lei Federal nº 10.741/2003 (Estatuto da Pessoa Idosa) e suas alterações. .... 120
Lei Federal nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista) e suas alterações. .................................... 141
Lei Federal nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) e suas
alterações.............. ............................................................................................... 145

Apostilas Domínio
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único, organizado de acordo com as


Legislação da Saúde: Constituição seguintes diretrizes:
Federal de 1988 (Título VIII - Capítulo II I - descentralização, com direção única
- Seção II). em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com
prioridade para as atividades preventivas,
Nobre candidato(a), aqui traremos sem prejuízo dos serviços assistenciais;
apenas os artigos que foram exigidos pelo III - participação da comunidade.
edital. § 1º O sistema único de saúde será
financiado, nos termos do art. 195, com
ORDEM SOCIAL recursos do orçamento da seguridade
social, da União, dos Estados, do Distrito
A Constituição Federal prima pela Federal e dos Municípios, além de outras
convivência harmoniosa entre os fontes.
indivíduos que fazem parte da sociedade, § 2º A União, os Estados, o Distrito
tentando integrá-los à comunidade. Federal e os Municípios aplicarão,
anualmente, em ações e serviços públicos
Saúde (artigos 196 – 200, CF) de saúde recursos mínimos derivados da
aplicação de percentuais calculados sobre:
Em âmbito de competência, sabemos I - no caso da União, a receita corrente
que a saúde é de competência comum entre líquida do respectivo exercício financeiro,
União, Estados, Distrito Federal e
não podendo ser inferior a 15% (quinze por
Municípios. cento);
Como direito de todos e dever do Estado, II – no caso dos Estados e do Distrito
as políticas sociais e econômicas Federal, o produto da arrecadação dos
implementadas visam à redução do risco de impostos a que se refere o art. 155 e dos
doenças e outros agravos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as
DA SAÚDE parcelas que forem transferidas aos
respectivos Municípios;
Art. 196. A saúde é direito de todos e III – no caso dos Municípios e do
dever do Estado, garantido mediante Distrito Federal, o produto da arrecadação
políticas sociais e econômicas que visem à dos impostos a que se refere o art. 156 e dos
redução do risco de doença e de outros recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
agravos e ao acesso universal e igualitário inciso I, alínea b e § 3º.
às ações e serviços para sua promoção, § 3º Lei complementar, que será
proteção e recuperação. reavaliada pelo menos a cada cinco anos,
estabelecerá: Regulamento
Art. 197. São de relevância pública as I - os percentuais de que tratam os
ações e serviços de saúde, cabendo ao incisos II e III do § 2º;
Poder Público dispor, nos termos da lei, II – os critérios de rateio dos recursos
sobre sua regulamentação, fiscalização e da União vinculados à saúde destinados
controle, devendo sua execução ser feita aos Estados, ao Distrito Federal e aos
diretamente ou através de terceiros e, Municípios, e dos Estados destinados a
também, por pessoa física ou jurídica de seus respectivos Municípios, objetivando a
direito privado. progressiva redução das disparidades
regionais;
Art. 198. As ações e serviços públicos de III – as normas de fiscalização,
saúde integram uma rede regionalizada e avaliação e controle das despesas com
hierarquizada e constituem um sistema

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saúde nas esferas federal, estadual, combate às endemias não será inferior a 2
distrital e municipal; (dois) salários mínimos, repassados pela
IV - (revogado). União aos Municípios, aos Estados e ao
§ 4º Os gestores locais do sistema único Distrito Federal. (Incluído pela Emenda
de saúde poderão admitir agentes Constitucional nº 120, de 2022)
comunitários de saúde e agentes de § 10. Os agentes comunitários de saúde
combate às endemias por meio de processo e os agentes de combate às endemias terão
seletivo público, de acordo com a natureza também, em razão dos riscos inerentes às
e complexidade de suas atribuições e funções desempenhadas, aposentadoria
requisitos específicos para sua atuação. especial e, somado aos seus vencimentos,
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime adicional de insalubridade. (Incluído
jurídico, o piso salarial profissional pela Emenda Constitucional nº 120, de
nacional, as diretrizes para os Planos de 2022)
Carreira e a regulamentação das § 11. Os recursos financeiros
atividades de agente comunitário de saúde repassados pela União aos Estados, ao
e agente de combate às endemias, Distrito Federal e aos Municípios para
competindo à União, nos termos da lei, pagamento do vencimento ou de qualquer
prestar assistência financeira outra vantagem dos agentes comunitários
complementar aos Estados, ao Distrito de saúde e dos agentes de combate às
Federal e aos Municípios, para o endemias não serão objeto de inclusão no
cumprimento do referido piso salarial. cálculo para fins do limite de despesa com
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º pessoal. (Incluído pela Emenda
do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constitucional nº 120, de 2022)
Constituição Federal, o servidor que § 12. Lei federal instituirá pisos
exerça funções equivalentes às de agente salariais profissionais nacionais para o
comunitário de saúde ou de agente de enfermeiro, o técnico de enfermagem, o
combate às endemias poderá perder o auxiliar de enfermagem e a parteira, a
cargo em caso de descumprimento dos serem observados por pessoas jurídicas de
requisitos específicos, fixados em lei, para direito público e de direito
o seu exercício. privado. (Incluído pela Emenda
§ 7º O vencimento dos agentes Constitucional nº 124, de 2022)
comunitários de saúde e dos agentes de § 13. A União, os Estados, o Distrito
combate às endemias fica sob Federal e os Municípios, até o final do
responsabilidade da União, e cabe aos exercício financeiro em que for publicada a
Estados, ao Distrito Federal e aos lei de que trata o § 12 deste artigo,
Municípios estabelecer, além de outros adequarão a remuneração dos cargos ou
consectários e vantagens, incentivos, dos respectivos planos de carreiras,
auxílios, gratificações e indenizações, a fim quando houver, de modo a atender aos
de valorizar o trabalho desses pisos estabelecidos para cada categoria
profissionais. (Incluído pela Emenda profissional. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 120, de 2022) Constitucional nº 124, de 2022)
§ 8º Os recursos destinados ao § 14. Compete à União, nos termos da
pagamento do vencimento dos agentes lei, prestar assistência financeira
comunitários de saúde e dos agentes de complementar aos Estados, ao Distrito
combate às endemias serão consignados no Federal e aos Municípios e às entidades
orçamento geral da União com dotação filantrópicas, bem como aos prestadores de
própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda serviços contratualizados que atendam, no
Constitucional nº 120, de 2022)
mínimo, 60% (sessenta por cento) de seus
§ 9º O vencimento dos agentes
pacientes pelo sistema único de saúde, para
comunitários de saúde e dos agentes de

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o cumprimento dos pisos salariais de que imunobiológicos, hemoderivados e outros


trata o § 12 deste artigo. (Incluído pela insumos;
Emenda Constitucional nº 127, de 2022) II - executar as ações de vigilância
§ 15. Os recursos federais destinados sanitária e epidemiológica, bem como as de
aos pagamentos da assistência financeira saúde do trabalhador;
complementar aos Estados, ao Distrito III - ordenar a formação de recursos
humanos na área de saúde;
Federal e aos Municípios e às entidades
IV - participar da formulação da política
filantrópicas, bem como aos prestadores de
e da execução das ações de saneamento
serviços contratualizados que atendam, no básico;
mínimo, 60% (sessenta por cento) de seus V - incrementar, em sua área de
pacientes pelo sistema único de saúde, para atuação, o desenvolvimento científico e
o cumprimento dos pisos salariais de que tecnológico e a inovação;
trata o § 12 deste artigo serão consignados VI - fiscalizar e inspecionar alimentos,
no orçamento geral da União com dotação compreendido o controle de seu teor
própria e exclusiva. (Incluído pela nutricional, bem como bebidas e águas
Emenda Constitucional nº 127, de 2022) para consumo humano;
VII - participar do controle e
Art. 199. A assistência à saúde é livre à fiscalização da produção, transporte,
iniciativa privada. guarda e utilização de substâncias e
§ 1º As instituições privadas poderão produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
participar de forma complementar do VIII - colaborar na proteção do meio
sistema único de saúde, segundo diretrizes ambiente, nele compreendido o do
deste, mediante contrato de direito público trabalho.
ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins Questões
lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos 01. (Prefeitura de Porto Alegre/RS -
públicos para auxílios ou subvenções às Técnico em Enfermagem -
instituições privadas com fins lucrativos. FUNDATEC/2022) De acordo com a
§ 3º - É vedada a participação direta ou Constituição Federal, Art. 200, ao Sistema
indireta de empresas ou capitais Único de Saúde compete, além de outras
estrangeiros na assistência à saúde no atribuições, nos termos da lei, EXCETO:
País, salvo nos casos previstos em lei. A - Ordenar a formação de recursos
§ 4º A lei disporá sobre as condições e humanos na área de saúde.
os requisitos que facilitem a remoção de B - Incrementar em sua área de atuação
órgãos, tecidos e substâncias humanas o desenvolvimento científico e tecnológico.
para fins de transplante, pesquisa e C - Participar do controle e fiscalização
tratamento, bem como a coleta, da produção, transporte, guarda e utilização
processamento e transfusão de sangue e de substâncias e produtos psicoativos,
seus derivados, sendo vedado todo tipo de tóxicos e radioativos.
comercialização. D - Controlar e fiscalizar procedimentos,
produtos e substâncias de interesse para a
Art. 200. Ao sistema único de saúde saúde e participar da produção de
compete, além de outras atribuições, nos medicamentos, equipamentos,
termos da lei: imunobiológicos, hemoderivados e outros
I - controlar e fiscalizar procedimentos, insumos.
produtos e substâncias de interesse para a E - Fiscalizar as ações de vigilância
saúde e participar da produção de sanitária e epidemiológica, bem como as de
medicamentos, equipamentos, saúde do trabalhador.

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02. (Prefeitura de Varginha/MG - Art. 1° O Sistema Único de Saúde


Procurador Municipal - (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19
OBJETIVA/2022) De acordo com a de setembro de 1990, contará, em cada
Constituição Federal, ao Sistema Único de esfera de governo, sem prejuízo das
Saúde compete, além de outras atribuições, funções do Poder Legislativo, com as
nos termos da lei: seguintes instâncias colegiadas:
I. Participar do controle e da fiscalização I - a Conferência de Saúde; e
de produção, transporte, guarda e utilização II - o Conselho de Saúde.
de substâncias e produtos psicoativos, § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á
tóxicos e radioativos. a cada quatro anos com a representação
II. Executar as ações de vigilância dos vários segmentos sociais, para avaliar
sanitária e epidemiológica, exceto as de a situação de saúde e propor as diretrizes
saúde do trabalhador. para a formulação da política de saúde nos
III. Controlar e fiscalizar procedimentos, níveis correspondentes, convocada pelo
produtos e substâncias de interesse para a Poder Executivo ou, extraordinariamente,
saúde e participar da produção de por esta ou pelo Conselho de Saúde.
medicamentos, equipamentos, § 2° O Conselho de Saúde, em caráter
imunobiológicos, hemoderivados e outros permanente e deliberativo, órgão
insumos. colegiado composto por representantes do
governo, prestadores de serviço,
Está(ão) CORRETO(S): profissionais de saúde e usuários, atua na
A - Somente o item I. formulação de estratégias e no controle da
B - Somente o item II. execução da política de saúde na instância
C - Somente os itens I e III. correspondente, inclusive nos aspectos
D - Todos os itens. econômicos e financeiros, cujas decisões
serão homologadas pelo chefe do poder
Alternativas legalmente constituído em cada esfera do
01.E – 02.C governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários
de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional
Lei Federal nº 8.142/90 e suas alterações. de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems) terão representação no
Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos
Lei nº 8.142, de 28 de Dezembro de
Conselhos de Saúde e Conferências será
19901.
paritária em relação ao conjunto dos
demais segmentos.
Dispõe sobre a participação da
§ 5° As Conferências de Saúde e os
comunidade na gestão do Sistema Único
Conselhos de Saúde terão sua organização
de Saúde (SUS) e sobre as transferências
e normas de funcionamento definidas em
intergovernamentais de recursos
regimento próprio, aprovadas pelo
financeiros na área da saúde e dá outras
respectivo conselho.
providências.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
de Saúde (FNS) serão alocados como:
faço saber que o Congresso Nacional
I - despesas de custeio e de capital do
decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Ministério da Saúde, seus órgãos e
entidades, da administração direta e

1 11.07.2023.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm, visitado em

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indireta; controle de que trata o § 4° do art. 33 da


II - investimentos previstos em lei Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
orçamentária, de iniciativa do Poder V - contrapartida de recursos para a
Legislativo e aprovados pelo Congresso saúde no respectivo orçamento;
Nacional; VI - Comissão de elaboração do Plano de
III - investimentos previstos no Plano Carreira, Cargos e Salários (PCCS),
Qüinqüenal do Ministério da Saúde; previsto o prazo de dois anos para sua
IV - cobertura das ações e serviços de implantação.
saúde a serem implementados pelos Parágrafo único. O não atendimento
Municípios, Estados e Distrito Federal. pelos Municípios, ou pelos Estados, ou
Parágrafo único. Os recursos referidos pelo Distrito Federal, dos requisitos
no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a estabelecidos neste artigo, implicará em
investimentos na rede de serviços, à que os recursos concernentes sejam
cobertura assistencial ambulatorial e administrados, respectivamente, pelos
hospitalar e às demais ações de saúde. Estados ou pela União.

Art. 3° Os recursos referidos no inciso Art. 5° É o Ministério da Saúde,


IV do art. 2° desta lei serão repassados de mediante portaria do Ministro de Estado,
forma regular e automática para os autorizado a estabelecer condições para
Municípios, Estados e Distrito Federal, de aplicação desta lei.
acordo com os critérios previstos no art. 35
da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de
1990. sua publicação.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a
aplicação dos critérios previstos no art. 35 Art. 7° Revogam-se as disposições em
da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de contrário.
1990, será utilizado, para o repasse de
recursos, exclusivamente o critério Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169°
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. da Independência e 102° da República.
(Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo FERNANDO COLLOR
serão destinados, pelo menos setenta por Alceni Guerra
cento, aos Municípios, afetando-se o
restante aos Estados. Questões
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer
consórcio para execução de ações e 01. (Prefeitura de Goiânia/GO –
serviços de saúde, remanejando, entre si, Agente Comunitário de Saúde – CS-
parcelas de recursos previstos no inciso IV UFG/2022) De acordo com a Lei n.
do art. 2° desta lei. 8.142/90, os Conselhos de Saúde presentes
em todas as instâncias do governo devem
Art. 4° Para receberem os recursos, de participar da gestão do SUS. Trata-se de
que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, um órgão colegiado, de caráter
os Estados e o Distrito Federal deverão permanente e deliberativo, composto por
contar com: representantes do
I - Fundo de Saúde; A - município, unidades de atendimento,
II - Conselho de Saúde, com composição serviços suplementares do SUS e
paritária de acordo com o Decreto n° população.
99.438, de 7 de agosto de 1990; B - governo, profissionais de saúde,
III - plano de saúde; unidades de atendimento e serviços
IV - relatórios de gestão que permitam o suplementares.

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C - município, prestadores de serviço, Art. 1º Esta lei regula, em todo o


serviços suplementares e usuários. território nacional, as ações e serviços de
D - governo, prestadores de serviço, saúde, executados isolada ou
profissionais de saúde e usuários. conjuntamente, em caráter permanente ou
eventual, por pessoas naturais ou jurídicas
02. (Prefeitura de Oeiras/PI – Agente de direito Público ou privado.
Municipal de Saúde/Combate às
Endemias – COPESE - UFPI/2022) TÍTULO I
Segundo a Lei nº 8.142, de 1990, para DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
receberem os recursos, os Municípios, os
Estados e o Distrito Federal deverão contar Art. 2º A saúde é um direito
com algumas obrigações e instrumentos fundamental do ser humano, devendo o
essenciais de planejamento. Dentre estes Estado prover as condições indispensáveis
requisitos, a opção que se refere ao ao seu pleno exercício.
instrumento que norteia a elaboração do § 1º O dever do Estado de garantir a
planejamento das ações e do orçamento do saúde consiste na formulação e execução
governo no tocante à saúde é: de políticas econômicas e sociais que
A - Fundo de Saúde. visem à redução de riscos de doenças e de
B - Conselho de Saúde. outros agravos e no estabelecimento de
C - Plano de saúde. condições que assegurem acesso universal
D - Contrapartida de recursos para a e igualitário às ações e aos serviços para a
saúde no respectivo orçamento. sua promoção, proteção e recuperação.
E - Comissão de elaboração do Plano de § 2º O dever do Estado não exclui o das
Carreira, Cargos e Salários (PCCS). pessoas, da família, das empresas e da
sociedade.
Alternativas
01.D – 02.C Art. 3° Os níveis de saúde expressam a
organização social e econômica do País,
tendo a saúde como determinantes e
Lei Federal nº 8.080/90 e suas alterações. condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento
básico, o meio ambiente, o trabalho, a
LEI Nº 8.080, DE 19 DE renda, a educação, a atividade física, o
SETEMBRO DE 19902. transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais. (Redação dada
Dispõe sobre as condições para a pela Lei nº 12.864, de 2013)
promoção, proteção e recuperação da Parágrafo único. Dizem respeito
saúde, a organização e o funcionamento também à saúde as ações que, por força do
dos serviços correspondentes e dá outras disposto no artigo anterior, se destinam a
providências. garantir às pessoas e à coletividade
condições de bem-estar físico, mental e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, social.
faço saber que o Congresso Nacional TÍTULO II
decreta e eu sanciono a seguinte lei: DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 4º O conjunto de ações e serviços
de saúde, prestados por órgãos e

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm, visitado em 11.07.2023.

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instituições públicas federais, estaduais e V - a colaboração na proteção do meio


municipais, da Administração direta e ambiente, nele compreendido o do
indireta e das fundações mantidas pelo trabalho;
Poder Público, constitui o Sistema Único VI - a formulação da política de
de Saúde (SUS). medicamentos, equipamentos,
§ 1º Estão incluídas no disposto neste imunobiológicos e outros insumos de
artigo as instituições públicas federais, interesse para a saúde e a participação na
estaduais e municipais de controle de sua produção;
qualidade, pesquisa e produção de VII - o controle e a fiscalização de
insumos, medicamentos, inclusive de serviços, produtos e substâncias de
sangue e hemoderivados, e de interesse para a saúde;
equipamentos para saúde. VIII - a fiscalização e a inspeção de
§ 2º A iniciativa privada poderá alimentos, água e bebidas para consumo
participar do Sistema Único de Saúde humano;
(SUS), em caráter complementar. IX - a participação no controle e na
fiscalização da produção, transporte,
CAPÍTULO I guarda e utilização de substâncias e
Dos Objetivos e Atribuições produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;
Art. 5º São objetivos do Sistema Único X - o incremento, em sua área de
de Saúde SUS: atuação, do desenvolvimento científico e
I - a identificação e divulgação dos tecnológico;
fatores condicionantes e determinantes da XI - a formulação e execução da
saúde; política de sangue e seus derivados.
II - a formulação de política de saúde § 1º Entende-se por vigilância sanitária
destinada a promover, nos campos um conjunto de ações capaz de eliminar,
econômico e social, a observância do diminuir ou prevenir riscos à saúde e de
disposto no § 1º do art. 2º desta lei; intervir nos problemas sanitários
III - a assistência às pessoas por decorrentes do meio ambiente, da
intermédio de ações de promoção, produção e circulação de bens e da
proteção e recuperação da saúde, com a prestação de serviços de interesse da
realização integrada das ações saúde, abrangendo:
assistenciais e das atividades preventivas. I - o controle de bens de consumo que,
direta ou indiretamente, se relacionem
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo com a saúde, compreendidas todas as
de atuação do Sistema Único de Saúde etapas e processos, da produção ao
(SUS): consumo; e
I - a execução de ações: II - o controle da prestação de serviços
a) de vigilância sanitária; que se relacionam direta ou indiretamente
b) de vigilância epidemiológica; com a saúde.
c) de saúde do trabalhador; e § 2º Entende-se por vigilância
d) de assistência terapêutica integral, epidemiológica um conjunto de ações que
inclusive farmacêutica; proporcionam o conhecimento, a detecção
II - a participação na formulação da ou prevenção de qualquer mudança nos
política e na execução de ações de fatores determinantes e condicionantes de
saneamento básico; saúde individual ou coletiva, com a
III - a ordenação da formação de finalidade de recomendar e adotar as
recursos humanos na área de saúde; medidas de prevenção e controle das
IV - a vigilância nutricional e a doenças ou agravos.
orientação alimentar; § 3º Entende-se por saúde do

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trabalhador, para fins desta lei, um trabalho, quando houver exposição a risco
conjunto de atividades que se destina, iminente para a vida ou saúde dos
através das ações de vigilância trabalhadores.
epidemiológica e vigilância sanitária, à
promoção e proteção da saúde dos CAPÍTULO II
trabalhadores, assim como visa à Dos Princípios e Diretrizes
recuperação e reabilitação da saúde dos
trabalhadores submetidos aos riscos e Art. 7º As ações e serviços públicos de
agravos advindos das condições de saúde e os serviços privados contratados
trabalho, abrangendo: ou conveniados que integram o Sistema
I - assistência ao trabalhador vítima de Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos
acidentes de trabalho ou portador de de acordo com as diretrizes previstas no
doença profissional e do trabalho; art. 198 da Constituição Federal,
II - participação, no âmbito de obedecendo ainda aos seguintes
competência do Sistema Único de Saúde princípios:
(SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e I - universalidade de acesso aos
controle dos riscos e agravos potenciais à serviços de saúde em todos os níveis de
saúde existentes no processo de trabalho; assistência;
III - participação, no âmbito de II - integralidade de assistência,
competência do Sistema Único de Saúde entendida como conjunto articulado e
(SUS), da normatização, fiscalização e contínuo das ações e serviços preventivos
controle das condições de produção, e curativos, individuais e coletivos,
extração, armazenamento, transporte, exigidos para cada caso em todos os níveis
distribuição e manuseio de substâncias, de de complexidade do sistema;
produtos, de máquinas e de equipamentos III - preservação da autonomia das
que apresentam riscos à saúde do pessoas na defesa de sua integridade física
trabalhador; e moral;
IV - avaliação do impacto que as IV - igualdade da assistência à saúde,
tecnologias provocam à saúde; sem preconceitos ou privilégios de
V - informação ao trabalhador e à sua qualquer espécie;
respectiva entidade sindical e às empresas V - direito à informação, às pessoas
sobre os riscos de acidentes de trabalho, assistidas, sobre sua saúde;
doença profissional e do trabalho, bem VI - divulgação de informações quanto
como os resultados de fiscalizações, ao potencial dos serviços de saúde e a sua
avaliações ambientais e exames de saúde, utilização pelo usuário;
de admissão, periódicos e de demissão, VII - utilização da epidemiologia para o
respeitados os preceitos da ética estabelecimento de prioridades, a alocação
profissional; de recursos e a orientação programática;
VI - participação na normatização, VIII - participação da comunidade;
fiscalização e controle dos serviços de IX - descentralização político-
saúde do trabalhador nas instituições e administrativa, com direção única em cada
empresas públicas e privadas; esfera de governo:
VII - revisão periódica da listagem a) ênfase na descentralização dos
oficial de doenças originadas no processo serviços para os municípios;
de trabalho, tendo na sua elaboração a b) regionalização e hierarquização da
colaboração das entidades sindicais; e rede de serviços de saúde;
VIII - a garantia ao sindicato dos X - integração em nível executivo das
trabalhadores de requerer ao órgão ações de saúde, meio ambiente e
competente a interdição de máquina, de saneamento básico;
setor de serviço ou de todo ambiente de XI - conjugação dos recursos

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financeiros, tecnológicos, materiais e conjunto as ações e os serviços de saúde


humanos da União, dos Estados, do que lhes correspondam.
Distrito Federal e dos Municípios na § 1º Aplica-se aos consórcios
prestação de serviços de assistência à administrativos intermunicipais o
saúde da população; princípio da direção única, e os respectivos
XII - capacidade de resolução dos atos constitutivos disporão sobre sua
serviços em todos os níveis de assistência; observância.
e § 2º No nível municipal, o Sistema
XIII - organização dos serviços Único de Saúde (SUS), poderá organizar-
públicos de modo a evitar duplicidade de se em distritos de forma a integrar e
meios para fins idênticos. articular recursos, técnicas e práticas
XIV – organização de atendimento voltadas para a cobertura total das ações de
público específico e especializado para saúde.
mulheres e vítimas de violência doméstica
em geral, que garanta, entre outros, Art. 11. (Vetado).
atendimento, acompanhamento
psicológico e cirurgias plásticas Art. 12. Serão criadas comissões
reparadoras, em conformidade com a Lei intersetoriais de âmbito nacional,
nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. subordinadas ao Conselho Nacional de
(Redação dada pela Lei nº 13.427, de Saúde, integradas pelos Ministérios e
2017) órgãos competentes e por entidades
representativas da sociedade civil.
CAPÍTULO III Parágrafo único. As comissões
Da Organização, da Direção e da intersetoriais terão a finalidade de articular
Gestão políticas e programas de interesse para a
saúde, cuja execução envolva áreas não
Art. 8º As ações e serviços de saúde, compreendidas no âmbito do Sistema
executados pelo Sistema Único de Saúde Único de Saúde (SUS).
(SUS), seja diretamente ou mediante
participação complementar da iniciativa Art. 13. A articulação das políticas e
privada, serão organizados de forma programas, a cargo das comissões
regionalizada e hierarquizada em níveis de intersetoriais, abrangerá, em especial, as
complexidade crescente. seguintes atividades:
I - alimentação e nutrição;
Art. 9º A direção do Sistema Único de II - saneamento e meio ambiente;
Saúde (SUS) é única, de acordo com o III - vigilância sanitária e
inciso I do art. 198 da Constituição farmacoepidemiologia;
Federal, sendo exercida em cada esfera de IV - recursos humanos;
governo pelos seguintes órgãos: V - ciência e tecnologia; e
I - no âmbito da União, pelo Ministério VI - saúde do trabalhador.
da Saúde;
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Art. 14. Deverão ser criadas Comissões
Federal, pela respectiva Secretaria de Permanentes de integração entre os
Saúde ou órgão equivalente; e serviços de saúde e as instituições de
III - no âmbito dos Municípios, pela ensino profissional e superior.
respectiva Secretaria de Saúde ou órgão Parágrafo único. Cada uma dessas
equivalente. comissões terá por finalidade propor
prioridades, métodos e estratégias para a
Art. 10. Os municípios poderão formação e educação continuada dos
constituir consórcios para desenvolver em recursos humanos do Sistema Único de

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Saúde (SUS), na esfera correspondente, (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).


assim como em relação à pesquisa e à § 1° O Conass e o Conasems receberão
cooperação técnica entre essas recursos do orçamento geral da União por
instituições. meio do Fundo Nacional de Saúde, para
auxiliar no custeio de suas despesas
Art. 14-A. As Comissões Intergestores institucionais, podendo ainda celebrar
Bipartite e Tripartite são reconhecidas convênios com a União. (Incluído
como foros de negociação e pactuação pela Lei nº 12.466, de 2011).
entre gestores, quanto aos aspectos § °2 Os Conselhos de Secretarias
operacionais do Sistema Único de Saúde Municipais de Saúde (Cosems) são
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, reconhecidos como entidades que
de 2011). representam os entes municipais, no
Parágrafo único. A atuação das âmbito estadual, para tratar de matérias
Comissões Intergestores Bipartite e referentes à saúde, desde que vinculados
Tripartite terá por objetivo: (Incluído institucionalmente ao Conasems, na forma
pela Lei nº 12.466, de 2011). que dispuserem seus estatutos.
I - decidir sobre os aspectos (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
operacionais, financeiros e
administrativos da gestão compartilhada CAPÍTULO IV
do SUS, em conformidade com a definição Da Competência e das Atribuições
da política consubstanciada em planos de Seção I
saúde, aprovados pelos conselhos de Das Atribuições Comuns
saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466,
de 2011). Art. 15. A União, os Estados, o Distrito
II - definir diretrizes, de âmbito Federal e os Municípios exercerão, em seu
nacional, regional e intermunicipal, a âmbito administrativo, as seguintes
respeito da organização das redes de ações atribuições:
e serviços de saúde, principalmente no I - definição das instâncias e
tocante à sua governança institucional e à mecanismos de controle, avaliação e de
integração das ações e serviços dos entes fiscalização das ações e serviços de saúde;
federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, II - administração dos recursos
de 2011). orçamentários e financeiros destinados,
III - fixar diretrizes sobre as regiões de em cada ano, à saúde;
saúde, distrito sanitário, integração de III - acompanhamento, avaliação e
territórios, referência e contrarreferência e divulgação do nível de saúde da população
demais aspectos vinculados à integração e das condições ambientais;
das ações e serviços de saúde entre os IV - organização e coordenação do
entes federados. (Incluído pela Lei nº sistema de informação de saúde;
12.466, de 2011). V - elaboração de normas técnicas e
estabelecimento de padrões de qualidade e
Art. 14-B. O Conselho Nacional de parâmetros de custos que caracterizam a
Secretários de Saúde (Conass) e o assistência à saúde;
Conselho Nacional de Secretarias VI - elaboração de normas técnicas e
Municipais de Saúde (Conasems) são estabelecimento de padrões de qualidade
reconhecidos como entidades para promoção da saúde do trabalhador;
representativas dos entes estaduais e VII - participação de formulação da
municipais para tratar de matérias política e da execução das ações de
referentes à saúde e declarados de saneamento básico e colaboração na
utilidade pública e de relevante função proteção e recuperação do meio ambiente;
social, na forma do regulamento. VIII - elaboração e atualização

10
Legislação

periódica do plano de saúde; programas e projetos estratégicos e de


IX - participação na formulação e na atendimento emergencial.
execução da política de formação e
desenvolvimento de recursos humanos Seção II
para a saúde; Da Competência
X - elaboração da proposta
orçamentária do Sistema Único de Saúde Art. 16. A direção nacional do Sistema
(SUS), de conformidade com o plano de Único da Saúde (SUS) compete:
saúde; I - formular, avaliar e apoiar políticas de
XI - elaboração de normas para regular alimentação e nutrição;
as atividades de serviços privados de II - participar na formulação e na
saúde, tendo em vista a sua relevância implementação das políticas:
pública; a) de controle das agressões ao meio
XII - realização de operações externas ambiente;
de natureza financeira de interesse da b) de saneamento básico; e
saúde, autorizadas pelo Senado Federal; c) relativas às condições e aos
XIII - para atendimento de ambientes de trabalho;
necessidades coletivas, urgentes e III - definir e coordenar os sistemas:
transitórias, decorrentes de situações de a) de redes integradas de assistência de
perigo iminente, de calamidade pública ou alta complexidade;
de irrupção de epidemias, a autoridade b) de rede de laboratórios de saúde
competente da esfera administrativa pública;
correspondente poderá requisitar bens e c) de vigilância epidemiológica; e
serviços, tanto de pessoas naturais como d) vigilância sanitária;
de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa IV - participar da definição de normas e
indenização; (Vide ADIN 3454) mecanismos de controle, com órgão afins,
XIV - implementar o Sistema Nacional de agravo sobre o meio ambiente ou dele
de Sangue, Componentes e Derivados; decorrentes, que tenham repercussão na
XV - propor a celebração de convênios, saúde humana;
acordos e protocolos internacionais V - participar da definição de normas,
relativos à saúde, saneamento e meio critérios e padrões para o controle das
ambiente; condições e dos ambientes de trabalho e
coordenar a política de saúde do
XVI - elaborar normas técnico- trabalhador;
científicas de promoção, proteção e VI - coordenar e participar na execução
recuperação da saúde; das ações de vigilância epidemiológica;
XVII - promover articulação com os VII - estabelecer normas e executar a
órgãos de fiscalização do exercício vigilância sanitária de portos, aeroportos e
profissional e outras entidades fronteiras, podendo a execução ser
representativas da sociedade civil para a complementada pelos Estados, Distrito
definição e controle dos padrões éticos Federal e Municípios;
para pesquisa, ações e serviços de saúde; VIII - estabelecer critérios, parâmetros
XVIII - promover a articulação da e métodos para o controle da qualidade
política e dos planos de saúde; sanitária de produtos, substâncias e
XIX - realizar pesquisas e estudos na serviços de consumo e uso humano;
área de saúde; IX - promover articulação com os
XX - definir as instâncias e órgãos educacionais e de fiscalização do
mecanismos de controle e fiscalização exercício profissional, bem como com
inerentes ao poder de polícia sanitária; entidades representativas de formação de
XXI - fomentar, coordenar e executar recursos humanos na área de saúde;

11
Legislação

X - formular, avaliar, elaborar normas e nacional.


participar na execução da política nacional § 1º A União poderá executar ações de
e produção de insumos e equipamentos vigilância epidemiológica e sanitária em
para a saúde, em articulação com os circunstâncias especiais, como na
demais órgãos governamentais; ocorrência de agravos inusitados à saúde,
XI - identificar os serviços estaduais e que possam escapar do controle da direção
municipais de referência nacional para o estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
estabelecimento de padrões técnicos de ou que representem risco de disseminação
assistência à saúde; nacional. (Renumerado do parágrafo
XII - controlar e fiscalizar único pela Lei nº 14.141, de 2021)
procedimentos, produtos e substâncias de § 2º Em situações epidemiológicas que
interesse para a saúde; caracterizem emergência em saúde
XIII - prestar cooperação técnica e pública, poderá ser adotado procedimento
financeira aos Estados, ao Distrito Federal simplificado para a remessa de patrimônio
e aos Municípios para o aperfeiçoamento genético ao exterior, na forma do
da sua atuação institucional; regulamento. (Incluído pela Lei nº
XIV - elaborar normas para regular as 14.141, de 2021)
relações entre o Sistema Único de Saúde § 3º Os benefícios resultantes da
(SUS) e os serviços privados contratados exploração econômica de produto acabado
de assistência à saúde; ou material reprodutivo oriundo de acesso
XV - promover a descentralização para ao patrimônio genético de que trata o § 2º
as Unidades Federadas e para os deste artigo serão repartidos nos termos da
Municípios, dos serviços e ações de saúde, Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015.
respectivamente, de abrangência estadual (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
e municipal;
XVI - normatizar e coordenar Art. 17. À direção estadual do Sistema
nacionalmente o Sistema Nacional de Único de Saúde (SUS) compete:
Sangue, Componentes e Derivados; I - promover a descentralização para os
XVII - acompanhar, controlar e avaliar Municípios dos serviços e das ações de
as ações e os serviços de saúde, respeitadas saúde;.
as competências estaduais e municipais; II - acompanhar, controlar e avaliar as
XVIII - elaborar o Planejamento redes hierarquizadas do Sistema Único de
Estratégico Nacional no âmbito do SUS, Saúde (SUS);
em cooperação técnica com os Estados, III - prestar apoio técnico e financeiro
Municípios e Distrito Federal; aos Municípios e executar supletivamente
XIX - estabelecer o Sistema Nacional ações e serviços de saúde;
de Auditoria e coordenar a avaliação IV - coordenar e, em caráter
técnica e financeira do SUS em todo o complementar, executar ações e serviços:
Território Nacional em cooperação técnica a) de vigilância epidemiológica;
com os Estados, Municípios e Distrito b) de vigilância sanitária;
Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de c) de alimentação e nutrição; e
1995) d) de saúde do trabalhador;
Parágrafo único. A União poderá V - participar, junto com os órgãos
executar ações de vigilância afins, do controle dos agravos do meio
epidemiológica e sanitária em ambiente que tenham repercussão na
circunstâncias especiais, como na saúde humana;
ocorrência de agravos inusitados à saúde, VI - participar da formulação da
que possam escapar do controle da direção política e da execução de ações de
estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) saneamento básico;
ou que representem risco de disseminação VII - participar das ações de controle e

12
Legislação

avaliação das condições e dos ambientes e) de saúde do trabalhador;


de trabalho; V - dar execução, no âmbito municipal,
VIII - em caráter suplementar, à política de insumos e equipamentos para
formular, executar, acompanhar e avaliar a a saúde;
política de insumos e equipamentos para a VI - colaborar na fiscalização das
saúde; agressões ao meio ambiente que tenham
IX - identificar estabelecimentos repercussão sobre a saúde humana e atuar,
hospitalares de referência e gerir sistemas junto aos órgãos municipais, estaduais e
públicos de alta complexidade, de federais competentes, para controlá-las;
referência estadual e regional; VII - formar consórcios administrativos
X - coordenar a rede estadual de intermunicipais;
laboratórios de saúde pública e VIII - gerir laboratórios públicos de
hemocentros, e gerir as unidades que saúde e hemocentros;
permaneçam em sua organização IX - colaborar com a União e os Estados
administrativa; na execução da vigilância sanitária de
XI - estabelecer normas, em caráter portos, aeroportos e fronteiras;
suplementar, para o controle e avaliação X - observado o disposto no art. 26
das ações e serviços de saúde; desta Lei, celebrar contratos e convênios
XII - formular normas e estabelecer com entidades prestadoras de serviços
padrões, em caráter suplementar, de privados de saúde, bem como controlar e
procedimentos de controle de qualidade avaliar sua execução;
para produtos e substâncias de consumo XI - controlar e fiscalizar os
humano; procedimentos dos serviços privados de
XIII - colaborar com a União na saúde;
execução da vigilância sanitária de portos, XII - normatizar complementarmente
aeroportos e fronteiras; as ações e serviços públicos de saúde no
XIV - o acompanhamento, a avaliação seu âmbito de atuação.
e divulgação dos indicadores de
morbidade e mortalidade no âmbito da Art. 19. Ao Distrito Federal competem
unidade federada. as atribuições reservadas aos Estados e aos
Municípios.
Art. 18. À direção municipal do
Sistema de Saúde (SUS) compete: CAPÍTULO V
I - planejar, organizar, controlar e Do Subsistema de Atenção à Saúde
avaliar as ações e os serviços de saúde e Indígena
gerir e executar os serviços públicos de (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
saúde;
II - participar do planejamento, Art. 19-A. As ações e serviços de saúde
programação e organização da rede voltados para o atendimento das
regionalizada e hierarquizada do Sistema populações indígenas, em todo o território
Único de Saúde (SUS), em articulação nacional, coletiva ou individualmente,
com sua direção estadual; obedecerão ao disposto nesta Lei.
III - participar da execução, controle e (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
avaliação das ações referentes às
condições e aos ambientes de trabalho; Art. 19-B. É instituído um Subsistema
IV - executar serviços: de Atenção à Saúde Indígena, componente
a) de vigilância epidemiológica; do Sistema Único de Saúde – SUS, criado
b) vigilância sanitária; e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142,
c) de alimentação e nutrição; de 28 de dezembro de 1990, com o qual
d) de saneamento básico; e funcionará em perfeita integração.

13
Legislação

(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) global, contemplando os aspectos de


assistência à saúde, saneamento básico,
Art. 19-C. Caberá à União, com seus nutrição, habitação, meio ambiente,
recursos próprios, financiar o Subsistema demarcação de terras, educação sanitária e
de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído integração institucional. (Incluído pela
pela Lei nº 9.836, de 1999) Lei nº 9.836, de 1999)

Art. 19-D. O SUS promoverá a Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à


articulação do Subsistema instituído por Saúde Indígena deverá ser, como o SUS,
esta Lei com os órgãos responsáveis pela descentralizado, hierarquizado e
Política Indígena do País. (Incluído pela regionalizado. (Incluído pela Lei nº
Lei nº 9.836, de 1999) 9.836, de 1999)
§ 1° O Subsistema de que trata o caput
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, deste artigo terá como base os Distritos
outras instituições governamentais e não- Sanitários Especiais Indígenas.
governamentais poderão atuar (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
complementarmente no custeio e execução § 1º-A. A rede do SUS deverá
das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, obrigatoriamente fazer o registro e a
de 1999) notificação da declaração de raça ou cor,
§ 1º A União instituirá mecanismo de garantindo a identificação de todos os
financiamento específico para os Estados, indígenas atendidos nos sistemas públicos
o Distrito Federal e os Municípios, sempre de saúde. (Incluído pela Lei nº 14.021,
que houver necessidade de atenção de 2020)
secundária e terciária fora dos territórios § 1º-B. A União deverá integrar os
indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, sistemas de informação da rede do SUS
de 2020) com os dados do Subsistema de Atenção à
§ 2º Em situações emergenciais e de Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº
calamidade pública: (Incluído pela Lei 14.021, de 2020)
nº 14.021, de 2020) § 2° O SUS servirá de retaguarda e
I - a União deverá assegurar aporte referência ao Subsistema de Atenção à
adicional de recursos não previstos nos Saúde Indígena, devendo, para isso,
planos de saúde dos Distritos Sanitários ocorrer adaptações na estrutura e
Especiais Indígenas (Dseis) ao Subsistema organização do SUS nas regiões onde
de Atenção à Saúde Indígena; (Incluído residem as populações indígenas, para
pela Lei nº 14.021, de 2020) propiciar essa integração e o atendimento
II - deverá ser garantida a inclusão dos necessário em todos os níveis, sem
povos indígenas nos planos emergenciais discriminações. (Incluído pela Lei nº
para atendimento dos pacientes graves das 9.836, de 1999)
Secretarias Municipais e Estaduais de § 3° As populações indígenas devem ter
Saúde, explicitados os fluxos e as acesso garantido ao SUS, em âmbito local,
referências para o atendimento em tempo regional e de centros especializados, de
oportuno. (Incluído pela Lei nº 14.021, acordo com suas necessidades,
de 2020) compreendendo a atenção primária,
secundária e terciária à saúde. (Incluído
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente pela Lei nº 9.836, de 1999)
levar em consideração a realidade local e
as especificidades da cultura dos povos Art. 19-H. As populações indígenas
indígenas e o modelo a ser adotado para a terão direito a participar dos organismos
atenção à saúde indígena, que se deve colegiados de formulação,
pautar por uma abordagem diferenciada e acompanhamento e avaliação das políticas

14
Legislação

de saúde, tais como o Conselho Nacional 11.108, de 2005)


de Saúde e os Conselhos Estaduais e § 1° O acompanhante de que trata o
Municipais de Saúde, quando for o caso. caput deste artigo será indicado pela
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) parturiente. (Incluído pela Lei nº
11.108, de 2005)
CAPÍTULO VI § 2° As ações destinadas a viabilizar o
DO SUBSISTEMA DE pleno exercício dos direitos de que trata
ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO este artigo constarão do regulamento da
DOMICILIAR lei, a ser elaborado pelo órgão competente
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) do Poder Executivo. (Incluído pela Lei
nº 11.108, de 2005)
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito § 3° Ficam os hospitais de todo o País
do Sistema Único de Saúde, o atendimento obrigados a manter, em local visível de
domiciliar e a internação domiciliar. suas dependências, aviso informando
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) sobre o direito estabelecido no caput deste
§ 1° Na modalidade de assistência de artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de
atendimento e internação domiciliares 2013)
incluem-se, principalmente, os
procedimentos médicos, de enfermagem, Art. 19-L. (VETADO) (Incluído
fisioterapêuticos, psicológicos e de pela Lei nº 11.108, de 2005)
assistência social, entre outros necessários
ao cuidado integral dos pacientes em seu CAPÍTULO VIII
domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
de 2002) DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA
§ 2º O atendimento e a internação E DA INCORPORAÇÃO DE
domiciliares serão realizados por equipes TECNOLOGIA EM SAÚDE”
multidisciplinares que atuarão nos níveis
da medicina preventiva, terapêutica e Art. 19-M. A assistência terapêutica
reabilitadora. (Incluído pela Lei nº integral a que se refere a alínea d do inciso
10.424, de 2002) I do art. 6o consiste em: (Incluído pela
§ 3° O atendimento e a internação Lei nº 12.401, de 2011)
domiciliares só poderão ser realizados por I - dispensação de medicamentos e
indicação médica, com expressa produtos de interesse para a saúde, cuja
concordância do paciente e de sua família. prescrição esteja em conformidade com as
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) diretrizes terapêuticas definidas em
protocolo clínico para a doença ou o
CAPÍTULO VII agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do
DO SUBSISTEMA DE protocolo, em conformidade com o
ACOMPANHAMENTO DURANTE O disposto no art. 19-P; (Incluído pela
TRABALHO DE PARTO, PARTO E Lei nº 12.401, de 2011)
PÓS-PARTO IMEDIATO II - oferta de procedimentos
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) terapêuticos, em regime domiciliar,
ambulatorial e hospitalar, constantes de
Art. 19-J. Os serviços de saúde do tabelas elaboradas pelo gestor federal do
Sistema Único de Saúde - SUS, da rede Sistema Único de Saúde - SUS, realizados
própria ou conveniada, ficam obrigados a no território nacional por serviço próprio,
permitir a presença, junto à parturiente, de conveniado ou contratado.
1 (um) acompanhante durante todo o
período de trabalho de parto, parto e pós- Art. 19-N. Para os efeitos do disposto
parto imediato. (Incluído pela Lei nº no art. 19-M, são adotadas as seguintes

15
Legislação

definições: (Incluído pela Lei nº de 2011)


12.401, de 2011) II - no âmbito de cada Estado e do
I - produtos de interesse para a saúde: Distrito Federal, de forma suplementar,
órteses, próteses, bolsas coletoras e com base nas relações de medicamentos
equipamentos médicos; (Incluído pela instituídas pelos gestores estaduais do
Lei nº 12.401, de 2011) SUS, e a responsabilidade pelo
II - protocolo clínico e diretriz fornecimento será pactuada na Comissão
terapêutica: documento que estabelece Intergestores Bipartite; (Incluído pela
critérios para o diagnóstico da doença ou Lei nº 12.401, de 2011)
do agravo à saúde; o tratamento III - no âmbito de cada Município, de
preconizado, com os medicamentos e forma suplementar, com base nas relações
demais produtos apropriados, quando de medicamentos instituídas pelos
couber; as posologias recomendadas; os gestores municipais do SUS, e a
mecanismos de controle clínico; e o responsabilidade pelo fornecimento será
acompanhamento e a verificação dos pactuada no Conselho Municipal de
resultados terapêuticos, a serem seguidos Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
pelos gestores do SUS. (Incluído pela de 2011)
Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as ou a alteração pelo SUS de novos
diretrizes terapêuticas deverão estabelecer medicamentos, produtos e procedimentos,
os medicamentos ou produtos necessários bem como a constituição ou a alteração de
nas diferentes fases evolutivas da doença protocolo clínico ou de diretriz
ou do agravo à saúde de que tratam, bem terapêutica, são atribuições do Ministério
como aqueles indicados em casos de perda da Saúde, assessorado pela Comissão
de eficácia e de surgimento de intolerância Nacional de Incorporação de Tecnologias
ou reação adversa relevante, provocadas no SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401,
pelo medicamento, produto ou de 2011)
procedimento de primeira escolha. § 1° A Comissão Nacional de
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Incorporação de Tecnologias no SUS, cuja
Parágrafo único. Em qualquer caso, os composição e regimento são definidos em
medicamentos ou produtos de que trata o regulamento, contará com a participação
caput deste artigo serão aqueles avaliados de 1 (um) representante indicado pelo
quanto à sua eficácia, segurança, Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um)
efetividade e custo-efetividade para as representante, especialista na área,
diferentes fases evolutivas da doença ou indicado pelo Conselho Federal de
do agravo à saúde de que trata o protocolo. Medicina. (Incluído pela Lei nº 12.401,
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de 2011)
§ 2° O relatório da Comissão Nacional
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico de Incorporação de Tecnologias no SUS
ou de diretriz terapêutica, a dispensação levará em consideração, necessariamente:
será realizada: (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
12.401, de 2011) I - as evidências científicas sobre a
I - com base nas relações de eficácia, a acurácia, a efetividade e a
medicamentos instituídas pelo gestor segurança do medicamento, produto ou
federal do SUS, observadas as procedimento objeto do processo, acatadas
competências estabelecidas nesta Lei, e a pelo órgão competente para o registro ou a
responsabilidade pelo fornecimento será autorização de uso; (Incluído pela Lei nº
pactuada na Comissão Intergestores 12.401, de 2011)
Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, II - a avaliação econômica comparativa

16
Legislação

dos benefícios e dos custos em relação às pela Lei nº 12.401, de 2011)


tecnologias já incorporadas, inclusive no V - distribuição aleatória, respeitadas a
que se refere aos atendimentos domiciliar, especialização e a competência técnica
ambulatorial ou hospitalar, quando requeridas para a análise da matéria;
cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
de 2011) VI - publicidade dos atos processuais.
§ 3º As metodologias empregadas na (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
avaliação econômica a que se refere o § 2° (VETADO). (Incluído pela Lei
inciso II do § 2º deste artigo serão nº 12.401, de 2011)
dispostas em regulamento e amplamente
divulgadas, inclusive em relação aos Art. 19-S. (VETADO). (Incluído
indicadores e parâmetros de custo- pela Lei nº 12.401, de 2011)
efetividade utilizados em combinação com
outros critérios. (Incluído pela Lei nº Art. 19-T. São vedados, em todas as
14.312, de 2022) esferas de gestão do SUS: (Incluído
pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e I - o pagamento, o ressarcimento ou o
a alteração a que se refere o art. 19-Q serão reembolso de medicamento, produto e
efetuadas mediante a instauração de procedimento clínico ou cirúrgico
processo administrativo, a ser concluído experimental, ou de uso não autorizado
em prazo não superior a 180 (cento e pela Agência Nacional de Vigilância
oitenta) dias, contado da data em que foi Sanitária - ANVISA; (Incluído pela
protocolado o pedido, admitida a sua Lei nº 12.401, de 2011)
prorrogação por 90 (noventa) dias II - a dispensação, o pagamento, o
corridos, quando as circunstâncias ressarcimento ou o reembolso de
exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, medicamento e produto, nacional ou
de 2011) importado, sem registro na Anvisa.
§ 1° O processo de que trata o caput (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
deste artigo observará, no que couber, o Parágrafo único. Excetuam-se do
disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro disposto neste artigo: (Incluído pela
de 1999, e as seguintes determinações Lei nº 14.312, de 2022)
especiais: (Incluído pela Lei nº I - medicamento e produto em que a
12.401, de 2011) indicação de uso seja distinta daquela
I - apresentação pelo interessado dos aprovada no registro na Anvisa, desde que
documentos e, se cabível, das amostras de seu uso tenha sido recomendado pela
produtos, na forma do regulamento, com Comissão Nacional de Incorporação de
informações necessárias para o Tecnologias no Sistema Único de Saúde
atendimento do disposto no § 2o do art. (Conitec), demonstradas as evidências
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de científicas sobre a eficácia, a acurácia, a
2011) efetividade e a segurança, e esteja
II - (VETADO); (Incluído pela Lei padronizado em protocolo estabelecido
nº 12.401, de 2011) pelo Ministério da Saúde; (Incluído
III - realização de consulta pública que pela Lei nº 14.312, de 2022)
inclua a divulgação do parecer emitido II - medicamento e produto
pela Comissão Nacional de Incorporação recomendados pela Conitec e adquiridos
de Tecnologias no SUS; (Incluído pela por intermédio de organismos
Lei nº 12.401, de 2011) multilaterais internacionais, para uso em
IV - realização de audiência pública, programas de saúde pública do Ministério
antes da tomada de decisão, se a relevância da Saúde e suas entidades vinculadas, nos
da matéria justificar o evento. (Incluído termos do § 5º do art. 8º da Lei nº 9.782,

17
Legislação

de 26 de janeiro de 1999. (Incluído a) hospital geral, inclusive filantrópico,


pela Lei nº 14.312, de 2022) hospital especializado, policlínica, clínica
geral e clínica especializada; e
Art. 19-U. A responsabilidade (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
financeira pelo fornecimento de b) ações e pesquisas de planejamento
medicamentos, produtos de interesse para familiar; (Incluído pela Lei nº 13.097,
a saúde ou procedimentos de que trata este de 2015)
Capítulo será pactuada na Comissão III - serviços de saúde mantidos, sem
Intergestores Tripartite. (Incluído pela finalidade lucrativa, por empresas, para
Lei nº 12.401, de 2011) atendimento de seus empregados e
dependentes, sem qualquer ônus para a
TÍTULO III seguridade social; e (Incluído pela Lei
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE nº 13.097, de 2015)
ASSISTÊNCIA À SAÙDE IV - demais casos previstos em
CAPÍTULO I legislação específica. (Incluído pela
Do Funcionamento Lei nº 13.097, de 2015)

Art. 20. Os serviços privados de CAPÍTULO II


assistência à saúde caracterizam-se pela Da Participação Complementar
atuação, por iniciativa própria, de
profissionais liberais, legalmente Art. 24. Quando as suas
habilitados, e de pessoas jurídicas de disponibilidades forem insuficientes para
direito privado na promoção, proteção e garantir a cobertura assistencial à
recuperação da saúde. população de uma determinada área, o
Sistema Único de Saúde (SUS) poderá
Art. 21. A assistência à saúde é livre à recorrer aos serviços ofertados pela
iniciativa privada. iniciativa privada.
Parágrafo único. A participação
Art. 22. Na prestação de serviços complementar dos serviços privados será
privados de assistência à saúde, serão formalizada mediante contrato ou
observados os princípios éticos e as convênio, observadas, a respeito, as
normas expedidas pelo órgão de direção normas de direito público.
do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto
às condições para seu funcionamento. Art. 25. Na hipótese do artigo anterior,
as entidades filantrópicas e as sem fins
Art. 23. É permitida a participação lucrativos terão preferência para participar
direta ou indireta, inclusive controle, de do Sistema Único de Saúde (SUS).
empresas ou de capital estrangeiro na
assistência à saúde nos seguintes casos: Art. 26. Os critérios e valores para a
(Redação dada pela Lei nº 13.097, de remuneração de serviços e os parâmetros
2015) de cobertura assistencial serão
I - doações de organismos estabelecidos pela direção nacional do
internacionais vinculados à Organização Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados
das Nações Unidas, de entidades de no Conselho Nacional de Saúde.
cooperação técnica e de financiamento e § 1° Na fixação dos critérios, valores,
empréstimos; (Incluído pela Lei nº formas de reajuste e de pagamento da
13.097, de 2015) remuneração aludida neste artigo, a
II - pessoas jurídicas destinadas a direção nacional do Sistema Único de
instalar, operacionalizar ou explorar: Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) em demonstrativo econômico-financeiro

18
Legislação

que garanta a efetiva qualidade de IX - responsabilidade digital. (Incluído


execução dos serviços contratados. pela Lei nº 14.510, de 2022)
§ 2° Os serviços contratados submeter-
se-ão às normas técnicas e administrativas Art. 26-B. Para fins desta Lei,
e aos princípios e diretrizes do Sistema considera-se telessaúde a modalidade de
Único de Saúde (SUS), mantido o prestação de serviços de saúde a distância,
equilíbrio econômico e financeiro do por meio da utilização das tecnologias da
contrato. informação e da comunicação, que
§ 3° (Vetado). envolve, entre outros, a transmissão segura
§ 4° Aos proprietários, administradores de dados e informações de saúde, por meio
e dirigentes de entidades ou serviços de textos, de sons, de imagens ou outras
contratados é vedado exercer cargo de formas adequadas. (Incluído pela Lei nº
chefia ou função de confiança no Sistema 14.510, de 2022)
Único de Saúde (SUS). Parágrafo único. Os atos do
profissional de saúde, quando praticados
TÍTULO III-A na modalidade telessaúde, terão validade
DA TELESSAÚDE em todo o território nacional. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) pela Lei nº 14.510, de 2022)

Art. 26-A. A telessaúde abrange a Art. 26-C. Ao profissional de saúde são


prestação remota de serviços relacionados asseguradas a liberdade e a completa
a todas as profissões da área da saúde independência de decidir sobre a
regulamentadas pelos órgãos competentes utilização ou não da telessaúde, inclusive
do Poder Executivo federal e obedecerá com relação à primeira consulta,
aos seguintes princípios: (Incluído pela atendimento ou procedimento, e poderá
Lei nº 14.510, de 2022) indicar a utilização de atendimento
I - autonomia do profissional de saúde; presencial ou optar por ele, sempre que
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) entender necessário. (Incluído pela Lei
II - consentimento livre e informado do nº 14.510, de 2022)
paciente;
III - direito de recusa ao atendimento na Art. 26-D. Compete aos conselhos
modalidade telessaúde, com a garantia do federais de fiscalização do exercício
atendimento presencial sempre que profissional a normatização ética relativa à
solicitado; (Incluído pela Lei nº 14.510, prestação dos serviços previstos neste
de 2022) Título, aplicando-se os padrões
IV - dignidade e valorização do normativos adotados para as modalidades
profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº de atendimento presencial, no que não
14.510, de 2022) colidirem com os preceitos desta Lei.
V - assistência segura e com qualidade (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
ao paciente; (Incluído pela Lei nº 14.510,
de 2022) Art. 26-E. Na prestação de serviços por
VI - confidencialidade dos dados; telessaúde, serão observadas as normas
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) expedidas pelo órgão de direção do
VII - promoção da universalização do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
acesso dos brasileiros às ações e aos condições para seu funcionamento,
serviços de saúde; (Incluído pela Lei nº observada a competência dos demais
14.510, de 2022) órgãos reguladores. (Incluído pela Lei nº
VIII - estrita observância das 14.510, de 2022)
atribuições legais de cada profissão;
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)

19
Legislação

Art. 26-F. O ato normativo que aperfeiçoamento de pessoal;


pretenda restringir a prestação de serviço II - (Vetado)
de telessaúde deverá demonstrar a III - (Vetado)
imprescindibilidade da medida para que IV - valorização da dedicação exclusiva
sejam evitados danos à saúde dos aos serviços do Sistema Único de Saúde
pacientes. (Incluído pela Lei nº 14.510, (SUS).
de 2022) Parágrafo único. Os serviços públicos
que integram o Sistema Único de Saúde
Art. 26-G. A prática da telessaúde deve (SUS) constituem campo de prática para
seguir as seguintes determinações: ensino e pesquisa, mediante normas
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) específicas, elaboradas conjuntamente
I - ser realizada por consentimento livre com o sistema educacional.
e esclarecido do paciente, ou de seu
representante legal, e sob responsabilidade Art. 28. Os cargos e funções de chefia,
do profissional de saúde; (Incluído pela direção e assessoramento, no âmbito do
Lei nº 14.510, de 2022) Sistema Único de Saúde (SUS), só
II - prestar obediência aos ditames das poderão ser exercidas em regime de tempo
Leis nºs 12.965, de 23 de abril de 2014 integral.
(Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de § 1° Os servidores que legalmente
julho de 2013 (Lei do Ato Médico), acumulam dois cargos ou empregos
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral poderão exercer suas atividades em mais
de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de de um estabelecimento do Sistema Único
setembro de 1990 (Código de Defesa do de Saúde (SUS).
Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos § 2° O disposto no parágrafo anterior
ditames da Lei nº 13.787, de 27 de aplica-se também aos servidores em
dezembro de 2018 (Lei do Prontuário regime de tempo integral, com exceção
Eletrônico). (Incluído pela Lei nº 14.510, dos ocupantes de cargos ou função de
de 2022) chefia, direção ou assessoramento.

Art. 26-H. É dispensada a inscrição Art. 29. (Vetado).


secundária ou complementar do
profissional de saúde que exercer a Art. 30. As especializações na forma de
profissão em outra jurisdição treinamento em serviço sob supervisão
exclusivamente por meio da modalidade serão regulamentadas por Comissão
telessaúde. (Incluído pela Lei nº 14.510, Nacional, instituída de acordo com o art.
de 2022) 12 desta Lei, garantida a participação das
entidades profissionais correspondentes.
TÍTULO IV
DOS RECURSOS HUMANOS TÍTULO V
DO FINANCIAMENTO
Art. 27. A política de recursos humanos CAPÍTULO I
na área da saúde será formalizada e Dos Recursos
executada, articuladamente, pelas
diferentes esferas de governo, em Art. 31. O orçamento da seguridade
cumprimento dos seguintes objetivos: social destinará ao Sistema Único de
I - organização de um sistema de Saúde (SUS) de acordo com a receita
formação de recursos humanos em todos estimada, os recursos necessários à
os níveis de ensino, inclusive de pós- realização de suas finalidades, previstos
graduação, além da elaboração de em proposta elaborada pela sua direção
programas de permanente nacional, com a participação dos órgãos da

20
Legislação

Previdência Social e da Assistência Social, CAPÍTULO II


tendo em vista as metas e prioridades Da Gestão Financeira
estabelecidas na Lei de Diretrizes
Orçamentárias. Art. 33. Os recursos financeiros do
Sistema Único de Saúde (SUS) serão
Art. 32. São considerados de outras depositados em conta especial, em cada
fontes os recursos provenientes de: esfera de sua atuação, e movimentados sob
I - (Vetado) fiscalização dos respectivos Conselhos de
II - Serviços que possam ser prestados Saúde.
sem prejuízo da assistência à saúde; § 1º Na esfera federal, os recursos
III - ajuda, contribuições, doações e financeiros, originários do Orçamento da
donativos; Seguridade Social, de outros Orçamentos
IV - alienações patrimoniais e da União, além de outras fontes, serão
rendimentos de capital; administrados pelo Ministério da Saúde,
V - taxas, multas, emolumentos e através do Fundo Nacional de Saúde.
preços públicos arrecadados no âmbito do § 2º (Vetado).
Sistema Único de Saúde (SUS); e § 3º (Vetado).
VI - rendas eventuais, inclusive § 4º O Ministério da Saúde
comerciais e industriais. acompanhará, através de seu sistema de
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) auditoria, a conformidade à programação
caberá metade da receita de que trata o aprovada da aplicação dos recursos
inciso I deste artigo, apurada repassados a Estados e Municípios.
mensalmente, a qual será destinada à Constatada a malversação, desvio ou não
recuperação de viciados. aplicação dos recursos, caberá ao
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Ministério da Saúde aplicar as medidas
Sistema Único de Saúde (SUS) serão previstas em lei.
creditadas diretamente em contas
especiais, movimentadas pela sua direção, Art. 34. As autoridades responsáveis
na esfera de poder onde forem pela distribuição da receita efetivamente
arrecadadas. arrecadada transferirão automaticamente
§ 3º As ações de saneamento que ao Fundo Nacional de Saúde (FNS),
venham a ser executadas supletivamente observado o critério do parágrafo único
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão deste artigo, os recursos financeiros
financiadas por recursos tarifários correspondentes às dotações consignadas
específicos e outros da União, Estados, no Orçamento da Seguridade Social, a
Distrito Federal, Municípios e, em projetos e atividades a serem executados
particular, do Sistema Financeiro da no âmbito do Sistema Único de Saúde
Habitação (SFH). (SUS).
§ 4º (Vetado). Parágrafo único. Na distribuição dos
§ 5º As atividades de pesquisa e recursos financeiros da Seguridade Social
desenvolvimento científico e tecnológico será observada a mesma proporção da
em saúde serão co-financiadas pelo despesa prevista de cada área, no
Sistema Único de Saúde (SUS), pelas Orçamento da Seguridade Social.
universidades e pelo orçamento fiscal,
além de recursos de instituições de Art. 35. Para o estabelecimento de
fomento e financiamento ou de origem valores a serem transferidos a Estados,
externa e receita própria das instituições Distrito Federal e Municípios, será
executoras. utilizada a combinação dos seguintes
§ 6º (Vetado). critérios, segundo análise técnica de
programas e projetos:

21
Legislação

I - perfil demográfico da região; Federal e da União.


II - perfil epidemiológico da população § 1º Os planos de saúde serão a base das
a ser coberta; atividades e programações de cada nível
III - características quantitativas e de direção do Sistema Único de Saúde
qualitativas da rede de saúde na área; (SUS), e seu financiamento será previsto
IV - desempenho técnico, econômico e na respectiva proposta orçamentária.
financeiro no período anterior; § 2º É vedada a transferência de
V - níveis de participação do setor recursos para o financiamento de ações
saúde nos orçamentos estaduais e não previstas nos planos de saúde, exceto
municipais; em situações emergenciais ou de
VI - previsão do plano qüinqüenal de calamidade pública, na área de saúde.
investimentos da rede;
VII - ressarcimento do atendimento a Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde
serviços prestados para outras esferas de estabelecerá as diretrizes a serem
governo. observadas na elaboração dos planos de
§ 1º Metade dos recursos destinados a saúde, em função das características
Estados e Municípios será distribuída epidemiológicas e da organização dos
segundo o quociente de sua divisão pelo serviços em cada jurisdição
número de habitantes, independentemente administrativa.
de qualquer procedimento prévio.
(Revogado pela Lei Complementar nº 141, Art. 38. Não será permitida a
de 2012) (Vide Lei nº 8.142, de 1990) destinação de subvenções e auxílios a
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios instituições prestadoras de serviços de
sujeitos a notório processo de migração, os saúde com finalidade lucrativa.
critérios demográficos mencionados nesta
lei serão ponderados por outros DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E
indicadores de crescimento populacional, TRANSITÓRIAS
em especial o número de eleitores
registrados. Art. 39. (Vetado).
§ 3º (Vetado). § 1º (Vetado).
§ 4º (Vetado). § 2º (Vetado).
§ 5º (Vetado). § 3º (Vetado).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior § 4º (Vetado).
não prejudica a atuação dos órgãos de § 5º A cessão de uso dos imóveis de
controle interno e externo e nem a propriedade do Inamps para órgãos
aplicação de penalidades previstas em lei, integrantes do Sistema Único de Saúde
em caso de irregularidades verificadas na (SUS) será feita de modo a preservá-los
gestão dos recursos transferidos. como patrimônio da Seguridade Social.
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo
CAPÍTULO III anterior serão inventariados com todos os
Do Planejamento e do Orçamento seus acessórios, equipamentos e outros
bens móveis e ficarão disponíveis para
Art. 36. O processo de planejamento e utilização pelo órgão de direção municipal
orçamento do Sistema Único de Saúde do Sistema Único de Saúde - SUS ou,
(SUS) será ascendente, do nível local até o eventualmente, pelo estadual, em cuja
federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, circunscrição administrativa se
compatibilizando-se as necessidades da encontrem, mediante simples termo de
política de saúde com a disponibilidade de recebimento.
recursos em planos de saúde dos § 7º (Vetado).
Municípios, dos Estados, do Distrito

22
Legislação

§ 8º O acesso aos serviços de órgãos e serviços de saúde.


informática e bases de dados, mantidos § 2º Em tempo de paz e havendo
pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério interesse recíproco, os serviços de saúde
do Trabalho e da Previdência Social, será das Forças Armadas poderão integrar-se
assegurado às Secretarias Estaduais e ao Sistema Único de Saúde (SUS),
Municipais de Saúde ou órgãos conforme se dispuser em convênio que,
congêneres, como suporte ao processo de para esse fim, for firmado.
gestão, de forma a permitir a gerencia
informatizada das contas e a disseminação Art. 46. o Sistema Único de Saúde
de estatísticas sanitárias e epidemiológicas (SUS), estabelecerá mecanismos de
médico-hospitalares. incentivos à participação do setor privado
no investimento em ciência e tecnologia e
Art. 40. (Vetado) estimulará a transferência de tecnologia
das universidades e institutos de pesquisa
Art. 41. As ações desenvolvidas pela aos serviços de saúde nos Estados, Distrito
Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Federal e Municípios, e às empresas
Instituto Nacional do Câncer, nacionais.
supervisionadas pela direção nacional do
Sistema Único de Saúde (SUS), Art. 47. O Ministério da Saúde, em
permanecerão como referencial de articulação com os níveis estaduais e
prestação de serviços, formação de municipais do Sistema Único de Saúde
recursos humanos e para transferência de (SUS), organizará, no prazo de dois anos,
tecnologia. um sistema nacional de informações em
saúde, integrado em todo o território
Art. 42. (Vetado). nacional, abrangendo questões
epidemiológicas e de prestação de
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços.
serviços de saúde fica preservada nos
serviços públicos contratados, Art. 48. (Vetado).
ressalvando-se as cláusulas dos contratos
ou convênios estabelecidos com as Art. 49. (Vetado).
entidades privadas.
Art. 50. Os convênios entre a União, os
Art. 44. (Vetado). Estados e os Municípios, celebrados para
implantação dos Sistemas Unificados e
Art. 45. Os serviços de saúde dos Descentralizados de Saúde, ficarão
hospitais universitários e de ensino rescindidos à proporção que seu objeto for
integram-se ao Sistema Único de Saúde sendo absorvido pelo Sistema Único de
(SUS), mediante convênio, preservada a Saúde (SUS).
sua autonomia administrativa, em relação
ao patrimônio, aos recursos humanos e Art. 51. (Vetado).
financeiros, ensino, pesquisa e extensão
nos limites conferidos pelas instituições a Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções
que estejam vinculados. cabíveis, constitui crime de emprego
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas irregular de verbas ou rendas públicas
estaduais e municipais de previdência (Código Penal, art. 315) a utilização de
social deverão integrar-se à direção recursos financeiros do Sistema Único de
correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades diversas das
Saúde (SUS), conforme seu âmbito de previstas nesta lei.
atuação, bem como quaisquer outros

23
Legislação

Art. 53. (Vetado). 5. Participação Popular.

Art. 53-A. Na qualidade de ações e Coluna 2


serviços de saúde, as atividades de apoio à ( ) Conjunto de ações e serviços
assistência à saúde são aquelas preventivos e curativos articulado e
desenvolvidas pelos laboratórios de contínuo, em todos os níveis de
genética humana, produção e complexidade.
fornecimento de medicamentos e produtos ( ) Acesso à assistência em saúde sem
para saúde, laboratórios de analises preconceitos ou privilégios de qualquer
clínicas, anatomia patológica e de espécie.
diagnóstico por imagem e são livres à ( ) Acesso aos serviços de saúde em
participação direta ou indireta de empresas todos os níveis de assistência.
ou de capitais estrangeiros. (Incluído ( ) Redistribuição das responsabilidades
pela Lei nº 13.097, de 2015) quanto às ações e aos serviços de saúde
entre os vários níveis de governo.
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data ( ) Acesso por meio de Conselhos e
de sua publicação. Conferências de Saúde.

Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, A ordem correta de preenchimento dos
de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229, parênteses, de cima para baixo, é:
de 17 de julho de 1975, e demais A - 2 – 4 – 1 – 5 – 3.
disposições em contrário. B - 3 – 4 – 5 – 1 – 2.
C - 2 – 3 – 1 – 4 – 5.
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º D - 1 – 4 – 2 – 3 – 5.
da Independência e 102º da República. E - 3 – 2 – 1 – 4 – 5.

FERNANDO COLLOR 02. (Prefeitura de Porto Alegre/RS-


Alceni Guerra Técnico em Enfermagem –
FUNDATEC/2022) De acordo com a Lei
Questões Federal nº 8.080/1990, são integrados ao
SUS os serviços de saúde dos hospitais
01. (Prefeitura de Esteio/RS – Agente universitários e de ensino através de um
de Combate às Endemias – instrumento legal específico, que está
FUNDATEC/2022) A Lei nº 8.080/1990 corretamente descrito na alternativa:
regula, em todo território nacional, as A - Convênio.
ações e serviços de saúde no âmbito B - Termo de parceria.
público e/ou privado, operacionalizando o C - Termo de cooperação.
Sistema Único de Saúde (SUS). Dispõe D - Contrato.
em seu Art. 198 da Constituição Federal de E - Consórcio.
princípios e diretrizes que devem ser
respeitados em qualquer esfera de 03. (SES/RS- Biomédico –
assistência. Relacione a Coluna 1 à Coluna FAURGS/2022) Assinale a alternativa
2, referentes aos princípios do SUS e seus correta em relação ao Subsistema de
conceitos. Atenção à Saúde Indígena estatuído na Lei
Federal nº 8.080/1990.
Coluna 1 A - Cabe aos Estados, com seus
1. Universalidade. recursos próprios, financiar o Subsistema
2. Integralidade. de Atenção à Saúde Indígena.
3. Igualdade. B - Os Estados, os Municípios e outras
4. Descentralização. instituições governamentais e não-

24
Legislação

governamentais poderão atuar 05. (Prefeitura Bela Vista/MG –


preponderantemente no custeio e execução Agente de Combate a Endemias –
das ações. FCM/2021) É correto afirmar que a
C - As populações indígenas devem ter assistência à saúde, sem preconceitos ou
acesso garantido ao SUS, em âmbito local, privilégios de qualquer espécie e prevista
regional e de centros especializados, de na Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990,
acordo com suas necessidades, obedece ao princípio da
compreendendo a atenção primária, A - igualdade.
secundária e terciária à saúde. B - integralidade.
D - A critério discricionário da C - universalidade.
autoridade competente, poderá ser levada D - participação da comunidade.
em consideração a realidade local e as
especificidades da cultura dos povos Alternativas
indígenas para a configuração do respectivo 01.C – 02.A – 03.C – 04.D - 05.A
modelo de atenção à saúde.
E - O Subsistema de Atenção à Saúde
Norma Operacional Básica do Sistema
Indígena deverá ser, como o SUS,
Único de Saúde - NOB-SUS/1996.
centralizado, horizontalizado e
nacionalizado.
Norma Operacional Básica do
04. (SES/RS – Físico – FAURGS/2022)
Assinale a alternativa correta em relação às
Sistema Único de Saúde - NOB-
normas previstas na Lei Federal nº SUS de 1996
8.080/90.
A - Os recursos financeiros do Sistema 1. INTRODUÇÃO3
Único de Saúde (SUS) serão depositados Os ideais históricos de civilidade, no
em conta geral, em cada esfera de sua âmbito da saúde, consolidados na
atuação, e movimentados sob deliberação Constituição de 1988, concretizam-se, na
dos respectivos Conselhos de Saúde. vivência cotidiana do povo brasileiro, por
B - Na esfera federal, os recursos intermédio de um crescente entendimento
financeiros originários do Orçamento da e incorporação de seus princípios
Seguridade Social são administrados pelo ideológicos e doutrinários, como, também,
Ministério da Economia, através do pelo exercício de seus princípios
orçamento geral da União. organizacionais.
C - O processo de planejamento e Esses ideais foram transformados, na
orçamento do Sistema Único de Saúde Carta Magna, em direito à saúde, o que
(SUS) é descendente do nível federal até o significa que cada um e todos os
local. brasileiros devem construir e usufruir de
D - O processo de planejamento e políticas públicas - econômicas e sociais -
orçamento do Sistema Único de Saúde que reduzam riscos e agravos à saúde. Esse
(SUS) é ascendente, do nível local até o direito significa, igualmente, o acesso
federal. universal (para todos) e equânime (com
E - As receitas geradas no âmbito do justa igualdade) a serviços e ações de
Sistema Único de Saúde (SUS) são promoção, proteção e recuperação da
creditadas diretamente no caixa único da saúde (atendimento integral).
esfera de poder onde forem arrecadadas. A partir da nova Constituição da
República, várias iniciativas
institucionais, legais e comunitárias foram
criando as condições de viabilização plena
3
https://conselho.saude.gov.br/legislacao/nobsus96.htm

25
Legislação

do direito à saúde. Destacam-se, neste Busca-se, dessa forma, a plena


sentido, no âmbito jurídico institucional, responsabilidade do poder público
as chamadas Leis Orgânicas da Saúde (Nº. municipal. Assim, esse poder se
8.080/90 e 8.142/90), o Decreto responsabiliza como também pode ser
Nº.99.438/90 e as Normas Operacionais responsabilizado, ainda que não
Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993. isoladamente. Os poderes públicos
Com a Lei Nº 8.080/90, fica estadual e federal são sempre co-
regulamentado o Sistema Único de Saúde responsáveis, na respectiva competência
- SUS, estabelecido pela Constituição ou na ausência da função municipal (inciso
Federal de 1988, que agrega todos os II do Artigo 23, da Constituição Federal).
serviços estatais - das esferas federal, Essa responsabilidade, no entanto, não
estadual e municipal - e os serviços exclui o papel da família, da comunidade e
privados (desde que contratados ou dos próprios indivíduos, na promoção,
conveniados) e que é responsabilizado, proteção e recuperação da saúde.
ainda que sem exclusividade, pela Isso implica aperfeiçoar a gestão dos
concretização dos princípios serviços de saúde no país e a própria
constitucionais. organização do Sistema, visto que o
As Normas Operacionais Básicas, por município passa a ser, de fato, o
sua vez, a partir da avaliação do estágio de responsável imediato pelo atendimento
implantação e desempenho do SUS, se das necessidades e demandas de saúde do
voltam, mais direta e imediatamente, para seu povo e das exigências de intervenções
a definição de estratégias e movimentos saneadoras em seu território.
táticos, que orientam a operacionalidade Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão
deste Sistema. do SUS, esta NOB aponta para uma
reordenação do modelo de atenção à
2. FINALIDADE saúde, na medida em que redefine:
A presente Norma Operacional Básica - os papéis de cada esfera de governo e,
tem por finalidade primordial promover e em especial, no tocante à direção única;
consolidar o pleno exercício, por parte do - os instrumentos gerenciais para que
poder público municipal e do Distrito municípios e estados superem o papel
Federal, da função de gestor da atenção à exclusivo de prestadores de serviços e
saúde dos seus munícipes (Artigo 30, assumam seus respectivos papéis de
incisos V e VII, e Artigo 32, Parágrafo 1º, gestores do SUS;
da Constituição Federal), com a - os mecanismos e fluxos de
conseqüente redefinição das financiamento, reduzindo progressiva e
responsabilidades dos Estados, do Distrito continuamente a remuneração por
Federal e da União, avançando na produção de serviços e ampliando as
consolidação dos princípios do SUS. transferências de caráter global, fundo a
Esse exercício, viabilizado com a fundo, com base em programações
imprescindível cooperação técnica e ascendentes, pactuadas e integradas;
financeira dos poderes públicos estadual e - a prática do acompanhamento,
federal, compreende, portanto, não só a controle e avaliação no SUS, superando os
responsabilidade por algum tipo de mecanismos tradicionais, centrados no
prestação de serviços de saúde (Artigo 30, faturamento de serviços produzidos, e
inciso VII), como, da mesma forma, a valorizando os resultados advindos de
responsabilidade pela gestão de um programações com critérios
sistema que atenda, com integralidade, à epidemiológicos e desempenho com
demanda das pessoas pela assistência à qualidade;
saúde e às exigências sanitárias ambientais - os vínculos dos serviços com os seus
(Artigo 30, inciso V). usuários, privilegiando os núcleos

26
Legislação

familiares e comunitários, criando, assim, priorizado o caráter preventivo.


condições para uma efetiva participação e É importante assinalar que existem, da
controle social. mesma forma, conjuntos de ações que
configuram campos clássicos de
3. CAMPOS DA ATENÇÃO À atividades na área da saúde pública,
SAÚDE constituídos por uma agregação
A atenção à saúde, que encerra todo o simultânea de ações próprias do campo da
conjunto de ações levadas a efeito pelo assistência e de algumas próprias do
SUS, em todos os níveis de governo, para campo das intervenções ambientais, de
o atendimento das demandas pessoais e que são partes importantes as atividades de
das exigências ambientais, compreende vigilância epidemiológica e de vigilância
três grandes campos, a saber: sanitária.
- o da assistência, em que as atividades
são dirigidas às pessoas, individual ou 4. SISTEMA DE SAÚDE
coletivamente, e que é prestada no âmbito MUNICIPAL
ambulatorial e hospitalar, bem como em A totalidade das ações e de serviços de
outros espaços, especialmente no atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve
domiciliar; ser desenvolvida em um conjunto de
- o das intervenções ambientais, no seu estabelecimentos, organizados em rede
sentido mais amplo, incluindo as relações regionalizada e hierarquizada, e
e as condições sanitárias nos ambientes de disciplinados segundo subsistemas, um
vida e de trabalho, o controle de vetores e para cada município Ä o SUS-Municipal
hospedeiros e a operação de sistemas de Ä voltado ao atendimento integral de sua
saneamento ambiental (mediante o pacto própria população e inserido de forma
de interesses, as normalizações, as indissociável no SUS, em suas
fiscalizações e outros); e abrangências estadual e nacional.
- o das políticas externas ao setor saúde, Os estabelecimentos desse subsistema
que interferem nos determinantes sociais municipal, do SUS-Municipal, não
do processo saúde-doença das precisam ser, obrigatoriamente, de
coletividades, de que são partes propriedade da prefeitura, nem precisam
importantes questões relativas às políticas ter sede no território do município. Suas
macroeconômicas, ao emprego, à ações, desenvolvidas pelas unidades
habitação, à educação, ao lazer e à estatais (próprias, estaduais ou federais) ou
disponibilidade e qualidade dos alimentos. privadas (contratadas ou conveniadas,
com prioridade para as entidades
Convém ressaltar que as ações de filantrópicas), têm que estar organizadas e
política setorial em saúde, bem como as coordenadas, de modo que o gestor
administrativas - planejamento, comando municipal possa garantir à população o
e controle - são inerentes e integrantes do acesso aos serviços e a disponibilidade das
contexto daquelas envolvidas na ações e dos meios para o atendimento
assistência e nas intervenções ambientais. integral.
Ações de comunicação e de educação Isso significa dizer que,
também compõem, obrigatória e independentemente da gerência dos
permanentemente, a atenção à saúde. estabelecimentos prestadores de serviços
Nos três campos referidos, enquadra- ser estatal ou privada, a gestão de todo o
se, então, todo o espectro de ações sistema municipal é, necessariamente, da
compreendidas nos chamados níveis de competência do poder público e exclusiva
atenção à saúde, representados pela desta esfera de governo, respeitadas as
promoção, pela proteção e pela atribuições do respectivo Conselho e de
recuperação, nos quais deve ser sempre outras diferentes instâncias de poder.

27
Legislação

Assim, nesta NOB gerência é conceituada pelos estados e pelos municípios, na


como sendo a administração de uma construção de uma gestão plena.
unidade ou órgão de saúde (ambulatório, Já a redefinição dos papéis dos gestores
hospital, instituto, fundação etc.), que se estadual e federal, consoante a finalidade
caracteriza como prestador de serviços ao desta Norma Operacional, é, portanto,
Sistema. Por sua vez, gestão é a atividade fundamental para que possam exercer as
e a responsabilidade de dirigir um sistema suas competências específicas de gestão e
de saúde (municipal, estadual ou prestar a devida cooperação técnica e
nacional), mediante o exercício de funções financeira aos municípios.
de coordenação, articulação, negociação, O poder público estadual tem, então,
planejamento, acompanhamento, controle, como uma de suas responsabilidades
avaliação e auditoria. São, portanto, nucleares, mediar a relação entre os
gestores do SUS os Secretários Municipais sistemas municipais; o federal de mediar
e Estaduais de Saúde e o Ministro da entre os sistemas estaduais. Entretanto,
Saúde, que representam, respectivamente, quando ou enquanto um município não
os governos municipais, estaduais e assumir a gestão do sistema municipal, é o
federal. Estado que responde, provisoriamente,
A criação e o funcionamento desse pela gestão de um conjunto de serviços
sistema municipal possibilitam uma capaz de dar atenção integral àquela
grande responsabilização dos municípios, população que necessita de um sistema
no que se refere à saúde de todos os que lhe é próprio.
residentes em seu território. No entanto, As instâncias básicas para a
possibilitam, também, um elevado risco de viabilização desses propósitos
atomização desordenada dessas partes do integradores e harmonizadores são os
SUS, permitindo que um sistema fóruns de negociação, integrados pelos
municipal se desenvolva em detrimento de gestores municipal, estadual e federal - a
outro, ameaçando, até mesmo, a unicidade Comissão Intergestores Tripartite (CIT) -
do SUS. Há que se integrar, harmonizar e e pelos gestores estadual e municipal - a
modernizar, com eqüidade, os sistemas Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
municipais. Por meio dessas instâncias e dos
A realidade objetiva do poder público, Conselhos de Saúde, são viabilizados os
nos municípios brasileiros, é muito princípios de unicidade e de eqüidade.
diferenciada, caracterizando diferentes Nas CIB e CIT são apreciadas as
modelos de organização, de diversificação composições dos sistemas municipais de
de atividades, de disponibilidade de saúde, bem assim pactuadas as
recursos e de capacitação gerencial, o que, programações entre gestores e integradas
necessariamente, configura modelos entre as esferas de governo. Da mesma
distintos de gestão. forma, são pactuados os tetos financeiros
O caráter diferenciado do modelo de possíveis - dentro das disponibilidades
gestão é transitório, vez que todo e orçamentárias conjunturais - oriundos dos
qualquer município pode ter uma gestão recursos das três esferas de governo,
plenamente desenvolvida, levando em capazes de viabilizar a atenção às
conta que o poder constituído, neste nível, necessidades assistenciais e às exigências
tem uma capacidade de gestão ambientais. O pacto e a integração das
intrinsecamente igual e os seus segmentos programações constituem,
populacionais dispõem dos mesmos fundamentalmente, a conseqüência prática
direitos. da relação entre os gestores do SUS.
A operacionalização das condições de A composição dos sistemas municipais
gestão, propostas por esta NOB, considera e a ratificação dessas programações, nos
e valoriza os vários estágios já alcançados Conselhos de Saúde respectivos, permitem

28
Legislação

a construção de redes regionais que, cabendo, ao gestor estadual, a decisão


certamente, ampliam o acesso, com sobre problemas surgidos na execução das
qualidade e menor custo. Essa dinâmica políticas aprovadas. No caso de recurso,
contribui para que seja evitado um este deve ser apresentado ao Conselho
processo acumulativo injusto, por parte de Estadual de Saúde (CES).
alguns municípios (quer por maior Outro aspecto importante a ser
disponibilidade tecnológica, quer por mais ressaltado é que a gerência (comando) dos
recursos financeiros ou de informação), estabelecimentos ou órgãos de saúde de
com a conseqüente espoliação crescente um município é da pessoa jurídica que
de outros. opera o serviço, sejam estes estatais
As tarefas de harmonização, de (federal, estadual ou municipal) ou
integração e de modernização dos sistemas privados. Assim, a relação desse gerente
municipais, realizadas com a devida deve ocorrer somente com o gestor do
eqüidade (admitido o princípio da município onde o seu estabelecimento está
discriminação positiva, no sentido da sediado, seja para atender a população
busca da justiça, quando do exercício do local, seja para atender a referenciada de
papel redistributivo), competem, portanto, outros municípios.
por especial, ao poder público estadual. Ao O gestor do sistema municipal é
federal, incumbe promovê-las entre as responsável pelo controle, pela avaliação e
Unidades da Federação. pela auditoria dos prestadores de serviços
O desempenho de todos esses papéis é de saúde (estatais ou privados) situados em
condição para a consolidação da direção seu município. No entanto, quando um
única do SUS, em cada esfera de governo, gestor municipal julgar necessário uma
para a efetivação e a permanente revisão avaliação específica ou auditagem de uma
do processo de descentralização e para a entidade que lhe presta serviços,
organização de redes regionais de serviços localizada em outro município, recorre ao
hierarquizados. gestor estadual.
Em função dessas peculiaridades, o
5. RELAÇÕES ENTRE OS pagamento final a um estabelecimento
SISTEMAS MUNICIPAIS pela prestação de serviços requeridos na
Os sistemas municipais de saúde localidade ou encaminhados de outro
apresentam níveis diferentes de município é sempre feito pelo poder
complexidade, sendo comum público do município sede do
estabelecimentos ou órgãos de saúde de estabelecimento.
um município atenderem usuários Os recursos destinados ao pagamento
encaminhados por outro. Em vista disso, das diversas ações de atenção à saúde
quando o serviço requerido para o prestadas entre municípios são alocados,
atendimento da população estiver previamente, pelo gestor que demanda
localizado em outro município, as esses serviços, ao município sede do
negociações para tanto devem ser prestador. Este município incorpora os
efetivadas exclusivamente entre os recursos ao seu teto financeiro. A
gestores municipais. orçamentação é feita com base na
Essa relação, mediada pelo estado, tem programação pactuada e integrada entre
como instrumento de garantia a gestores, que, conforme já referido, é
programação pactuada e integrada na CIB mediada pelo estado e aprovada na CIB
regional ou estadual e submetida ao regional e estadual e no respectivo
Conselho de Saúde correspondente. A Conselho de Saúde.
discussão de eventuais impasses, relativos Quando um município, que demanda
à sua operacionalização, deve ser realizada serviços a outro, ampliar a sua própria
também no âmbito dessa Comissão, capacidade resolutiva, pode requerer, ao

29
Legislação

gestor estadual, que a parte de recursos esferas de governo e são sumariamente


alocados no município vizinho seja caracterizados como de:
realocada para o seu município. - informação informatizada;
Esses mecanismos conferem um caráter - financiamento;
dinâmico e permanente ao processo de - programação, acompanhamento,
negociação da programação integrada, em controle e avaliação;
particular quanto à referência - apropriação de custos e avaliação
intermunicipal. econômica;
- desenvolvimento de recursos
6. PAPEL DO GESTOR humanos;
ESTADUAL - desenvolvimento e apropriação de
São identificados quatro papéis básicos ciência e tecnologias; e
para o estado, os quais não são, - comunicação social e educação em
necessariamente, exclusivos e seqüenciais. saúde.
A explicitação a seguir apresentada tem
por finalidade permitir o entendimento da O desenvolvimento desses sistemas, no
função estratégica perseguida para a âmbito estadual, depende do pleno
gestão neste nível de Governo. funcionamento do CES e da CIB, nos
O primeiro desses papéis é exercer a quais se viabilizam a negociação e o pacto
gestão do SUS, no âmbito estadual. com os diversos atores envolvidos.
O segundo papel é promover as Depende, igualmente, da ratificação das
condições e incentivar o poder municipal programações e decisões relativas aos
para que assuma a gestão da atenção a tópicos a seguir especificados:
saúde de seus munícipes, sempre na - plano estadual de saúde, contendo as
perspectiva da atenção integral. estratégias, as prioridades e as respectivas
O terceiro é assumir, em caráter metas de ações e serviços resultantes,
transitório (o que não significa caráter sobretudo, da integração das
complementar ou concorrente), a gestão da programações dos sistemas municipais;
atenção à saúde daquelas populações - estruturação e operacionalização do
pertencentes a municípios que ainda não componente estadual do Sistema Nacional
tomaram para si esta responsabilidade. de Auditoria;
As necessidades reais não atendidas são - estruturação e operacionalização dos
sempre a força motriz para exercer esse sistemas de processamento de dados, de
papel, no entanto, é necessário um esforço informação epidemiológica, de produção
do gestor estadual para superar tendências de serviços e de insumos críticos;
históricas de complementar a - estruturação e operacionalização dos
responsabilidade do município ou sistemas de vigilância epidemiológica, de
concorrer com esta função, o que exige o vigilância sanitária e de vigilância
pleno exercício do segundo papel. alimentar e nutricional;
Finalmente, o quarto, o mais importante - estruturação e operacionalização dos
e permanente papel do estado é ser o sistemas de recursos humanos e de ciência
promotor da harmonização, da integração e tecnologia;
e da modernização dos sistemas - elaboração do componente estadual de
municipais, compondo, assim, o SUS- programações de abrangência nacional,
Estadual. relativas a agravos que constituam riscos
de disseminação para além do seu limite
O exercício desse papel pelo gestor territorial;
requer a configuração de sistemas de apoio - elaboração do componente estadual da
logístico e de atuação estratégica que rede de laboratórios de saúde pública;
envolvem responsabilidades nas três - estruturação e operacionalização do

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Legislação

componente estadual de assistência - apropriação de custos e avaliação


farmacêutica; econômica;
- responsabilidade estadual no tocante à - desenvolvimento de recursos
prestação de serviços ambulatoriais e humanos;
hospitalares de alto custo, ao tratamento - desenvolvimento e apropriação de
fora do domicílio e à disponibilidade de ciência e tecnologias; e
medicamentos e insumos especiais, sem - comunicação social e educação em
prejuízo das competências dos sistemas saúde.
municipais;
- definição e operação das políticas de O desenvolvimento desses sistemas
sangue e hemoderivados; e depende, igualmente, da viabilização de
- manutenção de quadros técnicos negociações com os diversos atores
permanentes e compatíveis com o envolvidos e da ratificação das
exercício do papel de gestor estadual; programações e decisões, o que ocorre
- implementação de mecanismos mediante o pleno funcionamento do
visando a integração das políticas e das Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da
ações de relevância para a saúde da CIT.
população, de que são exemplos aquelas
relativas a saneamento, recursos hídricos, Depende, além disso, do
habitação e meio ambiente. redimensionamento da direção nacional do
Sistema, tanto em termos da estrutura,
7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL quanto de agilidade e de integração, como
No que respeita ao gestor federal, são no que se refere às estratégias, aos
identificados quatro papéis básicos, quais mecanismos e aos instrumentos de
sejam: articulação com os demais níveis de
- exercer a gestão do SUS, no âmbito gestão, destacando-se:
nacional; - a elaboração do Plano Nacional de
- promover as condições e incentivar o Saúde, contendo as estratégias, as
gestor estadual com vistas ao prioridades nacionais e as metas da
desenvolvimento dos sistemas municipais, programação integrada nacional,
de modo a conformar o SUS-Estadual; resultante, sobretudo, das programações
- fomentar a harmonização, a estaduais e dos demais órgãos
integração e a modernização dos sistemas governamentais, que atuam na prestação
estaduais compondo, assim, o SUS- de serviços, no setor saúde;
Nacional; e - a viabilização de processo permanente
- exercer as funções de normalização e de articulação das políticas externas ao
de coordenação no que se refere à gestão setor, em especial com os órgãos que
nacional do SUS. detém, no seu conjunto de atribuições, a
responsabilidade por ações atinentes aos
Da mesma forma que no âmbito determinantes sociais do processo saúde-
estadual, o exercício dos papéis do gestor doença das coletividades;
federal requer a configuração de sistemas - o aperfeiçoamento das normas
de apoio logístico e de atuação estratégica, consubstanciadas em diferentes
que consolidam os sistemas estaduais e instrumentos legais, que regulamentam,
propiciam, ao SUS, maior eficiência com atualmente, as transferências automáticas
qualidade, quais sejam: de recursos financeiros, bem como as
- informação informatizada; modalidades de prestação de contas;
- financiamento; - a definição e a explicitação dos fluxos
- programação, acompanhamento, financeiros próprios do SUS, frente aos
controle e avaliação; órgãos governamentais de controle interno

31
Legislação

e externo e aos Conselhos de Saúde, com disponibilidade de medicamentos e


ênfase na diferenciação entre as insumos especiais;
transferências automáticas a estados e - a reorientação e a implementação dos
municípios com função gestora; sistemas de vigilância epidemiológica, de
- a criação e a consolidação de critérios vigilância sanitária, de vigilância
e mecanismos de alocação de recursos alimentar e nutricional, bem como o
federais e estaduais para investimento, redimensionamento das atividades
fundados em prioridades definidas pelas relativas à saúde do trabalhador e às de
programações e pelas estratégias das execução da vigilância sanitária de portos,
políticas de reorientação do Sistema; aeroportos e fronteiras;
- a transformação nos mecanismos de - a reorientação e a implementação dos
financiamento federal das ações, com o diversos sistemas de informações
respectivo desenvolvimento de novas epidemiológicas, bem assim de produção
formas de informatização, compatíveis à de serviços e de insumos críticos;
natureza dos grupos de ações, - a reorientação e a implementação do
especialmente as básicas, de serviços sistema de redes de laboratórios de
complementares e de procedimentos de referência para o controle da qualidade,
alta e média complexidade, estimulando o para a vigilância sanitária e para a
uso dos mesmos pelos gestores estaduais e vigilância epidemiológica;
municipais; - a reorientação e a implementação da
- o desenvolvimento de sistemáticas de política nacional de assistência
transferência de recursos vinculada ao farmacêutica;
fornecimento regular, oportuno e - o apoio e a cooperação a estados e
suficiente de informações específicas, e municípios para a implementação de ações
que agreguem o conjunto de ações e voltadas ao controle de agravos, que
serviços de atenção à saúde, relativo a constituam risco de disseminação
grupos prioritários de eventos vitais ou nacional;
nosológicos; - a promoção da atenção à saúde das
- a adoção, como referência mínima, populações indígenas, realizando, para
das tabelas nacionais de valores do SUS, tanto, as articulações necessárias, intra e
bem assim a flexibilização do seu uso intersetorial;
diferenciado pelos gestores estaduais e - a elaboração de programação
municipais, segundo prioridades locais e nacional, pactuada com os estados,
ou regionais; relativa à execução de ações específicas
- o incentivo aos gestores estadual e voltadas ao controle de vetores
municipal ao pleno exercício das funções responsáveis pela transmissão de doenças,
de controle, avaliação e auditoria, que constituem risco de disseminação
mediante o desenvolvimento e a regional ou nacional, e que exijam a
implementação de instrumentos eventual intervenção do poder federal;
operacionais, para o uso das esferas - a identificação dos serviços estaduais
gestoras e para a construção efetiva do e municipais de referência nacional, com
Sistema Nacional de Auditoria; vistas ao estabelecimento dos padrões
- o desenvolvimento de atividades de técnicos da assistência à saúde;
educação e de comunicação social; - a estimulação, a indução e a
- o incremento da capacidade coordenação do desenvolvimento
reguladora da direção nacional do SUS, científico e tecnológico no campo da
em relação aos sistemas complementares saúde, mediante interlocução crítica das
de prestação de serviços ambulatoriais e inovações científicas e tecnológicas, por
hospitalares de alto custo, de tratamento meio da articulação intra e intersetorial;
fora do domicílio, bem assim de - a participação na formulação da

32
Legislação

política e na execução das ações de 9. BASES PARA UM NOVO


saneamento básico. MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE
A composição harmônica, integrada e
8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO modernizada do SUS visa,
A direção do Sistema Único de Saúde fundamentalmente, atingir a dois
(SUS), em cada esfera de governo, é propósitos essenciais à concretização dos
composta pelo órgão setorial do poder ideais constitucionais e, portanto, do
executivo e pelo respectivo Conselho de direito à saúde, que são:
Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e - a consolidação de vínculos entre
Nº 8.142/1990. diferentes segmentos sociais e o SUS; e
O processo de articulação entre os - a criação de condições elementares e
gestores, nos diferentes níveis do Sistema, fundamentais para a eficiência e a eficácia
ocorre, preferencialmente, em dois gerenciais, com qualidade.
colegiados de negociação: a Comissão
Intergestores Tripartite (CIT) e a O primeiro propósito é possível porque,
Comissão Intergestores Bipartite (CIB). com a nova formulação dos sistemas
A CIT é composta, paritariamente, por municipais, tanto os segmentos sociais,
representação do Ministério da Saúde minimamente agregados entre si com
(MS), do Conselho Nacional de sentimento comunitário - os munícipes - ,
Secretários Estaduais de Saúde quanto a instância de poder político-
(CONASS) e do Conselho Nacional de administrativo, historicamente
Secretários Municipais de Saúde reconhecida e legitimada - o poder
(CONASEMS). municipal - apropriam-se de um conjunto
A CIB, composta igualmente de forma de serviços bem definido, capaz de
paritária, é integrada por representação da desenvolver uma programação de
Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do atividades publicamente pactuada. Com
Conselho Estadual de Secretários isso, fica bem caracterizado o gestor
Municipais de Saúde (COSEMS) ou órgão responsável; as atividades são gerenciadas
equivalente. Um dos representantes dos por pessoas perfeitamente identificáveis; e
municípios é o Secretário de Saúde da os resultados mais facilmente usufruídos
Capital. A Bipartite pode operar com pela população.
subcomissões regionais. O conjunto desses elementos propicia
As conclusões das negociações uma nova condição de participação com
pactuadas na CIT e na CIB são vínculo, mais criativa e realizadora para as
formalizadas em ato próprio do gestor pessoas, e que acontece não-somente nas
respectivo. Aquelas referentes a matérias instâncias colegiadas formais -
de competência dos Conselhos de Saúde, conferências e conselhos - mas em outros
definidas por força da Lei Orgânica, desta espaços constituídos por atividades
NOB ou de resolução específica dos sistemáticas e permanentes, inclusive
respectivos Conselhos são submetidas dentro dos próprios serviços de
previamente a estes para aprovação. As atendimento.
demais resoluções devem ser Cada sistema municipal deve
encaminhadas, no prazo máximo de 15 materializar, de forma efetiva, a
dias decorridos de sua publicação, para vinculação aqui explicitada. Um dos
conhecimento, avaliação e eventual meios, certamente, é a instituição do cartão
recurso da parte que se julgar prejudicada, SUS-MUNICIPAL, com numeração
inclusive no que se refere à habilitação dos nacional, de modo a identificar o cidadão
estados e municípios às condições de com o seu sistema e agregá-lo ao sistema
gestão desta Norma. nacional. Essa numeração possibilita uma
melhor referência intermunicipal e garante

33
Legislação

o atendimento de urgência por qualquer racionalidade na alocação de recursos em


serviço de saúde, estatal ou privado, em face às necessidades.
todo o País. A regulamentação desse Assim, tendo como referência os
mecanismo de vinculação será objeto de propósitos anteriormente explicitados, a
discussão e aprovação pelas instâncias presente Norma Operacional Básica
colegiadas competentes, com conseqüente constitui um importante mecanismo
formalização por ato do MS. indutor da conformação de um novo
modelo de atenção à saúde, na medida em
O segundo propósito é factível, na que disciplina o processo de organização
medida em que estão perfeitamente da gestão desta atenção, com ênfase na
identificados os elementos críticos consolidação da direção única em cada
essenciais a uma gestão eficiente e a uma esfera de governo e na construção da rede
produção eficaz, a saber: regionalizada e hierarquizada de serviços.
- a clientela que, direta e Essencialmente, o novo modelo de
imediatamente, usufrui dos serviços; atenção deve resultar na ampliação do
- o conjunto organizado dos enfoque do modelo atual, alcançando-se,
estabelecimentos produtores desses assim, a efetiva integralidade das ações.
serviços; e Essa ampliação é representada pela
- a programação pactuada, com a incorporação, ao modelo clínico
correspondente orçamentação dominante (centrado na doença), do
participativa. modelo epidemiológico, o qual requer o
estabelecimento de vínculos e processos
Os elementos, acima apresentados, mais abrangentes.
contribuem para um gerenciamento que O modelo vigente, que concentra sua
conduz à obtenção de resultados efetivos, atenção no caso clínico, na relação
a despeito da indisponibilidade de individualizada entre o profissional e o
estímulos de um mercado consumidor paciente, na intervenção terapêutica
espontâneo. Conta, no entanto, com armada (cirúrgica ou medicamentosa)
estímulos agregados, decorrentes de um específica, deve ser associado,
processo de gerenciamento participativo e, enriquecido, transformado em um modelo
sobretudo, da concreta possibilidade de de atenção centrado na qualidade de vida
comparação com realidades muito das pessoas e do seu meio ambiente, bem
próximas, representadas pelos resultados como na relação da equipe de saúde com a
obtidos nos sistemas vizinhos. comunidade, especialmente, com os seus
A ameaça da ocorrência de gastos núcleos sociais primários – as famílias.
exagerados, em decorrência de um Essa prática, inclusive, favorece e
processo de incorporação tecnológica impulsiona as mudanças globais,
acrítico e desregulado, é um risco que pode intersetoriais.
ser minimizado pela radicalização na O enfoque epidemiológico atende ao
reorganização do SUS: um Sistema regido compromisso da integralidade da atenção,
pelo interesse público e balizado, por um ao incorporar, como objeto das ações, a
lado, pela exigência da universalização e pessoa, o meio ambiente e os
integralidade com eqüidade e, por outro, comportamentos interpessoais. Nessa
pela própria limitação de recursos, que circunstância, o método para
deve ser programaticamente respeitada. conhecimento da realidade complexa e
Esses dois balizamentos são objeto da para a realização da intervenção necessária
programação elaborada no âmbito fundamenta-se mais na síntese do que nas
municipal, e sujeita à ratificação que, análises, agregando, mais do que isolando,
negociada e pactuada nas instâncias diferentes fatores e variáveis.
estadual e federal, adquire a devida Os conhecimentos - resultantes de

34
Legislação

identificações e compreensões - que se recuperação da saúde.


faziam cada vez mais particularizados e
isolados (com grande sofisticação e 10.FINANCIAMENTO DAS
detalhamento analítico) devem AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
possibilitar, igualmente, um grande 10.1.Responsabilidades
esforço de visibilidade e entendimento O financiamento do SUS é de
integrador e globalizante, com o responsabilidade das três esferas de
aprimoramento dos processos de síntese, governo e cada uma deve assegurar o
sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos. aporte regular de recursos, ao respectivo
Além da ampliação do objeto e da fundo de saúde.
mudança no método, o modelo adota Conforme determina o Artigo 194 da
novas tecnologias, em que os processos de Constituição Federal, a Saúde integra a
educação e de comunicação social Seguridade Social, juntamente com a
constituem parte essencial em qualquer Previdência e a Assistência Social. No
nível ou ação, na medida em que permitem inciso VI do parágrafo único desse mesmo
a compreensão globalizadora a ser Artigo, está determinado que a Seguridade
perseguida, e fundamentam a negociação Social será organizada pelo poder público,
necessária à mudança e à associação de observada a "diversidade da base de
interesses conscientes. É importante, nesse financiamento".
âmbito, a valorização da informação Já o Artigo 195 determina que a
informatizada. Seguridade Social será financiada com
Além da ampliação do objeto, da recursos provenientes dos orçamentos da
mudança do método e da tecnologia União, dos Estados, do Distrito Federal e
predominantes, enfoque central deve ser dos Municípios, e de Contribuições
dado à questão da ética. O modelo vigente Sociais.
– assentado na lógica da clínica – baseia-
se, principalmente, na ética do médico, na 10.2. Fontes
qual a pessoa (o seu objeto) constitui o As principais fontes específicas da
foco nuclear da atenção. Seguridade Social incidem sobre a Folha
O novo modelo de atenção deve de Salários (Fonte 154), o Faturamento
perseguir a construção da ética do coletivo (Fonte 153 - COFINS) e o Lucro (Fonte
que incorpora e transcende a ética do 151 - Lucro Líquido).
individual. Dessa forma é incentivada a Até 1992, todas essas fontes
associação dos enfoques clínico e integravam o orçamento do Ministério da
epidemiológico. Isso exige, seguramente, Saúde e ainda havia aporte significativo de
de um lado, a transformação na relação fontes fiscais (Fonte 100 - Recursos
entre o usuário e os agentes do sistema de Ordinários, provenientes principalmente
saúde (restabelecendo o vínculo entre da receita de impostos e taxas). A partir de
quem presta o serviço e quem o recebe) e, 1993, deixou de ser repassada ao MS a
de outro, a intervenção ambiental, para que parcela da Contribuição sobre a Folha de
sejam modificados fatores determinantes Salários (Fonte 154, arrecadada pelo
da situação de saúde. Instituto Nacional de Seguridade Social -
Nessa nova relação, a pessoa é INSS).
estimulada a ser agente da sua própria Atualmente, as fontes que asseguram o
saúde e da saúde da comunidade que maior aporte de recursos ao MS são a
integra. Na intervenção ambiental, o SUS Contribuição sobre o Faturamento (Fonte
assume algumas ações específicas e busca 153 - COFINS) e a Contribuição sobre o
a articulação necessária com outros Lucro Líquido (Fonte 151), sendo que os
setores, visando a criação das condições aportes provenientes de Fontes Fiscais são
indispensáveis à promoção, à proteção e à destinados praticamente à cobertura de

35
Legislação

despesas com Pessoal e Encargos Sociais. pelo CES, até o valor estabelecido no
Dentro da previsibilidade de orçamento do Ministério, e executados de
Contribuições Sociais na esfera federal, no acordo com a legislação pertinente.
âmbito da Seguridade Social, uma fonte
específica para financiamento do SUS - a 10.4.Tetos financeiros dos Recursos
Contribuição Provisória sobre Federais
Movimentações Financeiras - está criada, Os recursos de custeio da esfera federal,
ainda que em caráter provisório. A solução destinados às ações e serviços de saúde,
definitiva depende de uma reforma configuram o Teto Financeiro Global
tributária que reveja esta e todas as demais (TFG), cujo valor, para cada estado e cada
bases tributárias e financeiras do Governo, município, é definido com base na PPI. O
da Seguridade e, portanto, da Saúde. teto financeiro do estado contém os tetos
Nas esferas estadual e municipal, além de todos os municípios, habilitados ou não
dos recursos oriundos do respectivo a qualquer uma das condições de gestão.
Tesouro, o financiamento do SUS conta O Teto Financeiro Global do Estado
com recursos transferidos pela União aos (TFGE) é constituído, para efeito desta
Estados e pela União e Estados aos NOB, pela soma dos Tetos Financeiros da
Municípios. Esses recursos devem ser Assistência (TFA), da Vigilância Sanitária
previstos no orçamento e identificados nos (TFVS) e da Epidemiologia e Controle de
fundos de saúde estadual e municipal Doenças (TFECD).
como receita operacional proveniente da O TFGE, definido com base na PPI, é
esfera federal e ou estadual e utilizados na submetido pela SES ao MS, após
execução de ações previstas nos negociação na CIB e aprovação pelo CES.
respectivos planos de saúde e na PPI. O valor final do teto e suas revisões são
fixados com base nas negociações
10.3.Transferências realizadas no âmbito da CIT - observadas
Intergovernamentais e Contrapartidas as reais disponibilidades financeiras do
As transferências, regulares ou MS - e formalizado em ato do Ministério.
eventuais, da União para estados, O Teto Financeiro Global do Município
municípios e Distrito Federal estão (TFGM), também definido consoante à
condicionadas à contrapartida destes programação integrada, é submetido pela
níveis de governo, em conformidade com SMS à SES, após aprovação pelo CMS. O
as normas legais vigentes (Lei de valor final desse Teto e suas revisões são
Diretrizes Orçamentárias e outras). fixados com base nas negociações
O reembolso das despesas, realizadas realizadas no âmbito da CIB - observados
em função de atendimentos prestados por os limites do TFGE - e formalizado em ato
unidades públicas a beneficiários de próprio do Secretário Estadual de Saúde.
planos privados de saúde, constitui fonte Todos os valores referentes a pisos,
adicional de recursos. Por isso, e tetos, frações, índices, bem como suas
consoante à legislação federal específica, revisões, são definidos com base na PPI,
estados e municípios devem viabilizar negociados nas Comissões Intergestores
estrutura e mecanismos operacionais para (CIB e CIT), formalizados em atos dos
a arrecadação desses recursos e a sua gestores estadual e federal e aprovados
destinação exclusiva aos respectivos previamente nos respectivos Conselhos
fundos de saúde. (CES e CNS).
Os recursos de investimento são As obrigações que vierem a ser
alocados pelo MS, mediante a assumidas pelo Ministério da Saúde,
apresentação pela SES da programação de decorrentes da implantação desta NOB e
prioridades de investimentos, que gerem aumento de despesa, serão
devidamente negociada na CIB e aprovada previamente discutidas com o Ministério

36
Legislação

do Planejamento e Orçamento e o institucional do órgão responsável pela


Ministério da Fazenda. execução destas atividades. Os órgãos
federais, estaduais e municipais, bem
11. PROGRAMAÇÃO, como os prestadores conveniados e
CONTROLE, AVALIAÇÃO E contratados têm suas ações expressas na
AUDITORIA programação do município em que estão
11.1. Programação Pactuada e localizados, na medida em que estão
Integrada - PPI subordinados ao gestor municipal.
11.1.1. A PPI envolve as atividades de 11.1.5. A União define normas,
assistência ambulatorial e hospitalar, de critérios, instrumentos e prazos, aprova a
vigilância sanitária e de epidemiologia e programação de ações sob seu controle -
controle de doenças, constituindo um inscritas na programação pelo estado e
instrumento essencial de reorganização do seus municípios - incorpora as ações sob
modelo de atenção e da gestão do SUS, de sua responsabilidade direta e aloca os
alocação dos recursos e de explicitação do recursos disponíveis, segundo os valores
pacto estabelecido entre as três esferas de apurados na programação e negociados na
governo. Essa Programação traduz as CIT, cujo resultado é deliberado pelo
responsabilidades de cada município com CNS.
a garantia de acesso da população aos 11.1.6.A elaboração da programação
serviços de saúde, quer pela oferta observa critérios e parâmetros definidos
existente no próprio município, quer pelo pelas Comissões Intergestores e aprovados
encaminhamento a outros municípios, pelos respectivos Conselhos. No tocante
sempre por intermédio de relações entre aos recursos de origem federal, os
gestores municipais, mediadas pelo gestor critérios, prazos e fluxos de elaboração da
estadual. programação integrada e de suas
11.1.2. O processo de elaboração da reprogramações periódicas ou
Programação Pactuada entre gestores e extraordinárias são fixados em ato
Integrada entre esferas de governo deve normativo do MS e traduzem as
respeitar a autonomia de cada gestor: o negociações efetuadas na CIT e as
município elabora sua própria deliberações do CNS.
programação, aprovando-a no CMS; o
estado harmoniza e compatibiliza as 11.2. Controle, Avaliação e Auditoria
programações municipais, incorporando 11.2.1. O cadastro de unidades
as ações sob sua responsabilidade direta, prestadoras de serviços de saúde (UPS),
mediante negociação na CIB, cujo completo e atualizado, é requisito básico
resultado é deliberado pelo CES. para programar a contratação de serviços
11.1.3. A elaboração da PPI deve se dar assistenciais e para realizar o controle da
num processo ascendente, de base regularidade dos faturamentos. Compete
municipal, configurando, também, as ao órgão gestor do SUS responsável pelo
responsabilidades do estado na busca relacionamento com cada UPS, seja
crescente da eqüidade, da qualidade da própria, contratada ou conveniada, a
atenção e na conformação da rede garantia da atualização permanente dos
regionalizada e hierarquizada de serviços. dados cadastrais, no banco de dados
11.1.4. A Programação observa os nacional.
princípios da integralidade das ações de
saúde e da direção única em cada nível de 11.2.2. Os bancos de dados nacionais,
governo, traduzindo todo o conjunto de cujas normas são definidas pelos órgãos do
atividades relacionadas a uma população MS, constituem instrumentos essenciais
específica e desenvolvidas num território ao exercício das funções de controle,
determinado, independente da vinculação avaliação e auditoria. Por conseguinte, os

37
Legislação

gestores municipais e estaduais do SUS 11.2.6. O processo de reorientação do


devem garantir a alimentação permanente modelo de atenção e de consolidação do
e regular desses bancos, de acordo com a SUS requer o aperfeiçoamento e a
relação de dados, informações e disseminação dos instrumentos e técnicas
cronogramas previamente estabelecidos de avaliação de resultados e do impacto
pelo MS e pelo CNS. das ações do Sistema sobre as condições
de saúde da população, priorizando o
11.2.3. As ações de auditoria analítica e enfoque epidemiológico e propiciando a
operacional constituem responsabilidades permanente seleção de prioridade de
das três esferas gestoras do SUS, o que intervenção e a reprogramação contínua da
exige a estruturação do respectivo órgão alocação de recursos. O acompanhamento
de controle, avaliação e auditoria, da execução das ações programadas é feito
incluindo a definição dos recursos e da permanentemente pelos gestores e
metodologia adequada de trabalho. É periodicamente pelos respectivos
função desse órgão definir, também, Conselhos de Saúde, com base em
instrumentos para a realização das informações sistematizadas, que devem
atividades, consolidar as informações possibilitar a avaliação qualitativa e
necessárias, analisar os resultados obtidos quantitativa destas ações. A avaliação do
em decorrência de suas ações, propor cumprimento das ações programadas em
medidas corretivas e interagir com outras cada nível de governo deve ser feita em
áreas da administração, visando o pleno Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de
exercício, pelo gestor, de suas atribuições, elaboração será apresentado pelo MS e
de acordo com a legislação que apreciado pela CIT e pelo CNS.
regulamenta o Sistema Nacional de
Auditoria no âmbito do SUS. 12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA
11.2.4. As ações de controle devem HOSPITALAR E AMBULATORIAL
priorizar os procedimentos técnicos e Os recursos de custeio da esfera federal
administrativos prévios à realização de destinados à assistência hospitalar e
serviços e à ordenação dos respectivos ambulatorial, conforme mencionado
pagamentos, com ênfase na garantia da anteriormente, configuram o TFA, e os
autorização de internações e seus valores podem ser executados
procedimentos ambulatoriais - tendo como segundo duas modalidades: Transferência
critério fundamental a necessidade dos Regular e Automática (Fundo a Fundo) e
usuários - e o rigoroso monitoramento da Remuneração por Serviços Produzidos.
regularidade e da fidedignidade dos
registros de produção e faturamento de 12.1. Transferência Regular e
serviços. Automática Fundo a Fundo
Consiste na transferência de valores
11.2.5. O exercício da função gestora diretamente do Fundo Nacional de Saúde
no SUS, em todos os níveis de governo, aos fundos estaduais e municipais,
exige a articulação permanente das ações independente de convênio ou instrumento
de programação, controle, avaliação e congênere, segundo as condições de
auditoria; a integração operacional das gestão estabelecidas nesta NOB. Esses
unidades organizacionais, que recursos podem corresponder a uma ou
desempenham estas atividades, no âmbito mais de uma das situações descritas a
de cada órgão gestor do Sistema; e a seguir.
apropriação dos seus resultados e a
identificação de prioridades, no processo 12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB)
de decisão política da alocação dos O PAB consiste em um montante de
recursos. recursos financeiros destinado ao custeio

38
Legislação

de procedimentos e ações de assistência com base em normas da direção nacional


básica, de responsabilidade tipicamente do SUS.
municipal. Esse Piso é definido pela a) Programa de Saúde da Família
multiplicação de um valor per capita (PSF):
nacional pela população de cada - acréscimo de 3% sobre o valor do
município (fornecida pelo IBGE), e PAB para cada 5% da população coberta,
transferido regular e automaticamente ao até atingir 60% da população total do
fundo de saúde ou conta especial dos município;
municípios e, transitoriamente, ao fundo - acréscimo de 5% para cada 5% da
estadual, conforme condições estipuladas população coberta entre 60% e 90% da
nesta NOB. As transferências do PAB aos população total do município; e
estados correspondem, exclusivamente, ao -acréscimo de 7% para cada 5% da
valor para cobertura da população população coberta entre 90% e 100% da
residente em municípios ainda não população total do município.
habilitados na forma desta Norma
Operacional. Esses acréscimos têm, como limite,
O elenco de procedimentos custeados 80% do valor do PAB original do
pelo PAB, assim como o valor per capita município.
nacional único - base de cálculo deste Piso
- são propostos pela CIT e votados no Programa de Agentes Comunitários de
CNS. Nessas definições deve ser Saúde (PACS):
observado o perfil de serviços disponíveis - acréscimo de 1% sobre o valor do
na maioria dos municípios, objetivando o PAB para cada 5% da população coberta
progressivo incremento desses serviços, até atingir 60% da população total do
até que a atenção integral à saúde esteja município;
plenamente organizada, em todo o País. O - acréscimo de 2% para cada 5% da
valor per capita nacional único é população coberta entre 60% e 90% da
reajustado com a mesma periodicidade, população total do município; e
tendo por base, no mínimo, o incremento - acréscimo de 3% para cada 5% da
médio da tabela de procedimentos do população coberta entre 90% e 100% da
Sistema de Informações Ambulatoriais do população total do município.
SUS (SIA/SUS).
A transferência total do PAB será Esses acréscimos têm, como limite,
suspensa no caso da não-alimentação, pela 30% do valor do PAB original do
SMS junto à SES, dos bancos de dados de município.
interesse nacional, por mais de dois meses c) Os percentuais não são cumulativos
consecutivos. quando a população coberta pelo PSF e
pelo PACS ou por estratégias similares for
12.1.2. Incentivo aos Programas de a mesma.
Saúde da Família (PSF) e de Agentes Os percentuais acima referidos são
Comunitários de Saúde (PACS) revistos quando do incremento do valor
Fica estabelecido um acréscimo per capita nacional único, utilizado para o
percentual ao montante do PAB, de acordo cálculo do PAB e do elenco de
com os critérios a seguir relacionados, procedimentos relacionados a este Piso.
sempre que estiverem atuando Essa revisão é proposta na CIT e votada no
integradamente à rede municipal, equipes CNS. Por ocasião da incorporação desses
de saúde da família, agentes comunitários acréscimos, o teto financeiro da assistência
de saúde, ou estratégias similares de do estado é renegociado na CIT e
garantia da integralidade da assistência, apreciado pelo CNS.
avaliadas pelo órgão do MS (SAS/MS) A ausência de informações que

39
Legislação

comprovem a produção mensal das 12.1.5. Teto Financeiro da Assistência


equipes, durante dois meses consecutivos do Estado (TFAE)
ou quatro alternados em um ano, acarreta É um montante que corresponde ao
a suspensão da transferência deste financiamento do conjunto das ações
acréscimo. assistenciais sob a responsabilidade da
SES. O TFAE corresponde ao TFA fixado
12.1.3. Fração Assistencial na CIT e formalizado em portaria do órgão
Especializada (FAE) competente do Ministério (SAS/MS).
É um montante que corresponde a Esses valores são transferidos, regular e
procedimentos ambulatoriais de média automaticamente, do Fundo Nacional ao
complexidade, medicamentos e insumos Fundo Estadual de Saúde, de acordo com
excepcionais, órteses e próteses as condições de gestão estabelecidas por
ambulatoriais e Tratamento Fora do esta NOB, deduzidos os valores
Domicílio (TFD), sob gestão do estado. comprometidos com as transferências
O órgão competente do MS formaliza, regulares e automáticas ao conjunto de
por portaria, esse elenco a partir de municípios do estado (PAB e TFAM).
negociação na CIT e que deve ser objeto
da programação integrada quanto a sua 12.1.6. Índice de Valorização de
oferta global no estado. Resultados (IVR)
A CIB explicita os quantitativos e Consiste na atribuição de valores
respectivos valores desses procedimentos, adicionais equivalentes a até 2% do teto
que integram os tetos financeiros da financeiro da assistência do estado,
assistência dos municípios em gestão transferidos, regular e automaticamente,
plena do sistema de saúde e os que do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de
permanecem sob gestão estadual. Neste Saúde, como incentivo à obtenção de
último, o valor programado da FAE é resultados de impacto positivo sobre as
transferido, regular e automaticamente, do condições de saúde da população, segundo
Fundo Nacional ao Fundo Estadual de critérios definidos pela CIT e fixados em
Saúde, conforme as condições de gestão portaria do órgão competente do
das SES definidas nesta NOB. Não Ministério (SAS/MS). Os recursos do IVR
integram o elenco de procedimentos podem ser transferidos pela SES às SMS,
cobertos pela FAE aqueles relativos ao conforme definição da CIB.
PAB e os definidos como de alto
custo/complexidade por portaria do órgão 12.2. Remuneração por Serviços
competente do Ministério (SAS/MS). Produzidos
Consiste no pagamento direto aos
12.1.4. Teto Financeiro da Assistência prestadores estatais ou privados
do Município (TFAM) contratados e conveniados, contra
É um montante que corresponde ao apresentação de faturas, referente a
financiamento do conjunto das ações serviços realizados conforme
assistenciais assumidas pela SMS. O programação e mediante prévia
TFAM é transferido, regular e autorização do gestor, segundo valores
automaticamente, do Fundo Nacional ao fixados em tabelas editadas pelo órgão
Fundo Municipal de Saúde, de acordo com competente do Ministério (SAS/MS).
as condições de gestão estabelecidas por Esses valores estão incluídos no TFA
esta NOB e destina-se ao custeio dos do estado e do município e são executados
serviços localizados no território do mediante ordenação de pagamento por
município (exceção feita àqueles parte do gestor. Para municípios e estados
eventualmente excluídos da gestão que recebem transferências de tetos da
municipal por negociação na CIB). assistência (TFAM e TFAE,

40
Legislação

respectivamente), conforme as condições 12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices


de gestão estabelecidas nesta NOB, os de Valorização
valores relativos à remuneração por O Fator de Incentivo ao
serviços produzidos estão incluídos nos Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa
tetos da assistência, definidos na CIB. em Saúde (FIDEPS) e o Índice de
A modalidade de pagamento direto, Valorização Hospitalar de Emergência
pelo gestor federal, a prestadores de (IVH-E), bem como outros fatores e ou
serviços ocorre apenas nas situações em índices que incidam sobre a remuneração
que não fazem parte das transferências por produção de serviços, eventualmente
regulares e automáticas fundo a fundo, estabelecidos, estão condicionados aos
conforme itens a seguir especificados. critérios definidos em nível federal e à
avaliação da CIB em cada Estado. Esses
12.2.1. Remuneração de Internações fatores e índices integram o teto financeiro
Hospitalares da assistência do município e do
Consiste no pagamento dos valores respectivo estado.
apurados por intermédio do Sistema de
Informações Hospitalares do SUS 13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE
(SIH/SUS), englobando o conjunto de VIGILÂNCIA SANITÁRIA
procedimentos realizados em regime de Os recursos da esfera federal destinados
internação, com base na Autorização de à vigilância sanitária configuram o Teto
Internação Hospitalar (AIH), documento Financeiro da Vigilância Sanitária (TFVS)
este de autorização e fatura de serviços. e os seus valores podem ser executados
segundo duas modalidades: Transferência
12.2.2. Remuneração de Procedimentos Regular e Automática Fundo a Fundo e
Ambulatoriais de Alto Custo/ Remuneração de Serviços Produzidos.
Complexidade
Consiste no pagamento dos valores 13.1. Transferência Regular e
apurados por intermédio do SIA/SUS, com Automática Fundo a Fundo
base na Autorização de Procedimentos de Consiste na transferência de valores
Alto Custo (APAC), documento este que diretamente do Fundo Nacional de Saúde
identifica cada paciente e assegura a prévia aos fundos estaduais e municipais,
autorização e o registro adequado dos independente de convênio ou instrumento
serviços que lhe foram prestados. congênere, segundo as condições de
Compreende procedimentos ambulatoriais gestão estabelecidas nesta NOB. Esses
integrantes do SIA/SUS definidos na CIT recursos podem corresponder a uma ou
e formalizados por portaria do órgão mais de uma das situações descritas a
competente do Ministério (SAS/MS). seguir.

12.2.3. Remuneração Transitória por 13.1.1. Piso Básico de Vigilância


Serviços Produzidos Sanitária (PBVS)
O MS é responsável pela remuneração Consiste em um montante de recursos
direta, por serviços produzidos, dos financeiros destinado ao custeio de
procedimentos relacionados ao PAB e à procedimentos e ações básicas da
FAE, enquanto houver municípios que não vigilância sanitária, de responsabilidade
estejam na condição de gestão semiplena tipicamente municipal. Esse Piso é
da NOB 01/93 ou nas condições de gestão definido pela multiplicação de um valor
municipal definidas nesta NOB naqueles per capita nacional pela população de cada
estados em condição de gestão município (fornecida pelo IBGE),
convencional. transferido, regular e automaticamente, ao
fundo de saúde ou conta especial dos

41
Legislação

municípios e, transitoriamente, dos apresentação de demonstrativo de


estados, conforme condições estipuladas atividades realizadas pela SES ao
nesta NOB. O PBVS somente será Ministério. Após negociação e aprovação
transferido a estados para cobertura da na CIT e prévia aprovação no CNS, e
população residente em municípios ainda observadas as condições estabelecidas
não habilitados na forma desta Norma nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de
Operacional. procedimentos do PDAVS e o valor de sua
O elenco de procedimentos custeados remuneração.
pelo PBVS, assim como o valor per capita
nacional único - base de cálculo deste Piso 13.2.2. Ações de Média e Alta
- , são definidos em negociação na CIT e Complexidade em Vigilância Sanitária
formalizados por portaria do órgão Consiste no pagamento direto às SES e
competente do Ministério (Secretaria de às SMS, pela execução de ações de média
Vigilância Sanitária - SVS/MS), e alta complexidade de competência
previamente aprovados no CNS. Nessa estadual e municipal contra a apresentação
definição deve ser observado o perfil de de demonstrativo de atividades realizadas
serviços disponíveis na maioria dos ao MS. Essas ações e o valor de sua
municípios, objetivando o progressivo remuneração são definidos em negociação
incremento das ações básicas de vigilância na CIT e formalizados em portaria do
sanitária em todo o País. Esses órgão competente do Ministério
procedimentos integram o Sistema de (SVS/MS), previamente aprovadas no
Informação de Vigilância Sanitária do CNS.
SUS (SIVS/SUS).
14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE
13.1.2. Índice de Valorização do EPIDEMIOLOGIA E DE CONTROLE
Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA) DE DOENÇAS
Consiste na atribuição de valores Os recursos da esfera federal destinados
adicionais equivalentes a até 2% do teto às ações de epidemiologia e controle de
financeiro da vigilância sanitária do doenças não contidas no elenco de
estado, a serem transferidos, regular e procedimentos do SIA/SUS e SIH/SUS
automaticamente, do Fundo Nacional ao configuram o Teto Financeiro de
Fundo Estadual de Saúde, como incentivo Epidemiologia e Controle de Doenças
à obtenção de resultados de impacto (TFECD).
significativo sobre as condições de vida da O elenco de procedimentos a serem
população, segundo critérios definidos na custeados com o TFECD é definido em
CIT, e fixados em portaria do órgão negociação na CIT, aprovado pelo CNS e
competente do Ministério (SVS/MS), formalizado em ato próprio do órgão
previamente aprovados no CNS. Os específico do MS (Fundação Nacional de
recursos do IVISA podem ser transferidos Saúde - FNS/MS). As informações
pela SES às SMS, conforme definição da referentes ao desenvolvimento dessas
CIB. ações integram sistemas próprios de
informação definidos pelo Ministério da
13.2. Remuneração Transitória por Saúde.
Serviços Produzidos O valor desse Teto para cada estado é
13.2.1. Programa Desconcentrado de definido em negociação na CIT, com base
Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS) na PPI, a partir das informações fornecidas
Consiste no pagamento direto às SES e pelo Comitê Interinstitucional de
SMS, pela prestação de serviços Epidemiologia e formalizado em ato
relacionados às ações de competência próprio do órgão específico do MS
exclusiva da SVS/MS, contra a (FNS/MS).

42
Legislação

Esse Comitê, vinculado ao Secretário epidemiologia e controle de doenças,


Estadual de Saúde, articulando os órgãos quando encaminhados pela CIB.
de epidemiologia da SES, do MS no estado
e de outras entidades que atuam no campo 15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO
da epidemiologia e controle de doenças, é MUNICÍPIO
uma instância permanente de estudos, As condições de gestão, estabelecidas
pesquisas, análises de informações e de nesta NOB, explicitam as
integração de instituições afins. responsabilidades do gestor municipal, os
Os valores do TFECD podem ser requisitos relativos às modalidades de
executados por ordenação do órgão gestão e as prerrogativas que favorecem o
específico do MS, conforme as seu desempenho.
modalidades apresentadas a seguir. A habilitação dos municípios às
diferentes condições de gestão significa a
14.1. Transferência Regular e declaração dos compromissos assumidos
Automática Fundo a Fundo por parte do gestor perante os outros
Consiste na transferência de valores gestores e perante a população sob sua
diretamente do Fundo Nacional de Saúde responsabilidade.
aos Fundos Estaduais e Municipais,
independentemente de convênio ou A partir desta NOB, os municípios
instrumento congênere, segundo as podem habilitar-se em duas condições:
condições de gestão estabelecidas nesta
NOB e na PPI, aprovada na CIT e no CNS. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO
BÁSICA; e
14.2. Remuneração por Serviços GESTÃO PLENA DO SISTEMA
Produzidos MUNICIPAL.
Os municípios que não aderirem ao
Consiste no pagamento direto às SES e processo de habilitação permanecem, para
SMS, pelas ações de epidemiologia e efeito desta Norma Operacional, na
controle de doenças, conforme tabela de condição de prestadores de serviços ao
procedimentos discutida na CIT e Sistema, cabendo ao estado a gestão do
aprovada no CNS, editada pelo MS, SUS naquele território municipal,
observadas as condições de gestão enquanto for mantida a situação de não-
estabelecidas nesta NOB, contra habilitado.
apresentação de demonstrativo de
atividades realizadas, encaminhado pela 15.1. GESTÃO PLENA DA
SES ou SMS ao MS. ATENÇÃO BÁSICA
15.1.1. Responsabilidades
14.3. Transferência por Convênio Elaboração de programação municipal
Consiste na transferência de recursos dos serviços básicos, inclusive
oriundos do órgão específico do MS domiciliares e comunitários, e da proposta
(FNS/MS), por intermédio do Fundo de referência ambulatorial especializada e
Nacional de Saúde, mediante programação hospitalar para seus munícipes, com
e critérios discutidos na CIT e aprovados incorporação negociada à programação
pelo CNS, para: estadual.
- estímulo às atividades de Gerência de unidades ambulatoriais
epidemiologia e controle de doenças; próprias.
- custeio de operações especiais em Gerência de unidades ambulatoriais do
epidemiologia e controle de doenças; estado ou da União, salvo se a CIB ou a
- financiamento de projetos de CIT definir outra divisão de
cooperação técnico-científica na área de responsabilidades.

43
Legislação

Reorganização das unidades sob gestão Apresentar o Plano Municipal de Saúde


pública (estatais, conveniadas e e comprometer-se a participar da
contratadas), introduzindo a prática do elaboração e da implementação da PPI do
cadastramento nacional dos usuários do estado, bem assim da alocação de recursos
SUS, com vistas à vinculação de clientela expressa na programação.
e à sistematização da oferta dos serviços. Comprovar capacidade técnica e
Prestação dos serviços relacionados aos administrativa e condições materiais para
procedimentos cobertos pelo PAB e o exercício de suas responsabilidades e
acompanhamento, no caso de referência prerrogativas quanto à contratação, ao
interna ou externa ao município, dos pagamento, ao controle e à auditoria dos
demais serviços prestados aos seus serviços sob sua gestão.
munícipes, conforme a PPI, mediado pela Comprovar a dotação orçamentária do
relação gestor-gestor com a SES e as ano e o dispêndio realizado no ano
demais SMS. anterior, correspondente à contrapartida de
Contratação, controle, auditoria e recursos financeiros próprios do Tesouro
pagamento aos prestadores dos serviços Municipal, de acordo com a legislação em
contidos no PAB. vigor.
Operação do SIA/SUS quanto a Formalizar junto ao gestor estadual,
serviços cobertos pelo PAB, conforme com vistas à CIB, após aprovação pelo
normas do MS, e alimentação, junto à CMS, o pleito de habilitação, atestando o
SES, dos bancos de dados de interesse cumprimento dos requisitos relativos à
nacional. condição de gestão pleiteada.
Autorização, desde que não haja Dispor de médico formalmente
definição em contrário da CIB, das designado como responsável pela
internações hospitalares e dos autorização prévia, controle e auditoria
procedimentos ambulatoriais dos procedimentos e serviços realizados.
especializados, realizados no município, Comprovar a capacidade para o
que continuam sendo pagos por produção desenvolvimento de ações de vigilância
de serviços. sanitária.
Manutenção do cadastro atualizado das Comprovar a capacidade para o
unidades assistenciais sob sua gestão, desenvolvimento de ações de vigilância
segundo normas do MS. epidemiológica.
Avaliação permanente do impacto das Comprovar a disponibilidade de
ações do Sistema sobre as condições de estrutura de recursos humanos para
saúde dos seus munícipes e sobre o seu supervisão e auditoria da rede de unidades,
meio ambiente. dos profissionais e dos serviços realizados.
Execução das ações básicas de
vigilância sanitária, incluídas no PBVS. 15.1.3. Prerrogativas
Execução das ações básicas de Transferência, regular e automática,
epidemiologia, de controle de doenças e de dos recursos correspondentes ao Piso da
ocorrências mórbidas, decorrentes de Atenção Básica (PAB).
causas externas, como acidentes, Transferência, regular e automática,
violências e outras, incluídas no TFECD. dos recursos correspondentes ao Piso
Elaboração do relatório anual de gestão Básico de Vigilância Sanitária (PBVS).
e aprovação pelo CMS. Transferência, regular e automática,
dos recursos correspondentes às ações de
15.1.2. Requisitos epidemiologia e de controle de doenças.
Comprovar o funcionamento do CMS. Subordinação, à gestão municipal, de
Comprovar a operação do Fundo todas as unidades básicas de saúde,
Municipal de Saúde. estatais ou privadas (lucrativas e

44
Legislação

filantrópicas), estabelecidas no território segundo normas do MS.


municipal. Avaliação permanente do impacto das
ações do Sistema sobre as condições de
15.2.1. Responsabilidades saúde dos seus munícipes e sobre o meio
Elaboração de toda a programação ambiente.
municipal, contendo, inclusive, a Execução das ações básicas, de média e
referência ambulatorial especializada e alta complexidade em vigilância sanitária,
hospitalar, com incorporação negociada à bem como, opcionalmente, as ações do
programação estadual. PDAVS.
Gerência de unidades próprias, Execução de ações de epidemiologia,
ambulatoriais e hospitalares, inclusive as de controle de doenças e de ocorrências
de referência. mórbidas, decorrentes de causas externas,
Gerência de unidades ambulatoriais e como acidentes, violências e outras
hospitalares do estado e da União, salvo se incluídas no TFECD.
a CIB ou a CIT definir outra divisão de
responsabilidades. 15.2.2. Requisitos
Reorganização das unidades sob gestão Comprovar o funcionamento do CMS.
pública (estatais, conveniadas e Comprovar a operação do Fundo
contratadas), introduzindo a prática do Municipal de Saúde.
cadastramento nacional dos usuários do Participar da elaboração e da
SUS, com vistas à vinculação da clientela implementação da PPI do estado, bem
e sistematização da oferta dos serviços. assim da alocação de recursos expressa na
Garantia da prestação de serviços em programação.
seu território, inclusive os serviços de Comprovar capacidade técnica e
referência aos não-residentes, no caso de administrativa e condições materiais para
referência interna ou externa ao município, o exercício de suas responsabilidades e
dos demais serviços prestados aos seus prerrogativas quanto à contratação, ao
munícipes, conforme a PPI, mediado pela pagamento, ao controle e à auditoria dos
relação gestor-gestor com a SES e as serviços sob sua gestão, bem como avaliar
demais SMS. o impacto das ações do Sistema sobre a
Normalização e operação de centrais de saúde dos seus munícipes.
controle de procedimentos ambulatoriais e Comprovar a dotação orçamentária do
hospitalares relativos à assistência aos ano e o dispêndio no ano anterior
seus munícipes e à referência correspondente à contrapartida de recursos
intermunicipal. financeiros próprios do Tesouro
Contratação, controle, auditoria e Municipal, de acordo com a legislação em
pagamento aos prestadores de serviços vigor.
ambulatoriais e hospitalares, cobertos pelo Formalizar, junto ao gestor estadual
TFGM. com vistas à CIB, após aprovação pelo
Administração da oferta de CMS, o pleito de habilitação, atestando o
procedimentos ambulatoriais de alto custo cumprimento dos requisitos específicos
e procedimentos hospitalares de alta relativos à condição de gestão pleiteada.
complexidade conforme a PPI e segundo Dispor de médico formalmente
normas federais e estaduais. designado pelo gestor como responsável
Operação do SIH e do SIA/SUS, pela autorização prévia, controle e
conforme normas do MS, e alimentação, auditoria dos procedimentos e serviços
junto às SES, dos bancos de dados de realizados.
interesse nacional. Apresentar o Plano Municipal de
Manutenção do cadastro atualizado de Saúde, aprovado pelo CMS, que deve
unidades assistenciais sob sua gestão, conter as metas estabelecidas, a integração

45
Legislação

e articulação do município na rede Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS),


estadual e respectivas responsabilidades quando assumido pelo município.
na programação integrada do estado, Subordinação, à gestão municipal, do
incluindo detalhamento da programação conjunto de todas as unidades
de ações e serviços que compõem o ambulatoriais especializadas e
sistema municipal, bem como os hospitalares, estatais ou privadas
indicadores mediante dos quais será (lucrativas e filantrópicas), estabelecidas
efetuado o acompanhamento. no território municipal.
Comprovar o funcionamento de serviço Transferência de recursos referentes às
estruturado de vigilância sanitária e ações de epidemiologia e controle de
capacidade para o desenvolvimento de doenças, conforme definição da CIT.
ações de vigilância sanitária.
Comprovar a estruturação de serviços e 16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO
atividades de vigilância epidemiológica e ESTADO
de controle de zoonoses. As condições de gestão, estabelecidas
Apresentar o Relatório de Gestão do nesta NOB, explicitam as
ano anterior à solicitação do pleito, responsabilidades do gestor estadual, os
devidamente aprovado pelo CMS. requisitos relativos às modalidades de
Assegurar a oferta, em seu território, de gestão e as prerrogativas que favorecem o
todo o elenco de procedimentos cobertos seu desempenho.
pelo PAB e, adicionalmente, de serviços A habilitação dos estados às diferentes
de apoio diagnóstico em patologia clínica condições de gestão significa a declaração
e radiologia básicas. dos compromissos assumidos por parte do
Comprovar a estruturação do gestor perante os outros gestores e perante
componente municipal do Sistema a população sob sua responsabilidade.
Nacional de Auditoria (SNA). A partir desta NOB, os estados poderão
Comprovar a disponibilidade de habilitar-se em duas condições de gestão:
estrutura de recursos humanos para
supervisão e auditoria da rede de unidades, GESTÃO AVANÇADA DO
dos profissionais e dos serviços realizados. SISTEMA ESTADUAL; e
GESTÃO PLENA DO SISTEMA
15.2.3. Prerrogativas ESTADUAL.
Transferência, regular e automática, Os estados que não aderirem ao processo
dos recursos referentes ao Teto Financeiro de habilitação, permanecem na condição de
da Assistência (TFA). gestão convencional, desempenhando as
Normalização complementar relativa funções anteriormente assumidas ao longo
ao pagamento de prestadores de serviços do processo de implantação do SUS, não
assistenciais em seu território, inclusive fazendo jus às novas prerrogativas
quanto a alteração de valores de introduzidas por esta NOB, exceto ao
procedimentos, tendo a tabela nacional PDAVS nos termos definidos pela
como referência mínima, desde que SVS/MS. Essa condição corresponde ao
aprovada pelo CMS e pela CIB. exercício de funções mínimas de gestão do
Transferência regular e automática Sistema, que foram progressivamente
fundo a fundo dos recursos incorporadas pelas SES, não estando sujeita
correspondentes ao Piso Básico de a procedimento específico de habilitação
Vigilância Sanitária (PBVS). nesta NOB.
Remuneração por serviços de
vigilância sanitária de média e alta 16.1. Responsabilidades comuns às
complexidade e, remuneração pela duas condições de gestão estadual
execução do Programa Desconcentrado de Elaboração da PPI do estado, contendo

46
Legislação

a referência intermunicipal e coordenação voltadas ao controle de doenças que


da negociação na CIB para alocação dos possam se beneficiar da economia de
recursos, conforme expresso na escala.
programação. Coordenação das atividades de
Elaboração e execução do Plano vigilância sanitária e execução
Estadual de Prioridades de Investimentos, complementar conforme previsto na Lei nº
negociado na CIB e aprovado pelo CES. 8.080/90.
Gerência de unidades estatais da Execução das ações básicas de
hemorrede e de laboratórios de referência vigilância sanitária referente aos
para controle de qualidade, para vigilância municípios não habilitados nesta NOB.
sanitária e para a vigilância Execução das ações de média e alta
epidemiológica. complexidade de vigilância sanitária,
Formulação e execução da política de exceto as realizadas pelos municípios
sangue e hemoterapia. habilitados na condição de gestão plena de
Organização de sistemas de referência, sistema municipal.
bem como a normalização e operação de Execução do PDAVS nos termos
câmara de compensação de AIH, definidos pela SVS/MS.
procedimentos especializados e de alto Apoio logístico e estratégico às
custo e ou alta complexidade. atividades à atenção à saúde das
Formulação e execução da política populações indígenas, na conformidade de
estadual de assistência farmacêutica, em critérios estabelecidos pela CIT.
articulação com o MS.
Normalização complementar de 16.2. Requisitos comuns às duas
mecanismos e instrumentos de condições de gestão estadual
administração da oferta e controle da Comprovar o funcionamento do CES.
prestação de serviços ambulatoriais, Comprovar o funcionamento da CIB.
hospitalares, de alto custo, do tratamento Comprovar a operação do Fundo
fora do domicílio e dos medicamentos e Estadual de Saúde.
insumos especiais. Apresentar o Plano Estadual de Saúde,
Manutenção do cadastro atualizado de aprovado pelo CES, que deve conter:
unidades assistenciais sob sua gestão, - as metas pactuadas;
segundo normas do MS. - a programação integrada das ações
Cooperação técnica e financeira com o ambulatoriais, hospitalares e de alto custo,
conjunto de municípios, objetivando a de epidemiologia e de controle de doenças
consolidação do processo de – incluindo, entre outras, as atividades de
descentralização, a organização da rede vacinação, de controle de vetores e de
regionalizada e hierarquizada de serviços, reservatórios – de saneamento, de pesquisa
a realização de ações de epidemiologia, de e desenvolvimento tecnológico, de
controle de doenças, de vigilância educação e de comunicação em saúde,
sanitária, bem assim o pleno exercício das bem como as relativas às ocorrências
funções gestoras de planejamento, mórbidas decorrentes de causas externas;
controle, avaliação e auditoria. - as estratégias de descentralização das
Implementação de políticas de ações de saúde para municípios;
integração das ações de saneamento às de - as estratégias de reorganização do
saúde. modelo de atenção; e
Coordenação das atividades de - os critérios utilizados e os indicadores
vigilância epidemiológica e de controle de por meio dos quais é efetuado o
doenças e execução complementar acompanhamento das ações.
conforme previsto na Lei nº 8.080/90. Apresentar relatório de gestão
Execução de operações complexas aprovado pelo CES, relativo ao ano

47
Legislação

anterior à solicitação do pleito. gestão estadual;


Comprovar a transferência da gestão da Operação do SIA/SUS, conforme
atenção hospitalar e ambulatorial aos normas do MS, e alimentação dos bancos
municípios habilitados, conforme a de dados de interesse nacional.
respectiva condição de gestão.
Comprovar a estruturação do 16.3.2. Requisitos Específicos
componente estadual do SNA. Apresentar a programação pactuada e
Comprovar capacidade técnica e integrada ambulatorial, hospitalar e de alto
administrativa e condições materiais para custo, contendo a referência
o exercício de suas responsabilidades e intermunicipal e os critérios para a sua
prerrogativas, quanto a contratação, elaboração.
pagamento, controle e auditoria dos Dispor de 60% dos municípios do
serviços sob sua gestão e quanto à estado habilitados nas condições de gestão
avaliação do impacto das ações do Sistema estabelecidas nesta NOB, independente do
sobre as condições de saúde da população seu contingente populacional; ou 40% dos
do estado. municípios habilitados, desde que, nestes,
Comprovar a dotação orçamentária do residam 60% da população.
ano e o dispêndio no ano anterior, Dispor de 30% do valor do TFA
correspondente à contrapartida de recursos comprometido com transferências
financeiros próprios do Tesouro Estadual, regulares e automáticas aos municípios.
de acordo com a legislação em vigor.
Apresentar à CIT a formalização do 16.3.3. Prerrogativas
pleito, devidamente aprovado pelo CES e Transferência regular e automática dos
pela CIB, atestando o cumprimento dos recursos correspondentes à Fração
requisitos gerais e específicos relativos à Assistencial Especializada (FAE) e ao
condição de gestão pleiteada. Piso Assistencial Básico (PAB) relativos
Comprovar a criação do Comitê aos municípios não-habilitados.
Interinstitucional de Epidemiologia, Transferência regular e automática do
vinculado ao Secretário Estadual de Piso Básico de Vigilância Sanitária
Saúde. (PBVS) referente aos municípios não
Comprovar o funcionamento de serviço habilitados nesta NOB.
de vigilância sanitária no estado, Transferência regular e automática do
organizado segundo a legislação e Índice de Valorização do Impacto em
capacidade de desenvolvimento de ações Vigilância Sanitária (IVISA).
de vigilância sanitária. Remuneração por serviços produzidos
Comprovar o funcionamento de serviço na área da vigilância sanitária.
de vigilância epidemiológica no estado. Transferência de recursos referentes às
ações de epidemiologia e controle de
16.3. GESTÃO AVANÇADA DO doenças.
SISTEMA ESTADUAL
16.3.1. Responsabilidades Específicas 16.4. GESTÃO PLENA DO
Contratação, controle, auditoria e SISTEMA ESTADUAL
pagamento do conjunto dos serviços, sob 16.4.1. Responsabilidades Específicas
gestão estadual, contidos na FAE; Contratação, controle, auditoria e
Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestadores do conjunto
pagamento dos prestadores de serviços dos serviços sob gestão estadual, conforme
incluídos no PAB dos municípios não definição da CIB.
habilitados; Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS,
Ordenação do pagamento dos demais conforme normas do MS, e alimentação
serviços hospitalares e ambulatoriais, sob dos bancos de dados de interesse nacional.

48
Legislação

Transferência de recursos referentes às


16.4.2. Requisitos Específicos ações de epidemiologia e de controle de
Comprovar a implementação da doenças.
programação integrada das ações
ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, 17. DISPOSIÇÕES GERAIS E
contendo a referência intermunicipal e os TRANSITÓRIAS
critérios para a sua elaboração. 17. 1. As responsabilidades que
Comprovar a operacionalização de caracterizam cada uma das condições de
mecanismos de controle da prestação de gestão definidas nesta NOB constituem
serviços ambulatoriais e hospitalares, tais um elenco mínimo e não impedem a
como: centrais de controle de leitos e incorporação de outras pactuadas na CIB e
internações, de procedimentos aprovadas pelo CES, em especial aquelas
ambulatoriais e hospitalares de alto/custo já assumidas em decorrência da NOB-SUS
e ou complexidade e de marcação de Nº 01/93.
consultas especializadas.
Dispor de 80% dos municípios 17.2. No processo de habilitação às
habilitados nas condições de gestão condições de gestão estabelecidas nesta
estabelecidas nesta NOB, independente do NOB, são considerados os requisitos já
seu contingente populacional; ou 50% dos cumpridos para habilitação nos termos da
municípios, desde que, nestes, residam NOB-SUS Nº 01/93, cabendo ao
80% da população. município ou ao estado pleiteante a
Dispor de 50% do valor do TFA do comprovação exclusiva do cumprimento
estado comprometido com transferências dos requisitos introduzidos ou alterados
regulares e automáticas aos municípios. pela presente Norma Operacional,
observando os seguintes procedimentos:
16.4.3. Prerrogativas
Transferência regular e automática dos 17.2.1.para que os municípios
recursos correspondentes ao valor do Teto habilitados atualmente nas condições de
Financeiro da Assistência (TFA), gestão incipiente e parcial possam assumir
deduzidas as transferências fundo a fundo a condição plena da atenção básica
realizadas a municípios habilitados. definida nesta NOB, devem apresentar à
Transferência regular e automática dos CIB os seguintes documentos, que
recursos correspondentes ao Índice de completam os requisitos para habilitação:
Valorização de Resultados (IVR).
Transferência regular e automática do 17.2.1.1. ofício do gestor municipal
Piso Básico de Vigilância Sanitária pleiteando a alteração na condição de
(PBVS) referente aos municípios não gestão;
habilitados nesta NOB.
Transferência regular e automática do 17.2.1.2. ata do CMS aprovando o
Índice de valorização do Impacto em pleito de mudança de habilitação;
Vigilância Sanitária (IVISA).
Remuneração por serviços produzidos 17.2.1.3. ata das três últimas reuniões
na área da vigilância sanitária. do CMS;
Normalização complementar, pactuada
na CIB e aprovada pelo CES, relativa ao 17.2.1.4. extrato de movimentação
pagamento de prestadores de serviços bancária do Fundo Municipal de Saúde
assistenciais sob sua contratação, inclusive relativo ao trimestre anterior à
alteração de valores de procedimentos, apresentação do pleito;
tendo a tabela nacional como referência
mínima.

49
Legislação

17.2.1.5. comprovação, pelo gestor referidos no item 17.2.1;


municipal, de condições técnicas para
processar o SIA/SUS; 17.2.3. os estados habilitados
atualmente nas condições de gestão parcial
17.2.1.6. declaração do gestor e semiplena devem apresentar a
municipal comprometendo-se a alimentar, comprovação dos requisitos adicionais
junto à SES, o banco de dados nacional do relativos à nova condição pleiteada na
SIA/SUS; presente NOB.

17.2.1.7. proposta aprazada de 17.3. A habilitação de municípios à


estruturação do serviço de controle e condição de gestão plena da atenção básica
avaliação municipal; é decidida na CIB dos estados habilitados
às condições de gestão avançada e plena
17.2.1.8. comprovação da garantia de do sistema estadual, cabendo recurso ao
oferta do conjunto de procedimentos CES. A SES respectiva deve informar ao
coberto pelo PAB; e MS a habilitação procedida, para fins de
formalização por portaria, observando as
17.2.1.9. ata de aprovação do relatório disponibilidades financeiras para a
de gestão no CMS; efetivação das transferências regulares e
automáticas pertinentes. No que se refere
17.2.2. para que os municípios à gestão plena do sistema municipal, a
habilitados atualmente na condição de habilitação dos municípios é decidida na
gestão semiplena possam assumir a CIT, com base em relatório da CIB e
condição de gestão plena do sistema formalizada em ato da SAS/MS. No caso
municipal definida nesta NOB, devem dos estados categorizados na condição de
comprovar à CIB: gestão convencional, a habilitação dos
municípios a qualquer das condições de
17.2.2.1. a aprovação do relatório de gestão será decidida na CIT, com base no
gestão pelo CMS, mediante apresentação processo de avaliação elaborado e
da ata correspondente; encaminhado pela CIB, e formalizada em
ato do MS.
17.2.2.2. a existência de serviços que
executem os procedimentos cobertos pelo 17.4. A habilitação de estados a
PAB no seu território, e de serviços de qualquer das condições de gestão é
apoio diagnóstico em patologia clínica e decidida na CIT e formalizada em ato do
radiologia básica simples, oferecidos no MS, cabendo recurso ao CNS.
próprio município ou contratados de outro
gestor municipal; 17.5. Os instrumentos para a
comprovação do cumprimento dos
17.2.2.3.a estruturação do componente requisitos para habilitação ao conjunto das
municipal do SNA; e condições de gestão de estados e
municípios, previsto nesta NOB, estão
17.2.2.4.a integração e articulação do sistematizados no ANEXO I.
município na rede estadual e respectivas
responsabilidades na PPI. Caso o 17.6. Os municípios e estados
município não atenda a esse requisito, habilitados na forma da NOB-SUS Nº
pode ser enquadrado na condição de 01/93 permanecem nas respectivas
gestão plena da atenção básica até que condições de gestão até sua habilitação em
disponha de tais condições, submetendo- uma das condições estabelecidas por esta
se, neste caso, aos mesmos procedimentos NOB, ou até a data limite a ser fixada pela

50
Legislação

CIT. diferenciados de ajuste até um valor


máximo fixado pela CIT e formalizado por
17.7. A partir da data da publicação portaria do Ministério (SAS/MS). Esses
desta NOB, não serão procedidas novas fatores são destinados aos municípios
habilitações ou alterações de condição de habilitados, que apresentam gastos per
gestão na forma da NOB-SUS Nº 01/93. capita em ações de atenção básica
Ficam excetuados os casos já aprovados superiores ao valor per capita nacional
nas CIB, que devem ser protocolados na único (base de cálculo do PAB), em
CIT, no prazo máximo de 30 dias. decorrência de avanços na organização do
sistema. O valor adicional atribuído a cada
17.8. A partir da publicação desta NOB, município é formalizado em ato próprio da
ficam extintos o Fator de Apoio ao Estado, SES.
o Fator de Apoio ao Município e as
transferências dos saldos de teto financeiro 17.13. O valor per capita nacional
relativos às condições de gestão municipal único, base de cálculo do PAB, é aplicado
e estadual parciais, previstos, a todos os municípios, habilitados ou não
respectivamente, nos itens 3.1.4; 3.2; 4.1.2 nos termos desta NOB. Aos municípios
e 4.2.1 da NOB-SUS Nº 01/93. não habilitados, o valor do PAB é limitado
ao montante do valor per capita nacional
17.9. A permanência do município na multiplicado pela população e pago por
condição de gestão a que for habilitado, na produção de serviço.
forma desta NOB, está sujeita a processo
permanente de acompanhamento e 17.14. Num primeiro momento, em
avaliação, realizado pela SES e submetido face da inadequação dos sistemas de
à apreciação da CIB, tendo por base informação de abrangência nacional para
critérios estabelecidos pela CIB e pela aferição de resultados, o IVR é atribuído
CIT, aprovados pelos respectivos aos estados a título de valorização de
Conselhos de Saúde. desempenho na gestão do Sistema,
conforme critérios estabelecidos pela CIT
17.10. De maneira idêntica, a e formalizados por portaria do Ministério
permanência do estado na condição de (SAS/MS).
gestão a que for habilitado, na forma desta
NOB, está sujeita a processo permanente 17.15. O MS continua efetuando
de acompanhamento e avaliação, realizado pagamento por produção de serviços
pelo MS e submetido à apreciação da CIT, (relativos aos procedimentos cobertos pelo
tendo por base critérios estabelecidos por PAB) diretamente aos prestadores,
esta Comissão e aprovados pelo CNS. somente no caso daqueles municípios não-
habilitados na forma desta NOB, situados
17.11. O gestor do município habilitado em estados em gestão convencional.
na condição de Gestão Plena da Atenção
Básica que ainda não dispõe de serviços 17.16. Também em relação aos
suficientes para garantir, à sua população, procedimentos cobertos pela FAE, o MS
a totalidade de procedimentos cobertos continua efetuando o pagamento por
pelo PAB, pode negociar, diretamente, produção de serviços diretamente a
com outro gestor municipal, a compra dos prestadores, somente no caso daqueles
serviços não disponíveis, até que essa municípios habilitados em gestão plena da
oferta seja garantida no próprio município. atenção básica e os não habilitados, na
forma desta NOB, situados em estados em
17.12. Para implantação do PAB, ficam gestão convencional.
as CIB autorizadas a estabelecer fatores

51
Legislação

17.17. As regulamentações SIA/SUS - Sistema de Informações


complementares necessárias à Ambulatoriais do SUS
operacionalização desta NOB são objeto SIH/SUS - Sistema de Informações
de discussão e negociação na CIT, Hospitalares do SUS
observadas as diretrizes estabelecidas pelo SMS - Secretaria Municipal de Saúde
CNS, com posterior formalização, SNA - Sistema Nacional de Auditoria
mediante portaria do MS. SUS - Sistema Único de Saúde
SVS - Secretaria de Vigilância
SIGLAS UTILIZADAS Sanitária
TFA - Teto Financeiro da Assistência
AIH - Autorização de Internação TFAE - Teto Financeiro da Assistência
Hospitalar do Estado
CES - Conselho Estadual de Saúde TFAM - Teto Financeiro da Assistência
CIB - Comissão Intergestores Bipartite do Município
CIT - Comissão Intergestores Tripartite TFECD - Teto Financeiro da
CMS - Conselho Municipal de Saúde Epidemiologia e Controle de Doenças
CNS - Conselho Nacional de Saúde TFG - Teto Financeiro Global
COFINS - Contribuição Social para o TFGE - Teto Financeiro Global do
Financiamento da Seguridade Social Estado
CONASEMS - Conselho Nacional de TFGM - Teto Financeiro Global do
Secretários Municipais de Saúde Município
CONASS - Conselho Nacional de TFVS - Teto Financeiro da Vigilância
Secretários Estaduais de Saúde Sanitária
FAE - Fração Assistencial
Especializada
FIDEPS - Fator de Incentivo ao Norma Operacional da Assistência à
Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa Saúde - NOAS - SUS/2001
FNS - Fundação Nacional de Saúde
INSS - Instituto Nacional de
Seguridade Social Prezado (a) candidato (a) embora o
IVH-E - Índice de Valorização edital tenha solicitado a Portaria GM/MS
Hospitalar de Emergência nº 95, de 26 de janeiro de 2001 - Aprova a
IVISA - Índice de Valorização do Norma Operacional da Assistência à
Impacto em Vigilânica Sanitária Saúde – NOAS-SUS 01/2001 que amplia
IVR - Índice de Valorização de as responsabilidades dos municípios na
Resultados Atenção Básica; define o processo de
MS - Ministério da Saúde regionalização da assistência; cria
NOB - Norma Operacional Básica mecanismos para o fortalecimento da
PAB - Piso Assistencial Básico. capacidade de gestão do Sistema Único de
PACS - Programa de Agentes Saúde e procede à atualização dos critérios
Comunitários de Saúde de habilitação de estados e municípios a
PBVS - Piso Básico de Vigilância mesma encontra-se sem efeito, e as demais
Sanitária portarias posterior foram revogadas, não
PDAVS - Programa Desconcentrado de havendo nenhuma vigente até o momento.
Ações de Vigilância Sanitária
PPI - Programação Pactuada e
Integrada
PSF - Programa de Saúde da Família
SAS - Secretaria de Assistência à Saúde
SES - Secretaria Estadual de Saúde

52
Legislação

II - obrigação de reparar o dano;


Lei Federal nº 8.069/1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente) e suas
III - prestação de serviços à comunidade;
alterações IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de
semiliberdade;
ESTATUTO DA CRIANÇA E VI - internação em estabelecimento
ADOLESCENTE educacional.

Quem é criança de acordo com o Internação


Estatuto da Criança e Adolescente É medida que não comporta prazo
(ECA)? determinado, devendo sua manutenção ser
Considera-se criança, para os efeitos reavaliada, mediante decisão
desta Lei, a pessoa até doze anos de idade fundamentada, no máximo a cada seis
incompletos, e adolescente aquela entre meses.
doze e dezoito anos de idade.
OBS: Em nenhuma hipótese o período
Direitos: máximo de internação excederá a três anos.
- Direito à vida e a saúde;
- Do Direito à Liberdade, ao Respeito e Conselho Tutelar
à Dignidade; O Conselho Tutelar é órgão permanente
- Direito à Convivência Familiar e e autônomo, não jurisdicional, encarregado
Comunitária. pela sociedade de zelar pelo cumprimento
dos direitos da criança e do adolescente,
Família Natural x Família Extensa e definidos nesta Lei.
Ampliada Em cada Município e em cada Região
Entende-se por família natural a Administrativa do Distrito Federal haverá,
comunidade formada pelos pais ou no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como
qualquer deles e seus descendentes. órgão integrante da administração pública
local, composto de 5 (cinco) membros,
Entende-se por família extensa ou escolhidos pela população local para
ampliada aquela que se estende para além mandato de 4 (quatro) anos, permitida
da unidade pais e filhos ou da unidade do recondução por novos processos de
casal, formada por parentes próximos com escolha.
os quais a criança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e Perda ou Suspensão do Pátrio Poder
afetividade. Familiar
O procedimento para a perda ou a
Tutela suspensão do poder familiar terá início por
A tutela será deferida, nos termos da lei provocação do Ministério Público ou de
civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos quem tenha legítimo interesse.
incompletos,
Crimes
Ato Infracional Os crimes apresentados entre os artigos
Considera-se ato infracional a conduta 225 - 244 são de ação penal pública
descrita como crime ou contravenção penal. incondicionada.

Medidas Socioeducativas Infrações


Aplicam-se as medidas socioeducativas Estão disciplinadas entre os artigos 245
ao adolescente e são elas: - 258.
I - advertência;

53
Legislação

Abaixo segue a lei: Art. 4º É dever da família, da


comunidade, da sociedade em geral e do
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE poder público assegurar, com absoluta
1990.4 prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do educação, ao esporte, ao lazer, à
Adolescente e dá outras providências. profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: familiar e comunitária.
Faço saber que o Congresso Nacional Parágrafo único. A garantia de
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e
Título I socorro em quaisquer circunstâncias;
Das Disposições Preliminares b) precedência de atendimento nos
serviços públicos ou de relevância pública;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção c) preferência na formulação e na
integral à criança e ao adolescente. execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos
Art. 2º Considera-se criança, para os públicos nas áreas relacionadas com a
efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de proteção à infância e à juventude.
idade incompletos, e adolescente aquela
entre doze e dezoito anos de idade. Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente
Parágrafo único. Nos casos expressos será objeto de qualquer forma de
em lei, aplica-se excepcionalmente este negligência, discriminação, exploração,
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e violência, crueldade e opressão, punido na
um anos de idade. forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam
de todos os direitos fundamentais inerentes Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-
à pessoa humana, sem prejuízo da proteção se-ão em conta os fins sociais a que ela se
integral de que trata esta Lei, assegurando- dirige, as exigências do bem comum, os
se-lhes, por lei ou por outros meios, todas direitos e deveres individuais e coletivos, e
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes a condição peculiar da criança e do
facultar o desenvolvimento físico, mental, adolescente como pessoas em
moral, espiritual e social, em condições de desenvolvimento.
liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados Título II
nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e Dos Direitos Fundamentais
adolescentes, sem discriminação de Capítulo I
nascimento, situação familiar, idade, sexo, Do Direito à Vida e à Saúde
raça, etnia ou cor, religião ou crença,
deficiência, condição pessoal de Art. 7º A criança e o adolescente têm
desenvolvimento e aprendizagem, condição direito a proteção à vida e à saúde, mediante
econômica, ambiente social, região e local a efetivação de políticas sociais públicas
de moradia ou outra condição que que permitam o nascimento e o
diferencie as pessoas, as famílias ou a desenvolvimento sadio e harmonioso, em
comunidade em que vivem. condições dignas de existência.

4 em:11.07.2023
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm - visitado

54
Legislação

Art. 8º É assegurado a todas as mulheres estabelecendo-se a aplicação de cesariana e


o acesso aos programas e às políticas de outras intervenções cirúrgicas por motivos
saúde da mulher e de planejamento médicos.
reprodutivo e, às gestantes, nutrição §9º A atenção primária à saúde fará a
adequada, atenção humanizada à gravidez, busca ativa da gestante que não iniciar ou
ao parto e ao puerpério e atendimento pré- que abandonar as consultas de pré-natal,
natal, perinatal e pós-natal integral no bem como da puérpera que não comparecer
âmbito do Sistema Único de Saúde. às consultas pós-parto.
§1º O atendimento pré-natal será § 10. Incumbe ao poder público garantir,
realizado por profissionais da atenção à gestante e à mulher com filho na primeira
primária. infância que se encontrem sob custódia em
§2º Os profissionais de saúde de unidade de privação de liberdade,
referência da gestante garantirão sua ambiência que atenda às normas sanitárias
vinculação, no último trimestre da gestação, e assistenciais do Sistema Único de Saúde
ao estabelecimento em que será realizado o para o acolhimento do filho, em articulação
parto, garantido o direito de opção da com o sistema de ensino competente,
mulher. visando ao desenvolvimento integral da
§3º Os serviços de saúde onde o parto for criança.
realizado assegurarão às mulheres e aos
seus filhos recém-nascidos alta hospitalar Art. 8º-A. Fica instituída a Semana
responsável e contrarreferência na atenção Nacional de Prevenção da Gravidez na
primária, bem como o acesso a outros Adolescência, a ser realizada anualmente
serviços e a grupos de apoio à na semana que incluir o dia 1º de fevereiro,
amamentação. com o objetivo de disseminar informações
§4º Incumbe ao poder público sobre medidas preventivas e educativas que
proporcionar assistência psicológica à contribuam para a redução da incidência da
gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, gravidez na adolescência.
inclusive como forma de prevenir ou Parágrafo único. As ações destinadas a
minorar as consequências do estado efetivar o disposto no caput deste artigo
puerperal. ficarão a cargo do poder público, em
§5º A assistência referida no §4º deste conjunto com organizações da sociedade
artigo deverá ser prestada também a civil, e serão dirigidas prioritariamente ao
gestantes e mães que manifestem interesse público adolescente.
em entregar seus filhos para adoção, bem
como a gestantes e mães que se encontrem Art. 9º O poder público, as instituições e
em situação de privação de liberdade. os empregadores propiciarão condições
§6º A gestante e a parturiente têm direito adequadas ao aleitamento materno,
a 1 (um) acompanhante de sua preferência inclusive aos filhos de mães submetidas a
durante o período do pré-natal, do trabalho medida privativa de liberdade.
de parto e do pós-parto imediato. §1º Os profissionais das unidades
§7º A gestante deverá receber orientação primárias de saúde desenvolverão ações
sobre aleitamento materno, alimentação sistemáticas, individuais ou coletivas,
complementar saudável e crescimento e visando ao planejamento, à implementação
desenvolvimento infantil, bem como sobre e à avaliação de ações de promoção,
formas de favorecer a criação de vínculos proteção e apoio ao aleitamento materno e
afetivos e de estimular o desenvolvimento à alimentação complementar saudável, de
integral da criança. forma contínua.
§8º A gestante tem direito a §2º Os serviços de unidades de terapia
acompanhamento saudável durante toda a intensiva neonatal deverão dispor de banco
gestação e a parto natural cuidadoso,

55
Legislação

de leite humano ou unidade de coleta de c) doença falciforme e outras


leite humano. hemoglobinopatias; (Incluída pela Lei nº
14.154, de 2021)
Art. 10. Os hospitais e demais d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº
estabelecimentos de atenção à saúde de 14.154, de 2021)
gestantes, públicos e particulares, são e) hiperplasia adrenal congênita;
obrigados a: (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)
I - manter registro das atividades f) deficiência de biotinidase; (Incluída
desenvolvidas, através de prontuários pela Lei nº 14.154, de 2021)
individuais, pelo prazo de dezoito anos; g) toxoplasmose congênita; (Incluída
II - identificar o recém-nascido mediante pela Lei nº 14.154, de 2021)
o registro de sua impressão plantar e digital II - etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154,
e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de 2021)
de outras formas normatizadas pela a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº
autoridade administrativa competente; 14.154, de 2021)
III - proceder a exames visando ao b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei
diagnóstico e terapêutica de anormalidades nº 14.154, de 2021)
no metabolismo do recém-nascido, bem c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída
como prestar orientação aos pais; pela Lei nº 14.154, de 2021)
IV - fornecer declaração de nascimento d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos
onde constem necessariamente as graxos; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
intercorrências do parto e do 2021)
desenvolvimento do neonato; III - etapa 3: doenças lisossômicas;
V - manter alojamento conjunto, (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
possibilitando ao neonato a permanência IV - etapa 4: imunodeficiências
junto à mãe. primárias; (Incluído pela Lei nº 14.154, de
VI - acompanhar a prática do processo 2021)
de amamentação, prestando orientações V - etapa 5: atrofia muscular espinhal.
quanto à técnica adequada, enquanto a mãe (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
permanecer na unidade hospitalar, § 2º A delimitação de doenças a serem
utilizando o corpo técnico já existente. rastreadas pelo teste do pezinho, no âmbito
§ 1º Os testes para o rastreamento de do PNTN, será revisada periodicamente,
doenças no recém-nascido serão com base em evidências científicas,
disponibilizados pelo Sistema Único de considerados os benefícios do
Saúde, no âmbito do Programa Nacional de rastreamento, do diagnóstico e do
Triagem Neonatal (PNTN), na forma da tratamento precoce, priorizando as doenças
regulamentação elaborada pelo Ministério com maior prevalência no País, com
da Saúde, com implementação de forma protocolo de tratamento aprovado e com
escalonada, de acordo com a seguinte tratamento incorporado no Sistema Único
ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de
14.154, de 2021) 2021)
I - etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, § 3º O rol de doenças constante do § 1º
de 2021) deste artigo poderá ser expandido pelo
a) fenilcetonúria e outras poder público com base nos critérios
hiperfenilalaninemias; (Incluída pela Lei nº estabelecidos no § 2º deste artigo. (Incluído
14.154, de 2021) pela Lei nº 14.154, de 2021)
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída § 4º Durante os atendimentos de pré-
pela Lei nº 14.154, de 2021) natal e de puerpério imediato, os
profissionais de saúde devem informar a
gestante e os acompanhantes sobre a

56
Legislação

importância do teste do pezinho e sobre as §1º As gestantes ou mães que


eventuais diferenças existentes entre as manifestem interesse em entregar seus
modalidades oferecidas no Sistema Único filhos para adoção serão obrigatoriamente
de Saúde e na rede privada de saúde. encaminhadas, sem constrangimento, à
(Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Justiça da Infância e da Juventude.
§2º Os serviços de saúde em suas
Art. 11. É assegurado acesso integral às diferentes portas de entrada, os serviços de
linhas de cuidado voltadas à saúde da assistência social em seu componente
criança e do adolescente, por intermédio do especializado, o Centro de Referência
Sistema Único de Saúde, observado o Especializado de Assistência Social (Creas)
princípio da equidade no acesso a ações e e os demais órgãos do Sistema de Garantia
serviços para promoção, proteção e de Direitos da Criança e do Adolescente
recuperação da saúde. deverão conferir máxima prioridade ao
§1º A criança e o adolescente com atendimento das crianças na faixa etária da
deficiência serão atendidos, sem primeira infância com suspeita ou
discriminação ou segregação, em suas confirmação de violência de qualquer
necessidades gerais de saúde e específicas natureza, formulando projeto terapêutico
de habilitação e reabilitação. singular que inclua intervenção em rede e,
§2º Incumbe ao poder público fornecer se necessário, acompanhamento domiciliar.
gratuitamente, àqueles que necessitarem,
medicamentos, órteses, próteses e outras Art. 14. O Sistema Único de Saúde
tecnologias assistivas relativas ao promoverá programas de assistência
tratamento, habilitação ou reabilitação para médica e odontológica para a prevenção das
crianças e adolescentes, de acordo com as enfermidades que ordinariamente afetam a
linhas de cuidado voltadas às suas população infantil, e campanhas de
necessidades específicas. educação sanitária para pais, educadores e
§3º Os profissionais que atuam no alunos.
cuidado diário ou frequente de crianças na §1º É obrigatória a vacinação das
primeira infância receberão formação crianças nos casos recomendados pelas
específica e permanente para a detecção de autoridades sanitárias.
sinais de risco para o desenvolvimento §2º O Sistema Único de Saúde
psíquico, bem como para o promoverá a atenção à saúde bucal das
acompanhamento que se fizer necessário. crianças e das gestantes, de forma
transversal, integral e intersetorial com as
Art. 12. Os estabelecimentos de demais linhas de cuidado direcionadas à
atendimento à saúde, inclusive as unidades mulher e à criança.
neonatais, de terapia intensiva e de §3º A atenção odontológica à criança
cuidados intermediários, deverão terá função educativa protetiva e será
proporcionar condições para a permanência prestada, inicialmente, antes de o bebê
em tempo integral de um dos pais ou nascer, por meio de aconselhamento pré-
responsável, nos casos de internação de natal, e, posteriormente, no sexto e no
criança ou adolescente. décimo segundo anos de vida, com
orientações sobre saúde bucal.
Art. 13. Os casos de suspeita ou §4º A criança com necessidade de
confirmação de castigo físico, de cuidados odontológicos especiais será
tratamento cruel ou degradante e de maus- atendida pelo Sistema Único de Saúde.
tratos contra criança ou adolescente serão § 5 º É obrigatória a aplicação a todas as
obrigatoriamente comunicados ao crianças, nos seus primeiros dezoito meses
Conselho Tutelar da respectiva localidade, de vida, de protocolo ou outro instrumento
sem prejuízo de outras providências legais. construído com a finalidade de facilitar a

57
Legislação

detecção, em consulta pediátrica de pretexto, pelos pais, pelos integrantes da


acompanhamento da criança, de risco para família ampliada, pelos responsáveis, pelos
o seu desenvolvimento psíquico. agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou por qualquer pessoa
Capítulo II encarregada de cuidar deles, tratá-los,
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à educá-los ou protegê-los.
Dignidade Parágrafo único. Para os fins desta Lei,
considera-se:
Art. 15. A criança e o adolescente têm I - castigo físico: ação de natureza
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade disciplinar ou punitiva aplicada com o uso
como pessoas humanas em processo de da força física sobre a criança ou o
desenvolvimento e como sujeitos de adolescente que resulte em:
direitos civis, humanos e sociais garantidos a) sofrimento físico; ou
na Constituição e nas leis. b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante:
Art. 16. O direito à liberdade conduta ou forma cruel de tratamento em
compreende os seguintes aspectos: relação à criança ou ao adolescente que:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos a) humilhe; ou
e espaços comunitários, ressalvadas as b) ameace gravemente; ou
restrições legais; c) ridicularize.
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso; Art. 18-B. Os pais, os integrantes da
IV - brincar, praticar esportes e divertir- família ampliada, os responsáveis, os
se; agentes públicos executores de medidas
V - participar da vida familiar e socioeducativas ou qualquer pessoa
comunitária, sem discriminação; encarregada de cuidar de crianças e de
VI - participar da vida política, na forma adolescentes, tratá-los, educá-los ou
da lei; protegê-los que utilizarem castigo físico ou
VII - buscar refúgio, auxílio e tratamento cruel ou degradante como
orientação. formas de correção, disciplina, educação ou
qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
Art. 17. O direito ao respeito consiste na sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
inviolabilidade da integridade física, seguintes medidas, que serão aplicadas de
psíquica e moral da criança e do acordo com a gravidade do caso:
adolescente, abrangendo a preservação da I - encaminhamento a programa oficial
imagem, da identidade, da autonomia, dos ou comunitário de proteção à família;
valores, ideias e crenças, dos espaços e II - encaminhamento a tratamento
objetos pessoais. psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou
Art. 18. É dever de todos velar pela programas de orientação;
dignidade da criança e do adolescente, IV - obrigação de encaminhar a criança
pondo-os a salvo de qualquer tratamento a tratamento especializado;
desumano, violento, aterrorizante, V - advertência.
vexatório ou constrangedor. VI - garantia de tratamento de saúde
especializado à vítima. (Incluído pela Lei nº
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm 14.344, de 2022)
o direito de ser educados e cuidados sem o Parágrafo único. As medidas previstas
uso de castigo físico ou de tratamento cruel neste artigo serão aplicadas pelo Conselho
ou degradante, como formas de correção, Tutelar, sem prejuízo de outras
disciplina, educação ou qualquer outro providências legais.

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Legislação

Capítulo III §6º A mãe adolescente será assistida por


Do Direito à Convivência Familiar e equipe especializada multidisciplinar.
Comunitária
Seção I Art. 19-A. A gestante ou mãe que
Disposições Gerais manifeste interesse em entregar seu filho
para adoção, antes ou logo após o
Art. 19. É direito da criança e do nascimento, será encaminhada à Justiça da
adolescente ser criado e educado no seio de Infância e da Juventude.
sua família e, excepcionalmente, em família §1º A gestante ou mãe será ouvida pela
substituta, assegurada a convivência equipe interprofissional da Justiça da
familiar e comunitária, em ambiente que Infância e da Juventude, que apresentará
garanta seu desenvolvimento integral. relatório à autoridade judiciária,
§1º Toda criança ou adolescente que considerando inclusive os eventuais efeitos
estiver inserido em programa de do estado gestacional e puerperal.
acolhimento familiar ou institucional terá §2º De posse do relatório, a autoridade
sua situação reavaliada, no máximo, a cada judiciária poderá determinar o
3 (três) meses, devendo a autoridade encaminhamento da gestante ou mãe,
judiciária competente, com base em mediante sua expressa concordância, à rede
relatório elaborado por equipe pública de saúde e assistência social para
interprofissional ou multidisciplinar, atendimento especializado.
decidir de forma fundamentada pela §3º A busca à família extensa, conforme
possibilidade de reintegração familiar ou definida nos termos do parágrafo único do
pela colocação em família substituta, em art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
quaisquer das modalidades previstas no art. de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
28 desta Lei. período.
§2º A permanência da criança e do §4º Na hipótese de não haver a indicação
adolescente em programa de acolhimento do genitor e de não existir outro
institucional não se prolongará por mais de representante da família extensa apto a
18 (dezoito meses), salvo comprovada receber a guarda, a autoridade judiciária
necessidade que atenda ao seu superior competente deverá decretar a extinção do
interesse, devidamente fundamentada pela poder familiar e determinar a colocação da
autoridade judiciária. criança sob a guarda provisória de quem
§3º A manutenção ou a reintegração de estiver habilitado a adotá-la ou de entidade
criança ou adolescente à sua família terá que desenvolva programa de acolhimento
preferência em relação a qualquer outra familiar ou institucional.
providência, caso em que será esta incluída §5º Após o nascimento da criança, a
em serviços e programas de proteção, apoio vontade da mãe ou de ambos os genitores,
e promoção, nos termos do §1º do art. 23, se houver pai registral ou pai indicado, deve
dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos ser manifestada na audiência a que se refere
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. o §1º do art. 166 desta Lei, garantido o
§4º Será garantida a convivência da sigilo sobre a entrega.
criança e do adolescente com a mãe ou o pai § 6º Na hipótese de não comparecerem à
privado de liberdade, por meio de visitas audiência nem o genitor nem representante
periódicas promovidas pelo responsável ou, da família extensa para confirmar a
nas hipóteses de acolhimento institucional, intenção de exercer o poder familiar ou a
pela entidade responsável, guarda, a autoridade judiciária suspenderá o
independentemente de autorização judicial. poder familiar da mãe, e a criança será
§5º Será garantida a convivência integral colocada sob a guarda provisória de quem
da criança com a mãe adolescente que esteja habilitado a adotá-la.
estiver em acolhimento institucional.

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Legislação

§7º Os detentores da guarda possuem o Infância e da Juventude poderão ser


prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação executados por órgãos públicos ou por
de adoção, contado do dia seguinte à data organizações da sociedade civil.
do término do estágio de convivência. §6º Se ocorrer violação das regras de
§8º Na hipótese de desistência pelos apadrinhamento, os responsáveis pelo
genitores - manifestada em audiência ou programa e pelos serviços de acolhimento
perante a equipe interprofissional - da deverão imediatamente notificar a
entrega da criança após o nascimento, a autoridade judiciária competente.
criança será mantida com os genitores, e
será determinado pela Justiça da Infância e Art. 20. Os filhos, havidos ou não da
da Juventude o acompanhamento familiar relação do casamento, ou por adoção, terão
pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. os mesmos direitos e qualificações,
§9º É garantido à mãe o direito ao sigilo proibidas quaisquer designações
sobre o nascimento, respeitado o disposto discriminatórias relativas à filiação.
no art. 48 desta Lei.
§ 10. Serão cadastrados para adoção Art. 21. O poder familiar será exercido,
recém-nascidos e crianças acolhidas não em igualdade de condições, pelo pai e pela
procuradas por suas famílias no prazo de 30 mãe, na forma do que dispuser a legislação
(trinta) dias, contado a partir do dia do civil, assegurado a qualquer deles o direito
acolhimento. de, em caso de discordância, recorrer à
autoridade judiciária competente para a
Art. 19-B. A criança e o adolescente em solução da divergência.
programa de acolhimento institucional ou
familiar poderão participar de programa de Art. 22. Aos pais incumbe o dever de
apadrinhamento. sustento, guarda e educação dos filhos
§1º O apadrinhamento consiste em menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
estabelecer e proporcionar à criança e ao destes, a obrigação de cumprir e fazer
adolescente vínculos externos à instituição cumprir as determinações judiciais.
para fins de convivência familiar e Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os
comunitária e colaboração com o seu responsáveis, têm direitos iguais e deveres
desenvolvimento nos aspectos social, e responsabilidades compartilhados no
moral, físico, cognitivo, educacional e cuidado e na educação da criança, devendo
financeiro. ser resguardado o direito de transmissão
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas familiar de suas crenças e culturas,
pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não assegurados os direitos da criança
inscritas nos cadastros de adoção, desde que estabelecidos nesta Lei.
cumpram os requisitos exigidos pelo
programa de apadrinhamento de que fazem Art. 23. A falta ou a carência de recursos
parte. materiais não constitui motivo suficiente
§3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar para a perda ou a suspensão do poder
criança ou adolescente a fim de colaborar familiar.
para o seu desenvolvimento. §1º Não existindo outro motivo que por
§4º O perfil da criança ou do adolescente si só autorize a decretação da medida, a
a ser apadrinhado será definido no âmbito criança ou o adolescente será mantido em
de cada programa de apadrinhamento, com sua família de origem, a qual deverá
prioridade para crianças ou adolescentes obrigatoriamente ser incluída em serviços e
com remota possibilidade de reinserção programas oficiais de proteção, apoio e
familiar ou colocação em família adotiva. promoção.
§5º Os programas ou serviços de § 2º A condenação criminal do pai ou da
apadrinhamento apoiados pela Justiça da mãe não implicará a destituição do poder

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Legislação

familiar, exceto na hipótese de condenação Seção III


por crime doloso sujeito à pena de reclusão Da Família Substituta
contra outrem igualmente titular do mesmo Subseção I
poder familiar ou contra filho, filha ou Disposições Gerais
outro descendente.
Art. 28. A colocação em família
Art. 24. A perda e a suspensão do poder substituta far-se-á mediante guarda, tutela
familiar serão decretadas judicialmente, em ou adoção, independentemente da situação
procedimento contraditório, nos casos jurídica da criança ou adolescente, nos
previstos na legislação civil, bem como na termos desta Lei.
hipótese de descumprimento injustificado §1º Sempre que possível, a criança ou o
dos deveres e obrigações a que alude o art. adolescente será previamente ouvido por
22. equipe interprofissional, respeitado seu
estágio de desenvolvimento e grau de
Seção II compreensão sobre as implicações da
Da Família Natural medida, e terá sua opinião devidamente
considerada.
Art. 25. Entende-se por família natural a §2º Tratando-se de maior de 12 (doze)
comunidade formada pelos pais ou anos de idade, será necessário seu
qualquer deles e seus descendentes. consentimento, colhido em audiência.
Parágrafo único. Entende-se por família §3º Na apreciação do pedido levar-se-á
extensa ou ampliada aquela que se estende em conta o grau de parentesco e a relação
para além da unidade pais e filhos ou da de afinidade ou de afetividade, a fim de
unidade do casal, formada por parentes evitar ou minorar as consequências
próximos com os quais a criança ou decorrentes da medida.
adolescente convive e mantém vínculos de §4º Os grupos de irmãos serão colocados
afinidade e afetividade. sob adoção, tutela ou guarda da mesma
família substituta, ressalvada a comprovada
Art. 26. Os filhos havidos fora do existência de risco de abuso ou outra
casamento poderão ser reconhecidos pelos situação que justifique plenamente a
pais, conjunta ou separadamente, no excepcionalidade de solução diversa,
próprio termo de nascimento, por procurando-se, em qualquer caso, evitar o
testamento, mediante escritura ou outro rompimento definitivo dos vínculos
documento público, qualquer que seja a fraternais.
origem da filiação. §5º A colocação da criança ou
Parágrafo único. O reconhecimento adolescente em família substituta será
pode preceder o nascimento do filho ou precedida de sua preparação gradativa e
suceder-lhe ao falecimento, se deixar acompanhamento posterior, realizados pela
descendentes. equipe interprofissional a serviço da Justiça
da Infância e da Juventude,
Art. 27. O reconhecimento do estado de preferencialmente com o apoio dos técnicos
filiação é direito personalíssimo, responsáveis pela execução da política
indisponível e imprescritível, podendo ser municipal de garantia do direito à
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, convivência familiar.
sem qualquer restrição, observado o §6º Em se tratando de criança ou
segredo de Justiça. adolescente indígena ou proveniente de
comunidade remanescente de quilombo, é
ainda obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas
sua identidade social e cultural, os seus

61
Legislação

costumes e tradições, bem como suas tutela e adoção, exceto no de adoção por
instituições, desde que não sejam estrangeiros.
incompatíveis com os direitos § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a
fundamentais reconhecidos por esta Lei e guarda, fora dos casos de tutela e adoção,
pela Constituição Federal; para atender a situações peculiares ou suprir
II - que a colocação familiar ocorra a falta eventual dos pais ou responsável,
prioritariamente no seio de sua comunidade podendo ser deferido o direito de
ou junto a membros da mesma etnia; representação para a prática de atos
III - a intervenção e oitiva de determinados.
representantes do órgão federal responsável § 3º A guarda confere à criança ou
pela política indigenista, no caso de adolescente a condição de dependente, para
crianças e adolescentes indígenas, e de todos os fins e efeitos de direito, inclusive
antropólogos, perante a equipe previdenciários.
interprofissional ou multidisciplinar que irá §4º Salvo expressa e fundamentada
acompanhar o caso. determinação em contrário, da autoridade
judiciária competente, ou quando a medida
Art. 29. Não se deferirá colocação em for aplicada em preparação para adoção, o
família substituta a pessoa que revele, por deferimento da guarda de criança ou
qualquer modo, incompatibilidade com a adolescente a terceiros não impede o
natureza da medida ou não ofereça exercício do direito de visitas pelos pais,
ambiente familiar adequado. assim como o dever de prestar alimentos,
que serão objeto de regulamentação
Art. 30. A colocação em família específica, a pedido do interessado ou do
substituta não admitirá transferência da Ministério Público.
criança ou adolescente a terceiros ou a
entidades governamentais ou não- Art. 34. O poder público estimulará, por
governamentais, sem autorização judicial. meio de assistência jurídica, incentivos
fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
Art. 31. A colocação em família forma de guarda, de criança ou adolescente
substituta estrangeira constitui medida afastado do convívio familiar.
excepcional, somente admissível na §1º A inclusão da criança ou adolescente
modalidade de adoção. em programas de acolhimento familiar terá
preferência a seu acolhimento institucional,
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, observado, em qualquer caso, o caráter
o responsável prestará compromisso de temporário e excepcional da medida, nos
bem e fielmente desempenhar o encargo, termos desta Lei.
mediante termo nos autos. §2º Na hipótese do §1º deste artigo a
pessoa ou casal cadastrado no programa de
Subseção II acolhimento familiar poderá receber a
Da Guarda criança ou adolescente mediante guarda,
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta
Art. 33. A guarda obriga a prestação de Lei.
assistência material, moral e educacional à §3º A União apoiará a implementação de
criança ou adolescente, conferindo a seu serviços de acolhimento em família
detentor o direito de opor-se a terceiros, acolhedora como política pública, os quais
inclusive aos pais. deverão dispor de equipe que organize o
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a acolhimento temporário de crianças e de
posse de fato, podendo ser deferida, liminar adolescentes em residências de famílias
ou incidentalmente, nos procedimentos de selecionadas, capacitadas e acompanhadas
que não estejam no cadastro de adoção.

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Legislação

§4º Poderão ser utilizados recursos Subseção IV


federais, estaduais, distritais e municipais Da Adoção
para a manutenção dos serviços de
acolhimento em família acolhedora, Art. 39. A adoção de criança e de
facultando-se o repasse de recursos para a adolescente reger-se-á segundo o disposto
própria família acolhedora. nesta Lei.
§1º A adoção é medida excepcional e
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
qualquer tempo, mediante ato judicial quando esgotados os recursos de
fundamentado, ouvido o Ministério manutenção da criança ou adolescente na
Público. família natural ou extensa, na forma do
parágrafo único do art. 25 desta Lei.
Subseção III §2º É vedada a adoção por procuração.
Da Tutela §3º Em caso de conflito entre direitos e
interesses do adotando e de outras pessoas,
Art. 36. A tutela será deferida, nos inclusive seus pais biológicos, devem
termos da lei civil, a pessoa de até 18 prevalecer os direitos e os interesses do
(dezoito) anos incompletos. adotando.
Parágrafo único. O deferimento da tutela
pressupõe a prévia decretação da perda ou Art. 40. O adotando deve contar com, no
suspensão do poder familiar e implica máximo, dezoito anos à data do pedido,
necessariamente o dever de guarda. salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos
adotantes.
Art. 37. O tutor nomeado por testamento
ou qualquer documento autêntico, Art. 41. A adoção atribui a condição de
conforme previsto no parágrafo único do filho ao adotado, com os mesmos direitos e
art. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de deveres, inclusive sucessórios, desligando-
janeiro de 2002 - Código Civil , deverá, no o de qualquer vínculo com pais e parentes,
prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da salvo os impedimentos matrimoniais.
sucessão, ingressar com pedido destinado § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos
ao controle judicial do ato, observando o adota o filho do outro, mantêm-se os
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 vínculos de filiação entre o adotado e o
desta Lei. cônjuge ou concubino do adotante e os
Parágrafo único. Na apreciação do respectivos parentes.
pedido, serão observados os requisitos § 2º É recíproco o direito sucessório
previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, entre o adotado, seus descendentes, o
somente sendo deferida a tutela à pessoa adotante, seus ascendentes, descendentes e
indicada na disposição de última vontade, colaterais até o 4º grau, observada a ordem
se restar comprovado que a medida é de vocação hereditária.
vantajosa ao tutelando e que não existe
outra pessoa em melhores condições de Art. 42. Podem adotar os maiores de 18
assumi-la. (dezoito) anos, independentemente do
estado civil.
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela § 1º Não podem adotar os ascendentes e
o disposto no art. 24. os irmãos do adotando.
§2º Para adoção conjunta, é
indispensável que os adotantes sejam
casados civilmente ou mantenham união
estável, comprovada a estabilidade da
família.

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Legislação

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, criança ou adolescente e as peculiaridades


dezesseis anos mais velho do que o do caso.
adotando. §1º O estágio de convivência poderá ser
§4º Os divorciados, os judicialmente dispensado se o adotando já estiver sob a
separados e os ex-companheiros podem tutela ou guarda legal do adotante durante
adotar conjuntamente, contanto que tempo suficiente para que seja possível
acordem sobre a guarda e o regime de avaliar a conveniência da constituição do
visitas e desde que o estágio de convivência vínculo.
tenha sido iniciado na constância do §2º A simples guarda de fato não
período de convivência e que seja autoriza, por si só, a dispensa da realização
comprovada a existência de vínculos de do estágio de convivência.
afinidade e afetividade com aquele não §2º -A. O prazo máximo estabelecido no
detentor da guarda, que justifiquem a caput deste artigo pode ser prorrogado por
excepcionalidade da concessão. até igual período, mediante decisão
§5º Nos casos do §4º deste artigo, desde fundamentada da autoridade judiciária.
que demonstrado efetivo benefício ao §3º Em caso de adoção por pessoa ou
adotando, será assegurada a guarda casal residente ou domiciliado fora do País,
compartilhada, conforme previsto no art. o estágio de convivência será de, no
1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45
2002 - Código Civil . (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até
§6º A adoção poderá ser deferida ao igual período, uma única vez, mediante
adotante que, após inequívoca manifestação decisão fundamentada da autoridade
de vontade, vier a falecer no curso do judiciária.
procedimento, antes de prolatada a §3º -A. Ao final do prazo previsto no §3º
sentença. deste artigo, deverá ser apresentado laudo
fundamentado pela equipe mencionada no
Art. 43. A adoção será deferida quando §4º deste artigo, que recomendará ou não o
apresentar reais vantagens para o adotando deferimento da adoção à autoridade
e fundar-se em motivos legítimos. judiciária.
§4º O estágio de convivência será
Art. 44. Enquanto não der conta de sua acompanhado pela equipe interprofissional
administração e saldar o seu alcance, não a serviço da Justiça da Infância e da
pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou Juventude, preferencialmente com apoio
o curatelado. dos técnicos responsáveis pela execução da
política de garantia do direito à convivência
Art. 45. A adoção depende do familiar, que apresentarão relatório
consentimento dos pais ou do representante minucioso acerca da conveniência do
legal do adotando. deferimento da medida.
§ 1º. O consentimento será dispensado §5º O estágio de convivência será
em relação à criança ou adolescente cujos cumprido no território nacional,
pais sejam desconhecidos ou tenham sido preferencialmente na comarca de residência
destituídos do poder familiar . da criança ou adolescente, ou, a critério do
§ 2º. Em se tratando de adotando maior juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em
de doze anos de idade, será também qualquer hipótese, a competência do juízo
necessário o seu consentimento. da comarca de residência da criança.

Art. 46. A adoção será precedida de Art. 47. O vínculo da adoção constitui-
estágio de convivência com a criança ou se por sentença judicial, que será inscrita no
adolescente, pelo prazo máximo de 90 registro civil mediante mandado do qual
(noventa) dias, observadas a idade da não se fornecerá certidão.

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Legislação

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu


adotantes como pais, bem como o nome de pedido, assegurada orientação e assistência
seus ascendentes. jurídica e psicológica.
§ 2º O mandado judicial, que será
arquivado, cancelará o registro original do Art. 49. A morte dos adotantes não
adotado. restabelece o poder familiar dos pais
§3º A pedido do adotante, o novo naturais.
registro poderá ser lavrado no Cartório do
Registro Civil do Município de sua Art. 50. A autoridade judiciária manterá,
residência. em cada comarca ou foro regional, um
§4º Nenhuma observação sobre a origem registro de crianças e adolescentes em
do ato poderá constar nas certidões do condições de serem adotados e outro de
registro. pessoas interessadas na adoção.
§5º A sentença conferirá ao adotado o § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á
nome do adotante e, a pedido de qualquer após prévia consulta aos órgãos técnicos do
deles, poderá determinar a modificação do juizado, ouvido o Ministério Público.
prenome. § 2º Não será deferida a inscrição se o
§6º Caso a modificação de prenome seja interessado não satisfizer os requisitos
requerida pelo adotante, é obrigatória a legais, ou verificada qualquer das hipóteses
oitiva do adotando, observado o disposto previstas no art. 29.
nos §§1º e 2º do art. 28 desta Lei. §3º A inscrição de postulantes à adoção
§7º A adoção produz seus efeitos a partir será precedida de um período de preparação
do trânsito em julgado da sentença psicossocial e jurídica, orientado pela
constitutiva, exceto na hipótese prevista no equipe técnica da Justiça da Infância e da
§6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá Juventude, preferencialmente com apoio
força retroativa à data do óbito. dos técnicos responsáveis pela execução da
§8º O processo relativo à adoção assim política municipal de garantia do direito à
como outros a ele relacionados serão convivência familiar.
mantidos em arquivo, admitindo-se seu §4º Sempre que possível e
armazenamento em microfilme ou por recomendável, a preparação referida no §3º
outros meios, garantida a sua conservação deste artigo incluirá o contato com crianças
para consulta a qualquer tempo. e adolescentes em acolhimento familiar ou
§ 9º Terão prioridade de tramitação os institucional em condições de serem
processos de adoção em que o adotando for adotados, a ser realizado sob a orientação,
criança ou adolescente com deficiência ou supervisão e avaliação da equipe técnica da
com doença crônica. Justiça da Infância e da Juventude, com
§ 10. O prazo máximo para conclusão da apoio dos técnicos responsáveis pelo
ação de adoção será de 120 (cento e vinte) programa de acolhimento e pela execução
dias, prorrogável uma única vez por igual da política municipal de garantia do direito
período, mediante decisão fundamentada da à convivência familiar.
autoridade judiciária. §5º Serão criados e implementados
cadastros estaduais e nacional de crianças e
Art. 48. O adotado tem direito de adolescentes em condições de serem
conhecer sua origem biológica, bem como adotados e de pessoas ou casais habilitados
de obter acesso irrestrito ao processo no à adoção.
qual a medida foi aplicada e seus eventuais §6º Haverá cadastros distintos para
incidentes, após completar 18 (dezoito) pessoas ou casais residentes fora do País,
anos. que somente serão consultados na
Parágrafo único. O acesso ao processo inexistência de postulantes nacionais
de adoção poderá ser também deferido ao

65
Legislação

habilitados nos cadastros mencionados no III - oriundo o pedido de quem detém a


§5º deste artigo. tutela ou guarda legal de criança maior de 3
§7º As autoridades estaduais e federais (três) anos ou adolescente, desde que o
em matéria de adoção terão acesso integral lapso de tempo de convivência comprove a
aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de fixação de laços de afinidade e afetividade,
informações e a cooperação mútua, para e não seja constatada a ocorrência de má-fé
melhoria do sistema. ou qualquer das situações previstas nos arts.
§8º A autoridade judiciária 237 ou 238 desta Lei.
providenciará, no prazo de 48 (quarenta e § 14. Nas hipóteses previstas no § 13
oito) horas, a inscrição das crianças e deste artigo, o candidato deverá comprovar,
adolescentes em condições de serem no curso do procedimento, que preenche os
adotados que não tiveram colocação requisitos necessários à adoção, conforme
familiar na comarca de origem, e das previsto nesta Lei.
pessoas ou casais que tiveram deferida sua § 15. Será assegurada prioridade no
habilitação à adoção nos cadastros estadual cadastro a pessoas interessadas em adotar
e nacional referidos no §5º deste artigo, sob criança ou adolescente com deficiência,
pena de responsabilidade. com doença crônica ou com necessidades
§9º Compete à Autoridade Central específicas de saúde, além de grupo de
Estadual zelar pela manutenção e correta irmãos.
alimentação dos cadastros, com posterior
comunicação à Autoridade Central Federal Art. 51. Considera-se adoção
Brasileira. internacional aquela na qual o pretendente
§ 10. Consultados os cadastros e possui residência habitual em país-parte da
verificada a ausência de pretendentes Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993,
habilitados residentes no País com perfil Relativa à Proteção das Crianças e à
compatível e interesse manifesto pela Cooperação em Matéria de Adoção
adoção de criança ou adolescente inscrito Internacional, promulgada pelo Decreto n o
nos cadastros existentes, será realizado o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar
encaminhamento da criança ou adolescente criança em outro país-parte da Convenção.
à adoção internacional. §1º A adoção internacional de criança ou
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou adolescente brasileiro ou domiciliado no
casal interessado em sua adoção, a criança Brasil somente terá lugar quando restar
ou o adolescente, sempre que possível e comprovado:
recomendável, será colocado sob guarda de I - que a colocação em família adotiva é
família cadastrada em programa de a solução adequada ao caso concreto;
acolhimento familiar. II - que foram esgotadas todas as
§ 12. A alimentação do cadastro e a possibilidades de colocação da criança ou
convocação criteriosa dos postulantes à adolescente em família adotiva brasileira,
adoção serão fiscalizadas pelo Ministério com a comprovação, certificada nos autos,
Público. da inexistência de adotantes habilitados
§ 13. Somente poderá ser deferida residentes no Brasil com perfil compatível
adoção em favor de candidato domiciliado com a criança ou adolescente, após consulta
no Brasil não cadastrado previamente nos aos cadastros mencionados nesta Lei;
termos desta Lei quando: III - que, em se tratando de adoção de
I - se tratar de pedido de adoção adolescente, este foi consultado, por meios
unilateral; adequados ao seu estágio de
II - for formulada por parente com o qual desenvolvimento, e que se encontra
a criança ou adolescente mantenha vínculos preparado para a medida, mediante parecer
de afinidade e afetividade; elaborado por equipe interprofissional,

66
Legislação

observado o disposto nos §§1º e 2 o do art. acompanhados da respectiva tradução, por


28 desta Lei. tradutor público juramentado;
§2º Os brasileiros residentes no exterior VI - a Autoridade Central Estadual
terão preferência aos estrangeiros, nos poderá fazer exigências e solicitar
casos de adoção internacional de criança ou complementação sobre o estudo
adolescente brasileiro. psicossocial do postulante estrangeiro à
§3º A adoção internacional pressupõe a adoção, já realizado no país de acolhida;
intervenção das Autoridades Centrais VII - verificada, após estudo realizado
Estaduais e Federal em matéria de adoção pela Autoridade Central Estadual, a
internacional. compatibilidade da legislação estrangeira
§ 4º (Revogado) com a nacional, além do preenchimento por
parte dos postulantes à medida dos
Art. 52. A adoção internacional requisitos objetivos e subjetivos
observará o procedimento previsto nos arts. necessários ao seu deferimento, tanto à luz
165 a 170 desta Lei, com as seguintes do que dispõe esta Lei como da legislação
adaptações: do país de acolhida, será expedido laudo de
I - a pessoa ou casal estrangeiro, habilitação à adoção internacional, que terá
interessado em adotar criança ou validade por, no máximo, 1 (um) ano;
adolescente brasileiro, deverá formular VIII - de posse do laudo de habilitação,
pedido de habilitação à adoção perante a o interessado será autorizado a formalizar
Autoridade Central em matéria de adoção pedido de adoção perante o Juízo da
internacional no país de acolhida, assim Infância e da Juventude do local em que se
entendido aquele onde está situada sua encontra a criança ou adolescente,
residência habitual; conforme indicação efetuada pela
II - se a Autoridade Central do país de Autoridade Central Estadual.
acolhida considerar que os solicitantes §1º Se a legislação do país de acolhida
estão habilitados e aptos para adotar, assim o autorizar, admite-se que os pedidos
emitirá um relatório que contenha de habilitação à adoção internacional sejam
informações sobre a identidade, a intermediados por organismos
capacidade jurídica e adequação dos credenciados.
solicitantes para adotar, sua situação §2º Incumbe à Autoridade Central
pessoal, familiar e médica, seu meio social, Federal Brasileira o credenciamento de
os motivos que os animam e sua aptidão organismos nacionais e estrangeiros
para assumir uma adoção internacional; encarregados de intermediar pedidos de
III - a Autoridade Central do país de habilitação à adoção internacional, com
acolhida enviará o relatório à Autoridade posterior comunicação às Autoridades
Central Estadual, com cópia para a Centrais Estaduais e publicação nos órgãos
Autoridade Central Federal Brasileira; oficiais de imprensa e em sítio próprio da
IV - o relatório será instruído com toda a internet.
documentação necessária, incluindo estudo §3º Somente será admissível o
psicossocial elaborado por equipe credenciamento de organismos que:
interprofissional habilitada e cópia I - sejam oriundos de países que
autenticada da legislação pertinente, ratificaram a Convenção de Haia e estejam
acompanhada da respectiva prova de devidamente credenciados pela Autoridade
vigência; Central do país onde estiverem sediados e
V - os documentos em língua estrangeira no país de acolhida do adotando para atuar
serão devidamente autenticados pela em adoção internacional no Brasil;
autoridade consular, observados os tratados II - satisfizerem as condições de
e convenções internacionais, e integridade moral, competência
profissional, experiência e responsabilidade

67
Legislação

exigidas pelos países respectivos e pela da certidão de registro de nascimento


Autoridade Central Federal Brasileira; estrangeira e do certificado de
III - forem qualificados por seus padrões nacionalidade tão logo lhes sejam
éticos e sua formação e experiência para concedidos.
atuar na área de adoção internacional; §5º A não apresentação dos relatórios
IV - cumprirem os requisitos exigidos referidos no §4º deste artigo pelo organismo
pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas credenciado poderá acarretar a suspensão
normas estabelecidas pela Autoridade de seu credenciamento.
Central Federal Brasileira. §6º O credenciamento de organismo
§4º Os organismos credenciados nacional ou estrangeiro encarregado de
deverão ainda: intermediar pedidos de adoção
I - perseguir unicamente fins não internacional terá validade de 2 (dois) anos.
lucrativos, nas condições e dentro dos §7º A renovação do credenciamento
limites fixados pelas autoridades poderá ser concedida mediante
competentes do país onde estiverem requerimento protocolado na Autoridade
sediados, do país de acolhida e pela Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta)
Autoridade Central Federal Brasileira; dias anteriores ao término do respectivo
II - ser dirigidos e administrados por prazo de validade.
pessoas qualificadas e de reconhecida §8º Antes de transitada em julgado a
idoneidade moral, com comprovada decisão que concedeu a adoção
formação ou experiência para atuar na área internacional, não será permitida a saída do
de adoção internacional, cadastradas pelo adotando do território nacional.
Departamento de Polícia Federal e §9º Transitada em julgado a decisão, a
aprovadas pela Autoridade Central Federal autoridade judiciária determinará a
Brasileira, mediante publicação de portaria expedição de alvará com autorização de
do órgão federal competente; viagem, bem como para obtenção de
III - estar submetidos à supervisão das passaporte, constando, obrigatoriamente, as
autoridades competentes do país onde características da criança ou adolescente
estiverem sediados e no país de acolhida, adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
inclusive quanto à sua composição, sinais ou traços peculiares, assim como foto
funcionamento e situação financeira; recente e a aposição da impressão digital do
IV - apresentar à Autoridade Central seu polegar direito, instruindo o documento
Federal Brasileira, a cada ano, relatório com cópia autenticada da decisão e certidão
geral das atividades desenvolvidas, bem de trânsito em julgado.
como relatório de acompanhamento das § 10. A Autoridade Central Federal
adoções internacionais efetuadas no Brasileira poderá, a qualquer momento,
período, cuja cópia será encaminhada ao solicitar informações sobre a situação das
Departamento de Polícia Federal; crianças e adolescentes adotados
V - enviar relatório pós-adotivo § 11. A cobrança de valores por parte dos
semestral para a Autoridade Central organismos credenciados, que sejam
Estadual, com cópia para a Autoridade considerados abusivos pela Autoridade
Central Federal Brasileira, pelo período Central Federal Brasileira e que não
mínimo de 2 (dois) anos. O envio do estejam devidamente comprovados, é causa
relatório será mantido até a juntada de cópia de seu descredenciamento.
autenticada do registro civil, estabelecendo § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge
a cidadania do país de acolhida para o não podem ser representados por mais de
adotado; uma entidade credenciada para atuar na
VI - tomar as medidas necessárias para cooperação em adoção internacional.
garantir que os adotantes encaminhem à § 13. A habilitação de postulante
Autoridade Central Federal Brasileira cópia estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil

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Legislação

terá validade máxima de 1 (um) ano, Art. 52-C. Nas adoções internacionais,
podendo ser renovada. quando o Brasil for o país de acolhida, a
§ 14. É vedado o contato direto de decisão da autoridade competente do país
representantes de organismos de adoção, de origem da criança ou do adolescente será
nacionais ou estrangeiros, com dirigentes conhecida pela Autoridade Central
de programas de acolhimento institucional Estadual que tiver processado o pedido de
ou familiar, assim como com crianças e habilitação dos pais adotivos, que
adolescentes em condições de serem comunicará o fato à Autoridade Central
adotados, sem a devida autorização judicial. Federal e determinará as providências
§ 15. A Autoridade Central Federal necessárias à expedição do Certificado de
Brasileira poderá limitar ou suspender a Naturalização Provisório.
concessão de novos credenciamentos §1º A Autoridade Central Estadual,
sempre que julgar necessário, mediante ato ouvido o Ministério Público, somente
administrativo fundamentado. deixará de reconhecer os efeitos daquela
decisão se restar demonstrado que a adoção
Art. 52-A. É vedado, sob pena de é manifestamente contrária à ordem pública
responsabilidade e descredenciamento, o ou não atende ao interesse superior da
repasse de recursos provenientes de criança ou do adolescente.
organismos estrangeiros encarregados de §2º Na hipótese de não reconhecimento
intermediar pedidos de adoção da adoção, prevista no §1º deste artigo, o
internacional a organismos nacionais ou a Ministério Público deverá imediatamente
pessoas físicas. requerer o que for de direito para resguardar
Parágrafo único. Eventuais repasses os interesses da criança ou do adolescente,
somente poderão ser efetuados via Fundo comunicando-se as providências à
dos Direitos da Criança e do Adolescente e Autoridade Central Estadual, que fará a
estarão sujeitos às deliberações do comunicação à Autoridade Central Federal
respectivo Conselho de Direitos da Criança Brasileira e à Autoridade Central do país de
e do Adolescente origem.

Art. 52-B. A adoção por brasileiro Art. 52-D. Nas adoções internacionais,
residente no exterior em país ratificante da quando o Brasil for o país de acolhida e a
Convenção de Haia, cujo processo de adoção não tenha sido deferida no país de
adoção tenha sido processado em origem porque a sua legislação a delega ao
conformidade com a legislação vigente no país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
país de residência e atendido o disposto na mesmo com decisão, a criança ou o
Alínea “c” do Artigo 17 da referida adolescente ser oriundo de país que não
Convenção, será automaticamente tenha aderido à Convenção referida, o
recepcionada com o reingresso no Brasil. processo de adoção seguirá as regras da
§1º Caso não tenha sido atendido o adoção nacional.
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
Convenção de Haia, deverá a sentença ser Capítulo IV
homologada pelo Superior Tribunal de Do Direito à Educação, à Cultura, ao
Justiça. Esporte e ao Lazer
§2º O pretendente brasileiro residente no
exterior em país não ratificante da Art. 53. A criança e o adolescente têm
Convenção de Haia, uma vez reingressado direito à educação, visando ao pleno
no Brasil, deverá requerer a homologação desenvolvimento de sua pessoa, preparo
da sentença estrangeira pelo Superior para o exercício da cidadania e qualificação
Tribunal de Justiça. para o trabalho, assegurando-se-lhes:

69
Legislação

I - igualdade de condições para o acesso suplementares de material didático-escolar,


e permanência na escola; transporte, alimentação e assistência à
II - direito de ser respeitado por seus saúde.
educadores; § 1º O acesso ao ensino obrigatório e
III - direito de contestar critérios gratuito é direito público subjetivo.
avaliativos, podendo recorrer às instâncias § 2º O não oferecimento do ensino
escolares superiores; obrigatório pelo poder público ou sua oferta
IV - direito de organização e irregular importa responsabilidade da
participação em entidades estudantis; autoridade competente.
V - acesso à escola pública e gratuita, § 3º Compete ao poder público recensear
próxima de sua residência, garantindo-se os educandos no ensino fundamental, fazer-
vagas no mesmo estabelecimento a irmãos lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
que frequentem a mesma etapa ou ciclo de responsável, pela frequência à escola.
ensino da educação básica. (Redação dada
pela Lei nº 13.845, de 2019) Art. 55. Os pais ou responsável têm a
Parágrafo único. É direito dos pais ou obrigação de matricular seus filhos ou
responsáveis ter ciência do processo pupilos na rede regular de ensino.
pedagógico, bem como participar da
definição das propostas educacionais. Art. 56. Os dirigentes de
estabelecimentos de ensino fundamental
Art. 53-A. É dever da instituição de comunicarão ao Conselho Tutelar os casos
ensino, clubes e agremiações recreativas e de:
de estabelecimentos congêneres assegurar I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
medidas de conscientização, prevenção e II - reiteração de faltas injustificadas e de
enfrentamento ao uso ou dependência de evasão escolar, esgotados os recursos
drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, escolares;
de 2019) III - elevados níveis de repetência.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à Art. 57. O poder público estimulará
criança e ao adolescente: pesquisas, experiências e novas propostas
I - ensino fundamental, obrigatório e relativas a calendário, seriação, currículo,
gratuito, inclusive para os que a ele não metodologia, didática e avaliação, com
tiveram acesso na idade própria; vistas à inserção de crianças e adolescentes
II - progressiva extensão da excluídos do ensino fundamental
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino obrigatório.
médio;
III - atendimento educacional Art. 58. No processo educacional
especializado aos portadores de deficiência, respeitar-se-ão os valores culturais,
preferencialmente na rede regular de artísticos e históricos próprios do contexto
ensino; social da criança e do adolescente,
IV - atendimento em creche e pré-escola garantindo-se a estes a liberdade da criação
às crianças de zero a cinco anos de idade; e o acesso às fontes de cultura.
V - acesso aos níveis mais elevados do
ensino, da pesquisa e da criação artística, Art. 59. Os municípios, com apoio dos
segundo a capacidade de cada um; estados e da União, estimularão e facilitarão
VI - oferta de ensino noturno regular, a destinação de recursos e espaços para
adequado às condições do adolescente programações culturais, esportivas e de
trabalhador; lazer voltadas para a infância e a juventude.
VII - atendimento no ensino
fundamental, através de programas

70
Legislação

Capítulo V III - realizado em locais prejudiciais à


Do Direito à Profissionalização e à sua formação e ao seu desenvolvimento
Proteção no Trabalho físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a não permitam a frequência à escola.
menores de quatorze anos de idade, salvo
na condição de aprendiz. (Vide Art. 68. O programa social que tenha por
Constituição Federal) base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade
Art. 61. A proteção ao trabalho dos governamental ou não-governamental sem
adolescentes é regulada por legislação fins lucrativos, deverá assegurar ao
especial, sem prejuízo do disposto nesta adolescente que dele participe condições de
Lei. capacitação para o exercício de atividade
regular remunerada.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a § 1º Entende-se por trabalho educativo a
formação técnico-profissional ministrada atividade laboral em que as exigências
segundo as diretrizes e bases da legislação pedagógicas relativas ao desenvolvimento
de educação em vigor. pessoal e social do educando prevalecem
sobre o aspecto produtivo.
Art. 63. A formação técnico-profissional § 2º A remuneração que o adolescente
obedecerá aos seguintes princípios: recebe pelo trabalho efetuado ou a
I - garantia de acesso e frequência participação na venda dos produtos de seu
obrigatória ao ensino regular; trabalho não desfigura o caráter educativo.
II - atividade compatível com o
desenvolvimento do adolescente; Art. 69. O adolescente tem direito à
III - horário especial para o exercício das profissionalização e à proteção no trabalho,
atividades. observados os seguintes aspectos, entre
outros:
Art. 64. Ao adolescente até quatorze I - respeito à condição peculiar de pessoa
anos de idade é assegurada bolsa de em desenvolvimento;
aprendizagem. II - capacitação profissional adequada ao
mercado de trabalho.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior
de quatorze anos, são assegurados os Título III
direitos trabalhistas e previdenciários. Da Prevenção
Capítulo I
Art. 66. Ao adolescente portador de Disposições Gerais
deficiência é assegurado trabalho
protegido. Art. 70. É dever de todos prevenir a
ocorrência de ameaça ou violação dos
Art. 67. Ao adolescente empregado, direitos da criança e do adolescente.
aprendiz, em regime familiar de trabalho,
aluno de escola técnica, assistido em Art. 70-A. A União, os Estados, o
entidade governamental ou não- Distrito Federal e os Municípios deverão
governamental, é vedado trabalho: atuar de forma articulada na elaboração de
I - noturno, realizado entre as vinte e políticas públicas e na execução de ações
duas horas de um dia e as cinco horas do dia destinadas a coibir o uso de castigo físico
seguinte; ou de tratamento cruel ou degradante e
II - perigoso, insalubre ou penoso; difundir formas não violentas de educação

71
Legislação

de crianças e de adolescentes, tendo como VII - a promoção de estudos e pesquisas,


principais ações: de estatísticas e de outras informações
I - a promoção de campanhas educativas relevantes às consequências e à frequência
permanentes para a divulgação do direito da das formas de violência contra a criança e o
criança e do adolescente de serem educados adolescente para a sistematização de dados
e cuidados sem o uso de castigo físico ou de nacionalmente unificados e a avaliação
tratamento cruel ou degradante e dos periódica dos resultados das medidas
instrumentos de proteção aos direitos adotadas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
humanos; 2022)
II - a integração com os órgãos do Poder VIII - o respeito aos valores da dignidade
Judiciário, do Ministério Público e da da pessoa humana, de forma a coibir a
Defensoria Pública, com o Conselho violência, o tratamento cruel ou degradante
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da e as formas violentas de educação, correção
Criança e do Adolescente e com as ou disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344,
entidades não governamentais que atuam na de 2022)
promoção, proteção e defesa dos direitos da IX - a promoção e a realização de
criança e do adolescente; campanhas educativas direcionadas ao
III - a formação continuada e a público escolar e à sociedade em geral e a
capacitação dos profissionais de saúde, difusão desta Lei e dos instrumentos de
educação e assistência social e dos demais proteção aos direitos humanos das crianças
agentes que atuam na promoção, proteção e e dos adolescentes, incluídos os canais de
defesa dos direitos da criança e do denúncia existentes; (Incluído pela Lei nº
adolescente para o desenvolvimento das 14.344, de 2022)
competências necessárias à prevenção, à X - a celebração de convênios, de
identificação de evidências, ao diagnóstico protocolos, de ajustes, de termos e de outros
e ao enfrentamento de todas as formas de instrumentos de promoção de parceria entre
violência contra a criança e o adolescente; órgãos governamentais ou entre estes e
IV - o apoio e o incentivo às práticas de entidades não governamentais, com o
resolução pacífica de conflitos que objetivo de implementar programas de
envolvam violência contra a criança e o erradicação da violência, de tratamento
adolescente; cruel ou degradante e de formas violentas
V - a inclusão, nas políticas públicas, de de educação, correção ou disciplina;
ações que visem a garantir os direitos da (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
criança e do adolescente, desde a atenção XI - a capacitação permanente das
pré-natal, e de atividades junto aos pais e Polícias Civil e Militar, da Guarda
responsáveis com o objetivo de promover a Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos
informação, a reflexão, o debate e a profissionais nas escolas, dos Conselhos
orientação sobre alternativas ao uso de Tutelares e dos profissionais pertencentes
castigo físico ou de tratamento cruel ou aos órgãos e às áreas referidos no inciso II
degradante no processo educativo; deste caput, para que identifiquem
VI - a promoção de espaços situações em que crianças e adolescentes
intersetoriais locais para a articulação de vivenciam violência e agressões no âmbito
ações e a elaboração de planos de atuação familiar ou institucional; (Incluído pela Lei
conjunta focados nas famílias em situação nº 14.344, de 2022)
de violência, com participação de XII - a promoção de programas
profissionais de saúde, de assistência social educacionais que disseminem valores
e de educação e de órgãos de promoção, éticos de irrestrito respeito à dignidade da
proteção e defesa dos direitos da criança e pessoa humana, bem como de programas de
do adolescente. fortalecimento da parentalidade positiva, da
educação sem castigos físicos e de ações de

72
Legislação

prevenção e enfrentamento da violência Capítulo II


doméstica e familiar contra a criança e o Da Prevenção Especial
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, Seção I
de 2022) Da informação, Cultura, Lazer,
XIII - o destaque, nos currículos Esportes, Diversões e Espetáculos
escolares de todos os níveis de ensino, dos
conteúdos relativos à prevenção, à Art. 74. O poder público, através do
identificação e à resposta à violência órgão competente, regulará as diversões e
doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº espetáculos públicos, informando sobre a
14.344, de 2022) natureza deles, as faixas etárias a que não se
Parágrafo único. As famílias com recomendem, locais e horários em que sua
crianças e adolescentes com deficiência apresentação se mostre inadequada.
terão prioridade de atendimento nas ações e Parágrafo único. Os responsáveis pelas
políticas públicas de prevenção e proteção. diversões e espetáculos públicos deverão
afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à
Art. 70-B. As entidades, públicas e entrada do local de exibição, informação
privadas, que atuem nas áreas da saúde e da destacada sobre a natureza do espetáculo e
educação, além daquelas às quais se refere a faixa etária especificada no certificado de
o art. 71 desta Lei, entre outras, devem classificação.
contar, em seus quadros, com pessoas
capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Art. 75. Toda criança ou adolescente terá
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de acesso às diversões e espetáculos públicos
crimes praticados contra a criança e o classificados como adequados à sua faixa
adolescente. (Redação dada pela Lei nº etária.
14.344, de 2022) Parágrafo único. As crianças menores de
Parágrafo único. São igualmente dez anos somente poderão ingressar e
responsáveis pela comunicação de que trata permanecer nos locais de apresentação ou
este artigo, as pessoas encarregadas, por exibição quando acompanhadas dos pais ou
razão de cargo, função, ofício, ministério, responsável.
profissão ou ocupação, do cuidado,
assistência ou guarda de crianças e Art. 76. As emissoras de rádio e
adolescentes, punível, na forma deste televisão somente exibirão, no horário
Estatuto, o injustificado retardamento ou recomendado para o público infanto
omissão, culposos ou dolosos. juvenil, programas com finalidades
educativas, artísticas, culturais e
Art. 71. A criança e o adolescente têm informativas.
direito a informação, cultura, lazer, Parágrafo único. Nenhum espetáculo
esportes, diversões, espetáculos e produtos será apresentado ou anunciado sem aviso de
e serviços que respeitem sua condição sua classificação, antes de sua transmissão,
peculiar de pessoa em desenvolvimento. apresentação ou exibição.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Art. 77. Os proprietários, diretores,


Lei não excluem da prevenção especial gerentes e funcionários de empresas que
outras decorrentes dos princípios por ela explorem a venda ou aluguel de fitas de
adotados. programação em vídeo cuidarão para que
não haja venda ou locação em desacordo
Art. 73. A inobservância das normas de com a classificação atribuída pelo órgão
prevenção importará em responsabilidade competente.
da pessoa física ou jurídica, nos termos Parágrafo único. As fitas a que alude este
desta Lei. artigo deverão exibir, no invólucro,

73
Legislação

informação sobre a natureza da obra e a Art. 82. É proibida a hospedagem de


faixa etária a que se destinam. criança ou adolescente em hotel, motel,
pensão ou estabelecimento congênere,
Art. 78. As revistas e publicações salvo se autorizado ou acompanhado pelos
contendo material impróprio ou inadequado pais ou responsável.
a crianças e adolescentes deverão ser
comercializadas em embalagem lacrada, Seção III
com a advertência de seu conteúdo. Da Autorização para Viajar
Parágrafo único. As editoras cuidarão
para que as capas que contenham Art. 83. Nenhuma criança ou
mensagens pornográficas ou obscenas adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
sejam protegidas com embalagem opaca. poderá viajar para fora da comarca onde
reside desacompanhado dos pais ou dos
Art. 79. As revistas e publicações responsáveis sem expressa autorização
destinadas ao público infanto-juvenil não judicial.
poderão conter ilustrações, fotografias, § 1º A autorização não será exigida
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas quando:
alcoólicas, tabaco, armas e munições, e a) tratar-se de comarca contígua à da
deverão respeitar os valores éticos e sociais residência da criança ou do adolescente
da pessoa e da família. menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na
Art. 80. Os responsáveis por mesma região metropolitana;
estabelecimentos que explorem b) a criança ou o adolescente menor de
comercialmente bilhar, sinuca ou 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado:
congênere ou por casas de jogos, assim 1) de ascendente ou colateral maior, até
entendidas as que realizem apostas, ainda o terceiro grau, comprovado
que eventualmente, cuidarão para que não documentalmente o parentesco;
seja permitida a entrada e a permanência de 2) de pessoa maior, expressamente
crianças e adolescentes no local, afixando autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
aviso para orientação do público. § 2º A autoridade judiciária poderá, a
pedido dos pais ou responsável, conceder
Seção II autorização válida por dois anos.
Dos Produtos e Serviços
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao
Art. 81. É proibida a venda à criança ou exterior, a autorização é dispensável, se a
ao adolescente de: criança ou adolescente:
I - armas, munições e explosivos; I - estiver acompanhado de ambos os
II - bebidas alcoólicas; pais ou responsável;
III - produtos cujos componentes II - viajar na companhia de um dos pais,
possam causar dependência física ou autorizado expressamente pelo outro
psíquica ainda que por utilização indevida; através de documento com firma
IV - fogos de estampido e de artifício, reconhecida.
exceto aqueles que pelo seu reduzido
potencial sejam incapazes de provocar Art. 85. Sem prévia e expressa
qualquer dano físico em caso de utilização autorização judicial, nenhuma criança ou
indevida; adolescente nascido em território nacional
V - revistas e publicações a que alude o poderá sair do País em companhia de
art. 78; estrangeiro residente ou domiciliado no
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. exterior.

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Legislação

Parte Especial pela Lei nº 13.812, de 16 de março de 2019,


Título I com o Cadastro Nacional de Crianças e
Da Política de Atendimento Adolescentes Desaparecidos, criado pela
Capítulo I Lei nº 12.127, de 17 de dezembro de 2009,
Disposições Gerais e com os demais cadastros, sejam eles
nacionais, estaduais ou municipais.
Art. 86. A política de atendimento dos (Incluído pela Lei nº 14.548, de 2023).
direitos da criança e do adolescente far-se-
á através de um conjunto articulado de Art. 88. São diretrizes da política de
ações governamentais e não- atendimento:
governamentais, da União, dos estados, do I - municipalização do atendimento;
Distrito Federal e dos municípios. II - criação de conselhos municipais,
estaduais e nacional dos direitos da criança
Art. 87. São linhas de ação da política de e do adolescente, órgãos deliberativos e
atendimento: controladores das ações em todos os níveis,
I - políticas sociais básicas; assegurada a participação popular paritária
II - serviços, programas, projetos e por meio de organizações representativas,
benefícios de assistência social de garantia segundo leis federal, estaduais e
de proteção social e de prevenção e redução municipais;
de violações de direitos, seus agravamentos III - criação e manutenção de programas
ou reincidências; específicos, observada a descentralização
III - serviços especiais de prevenção e político-administrativa;
atendimento médico e psicossocial às IV - manutenção de fundos nacional,
vítimas de negligência, maus-tratos, estaduais e municipais vinculados aos
exploração, abuso, crueldade e opressão; respectivos conselhos dos direitos da
IV - serviço de identificação e criança e do adolescente;
localização de pais, responsável, crianças e V - integração operacional de órgãos do
adolescentes desaparecidos; Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
V - proteção jurídico-social por Segurança Pública e Assistência Social,
entidades de defesa dos direitos da criança preferencialmente em um mesmo local,
e do adolescente. para efeito de agilização do atendimento
VI - políticas e programas destinados a inicial a adolescente a quem se atribua
prevenir ou abreviar o período de autoria de ato infracional;
afastamento do convívio familiar e a VI - integração operacional de órgãos do
garantir o efetivo exercício do direito à Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
convivência familiar de crianças e Conselho Tutelar e encarregados da
adolescentes; execução das políticas sociais básicas e de
VII - campanhas de estímulo ao assistência social, para efeito de agilização
acolhimento sob forma de guarda de do atendimento de crianças e de
crianças e adolescentes afastados do adolescentes inseridos em programas de
convívio familiar e à adoção, acolhimento familiar ou institucional, com
especificamente inter-racial, de crianças vista na sua rápida reintegração à família de
maiores ou de adolescentes, com origem ou, se tal solução se mostrar
necessidades específicas de saúde ou com comprovadamente inviável, sua colocação
deficiências e de grupos de irmãos. em família substituta, em quaisquer das
Parágrafo único. A linha de ação da modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
política de atendimento a que se refere o VII - mobilização da opinião pública
inciso IV do caput deste artigo será para a indispensável participação dos
executada em cooperação com o Cadastro diversos segmentos da sociedade.
Nacional de Pessoas Desaparecidas, criado

75
Legislação

VIII - especialização e formação comunicação ao Conselho Tutelar e à


continuada dos profissionais que trabalham autoridade judiciária.
nas diferentes áreas da atenção à primeira §2º Os recursos destinados à
infância, incluindo os conhecimentos sobre implementação e manutenção dos
direitos da criança e sobre desenvolvimento programas relacionados neste artigo serão
infantil; previstos nas dotações orçamentárias dos
IX - formação profissional com órgãos públicos encarregados das áreas de
abrangência dos diversos direitos da criança Educação, Saúde e Assistência Social,
e do adolescente que favoreça a dentre outros, observando-se o princípio da
intersetorialidade no atendimento da prioridade absoluta à criança e ao
criança e do adolescente e seu adolescente preconizado pelo caput do art.
desenvolvimento integral; 227 da Constituição Federal e pelo caput e
X - realização e divulgação de pesquisas parágrafo único do art. 4º desta Lei.
sobre desenvolvimento infantil e sobre §3º Os programas em execução serão
prevenção da violência. reavaliados pelo Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, no
Art. 89. A função de membro do máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-
conselho nacional e dos conselhos estaduais se critérios para renovação da autorização
e municipais dos direitos da criança e do de funcionamento:
adolescente é considerada de interesse I - o efetivo respeito às regras e
público relevante e não será remunerada. princípios desta Lei, bem como às
resoluções relativas à modalidade de
Capítulo II atendimento prestado expedidas pelos
Das Entidades de Atendimento Conselhos de Direitos da Criança e do
Seção I Adolescente, em todos os níveis;
Disposições Gerais II - a qualidade e eficiência do trabalho
desenvolvido, atestadas pelo Conselho
Art. 90. As entidades de atendimento são Tutelar, pelo Ministério Público e pela
responsáveis pela manutenção das próprias Justiça da Infância e da Juventude;
unidades, assim como pelo planejamento e III - em se tratando de programas de
execução de programas de proteção e sócio- acolhimento institucional ou familiar, serão
educativos destinados a crianças e considerados os índices de sucesso na
adolescentes, em regime de: (Vide) reintegração familiar ou de adaptação à
I - orientação e apoio sócio-familiar; família substituta, conforme o caso.
II - apoio sócio-educativo em meio
aberto; Art. 91. As entidades não-
III - colocação familiar; governamentais somente poderão funcionar
IV - acolhimento institucional; depois de registradas no Conselho
V - prestação de serviços à comunidade; Municipal dos Direitos da Criança e do
VI - liberdade assistida; Adolescente, o qual comunicará o registro
VII - semiliberdade; e ao Conselho Tutelar e à autoridade
VIII - internação. judiciária da respectiva localidade.
§1º As entidades governamentais e não §1º Será negado o registro à entidade
governamentais deverão proceder à que:
inscrição de seus programas, especificando a) não ofereça instalações físicas em
os regimes de atendimento, na forma condições adequadas de habitabilidade,
definida neste artigo, no Conselho higiene, salubridade e segurança;
Municipal dos Direitos da Criança e do b) não apresente plano de trabalho
Adolescente, o qual manterá registro das compatível com os princípios desta Lei;
inscrições e de suas alterações, do que fará c) esteja irregularmente constituída;

76
Legislação

d) tenha em seus quadros pessoas da reavaliação prevista no §1º do art. 19


inidôneas. desta Lei.
e) não se adequar ou deixar de cumprir §3º Os entes federados, por intermédio
as resoluções e deliberações relativas à dos Poderes Executivo e Judiciário,
modalidade de atendimento prestado promoverão conjuntamente a permanente
expedidas pelos Conselhos de Direitos da qualificação dos profissionais que atuam
Criança e do Adolescente, em todos os direta ou indiretamente em programas de
níveis. acolhimento institucional e destinados à
§2º O registro terá validade máxima de 4 colocação familiar de crianças e
(quatro) anos, cabendo ao Conselho adolescentes, incluindo membros do Poder
Municipal dos Direitos da Criança e do Judiciário, Ministério Público e Conselho
Adolescente, periodicamente, reavaliar o Tutelar.
cabimento de sua renovação, observado o §4º Salvo determinação em contrário da
disposto no §1º deste artigo. autoridade judiciária competente, as
entidades que desenvolvem programas de
Art. 92. As entidades que desenvolvam acolhimento familiar ou institucional, se
programas de acolhimento familiar ou necessário com o auxílio do Conselho
institucional deverão adotar os seguintes Tutelar e dos órgãos de assistência social,
princípios: estimularão o contato da criança ou
I - preservação dos vínculos familiares e adolescente com seus pais e parentes, em
promoção da reintegração familiar; cumprimento ao disposto nos incisos I e
II - integração em família substituta, VIII do caput deste artigo.
quando esgotados os recursos de §5º As entidades que desenvolvem
manutenção na família natural ou extensa; programas de acolhimento familiar ou
III - atendimento personalizado e em institucional somente poderão receber
pequenos grupos; recursos públicos se comprovado o
IV - desenvolvimento de atividades em atendimento dos princípios, exigências e
regime de co-educação; finalidades desta Lei.
V - não desmembramento de grupos de §6º O descumprimento das disposições
irmãos; desta Lei pelo dirigente de entidade que
VI - evitar, sempre que possível, a desenvolva programas de acolhimento
transferência para outras entidades de familiar ou institucional é causa de sua
crianças e adolescentes abrigados; destituição, sem prejuízo da apuração de
VII - participação na vida da sua responsabilidade administrativa, civil e
comunidade local; criminal.
VIII - preparação gradativa para o §7º Quando se tratar de criança de 0
desligamento; (zero) a 3 (três) anos em acolhimento
IX - participação de pessoas da institucional, dar-se-á especial atenção à
comunidade no processo educativo. atuação de educadores de referência
§1º O dirigente de entidade que estáveis e qualitativamente significativos,
desenvolve programa de acolhimento às rotinas específicas e ao atendimento das
institucional é equiparado ao guardião, para necessidades básicas, incluindo as de afeto
todos os efeitos de direito. como prioritárias.
§2º Os dirigentes de entidades que
desenvolvem programas de acolhimento Art. 93. As entidades que mantenham
familiar ou institucional remeterão à programa de acolhimento institucional
autoridade judiciária, no máximo a cada 6 poderão, em caráter excepcional e de
(seis) meses, relatório circunstanciado urgência, acolher crianças e adolescentes
acerca da situação de cada criança ou sem prévia determinação da autoridade
adolescente acolhido e sua família, para fins competente, fazendo comunicação do fato

77
Legislação

em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da XI - propiciar atividades culturais,


Infância e da Juventude, sob pena de esportivas e de lazer;
responsabilidade. XII - propiciar assistência religiosa
Parágrafo único. Recebida a àqueles que desejarem, de acordo com suas
comunicação, a autoridade judiciária, crenças;
ouvido o Ministério Público e se necessário XIII - proceder a estudo social e pessoal
com o apoio do Conselho Tutelar local, de cada caso;
tomará as medidas necessárias para XIV - reavaliar periodicamente cada
promover a imediata reintegração familiar caso, com intervalo máximo de seis meses,
da criança ou do adolescente ou, se por dando ciência dos resultados à autoridade
qualquer razão não for isso possível ou competente;
recomendável, para seu encaminhamento a XV - informar, periodicamente, o
programa de acolhimento familiar, adolescente internado sobre sua situação
institucional ou a família substituta, processual;
observado o disposto no §2º do art. 101 XVI - comunicar às autoridades
desta Lei. competentes todos os casos de adolescentes
portadores de moléstias infecto-
Art. 94. As entidades que desenvolvem contagiosas;
programas de internação têm as seguintes XVII - fornecer comprovante de
obrigações, entre outras: depósito dos pertences dos adolescentes;
I - observar os direitos e garantias de que XVIII - manter programas destinados ao
são titulares os adolescentes; apoio e acompanhamento de egressos;
II - não restringir nenhum direito que não XIX - providenciar os documentos
tenha sido objeto de restrição na decisão de necessários ao exercício da cidadania
internação; àqueles que não os tiverem;
III - oferecer atendimento personalizado, XX - manter arquivo de anotações onde
em pequenas unidades e grupos reduzidos; constem data e circunstâncias do
IV - preservar a identidade e oferecer atendimento, nome do adolescente, seus
ambiente de respeito e dignidade ao pais ou responsável, parentes, endereços,
adolescente; sexo, idade, acompanhamento da sua
V - diligenciar no sentido do formação, relação de seus pertences e
restabelecimento e da preservação dos demais dados que possibilitem sua
vínculos familiares; identificação e a individualização do
VI - comunicar à autoridade judiciária, atendimento.
periodicamente, os casos em que se mostre §1º Aplicam-se, no que couber, as
inviável ou impossível o reatamento dos obrigações constantes deste artigo às
vínculos familiares; entidades que mantêm programas de
VII - oferecer instalações físicas em acolhimento institucional e familiar.
condições adequadas de habitabilidade, § 2º No cumprimento das obrigações a
higiene, salubridade e segurança e os que alude este artigo as entidades utilizarão
objetos necessários à higiene pessoal; preferencialmente os recursos da
VIII - oferecer vestuário e alimentação comunidade.
suficientes e adequados à faixa etária dos
adolescentes atendidos; Art. 94-A. As entidades, públicas ou
IX - oferecer cuidados médicos, privadas, que abriguem ou recepcionem
psicológicos, odontológicos e crianças e adolescentes, ainda que em
farmacêuticos; caráter temporário, devem ter, em seus
X - propiciar escolarização e quadros, profissionais capacitados a
profissionalização; reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.

78
Legislação

Seção II Título II
Da Fiscalização das Entidades Das Medidas de Proteção
Capítulo I
Art. 95. As entidades governamentais e Disposições Gerais
não-governamentais referidas no art. 90
serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Art. 98. As medidas de proteção à
Ministério Público e pelos Conselhos criança e ao adolescente são aplicáveis
Tutelares. sempre que os direitos reconhecidos nesta
Lei forem ameaçados ou violados:
Art. 96. Os planos de aplicação e as I - por ação ou omissão da sociedade ou
prestações de contas serão apresentados ao do Estado;
estado ou ao município, conforme a origem II - por falta, omissão ou abuso dos pais
das dotações orçamentárias. ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
Art. 97. São medidas aplicáveis às
entidades de atendimento que Capítulo II
descumprirem obrigação constante do art. Das Medidas Específicas de Proteção
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e
criminal de seus dirigentes ou prepostos: Art. 99. As medidas previstas neste
I - às entidades governamentais: Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
a) advertência; cumulativamente, bem como substituídas a
b) afastamento provisório de seus qualquer tempo.
dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus Art. 100. Na aplicação das medidas
dirigentes; levar-se-ão em conta as necessidades
d) fechamento de unidade ou interdição pedagógicas, preferindo-se aquelas que
de programa. visem ao fortalecimento dos vínculos
II - às entidades não-governamentais: familiares e comunitários.
a) advertência; Parágrafo único. São também princípios
b) suspensão total ou parcial do repasse que regem a aplicação das medidas:
de verbas públicas; I - condição da criança e do adolescente
c) interdição de unidades ou suspensão como sujeitos de direitos: crianças e
de programa; adolescentes são os titulares dos direitos
d) cassação do registro. previstos nesta e em outras Leis, bem como
§1º Em caso de reiteradas infrações na Constituição Federal;
cometidas por entidades de atendimento, II - proteção integral e prioritária: a
que coloquem em risco os direitos interpretação e aplicação de toda e qualquer
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato norma contida nesta Lei deve ser voltada à
comunicado ao Ministério Público ou proteção integral e prioritária dos direitos
representado perante autoridade judiciária de que crianças e adolescentes são titulares;
competente para as providências cabíveis, III - responsabilidade primária e
inclusive suspensão das atividades ou solidária do poder público: a plena
dissolução da entidade. efetivação dos direitos assegurados a
§2º As pessoas jurídicas de direito crianças e a adolescentes por esta Lei e pela
público e as organizações não Constituição Federal, salvo nos casos por
governamentais responderão pelos danos esta expressamente ressalvados, é de
que seus agentes causarem às crianças e aos responsabilidade primária e solidária das 3
adolescentes, caracterizado o (três) esferas de governo, sem prejuízo da
descumprimento dos princípios norteadores municipalização do atendimento e da
das atividades de proteção específica.

79
Legislação

possibilidade da execução de programas companhia dos pais, de responsável ou de


por entidades não governamentais; pessoa por si indicada, bem como os seus
IV - interesse superior da criança e do pais ou responsável, têm direito a ser
adolescente: a intervenção deve atender ouvidos e a participar nos atos e na
prioritariamente aos interesses e direitos da definição da medida de promoção dos
criança e do adolescente, sem prejuízo da direitos e de proteção, sendo sua opinião
consideração que for devida a outros devidamente considerada pela autoridade
interesses legítimos no âmbito da judiciária competente, observado o disposto
pluralidade dos interesses presentes no caso nos §§1º e 2 o do art. 28 desta Lei.
concreto;
V - privacidade: a promoção dos direitos Art. 101. Verificada qualquer das
e proteção da criança e do adolescente deve hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
ser efetuada no respeito pela intimidade, competente poderá determinar, dentre
direito à imagem e reserva da sua vida outras, as seguintes medidas:
privada; I - encaminhamento aos pais ou
VI - intervenção precoce: a intervenção responsável, mediante termo de
das autoridades competentes deve ser responsabilidade;
efetuada logo que a situação de perigo seja II - orientação, apoio e acompanhamento
conhecida; temporários;
VII - intervenção mínima: a intervenção III - matrícula e frequência obrigatórias
deve ser exercida exclusivamente pelas em estabelecimento oficial de ensino
autoridades e instituições cuja ação seja fundamental;
indispensável à efetiva promoção dos IV - inclusão em serviços e programas
direitos e à proteção da criança e do oficiais ou comunitários de proteção, apoio
adolescente; e promoção da família, da criança e do
VIII - proporcionalidade e atualidade: a adolescente;
intervenção deve ser a necessária e V - requisição de tratamento médico,
adequada à situação de perigo em que a psicológico ou psiquiátrico, em regime
criança ou o adolescente se encontram no hospitalar ou ambulatorial;
momento em que a decisão é tomada; VI - inclusão em programa oficial ou
IX - responsabilidade parental: a comunitário de auxílio, orientação e
intervenção deve ser efetuada de modo que tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
os pais assumam os seus deveres para com VII - acolhimento institucional;
a criança e o adolescente; VIII - inclusão em programa de
X - prevalência da família: na promoção acolhimento familiar;
de direitos e na proteção da criança e do IX - colocação em família substituta.
adolescente deve ser dada prevalência às §1º O acolhimento institucional e o
medidas que os mantenham ou reintegrem acolhimento familiar são medidas
na sua família natural ou extensa ou, se isso provisórias e excepcionais, utilizáveis
não for possível, que promovam a sua como forma de transição para reintegração
integração em família adotiva; familiar ou, não sendo esta possível, para
XI - obrigatoriedade da informação: a colocação em família substituta, não
criança e o adolescente, respeitado seu implicando privação de liberdade.
estágio de desenvolvimento e capacidade §2º Sem prejuízo da tomada de medidas
de compreensão, seus pais ou responsável emergenciais para proteção de vítimas de
devem ser informados dos seus direitos, dos violência ou abuso sexual e das
motivos que determinaram a intervenção e providências a que alude o art. 130 desta
da forma como esta se processa; Lei, o afastamento da criança ou
XII - oitiva obrigatória e participação: a adolescente do convívio familiar é de
criança e o adolescente, em separado ou na competência exclusiva da autoridade

80
Legislação

judiciária e importará na deflagração, a familiar ou, caso seja esta vedada por
pedido do Ministério Público ou de quem expressa e fundamentada determinação
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial, as providências a serem tomadas
judicial contencioso, no qual se garanta aos para sua colocação em família substituta,
pais ou ao responsável legal o exercício do sob direta supervisão da autoridade
contraditório e da ampla defesa. judiciária.
§3º Crianças e adolescentes somente §7º O acolhimento familiar ou
poderão ser encaminhados às instituições institucional ocorrerá no local mais
que executam programas de acolhimento próximo à residência dos pais ou do
institucional, governamentais ou não, por responsável e, como parte do processo de
meio de uma Guia de Acolhimento, reintegração familiar, sempre que
expedida pela autoridade judiciária, na qual identificada a necessidade, a família de
obrigatoriamente constará, dentre outros: origem será incluída em programas oficiais
I - sua identificação e a qualificação de orientação, de apoio e de promoção
completa de seus pais ou de seu social, sendo facilitado e estimulado o
responsável, se conhecidos; contato com a criança ou com o adolescente
II - o endereço de residência dos pais ou acolhido.
do responsável, com pontos de referência; §8º Verificada a possibilidade de
III - os nomes de parentes ou de terceiros reintegração familiar, o responsável pelo
interessados em tê-los sob sua guarda; programa de acolhimento familiar ou
IV - os motivos da retirada ou da não institucional fará imediata comunicação à
reintegração ao convívio familiar. autoridade judiciária, que dará vista ao
§4º Imediatamente após o acolhimento Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco)
da criança ou do adolescente, a entidade dias, decidindo em igual prazo.
responsável pelo programa de acolhimento §9º Em sendo constatada a
institucional ou familiar elaborará um plano impossibilidade de reintegração da criança
individual de atendimento, visando à ou do adolescente à família de origem, após
reintegração familiar, ressalvada a seu encaminhamento a programas oficiais
existência de ordem escrita e fundamentada ou comunitários de orientação, apoio e
em contrário de autoridade judiciária promoção social, será enviado relatório
competente, caso em que também deverá fundamentado ao Ministério Público, no
contemplar sua colocação em família qual conste a descrição pormenorizada das
substituta, observadas as regras e princípios providências tomadas e a expressa
desta Lei. recomendação, subscrita pelos técnicos da
§5º O plano individual será elaborado entidade ou responsáveis pela execução da
sob a responsabilidade da equipe técnica do política municipal de garantia do direito à
respectivo programa de atendimento e convivência familiar, para a destituição do
levará em consideração a opinião da criança poder familiar, ou destituição de tutela ou
ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do guarda.
responsável. § 10. Recebido o relatório, o Ministério
§6º Constarão do plano individual, Público terá o prazo de 15 (quinze) dias
dentre outros: para o ingresso com a ação de destituição
I - os resultados da avaliação do poder familiar, salvo se entender
interdisciplinar; necessária a realização de estudos
II - os compromissos assumidos pelos complementares ou de outras providências
pais ou responsável; e indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
III - a previsão das atividades a serem § 11. A autoridade judiciária manterá,
desenvolvidas com a criança ou com o em cada comarca ou foro regional, um
adolescente acolhido e seus pais ou cadastro contendo informações atualizadas
responsável, com vista na reintegração sobre as crianças e adolescentes em regime

81
Legislação

de acolhimento familiar e institucional sob §6º São gratuitas, a qualquer tempo, a


sua responsabilidade, com informações averbação requerida do reconhecimento de
pormenorizadas sobre a situação jurídica de paternidade no assento de nascimento e a
cada um, bem como as providências certidão correspondente.
tomadas para sua reintegração familiar ou
colocação em família substituta, em Título III
qualquer das modalidades previstas no art. Da Prática de Ato Infracional
28 desta Lei. Capítulo I
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Disposições Gerais
Ministério Público, o Conselho Tutelar, o
órgão gestor da Assistência Social e os Art. 103. Considera-se ato infracional a
Conselhos Municipais dos Direitos da conduta descrita como crime ou
Criança e do Adolescente e da Assistência contravenção penal.
Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
implementação de políticas públicas que Art. 104. São penalmente inimputáveis
permitam reduzir o número de crianças e os menores de dezoito anos, sujeitos às
adolescentes afastados do convívio familiar medidas previstas nesta Lei.
e abreviar o período de permanência em Parágrafo único. Para os efeitos desta
programa de acolhimento. Lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato.
Art. 102. As medidas de proteção de que
trata este Capítulo serão acompanhadas da Art. 105. Ao ato infracional praticado
regularização do registro civil. por criança corresponderão as medidas
§ 1º Verificada a inexistência de registro previstas no art. 101.
anterior, o assento de nascimento da criança
ou adolescente será feito à vista dos Capítulo II
elementos disponíveis, mediante requisição Dos Direitos Individuais
da autoridade judiciária.
§ 2º Os registros e certidões necessários Art. 106. Nenhum adolescente será
à regularização de que trata este artigo são privado de sua liberdade senão em flagrante
isentos de multas, custas e emolumentos, de ato infracional ou por ordem escrita e
gozando de absoluta prioridade. fundamentada da autoridade judiciária
§3º Caso ainda não definida a competente.
paternidade, será deflagrado procedimento Parágrafo único. O adolescente tem
específico destinado à sua averiguação, direito à identificação dos responsáveis pela
conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29 sua apreensão, devendo ser informado
de dezembro de 1992. acerca de seus direitos.
§4º Nas hipóteses previstas no §3º deste
artigo, é dispensável o ajuizamento de ação Art. 107. A apreensão de qualquer
de investigação de paternidade pelo adolescente e o local onde se encontra
Ministério Público se, após o não recolhido serão incontinenti comunicados à
comparecimento ou a recusa do suposto pai autoridade judiciária competente e à família
em assumir a paternidade a ele atribuída, a do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
criança for encaminhada para adoção. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde
§5º Os registros e certidões necessários logo e sob pena de responsabilidade, a
à inclusão, a qualquer tempo, do nome do possibilidade de liberação imediata.
pai no assento de nascimento são isentos de
multas, custas e emolumentos, gozando de Art. 108. A internação, antes da
absoluta prioridade. sentença, pode ser determinada pelo prazo
máximo de quarenta e cinco dias.

82
Legislação

Parágrafo único. A decisão deverá ser III - prestação de serviços à comunidade;


fundamentada e basear-se em indícios IV - liberdade assistida;
suficientes de autoria e materialidade, V - inserção em regime de semi-
demonstrada a necessidade imperiosa da liberdade;
medida. VI - internação em estabelecimento
educacional;
Art. 109. O adolescente civilmente VII - qualquer uma das previstas no art.
identificado não será submetido a 101, I a VI.
identificação compulsória pelos órgãos § 1º A medida aplicada ao adolescente
policiais, de proteção e judiciais, salvo para levará em conta a sua capacidade de
efeito de confrontação, havendo dúvida cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
fundada. da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto
Capítulo III algum, será admitida a prestação de
Das Garantias Processuais trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de
Art. 110. Nenhum adolescente será doença ou deficiência mental receberão
privado de sua liberdade sem o devido tratamento individual e especializado, em
processo legal. local adequado às suas condições.

Art. 111. São asseguradas ao Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o


adolescente, entre outras, as seguintes disposto nos arts. 99 e 100.
garantias:
I - pleno e formal conhecimento da Art. 114. A imposição das medidas
atribuição de ato infracional, mediante previstas nos incisos II a VI do art. 112
citação ou meio equivalente; pressupõe a existência de provas suficientes
II - igualdade na relação processual, da autoria e da materialidade da infração,
podendo confrontar-se com vítimas e ressalvada a hipótese de remissão, nos
testemunhas e produzir todas as provas termos do art. 127.
necessárias à sua defesa; Parágrafo único. A advertência poderá
III - defesa técnica por advogado; ser aplicada sempre que houver prova da
IV - assistência judiciária gratuita e materialidade e indícios suficientes da
integral aos necessitados, na forma da lei; autoria.
V - direito de ser ouvido pessoalmente
pela autoridade competente; Seção II
VI - direito de solicitar a presença de Da Advertência
seus pais ou responsável em qualquer fase
do procedimento Art. 115. A advertência consistirá em
admoestação verbal, que será reduzida a
Capítulo IV termo e assinada.
Das Medidas Sócio-Educativas
Seção I Seção III
Disposições Gerais Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 112. Verificada a prática de ato Art. 116. Em se tratando de ato


infracional, a autoridade competente poderá infracional com reflexos patrimoniais, a
aplicar ao adolescente as seguintes autoridade poderá determinar, se for o caso,
medidas: que o adolescente restitua a coisa, promova
I - advertência; o ressarcimento do dano, ou, por outra
II - obrigação de reparar o dano; forma, compense o prejuízo da vítima.

83
Legislação

Parágrafo único. Havendo manifesta oficial ou comunitário de auxílio e


impossibilidade, a medida poderá ser assistência social;
substituída por outra adequada. II - supervisionar a frequência e o
aproveitamento escolar do adolescente,
Seção IV promovendo, inclusive, sua matrícula;
Da Prestação de Serviços à Comunidade III - diligenciar no sentido da
profissionalização do adolescente e de sua
Art. 117. A prestação de serviços inserção no mercado de trabalho;
comunitários consiste na realização de IV - apresentar relatório do caso.
tarefas gratuitas de interesse geral, por
período não excedente a seis meses, junto a Seção VI
entidades assistenciais, hospitais, escolas e Do Regime de Semi-liberdade
outros estabelecimentos congêneres, bem
como em programas comunitários ou Art. 120. O regime de semi-liberdade
governamentais. pode ser determinado desde o início, ou
Parágrafo único. As tarefas serão como forma de transição para o meio
atribuídas conforme as aptidões do aberto, possibilitada a realização de
adolescente, devendo ser cumpridas atividades externas, independentemente de
durante jornada máxima de oito horas autorização judicial.
semanais, aos sábados, domingos e feriados § 1º São obrigatórias a escolarização e a
ou em dias úteis, de modo a não prejudicar profissionalização, devendo, sempre que
a frequência à escola ou à jornada normal possível, ser utilizados os recursos
de trabalho. existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo
Seção V determinado aplicando-se, no que couber,
Da Liberdade Assistida as disposições relativas à internação.

Art. 118. A liberdade assistida será Seção VII


adotada sempre que se afigurar a medida Da Internação
mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente. Art. 121. A internação constitui medida
§ 1º A autoridade designará pessoa privativa da liberdade, sujeita aos
capacitada para acompanhar o caso, a qual princípios de brevidade, excepcionalidade e
poderá ser recomendada por entidade ou respeito à condição peculiar de pessoa em
programa de atendimento. desenvolvimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada § 1º Será permitida a realização de
pelo prazo mínimo de seis meses, podendo atividades externas, a critério da equipe
a qualquer tempo ser prorrogada, revogada técnica da entidade, salvo expressa
ou substituída por outra medida, ouvido o determinação judicial em contrário.
orientador, o Ministério Público e o § 2º A medida não comporta prazo
defensor. determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o fundamentada, no máximo a cada seis
apoio e a supervisão da autoridade meses.
competente, a realização dos seguintes § 3º Em nenhuma hipótese o período
encargos, entre outros: máximo de internação excederá a três anos.
I - promover socialmente o adolescente § 4º Atingido o limite estabelecido no
e sua família, fornecendo-lhes orientação e parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
inserindo-os, se necessário, em programa liberado, colocado em regime de semi-
liberdade ou de liberdade assistida.

84
Legislação

§ 5º A liberação será compulsória aos VI - permanecer internado na mesma


vinte e um anos de idade. localidade ou naquela mais próxima ao
§ 6º Em qualquer hipótese a domicílio de seus pais ou responsável;
desinternação será precedida de autorização VII - receber visitas, ao menos,
judicial, ouvido o Ministério Público. semanalmente;
§7º A determinação judicial mencionada VIII - corresponder-se com seus
no §1º poderá ser revista a qualquer tempo familiares e amigos;
pela autoridade judiciária. IX - ter acesso aos objetos necessários à
higiene e asseio pessoal;
Art. 122. A medida de internação só X - habitar alojamento em condições
poderá ser aplicada quando: adequadas de higiene e salubridade;
I - tratar-se de ato infracional cometido XI - receber escolarização e
mediante grave ameaça ou violência a profissionalização;
pessoa; XII - realizar atividades culturais,
II - por reiteração no cometimento de esportivas e de lazer:
outras infrações graves; XIII - ter acesso aos meios de
III - por descumprimento reiterado e comunicação social;
injustificável da medida anteriormente XIV - receber assistência religiosa,
imposta. segundo a sua crença, e desde que assim o
§1º O prazo de internação na hipótese do deseje;
inciso III deste artigo não poderá ser XV - manter a posse de seus objetos
superior a 3 (três) meses, devendo ser pessoais e dispor de local seguro para
decretada judicialmente após o devido guardá-los, recebendo comprovante
processo legal. daqueles porventura depositados em poder
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada da entidade;
a internação, havendo outra medida XVI - receber, quando de sua
adequada. desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis à vida em sociedade.
Art. 123. A internação deverá ser § 1º Em nenhum caso haverá
cumprida em entidade exclusiva para incomunicabilidade.
adolescentes, em local distinto daquele § 2º A autoridade judiciária poderá
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa suspender temporariamente a visita,
separação por critérios de idade, inclusive de pais ou responsável, se
compleição física e gravidade da infração. existirem motivos sérios e fundados de sua
Parágrafo único. Durante o período de prejudicialidade aos interesses do
internação, inclusive provisória, serão adolescente.
obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela
Art. 124. São direitos do adolescente integridade física e mental dos internos,
privado de liberdade, entre outros, os cabendo-lhe adotar as medidas adequadas
seguintes: de contenção e segurança.
I - entrevistar-se pessoalmente com o
representante do Ministério Público; Capítulo V
II - peticionar diretamente a qualquer Da Remissão
autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu Art. 126. Antes de iniciado o
defensor; procedimento judicial para apuração de ato
IV - ser informado de sua situação infracional, o representante do Ministério
processual, sempre que solicitada; Público poderá conceder a remissão, como
V - ser tratado com respeito e dignidade; forma de exclusão do processo, atendendo

85
Legislação

às circunstâncias e consequências do fato, X - suspensão ou destituição do pátrio


ao contexto social, bem como à poder poder familiar .
personalidade do adolescente e sua maior Parágrafo único. Na aplicação das
ou menor participação no ato infracional. medidas previstas nos incisos IX e X deste
Parágrafo único. Iniciado o artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23
procedimento, a concessão da remissão e 24.
pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo. Art. 130. Verificada a hipótese de maus-
tratos, opressão ou abuso sexual impostos
Art. 127. A remissão não implica pelos pais ou responsável, a autoridade
necessariamente o reconhecimento ou judiciária poderá determinar, como medida
comprovação da responsabilidade, nem cautelar, o afastamento do agressor da
prevalece para efeito de antecedentes, moradia comum.
podendo incluir eventualmente a aplicação Parágrafo único. Da medida cautelar
de qualquer das medidas previstas em lei, constará, ainda, a fixação provisória dos
exceto a colocação em regime de semi- alimentos de que necessitem a criança ou o
liberdade e a internação. adolescente dependentes do agressor.
(Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)
Art. 128. A medida aplicada por força da
remissão poderá ser revista judicialmente, a Título V
qualquer tempo, mediante pedido expresso Do Conselho Tutelar
do adolescente ou de seu representante Capítulo I
legal, ou do Ministério Público. Disposições Gerais

Título IV Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão


Das Medidas Pertinentes aos Pais ou permanente e autônomo, não jurisdicional,
Responsável encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do
Art. 129. São medidas aplicáveis aos adolescente, definidos nesta Lei.
pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e Art. 132. Em cada Município e em cada
programas oficiais ou comunitários de Região Administrativa do Distrito Federal
proteção, apoio e promoção da família; haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de Tutelar como órgão integrante da
2016) administração pública local, composto de 5
II - inclusão em programa oficial ou (cinco) membros, escolhidos pela
comunitário de auxílio, orientação e população local para mandato de 4 (quatro)
tratamento a alcoólatras e toxicômanos; anos, permitida recondução por novos
III - encaminhamento a tratamento processos de escolha. (Redação dada pela
psicológico ou psiquiátrico; Lei nº 13.824, de 2019)
IV - encaminhamento a cursos ou
programas de orientação; Art. 133. Para a candidatura a membro
V - obrigação de matricular o filho ou do Conselho Tutelar, serão exigidos os
pupilo e acompanhar sua frequência e seguintes requisitos:
aproveitamento escolar; I - reconhecida idoneidade moral;
VI - obrigação de encaminhar a criança II - idade superior a vinte e um anos;
ou adolescente a tratamento especializado; III - residir no município.
VII - advertência;
VIII - perda da guarda; Art. 134. Lei municipal ou distrital
IX - destituição da tutela; disporá sobre o local, dia e horário de

86
Legislação

funcionamento do Conselho Tutelar, VI - providenciar a medida estabelecida


inclusive quanto à remuneração dos pela autoridade judiciária, dentre as
respectivos membros, aos quais é previstas no art. 101, de I a VI, para o
assegurado o direito a: adolescente autor de ato infracional;
I - cobertura previdenciária; VII - expedir notificações;
II - gozo de férias anuais remuneradas, VIII - requisitar certidões de nascimento
acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da e de óbito de criança ou adolescente quando
remuneração mensal; necessário;
III - licença-maternidade; IX - assessorar o Poder Executivo local
IV - licença-paternidade; na elaboração da proposta orçamentária
V - gratificação natalina. para planos e programas de atendimento
Parágrafo único. Constará da lei dos direitos da criança e do adolescente;
orçamentária municipal e da do Distrito X - representar, em nome da pessoa e da
Federal previsão dos recursos necessários família, contra a violação dos direitos
ao funcionamento do Conselho Tutelar e à previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
remuneração e formação continuada dos Constituição Federal ;
conselheiros tutelares. XI - representar ao Ministério Público
para efeito das ações de perda ou suspensão
Art. 135. O exercício efetivo da função do poder familiar, após esgotadas as
de conselheiro constituirá serviço público possibilidades de manutenção da criança ou
relevante e estabelecerá presunção de do adolescente junto à família natural.
idoneidade moral. XII - promover e incentivar, na
comunidade e nos grupos profissionais,
Capítulo II ações de divulgação e treinamento para o
Das Atribuições do Conselho reconhecimento de sintomas de maus-tratos
em crianças e adolescentes.
Art. 136. São atribuições do Conselho XIII - adotar, na esfera de sua
Tutelar: competência, ações articuladas e efetivas
I - atender as crianças e adolescentes nas direcionadas à identificação da agressão, à
hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, agilidade no atendimento da criança e do
aplicando as medidas previstas no art. 101, adolescente vítima de violência doméstica e
I a VII; familiar e à responsabilização do agressor;
II - atender e aconselhar os pais ou (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
responsável, aplicando as medidas previstas XIV - atender à criança e ao adolescente
no art. 129, I a VII; vítima ou testemunha de violência
III - promover a execução de suas doméstica e familiar, ou submetido a
decisões, podendo para tanto: tratamento cruel ou degradante ou a formas
a) requisitar serviços públicos nas áreas violentas de educação, correção ou
de saúde, educação, serviço social, disciplina, a seus familiares e a
previdência, trabalho e segurança; testemunhas, de forma a prover orientação
b) representar junto à autoridade e aconselhamento acerca de seus direitos e
judiciária nos casos de descumprimento dos encaminhamentos necessários;
injustificado de suas deliberações. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
IV - encaminhar ao Ministério Público XV - representar à autoridade judicial ou
notícia de fato que constitua infração policial para requerer o afastamento do
administrativa ou penal contra os direitos agressor do lar, do domicílio ou do local de
da criança ou adolescente; convivência com a vítima nos casos de
V - encaminhar à autoridade judiciária violência doméstica e familiar contra a
os casos de sua competência; criança e o adolescente; (Incluído pela Lei
nº 14.344, de 2022)

87
Legislação

XVI - representar à autoridade judicial autoridade judiciária a pedido de quem


para requerer a concessão de medida tenha legítimo interesse.
protetiva de urgência à criança ou ao
adolescente vítima ou testemunha de Capítulo III
violência doméstica e familiar, bem como a Da Competência
revisão daquelas já concedidas; (Incluído
pela Lei nº 14.344, de 2022) Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar
XVII - representar ao Ministério Público a regra de competência constante do art.
para requerer a propositura de ação cautelar 147.
de antecipação de produção de prova nas
causas que envolvam violência contra a Capítulo IV
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei Da Escolha dos Conselheiros
nº 14.344, de 2022)
XVIII - tomar as providências cabíveis, Art. 139. O processo para a escolha dos
na esfera de sua competência, ao receber membros do Conselho Tutelar será
comunicação da ocorrência de ação ou estabelecido em lei municipal e realizado
omissão, praticada em local público ou sob a responsabilidade do Conselho
privado, que constitua violência doméstica Municipal dos Direitos da Criança e do
e familiar contra a criança e o adolescente; Adolescente, e a fiscalização do Ministério
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Público.
XIX - receber e encaminhar, quando for §1º O processo de escolha dos membros
o caso, as informações reveladas por do Conselho Tutelar ocorrerá em data
noticiantes ou denunciantes relativas à unificada em todo o território nacional a
prática de violência, ao uso de tratamento cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo
cruel ou degradante ou de formas violentas do mês de outubro do ano subsequente ao
de educação, correção ou disciplina contra da eleição presidencial.
a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei §2º A posse dos conselheiros tutelares
nº 14.344, de 2022) ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano
XX - representar à autoridade judicial ou subsequente ao processo de escolha.
ao Ministério Público para requerer a §3º No processo de escolha dos
concessão de medidas cautelares direta ou membros do Conselho Tutelar, é vedado ao
indiretamente relacionada à eficácia da candidato doar, oferecer, prometer ou
proteção de noticiante ou denunciante de entregar ao eleitor bem ou vantagem
informações de crimes que envolvam pessoal de qualquer natureza, inclusive
violência doméstica e familiar contra a brindes de pequeno valor.
criança e o adolescente. (Incluído pela Lei
nº 14.344, de 2022) Capítulo V
Parágrafo único. Se, no exercício de suas Dos Impedimentos
atribuições, o Conselho Tutelar entender
necessário o afastamento do convívio Art. 140. São impedidos de servir no
familiar, comunicará incontinenti o fato ao mesmo Conselho marido e mulher,
Ministério Público, prestando-lhe ascendentes e descendentes, sogro e genro
informações sobre os motivos de tal ou nora, irmãos, cunhados, durante o
entendimento e as providências tomadas cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
para a orientação, o apoio e a promoção madrasta e enteado.
social da família. Parágrafo único. Estende-se o
impedimento do conselheiro, na forma
Art. 137. As decisões do Conselho deste artigo, em relação à autoridade
Tutelar somente poderão ser revistas pela judiciária e ao representante do Ministério
Público com atuação na Justiça da Infância

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Legislação

e da Juventude, em exercício na comarca, demonstrado o interesse e justificada a


foro regional ou distrital. finalidade.

Título VI Capítulo II
Do Acesso à Justiça Da Justiça da Infância e da Juventude
Capítulo I Seção I
Disposições Gerais Disposições Gerais

Art. 141. É garantido o acesso de toda Art. 145. Os estados e o Distrito Federal
criança ou adolescente à Defensoria poderão criar varas especializadas e
Pública, ao Ministério Público e ao Poder exclusivas da infância e da juventude,
Judiciário, por qualquer de seus órgãos. cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será proporcionalidade por número de
prestada aos que dela necessitarem, através habitantes, dotá-las de infraestrutura e
de defensor público ou advogado nomeado. dispor sobre o atendimento, inclusive em
§ 2º As ações judiciais da competência plantões.
da Justiça da Infância e da Juventude são
isentas de custas e emolumentos, ressalvada Seção II
a hipótese de litigância de má-fé. Do Juiz

Art. 142. Os menores de dezesseis anos Art. 146. A autoridade a que se refere
serão representados e os maiores de esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude,
dezesseis e menores de vinte e um anos ou o juiz que exerce essa função, na forma
assistidos por seus pais, tutores ou da lei de organização judiciária local.
curadores, na forma da legislação civil ou
processual. Art. 147. A competência será
Parágrafo único. A autoridade judiciária determinada:
dará curador especial à criança ou I - pelo domicílio dos pais ou
adolescente, sempre que os interesses responsável;
destes colidirem com os de seus pais ou II - pelo lugar onde se encontre a criança
responsável, ou quando carecer de ou adolescente, à falta dos pais ou
representação ou assistência legal ainda que responsável.
eventual. § 1º. Nos casos de ato infracional, será
competente a autoridade do lugar da ação
Art. 143. E vedada a divulgação de atos ou omissão, observadas as regras de
judiciais, policiais e administrativos que conexão, continência e prevenção.
digam respeito a crianças e adolescentes a § 2º A execução das medidas poderá ser
que se atribua autoria de ato infracional. delegada à autoridade competente da
Parágrafo único. Qualquer notícia a residência dos pais ou responsável, ou do
respeito do fato não poderá identificar a local onde sediar-se a entidade que abrigar
criança ou adolescente, vedando-se a criança ou adolescente.
fotografia, referência a nome, apelido, § 3º Em caso de infração cometida
filiação, parentesco, residência e, inclusive, através de transmissão simultânea de rádio
iniciais do nome e sobrenome. ou televisão, que atinja mais de uma
comarca, será competente, para aplicação
Art. 144. A expedição de cópia ou da penalidade, a autoridade judiciária do
certidão de atos a que se refere o artigo local da sede estadual da emissora ou rede,
anterior somente será deferida pela tendo a sentença eficácia para todas as
autoridade judiciária competente, se transmissoras ou retransmissoras do
respectivo estado.

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Legislação

h) determinar o cancelamento, a
Art. 148. A Justiça da Infância e da retificação e o suprimento dos registros de
Juventude é competente para: nascimento e óbito.
I - conhecer de representações
promovidas pelo Ministério Público, para Art. 149. Compete à autoridade
apuração de ato infracional atribuído a judiciária disciplinar, através de portaria, ou
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; autorizar, mediante alvará:
II - conceder a remissão, como forma de I - a entrada e permanência de criança ou
suspensão ou extinção do processo; adolescente, desacompanhado dos pais ou
III - conhecer de pedidos de adoção e responsável, em:
seus incidentes; a) estádio, ginásio e campo desportivo;
IV - conhecer de ações civis fundadas b) bailes ou promoções dançantes;
em interesses individuais, difusos ou c) boate ou congêneres;
coletivos afetos à criança e ao adolescente, d) casa que explore comercialmente
observado o disposto no art. 209; diversões eletrônicas;
V - conhecer de ações decorrentes de e) estúdios cinematográficos, de teatro,
irregularidades em entidades de rádio e televisão.
atendimento, aplicando as medidas II - a participação de criança e
cabíveis; adolescente em:
VI - aplicar penalidades administrativas a) espetáculos públicos e seus ensaios;
nos casos de infrações contra norma de b) certames de beleza.
proteção à criança ou adolescente; § 1º Para os fins do disposto neste artigo,
VII - conhecer de casos encaminhados a autoridade judiciária levará em conta,
pelo Conselho Tutelar, aplicando as dentre outros fatores:
medidas cabíveis. a) os princípios desta Lei;
Parágrafo único. Quando se tratar de b) as peculiaridades locais;
criança ou adolescente nas hipóteses do art. c) a existência de instalações adequadas;
98, é também competente a Justiça da d) o tipo de frequência habitual ao local;
Infância e da Juventude para o fim de: e) a adequação do ambiente a eventual
a) conhecer de pedidos de guarda e participação ou frequência de crianças e
tutela; adolescentes;
b) conhecer de ações de destituição do f) a natureza do espetáculo.
pátrio poder poder familiar , perda ou § 2º As medidas adotadas na
modificação da tutela ou guarda; conformidade deste artigo deverão ser
c) suprir a capacidade ou o fundamentadas, caso a caso, vedadas as
consentimento para o casamento; determinações de caráter geral.
d) conhecer de pedidos baseados em
discordância paterna ou materna, em Seção III
relação ao exercício do pátrio poder poder Dos Serviços Auxiliares
familiar ;
e) conceder a emancipação, nos termos Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na
da lei civil, quando faltarem os pais; elaboração de sua proposta orçamentária,
f) designar curador especial em casos de prever recursos para manutenção de equipe
apresentação de queixa ou representação, interprofissional, destinada a assessorar a
ou de outros procedimentos judiciais ou Justiça da Infância e da Juventude.
extrajudiciais em que haja interesses de
criança ou adolescente; Art. 151. Compete à equipe
g) conhecer de ações de alimentos; interprofissional dentre outras atribuições
que lhe forem reservadas pela legislação
local, fornecer subsídios por escrito,

90
Legislação

mediante laudos, ou verbalmente, na origem e em outros procedimentos


audiência, e bem assim desenvolver necessariamente contenciosos.
trabalhos de aconselhamento, orientação,
encaminhamento, prevenção e outros, tudo Art. 154. Aplica-se às multas o disposto
sob a imediata subordinação à autoridade no art. 214.
judiciária, assegurada a livre manifestação
do ponto de vista técnico. Seção II
Parágrafo único. Na ausência ou Da Perda e da Suspensão do Pátrio
insuficiência de servidores públicos poder Poder Familiar
integrantes do Poder Judiciário
responsáveis pela realização dos estudos Art. 155. O procedimento para a perda
psicossociais ou de quaisquer outras ou a suspensão do pátrio poder poder
espécies de avaliações técnicas exigidas por familiar terá início por provocação do
esta Lei ou por determinação judicial, a Ministério Público ou de quem tenha
autoridade judiciária poderá proceder à legítimo interesse.
nomeação de perito, nos termos do art. 156
da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 Art. 156. A petição inicial indicará:
(Código de Processo Civil) . I - a autoridade judiciária a que for
dirigida;
Capítulo III II - o nome, o estado civil, a profissão e
Dos Procedimentos a residência do requerente e do requerido,
Seção I dispensada a qualificação em se tratando de
Disposições Gerais pedido formulado por representante do
Ministério Público;
Art. 152. Aos procedimentos regulados III - a exposição sumária do fato e o
nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as pedido;
normas gerais previstas na legislação IV - as provas que serão produzidas,
processual pertinente. oferecendo, desde logo, o rol de
§ 1º É assegurada, sob pena de testemunhas e documentos.
responsabilidade, prioridade absoluta na
tramitação dos processos e procedimentos Art. 157. Havendo motivo grave, poderá
previstos nesta Lei, assim como na a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
execução dos atos e diligências judiciais a Público, decretar a suspensão do pátrio
eles referentes. poder poder familiar , liminar ou
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e incidentalmente, até o julgamento
aplicáveis aos seus procedimentos são definitivo da causa, ficando a criança ou
contados em dias corridos, excluído o dia adolescente confiado a pessoa idônea,
do começo e incluído o dia do vencimento, mediante termo de responsabilidade.
vedado o prazo em dobro para a Fazenda §1º Recebida a petição inicial, a
Pública e o Ministério Público. autoridade judiciária determinará,
concomitantemente ao despacho de citação
Art. 153. Se a medida judicial a ser e independentemente de requerimento do
adotada não corresponder a procedimento interessado, a realização de estudo social ou
previsto nesta ou em outra lei, a autoridade perícia por equipe interprofissional ou
judiciária poderá investigar os fatos e multidisciplinar para comprovar a presença
ordenar de ofício as providências de uma das causas de suspensão ou
necessárias, ouvido o Ministério Público. destituição do poder familiar, ressalvado o
Parágrafo único. O disposto neste artigo disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e
não se aplica para o fim de afastamento da observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de
criança ou do adolescente de sua família de 2017

91
Legislação

§2º Em sendo os pais oriundos de Art. 159. Se o requerido não tiver


comunidades indígenas, é ainda obrigatória possibilidade de constituir advogado, sem
a intervenção, junto à equipe prejuízo do próprio sustento e de sua
interprofissional ou multidisciplinar família, poderá requerer, em cartório, que
referida no §1º deste artigo, de lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá
representantes do órgão federal responsável a apresentação de resposta, contando-se o
pela política indigenista, observado o prazo a partir da intimação do despacho de
disposto no §6º do art. 28 desta Lei. nomeação.
§ 3º A concessão da liminar será, Parágrafo único. Na hipótese de
preferencialmente, precedida de entrevista requerido privado de liberdade, o oficial de
da criança ou do adolescente perante equipe justiça deverá perguntar, no momento da
multidisciplinar e de oitiva da outra parte, citação pessoal, se deseja que lhe seja
nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril nomeado defensor.
de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de
2022) Art. 160. Sendo necessário, a autoridade
§ 4º Se houver indícios de ato de judiciária requisitará de qualquer repartição
violação de direitos de criança ou de ou órgão público a apresentação de
adolescente, o juiz comunicará o fato ao documento que interesse à causa, de ofício
Ministério Público e encaminhará os ou a requerimento das partes ou do
documentos pertinentes. (Incluído pela Lei Ministério Público.
nº 14.340, de 2022)
Art. 161. Se não for contestado o pedido
Art. 158. O requerido será citado para, e tiver sido concluído o estudo social ou a
no prazo de dez dias, oferecer resposta perícia realizada por equipe
escrita, indicando as provas a serem interprofissional ou multidisciplinar, a
produzidas e oferecendo desde logo o rol de autoridade judiciária dará vista dos autos ao
testemunhas e documentos. Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo
§1º A citação será pessoal, salvo se quando este for o requerente, e decidirá em
esgotados todos os meios para sua igual prazo.
realização. § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou
§2º O requerido privado de liberdade a requerimento das partes ou do Ministério
deverá ser citado pessoalmente. Público, determinará a oitiva de
§3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial testemunhas que comprovem a presença de
de justiça houver procurado o citando em uma das causas de suspensão ou destituição
seu domicílio ou residência sem o do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e
encontrar, deverá, havendo suspeita de 1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de
ocultação, informar qualquer pessoa da 2002 (Código Civil) , ou no art. 24 desta
família ou, em sua falta, qualquer vizinho Lei.
do dia útil em que voltará a fim de efetuar a §2º (Revogado) .
citação, na hora que designar, nos termos do §3º Se o pedido importar em
art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 modificação de guarda, será obrigatória,
de março de 2015 (Código de Processo desde que possível e razoável, a oitiva da
Civil) . criança ou adolescente, respeitado seu
§4º Na hipótese de os genitores estágio de desenvolvimento e grau de
encontrarem-se em local incerto ou não compreensão sobre as implicações da
sabido, serão citados por edital no prazo de medida.
10 (dez) dias, em publicação única, § 4º É obrigatória a oitiva dos pais
dispensado o envio de ofícios para a sempre que eles forem identificados e
localização. estiverem em local conhecido, ressalvados

92
Legislação

os casos de não comparecimento perante a Seção III


Justiça quando devidamente citados. Da Destituição da Tutela
§5º Se o pai ou a mãe estiverem privados
de liberdade, a autoridade judicial Art. 164. Na destituição da tutela,
requisitará sua apresentação para a oitiva. observar-se-á o procedimento para a
remoção de tutor previsto na lei processual
Art. 162. Apresentada a resposta, a civil e, no que couber, o disposto na seção
autoridade judiciária dará vista dos autos ao anterior.
Ministério Público, por cinco dias, salvo
quando este for o requerente, designando, Seção IV
desde logo, audiência de instrução e Da Colocação em Família Substituta
julgamento.
§ 1º (Revogado) . Art. 165. São requisitos para a concessão
§2º Na audiência, presentes as partes e o de pedidos de colocação em família
Ministério Público, serão ouvidas as substituta:
testemunhas, colhendo-se oralmente o I - qualificação completa do requerente e
parecer técnico, salvo quando apresentado de seu eventual cônjuge, ou companheiro,
por escrito, manifestando-se com expressa anuência deste;
sucessivamente o requerente, o requerido e II - indicação de eventual parentesco do
o Ministério Público, pelo tempo de 20 requerente e de seu cônjuge, ou
(vinte) minutos cada um, prorrogável por companheiro, com a criança ou
mais 10 (dez) minutos. adolescente, especificando se tem ou não
§3º A decisão será proferida na parente vivo;
audiência, podendo a autoridade judiciária, III - qualificação completa da criança ou
excepcionalmente, designar data para sua adolescente e de seus pais, se conhecidos;
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. IV - indicação do cartório onde foi
§4º Quando o procedimento de inscrito nascimento, anexando, se possível,
destituição de poder familiar for iniciado uma cópia da respectiva certidão;
pelo Ministério Público, não haverá V - declaração sobre a existência de
necessidade de nomeação de curador bens, direitos ou rendimentos relativos à
especial em favor da criança ou criança ou ao adolescente.
adolescente. Parágrafo único. Em se tratando de
adoção, observar-se-ão também os
Art. 163. O prazo máximo para requisitos específicos.
conclusão do procedimento será de 120
(cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no Art. 166. Se os pais forem falecidos,
caso de notória inviabilidade de tiverem sido destituídos ou suspensos do
manutenção do poder familiar, dirigir poder familiar, ou houverem aderido
esforços para preparar a criança ou o expressamente ao pedido de colocação em
adolescente com vistas à colocação em família substituta, este poderá ser
família substituta. formulado diretamente em cartório, em
Parágrafo único. A sentença que decretar petição assinada pelos próprios requerentes,
a perda ou a suspensão do poder familiar dispensada a assistência de advogado.
será averbada à margem do registro de §1º Na hipótese de concordância dos
nascimento da criança ou do adolescente. pais, o juiz:
I - na presença do Ministério Público,
ouvirá as partes, devidamente assistidas por
advogado ou por defensor público, para
verificar sua concordância com a adoção,
no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado

93
Legislação

da data do protocolo da petição ou da Art. 168. Apresentado o relatório social


entrega da criança em juízo, tomando por ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que
termo as declarações; e possível, a criança ou o adolescente, dar-se-
II - declarará a extinção do poder á vista dos autos ao Ministério Público, pelo
familiar. prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
§2º O consentimento dos titulares do judiciária em igual prazo.
poder familiar será precedido de
orientações e esclarecimentos prestados Art. 169. Nas hipóteses em que a
pela equipe interprofissional da Justiça da destituição da tutela, a perda ou a suspensão
Infância e da Juventude, em especial, no do pátrio poder poder familiar constituir
caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da pressuposto lógico da medida principal de
medida. colocação em família substituta, será
§3º São garantidos a livre manifestação observado o procedimento contraditório
de vontade dos detentores do poder familiar previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
e o direito ao sigilo das informações. Parágrafo único. A perda ou a
§4º O consentimento prestado por modificação da guarda poderá ser decretada
escrito não terá validade se não for nos mesmos autos do procedimento,
ratificado na audiência a que se refere o §1º observado o disposto no art. 35.
deste artigo.
§5º O consentimento é retratável até a Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela,
data da realização da audiência especificada observar-se-á o disposto no art. 32, e,
no §1º deste artigo, e os pais podem exercer quanto à adoção, o contido no art. 47.
o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, Parágrafo único. A colocação de criança
contado da data de prolação da sentença de ou adolescente sob a guarda de pessoa
extinção do poder familiar. inscrita em programa de acolhimento
§6º O consentimento somente terá valor familiar será comunicada pela autoridade
se for dado após o nascimento da criança. judiciária à entidade por este responsável
§7º A família natural e a família no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
substituta receberão a devida orientação por
intermédio de equipe técnica Seção V
interprofissional a serviço da Justiça da Da Apuração de Ato Infracional
Infância e da Juventude, preferencialmente Atribuído a Adolescente
com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia Art. 171. O adolescente apreendido por
do direito à convivência familiar. força de ordem judicial será, desde logo,
encaminhado à autoridade judiciária.
Art. 167. A autoridade judiciária, de
ofício ou a requerimento das partes ou do Art. 172. O adolescente apreendido em
Ministério Público, determinará a flagrante de ato infracional será, desde
realização de estudo social ou, se possível, logo, encaminhado à autoridade policial
perícia por equipe interprofissional, competente.
decidindo sobre a concessão de guarda Parágrafo único. Havendo repartição
provisória, bem como, no caso de adoção, policial especializada para atendimento de
sobre o estágio de convivência. adolescente e em se tratando de ato
Parágrafo único. Deferida a concessão infracional praticado em co-autoria com
da guarda provisória ou do estágio de maior, prevalecerá a atribuição da
convivência, a criança ou o adolescente será repartição especializada, que, após as
entregue ao interessado, mediante termo de providências necessárias e conforme o
responsabilidade. caso, encaminhará o adulto à repartição
policial própria.

94
Legislação

Art. 173. Em caso de flagrante de ato hipótese, exceder o prazo referido no


infracional cometido mediante violência ou parágrafo anterior.
grave ameaça a pessoa, a autoridade Art. 176. Sendo o adolescente liberado,
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. a autoridade policial encaminhará
106, parágrafo único, e 107, deverá: imediatamente ao representante do
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as Ministério Público cópia do auto de
testemunhas e o adolescente; apreensão ou boletim de ocorrência.
II - apreender o produto e os
instrumentos da infração; Art. 177. Se, afastada a hipótese de
III - requisitar os exames ou perícias flagrante, houver indícios de participação
necessários à comprovação da de adolescente na prática de ato infracional,
materialidade e autoria da infração. a autoridade policial encaminhará ao
Parágrafo único. Nas demais hipóteses representante do Ministério Público
de flagrante, a lavratura do auto poderá ser relatório das investigações e demais
substituída por boletim de ocorrência documentos.
circunstanciada.
Art. 178. O adolescente a quem se
Art. 174. Comparecendo qualquer dos atribua autoria de ato infracional não
pais ou responsável, o adolescente será poderá ser conduzido ou transportado em
prontamente liberado pela autoridade compartimento fechado de veículo policial,
policial, sob termo de compromisso e em condições atentatórias à sua dignidade,
responsabilidade de sua apresentação ao ou que impliquem risco à sua integridade
representante do Ministério Público, no física ou mental, sob pena de
mesmo dia ou, sendo impossível, no responsabilidade.
primeiro dia útil imediato, exceto quando,
pela gravidade do ato infracional e sua Art. 179. Apresentado o adolescente, o
repercussão social, deva o adolescente representante do Ministério Público, no
permanecer sob internação para garantia de mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
sua segurança pessoal ou manutenção da boletim de ocorrência ou relatório policial,
ordem pública. devidamente autuados pelo cartório judicial
e com informação sobre os antecedentes do
Art. 175. Em caso de não liberação, a adolescente, procederá imediata e
autoridade policial encaminhará, desde informalmente à sua oitiva e, em sendo
logo, o adolescente ao representante do possível, de seus pais ou responsável,
Ministério Público, juntamente com cópia vítima e testemunhas.
do auto de apreensão ou boletim de Parágrafo único. Em caso de não
ocorrência. apresentação, o representante do Ministério
§ 1º Sendo impossível a apresentação Público notificará os pais ou responsável
imediata, a autoridade policial encaminhará para apresentação do adolescente, podendo
o adolescente à entidade de atendimento, requisitar o concurso das polícias civil e
que fará a apresentação ao representante do militar.
Ministério Público no prazo de vinte e
quatro horas. Art. 180. Adotadas as providências a que
§ 2º Nas localidades onde não houver alude o artigo anterior, o representante do
entidade de atendimento, a apresentação Ministério Público poderá:
far-se-á pela autoridade policial. À falta de I - promover o arquivamento dos autos;
repartição policial especializada, o II - conceder a remissão;
adolescente aguardará a apresentação em III - representar à autoridade judiciária
dependência separada da destinada a para aplicação de medida sócio-educativa.
maiores, não podendo, em qualquer

95
Legislação

Art. 181. Promovido o arquivamento dos § 1º O adolescente e seus pais ou


autos ou concedida a remissão pelo responsável serão cientificados do teor da
representante do Ministério Público, representação, e notificados a comparecer à
mediante termo fundamentado, que conterá audiência, acompanhados de advogado.
o resumo dos fatos, os autos serão § 2º Se os pais ou responsável não forem
conclusos à autoridade judiciária para localizados, a autoridade judiciária dará
homologação. curador especial ao adolescente.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a § 3º Não sendo localizado o adolescente,
remissão, a autoridade judiciária a autoridade judiciária expedirá mandado
determinará, conforme o caso, o de busca e apreensão, determinando o
cumprimento da medida. sobrestamento do feito, até a efetiva
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária apresentação.
fará remessa dos autos ao Procurador-Geral
de Justiça, mediante despacho § 4º Estando o adolescente internado,
fundamentado, e este oferecerá será requisitada a sua apresentação, sem
representação, designará outro membro do prejuízo da notificação dos pais ou
Ministério Público para apresentá-la, ou responsável.
ratificará o arquivamento ou a remissão,
que só então estará a autoridade judiciária Art. 185. A internação, decretada ou
obrigada a homologar. mantida pela autoridade judiciária, não
poderá ser cumprida em estabelecimento
Art. 182. Se, por qualquer razão, o prisional.
representante do Ministério Público não § 1º Inexistindo na comarca entidade
promover o arquivamento ou conceder a com as características definidas no art. 123,
remissão, oferecerá representação à o adolescente deverá ser imediatamente
autoridade judiciária, propondo a transferido para a localidade mais próxima.
instauração de procedimento para aplicação § 2º Sendo impossível a pronta
da medida sócio-educativa que se afigurar a transferência, o adolescente aguardará sua
mais adequada. remoção em repartição policial, desde que
§ 1º A representação será oferecida por em seção isolada dos adultos e com
petição, que conterá o breve resumo dos instalações apropriadas, não podendo
fatos e a classificação do ato infracional e, ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
quando necessário, o rol de testemunhas, sob pena de responsabilidade.
podendo ser deduzida oralmente, em sessão
diária instalada pela autoridade judiciária. Art. 186. Comparecendo o adolescente,
§ 2º A representação independe de prova seus pais ou responsável, a autoridade
pré-constituída da autoria e materialidade. judiciária procederá à oitiva dos mesmos,
podendo solicitar opinião de profissional
Art. 183. O prazo máximo e qualificado.
improrrogável para a conclusão do § 1º Se a autoridade judiciária entender
procedimento, estando o adolescente adequada a remissão, ouvirá o
internado provisoriamente, será de quarenta representante do Ministério Público,
e cinco dias. proferindo decisão.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de
Art. 184. Oferecida a representação, a aplicação de medida de internação ou
autoridade judiciária designará audiência colocação em regime de semi-liberdade, a
de apresentação do adolescente, decidindo, autoridade judiciária, verificando que o
desde logo, sobre a decretação ou adolescente não possui advogado
manutenção da internação, observado o constituído, nomeará defensor, designando,
disposto no art. 108 e parágrafo. desde logo, audiência em continuação,

96
Legislação

podendo determinar a realização de II - quando não for encontrado o


diligências e estudo do caso. adolescente, a seus pais ou responsável,
§ 3º O advogado constituído ou o sem prejuízo do defensor.
defensor nomeado, no prazo de três dias § 1º Sendo outra a medida aplicada, a
contado da audiência de apresentação, intimação far-se-á unicamente na pessoa do
oferecerá defesa prévia e rol de defensor.
testemunhas. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do
§ 4º Na audiência em continuação, adolescente, deverá este manifestar se
ouvidas as testemunhas arroladas na deseja ou não recorrer da sentença.
representação e na defesa prévia, cumpridas
as diligências e juntado o relatório da Seção V-A
equipe interprofissional, será dada a palavra Da Infiltração de Agentes de Polícia
ao representante do Ministério Público e ao para a Investigação de Crimes contra a
defensor, sucessivamente, pelo tempo de Dignidade Sexual de Criança e de
vinte minutos para cada um, prorrogável Adolescente”
por mais dez, a critério da autoridade
judiciária, que em seguida proferirá Art. 190-A. A infiltração de agentes de
decisão. polícia na internet com o fim de investigar
os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-
Art. 187. Se o adolescente, devidamente A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos
notificado, não comparecer, arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B
injustificadamente à audiência de do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
apresentação, a autoridade judiciária de 1940 (Código Penal) , obedecerá às
designará nova data, determinando sua seguintes regras:
condução coercitiva. I - será precedida de autorização judicial
devidamente circunstanciada e
Art. 188. A remissão, como forma de fundamentada, que estabelecerá os limites
extinção ou suspensão do processo, poderá da infiltração para obtenção de prova,
ser aplicada em qualquer fase do ouvido o Ministério Público;
procedimento, antes da sentença. II - dar-se-á mediante requerimento do
Ministério Público ou representação de
Art. 189. A autoridade judiciária não delegado de polícia e conterá a
aplicará qualquer medida, desde que demonstração de sua necessidade, o alcance
reconheça na sentença: das tarefas dos policiais, os nomes ou
I - estar provada a inexistência do fato; apelidos das pessoas investigadas e, quando
II - não haver prova da existência do possível, os dados de conexão ou cadastrais
fato; que permitam a identificação dessas
III - não constituir o fato ato infracional; pessoas;
IV - não existir prova de ter o III - não poderá exceder o prazo de 90
adolescente concorrido para o ato (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais
infracional. renovações, desde que o total não exceda a
Parágrafo único. Na hipótese deste 720 (setecentos e vinte) dias e seja
artigo, estando o adolescente internado, demonstrada sua efetiva necessidade, a
será imediatamente colocado em liberdade. critério da autoridade judicial.
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério
Art. 190. A intimação da sentença que Público poderão requisitar relatórios
aplicar medida de internação ou regime de parciais da operação de infiltração antes do
semi-liberdade será feita: término do prazo de que trata o inciso II do
I - ao adolescente e ao seu defensor; § 1 º deste artigo.

97
Legislação

§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I Parágrafo único. O procedimento


do § 1 º deste artigo, consideram-se: sigiloso de que trata esta Seção será
I - dados de conexão: informações numerado e tombado em livro específico.
referentes a hora, data, início, término,
duração, endereço de Protocolo de Internet Art. 190-E. Concluída a investigação,
(IP) utilizado e terminal de origem da todos os atos eletrônicos praticados durante
conexão; a operação deverão ser registrados,
II - dados cadastrais: informações gravados, armazenados e encaminhados ao
referentes a nome e endereço de assinante juiz e ao Ministério Público, juntamente
ou de usuário registrado ou autenticado com relatório circunstanciado.
para a conexão a quem endereço de IP, Parágrafo único. Os atos eletrônicos
identificação de usuário ou código de registrados citados no caput deste artigo
acesso tenha sido atribuído no momento da serão reunidos em autos apartados e
conexão. apensados ao processo criminal juntamente
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia com o inquérito policial, assegurando-se a
na internet não será admitida se a prova preservação da identidade do agente
puder ser obtida por outros meios. policial infiltrado e a intimidade das
crianças e dos adolescentes envolvidos.
Art. 190-B. As informações da operação
de infiltração serão encaminhadas Seção VI
diretamente ao juiz responsável pela Da Apuração de Irregularidades em
autorização da medida, que zelará por seu Entidade de Atendimento
sigilo.
Parágrafo único. Antes da conclusão da Art. 191. O procedimento de apuração
operação, o acesso aos autos será reservado de irregularidades em entidade
ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado governamental e não-governamental terá
de polícia responsável pela operação, com início mediante portaria da autoridade
o objetivo de garantir o sigilo das judiciária ou representação do Ministério
investigações. Público ou do Conselho Tutelar, onde
conste, necessariamente, resumo dos fatos.
Art. 190-C. Não comete crime o policial Parágrafo único. Havendo motivo grave,
que oculta a sua identidade para, por meio poderá a autoridade judiciária, ouvido o
da internet, colher indícios de autoria e Ministério Público, decretar liminarmente o
materialidade dos crimes previstos nos arts. afastamento provisório do dirigente da
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D entidade, mediante decisão fundamentada.
desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 ,
218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de Art. 192. O dirigente da entidade será
7 de dezembro de 1940 (Código Penal). citado para, no prazo de dez dias, oferecer
Parágrafo único. O agente policial resposta escrita, podendo juntar
infiltrado que deixar de observar a estrita documentos e indicar as provas a produzir.
finalidade da investigação responderá pelos
excessos praticados. Art. 193. Apresentada ou não a resposta,
e sendo necessário, a autoridade judiciária
Art. 190-D. Os órgãos de registro e designará audiência de instrução e
cadastro público poderão incluir nos bancos julgamento, intimando as partes.
de dados próprios, mediante procedimento § 1º Salvo manifestação em audiência, as
sigiloso e requisição da autoridade judicial, partes e o Ministério Público terão cinco
as informações necessárias à efetividade da dias para oferecer alegações finais,
identidade fictícia criada. decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.

98
Legislação

§ 2º Em se tratando de afastamento ou a seu representante legal, lavrando


provisório ou definitivo de dirigente de certidão;
entidade governamental, a autoridade III - por via postal, com aviso de
judiciária oficiará à autoridade recebimento, se não for encontrado o
administrativa imediatamente superior ao requerido ou seu representante legal;
afastado, marcando prazo para a IV - por edital, com prazo de trinta dias,
substituição. se incerto ou não sabido o paradeiro do
§ 3º Antes de aplicar qualquer das requerido ou de seu representante legal.
medidas, a autoridade judiciária poderá
fixar prazo para a remoção das Art. 196. Não sendo apresentada a
irregularidades verificadas. Satisfeitas as defesa no prazo legal, a autoridade
exigências, o processo será extinto, sem judiciária dará vista dos autos do Ministério
julgamento de mérito. Público, por cinco dias, decidindo em igual
§ 4º A multa e a advertência serão prazo.
impostas ao dirigente da entidade ou
programa de atendimento. Art. 197. Apresentada a defesa, a
autoridade judiciária procederá na
Seção VII conformidade do artigo anterior, ou, sendo
Da Apuração de Infração necessário, designará audiência de
Administrativa às Normas de Proteção à instrução e julgamento.
Criança e ao Adolescente Parágrafo único. Colhida a prova oral,
manifestar-se-ão sucessivamente o
Art. 194. O procedimento para Ministério Público e o procurador do
imposição de penalidade administrativa por requerido, pelo tempo de vinte minutos para
infração às normas de proteção à criança e cada um, prorrogável por mais dez, a
ao adolescente terá início por representação critério da autoridade judiciária, que em
do Ministério Público, ou do Conselho seguida proferirá sentença.
Tutelar, ou auto de infração elaborado por
servidor efetivo ou voluntário credenciado, Seção VIII
e assinado por duas testemunhas, se Da Habilitação de Pretendentes à
possível. Adoção
§ 1º No procedimento iniciado com o
auto de infração, poderão ser usadas Art. 197-A. Os postulantes à adoção,
fórmulas impressas, especificando-se a domiciliados no Brasil, apresentarão
natureza e as circunstâncias da infração. petição inicial na qual conste:
§ 2º Sempre que possível, à verificação I - qualificação completa;
da infração seguir-se-á a lavratura do auto, II - dados familiares;
certificando-se, em caso contrário, dos III - cópias autenticadas de certidão de
motivos do retardamento. nascimento ou casamento, ou declaração
relativa ao período de união estável;
Art. 195. O requerido terá prazo de dez IV - cópias da cédula de identidade e
dias para apresentação de defesa, contado inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas;
da data da intimação, que será feita: V - comprovante de renda e domicílio;
I - pelo autuante, no próprio auto, VI - atestados de sanidade física e mental
quando este for lavrado na presença do VII - certidão de antecedentes criminais;
requerido; VIII - certidão negativa de distribuição
II - por oficial de justiça ou funcionário cível.
legalmente habilitado, que entregará cópia
do auto ou da representação ao requerido, Art. 197-B. A autoridade judiciária, no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará

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Legislação

vista dos autos ao Ministério Público, que §3º É recomendável que as crianças e os
no prazo de 5 (cinco) dias poderá: adolescentes acolhidos institucionalmente
I - apresentar quesitos a serem ou por família acolhedora sejam preparados
respondidos pela equipe interprofissional por equipe interprofissional antes da
encarregada de elaborar o estudo técnico a inclusão em família adotiva.
que se refere o art. 197-C desta Lei;
II - requerer a designação de audiência Art. 197-D. Certificada nos autos a
para oitiva dos postulantes em juízo e conclusão da participação no programa
testemunhas; referido no art. 197-C desta Lei, a
III - requerer a juntada de documentos autoridade judiciária, no prazo de 48
complementares e a realização de outras (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das
diligências que entender necessárias. diligências requeridas pelo Ministério
Público e determinará a juntada do estudo
Art. 197-C. Intervirá no feito, psicossocial, designando, conforme o caso,
obrigatoriamente, equipe interprofissional a audiência de instrução e julgamento.
serviço da Justiça da Infância e da Parágrafo único. Caso não sejam
Juventude, que deverá elaborar estudo requeridas diligências, ou sendo essas
psicossocial, que conterá subsídios que indeferidas, a autoridade judiciária
permitam aferir a capacidade e o preparo determinará a juntada do estudo
dos postulantes para o exercício de uma psicossocial, abrindo a seguir vista dos
paternidade ou maternidade responsável, à autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
luz dos requisitos e princípios desta Lei. dias, decidindo em igual prazo.
§1º É obrigatória a participação dos
postulantes em programa oferecido pela Art. 197-E. Deferida a habilitação, o
Justiça da Infância e da Juventude, postulante será inscrito nos cadastros
preferencialmente com apoio dos técnicos referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua
responsáveis pela execução da política convocação para a adoção feita de acordo
municipal de garantia do direito à com ordem cronológica de habilitação e
convivência familiar e dos grupos de apoio conforme a disponibilidade de crianças ou
à adoção devidamente habilitados perante a adolescentes adotáveis.
Justiça da Infância e da Juventude, que §1º A ordem cronológica das
inclua preparação psicológica, orientação e habilitações somente poderá deixar de ser
estímulo à adoção inter-racial, de crianças observada pela autoridade judiciária nas
ou de adolescentes com deficiência, com hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta
doenças crônicas ou com necessidades Lei, quando comprovado ser essa a melhor
específicas de saúde, e de grupos de irmãos. solução no interesse do adotando.
§2º Sempre que possível e §2º A habilitação à adoção deverá ser
recomendável, a etapa obrigatória da renovada no mínimo trienalmente mediante
preparação referida no §1º deste artigo avaliação por equipe interprofissional.
incluirá o contato com crianças e §3º Quando o adotante candidatar-se a
adolescentes em regime de acolhimento uma nova adoção, será dispensável a
familiar ou institucional, a ser realizado sob renovação da habilitação, bastando a
orientação, supervisão e avaliação da avaliação por equipe interprofissional.
equipe técnica da Justiça da Infância e da §4º Após 3 (três) recusas injustificadas,
Juventude e dos grupos de apoio à adoção, pelo habilitado, à adoção de crianças ou
com apoio dos técnicos responsáveis pelo adolescentes indicados dentro do perfil
programa de acolhimento familiar e escolhido, haverá reavaliação da
institucional e pela execução da política habilitação concedida.
municipal de garantia do direito à §5º A desistência do pretendente em
convivência familiar. relação à guarda para fins de adoção ou a

100
Legislação

devolução da criança ou do adolescente Ministério Público, no prazo de cinco dias,


depois do trânsito em julgado da sentença contados da intimação.
de adoção importará na sua exclusão dos
cadastros de adoção e na vedação de Art. 199. Contra as decisões proferidas
renovação da habilitação, salvo decisão com base no art. 149 caberá recurso de
judicial fundamentada, sem prejuízo das apelação.
demais sanções previstas na legislação
vigente. Art. 199-A. A sentença que deferir a
adoção produz efeito desde logo, embora
Art. 197-F. O prazo máximo para sujeita a apelação, que será recebida
conclusão da habilitação à adoção será de exclusivamente no efeito devolutivo, salvo
120 (cento e vinte) dias, prorrogável por se se tratar de adoção internacional ou se
igual período, mediante decisão houver perigo de dano irreparável ou de
fundamentada da autoridade judiciária. difícil reparação ao adotando.

Capítulo IV Art. 199-B. A sentença que destituir


Dos Recursos ambos ou qualquer dos genitores do poder
familiar fica sujeita a apelação, que deverá
Art. 198. Nos procedimentos afetos à ser recebida apenas no efeito devolutivo.
Justiça da Infância e da Juventude,
inclusive os relativos à execução das Art. 199-C. Os recursos nos
medidas socioeducativas, adotar-se-á o procedimentos de adoção e de destituição
sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de de poder familiar, em face da relevância das
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) questões, serão processados com prioridade
, com as seguintes adaptações: absoluta, devendo ser imediatamente
I - os recursos serão interpostos distribuídos, ficando vedado que aguardem,
independentemente de preparo; em qualquer situação, oportuna
II - em todos os recursos, salvo nos distribuição, e serão colocados em mesa
embargos de declaração, o prazo para o para julgamento sem revisão e com parecer
Ministério Público e para a defesa será urgente do Ministério Público.
sempre de 10 (dez) dias;
III - os recursos terão preferência de Art. 199-D. O relator deverá colocar o
julgamento e dispensarão revisor; processo em mesa para julgamento no
IV - (Revogado) prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
V - (Revogado) contado da sua conclusão.
VI - (Revogado) Parágrafo único. O Ministério Público
VII - antes de determinar a remessa dos será intimado da data do julgamento e
autos à superior instância, no caso de poderá na sessão, se entender necessário,
apelação, ou do instrumento, no caso de apresentar oralmente seu parecer.
agravo, a autoridade judiciária proferirá
despacho fundamentado, mantendo ou Art. 199-E. O Ministério Público poderá
reformando a decisão, no prazo de cinco requerer a instauração de procedimento
dias; para apuração de responsabilidades se
VIII - mantida a decisão apelada ou constatar o descumprimento das
agravada, o escrivão remeterá os autos ou o providências e do prazo previstos nos
instrumento à superior instância dentro de artigos anteriores.
vinte e quatro horas, independentemente de
novo pedido do recorrente; se a reformar, a
remessa dos autos dependerá de pedido
expresso da parte interessada ou do

101
Legislação

Capítulo V VII - instaurar sindicâncias, requisitar


Do Ministério Público diligências investigatórias e determinar a
instauração de inquérito policial, para
Art. 200. As funções do Ministério apuração de ilícitos ou infrações às normas
Público previstas nesta Lei serão exercidas de proteção à infância e à juventude;
nos termos da respectiva lei orgânica. VIII - zelar pelo efetivo respeito aos
direitos e garantias legais assegurados às
Art. 201. Compete ao Ministério crianças e adolescentes, promovendo as
Público: medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
I - conceder a remissão como forma de IX - impetrar mandado de segurança, de
exclusão do processo; injunção e habeas corpus, em qualquer
II - promover e acompanhar os juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
procedimentos relativos às infrações interesses sociais e individuais
atribuídas a adolescentes; indisponíveis afetos à criança e ao
III - promover e acompanhar as ações de adolescente;
alimentos e os procedimentos de suspensão X - representar ao juízo visando à
e destituição do pátrio poder poder familiar aplicação de penalidade por infrações
, nomeação e remoção de tutores, curadores cometidas contra as normas de proteção à
e guardiães, bem como oficiar em todos os infância e à juventude, sem prejuízo da
demais procedimentos da competência da promoção da responsabilidade civil e penal
Justiça da Infância e da Juventude; do infrator, quando cabível;
IV - promover, de ofício ou por XI - inspecionar as entidades públicas e
solicitação dos interessados, a particulares de atendimento e os programas
especialização e a inscrição de hipoteca de que trata esta Lei, adotando de pronto as
legal e a prestação de contas dos tutores, medidas administrativas ou judiciais
curadores e quaisquer administradores de necessárias à remoção de irregularidades
bens de crianças e adolescentes nas porventura verificadas;
hipóteses do art. 98; XII - requisitar força policial, bem como
V - promover o inquérito civil e a ação a colaboração dos serviços médicos,
civil pública para a proteção dos interesses hospitalares, educacionais e de assistência
individuais, difusos ou coletivos relativos à social, públicos ou privados, para o
infância e à adolescência, inclusive os desempenho de suas atribuições.
definidos no art. 220, § 3º inciso II, da XIII - intervir, quando não for parte, nas
Constituição Federal ; causas cíveis e criminais decorrentes de
VI - instaurar procedimentos violência doméstica e familiar contra a
administrativos e, para instruí-los: criança e o adolescente. (Incluído pela Lei
a) expedir notificações para colher nº 14.344, de 2022)
depoimentos ou esclarecimentos e, em caso § 1º A legitimação do Ministério Público
de não comparecimento injustificado, para as ações cíveis previstas neste artigo
requisitar condução coercitiva, inclusive não impede a de terceiros, nas mesmas
pela polícia civil ou militar; hipóteses, segundo dispuserem a
b) requisitar informações, exames, Constituição e esta Lei.
perícias e documentos de autoridades § 2º As atribuições constantes deste
municipais, estaduais e federais, da artigo não excluem outras, desde que
administração direta ou indireta, bem como compatíveis com a finalidade do Ministério
promover inspeções e diligências Público.
investigatórias; § 3º O representante do Ministério
c) requisitar informações e documentos Público, no exercício de suas funções, terá
a particulares e instituições privadas; livre acesso a todo local onde se encontre
criança ou adolescente.

102
Legislação

§ 4º O representante do Ministério qual será intimado para todos os atos,


Público será responsável pelo uso indevido pessoalmente ou por publicação oficial,
das informações e documentos que respeitado o segredo de justiça.
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. Parágrafo único. Será prestada
§ 5º Para o exercício da atribuição de que assistência judiciária integral e gratuita
trata o inciso VIII deste artigo, poderá o àqueles que dela necessitarem.
representante do Ministério Público:
a) reduzir a termo as declarações do Art. 207. Nenhum adolescente a quem se
reclamante, instaurando o competente atribua a prática de ato infracional, ainda
procedimento, sob sua presidência; que ausente ou foragido, será processado
b) entender-se diretamente com a pessoa sem defensor.
ou autoridade reclamada, em dia, local e § 1º Se o adolescente não tiver defensor,
horário previamente notificados ou ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o
acertados; direito de, a todo tempo, constituir outro de
c) efetuar recomendações visando à sua preferência.
melhoria dos serviços públicos e de § 2º A ausência do defensor não
relevância pública afetos à criança e ao determinará o adiamento de nenhum ato do
adolescente, fixando prazo razoável para processo, devendo o juiz nomear substituto,
sua perfeita adequação. ainda que provisoriamente, ou para o só
efeito do ato.
Art. 202. Nos processos e procedimentos § 3º Será dispensada a outorga de
em que não for parte, atuará mandato, quando se tratar de defensor
obrigatoriamente o Ministério Público na nomeado ou, sido constituído, tiver sido
defesa dos direitos e interesses de que cuida indicado por ocasião de ato formal com a
esta Lei, hipótese em que terá vista dos presença da autoridade judiciária.
autos depois das partes, podendo juntar
documentos e requerer diligências, usando Capítulo VII
os recursos cabíveis. Da Proteção Judicial dos Interesses
Individuais, Difusos e Coletivos
Art. 203. A intimação do Ministério
Público, em qualquer caso, será feita Art. 208. Regem-se pelas disposições
pessoalmente. desta Lei as ações de responsabilidade por
ofensa aos direitos assegurados à criança e
Art. 204. A falta de intervenção do ao adolescente, referentes ao não
Ministério Público acarreta a nulidade do oferecimento ou oferta irregular:
feito, que será declarada de ofício pelo juiz I - do ensino obrigatório;
ou a requerimento de qualquer interessado. II - de atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência;
Art. 205. As manifestações processuais III - de atendimento em creche e pré-
do representante do Ministério Público escola às crianças de zero a cinco anos de
deverão ser fundamentadas. idade;
IV - de ensino noturno regular, adequado
Capítulo VI às condições do educando;
Do Advogado V - de programas suplementares de
oferta de material didático-escolar,
Art. 206. A criança ou o adolescente, transporte e assistência à saúde do
seus pais ou responsável, e qualquer pessoa educando do ensino fundamental;
que tenha legítimo interesse na solução da VI - de serviço de assistência social
lide poderão intervir nos procedimentos de visando à proteção à família, à maternidade,
que trata esta Lei, através de advogado, o à infância e à adolescência, bem como ao

103
Legislação

amparo às crianças e adolescentes que dele Art. 210. Para as ações cíveis fundadas
necessitem; em interesses coletivos ou difusos,
VII - de acesso às ações e serviços de consideram-se legitimados
saúde; concorrentemente:
VIII - de escolarização e I - o Ministério Público;
profissionalização dos adolescentes II - a União, os estados, os municípios, o
privados de liberdade. Distrito Federal e os territórios;
IX - de ações, serviços e programas de III - as associações legalmente
orientação, apoio e promoção social de constituídas há pelo menos um ano e que
famílias e destinados ao pleno exercício do incluam entre seus fins institucionais a
direito à convivência familiar por crianças defesa dos interesses e direitos protegidos
e adolescentes. por esta Lei, dispensada a autorização da
X - de programas de atendimento para a assembléia, se houver prévia autorização
execução das medidas socioeducativas e estatutária.
aplicação de medidas de proteção. § 1º Admitir-se-á litisconsórcio
XI - de políticas e programas integrados facultativo entre os Ministérios Públicos da
de atendimento à criança e ao adolescente União e dos estados na defesa dos interesses
vítima ou testemunha de violência. e direitos de que cuida esta Lei.
§1º As hipóteses previstas neste artigo § 2º Em caso de desistência ou abandono
não excluem da proteção judicial outros da ação por associação legitimada, o
interesses individuais, difusos ou coletivos, Ministério Público ou outro legitimado
próprios da infância e da adolescência, poderá assumir a titularidade ativa.
protegidos pela Constituição e pela Lei.
§2º A investigação do desaparecimento Art. 211. Os órgãos públicos legitimados
de crianças ou adolescentes será realizada poderão tomar dos interessados
imediatamente após notificação aos órgãos compromisso de ajustamento de sua
competentes, que deverão comunicar o fato conduta às exigências legais, o qual terá
aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e eficácia de título executivo extrajudicial.
companhias de transporte interestaduais e
internacionais, fornecendo-lhes todos os Art. 212. Para defesa dos direitos e
dados necessários à identificação do interesses protegidos por esta Lei, são
desaparecido. admissíveis todas as espécies de ações
§ 3º A notificação a que se refere o § 2º pertinentes.
deste artigo será imediatamente § 1º Aplicam-se às ações previstas neste
comunicada ao Cadastro Nacional de Capítulo as normas do Código de Processo
Pessoas Desaparecidas e ao Cadastro Civil.
Nacional de Crianças e Adolescentes § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de
Desaparecidos, que deverão ser autoridade pública ou agente de pessoa
prontamente atualizados a cada nova jurídica no exercício de atribuições do
informação. (Incluído pela Lei nº 14.548, poder público, que lesem direito líquido e
de 2023) certo previsto nesta Lei, caberá ação
mandamental, que se regerá pelas normas
Art. 209. As ações previstas neste da lei do mandado de segurança.
Capítulo serão propostas no foro do local
onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou Art. 213. Na ação que tenha por objeto o
omissão, cujo juízo terá competência cumprimento de obrigação de fazer ou não
absoluta para processar a causa, ressalvadas fazer, o juiz concederá a tutela específica da
a competência da Justiça Federal e a obrigação ou determinará providências que
competência originária dos tribunais assegurem o resultado prático equivalente
superiores. ao do adimplemento.

104
Legislação

§ 1º Sendo relevante o fundamento da


demanda e havendo justificado receio de Art. 218. O juiz condenará a associação
ineficácia do provimento final, é lícito ao autora a pagar ao réu os honorários
juiz conceder a tutela liminarmente ou após advocatícios arbitrados na conformidade do
justificação prévia, citando o réu. § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do janeiro de 1973 (Código de Processo Civil)
parágrafo anterior ou na sentença, impor , quando reconhecer que a pretensão é
multa diária ao réu, independentemente de manifestamente infundada.
pedido do autor, se for suficiente ou Parágrafo único. Em caso de litigância
compatível com a obrigação, fixando prazo de má-fé, a associação autora e os diretores
razoável para o cumprimento do preceito. responsáveis pela propositura da ação serão
§ 3º A multa só será exigível do réu após solidariamente condenados ao décuplo das
o trânsito em julgado da sentença favorável custas, sem prejuízo de responsabilidade
ao autor, mas será devida desde o dia em por perdas e danos.
que se houver configurado o
descumprimento. Art. 219. Nas ações de que trata este
Capítulo, não haverá adiantamento de
Art. 214. Os valores das multas custas, emolumentos, honorários periciais e
reverterão ao fundo gerido pelo Conselho quaisquer outras despesas.
dos Direitos da Criança e do Adolescente
do respectivo município. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o
§ 1º As multas não recolhidas até trinta servidor público deverá provocar a
dias após o trânsito em julgado da decisão iniciativa do Ministério Público, prestando-
serão exigidas através de execução lhe informações sobre fatos que constituam
promovida pelo Ministério Público, nos objeto de ação civil, e indicando-lhe os
mesmos autos, facultada igual iniciativa aos elementos de convicção.
demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for Art. 221. Se, no exercício de suas
regulamentado, o dinheiro ficará funções, os juízos e tribunais tiverem
depositado em estabelecimento oficial de conhecimento de fatos que possam ensejar
crédito, em conta com correção monetária. a propositura de ação civil, remeterão peças
ao Ministério Público para as providências
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito cabíveis.
suspensivo aos recursos, para evitar dano
irreparável à parte. Art. 222. Para instruir a petição inicial, o
interessado poderá requerer às autoridades
Art. 216. Transitada em julgado a competentes as certidões e informações que
sentença que impuser condenação ao poder julgar necessárias, que serão fornecidas no
público, o juiz determinará a remessa de prazo de quinze dias.
peças à autoridade competente, para
apuração da responsabilidade civil e Art. 223. O Ministério Público poderá
administrativa do agente a que se atribua a instaurar, sob sua presidência, inquérito
ação ou omissão. civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
organismo público ou particular, certidões,
Art. 217. Decorridos sessenta dias do informações, exames ou perícias, no prazo
trânsito em julgado da sentença que assinalar, o qual não poderá ser inferior
condenatória sem que a associação autora a dez dias úteis.
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o § 1º Se o órgão do Ministério Público,
Ministério Público, facultada igual esgotadas todas as diligências, se convencer
iniciativa aos demais legitimados. da inexistência de fundamento para a

105
Legislação

propositura da ação cível, promoverá o Atenção!


arquivamento dos autos do inquérito civil A criança que comete ato infracional é
ou das peças informativas, fazendo-o protegida com as medidas de proteção (arts.
fundamentadamente. 101 e 105).
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as
peças de informação arquivados serão O adolescente sofre medida
remetidos, sob pena de se incorrer em falta socioeducativa (caráter punitivo), inclusive
grave, no prazo de três dias, ao Conselho com medida de privação de liberdade. Além
Superior do Ministério Público. de receber medida de proteção.
§ 3º Até que seja homologada ou
rejeitada a promoção de arquivamento, em Ato infracional: o art. 103 do ECA traz o
sessão do Conselho Superior do Ministério conceito.
público, poderão as associações legitimadas
apresentar razões escritas ou documentos, Art. 103. Considera-se ato infracional a
que serão juntados aos autos do inquérito ou conduta descrita como crime ou
anexados às peças de informação. contravenção penal.
§ 4º A promoção de arquivamento será
submetida a exame e deliberação do Assim, se a conduta não corresponder a um
Conselho Superior do Ministério Público, crime ou contravenção não é ato
conforme dispuser o seu regimento. infracional, é ato atípico.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de
homologar a promoção de arquivamento, Atenção! É pacífico no STF e o STJ que é
designará, desde logo, outro órgão do cabível o princípio da insignificância em
Ministério Público para o ajuizamento da ato infracional.
ação.
Eis os dispositivos legais:
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente,
no que couber, as disposições da Lei n.º Título VII
7.347, de 24 de julho de 1985. Dos Crimes e Das Infrações
Administrativas
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES Capítulo I
ADMINISTRATIVAS. Dos Crimes
Seção I
Os crimes disciplinados no ECA são Disposições Gerais
denominados atos infracionais.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre
Nos termos do ECA criança é a pessoa crimes praticados contra a criança e o
com até 12 anos incompletos. E, o adolescente, por ação ou omissão, sem
adolescente é pessoa entre 12 e 18 anos prejuízo do disposto na legislação penal.
incompletos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes
A criança comete ato infracional, porém definidos nesta Lei as normas da Parte
não é responsabilizada criminalmente. Geral do Código Penal e, quanto ao
processo, as pertinentes ao Código de
O adolescente comete ato infracional e é Processo Penal.
responsabilizado por tal fato. § 1º Aos crimes cometidos contra a
criança e o adolescente, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995. (Incluído
pela Lei nº 14.344, de 2022)

106
Legislação

§ 2º Nos casos de violência doméstica e proceder aos exames referidos no art. 10


familiar contra a criança e o adolescente, é desta Lei:
vedada a aplicação de penas de cesta básica Pena - detenção de seis meses a dois
ou de outras de prestação pecuniária, bem anos.
como a substituição de pena que implique o Parágrafo único. Se o crime é culposo:
pagamento isolado de multa. (Incluído pela Pena - detenção de dois a seis meses, ou
Lei nº 14.344, de 2022) multa.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei Art. 230. Privar a criança ou o
são de ação pública incondicionada. adolescente de sua liberdade, procedendo à
sua apreensão sem estar em flagrante de ato
Art. 227-A Os efeitos da condenação infracional ou inexistindo ordem escrita da
prevista no inciso I do caput do art. 92 do autoridade judiciária competente:
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de Pena - detenção de seis meses a dois
1940 (Código Penal), para os crimes anos.
previstos nesta Lei, praticados por Parágrafo único. Incide na mesma pena
servidores públicos com abuso de aquele que procede à apreensão sem
autoridade, são condicionados à ocorrência observância das formalidades legais.
de reincidência. (Incluído pela Lei nº
13.869. de 2019) Art. 231. Deixar a autoridade policial
Parágrafo único. A perda do cargo, do responsável pela apreensão de criança ou
mandato ou da função, nesse caso, adolescente de fazer imediata comunicação
independerá da pena aplicada na à autoridade judiciária competente e à
reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. família do apreendido ou à pessoa por ele
de 2019) indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois
Seção II anos.
Dos Crimes em Espécie
Art. 232. Submeter criança ou
Art. 228. Deixar o encarregado de adolescente sob sua autoridade, guarda ou
serviço ou o dirigente de estabelecimento vigilância a vexame ou a constrangimento:
de atenção à saúde de gestante de manter Pena - detenção de seis meses a dois
registro das atividades desenvolvidas, na anos.
forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei,
bem como de fornecer à parturiente ou a seu Art. 233. (Revogado)
responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as Art. 234. Deixar a autoridade
intercorrências do parto e do competente, sem justa causa, de ordenar a
desenvolvimento do neonato: imediata liberação de criança ou
Pena - detenção de seis meses a dois adolescente, tão logo tenha conhecimento
anos. da ilegalidade da apreensão:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de seis meses a dois
Pena - detenção de dois a seis meses, ou anos.
multa.
Art. 235. Descumprir,
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro injustificadamente, prazo fixado nesta Lei
ou dirigente de estabelecimento de atenção em benefício de adolescente privado de
à saúde de gestante de identificar liberdade:
corretamente o neonato e a parturiente, por Pena - detenção de seis meses a dois
ocasião do parto, bem como deixar de anos.

107
Legislação

referidas no caput deste artigo, ou ainda


Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação quem com esses contracena.
de autoridade judiciária, membro do §2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
Conselho Tutelar ou representante do se o agente comete o crime:
Ministério Público no exercício de função I - no exercício de cargo ou função
prevista nesta Lei: pública ou a pretexto de exercê-la;
Pena - detenção de seis meses a dois II - prevalecendo-se de relações
anos. domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade; ou
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente III - prevalecendo-se de relações de
ao poder de quem o tem sob sua guarda em parentesco consanguíneo ou afim até o
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim terceiro grau, ou por adoção, de tutor,
de colocação em lar substituto: curador, preceptor, empregador da vítima
Pena - reclusão de dois a seis anos, e ou de quem, a qualquer outro título, tenha
multa. autoridade sobre ela, ou com seu
consentimento.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega
de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga Art. 241. Vender ou expor à venda
ou recompensa: fotografia, vídeo ou outro registro que
Pena - reclusão de um a quatro anos, e contenha cena de sexo explícito ou
multa. pornográfica envolvendo criança ou
Parágrafo único. Incide nas mesmas adolescente:
penas quem oferece ou efetiva a paga ou Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
recompensa. anos, e multa.

Art. 239. Promover ou auxiliar a Art. 241-A. Oferecer, trocar,


efetivação de ato destinado ao envio de disponibilizar, transmitir, distribuir,
criança ou adolescente para o exterior com publicar ou divulgar por qualquer meio,
inobservância das formalidades legais ou inclusive por meio de sistema de
com o fito de obter lucro: informática ou telemático, fotografia, vídeo
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e ou outro registro que contenha cena de sexo
multa. explícito ou pornográfica envolvendo
Parágrafo único. Se há emprego de criança ou adolescente:
violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, e multa.
anos, além da pena correspondente à §1º Nas mesmas penas incorre quem:
violência. I - assegura os meios ou serviços para o
armazenamento das fotografias, cenas ou
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, imagens de que trata o caput deste artigo;
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer II - assegura, por qualquer meio, o
meio, cena de sexo explícito ou acesso por rede de computadores às
pornográfica, envolvendo criança ou fotografias, cenas ou imagens de que trata o
adolescente: caput deste artigo.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) §2º As condutas tipificadas nos incisos I
anos, e multa. e II do §1º deste artigo são puníveis quando
§1º Incorre nas mesmas penas quem o responsável legal pela prestação do
agencia, facilita, recruta, coage, ou de serviço, oficialmente notificado, deixa de
qualquer modo intermedeia a participação desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de
de criança ou adolescente nas cenas que trata o caput deste artigo.

108
Legislação

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou


armazenar, por qualquer meio, fotografia, constranger, por qualquer meio de
vídeo ou outra forma de registro que comunicação, criança, com o fim de com
contenha cena de sexo explícito ou ela praticar ato libidinoso:
pornográfica envolvendo criança ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
adolescente: e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) Parágrafo único. Nas mesmas penas
anos, e multa. incorre quem:
§1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 I - facilita ou induz o acesso à criança de
(dois terços) se de pequena quantidade o material contendo cena de sexo explícito ou
material a que se refere o caput deste artigo. pornográfica com o fim de com ela praticar
§2º Não há crime se a posse ou o ato libidinoso;
armazenamento tem a finalidade de II - pratica as condutas descritas no caput
comunicar às autoridades competentes a deste artigo com o fim de induzir criança a
ocorrência das condutas descritas nos arts. se exibir de forma pornográfica ou
240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando sexualmente explícita.
a comunicação for feita por:
I - agente público no exercício de suas Art. 241-E. Para efeito dos crimes
funções; previstos nesta Lei, a expressão “cena de
II - membro de entidade, legalmente sexo explícito ou pornográfica”
constituída, que inclua, entre suas compreende qualquer situação que envolva
finalidades institucionais, o recebimento, o criança ou adolescente em atividades
processamento e o encaminhamento de sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou
notícia dos crimes referidos neste exibição dos órgãos genitais de uma criança
parágrafo; ou adolescente para fins primordialmente
III - representante legal e funcionários sexuais.
responsáveis de provedor de acesso ou
serviço prestado por meio de rede de Art. 242. Vender, fornecer ainda que
computadores, até o recebimento do gratuitamente ou entregar, de qualquer
material relativo à notícia feita à autoridade forma, a criança ou adolescente arma,
policial, ao Ministério Público ou ao Poder munição ou explosivo:
Judiciário. Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
§3º As pessoas referidas no §2º deste anos.
artigo deverão manter sob sigilo o material
ilícito referido. Art. 243. Vender, fornecer, servir,
ministrar ou entregar, ainda que
Art. 241-C. Simular a participação de gratuitamente, de qualquer forma, a criança
criança ou adolescente em cena de sexo ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem
explícito ou pornográfica por meio de justa causa, outros produtos cujos
adulteração, montagem ou modificação de componentes possam causar dependência
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma física ou psíquica:
de representação visual: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, anos, e multa, se o fato não constitui crime
e multa. mais grave.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas
penas quem vende, expõe à venda, Art. 244. Vender, fornecer ainda que
disponibiliza, distribui, publica ou divulga gratuitamente ou entregar, de qualquer
por qualquer meio, adquire, possui ou forma, a criança ou adolescente fogos de
armazena o material produzido na forma do estampido ou de artifício, exceto aqueles
caput deste artigo. que, pelo seu reduzido potencial, sejam

109
Legislação

incapazes de provocar qualquer dano físico questões cíveis e criminais decorrentes das
em caso de utilização indevida: normas previstas no ECA.
Pena - detenção de seis meses a dois
anos, e multa. O crime consubstanciado na divulgação
ou publicação, pela Internet, de fotografias
Art. 244-A. Submeter criança ou pornográficas ou de cenas de sexo explícito
adolescente, como tais definidos no caput que envolvam crianças ou adolescentes e
do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à cujo acesso tenha ocorrido além das
exploração sexual: fronteiras nacionais deve ser processado e
julgado na justiça federal.
Pena - reclusão de quatro a dez anos e ( ) Certo
multa, além da perda de bens e valores ( ) Errado
utilizados na prática criminosa em favor do
Fundo dos Direitos da Criança e do 02. (DPE-ES - Defensor Público -
Adolescente da unidade da Federação CESPE) Julgue os itens subsequentes, que
(Estado ou Distrito Federal) em que foi se referem a medidas socioeducativas, atos
cometido o crime, ressalvado o direito de infracionais e crimes praticados contra a
terceiro de boa-fé. criança e o adolescente, crimes de tortura e
§1º Incorrem nas mesmas penas o sistema nacional de políticas públicas sobre
proprietário, o gerente ou o responsável drogas.
pelo local em que se verifique a submissão
de criança ou adolescente às práticas Todos os crimes praticados contra a
referidas no caput deste artigo. criança e o adolescente previstos no ECA
§2º Constitui efeito obrigatório da submetem-se à ação penal pública
condenação a cassação da licença de incondicionada.
localização e de funcionamento do ( ) Certo
estabelecimento. ( ) Errado

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a Alternativas


corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, 01. Certo – 02. Certo
com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la: Capítulo II
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) Das Infrações Administrativas
anos.
§1º Incorre nas penas previstas no caput Art. 245. Deixar o médico, professor ou
deste artigo quem pratica as condutas ali responsável por estabelecimento de atenção
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios à saúde e de ensino fundamental, pré-escola
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da ou creche, de comunicar à autoridade
internet. competente os casos de que tenha
§2º As penas previstas no caput deste conhecimento, envolvendo suspeita ou
artigo são aumentadas de um terço no caso confirmação de maus-tratos contra criança
de a infração cometida ou induzida estar ou adolescente:
incluída no rol do art. 1º da Lei n. 8.072, de Pena - multa de três a vinte salários de
25 de julho de 1990. referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
Questões
Art. 246. Impedir o responsável ou
01. (MPE-RR - Promotor de Justiça - funcionário de entidade de atendimento o
CESPE) Julgue os itens seguintes, relativos exercício dos direitos constantes nos incisos
à competência para processar e julgar II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:

110
Legislação

Pena - multa de três a vinte salários de § 1 º Em caso de reincidência, sem


referência, aplicando-se o dobro em caso de prejuízo da pena de multa, a autoridade
reincidência. judiciária poderá determinar o fechamento
do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
Art. 247. Divulgar, total ou § 2 º Se comprovada a reincidência em
parcialmente, sem autorização devida, por período inferior a 30 (trinta) dias, o
qualquer meio de comunicação, nome, ato estabelecimento será definitivamente
ou documento de procedimento policial, fechado e terá sua licença cassada.
administrativo ou judicial relativo a criança
ou adolescente a que se atribua ato Art. 251. Transportar criança ou
infracional: adolescente, por qualquer meio, com
Pena - multa de três a vinte salários de inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e
referência, aplicando-se o dobro em caso de 85 desta Lei:
reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, referência, aplicando-se o dobro em caso de
total ou parcialmente, fotografia de criança reincidência.
ou adolescente envolvido em ato
infracional, ou qualquer ilustração que lhe Art. 252. Deixar o responsável por
diga respeito ou se refira a atos que lhe diversão ou espetáculo público de afixar,
sejam atribuídos, de forma a permitir sua em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
identificação, direta ou indiretamente. do local de exibição, informação destacada
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de sobre a natureza da diversão ou espetáculo
imprensa ou emissora de rádio ou televisão, e a faixa etária especificada no certificado
além da pena prevista neste artigo, a de classificação:
autoridade judiciária poderá determinar a Pena - multa de três a vinte salários de
apreensão da publicação ou a suspensão da referência, aplicando-se o dobro em caso de
programação da emissora até por dois dias, reincidência.
bem como da publicação do periódico até
por dois números. (Expressão declarada Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes
inconstitucional pela ADIN 869). ou quaisquer representações ou
espetáculos, sem indicar os limites de idade
Art. 248. (Revogado) a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de
Art. 249. Descumprir, dolosa ou referência, duplicada em caso de
culposamente, os deveres inerentes ao reincidência, aplicável, separadamente, à
pátrio poder poder familiar ou decorrente casa de espetáculo e aos órgãos de
de tutela ou guarda, bem assim divulgação ou publicidade.
determinação da autoridade judiciária ou
Conselho Tutelar: Art. 254. Transmitir, através de rádio ou
Pena - multa de três a vinte salários de televisão, espetáculo em horário diverso do
referência, aplicando-se o dobro em caso de autorizado ou sem aviso de sua
reincidência. classificação: (Expressão declarada
inconstitucional pela ADI 2.404).
Art. 250. Hospedar criança ou Pena - multa de vinte a cem salários de
adolescente desacompanhado dos pais ou referência; duplicada em caso de
responsável, ou sem autorização escrita reincidência a autoridade judiciária poderá
desses ou da autoridade judiciária, em determinar a suspensão da programação da
hotel, pensão, motel ou congênere: emissora por até dois dias.
Pena - multa.

111
Legislação

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
amostra ou congênere classificado pelo adoção e de crianças e adolescentes em
órgão competente como inadequado às regime de acolhimento institucional ou
crianças ou adolescentes admitidos ao familiar.
espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro
referência; na reincidência, a autoridade ou dirigente de estabelecimento de atenção
poderá determinar a suspensão do à saúde de gestante de efetuar imediato
espetáculo ou o fechamento do encaminhamento à autoridade judiciária de
estabelecimento por até quinze dias. caso de que tenha conhecimento de mãe ou
gestante interessada em entregar seu filho
Art. 256. Vender ou locar a criança ou para adoção:
adolescente fita de programação em vídeo, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais)
em desacordo com a classificação atribuída a R$ 3.000,00 (três mil reais).
pelo órgão competente: Parágrafo único. Incorre na mesma pena
Pena - multa de três a vinte salários de o funcionário de programa oficial ou
referência; em caso de reincidência, a comunitário destinado à garantia do direito
autoridade judiciária poderá determinar o à convivência familiar que deixa de efetuar
fechamento do estabelecimento por até a comunicação referida no caput deste
quinze dias. artigo.

Art. 257. Descumprir obrigação Art. 258-C. Descumprir a proibição


constante dos arts. 78 e 79 desta Lei: estabelecida no inciso II do art. 81:
Pena - multa de três a vinte salários de Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil
referência, duplicando-se a pena em caso de reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
reincidência, sem prejuízo de apreensão da Medida Administrativa - interdição do
revista ou publicação. estabelecimento comercial até o
recolhimento da multa aplicada.
Art. 258. Deixar o responsável pelo
estabelecimento ou o empresário de Disposições Finais e Transitórias
observar o que dispõe esta Lei sobre o
acesso de criança ou adolescente aos locais Art. 259. A União, no prazo de noventa
de diversão, ou sobre sua participação no dias contados da publicação deste Estatuto,
espetáculo: elaborará projeto de lei dispondo sobre a
Pena - multa de três a vinte salários de criação ou adaptação de seus órgãos às
referência; em caso de reincidência, a diretrizes da política de atendimento
autoridade judiciária poderá determinar o fixadas no art. 88 e ao que estabelece o
fechamento do estabelecimento por até Título V do Livro II.
quinze dias. Parágrafo único. Compete aos estados e
municípios promoverem a adaptação de
Art. 258-A. Deixar a autoridade seus órgãos e programas às diretrizes e
competente de providenciar a instalação e princípios estabelecidos nesta Lei.
operacionalização dos cadastros previstos
no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: Art. 260. Os contribuintes poderão
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) efetuar doações aos Fundos dos Direitos da
a R$ 3.000,00 (três mil reais). Criança e do Adolescente nacional,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas distrital, estaduais ou municipais,
penas a autoridade que deixa de efetuar o devidamente comprovadas, sendo essas
cadastramento de crianças e de integralmente deduzidas do imposto de
adolescentes em condições de serem renda, obedecidos os seguintes limites:

112
Legislação

I - 1% (um por cento) do imposto sobre II - não poderá ser computada como
a renda devido apurado pelas pessoas despesa operacional na apuração do lucro
jurídicas tributadas com base no lucro real; real.
e
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre Art. 260-A. A partir do exercício de
a renda apurado pelas pessoas físicas na 2010, ano-calendário de 2009, a pessoa
Declaração de Ajuste Anual, observado o física poderá optar pela doação de que trata
disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 o inciso II do caput do art. 260 diretamente
de dezembro de 1997 . em sua Declaração de Ajuste Anual.
§ 1º - (Revogado) §1º A doação de que trata o caput poderá
§1º -A. Na definição das prioridades a ser deduzida até os seguintes percentuais
serem atendidas com os recursos captados aplicados sobre o imposto apurado na
pelos fundos nacional, estaduais e declaração:
municipais dos direitos da criança e do I - (VETADO);
adolescente, serão consideradas as II - (VETADO);
disposições do Plano Nacional de III - 3% (três por cento) a partir do
Promoção, Proteção e Defesa do Direito de exercício de 2012.
Crianças e Adolescentes à Convivência §2º A dedução de que trata o caput :
Familiar e Comunitária e as do Plano I - está sujeita ao limite de 6% (seis por
Nacional pela Primeira Infância. cento) do imposto sobre a renda apurado na
§2º Os conselhos nacional, estaduais e declaração de que trata o inciso II do caput
municipais dos direitos da criança e do do art. 260;
adolescente fixarão critérios de utilização, II - não se aplica à pessoa física que:
por meio de planos de aplicação, das a) utilizar o desconto simplificado;
dotações subsidiadas e demais receitas, b) apresentar declaração em formulário;
aplicando necessariamente percentual para ou
incentivo ao acolhimento, sob a forma de c) entregar a declaração fora do prazo;
guarda, de crianças e adolescentes e para III - só se aplica às doações em espécie;
programas de atenção integral à primeira e
infância em áreas de maior carência IV - não exclui ou reduz outros
socioeconômica e em situações de benefícios ou deduções em vigor.
calamidade. §3º O pagamento da doação deve ser
§ 3º O Departamento da Receita Federal, efetuado até a data de vencimento da
do Ministério da Economia, Fazenda e primeira quota ou quota única do imposto,
Planejamento, regulamentará a observadas instruções específicas da
comprovação das doações feitas aos Secretaria da Receita Federal do Brasil.
fundos, nos termos deste artigo. §4º O não pagamento da doação no
§ 4º O Ministério Público determinará prazo estabelecido no §3º implica a glosa
em cada comarca a forma de fiscalização da definitiva desta parcela de dedução, ficando
aplicação, pelo Fundo Municipal dos a pessoa física obrigada ao recolhimento da
Direitos da Criança e do Adolescente, dos diferença de imposto devido apurado na
incentivos fiscais referidos neste artigo. Declaração de Ajuste Anual com os
§5º Observado o disposto no §4º do art. acréscimos legais previstos na legislação.
3 o da Lei n o 9.249, de 26 de dezembro de §5º A pessoa física poderá deduzir do
1995, a dedução de que trata o inciso I do imposto apurado na Declaração de Ajuste
caput: Anual as doações feitas, no respectivo ano-
I - será considerada isoladamente, não se calendário, aos fundos controlados pelos
submetendo a limite em conjunto com Conselhos dos Direitos da Criança e do
outras deduções do imposto; e Adolescente municipais, distrital, estaduais
e nacional concomitantemente com a opção

113
Legislação

de que trata o caput, respeitado o limite houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e
previsto no inciso II do art. 260. endereço dos avaliadores.

Art. 260-B. A doação de que trata o Art. 260-E. Na hipótese da doação em


inciso I do art. 260 poderá ser deduzida: bens, o doador deverá:
I - do imposto devido no trimestre, para I - comprovar a propriedade dos bens,
as pessoas jurídicas que apuram o imposto mediante documentação hábil;
trimestralmente; e II - baixar os bens doados na declaração
II - do imposto devido mensalmente e no de bens e direitos, quando se tratar de
ajuste anual, para as pessoas jurídicas que pessoa física, e na escrituração, no caso de
apuram o imposto anualmente. pessoa jurídica; e
Parágrafo único. A doação deverá ser III - considerar como valor dos bens
efetuada dentro do período a que se refere a doados:
apuração do imposto. a) para as pessoas físicas, o valor
constante da última declaração do imposto
Art. 260-C. As doações de que trata o art. de renda, desde que não exceda o valor de
260 desta Lei podem ser efetuadas em mercado;
espécie ou em bens. b) para as pessoas jurídicas, o valor
Parágrafo único. As doações efetuadas contábil dos bens.
em espécie devem ser depositadas em conta Parágrafo único. O preço obtido em caso
específica, em instituição financeira de leilão não será considerado na
pública, vinculadas aos respectivos fundos determinação do valor dos bens doados,
de que trata o art. 260. exceto se o leilão for determinado por
autoridade judiciária.
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
administração das contas dos Fundos dos Art. 260-F. Os documentos a que se
Direitos da Criança e do Adolescente referem os arts. 260-D e 260-E devem ser
nacional, estaduais, distrital e municipais mantidos pelo contribuinte por um prazo de
devem emitir recibo em favor do doador, 5 (cinco) anos para fins de comprovação da
assinado por pessoa competente e pelo dedução perante a Receita Federal do
presidente do Conselho correspondente, Brasil.
especificando:
I - número de ordem; Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa administração das contas dos Fundos dos
Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente; Direitos da Criança e do Adolescente
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas nacional, estaduais, distrital e municipais
Físicas (CPF) do doador; devem:
IV - data da doação e valor efetivamente I - manter conta bancária específica
recebido; e destinada exclusivamente a gerir os
V - ano-calendário a que se refere a recursos do Fundo;
doação. II - manter controle das doações
§1º O comprovante de que trata o caput recebidas; e
deste artigo pode ser emitido anualmente, III - informar anualmente à Secretaria da
desde que discrimine os valores doados mês Receita Federal do Brasil as doações
a mês. recebidas mês a mês, identificando os
§2º No caso de doação em bens, o seguintes dados por doador:
comprovante deve conter a identificação a) nome, CNPJ ou CPF;
dos bens, mediante descrição em campo b) valor doado, especificando se a
próprio ou em relação anexa ao doação foi em espécie ou em bens.
comprovante, informando também se

114
Legislação

Art. 260-H. Em caso de descumprimento relação atualizada dos Fundos dos Direitos
das obrigações previstas no art. 260-G, a da Criança e do Adolescente nacional,
Secretaria da Receita Federal do Brasil dará distrital, estaduais e municipais, com a
conhecimento do fato ao Ministério indicação dos respectivos números de
Público. inscrição no CNPJ e das contas bancárias
específicas mantidas em instituições
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da financeiras públicas, destinadas
Criança e do Adolescente nacional, exclusivamente a gerir os recursos dos
estaduais, distrital e municipais divulgarão Fundos.
amplamente à comunidade:
I - o calendário de suas reuniões; Art. 260-L. A Secretaria da Receita
II - as ações prioritárias para aplicação Federal do Brasil expedirá as instruções
das políticas de atendimento à criança e ao necessárias à aplicação do disposto nos arts.
adolescente; 260 a 260-K.
III - os requisitos para a apresentação de
projetos a serem beneficiados com recursos Art. 261. A falta dos conselhos
dos Fundos dos Direitos da Criança e do municipais dos direitos da criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou adolescente, os registros, inscrições e
municipais; alterações a que se referem os arts. 90,
IV - a relação dos projetos aprovados em parágrafo único, e 91 desta Lei serão
cada ano-calendário e o valor dos recursos efetuados perante a autoridade judiciária da
previstos para implementação das ações, comarca a que pertencer a entidade.
por projeto; Parágrafo único. A União fica autorizada
V - o total dos recursos recebidos e a a repassar aos estados e municípios, e os
respectiva destinação, por projeto atendido, estados aos municípios, os recursos
inclusive com cadastramento na base de referentes aos programas e atividades
dados do Sistema de Informações sobre a previstos nesta Lei, tão logo estejam criados
Infância e a Adolescência; e os conselhos dos direitos da criança e do
VI - a avaliação dos resultados dos adolescente nos seus respectivos níveis.
projetos beneficiados com recursos dos
Fundos dos Direitos da Criança e do Art. 262. Enquanto não instalados os
Adolescente nacional, estaduais, distrital e Conselhos Tutelares, as atribuições a eles
municipais. conferidas serão exercidas pela autoridade
judiciária.
Art. 260-J. O Ministério Público
determinará, em cada Comarca, a forma de Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7
fiscalização da aplicação dos incentivos de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. a vigorar com as seguintes alterações:
Parágrafo único. O descumprimento do
disposto nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os 1) Art. 121
infratores a responder por ação judicial .........................................................
proposta pelo Ministério Público, que § 4º No homicídio culposo, a pena é
poderá atuar de ofício, a requerimento ou aumentada de um terço, se o crime resulta
representação de qualquer cidadão. de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos deixa de prestar imediato socorro à vítima,
Humanos da Presidência da República não procura diminuir as consequências do
(SDH/PR) encaminhará à Secretaria da seu ato, ou foge para evitar prisão em
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
de cada ano, arquivo eletrônico contendo a é aumentada de um terço, se o crime é

115
Legislação

praticado contra pessoa menor de catorze direitos da criança e do adolescente nos


anos. meios de comunicação social.
Parágrafo único. A divulgação a que se
2) Art. 129 refere o caput será veiculada em linguagem
......................................................... clara, compreensível e adequada a crianças
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se e adolescentes, especialmente às crianças
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, com idade inferior a 6 (seis) anos.
§ 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto Art. 266. Esta Lei entra em vigor
no § 5º do art. 121. noventa dias após sua publicação.
Parágrafo único. Durante o período de
3) Art. vacância deverão ser promovidas
136......................................................... atividades e campanhas de divulgação e
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se esclarecimentos acerca do disposto nesta
o crime é praticado contra pessoa menor de Lei.
catorze anos.
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513,
4) Art. 213 de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979
......................................................... (Código de Menores), e as demais
Parágrafo único. Se a ofendida é menor disposições em contrário.
de catorze anos:
Pena - reclusão de quatro a dez anos. Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da
Independência e 102º da República.
5) Art.
214......................................................... FERNANDO COLLOR
Parágrafo único. Se o ofendido é menor
de catorze anos: Questões
Pena - reclusão de três a nove anos.»
01. (Prefeitura de Louveira/SP -
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de Professor de Educação Básica - Avança
31 de dezembro de 1973, fica acrescido do SP/2022) A precedência de atendimento
seguinte item: nos serviços públicos ou de relevância
"Art. 102 pública, assim como a preferência na
........................................................... formulação e na execução das políticas
sociais públicas, são condições
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. compreendidas pelo ECA, em seu artigo 4º,
" como:
A - Direitos à liberdade.
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais B - Direitos ao respeito.
gráficas da União, da administração direta C - Garantias de prioridade.
ou indireta, inclusive fundações instituídas D - Garantias de segurança.
e mantidas pelo poder público federal E - Direitos e fins sociais.
promoverão edição popular do texto
integral deste Estatuto, que será posto à 02. (Prefeitura de Louveira/SP -
disposição das escolas e das entidades de Professor de Educação Básica -
atendimento e de defesa dos direitos da Avança/2022) O Estatuto da Criança e do
criança e do adolescente. Adolescente - ECA, em seu artigo 7º,
aponta que a criança e o adolescente têm
Art. 265-A. O poder público fará direito a proteção à vida e à saúde,
periodicamente ampla divulgação dos mediante:

116
Legislação

A - o acesso aos programas e às políticas E - O armazenamento doloso de fotografia,


de saúde da mulher e de planejamento por qualquer meio, que contenha cena de sexo
reprodutivo. explícito ou pornográfica envolvendo criança
B - fins sociais a que ela se dirige, as ou adolescente é crime do art. 241-B do ECA,
excetuando as hipóteses previstas no § 2º do
exigências do bem comum, os direitos e
referido art. 241-B do ECA.
deveres individuais e coletivos.
C - condição peculiar da criança e do 04. (PM/SP - Sargento da Polícia Militar
adolescente como pessoas em - VUNESP/2022) Assinale a alternativa que
desenvolvimento. corretamente contempla um crime previsto na
D - destinação privilegiada de recursos Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
públicos nas áreas relacionadas com a Adolescente).
proteção à infância e à juventude. A - Descumprir, dolosa ou culposamente, os
E - a efetivação de políticas sociais deveres inerentes ao poder familiar ou
públicas que permitam o nascimento e o decorrente de tutela ou guarda, bem assim
desenvolvimento sadio e harmonioso, em determinação da autoridade judiciária ou
condições dignas de existência. Conselho Tutelar.
B - Hospedar criança ou adolescente
03. (MPE-SP - Promotor de Justiça - desacompanhado dos pais ou responsável,
MPE-SP/2022) Assinale a alternativa correta ou sem autorização escrita desses ou da
acerca dos crimes do Estatuto da Criança e do autoridade judiciária, em hotel, pensão,
Adolescente. motel ou congênere.
A - Não existe um tipo penal no ECA acerca C - Anunciar peças teatrais, filmes ou
da simulação de participação de criança ou
quaisquer representações ou espetáculos,
adolescente em cena de sexo explícito ou
pornográfica, devendo, para configuração de
sem indicar os limites de idade a que não se
crime, existir a real participação de criança ou recomendem.
adolescente nesse tipo de cena. D - Deixar a autoridade policial
B - O tipo penal do art. 228 do ECA responsável pela apreensão de criança ou
(“Deixar o encarregado de serviço ou o adolescente de fazer imediata comunicação
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde à autoridade judiciária competente e à
de gestante de manter registro das atividades família do apreendido ou à pessoa por ele
desenvolvidas, na forma e prazos referidos no indicada.
art. 10, bem como de fornecer à parturiente ou
a seu responsável, por ocasião da alta médica, 05. (TJ/AP - Juiz Estadual -
declaração de nascimento, onde constem as
FGV/2022) Stephany, criança de 9 anos,
intercorrências do parto e do desenvolvimento
do neonato”) admite somente a forma dolosa e
aparece na escola com hematomas pelo
não a culposa. corpo e corrimento vaginal e revela para sua
C - O tipo penal do art. 229 do ECA professora do ensino fundamental,
(“Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de Carolina, que sofreu abuso sexual praticado
estabelecimento de atenção à saúde de gestante pelo seu padrasto, Ernesto. Após conversar
de identificar corretamente o neonato e a com a mãe e o padrasto, que desmentem a
parturiente, por ocasião do parto, bem como criança, Carolina relata os fatos à diretora
deixar de proceder aos exames referidos no art. da escola, Margarida, que se abstém de
10 desta Lei”) admite somente a forma dolosa e noticiar a violação de direitos ao órgão com
não a culposa. atribuição.
D - O tipo penal do art. 241-D do Estatuto
Considerando o disposto na Lei nº
da Criança e do Adolescente, que trata do
aliciamento, assédio, instigação ou
8.069/1990 (ECA), é correto afirmar que a
constrangimento, por qualquer meio de diretora:
comunicação, possui como sujeito passivo a A - praticou crime previsto no ECA e
criança ou o adolescente. deveria ter noticiado o fato ao juiz da

117
Legislação

Infância e Juventude, conforme previsão D) Mobilização da opinião pública para


legal; a indispensável participação dos diversos
B - praticou infração administrativa segmentos da sociedade
prevista no ECA e deveria ter noticiado o E) Realização e divulgação de pesquisas
fato ao Conselho Tutelar, conforme sobre desenvolvimento infantil e sobre
previsão legal; prevenção da violência
C - praticou crime previsto no ECA e
deveria ter noticiado o fato ao promotor de 08. (Prefeitura de Marilena/PR -
justiça, conforme previsão legal; Instituto UniFil/2019) São diretrizes da
D) praticou infração administrativa política de atendimento dos direitos da
prevista no ECA e deveria ter noticiado o criança e do adolescente dispostas na Lei nº
fato ao Conselho Municipal de Direitos da 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do
Criança e do Adolescente, conforme Adolescente), exceto:
previsão legal; A) municipalização do atendimento.
E - não praticou crime ou infração B) criação e manutenção de programas
administrativa previstos no ECA, na específicos, observada a descentralização
medida em que, após a apuração dos fatos, político-administrativa.
não restou comprovado o abuso. C) proteção jurídico-social por entidades
de defesa dos direitos da criança e do
06. (ISE/AC - Agente Socioeducativo - adolescente.
IBADE/2021) O agente socioeducativo que D) manutenção de fundos nacional,
submete adolescente sob sua autoridade e estaduais e municipais vinculados aos
vigilância a situação vexatória: respectivos conselhos dos direitos da
A - não comete nenhum crime. criança e do adolescente.
B - não comete nem crime, nem infração
administrativa previstos no ECA. 09. (CINCATARINA –
C - comete crime previsto no ECA. FEPESE/2022) De acordo com o Estatuto
D - comete infração administrativa da Criança e do Adolescente, assinale a
prevista no ECA. alternativa que indica corretamente a
E - comete crime punido com pena de definição do princípio da intervenção
reclusão. mínima em relação às medidas de proteção.
A) A intervenção deve ser a necessária e
07. (Prefeitura de Costa Marques – adequada à situação de perigo em que a
IBADE/2022) Conforme previsto no Art. criança ou o adolescente se encontra no
87 do ECA, assinale a alternativa que momento em que a decisão é tomada.
corresponda a uma das linhas de ação da B) A intervenção deve ser efetuada de
Política de Atendimento para Criança e modo que os pais assumam os seus deveres
Adolescente. para com a criança e o adolescente.
A) Manutenção de fundos nacionais, C) A intervenção das autoridades
estaduais e municipais vinculados aos competentes deve ser efetuada logo que a
respectivos conselhos dos direitos da situação de perigo seja conhecida.
criança e do adolescente D) A intervenção deve ser exercida
B) Criação e manutenção de programas exclusivamente pelas autoridades e
específicos, observada a descentralização instituições cuja ação seja indispensável à
político-administrativa efetiva promoção dos direitos e à proteção
C) Serviço de identificação e localização da criança e do adolescente.
de pais, responsáveis, crianças e E) Na promoção de direitos e na
adolescentes desaparecidos proteção da criança e do adolescente deve
ser dada prevalência às medidas que os
mantenham ou reintegrem na sua família

118
Legislação

natural ou extensa ou, se isso não for E) Inserção em regime de semi-


possível, que promovam a sua integração liberdade e encaminhamento aos pais ou
em família adotiva. responsável, mediante termo de
responsabilidade
10. (TJ-PI – IDECAN/2022) Sobre as
medidas específicas de proteção, pelo que 12. (Prefeitura de Goiânia-GO - CS-
orienta o Estatuto da Criança e do UFG/2022) Leia o texto a seguir:
Adolescente, analise as afirmativas a “J., 15 anos, cursando o ensino
seguir: fundamental, ao sair com os amigos no final
I. As medidas previstas poderão ser de semana, no famoso rolê, viu que o amigo
aplicadas Isolada ou cumulativamente, bem W., conhecido por todos como M., estava
como substituídas a qualquer tempo. armado. M. falou com J.: Vamos meter
lI. Na aplicação das medidas levar-se-ão medo em uns carinhas do bairro? J. não teve
em conta as necessidades pedagógicas, nem tempo de responder. Em seguida, viu
preferindo-se aquelas que visem ao M. sacar sua arma e assaltar um menino que
fortalecimento das identidades de cada passava pela rua, de porte franzino, de
família. posse apenas do material escolar e de um
IlI A matrícula e frequência obrigatórias celular. Perto dali passava uma viatura, que
em estabelecimento oficial de ensino ao ver o movimento, resolveu abordar os
fundamental é uma medida. adolescentes. Conclusão: tanto J. como M.
IV. Não é recomendado acolhimento foram apreendidos e, de acordo com o
institucional como medida, já que o Artigo 112 do Estatuto da Criança e
princípio do direito à liberdade é essencial Adolescente, considerados infratores.
para o desenvolvimento da criança e do Acontece que J., pelo fato de estar
adolescente. estudando o 9º ano, precisou ser
matriculado em uma escola nas redondezas
Assinale a alternativa correta. do Centro de Internação. A diretora da
A) Todos os itens são falsos. escola, ao ser alertada por um dos pais que
B) Apenas os itens lI e IV são falsos. conheciam J. e sua história, resolveu
C) Apenas o item lI é falso. impedir a sua matrícula.”
D) Apenas os Itens I, lI e IV são falsos.
E) Apenas os itens I e IV são falsos. De acordo com o artigo 53 a Lei n.
8.069/1990, a atitude dessa diretora,
11. (PC-BA – IBFC/2022) Assinale a baseou-se
alternativa que apresenta modalidades de A) na presteza e atenção para com os
medidas de proteção aplicáveis à criança, cuidados com os demais estudantes.
em conformidade com o previsto na Lei nº B) no atendimento com celeridade aos
8.069/1990 (Estatuto da Criança e do pais, garantindo-lhes o direito de proteção.
Adolescente). C}) no cumprimento ao que apregoa os
A) Obrigação de reparar o dano e valores das famílias.
advertência D) no impedimento da igualdade de
B) Acolhimento institucional e condições para o acesso e a permanência na
colocação em família substituta escola.
C) Liberdade assistida e internação em
estabelecimento educacional 13. (Prefeitura de Goiânia-GO - CS-
D) Prestação de serviços à comunidade e UFG/2022) O artigo 18-A, da Lei n. 8.069,
matrícula e frequência obrigatórias em de 13 de julho de 1990, confere à criança ou
estabelecimento oficial de ensino adolescente o direito de ser educado e
fundamental cuidado ao garantir a ela

119
Legislação

A) a proibição de qualquer forma de


castigo físico como forma de ação Lei Federal nº 10.741/2003 (Estatuto da
disciplinar ou punitiva aplicada com o uso Pessoa Idosa) e suas alterações.
de força física sobre a criança e o
adolescente.
B) o direito de ser criado e educado no LEI N. 10.741, DE 1º DE OUTUBRO
seio da sua família e, excepcionalmente, em DE 20035.
família substituta.
C) os mesmos direitos e qualificações, Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa
proibidas quaisquer designações e dá outras providências. (Redação dada
discriminatórias relativas à filiação da pela Lei nº 14.423, de 2022)
relação de casamento ou por adoção.
D) o exercício do poder familiar, em O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
igualdade de condições, pelo pai e pela Faço saber que o Congresso Nacional
mãe, na forma do que dispuser a legislação decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
civil assegurado a qualquer deles o direito
de, em caso de discordância recorrer a TÍTULO I
autoridade competente. Disposições Preliminares

14. (Prefeitura de Paulínia- SP - FGV/ Art. 1º É instituído o Estatuto da Pessoa


2021) Um professor percebe que seu aluno Idosa, destinado a regular os direitos
continua sendo vítima de violência física, assegurados às pessoas com idade igual ou
apesar de a direção da escola já ter se superior a 60 (sessenta) anos. (Redação
reunido com a família e esgotado todas as dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
possibilidades de intervenção direta.
Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os
Considerando a gravidade da situação, a direitos fundamentais inerentes à pessoa
escola deve acionar o(a) humana, sem prejuízo da proteção integral
A) Conselho Tutelar. de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe,
B) Ministério Público. por lei ou por outros meios, todas as
C) Defensoria Pública. oportunidades e facilidades, para
D) Juizado de Menores. preservação de sua saúde física e mental e
E) Vara da Infância e Juventude. seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social, em condições de
Alternativas liberdade e dignidade. (Redação dada pela
Lei nº 14.423, de 2022)
01. C (art.4º) - 02. E (art. 7º) - 03. E (art.
241-B, §2º) - 04. D (art. 231) - 05. B (art. Art. 3º É obrigação da família, da
245 c.c art. 13) - 06. C (art.232) – 07. C comunidade, da sociedade e do poder
(art. 87) – 08. C (art. 88) - 09. D (art. 100) público assegurar à pessoa idosa, com
10. B (art. 99 e 100) - 11. B (art. 101) absoluta prioridade, a efetivação do direito
12. A (Art. 53, I) - 13. A (Art. 18-A) à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
14. A (Art. 18 e 56) à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho,
à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e
comunitária. (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)

5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm. Visitado
em 11.07.2023.

120
Legislação

§ 1º A garantia de prioridade da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de


compreende: 2022)
I - atendimento preferencial imediato e § 1º É dever de todos prevenir a ameaça
individualizado junto aos órgãos públicos e ou violação aos direitos da pessoa idosa.
privados prestadores de serviços à (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
população; § 2º As obrigações previstas nesta Lei
II - preferência na formulação e na não excluem da prevenção outras
execução de políticas sociais públicas decorrentes dos princípios por ela adotados.
específicas;
III - destinação privilegiada de recursos Art. 5º A inobservância das normas de
públicos nas áreas relacionadas com a prevenção importará em responsabilidade à
proteção à pessoa idosa; (Redação dada pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
pela Lei nº 14.423, de 2022)
IV - viabilização de formas alternativas Art. 6º Todo cidadão tem o dever de
de participação, ocupação e convívio da comunicar à autoridade competente
pessoa idosa com as demais gerações; qualquer forma de violação a esta Lei que
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tenha testemunhado ou de que tenha
V - priorização do atendimento da conhecimento.
pessoa idosa por sua própria família, em
detrimento do atendimento asilar, exceto Art. 7º Os Conselhos Nacional,
dos que não a possuam ou careçam de Estaduais, do Distrito Federal e Municipais
condições de manutenção da própria da Pessoa Idosa, previstos na Lei nº 8.842,
sobrevivência; (Redação dada pela Lei nº de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo
14.423, de 2022) cumprimento dos direitos da pessoa idosa,
VI - capacitação e reciclagem dos definidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei
recursos humanos nas áreas de geriatria e nº 14.423, de 2022)
gerontologia e na prestação de serviços às
pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº TÍTULO II
14.423, de 2022) Dos Direitos Fundamentais
VII - estabelecimento de mecanismos CAPÍTULO I
que favoreçam a divulgação de informações Do Direito à Vida
de caráter educativo sobre os aspectos
biopsicossociais de envelhecimento; Art. 8º O envelhecimento é um direito
VIII - garantia de acesso à rede de personalíssimo e a sua proteção um direito
serviços de saúde e de assistência social social, nos termos desta Lei e da legislação
locais. vigente.
IX - prioridade no recebimento da
restituição do Imposto de Renda. Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à
§ 2º Entre as pessoas idosas, é pessoa idosa a proteção à vida e à saúde,
assegurada prioridade especial aos maiores mediante efetivação de políticas sociais
de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas públicas que permitam um envelhecimento
necessidades sempre preferencialmente em saudável e em condições de dignidade.
relação às demais pessoas idosas. (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será Dignidade
objeto de qualquer tipo de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou Art. 10. É obrigação do Estado e da
opressão, e todo atentado aos seus direitos, sociedade assegurar à pessoa idosa a
por ação ou omissão, será punido na forma liberdade, o respeito e a dignidade, como

121
Legislação

pessoa humana e sujeito de direitos civis, título executivo extrajudicial nos termos da
políticos, individuais e sociais, garantidos lei processual civil.
na Constituição e nas leis. (Redação dada
pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 14. Se a pessoa idosa ou seus
§ 1º O direito à liberdade compreende, familiares não possuírem condições
entre outros, os seguintes aspectos: econômicas de prover o seu sustento,
I - faculdade de ir, vir e estar nos impõe-se ao poder público esse
logradouros públicos e espaços provimento, no âmbito da assistência
comunitários, ressalvadas as restrições social. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
legais; 2022)
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso; CAPÍTULO IV
IV - prática de esportes e de diversões; Do Direito à Saúde
V - participação na vida familiar e
comunitária; Art. 15. É assegurada a atenção integral
VI - participação na vida política, na à saúde da pessoa idosa, por intermédio do
forma da lei; Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-
VII - faculdade de buscar refúgio, lhe o acesso universal e igualitário, em
auxílio e orientação. conjunto articulado e contínuo das ações e
§ 2º O direito ao respeito consiste na serviços, para a prevenção, promoção,
inviolabilidade da integridade física, proteção e recuperação da saúde, incluindo
psíquica e moral, abrangendo a preservação a atenção especial às doenças que afetam
da imagem, da identidade, da autonomia, de preferencialmente as pessoas idosas.
valores, ideias e crenças, dos espaços e dos (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
objetos pessoais. § 1º A prevenção e a manutenção da
saúde da pessoa idosa serão efetivadas por
§ 3º É dever de todos zelar pela meio de: (Redação dada pela Lei nº 14.423,
dignidade da pessoa idosa, colocando-a a de 2022)
salvo de qualquer tratamento desumano, I - cadastramento da população idosa em
violento, aterrorizante, vexatório ou base territorial;
constrangedor. (Redação dada pela Lei nº II - atendimento geriátrico e
14.423, de 2022) gerontológico em ambulatórios;
III - unidades geriátricas de referência,
CAPÍTULO III com pessoal especializado nas áreas de
Dos Alimentos geriatria e gerontologia social;
IV - atendimento domiciliar, incluindo a
Art. 11. Os alimentos serão prestados à internação, para a população que dele
pessoa idosa na forma da lei civil. (Redação necessitar e esteja impossibilitada de se
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) locomover, inclusive para as pessoas idosas
abrigadas e acolhidas por instituições
Art. 12. A obrigação alimentar é públicas, filantrópicas ou sem fins
solidária, podendo a pessoa idosa optar lucrativos e eventualmente conveniadas
entre os prestadores. (Redação dada pela com o poder público, nos meios urbano e
Lei nº 14.423, de 2022) rural; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022)
Art. 13. As transações relativas a V - reabilitação orientada pela geriatria e
alimentos poderão ser celebradas perante o gerontologia, para redução das sequelas
Promotor de Justiça ou Defensor Público, decorrentes do agravo da saúde.
que as referendará, e passarão a ter efeito de § 2º Incumbe ao poder público fornecer
às pessoas idosas, gratuitamente,

122
Legislação

medicamentos, especialmente os de uso segundo o critério médico. (Redação dada


continuado, assim como próteses, órteses e pela Lei nº 14.423, de 2022)
outros recursos relativos ao tratamento, Parágrafo único. Caberá ao profissional
habilitação ou reabilitação. (Redação dada de saúde responsável pelo tratamento
pela Lei nº 14.423, de 2022) conceder autorização para o
§ 3º É vedada a discriminação da pessoa acompanhamento da pessoa idosa ou, no
idosa nos planos de saúde pela cobrança de caso de impossibilidade, justificá-la por
valores diferenciados em razão da idade. escrito. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) de 2022)
§ 4º As pessoas idosas com deficiência
ou com limitação incapacitante terão Art. 17. À pessoa idosa que esteja no
atendimento especializado, nos termos da domínio de suas faculdades mentais é
lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de assegurado o direito de optar pelo
2022) tratamento de saúde que lhe for reputado
§ 5º É vedado exigir o comparecimento mais favorável. (Redação dada pela Lei nº
da pessoa idosa enferma perante os órgãos 14.423, de 2022)
públicos, hipótese na qual será admitido o Parágrafo único. Não estando a pessoa
seguinte procedimento: (Redação dada pela idosa em condições de proceder à opção,
Lei nº 14.423, de 2022) esta será feita: (Redação dada pela Lei nº
I - quando de interesse do poder público, 14.423, de 2022)
o agente promoverá o contato necessário I - pelo curador, quando a pessoa idosa
com a pessoa idosa em sua residência; ou for interditada; (Redação dada pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) 14.423, de 2022)
II - quando de interesse da própria II - pelos familiares, quando a pessoa
pessoa idosa, esta se fará representar por idosa não tiver curador ou este não puder
procurador legalmente constituído. ser contactado em tempo hábil; (Redação
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 6º É assegurado à pessoa idosa III - pelo médico, quando ocorrer
enferma o atendimento domiciliar pela iminente risco de vida e não houver tempo
perícia médica do Instituto Nacional do hábil para consulta a curador ou familiar;
Seguro Social (INSS), pelo serviço público IV - pelo próprio médico, quando não
de saúde ou pelo serviço privado de saúde, houver curador ou familiar conhecido, caso
contratado ou conveniado, que integre o em que deverá comunicar o fato ao
SUS, para expedição do laudo de saúde Ministério Público.
necessário ao exercício de seus direitos
sociais e de isenção tributária. (Redação Art. 18. As instituições de saúde devem
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) atender aos critérios mínimos para o
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os atendimento às necessidades da pessoa
maiores de 80 (oitenta) anos terão idosa, promovendo o treinamento e a
preferência especial sobre as demais capacitação dos profissionais, assim como
pessoas idosas, exceto em caso de orientação a cuidadores familiares e grupos
emergência. (Redação dada pela Lei nº de autoajuda. (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022) 14.423, de 2022)

Art. 16. À pessoa idosa internada ou em Art. 19. Os casos de suspeita ou


observação é assegurado o direito a confirmação de violência praticada contra
acompanhante, devendo o órgão de saúde pessoas idosas serão objeto de notificação
proporcionar as condições adequadas para a compulsória pelos serviços de saúde
sua permanência em tempo integral, públicos e privados à autoridade sanitária,
bem como serão obrigatoriamente

123
Legislação

comunicados por eles a quaisquer dos memória e da identidade culturais.


seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
14.423, de 2022)
I - autoridade policial; Art. 22. Nos currículos mínimos dos
II - Ministério Público; diversos níveis de ensino formal serão
III - Conselho Municipal da Pessoa inseridos conteúdos voltados ao processo
Idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de de envelhecimento, ao respeito e à
2022) valorização da pessoa idosa, de forma a
IV - Conselho Estadual da Pessoa Idosa; eliminar o preconceito e a produzir
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) conhecimentos sobre a matéria. (Redação
V - Conselho Nacional da Pessoa Idosa. dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera- Art. 23. A participação das pessoas
se violência contra a pessoa idosa qualquer idosas em atividades culturais e de lazer
ação ou omissão praticada em local público será proporcionada mediante descontos de
ou privado que lhe cause morte, dano ou pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos
sofrimento físico ou psicológico. (Redação ingressos para eventos artísticos, culturais,
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) esportivos e de lazer, bem como o acesso
§ 2º Aplica-se, no que couber, à preferencial aos respectivos locais.
notificação compulsória prevista no caput (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de
30 de outubro de 1975. Art. 24. Os meios de comunicação
manterão espaços ou horários especiais
CAPÍTULO V voltados às pessoas idosas, com finalidade
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer informativa, educativa, artística e cultural,
e ao público sobre o processo de
Art. 20. A pessoa idosa tem direito a envelhecimento. (Redação dada pela Lei nº
educação, cultura, esporte, lazer, diversões, 14.423, de 2022)
espetáculos, produtos e serviços que
respeitem sua peculiar condição de idade. Art. 25. As instituições de educação
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) superior ofertarão às pessoas idosas, na
perspectiva da educação ao longo da vida,
Art. 21. O poder público criará cursos e programas de extensão, presenciais
oportunidades de acesso da pessoa idosa à ou a distância, constituídos por atividades
educação, adequando currículos, formais e não formais.
metodologias e material didático aos Parágrafo único. O poder público
programas educacionais a ela destinados. apoiará a criação de universidade aberta
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) para as pessoas idosas e incentivará a
§ 1º Os cursos especiais para pessoas publicação de livros e periódicos, de
idosas incluirão conteúdo relativo às conteúdo e padrão editorial adequados à
técnicas de comunicação, computação e pessoa idosa, que facilitem a leitura,
demais avanços tecnológicos, para sua considerada a natural redução da
integração à vida moderna. (Redação dada capacidade visual. (Redação dada pela Lei
pela Lei nº 14.423, de 2022) nº 14.423, de 2022)
§ 2º As pessoas idosas participarão das
comemorações de caráter cívico ou CAPÍTULO VI
cultural, para transmissão de Da Profissionalização e do Trabalho
conhecimentos e vivências às demais
gerações, no sentido da preservação da Art. 26. A pessoa idosa tem direito ao
exercício de atividade profissional,

124
Legislação

respeitadas suas condições físicas, observados os critérios estabelecidos pela


intelectuais e psíquicas. (Redação dada pela Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991.
Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 30. A perda da condição de
Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em segurado não será considerada para a
qualquer trabalho ou emprego, são vedadas concessão da aposentadoria por idade,
a discriminação e a fixação de limite desde que a pessoa conte com, no mínimo,
máximo de idade, inclusive para concursos, o tempo de contribuição correspondente ao
ressalvados os casos em que a natureza do exigido para efeito de carência na data de
cargo o exigir. (Redação dada pela Lei nº requerimento do benefício.
14.423, de 2022) Parágrafo único. O cálculo do valor do
Parágrafo único. O primeiro critério de benefício previsto no caput observará o
desempate em concurso público será a disposto no caput e § 2º do art. 3º da Lei no
idade, dando-se preferência ao de idade 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não
mais elevada. havendo salários-de-contribuição
recolhidos a partir da competência de julho
Art. 28. O Poder Público criará e de 1994, o disposto no art. 35 da Lei no
estimulará programas de: 8.213, de 1991.
I - profissionalização especializada para
as pessoas idosas, aproveitando seus Art. 31. O pagamento de parcelas
potenciais e habilidades para atividades relativas a benefícios, efetuado com atraso
regulares e remuneradas; (Redação dada por responsabilidade da Previdência Social,
pela Lei nº 14.423, de 2022) será atualizado pelo mesmo índice utilizado
II - preparação dos trabalhadores para a para os reajustamentos dos benefícios do
aposentadoria, com antecedência mínima Regime Geral de Previdência Social,
de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos verificado no período compreendido entre o
projetos sociais, conforme seus interesses, e mês que deveria ter sido pago e o mês do
de esclarecimento sobre os direitos sociais efetivo pagamento.
e de cidadania;
III - estímulo às empresas privadas para Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º
admissão de pessoas idosas ao trabalho. de Maio, é a data-base dos aposentados e
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) pensionistas.

CAPÍTULO VII CAPÍTULO VIII


Da Previdência Social Da Assistência Social

Art. 29. Os benefícios de aposentadoria Art. 33. A assistência social às pessoas


e pensão do Regime Geral da Previdência idosas será prestada, de forma articulada,
Social observarão, na sua concessão, conforme os princípios e diretrizes
critérios de cálculo que preservem o valor previstos na Lei Orgânica da Assistência
real dos salários sobre os quais incidiram Social (Loas), na Política Nacional da
contribuição, nos termos da legislação Pessoa Idosa, no SUS e nas demais normas
vigente. pertinentes (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Os valores dos 14.423, de 2022)
benefícios em manutenção serão
reajustados na mesma data de reajuste do Art. 34. Às pessoas idosas, a partir de 65
salário-mínimo, pro rata, de acordo com (sessenta e cinco) anos, que não possuam
suas respectivas datas de início ou do seu meios para prover sua subsistência, nem de
último reajustamento, com base em tê-la provida por sua família, é assegurado
percentual definido em regulamento, o benefício mensal de 1 (um) salário

125
Legislação

mínimo, nos termos da Loas. (Redação carência de recursos financeiros próprios ou


dada pela Lei nº 14.423, de 2022) da família.
Parágrafo único. O benefício já § 2º Toda instituição dedicada ao
concedido a qualquer membro da família atendimento à pessoa idosa fica obrigada a
nos termos do caput não será computado manter identificação externa visível, sob
para os fins do cálculo da renda familiar per pena de interdição, além de atender toda a
capita a que se refere a Loas. legislação pertinente. (Redação dada pela
Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 35. Todas as entidades de longa § 3º As instituições que abrigarem
permanência, ou casa-lar, são obrigadas a pessoas idosas são obrigadas a manter
firmar contrato de prestação de serviços padrões de habitação compatíveis com as
com a pessoa idosa abrigada. necessidades delas, bem como provê-las
§ 1º No caso de entidade filantrópica, ou com alimentação regular e higiene
casa-lar, é facultada a cobrança de indispensáveis às normas sanitárias e com
participação da pessoa idosa no custeio da estas condizentes, sob as penas da lei.
entidade. (Redação dada pela Lei nº 14.423, (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de 2022)
§ 2º O Conselho Municipal da Pessoa Art. 38. Nos programas habitacionais,
Idosa ou o Conselho Municipal da públicos ou subsidiados com recursos
Assistência Social estabelecerá a forma de públicos, a pessoa idosa goza de prioridade
participação prevista no § 1º deste artigo, na aquisição de imóvel para moradia
que não poderá exceder a 70% (setenta por própria, observado o seguinte: (Redação
cento) de qualquer benefício previdenciário dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ou de assistência social percebido pela I - reserva de pelo menos 3% (três por
pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº cento) das unidades habitacionais
14.423, de 2022) residenciais para atendimento às pessoas
§ 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
a seu representante legal firmar o contrato a de 2022)
que se refere o caput deste artigo. II - implantação de equipamentos
urbanos comunitários voltados à pessoa
Art. 36. O acolhimento de pessoas idosas idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
em situação de risco social, por adulto ou 2022)
núcleo familiar, caracteriza a dependência III - eliminação de barreiras
econômica, para os efeitos legais. (Redação arquitetônicas e urbanísticas, para garantia
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) de acessibilidade à pessoa idosa; (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO IX IV - critérios de financiamento
Da Habitação compatíveis com os rendimentos de
aposentadoria e pensão.
Art. 37. A pessoa idosa tem direito a Parágrafo único. As unidades
moradia digna, no seio da família natural ou residenciais reservadas para atendimento a
substituta, ou desacompanhada de seus pessoas idosas devem situar-se,
familiares, quando assim o desejar, ou, preferencialmente, no pavimento térreo.
ainda, em instituição pública ou privada. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1º A assistência integral na modalidade CAPÍTULO X
de entidade de longa permanência será Do Transporte
prestada quando verificada inexistência de
grupo familiar, casa-lar, abandono ou Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e
cinco) anos fica assegurada a gratuidade

126
Legislação

dos transportes coletivos públicos urbanos Art. 42. São asseguradas a prioridade e a
e semi-urbanos, exceto nos serviços segurança da pessoa idosa nos
seletivos e especiais, quando prestados procedimentos de embarque e desembarque
paralelamente aos serviços regulares. nos veículos do sistema de transporte
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta coletivo. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
que a pessoa idosa apresente qualquer de 2022)
documento pessoal que faça prova de sua
idade. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de TÍTULO III
2022) Das Medidas de Proteção
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo CAPÍTULO I
de que trata este artigo, serão reservados Das Disposições Gerais
10% (dez por cento) dos assentos para as
pessoas idosas, devidamente identificados Art. 43. As medidas de proteção à pessoa
com a placa de reservado preferencialmente idosa são aplicáveis sempre que os direitos
para pessoas idosas. (Redação dada pela Lei reconhecidos nesta Lei forem ameaçados
nº 14.423, de 2022) ou violados: (Redação dada pela Lei nº
§ 3º No caso das pessoas compreendidas 14.423, de 2022)
na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 I - por ação ou omissão da sociedade ou
(sessenta e cinco) anos, ficará a critério da do Estado;
legislação local dispor sobre as condições II - por falta, omissão ou abuso da
para exercício da gratuidade nos meios de família, curador ou entidade de
transporte previstos no caput deste artigo. atendimento;
III - em razão de sua condição pessoal.
Art. 40. No sistema de transporte
coletivo interestadual observar-se-á, nos CAPÍTULO II
termos da legislação específica: Das Medidas Específicas de Proteção
I - a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas
por veículo para pessoas idosas com renda Art. 44. As medidas de proteção à pessoa
igual ou inferior a 2 (dois) salários idosa previstas nesta Lei poderão ser
mínimos; (Redação dada pela Lei nº aplicadas, isolada ou cumulativamente, e
14.423, de 2022) levarão em conta os fins sociais a que se
II - desconto de 50% (cinquenta por destinam e o fortalecimento dos vínculos
cento), no mínimo, no valor das passagens, familiares e comunitários. (Redação dada
para as pessoas idosas que excederem as pela Lei nº 14.423, de 2022)
vagas gratuitas, com renda igual ou inferior
a 2 (dois) salários mínimos. (Redação dada Art. 45. Verificada qualquer das
pela Lei nº 14.423, de 2022) hipóteses previstas no art. 43, o Ministério
Parágrafo único. Caberá aos órgãos Público ou o Poder Judiciário, a
competentes definir os mecanismos e os requerimento daquele, poderá determinar,
critérios para o exercício dos direitos dentre outras, as seguintes medidas:
previstos nos incisos I e II. I - encaminhamento à família ou
curador, mediante termo de
Art. 41. É assegurada a reserva para as responsabilidade;
pessoas idosas, nos termos da lei local, de II - orientação, apoio e acompanhamento
5% (cinco por cento) das vagas nos temporários;
estacionamentos públicos e privados, as III - requisição para tratamento de sua
quais deverão ser posicionadas de forma a saúde, em regime ambulatorial, hospitalar
garantir a melhor comodidade à pessoa ou domiciliar;
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de IV - inclusão em programa oficial ou
2022) comunitário de auxílio, orientação e

127
Legislação

tratamento a usuários dependentes de CAPÍTULO II


drogas lícitas ou ilícitas, à própria pessoa Das Entidades de Atendimento ao Idoso
idosa ou à pessoa de sua convivência que
lhe cause perturbação; (Redação dada pela Art. 48. As entidades de atendimento são
Lei nº 14.423, de 2022) responsáveis pela manutenção das próprias
V - abrigo em entidade; unidades, observadas as normas de
V - abrigo em entidade; planejamento e execução emanadas do
VI - abrigo temporário. órgão competente da Política Nacional da
Pessoa Idosa, conforme a Lei nº 8.842, de 4
TÍTULO IV de janeiro de 1994. (Redação dada pela Lei
Da Política de Atendimento ao Idoso nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO I Parágrafo único. As entidades
Disposições Gerais governamentais e não governamentais de
assistência à pessoa idosa ficam sujeitas à
Art. 46. A política de atendimento à inscrição de seus programas perante o
pessoa idosa far-se-á por meio do conjunto órgão competente da Vigilância Sanitária e
articulado de ações governamentais e não o Conselho Municipal da Pessoa Idosa e,
governamentais da União, dos Estados, do em sua falta, perante o Conselho Estadual
Distrito Federal e dos Municípios. ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) os regimes de atendimento, observados os
seguintes requisitos: (Redação dada pela
Art. 47. São linhas de ação da política de Lei nº 14.423, de 2022)
atendimento: I - oferecer instalações físicas em
I - políticas sociais básicas, previstas na condições adequadas de habitabilidade,
Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994; higiene, salubridade e segurança;
II - políticas e programas de assistência II - apresentar objetivos estatutários e
social, em caráter supletivo, para aqueles plano de trabalho compatíveis com os
que necessitarem; princípios desta Lei;
III - serviços especiais de prevenção e III - estar regularmente constituída;
atendimento às vítimas de negligência, IV - demonstrar a idoneidade de seus
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e dirigentes.
opressão;
IV - serviço de identificação e Art. 49. As entidades que desenvolvam
localização de parentes ou responsáveis por programas de institucionalização de longa
pessoas idosas abandonados em hospitais e permanência adotarão os seguintes
instituições de longa permanência; princípios:
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) I - preservação dos vínculos familiares;
V - proteção jurídico-social por II - atendimento personalizado e em
entidades de defesa dos direitos das pessoas pequenos grupos;
idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, III - manutenção da pessoa idosa na
de 2022) mesma instituição, salvo em caso de força
VI - mobilização da opinião pública no maior; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
sentido da participação dos diversos de 2022)
segmentos da sociedade no atendimento da IV - participação da pessoa idosa nas
pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº atividades comunitárias, de caráter interno
14.423, de 2022) e externo; (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
V - observância dos direitos e garantias
das pessoas idosas; (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)

128
Legislação

VI - preservação da identidade da pessoa necessários ao exercício da cidadania


idosa e oferecimento de ambiente de àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
respeito e dignidade. (Redação dada pela XIV - fornecer comprovante de depósito
Lei nº 14.423, de 2022) dos bens móveis que receberem das pessoas
Parágrafo único. O dirigente de idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
instituição prestadora de atendimento à de 2022)
pessoa idosa responderá civil e XV - manter arquivo de anotações no
criminalmente pelos atos que praticar em qual constem data e circunstâncias do
detrimento da pessoa idosa, sem prejuízo atendimento, nome da pessoa idosa,
das sanções administrativas. (Redação dada responsável, parentes, endereços, cidade,
pela Lei nº 14.423, de 2022) relação de seus pertences, bem como o
valor de contribuições, e suas alterações, se
Art. 50. Constituem obrigações das houver, e demais dados que possibilitem
entidades de atendimento: sua identificação e a individualização do
I - celebrar contrato escrito de prestação atendimento; (Redação dada pela Lei nº
de serviço com a pessoa idosa, 14.423, de 2022)
especificando o tipo de atendimento, as XVI - comunicar ao Ministério Público,
obrigações da entidade e prestações para as providências cabíveis, a situação de
decorrentes do contrato, com os respectivos abandono moral ou material por parte dos
preços, se for o caso; (Redação dada pela familiares;
Lei nº 14.423, de 2022) XVII - manter no quadro de pessoal
II - observar os direitos e as garantias de profissionais com formação específica.
que são titulares as pessoas idosas;
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 51. As instituições filantrópicas ou
III - fornecer vestuário adequado, se for sem fins lucrativos prestadoras de serviço
pública, e alimentação suficiente; às pessoas idosas terão direito à assistência
IV - oferecer instalações físicas em judiciária gratuita. (Redação dada pela Lei
condições adequadas de habitabilidade; nº 14.423, de 2022)
V - oferecer atendimento personalizado;
VI - diligenciar no sentido da CAPÍTULO III
preservação dos vínculos familiares; Da Fiscalização das Entidades de
VII - oferecer acomodações apropriadas Atendimento
para recebimento de visitas;
VIII - proporcionar cuidados à saúde, Art. 52. As entidades governamentais e
conforme a necessidade da pessoa idosa; não governamentais de atendimento à
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) pessoa idosa serão fiscalizadas pelos
IX - promover atividades educacionais, Conselhos da Pessoa Idosa, Ministério
esportivas, culturais e de lazer; Público, Vigilância Sanitária e outros
X - propiciar assistência religiosa previstos em lei. (Redação dada pela Lei nº
àqueles que desejarem, de acordo com suas 14.423, de 2022)
crenças;
XI - proceder a estudo social e pessoal Art. 53. O art. 7º da Lei n. 8.842, de
de cada caso; 1994, passa a vigorar com a seguinte
XII - comunicar à autoridade redação:
competente de saúde toda ocorrência de "Art. 7º Compete aos Conselhos de que
pessoa idosa com doenças trata o art. 6º desta Lei a supervisão, o
infectocontagiosas; (Redação dada pela Lei acompanhamento, a fiscalização e a
nº 14.423, de 2022) avaliação da política nacional do idoso, no
XIII - providenciar ou solicitar que o âmbito das respectivas instâncias político-
Ministério Público requisite os documentos administrativas." (NR)

129
Legislação

providências a serem tomadas pela


Art. 54. Será dada publicidade das Vigilância Sanitária. (Redação dada pela
prestações de contas dos recursos públicos Lei nº 14.423, de 2022)
e privados recebidos pelas entidades de § 4º Na aplicação das penalidades, serão
atendimento. consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela
Art. 55. As entidades de atendimento provierem para a pessoa idosa, as
que descumprirem as determinações desta circunstâncias agravantes ou atenuantes e
Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da os antecedentes da entidade. (Redação dada
responsabilidade civil e criminal de seus pela Lei nº 14.423, de 2022)
dirigentes ou prepostos, às seguintes
penalidades, observado o devido processo CAPÍTULO IV
legal: Das Infrações Administrativas
I - as entidades governamentais:
a) advertência; Art. 56. Deixar a entidade de
b) afastamento provisório de seus atendimento de cumprir as determinações
dirigentes; do art. 50 desta Lei:
c) afastamento definitivo de seus Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos
dirigentes; reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o
d) fechamento de unidade ou interdição fato não for caracterizado como crime,
de programa; podendo haver a interdição do
II - as entidades não-governamentais: estabelecimento até que sejam cumpridas as
a) advertência; exigências legais.
b) multa; Parágrafo único. No caso de interdição
c) suspensão parcial ou total do repasse do estabelecimento de longa permanência,
de verbas públicas; as pessoas idosas abrigadas serão
d) interdição de unidade ou suspensão de transferidas para outra instituição, a
programa; expensas do estabelecimento interditado,
e) proibição de atendimento a pessoas enquanto durar a interdição. (Redação dada
idosas a bem do interesse público. (Redação pela Lei nº 14.423, de 2022)
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1º Havendo danos às pessoas idosas Art. 57. Deixar o profissional de saúde
abrigadas ou qualquer tipo de fraude em ou o responsável por estabelecimento de
relação ao programa, caberá o afastamento saúde ou instituição de longa permanência
provisório dos dirigentes ou a interdição da de comunicar à autoridade competente os
unidade e a suspensão do programa. casos de crimes contra pessoa idosa de que
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tiver conhecimento: (Redação dada pela Lei
§ 2º A suspensão parcial ou total do nº 14.423, de 2022)
repasse de verbas públicas ocorrerá quando Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos
verificada a má aplicação ou desvio de reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais),
finalidade dos recursos. aplicada em dobro no caso de reincidência.
§ 3º Na ocorrência de infração por
entidade de atendimento que coloque em Art. 58. Deixar de cumprir as
risco os direitos assegurados nesta Lei, será determinações desta Lei sobre a prioridade
o fato comunicado ao Ministério Público, no atendimento à pessoa idosa: (Redação
para as providências cabíveis, inclusive dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
para promover a suspensão das atividades Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos
ou dissolução da entidade, com a proibição reais) a R$ 1.000,00 (mil reais) e multa civil
de atendimento a pessoas idosas a bem do a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano
interesse público, sem prejuízo das

130
Legislação

sofrido pela pessoa idosa. (Redação dada Art. 63. Nos casos em que não houver
pela Lei nº 14.423, de 2022) risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa
abrigada, a autoridade competente aplicará
CAPÍTULO V à entidade de atendimento as sanções
Da Apuração Administrativa de regulamentares, sem prejuízo da iniciativa
Infração às e das providências que vierem a ser
Normas de Proteção à Pessoa Idosa adotadas pelo Ministério Público ou pelas
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
demais instituições legitimadas para a
fiscalização.
Art. 59. Os valores monetários expressos
no Capítulo IV serão atualizados CAPÍTULO VI
anualmente, na forma da lei. Da Apuração Judicial de
Irregularidades em Entidade de
Art. 60. O procedimento para a Atendimento
imposição de penalidade administrativa por
infração às normas de proteção à pessoa Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente,
idosa terá início com requisição do ao procedimento administrativo de que trata
Ministério Público ou auto de infração este Capítulo as disposições das Leis n.s
elaborado por servidor efetivo e assinado, 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de
se possível, por 2 (duas) testemunhas. 29 de janeiro de 1999.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1º No procedimento iniciado com o Art. 65. O procedimento de apuração de
auto de infração poderão ser usadas irregularidade em entidade governamental
fórmulas impressas, especificando-se a e não governamental de atendimento à
natureza e as circunstâncias da infração. pessoa idosa terá início mediante petição
§ 2º Sempre que possível, à verificação fundamentada de pessoa interessada ou
da infração seguir-se-á a lavratura do auto, iniciativa do Ministério Público. (Redação
ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
quatro) horas, por motivo justificado.
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
dias para a apresentação da defesa, contado Público, decretar liminarmente o
da data da intimação, que será feita: afastamento provisório do dirigente da
I - pelo autuante, no instrumento de entidade ou outras medidas que julgar
autuação, quando for lavrado na presença adequadas, para evitar lesão aos direitos da
do infrator; pessoa idosa, mediante decisão
II - por via postal, com aviso de fundamentada. (Redação dada pela Lei nº
recebimento. 14.423, de 2022)
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à Art. 67. O dirigente da entidade será
saúde da pessoa idosa, a autoridade citado para, no prazo de 10 (dez) dias,
competente aplicará à entidade de oferecer resposta escrita, podendo juntar
atendimento as sanções regulamentares, documentos e indicar as provas a produzir.
sem prejuízo da iniciativa e das
providências que vierem a ser adotadas pelo Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz
Ministério Público ou pelas demais procederá na conformidade do art. 69 ou, se
instituições legitimadas para a fiscalização. necessário, designará audiência de
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) instrução e julgamento, deliberando sobre a
necessidade de produção de outras provas.

131
Legislação

§ 1º Salvo manifestação em audiência, as se essa circunstância em local visível nos


partes e o Ministério Público terão 5 (cinco) autos do processo.
dias para oferecer alegações finais, § 2º A prioridade não cessará com a
decidindo a autoridade judiciária em igual morte do beneficiado, estendendo-se em
prazo. favor do cônjuge supérstite, companheiro
§ 2º Em se tratando de afastamento ou companheira, com união estável, maior
provisório ou definitivo de dirigente de de 60 (sessenta) anos.
entidade governamental, a autoridade § 3º A prioridade se estende aos
judiciária oficiará a autoridade processos e procedimentos na
administrativa imediatamente superior ao Administração Pública, empresas
afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e prestadoras de serviços públicos e
quatro) horas para proceder à substituição. instituições financeiras, ao atendimento
§ 3º Antes de aplicar qualquer das preferencial junto à Defensoria Pública da
medidas, a autoridade judiciária poderá União, dos Estados e do Distrito Federal em
fixar prazo para a remoção das relação aos Serviços de Assistência
irregularidades verificadas. Satisfeitas as Judiciária.
exigências, o processo será extinto, sem § 4º Para o atendimento prioritário, será
julgamento do mérito. garantido à pessoa idosa o fácil acesso aos
§ 4º A multa e a advertência serão assentos e caixas, identificados com a
impostas ao dirigente da entidade ou ao destinação a pessoas idosas em local visível
responsável pelo programa de atendimento. e caracteres legíveis. (Redação dada pela
Lei nº 14.423, de 2022)
TÍTULO V § 5º Dentre os processos de pessoas
Do Acesso à Justiça idosas, dar-se-á prioridade especial aos das
CAPÍTULO I maiores de 80 (oitenta) anos. (Redação
Disposições Gerais dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às CAPÍTULO II


disposições deste Capítulo, o procedimento Do Ministério Público
sumário previsto no Código de Processo
Civil, naquilo que não contrarie os prazos Art. 72. (VETADO)
previstos nesta Lei.
Art. 73. As funções do Ministério
Art. 70. O poder público poderá criar Público, previstas nesta Lei, serão exercidas
varas especializadas e exclusivas da pessoa nos termos da respectiva Lei Orgânica.
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022) Art. 74. Compete ao Ministério Público:
I - instaurar o inquérito civil e a ação
Art. 71. É assegurada prioridade na civil pública para a proteção dos direitos e
tramitação dos processos e procedimentos e interesses difusos ou coletivos, individuais
na execução dos atos e diligências judiciais indisponíveis e individuais homogêneos da
em que figure como parte ou interveniente pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº
pessoa com idade igual ou superior a 60 14.423, de 2022)
(sessenta) anos, em qualquer instância. II - promover e acompanhar as ações de
§ 1º O interessado na obtenção da alimentos, de interdição total ou parcial, de
prioridade a que alude este artigo, fazendo designação de curador especial, em
prova de sua idade, requererá o benefício à circunstâncias que justifiquem a medida e
autoridade judiciária competente para oficiar em todos os feitos em que se
decidir o feito, que determinará as discutam os direitos das pessoas idosas em
providências a serem cumpridas, anotando-

132
Legislação

condições de risco; (Redação dada pela Lei públicos, para o desempenho de suas
nº 14.423, de 2022) atribuições;
III - atuar como substituto processual da X - referendar transações envolvendo
pessoa idosa em situação de risco, interesses e direitos das pessoas idosas
conforme o disposto no art. 43 desta Lei; previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nº 14.423, de 2022)
§ 1º A legitimação do Ministério Público
IV - promover a revogação de para as ações cíveis previstas neste artigo
instrumento procuratório da pessoa idosa, não impede a de terceiros, nas mesmas
nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, hipóteses, segundo dispuser a lei.
quando necessário ou o interesse público § 2º As atribuições constantes deste
justificar; (Redação dada pela Lei nº artigo não excluem outras, desde que
14.423, de 2022) compatíveis com a finalidade e atribuições
V - instaurar procedimento do Ministério Público.
administrativo e, para instruí-lo: § 3º O representante do Ministério
a) expedir notificações, colher Público, no exercício de suas funções, terá
depoimentos ou esclarecimentos e, em caso livre acesso a toda entidade de atendimento
de não comparecimento injustificado da à pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
pessoa notificada, requisitar condução 14.423, de 2022)
coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou
Militar; Art. 75. Nos processos e procedimentos
b) requisitar informações, exames, em que não for parte, atuará
perícias e documentos de autoridades obrigatoriamente o Ministério Público na
municipais, estaduais e federais, da defesa dos direitos e interesses de que cuida
administração direta e indireta, bem como esta Lei, hipóteses em que terá vista dos
promover inspeções e diligências autos depois das partes, podendo juntar
investigatórias; documentos, requerer diligências e
c) requisitar informações e documentos produção de outras provas, usando os
particulares de instituições privadas; recursos cabíveis.
VI - instaurar sindicâncias, requisitar
diligências investigatórias e a instauração Art. 76. A intimação do Ministério
de inquérito policial, para a apuração de Público, em qualquer caso, será feita
ilícitos ou infrações às normas de proteção pessoalmente.
à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022) Art. 77. A falta de intervenção do
VII - zelar pelo efetivo respeito aos Ministério Público acarreta a nulidade do
direitos e garantias legais assegurados à feito, que será declarada de ofício pelo juiz
pessoa idosa, promovendo as medidas ou a requerimento de qualquer interessado.
judiciais e extrajudiciais cabíveis; (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO III
VIII - inspecionar as entidades públicas Da Proteção Judicial dos Interesses
e particulares de atendimento e os Difusos, Coletivos e Individuais
programas de que trata esta Lei, adotando Indisponíveis ou Homogêneos
de pronto as medidas administrativas ou
judiciais necessárias à remoção de Art. 78. As manifestações processuais
irregularidades porventura verificadas; do representante do Ministério Público
IX - requisitar força policial, bem como deverão ser fundamentadas.
a colaboração dos serviços de saúde,
educacionais e de assistência social, Art. 79. Regem-se pelas disposições
desta Lei as ações de responsabilidade por

133
Legislação

ofensa aos direitos assegurados à pessoa § 2º Em caso de desistência ou abandono


idosa, referentes à omissão ou ao da ação por associação legitimada, o
oferecimento insatisfatório de: (Redação Ministério Público ou outro legitimado
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) deverá assumir a titularidade ativa.
I - acesso às ações e serviços de saúde;
II - atendimento especializado à pessoa Art. 82. Para defesa dos interesses e
idosa com deficiência ou com limitação direitos protegidos por esta Lei, são
incapacitante; (Redação dada pela Lei nº admissíveis todas as espécies de ação
14.423, de 2022) pertinentes.
III - atendimento especializado à pessoa Parágrafo único. Contra atos ilegais ou
idosa com doença infectocontagiosa; abusivos de autoridade pública ou agente de
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) pessoa jurídica no exercício de atribuições
IV - serviço de assistência social visando de Poder Público, que lesem direito líquido
ao amparo da pessoa idosa. (Redação dada e certo previsto nesta Lei, caberá ação
pela Lei nº 14.423, de 2022) mandamental, que se regerá pelas normas
Parágrafo único. As hipóteses previstas da lei do mandado de segurança.
neste artigo não excluem da proteção
judicial outros interesses difusos, coletivos, Art. 83. Na ação que tenha por objeto o
individuais indisponíveis ou homogêneos, cumprimento de obrigação de fazer ou não-
próprios da pessoa idosa, protegidos em lei. fazer, o juiz concederá a tutela específica da
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente
Art. 80. As ações previstas neste ao adimplemento.
Capítulo serão propostas no foro do § 1º Sendo relevante o fundamento da
domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá demanda e havendo justificado receio de
competência absoluta para processar a ineficácia do provimento final, é lícito ao
causa, ressalvadas as competências da juiz conceder a tutela liminarmente ou após
Justiça Federal e a competência originária justificação prévia, na forma do art. 273 do
dos Tribunais Superiores. (Redação dada Código de Processo Civil.
pela Lei nº 14.423, de 2022) § 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou
na sentença, impor multa diária ao réu,
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em independentemente do pedido do autor, se
interesses difusos, coletivos, individuais for suficiente ou compatível com a
indisponíveis ou homogêneos, consideram- obrigação, fixando prazo razoável para o
se legitimados, concorrentemente: cumprimento do preceito.
I - o Ministério Público; º§ 3 A multa só será exigível do réu após
II - a União, os Estados, o Distrito o trânsito em julgado da sentença favorável
Federal e os Municípios; ao autor, mas será devida desde o dia em
III - a Ordem dos Advogados do Brasil; que se houver configurado.
IV - as associações legalmente
constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que Art. 84. Os valores das multas previstas
incluam entre os fins institucionais a defesa nesta Lei reverterão ao Fundo da Pessoa
dos interesses e direitos da pessoa idosa, Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao
dispensada a autorização da assembleia, se Fundo Municipal de Assistência Social,
houver prévia autorização estatutária. ficando vinculados ao atendimento à pessoa
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
facultativo entre os Ministérios Públicos da 2022)
União e dos Estados na defesa dos Parágrafo único. As multas não
interesses e direitos de que cuida esta Lei. recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito
em julgado da decisão serão exigidas por

134
Legislação

meio de execução promovida pelo cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Ministério Público, nos mesmos autos, de 2022)
facultada igual iniciativa aos demais
legitimados em caso de inércia daquele. Art. 91. Para instruir a petição inicial, o
interessado poderá requerer às autoridades
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito competentes as certidões e informações que
suspensivo aos recursos, para evitar dano julgar necessárias, que serão fornecidas no
irreparável à parte. prazo de 10 (dez) dias.

Art. 86. Transitada em julgado a Art. 92. O Ministério Público poderá


sentença que impuser condenação ao Poder instaurar sob sua presidência, inquérito
Público, o juiz determinará a remessa de civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
peças à autoridade competente, para organismo público ou particular, certidões,
apuração da responsabilidade civil e informações, exames ou perícias, no prazo
administrativa do agente a que se atribua a que assinalar, o qual não poderá ser inferior
ação ou omissão. a 10 (dez) dias.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público,
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do esgotadas todas as diligências, se convencer
trânsito em julgado da sentença da inexistência de fundamento para a
condenatória favorável à pessoa idosa sem propositura da ação civil ou de peças
que o autor lhe promova a execução, deverá informativas, determinará o seu
fazê-lo o Ministério Público, facultada arquivamento, fazendo-o
igual iniciativa aos demais legitimados, fundamentadamente.
como assistentes ou assumindo o polo § 2º Os autos do inquérito civil ou as
ativo, em caso de inércia desse órgão. peças de informação arquivados serão
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) remetidos, sob pena de se incorrer em falta
grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho
Art. 88. Nas ações de que trata este Superior do Ministério Público ou à
Capítulo, não haverá adiantamento de Câmara de Coordenação e Revisão do
custas, emolumentos, honorários periciais e Ministério Público.
quaisquer outras despesas. § 3º Até que seja homologado ou
Parágrafo único. Não se imporá rejeitado o arquivamento, pelo Conselho
sucumbência ao Ministério Público. Superior do Ministério Público ou por
Câmara de Coordenação e Revisão do
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o Ministério Público, as associações
servidor deverá, provocar a iniciativa do legitimadas poderão apresentar razões
Ministério Público, prestando-lhe escritas ou documentos, que serão juntados
informações sobre os fatos que constituam ou anexados às peças de informação.
objeto de ação civil e indicando-lhe os § 4º Deixando o Conselho Superior ou a
elementos de convicção. Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público de homologar a
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os promoção de arquivamento, será designado
juízes e tribunais, no exercício de suas outro membro do Ministério Público para o
funções, quando tiverem conhecimento de ajuizamento da ação.
fatos que possam configurar crime de ação
pública contra a pessoa idosa ou ensejar a
propositura de ação para sua defesa, devem
encaminhar as peças pertinentes ao
Ministério Público, para as providências

135
Legislação

TÍTULO VI risco pessoal, em situação de iminente


Dos Crimes perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
CAPÍTULO I assistência à saúde, sem justa causa, ou não
Disposições Gerais pedir, nesses casos, o socorro de autoridade
pública: (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, de 2022)
no que couber, as disposições da Lei n. Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1
7.347, de 24 de julho de 1985. (um) ano e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, metade, se da omissão resulta lesão
cuja pena máxima privativa de liberdade corporal de natureza grave, e triplicada, se
não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o resulta a morte.
procedimento previsto na Lei no 9.099, de
26 de setembro de 1995, e, Art. 98. Abandonar a pessoa idosa em
subsidiariamente, no que couber, as hospitais, casas de saúde, entidades de
disposições do Código Penal e do Código longa permanência, ou congêneres, ou não
de Processo Penal. (Vide ADIN 3.096-5 - prover suas necessidades básicas, quando
STF) obrigado por lei ou mandado: (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO II Pena - detenção de 6 (seis) meses a 3
Dos Crimes em Espécie (três) anos e multa.

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei Art. 99. Expor a perigo a integridade e a
são de ação penal pública incondicionada, saúde, física ou psíquica, da pessoa idosa,
não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do submetendo-a a condições desumanas ou
Código Penal. degradantes ou privando-a de alimentos e
cuidados indispensáveis, quando obrigado a
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho
impedindo ou dificultando seu acesso a excessivo ou inadequado: (Redação dada
operações bancárias, aos meios de pela Lei nº 14.423, de 2022)
transporte, ao direito de contratar ou por Pena - detenção de 2 (dois) meses a 1
qualquer outro meio ou instrumento (um) ano e multa.
necessário ao exercício da cidadania, por § 1º Se do fato resulta lesão corporal de
motivo de idade: natureza grave:
Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1 Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)
(um) ano e multa. anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem § 2º Se resulta a morte:
desdenhar, humilhar, menosprezar ou Pena - reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze)
discriminar pessoa idosa, por qualquer anos.
motivo.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um Art. 100. Constitui crime punível com
terço) se a vítima se encontrar sob os reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
cuidados ou responsabilidade do agente. multa:
§ 3º Não constitui crime a negativa de I - obstar o acesso de alguém a qualquer
crédito motivada por superendividamento cargo público por motivo de idade;
da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº II - negar a alguém, por motivo de idade,
14.423, de 2022) emprego ou trabalho;
III - recusar, retardar ou dificultar
Art. 97. Deixar de prestar assistência à atendimento ou deixar de prestar assistência
pessoa idosa, quando possível fazê-lo sem à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;

136
Legislação

IV - deixar de cumprir, retardar ou Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos


frustrar, sem justo motivo, a execução de e multa.
ordem judicial expedida na ação civil a que
alude esta Lei; Art. 106. Induzir pessoa idosa sem
V - recusar, retardar ou omitir dados discernimento de seus atos a outorgar
técnicos indispensáveis à propositura da procuração para fins de administração de
ação civil objeto desta Lei, quando bens ou deles dispor livremente:
requisitados pelo Ministério Público. Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou
frustrar, sem justo motivo, a execução de Art. 107. Coagir, de qualquer modo, a
ordem judicial expedida nas ações em que pessoa idosa a doar, contratar, testar ou
for parte ou interveniente a pessoa idosa: outorgar procuração: (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Lei nº 14.423, de 2022)
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
(um) ano e multa. anos.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva
bens, proventos, pensão ou qualquer outro pessoa idosa sem discernimento de seus
rendimento da pessoa idosa, dando-lhes atos, sem a devida representação legal:
aplicação diversa da de sua finalidade: Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) anos.
Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)
anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a TÍTULO VII


permanência da pessoa idosa, como Disposições Finais e Transitórias
abrigada, por recusa desta em outorgar
procuração à entidade de atendimento: Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) representante do Ministério Público ou de
qualquer outro agente fiscalizador:
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1
(um) ano e multa. (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de Art. 110. O Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de


conta bancária relativa a benefícios, dezembro de 1940, Código Penal, passa a
proventos ou pensão da pessoa idosa, bem vigorar com as seguintes alterações:
como qualquer outro documento com "Art. 61. ...
objetivo de assegurar recebimento ou ...
ressarcimento de dívida: (Redação dada II - ...
pela Lei nº 14.423, de 2022) ...
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
(dois) anos e multa. anos, enfermo ou mulher grávida; ..." (NR)

Art. 105. Exibir ou veicular, por "Art. 121. ...


qualquer meio de comunicação, ...
informações ou imagens depreciativas ou § 4º No homicídio culposo, a pena é
injuriosas à pessoa idosa: (Redação dada aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
pela Lei nº 14.423, de 2022) resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente

137
Legislação

deixa de prestar imediato socorro à vítima, filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto
não procura diminuir as consequências do para o trabalho, ou de ascendente inválido
seu ato, ou foge para evitar prisão em ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena proporcionando os recursos necessários ou
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é faltando ao pagamento de pensão
praticado contra pessoa menor de 14 alimentícia judicialmente acordada, fixada
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ou majorada; deixar, sem justa causa, de
"Art. 133. ... socorrer descendente ou ascendente,
... gravemente enfermo:
§ 3º ....
... Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei n.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das
anos." (NR) Contravenções Penais, passa a vigorar
acrescido do seguinte parágrafo único:
"Art. 140. ...
... "Art. 21...
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de Parágrafo único. Aumenta-se a pena de
elementos referentes a raça, cor, etnia, 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é
religião, origem ou a condição de pessoa maior de 60 (sessenta) anos." (NR)
idosa ou portadora de deficiência:
Art. 112. O inciso II do § 4º do art. 1º da
"Art. 141. ... Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a
... vigorar com a seguinte redação:
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) "Art. 1º ...
anos ou portadora de deficiência, exceto no ...
caso de injúria. § 4º ...
II - se o crime é cometido contra criança,
"Art. 148. ... gestante, portador de deficiência,
... adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
§ 1º....
I - se a vítima é ascendente, descendente, Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei n.
cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta) 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a
anos. vigorar com a seguinte redação:
"Art. 18 ...
"Art. 159... ...
... III - se qualquer deles decorrer de
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 associação ou visar a menores de 21 (vinte
(vinte e quatro) horas, se o sequestrado é e um) anos ou a pessoa com idade igual ou
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 superior a 60 (sessenta) anos ou a quem
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido tenha, por qualquer causa, diminuída ou
por bando ou quadrilha. suprimida a capacidade de discernimento
ou de autodeterminação:
"Art. 183 ...
... Art. 114. O art. 1º da Lei n. 10.048, de 8
III - se o crime é praticado contra pessoa de novembro de 2000, passa a vigorar com
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) a seguinte redação:
anos." (NR) "Art. 1º As pessoas portadoras de
deficiência, os idosos com idade igual ou
"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes,
prover a subsistência do cônjuge, ou de as lactantes e as pessoas acompanhadas por

138
Legislação

crianças de colo terão atendimento será punido de forma triplicada, se da


prioritário, nos termos desta Lei." (NR) omissão resultar a morte.
D) Os crimes nele previstos são de ação
Art. 115. O Orçamento da Seguridade penal pública incondicionada, exceto
Social destinará ao Fundo Nacional de quanto ao crime de exibir ou veicular, por
Assistência Social, até que o Fundo qualquer meio, informações ou imagens
Nacional da Pessoa Idosa seja criado, os depreciativas do idoso, que é condicionado
recursos necessários, em cada exercício à representação.
financeiro, para aplicação em programas e E) Os crimes neles previstos são
ações relativos à pessoa idosa. (Redação processáveis pelo rito sumaríssimo da Lei
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nº 9.099/95, aplicando-se, ainda, os
institutos da transação penal e reparação
Art. 116. Serão incluídos nos censos civil.
demográficos dados relativos à população
idosa do País. 02. (PC-RJ -
CESPE/CEBRASPE/2022) Em
Art. 117. O Poder Executivo 15/2/2022, Ernesto, com 78 anos de idade,
encaminhará ao Congresso Nacional correntista de uma instituição financeira
projeto de lei revendo os critérios de privada, dirigiu-se à agência bancária para
concessão do Benefício de Prestação realizar uma transferência bancária. No
Continuada previsto na Lei Orgânica da local, solicitou auxílio do estagiário Carlos,
Assistência Social, de forma a garantir que de 21 anos de idade, para realizar a
o acesso ao direito seja condizente com o operação. Todavia, de posse do cartão
estágio de desenvolvimento sócio- magnético e da senha do cliente, Carlos
econômico alcançado pelo País. transferiu, indevidamente, a quantia de R$
5 mil da conta bancária de Ernesto para sua
Art. 118. Esta Lei entra em vigor conta pessoal.
decorridos 90 (noventa) dias da sua Nessa situação hipotética, segundo a
publicação, ressalvado o disposto no caput jurisprudência do STJ, Carlos cometeu
do art. 36, que vigorará a partir de 1º de A) o crime de apropriação indébita (art.
janeiro de 2004. 168, § 1.º, III, do Código Penal).
B) o crime de furto (art. 155 do Código
Questões Penal).
C) o crime de estelionato (art. 171 do
01. (PC-SP - VUNESP/2022) Com Código Penal).
relação ao Estatuto do Idoso, na parte que D) o crime de peculato (art. 312 do
trata dos crimes, assinale a alternativa Código Penal).
correta. E) o crime previsto no art. 102 do
A) Os crimes neles previstos, quando Estatuto do Idoso.
implicam prejuízo patrimonial, admitem o
perdão judicial previsto no artigo 181, do 03. (Prefeitura de Osasco-SP -
Código Penal. VUNESP/2022) Nos termos da Lei nº
B) Impedir ou dificultar o acesso a 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto
operações bancárias ao idoso caracteriza o do Idoso), é correto afirmar que ação penal
crime de discriminação de pessoa idosa, nos crimes definidos na legislação é
previsto no art. 96, ainda que a negativa de A) pública condicionada à
crédito seja motivada por situação de representação.
superendividamento do idoso. B) privada.
C) O crime de deixar de prestar C) pública incondicionada.
assistência ao idoso, previsto no art. 97,

139
Legislação

D) pública condicionada como regra, A) Destinação privilegiada de recursos


mas admite ação penal pública públicos nas áreas relacionadas com a
incondicionada em algumas hipóteses. proteção à pessoa idosa.
E) pública condicionada à requisição do B) O envelhecimento é um direito
Ministério Público. personalíssimo e a sua proteção, um direito
social.
04. Conforme disposto na Lei nº C) O direito à liberdade compreende a
10.741/2003 julgue o próximo item: faculdade de ir, vir e estar nos logradouros
É dever de todos prevenir a ameaça ou públicos e espaços comunitários.
violação aos direitos da pessoa idosa. D) Quando de interesse da própria
( ) Certo ( ) Errado pessoa idosa, esta se fará representar por
procurador legalmente constituído.
05. (IPREV – IBADE/2022) É E) O poder público criará oportunidades
obrigação do Estado e da sociedade de acesso da pessoa idosa à educação,
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o adequando currículos, metodologias e
respeito e a dignidade. Segundo o que material didático aos programas
preconiza o Estatuto do Idoso, dentre os educacionais a ela destinados.
aspectos que compreendem a liberdade
está: 08. (IPREV – IBADE/2022) Dentre as
A) a participação na vida política na alternativas a seguir, aquela que apresenta
forma da lei. uma das obrigações das entidades de
B) direito de buscar refúgio ou auxílio atendimento à pessoa idosa conforme o
com a ciência dos familiares. Estatuto do Idoso é:
C) o acesso à reabilitação a cargo de A) Oferecer acomodações apropriadas
profissionais de saúde de qualquer para recebimento de visitas, quando
especialidade. solicitado.
D) o direito de crença e culto religioso B) Manter no quadro de pessoal
em estabelecimentos locais para evitar profissionais com formação
longos deslocamentos. multidisciplinar.
E) o direito de ir e vir em acordo com a C) Comunicar ao Ministério Público as
instituição asilar. situações em que o idoso não deseja manter
contatos familiares.
06. (DPE-RO - D) Proceder a estudo social e pessoal de
CESPE/CEBRASPE/2023) O benefício cada caso.
assistencial ao idoso assegurado no Estatuto E) Propiciar assistência religiosa àqueles
da Pessoa Idosa que desejarem, conforme as possibilidades
A) é garantido a toda pessoa com 65 da entidade acolhedora.
anos de idade ou mais.
B) é vinculado à assistência social. 09. (PGE-SC - Instituto
C) inclui o direito ao 13.º salário. Consulplan/2022) Analise as sentenças a
D) depende de contribuição prévia para seguir.
a previdência social. I. A obrigação à prestação de alimentos
E) acarreta o direito à pensão por morte às pessoas idosas é solidária, podendo o
a eventual dependente do idoso, no caso de idoso optar entre os prestadores.
sua morte. II. O idoso maior de sessenta e cinco
anos tem direito à gratuidade dos
07. (UDESC – FEPESE/2022) Assinale transportes coletivos públicos urbanos e
a alternativa que indica corretamente a semiurbanos, mas não há impedimento para
garantia de prioridade prevista pelo que a legislação local garanta esse benefício
Estatuto do Idoso.

140
Legislação

aos idosos entre sessenta e sessenta e cinco 08. D (Art. 50)


anos. 09. A (Arts. 12, 39, 55 e 71)
III. As entidades de atendimento à 10. C (Art. 19)
pessoa idosa, governamentais ou não-
governamentais, que descumprirem as
determinações estabelecidas no Estatuto do Lei Federal nº 12.764/2012 (Política
Idoso, poderão ser penalizadas com Nacional de Proteção dos Direitos da
advertência. Pessoa com Transtorno do Espectro
IV. As pessoas idosas terão prioridade na Autista) e suas alterações.
tramitação dos processos judiciais, e dentre
eles, terão prioridade especial os idosos
maiores de oitenta anos. LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO
DE 2012.6
Está correto o que se afirma em
A) I, II, III e IV. Institui a Política Nacional de Proteção
B) I e II, apenas. dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
C) I e III, apenas. Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98
D) I e IV, apenas. da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
E) I, II e IV, apenas.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
10. (PC-BA – IBFC/2022) Casos de Faço saber que o Congresso Nacional
suspeita ou confirmação de violência decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
praticada contra idosos devem ser
notificados compulsoriamente pelos Art. 1º Esta Lei institui a Política
serviços de saúde públicos e privados à Nacional de Proteção dos Direitos da
autoridade sanitária, bem como devem ser Pessoa com Transtorno do Espectro Autista
obrigatoriamente comunicados por eles, e estabelece diretrizes para sua consecução.
dentre outros, aos seguintes órgãos: § 1º Para os efeitos desta Lei, é
A) Defensoria Pública e Conselho considerada pessoa com transtorno do
Municipal do Idoso espectro autista aquela portadora de
B) Autoridade Policial e Guarda Civil síndrome clínica caracterizada na forma dos
Metropolitana seguintes incisos I ou II:
C) Ministério Público e Conselho I - deficiência persistente e clinicamente
Estadual do Idoso significativa da comunicação e da interação
D) Poder Judiciário e Conselho Nacional sociais, manifestada por deficiência
do Idoso marcada de comunicação verbal e não
E) Prefeitura Municipal e Serviço de verbal usada para interação social; ausência
Assistência Social de reciprocidade social; falência em
desenvolver e manter relações apropriadas
Alternativas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de
01. C (Art. 97) comportamentos, interesses e atividades,
02. E (Art. 102) manifestados por comportamentos motores
03. C (Art. 95) ou verbais estereotipados ou por
04. Certo (Art. 4º, § 1º) comportamentos sensoriais incomuns;
05. A (Art. 10) excessiva aderência a rotinas e padrões de
06. A (Art. 34) comportamento ritualizados; interesses
07. C (Art. 3º) restritos e fixos.

6
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/l12764.htm

141
Legislação

§ 2º A pessoa com transtorno do espectro relativo ao transtorno do espectro autista no


autista é considerada pessoa com País.
deficiência, para todos os efeitos legais. Parágrafo único. Para cumprimento das
§ 3º Os estabelecimentos públicos e diretrizes de que trata este artigo, o poder
privados referidos na Lei nº 10.048, de 8 de público poderá firmar contrato de direito
novembro de 2000, poderão valer-se da fita público ou convênio com pessoas jurídicas
quebra-cabeça, símbolo mundial da de direito privado.
conscientização do transtorno do espectro
autista, para identificar a prioridade devida Art. 3º São direitos da pessoa com
às pessoas com transtorno do espectro transtorno do espectro autista:
autista. (Incluído pela Lei nº 13.977, de I - a vida digna, a integridade física e
2020) moral, o livre desenvolvimento da
personalidade, a segurança e o lazer;
Art. 2º São diretrizes da Política II - a proteção contra qualquer forma de
Nacional de Proteção dos Direitos da abuso e exploração;
Pessoa com Transtorno do Espectro III - o acesso a ações e serviços de saúde,
Autista: com vistas à atenção integral às suas
I - a intersetorialidade no necessidades de saúde, incluindo:
desenvolvimento das ações e das políticas e a) o diagnóstico precoce, ainda que não
no atendimento à pessoa com transtorno do definitivo;
espectro autista; b) o atendimento multiprofissional;
II - a participação da comunidade na c) a nutrição adequada e a terapia
formulação de políticas públicas voltadas nutricional;
para as pessoas com transtorno do espectro d) os medicamentos;
autista e o controle social da sua e) informações que auxiliem no
implantação, acompanhamento e avaliação; diagnóstico e no tratamento;
III - a atenção integral às necessidades de IV - o acesso:
saúde da pessoa com transtorno do espectro a) à educação e ao ensino
autista, objetivando o diagnóstico precoce, profissionalizante;
o atendimento multiprofissional e o acesso b) à moradia, inclusive à residência
a medicamentos e nutrientes; protegida;
IV - (VETADO); c) ao mercado de trabalho;
V - o estímulo à inserção da pessoa com d) à previdência social e à assistência
transtorno do espectro autista no mercado social.
de trabalho, observadas as peculiaridades Parágrafo único. Em casos de
da deficiência e as disposições da Lei nº comprovada necessidade, a pessoa com
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da transtorno do espectro autista incluída nas
Criança e do Adolescente); classes comuns de ensino regular, nos
VI - a responsabilidade do poder público termos do inciso IV do art. 2º , terá direito a
quanto à informação pública relativa ao acompanhante especializado.
transtorno e suas implicações;
VII - o incentivo à formação e à Art. 3º-A. É criada a Carteira de
capacitação de profissionais especializados Identificação da Pessoa com Transtorno do
no atendimento à pessoa com transtorno do Espectro Autista (Ciptea), com vistas a
espectro autista, bem como a pais e garantir atenção integral, pronto
responsáveis; atendimento e prioridade no atendimento e
VIII - o estímulo à pesquisa científica, no acesso aos serviços públicos e privados,
com prioridade para estudos em especial nas áreas de saúde, educação e
epidemiológicos tendentes a dimensionar a assistência social. (Incluído pela Lei nº
magnitude e as características do problema 13.977, de 2020)

142
Legislação

§ 1º A Ciptea será expedida pelos órgãos modo a permitir a contagem das pessoas
responsáveis pela execução da Política com transtorno do espectro autista em todo
Nacional de Proteção dos Direitos da o território nacional. (Incluído pela Lei nº
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista 13.977, de 2020)
dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º Até que seja implementado o
Municípios, mediante requerimento, disposto no caput deste artigo, os órgãos
acompanhado de relatório médico, com responsáveis pela execução da Política
indicação do código da Classificação Nacional de Proteção dos Direitos da
Estatística Internacional de Doenças e Pessoa com Transtorno do Espectro Autista
Problemas Relacionados à Saúde (CID), e deverão trabalhar em conjunto com os
deverá conter, no mínimo, as seguintes respectivos responsáveis pela emissão de
informações: (Incluído pela Lei nº 13.977, documentos de identificação, para que
de 2020) sejam incluídas as necessárias informações
I - nome completo, filiação, local e data sobre o transtorno do espectro autista no
de nascimento, número da carteira de Registro Geral (RG) ou, se estrangeiro, na
identidade civil, número de inscrição no Carteira de Registro Nacional Migratório
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), tipo (CRNM) ou na Cédula de Identidade de
sanguíneo, endereço residencial completo e Estrangeiro (CIE), válidos em todo o
número de telefone do identificado; território nacional. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) 13.977, de 2020)
II - fotografia no formato 3 (três)
centímetros (cm) x 4 (quatro) centímetros Art. 4º A pessoa com transtorno do
(cm) e assinatura ou impressão digital do espectro autista não será submetida a
identificado; (Incluído pela Lei nº 13.977, tratamento desumano ou degradante, não
de 2020) será privada de sua liberdade ou do
III - nome completo, documento de convívio familiar nem sofrerá
identificação, endereço residencial, discriminação por motivo da deficiência.
telefone e e-mail do responsável legal ou do Parágrafo único. Nos casos de
cuidador; (Incluído pela Lei nº 13.977, de necessidade de internação médica em
2020) unidades especializadas, observar-se-á o
IV - identificação da unidade da que dispõe o art. 4º da Lei nº 10.216, de 6
Federação e do órgão expedidor e de abril de 2001.
assinatura do dirigente responsável.
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) Art. 5º A pessoa com transtorno do
§ 2º Nos casos em que a pessoa com espectro autista não será impedida de
transtorno do espectro autista seja imigrante participar de planos privados de assistência
detentor de visto temporário ou de à saúde em razão de sua condição de pessoa
autorização de residência, residente com deficiência, conforme dispõe o art. 14
fronteiriço ou solicitante de refúgio, deverá da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998.
ser apresentada a Cédula de Identidade de
Estrangeiro (CIE), a Carteira de Registro Art. 6º (VETADO).
Nacional Migratório (CRNM) ou o
Documento Provisório de Registro Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade
Nacional Migratório (DPRNM), com competente, que recusar a matrícula de
validade em todo o território nacional. aluno com transtorno do espectro autista, ou
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) qualquer outro tipo de deficiência, será
§ 3º A Ciptea terá validade de 5 (cinco) punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte)
anos, devendo ser mantidos atualizados os salários-mínimos.
dados cadastrais do identificado, e deverá § 1º Em caso de reincidência, apurada
ser revalidada com o mesmo número, de por processo administrativo, assegurado o

143
Legislação

contraditório e a ampla defesa, haverá a epidemiológicos tendentes a dimensionar a


perda do cargo. magnitude e as características do problema
§ 2º (VETADO). relativo ao transtorno do espectro autista no
País.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data A - I e III.
de sua publicação. B - III e VI.
C - III e V.
Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191º da D - II e IV.
Independência e 124º da República. E - V e VII.

DILMA ROUSSEFF 02. (Prefeitura de Flores/PE -


Professor de Educação Especial -
Questões ADM&TEC/2021) Analise as afirmativas
a seguir:
01. (Prefeitura de Laranjal I. O gestor escolar que recusar a
Paulista/SP - Professor de Educação matrícula de aluno com transtorno do
Especial -Avança/2022) São diretrizes da espectro autista, ou qualquer outro tipo de
Política Nacional de Proteção dos Direitos deficiência, será punido com multa de 3
da Pessoa com Transtorno do Espectro (três) a 20 (vinte) salários-mínimos,
Autista, EXCETO: conforme previsto no artigo 7º da Lei nº
I - a intersetorialidade no 12.764/2012.
desenvolvimento das ações e das políticas e II. O transtorno do espectro autista é uma
no atendimento à pessoa com transtorno do síndrome clínica que compreende a
espectro autista; deficiência persistente e clinicamente
II - a participação da comunidade na significativa da comunicação e da interação
formulação de políticas públicas voltadas sociais, manifestada por deficiência
para as pessoas com transtorno do espectro marcada de comunicação verbal e não
autista e o controle social da sua verbal usada para interação social; ausência
implantação, acompanhamento e avaliação; de reciprocidade social; falência em
III - a atenção parcial às necessidades de desenvolver e manter relações apropriadas
saúde da pessoa com transtorno do espectro ao seu nível de desenvolvimento.
autista, objetivando o diagnóstico precoce,
o atendimento multiprofissional e o acesso Marque a alternativa CORRETA:
a medicamentos e nutrientes; A - As duas afirmativas são verdadeiras.
IV - o estímulo à inserção da pessoa com B - A afirmativa I é verdadeira, e a II é
transtorno do espectro autista no mercado falsa.
de trabalho, observadas as peculiaridades C - A afirmativa II é verdadeira, e a I é
da deficiência e as disposições da Lei nº falsa.
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da D - As duas afirmativas são falsas.
Criança e do Adolescente);
V - a responsabilidade do poder privado Alternativas
quanto à informação pública relativa ao
transtorno e suas implicações; 01.C (art. 2º)
VI - o incentivo à formação e à 02. (art.7ºc.c art. 1º)
capacitação de profissionais especializados
no atendimento à pessoa com transtorno do
espectro autista, bem como a pais e
responsáveis;
VII - o estímulo à pesquisa científica,
com prioridade para estudos

144
Legislação

pessoa com deficiência, visando à sua


Lei Federal nº 13.146/2015 (Estatuto da inclusão social e cidadania.
Pessoa com Deficiência) e suas alterações. Parágrafo único. Esta Lei tem como base
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo
ESTATUTO DA PESSOA COM Facultativo, ratificados pelo Congresso
DEFICIÊNCIA Nacional por meio do Decreto Legislativo
nº 186, de 9 de julho de 2008 , em
A Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, conformidade com o procedimento previsto
conhecida como a Lei Brasileira de no § 3º do art. 5º da Constituição da
Inclusão da Pessoa com Deficiência ou República Federativa do Brasil , em vigor
Estatuto da Pessoa com Deficiência, além para o Brasil, no plano jurídico externo,
de definir variados conceitos, como desde 31 de agosto de 2008, e promulgados
deficiência, acessibilidade, entre outros, e pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de
estabelecer variados direitos às pessoas 2009 , data de início de sua vigência no
com deficiência com o objetivo de plano interno.
promover a igualdade, a inclusão social e o
exercício da cidadania, trouxe diversas Art. 2º Considera-se pessoa com
alterações na legislação brasileira, deficiência aquela que tem impedimento de
relacionadas ao direito administrativo, longo prazo de natureza física, mental,
como licitações e improbidade intelectual ou sensorial, o qual, em
administrativa, ao direito urbanístico, entre interação com uma ou mais barreiras, pode
outros. obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE as demais pessoas.
2015.7 § 1º A avaliação da deficiência, quando
necessária, será biopsicossocial, realizada
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da por equipe multiprofissional e
Pessoa com Deficiência (Estatuto da interdisciplinar e considerará: (Vide
Pessoa com Deficiência). Decreto nº 11.063, de 2022)
I - os impedimentos nas funções e nas
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA estruturas do corpo;
Faço saber que o Congresso Nacional II - os fatores socioambientais,
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de
LIVRO I atividades; e
PARTE GERAL IV - a restrição de participação.
TÍTULO I § 2º O Poder Executivo criará
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES instrumentos para avaliação da deficiência.
CAPÍTULO I (Vide Lei nº 13.846, de 2019) (Vide Lei nº
DISPOSIÇÕES GERAIS 14.126, de 2021)

Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei,
Inclusão da Pessoa com Deficiência consideram-se:
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), I - acessibilidade: possibilidade e
destinada a assegurar e a promover, em condição de alcance para utilização, com
condições de igualdade, o exercício dos segurança e autonomia, de espaços,
direitos e das liberdades fundamentais por mobiliários, equipamentos urbanos,

7 2018/2015/lei/l13146.htm - visitado em 16.011.07.2023..


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-

145
Legislação

edificações, transportes, informação e com deficiência em igualdade de condições


comunicação, inclusive seus sistemas e e oportunidades com as demais pessoas;
tecnologias, bem como de outros serviços e f) barreiras tecnológicas: as que
instalações abertos ao público, de uso dificultam ou impedem o acesso da pessoa
público ou privados de uso coletivo, tanto com deficiência às tecnologias;
na zona urbana como na rural, por pessoa V - comunicação: forma de interação dos
com deficiência ou com mobilidade cidadãos que abrange, entre outras opções,
reduzida; as línguas, inclusive a Língua Brasileira de
II - desenho universal: concepção de Sinais (Libras), a visualização de textos, o
produtos, ambientes, programas e serviços Braille, o sistema de sinalização ou de
a serem usados por todas as pessoas, sem comunicação tátil, os caracteres ampliados,
necessidade de adaptação ou de projeto os dispositivos multimídia, assim como a
específico, incluindo os recursos de linguagem simples, escrita e oral, os
tecnologia assistiva; sistemas auditivos e os meios de voz
III - tecnologia assistiva ou ajuda digitalizados e os modos, meios e formatos
técnica: produtos, equipamentos, aumentativos e alternativos de
dispositivos, recursos, metodologias, comunicação, incluindo as tecnologias da
estratégias, práticas e serviços que informação e das comunicações;
objetivem promover a funcionalidade, VI - adaptações razoáveis: adaptações,
relacionada à atividade e à participação da modificações e ajustes necessários e
pessoa com deficiência ou com mobilidade adequados que não acarretem ônus
reduzida, visando à sua autonomia, desproporcional e indevido, quando
independência, qualidade de vida e inclusão requeridos em cada caso, a fim de assegurar
social; que a pessoa com deficiência possa gozar
IV - barreiras: qualquer entrave, ou exercer, em igualdade de condições e
obstáculo, atitude ou comportamento que oportunidades com as demais pessoas,
limite ou impeça a participação social da todos os direitos e liberdades fundamentais;
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o VII - elemento de urbanização:
exercício de seus direitos à acessibilidade, à quaisquer componentes de obras de
liberdade de movimento e de expressão, à urbanização, tais como os referentes a
comunicação, ao acesso à informação, à pavimentação, saneamento, encanamento
compreensão, à circulação com segurança, para esgotos, distribuição de energia
entre outros, classificadas em: elétrica e de gás, iluminação pública,
a) barreiras urbanísticas: as existentes serviços de comunicação, abastecimento e
nas vias e nos espaços públicos e privados distribuição de água, paisagismo e os que
abertos ao público ou de uso coletivo; materializam as indicações do
b) barreiras arquitetônicas: as existentes planejamento urbanístico;
nos edifícios públicos e privados; VIII - mobiliário urbano: conjunto de
c) barreiras nos transportes: as existentes objetos existentes nas vias e nos espaços
nos sistemas e meios de transportes; públicos, superpostos ou adicionados aos
d) barreiras nas comunicações e na elementos de urbanização ou de edificação,
informação: qualquer entrave, obstáculo, de forma que sua modificação ou seu
atitude ou comportamento que dificulte ou traslado não provoque alterações
impossibilite a expressão ou o recebimento substanciais nesses elementos, tais como
de mensagens e de informações por semáforos, postes de sinalização e
intermédio de sistemas de comunicação e similares, terminais e pontos de acesso
de tecnologia da informação; coletivo às telecomunicações, fontes de
e) barreiras atitudinais: atitudes ou água, lixeiras, toldos, marquises, bancos,
comportamentos que impeçam ou quiosques e quaisquer outros de natureza
prejudiquem a participação social da pessoa análoga;

146
Legislação

IX - pessoa com mobilidade reduzida: CAPÍTULO II


aquela que tenha, por qualquer motivo, DA IGUALDADE E DA NÃO
dificuldade de movimentação, permanente DISCRIMINAÇÃO
ou temporária, gerando redução efetiva da
mobilidade, da flexibilidade, da Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem
coordenação motora ou da percepção, direito à igualdade de oportunidades com as
incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa demais pessoas e não sofrerá nenhuma
com criança de colo e obeso; espécie de discriminação.
X - residências inclusivas: unidades de § 1º Considera-se discriminação em
oferta do Serviço de Acolhimento do razão da deficiência toda forma de
Sistema Único de Assistência Social (Suas) distinção, restrição ou exclusão, por ação
localizadas em áreas residenciais da ou omissão, que tenha o propósito ou o
comunidade, com estruturas adequadas, efeito de prejudicar, impedir ou anular o
que possam contar com apoio psicossocial reconhecimento ou o exercício dos direitos
para o atendimento das necessidades da e das liberdades fundamentais de pessoa
pessoa acolhida, destinadas a jovens e com deficiência, incluindo a recusa de
adultos com deficiência, em situação de adaptações razoáveis e de fornecimento de
dependência, que não dispõem de tecnologias assistivas.
condições de autossustentabilidade e com § 2º A pessoa com deficiência não está
vínculos familiares fragilizados ou obrigada à fruição de benefícios
rompidos; decorrentes de ação afirmativa.
XI - moradia para a vida independente da
pessoa com deficiência: moradia com Art. 5º A pessoa com deficiência será
estruturas adequadas capazes de protegida de toda forma de negligência,
proporcionar serviços de apoio coletivos e discriminação, exploração, violência,
individualizados que respeitem e ampliem tortura, crueldade, opressão e tratamento
o grau de autonomia de jovens e adultos desumano ou degradante.
com deficiência; Parágrafo único. Para os fins da proteção
XII - atendente pessoal: pessoa, membro mencionada no caput deste artigo, são
ou não da família, que, com ou sem considerados especialmente vulneráveis a
remuneração, assiste ou presta cuidados criança, o adolescente, a mulher e o idoso,
básicos e essenciais à pessoa com com deficiência.
deficiência no exercício de suas atividades
diárias, excluídas as técnicas ou os Art. 6º A deficiência não afeta a plena
procedimentos identificados com capacidade civil da pessoa, inclusive para:
profissões legalmente estabelecidas; I - casar-se e constituir união estável;
XIII - profissional de apoio escolar: II - exercer direitos sexuais e
pessoa que exerce atividades de reprodutivos;
alimentação, higiene e locomoção do III - exercer o direito de decidir sobre o
estudante com deficiência e atua em todas número de filhos e de ter acesso a
as atividades escolares nas quais se fizer informações adequadas sobre reprodução e
necessária, em todos os níveis e planejamento familiar;
modalidades de ensino, em instituições IV - conservar sua fertilidade, sendo
públicas e privadas, excluídas as técnicas vedada a esterilização compulsória;
ou os procedimentos identificados com V - exercer o direito à família e à
profissões legalmente estabelecidas; convivência familiar e comunitária; e
XIV - acompanhante: aquele que VI - exercer o direito à guarda, à tutela,
acompanha a pessoa com deficiência, à curatela e à adoção, como adotante ou
podendo ou não desempenhar as funções de adotando, em igualdade de oportunidades
atendente pessoal. com as demais pessoas.

147
Legislação

Art. 7º É dever de todos comunicar à V - acesso a informações e


autoridade competente qualquer forma de disponibilização de recursos de
ameaça ou de violação aos direitos da comunicação acessíveis;
pessoa com deficiência. VI - recebimento de restituição de
Parágrafo único. Se, no exercício de suas imposto de renda;
funções, os juízes e os tribunais tiverem VII - tramitação processual e
conhecimento de fatos que caracterizem as procedimentos judiciais e administrativos
violações previstas nesta Lei, devem em que for parte ou interessada, em todos
remeter peças ao Ministério Público para as os atos e diligências.
providências cabíveis. § 1º Os direitos previstos neste artigo são
extensivos ao acompanhante da pessoa com
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade deficiência ou ao seu atendente pessoal,
e da família assegurar à pessoa com exceto quanto ao disposto nos incisos VI e
deficiência, com prioridade, a efetivação VII deste artigo.
dos direitos referentes à vida, à saúde, à § 2º Nos serviços de emergência
sexualidade, à paternidade e à maternidade, públicos e privados, a prioridade conferida
à alimentação, à habitação, à educação, à por esta Lei é condicionada aos protocolos
profissionalização, ao trabalho, à de atendimento médico.
previdência social, à habilitação e à
reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, TÍTULO II
à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
à informação, à comunicação, aos avanços CAPÍTULO I
científicos e tecnológicos, à dignidade, ao DO DIREITO À VIDA
respeito, à liberdade, à convivência familiar
e comunitária, entre outros decorrentes da Art. 10. Compete ao poder público
Constituição Federal, da Convenção sobre garantir a dignidade da pessoa com
os Direitos das Pessoas com Deficiência e deficiência ao longo de toda a vida.
seu Protocolo Facultativo e das leis e de Parágrafo único. Em situações de risco,
outras normas que garantam seu bem-estar emergência ou estado de calamidade
pessoal, social e econômico. pública, a pessoa com deficiência será
considerada vulnerável, devendo o poder
Seção Única público adotar medidas para sua proteção e
Do Atendimento Prioritário segurança.

Art. 9º A pessoa com deficiência tem Art. 11. A pessoa com deficiência não
direito a receber atendimento prioritário, poderá ser obrigada a se submeter a
sobretudo com a finalidade de: intervenção clínica ou cirúrgica, a
I - proteção e socorro em quaisquer tratamento ou a institucionalização forçada.
circunstâncias; Parágrafo único. O consentimento da
II - atendimento em todas as instituições pessoa com deficiência em situação de
e serviços de atendimento ao público; curatela poderá ser suprido, na forma da lei.
III - disponibilização de recursos, tanto
humanos quanto tecnológicos, que Art. 12. O consentimento prévio, livre e
garantam atendimento em igualdade de esclarecido da pessoa com deficiência é
condições com as demais pessoas; indispensável para a realização de
IV - disponibilização de pontos de tratamento, procedimento, hospitalização e
parada, estações e terminais acessíveis de pesquisa científica.
transporte coletivo de passageiros e § 1º Em caso de pessoa com deficiência
garantia de segurança no embarque e no em situação de curatela, deve ser
desembarque;

148
Legislação

assegurada sua participação, no maior grau III - atuação permanente, integrada e


possível, para a obtenção de consentimento. articulada de políticas públicas que
§ 2º A pesquisa científica envolvendo possibilitem a plena participação social da
pessoa com deficiência em situação de pessoa com deficiência;
tutela ou de curatela deve ser realizada, em IV - oferta de rede de serviços
caráter excepcional, apenas quando houver articulados, com atuação intersetorial, nos
indícios de benefício direto para sua saúde diferentes níveis de complexidade, para
ou para a saúde de outras pessoas com atender às necessidades específicas da
deficiência e desde que não haja outra pessoa com deficiência;
opção de pesquisa de eficácia comparável V - prestação de serviços próximo ao
com participantes não tutelados ou domicílio da pessoa com deficiência,
curatelados. inclusive na zona rural, respeitadas a
organização das Redes de Atenção à Saúde
Art. 13. A pessoa com deficiência (RAS) nos territórios locais e as normas do
somente será atendida sem seu Sistema Único de Saúde (SUS).
consentimento prévio, livre e esclarecido
em casos de risco de morte e de emergência Art. 16. Nos programas e serviços de
em saúde, resguardado seu superior habilitação e de reabilitação para a pessoa
interesse e adotadas as salvaguardas legais com deficiência, são garantidos:
cabíveis. I - organização, serviços, métodos,
técnicas e recursos para atender às
CAPÍTULO II características de cada pessoa com
DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À deficiência;
REABILITAÇÃO II - acessibilidade em todos os ambientes
e serviços;
Art. 14. O processo de habilitação e de III - tecnologia assistiva, tecnologia de
reabilitação é um direito da pessoa com reabilitação, materiais e equipamentos
deficiência. adequados e apoio técnico profissional, de
Parágrafo único. O processo de acordo com as especificidades de cada
habilitação e de reabilitação tem por pessoa com deficiência;
objetivo o desenvolvimento de IV - capacitação continuada de todos os
potencialidades, talentos, habilidades e profissionais que participem dos programas
aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, e serviços.
psicossociais, atitudinais, profissionais e
artísticas que contribuam para a conquista Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas
da autonomia da pessoa com deficiência e deverão promover ações articuladas para
de sua participação social em igualdade de garantir à pessoa com deficiência e sua
condições e oportunidades com as demais família a aquisição de informações,
pessoas. orientações e formas de acesso às políticas
públicas disponíveis, com a finalidade de
Art. 15. O processo mencionado no art. propiciar sua plena participação social.
14 desta Lei baseia-se em avaliação Parágrafo único. Os serviços de que trata
multidisciplinar das necessidades, o caput deste artigo podem fornecer
habilidades e potencialidades de cada informações e orientações nas áreas de
pessoa, observadas as seguintes diretrizes: saúde, de educação, de cultura, de esporte,
I - diagnóstico e intervenção precoces; de lazer, de transporte, de previdência
II - adoção de medidas para compensar social, de assistência social, de habitação,
perda ou limitação funcional, buscando o de trabalho, de empreendedorismo, de
desenvolvimento de aptidões; acesso ao crédito, de promoção, proteção e
defesa de direitos e nas demais áreas que

149
Legislação

possibilitem à pessoa com deficiência VIII - informação adequada e acessível à


exercer sua cidadania. pessoa com deficiência e a seus familiares
sobre sua condição de saúde;
CAPÍTULO III IX - serviços projetados para prevenir a
DO DIREITO À SAÚDE ocorrência e o desenvolvimento de
deficiências e agravos adicionais;
Art. 18. É assegurada atenção integral à X - promoção de estratégias de
saúde da pessoa com deficiência em todos capacitação permanente das equipes que
os níveis de complexidade, por intermédio atuam no SUS, em todos os níveis de
do SUS, garantido acesso universal e atenção, no atendimento à pessoa com
igualitário. deficiência, bem como orientação a seus
§ 1º É assegurada a participação da atendentes pessoais;
pessoa com deficiência na elaboração das XI - oferta de órteses, próteses, meios
políticas de saúde a ela destinadas. auxiliares de locomoção, medicamentos,
§ 2º É assegurado atendimento segundo insumos e fórmulas nutricionais, conforme
normas éticas e técnicas, que as normas vigentes do Ministério da Saúde.
regulamentarão a atuação dos profissionais § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se
de saúde e contemplarão aspectos também às instituições privadas que
relacionados aos direitos e às participem de forma complementar do SUS
especificidades da pessoa com deficiência, ou que recebam recursos públicos para sua
incluindo temas como sua dignidade e manutenção.
autonomia.
§ 3º Aos profissionais que prestam Art. 19. Compete ao SUS desenvolver
assistência à pessoa com deficiência, ações destinadas à prevenção de
especialmente em serviços de habilitação e deficiências por causas evitáveis, inclusive
de reabilitação, deve ser garantida por meio de:
capacitação inicial e continuada. I - acompanhamento da gravidez, do
§ 4º As ações e os serviços de saúde parto e do puerpério, com garantia de parto
pública destinados à pessoa com deficiência humanizado e seguro;
devem assegurar: II - promoção de práticas alimentares
I - diagnóstico e intervenção precoces, adequadas e saudáveis, vigilância alimentar
realizados por equipe multidisciplinar; e nutricional, prevenção e cuidado integral
II - serviços de habilitação e de dos agravos relacionados à alimentação e
reabilitação sempre que necessários, para nutrição da mulher e da criança;
qualquer tipo de deficiência, inclusive para III - aprimoramento e expansão dos
a manutenção da melhor condição de saúde programas de imunização e de triagem
e qualidade de vida; neonatal;
III - atendimento domiciliar IV - identificação e controle da gestante
multidisciplinar, tratamento ambulatorial e de alto risco.
internação; V - aprimoramento do atendimento
IV - campanhas de vacinação; neonatal, com a oferta de ações e serviços
V - atendimento psicológico, inclusive de prevenção de danos cerebrais e sequelas
para seus familiares e atendentes pessoais; neurológicas em recém-nascidos, inclusive
VI - respeito à especificidade, à por telessaúde. (Incluído pela Lei nº
identidade de gênero e à orientação sexual 14.510, de 2022)
da pessoa com deficiência;
VII - atenção sexual e reprodutiva, Art. 20. As operadoras de planos e
incluindo o direito à fertilização assistida; seguros privados de saúde são obrigadas a
garantir à pessoa com deficiência, no

150
Legislação

mínimo, todos os serviços e produtos de comunicação que atendam às


ofertados aos demais clientes. especificidades das pessoas com
deficiência física, sensorial, intelectual e
Art. 21. Quando esgotados os meios de mental.
atenção à saúde da pessoa com deficiência
no local de residência, será prestado Art. 26. Os casos de suspeita ou de
atendimento fora de domicílio, para fins de confirmação de violência praticada contra a
diagnóstico e de tratamento, garantidos o pessoa com deficiência serão objeto de
transporte e a acomodação da pessoa com notificação compulsória pelos serviços de
deficiência e de seu acompanhante. saúde públicos e privados à autoridade
policial e ao Ministério Público, além dos
Art. 22. À pessoa com deficiência Conselhos dos Direitos da Pessoa com
internada ou em observação é assegurado o Deficiência.
direito a acompanhante ou a atendente Parágrafo único. Para os efeitos desta
pessoal, devendo o órgão ou a instituição de Lei, considera-se violência contra a pessoa
saúde proporcionar condições adequadas com deficiência qualquer ação ou omissão,
para sua permanência em tempo integral. praticada em local público ou privado, que
§ 1º Na impossibilidade de permanência lhe cause morte ou dano ou sofrimento
do acompanhante ou do atendente pessoal físico ou psicológico.
junto à pessoa com deficiência, cabe ao
profissional de saúde responsável pelo CAPÍTULO IV
tratamento justificá-la por escrito. DO DIREITO À EDUCAÇÃO
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade
prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a Art. 27. A educação constitui direito da
instituição de saúde deve adotar as pessoa com deficiência, assegurados
providências cabíveis para suprir a ausência sistema educacional inclusivo em todos os
do acompanhante ou do atendente pessoal. níveis e aprendizado ao longo de toda a
vida, de forma a alcançar o máximo
Art. 23. São vedadas todas as formas de desenvolvimento possível de seus talentos e
discriminação contra a pessoa com habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e
deficiência, inclusive por meio de cobrança sociais, segundo suas características,
de valores diferenciados por planos e interesses e necessidades de aprendizagem.
seguros privados de saúde, em razão de sua Parágrafo único. É dever do Estado, da
condição. família, da comunidade escolar e da
sociedade assegurar educação de qualidade
Art. 24. É assegurado à pessoa com à pessoa com deficiência, colocando-a a
deficiência o acesso aos serviços de saúde, salvo de toda forma de violência,
tanto públicos como privados, e às negligência e discriminação.
informações prestadas e recebidas, por
meio de recursos de tecnologia assistiva e Art. 28. Incumbe ao poder público
de todas as formas de comunicação assegurar, criar, desenvolver, implementar,
previstas no inciso V do art. 3º desta Lei. incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em
Art. 25. Os espaços dos serviços de todos os níveis e modalidades, bem como o
saúde, tanto públicos quanto privados, aprendizado ao longo de toda a vida;
devem assegurar o acesso da pessoa com II - aprimoramento dos sistemas
deficiência, em conformidade com a educacionais, visando a garantir condições
legislação em vigor, mediante a remoção de de acesso, permanência, participação e
barreiras, por meio de projetos aprendizagem, por meio da oferta de
arquitetônico, de ambientação de interior e serviços e de recursos de acessibilidade que

151
Legislação

eliminem as barreiras e promovam a especializado, de tradutores e intérpretes da


inclusão plena; Libras, de guias intérpretes e de
III - projeto pedagógico que profissionais de apoio;
institucionalize o atendimento educacional XII - oferta de ensino da Libras, do
especializado, assim como os demais Sistema Braille e de uso de recursos de
serviços e adaptações razoáveis, para tecnologia assistiva, de forma a ampliar
atender às características dos estudantes habilidades funcionais dos estudantes,
com deficiência e garantir o seu pleno promovendo sua autonomia e participação;
acesso ao currículo em condições de XIII - acesso à educação superior e à
igualdade, promovendo a conquista e o educação profissional e tecnológica em
exercício de sua autonomia; igualdade de oportunidades e condições
IV - oferta de educação bilíngue, em com as demais pessoas;
Libras como primeira língua e na XIV - inclusão em conteúdos
modalidade escrita da língua portuguesa curriculares, em cursos de nível superior e
como segunda língua, em escolas e classes de educação profissional técnica e
bilíngues e em escolas inclusivas; tecnológica, de temas relacionados à pessoa
V - adoção de medidas individualizadas com deficiência nos respectivos campos de
e coletivas em ambientes que maximizem o conhecimento;
desenvolvimento acadêmico e social dos XV - acesso da pessoa com deficiência,
estudantes com deficiência, favorecendo o em igualdade de condições, a jogos e a
acesso, a permanência, a participação e a atividades recreativas, esportivas e de lazer,
aprendizagem em instituições de ensino; no sistema escolar;
VI - pesquisas voltadas para o XVI - acessibilidade para todos os
desenvolvimento de novos métodos e estudantes, trabalhadores da educação e
técnicas pedagógicas, de materiais demais integrantes da comunidade escolar
didáticos, de equipamentos e de recursos de às edificações, aos ambientes e às
tecnologia assistiva; atividades concernentes a todas as
VII - planejamento de estudo de caso, de modalidades, etapas e níveis de ensino;
elaboração de plano de atendimento XVII - oferta de profissionais de apoio
educacional especializado, de organização escolar;
de recursos e serviços de acessibilidade e de XVIII - articulação intersetorial na
disponibilização e usabilidade pedagógica implementação de políticas públicas.
de recursos de tecnologia assistiva; § 1º Às instituições privadas, de
VIII - participação dos estudantes com qualquer nível e modalidade de ensino,
deficiência e de suas famílias nas diversas aplica-se obrigatoriamente o disposto nos
instâncias de atuação da comunidade incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII,
escolar; XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do
IX - adoção de medidas de apoio que caput deste artigo, sendo vedada a cobrança
favoreçam o desenvolvimento dos aspectos de valores adicionais de qualquer natureza
linguísticos, culturais, vocacionais e em suas mensalidades, anuidades e
profissionais, levando-se em conta o matrículas no cumprimento dessas
talento, a criatividade, as habilidades e os determinações.
interesses do estudante com deficiência; § 2º Na disponibilização de tradutores e
X - adoção de práticas pedagógicas intérpretes da Libras a que se refere o inciso
inclusivas pelos programas de formação XI do caput deste artigo, deve-se observar o
inicial e continuada de professores e oferta seguinte:
de formação continuada para o atendimento I - os tradutores e intérpretes da Libras
educacional especializado; atuantes na educação básica devem, no
XI - formação e disponibilização de mínimo, possuir ensino médio completo e
professores para o atendimento educacional certificado de proficiência na Libras;

152
Legislação

II - os tradutores e intérpretes da Libras, CAPÍTULO V


quando direcionados à tarefa de interpretar DO DIREITO À MORADIA
nas salas de aula dos cursos de graduação e
pós-graduação, devem possuir nível Art. 31. A pessoa com deficiência tem
superior, com habilitação, prioritariamente, direito à moradia digna, no seio da família
em Tradução e Interpretação em Libras. natural ou substituta, com seu cônjuge ou
companheiro ou desacompanhada, ou em
Art. 29. (VETADO). moradia para a vida independente da pessoa
com deficiência, ou, ainda, em residência
Art. 30. Nos processos seletivos para inclusiva.
ingresso e permanência nos cursos § 1º O poder público adotará programas
oferecidos pelas instituições de ensino e ações estratégicas para apoiar a criação e
superior e de educação profissional e a manutenção de moradia para a vida
tecnológica, públicas e privadas, devem ser independente da pessoa com deficiência.
adotadas as seguintes medidas: § 2º A proteção integral na modalidade
I - atendimento preferencial à pessoa de residência inclusiva será prestada no
com deficiência nas dependências das âmbito do Suas à pessoa com deficiência
Instituições de Ensino Superior (IES) e nos em situação de dependência que não
serviços; disponha de condições de
II - disponibilização de formulário de autossustentabilidade, com vínculos
inscrição de exames com campos familiares fragilizados ou rompidos.
específicos para que o candidato com
deficiência informe os recursos de Art. 32. Nos programas habitacionais,
acessibilidade e de tecnologia assistiva públicos ou subsidiados com recursos
necessários para sua participação; públicos, a pessoa com deficiência ou o seu
III - disponibilização de provas em responsável goza de prioridade na aquisição
formatos acessíveis para atendimento às de imóvel para moradia própria, observado
necessidades específicas do candidato com o seguinte:
deficiência; I - reserva de, no mínimo, 3% (três por
IV - disponibilização de recursos de cento) das unidades habitacionais para
acessibilidade e de tecnologia assistiva pessoa com deficiência;
adequados, previamente solicitados e II - (VETADO);
escolhidos pelo candidato com deficiência; III - em caso de edificação multifamiliar,
V - dilação de tempo, conforme garantia de acessibilidade nas áreas de uso
demanda apresentada pelo candidato com comum e nas unidades habitacionais no
deficiência, tanto na realização de exame piso térreo e de acessibilidade ou de
para seleção quanto nas atividades adaptação razoável nos demais pisos;
acadêmicas, mediante prévia solicitação e IV - disponibilização de equipamentos
comprovação da necessidade; urbanos comunitários acessíveis;
VI - adoção de critérios de avaliação das V - elaboração de especificações
provas escritas, discursivas ou de redação técnicas no projeto que permitam a
que considerem a singularidade linguística instalação de elevadores.
da pessoa com deficiência, no domínio da § 1º O direito à prioridade, previsto no
modalidade escrita da língua portuguesa; caput deste artigo, será reconhecido à
VII - tradução completa do edital e de pessoa com deficiência beneficiária apenas
suas retificações em Libras. uma vez.
§ 2º Nos programas habitacionais
públicos, os critérios de financiamento
devem ser compatíveis com os rendimentos

153
Legislação

da pessoa com deficiência ou de sua treinamentos, educação continuada, planos


família. de carreira, promoções, bonificações e
§ 3º Caso não haja pessoa com incentivos profissionais oferecidos pelo
deficiência interessada nas unidades empregador, em igualdade de
habitacionais reservadas por força do oportunidades com os demais empregados.
disposto no inciso I do caput deste artigo, as § 5º É garantida aos trabalhadores com
unidades não utilizadas serão deficiência acessibilidade em cursos de
disponibilizadas às demais pessoas. formação e de capacitação.

Art. 33. Ao poder público compete: Art. 35. É finalidade primordial das
I - adotar as providências necessárias políticas públicas de trabalho e emprego
para o cumprimento do disposto nos arts. 31 promover e garantir condições de acesso e
e 32 desta Lei; e de permanência da pessoa com deficiência
II - divulgar, para os agentes no campo de trabalho.
interessados e beneficiários, a política Parágrafo único. Os programas de
habitacional prevista nas legislações estímulo ao empreendedorismo e ao
federal, estaduais, distrital e municipais, trabalho autônomo, incluídos o
com ênfase nos dispositivos sobre cooperativismo e o associativismo, devem
acessibilidade. prever a participação da pessoa com
deficiência e a disponibilização de linhas de
CAPÍTULO VI crédito, quando necessárias.
DO DIREITO AO TRABALHO
Seção I Seção II
Disposições Gerais Da Habilitação Profissional e
Reabilitação Profissional
Art. 34. A pessoa com deficiência tem
direito ao trabalho de sua livre escolha e Art. 36. O poder público deve
aceitação, em ambiente acessível e implementar serviços e programas
inclusivo, em igualdade de oportunidades completos de habilitação profissional e de
com as demais pessoas. reabilitação profissional para que a pessoa
§ 1º As pessoas jurídicas de direito com deficiência possa ingressar, continuar
público, privado ou de qualquer natureza ou retornar ao campo do trabalho,
são obrigadas a garantir ambientes de respeitados sua livre escolha, sua vocação e
trabalho acessíveis e inclusivos. seu interesse.
§ 2º A pessoa com deficiência tem § 1º Equipe multidisciplinar indicará,
direito, em igualdade de oportunidades com com base em critérios previstos no § 1º do
as demais pessoas, a condições justas e art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou
favoráveis de trabalho, incluindo igual de reabilitação que possibilite à pessoa com
remuneração por trabalho de igual valor. deficiência restaurar sua capacidade e
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da habilidade profissional ou adquirir novas
pessoa com deficiência e qualquer capacidades e habilidades de trabalho.
discriminação em razão de sua condição, § 2º A habilitação profissional
inclusive nas etapas de recrutamento, corresponde ao processo destinado a
seleção, contratação, admissão, exames propiciar à pessoa com deficiência
admissional e periódico, permanência no aquisição de conhecimentos, habilidades e
emprego, ascensão profissional e aptidões para exercício de profissão ou de
reabilitação profissional, bem como ocupação, permitindo nível suficiente de
exigência de aptidão plena. desenvolvimento profissional para ingresso
§ 4º A pessoa com deficiência tem no campo de trabalho.
direito à participação e ao acesso a cursos,

154
Legislação

§ 3º Os serviços de habilitação Parágrafo único. A colocação


profissional, de reabilitação profissional e competitiva da pessoa com deficiência pode
de educação profissional devem ser dotados ocorrer por meio de trabalho com apoio,
de recursos necessários para atender a toda observadas as seguintes diretrizes:
pessoa com deficiência, I - prioridade no atendimento à pessoa
independentemente de sua característica com deficiência com maior dificuldade de
específica, a fim de que ela possa ser inserção no campo de trabalho;
capacitada para trabalho que lhe seja II - provisão de suportes
adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de individualizados que atendam a
conservá-lo e de nele progredir. necessidades específicas da pessoa com
§ 4º Os serviços de habilitação deficiência, inclusive a disponibilização de
profissional, de reabilitação profissional e recursos de tecnologia assistiva, de agente
de educação profissional deverão ser facilitador e de apoio no ambiente de
oferecidos em ambientes acessíveis e trabalho;
inclusivos. III - respeito ao perfil vocacional e ao
§ 5º A habilitação profissional e a interesse da pessoa com deficiência
reabilitação profissional devem ocorrer apoiada;
articuladas com as redes públicas e IV - oferta de aconselhamento e de apoio
privadas, especialmente de saúde, de ensino aos empregadores, com vistas à definição
e de assistência social, em todos os níveis e de estratégias de inclusão e de superação de
modalidades, em entidades de formação barreiras, inclusive atitudinais;
profissional ou diretamente com o V - realização de avaliações periódicas;
empregador. VI - articulação intersetorial das
§ 6º A habilitação profissional pode políticas públicas;
ocorrer em empresas por meio de prévia VII - possibilidade de participação de
formalização do contrato de emprego da organizações da sociedade civil.
pessoa com deficiência, que será
considerada para o cumprimento da reserva Art. 38. A entidade contratada para a
de vagas prevista em lei, desde que por realização de processo seletivo público ou
tempo determinado e concomitante com a privado para cargo, função ou emprego está
inclusão profissional na empresa, obrigada à observância do disposto nesta
observado o disposto em regulamento. Lei e em outras normas de acessibilidade
§ 7º A habilitação profissional e a vigentes.
reabilitação profissional atenderão à pessoa
com deficiência. CAPÍTULO VII
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA
Seção III SOCIAL
Da Inclusão da Pessoa com Deficiência
no Trabalho Art. 39. Os serviços, os programas, os
projetos e os benefícios no âmbito da
Art. 37. Constitui modo de inclusão da política pública de assistência social à
pessoa com deficiência no trabalho a pessoa com deficiência e sua família têm
colocação competitiva, em igualdade de como objetivo a garantia da segurança de
oportunidades com as demais pessoas, nos renda, da acolhida, da habilitação e da
termos da legislação trabalhista e reabilitação, do desenvolvimento da
previdenciária, na qual devem ser atendidas autonomia e da convivência familiar e
as regras de acessibilidade, o fornecimento comunitária, para a promoção do acesso a
de recursos de tecnologia assistiva e a direitos e da plena participação social.
adaptação razoável no ambiente de § 1º A assistência social à pessoa com
trabalho. deficiência, nos termos do caput deste

155
Legislação

artigo, deve envolver conjunto articulado § 1º É vedada a recusa de oferta de obra


de serviços do âmbito da Proteção Social intelectual em formato acessível à pessoa
Básica e da Proteção Social Especial, com deficiência, sob qualquer argumento,
ofertados pelo Suas, para a garantia de inclusive sob a alegação de proteção dos
seguranças fundamentais no enfrentamento direitos de propriedade intelectual.
de situações de vulnerabilidade e de risco, § 2º O poder público deve adotar
por fragilização de vínculos e ameaça ou soluções destinadas à eliminação, à redução
violação de direitos. ou à superação de barreiras para a
§ 2º Os serviços socioassistenciais promoção do acesso a todo patrimônio
destinados à pessoa com deficiência em cultural, observadas as normas de
situação de dependência deverão contar acessibilidade, ambientais e de proteção do
com cuidadores sociais para prestar-lhe patrimônio histórico e artístico nacional.
cuidados básicos e instrumentais.
Art. 43. O poder público deve promover
Art. 40. É assegurado à pessoa com a participação da pessoa com deficiência
deficiência que não possua meios para em atividades artísticas, intelectuais,
prover sua subsistência nem de tê-la culturais, esportivas e recreativas, com
provida por sua família o benefício mensal vistas ao seu protagonismo, devendo:
de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da I - incentivar a provisão de instrução, de
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 . treinamento e de recursos adequados, em
igualdade de oportunidades com as demais
CAPÍTULO VIII pessoas;
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA II - assegurar acessibilidade nos locais
SOCIAL de eventos e nos serviços prestados por
pessoa ou entidade envolvida na
Art. 41. A pessoa com deficiência organização das atividades de que trata este
segurada do Regime Geral de Previdência artigo; e
Social (RGPS) tem direito à aposentadoria III - assegurar a participação da pessoa
nos termos da Lei Complementar nº 142, de com deficiência em jogos e atividades
8 de maio de 2013 . recreativas, esportivas, de lazer, culturais e
artísticas, inclusive no sistema escolar, em
CAPÍTULO IX igualdade de condições com as demais
DO DIREITO À CULTURA, AO pessoas.
ESPORTE, AO TURISMO E AO
LAZER Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios,
estádios, ginásios de esporte, locais de
Art. 42. A pessoa com deficiência tem espetáculos e de conferências e similares,
direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao serão reservados espaços livres e assentos
lazer em igualdade de oportunidades com para a pessoa com deficiência, de acordo
as demais pessoas, sendo-lhe garantido o com a capacidade de lotação da edificação,
acesso: observado o disposto em regulamento.
I - a bens culturais em formato acessível; § 1º Os espaços e assentos a que se refere
II - a programas de televisão, cinema, este artigo devem ser distribuídos pelo
teatro e outras atividades culturais e recinto em locais diversos, de boa
desportivas em formato acessível; e visibilidade, em todos os setores, próximos
III - a monumentos e locais de aos corredores, devidamente sinalizados,
importância cultural e a espaços que evitando-se áreas segregadas de público e
ofereçam serviços ou eventos culturais e obstrução das saídas, em conformidade
esportivos. com as normas de acessibilidade.

156
Legislação

§ 2º No caso de não haver comprovada CAPÍTULO X


procura pelos assentos reservados, esses DO DIREITO AO TRANSPORTE E À
podem, excepcionalmente, ser ocupados MOBILIDADE
por pessoas sem deficiência ou que não
tenham mobilidade reduzida, observado o Art. 46. O direito ao transporte e à
disposto em regulamento. mobilidade da pessoa com deficiência ou
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere com mobilidade reduzida será assegurado
este artigo devem situar-se em locais que em igualdade de oportunidades com as
garantam a acomodação de, no mínimo, 1 demais pessoas, por meio de identificação e
(um) acompanhante da pessoa com de eliminação de todos os obstáculos e
deficiência ou com mobilidade reduzida, barreiras ao seu acesso.
resguardado o direito de se acomodar § 1º Para fins de acessibilidade aos
proximamente a grupo familiar e serviços de transporte coletivo terrestre,
comunitário. aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições,
§ 4º Nos locais referidos no caput deste consideram-se como integrantes desses
artigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas serviços os veículos, os terminais, as
de fuga e saídas de emergência acessíveis, estações, os pontos de parada, o sistema
conforme padrões das normas de viário e a prestação do serviço.
acessibilidade, a fim de permitir a saída § 2º São sujeitas ao cumprimento das
segura da pessoa com deficiência ou com disposições desta Lei, sempre que houver
mobilidade reduzida, em caso de interação com a matéria nela regulada, a
emergência. outorga, a concessão, a permissão, a
§ 5º Todos os espaços das edificações autorização, a renovação ou a habilitação de
previstas no caput deste artigo devem linhas e de serviços de transporte coletivo.
atender às normas de acessibilidade em § 3º Para colocação do símbolo
vigor. internacional de acesso nos veículos, as
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, empresas de transporte coletivo de
em todas as sessões, recursos de passageiros dependem da certificação de
acessibilidade para a pessoa com acessibilidade emitida pelo gestor público
deficiência. responsável pela prestação do serviço.
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com
deficiência não poderá ser superior ao valor Art. 47. Em todas as áreas de
cobrado das demais pessoas. estacionamento aberto ao público, de uso
público ou privado de uso coletivo e em
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares vias públicas, devem ser reservadas vagas
devem ser construídos observando-se os próximas aos acessos de circulação de
princípios do desenho universal, além de pedestres, devidamente sinalizadas, para
adotar todos os meios de acessibilidade, veículos que transportem pessoa com
conforme legislação em vigor. deficiência com comprometimento de
§ 1º Os estabelecimentos já existentes mobilidade, desde que devidamente
deverão disponibilizar, pelo menos, 10% identificados.
(dez por cento) de seus dormitórios § 1º As vagas a que se refere o caput
acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) deste artigo devem equivaler a 2% (dois por
unidade acessível. cento) do total, garantida, no mínimo, 1
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º (uma) vaga devidamente sinalizada e com
deste artigo deverão ser localizados em as especificações de desenho e traçado de
rotas acessíveis. acordo com as normas técnicas vigentes de
acessibilidade.
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas
reservadas devem exibir, em local de ampla

157
Legislação

visibilidade, a credencial de beneficiário, a Art. 51. As frotas de empresas de táxi


ser confeccionada e fornecida pelos órgãos devem reservar 10% (dez por cento) de seus
de trânsito, que disciplinarão suas veículos acessíveis à pessoa com
características e condições de uso. deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de
§ 3º A utilização indevida das vagas de 2019)
que trata este artigo sujeita os infratores às § 1º É proibida a cobrança diferenciada
sanções previstas no inciso XX do art. 181 de tarifas ou de valores adicionais pelo
da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 serviço de táxi prestado à pessoa com
(Código de Trânsito Brasileiro). deficiência.
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 2º O poder público é autorizado a
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º instituir incentivos fiscais com vistas a
deste artigo é vinculada à pessoa com possibilitar a acessibilidade dos veículos a
deficiência que possui comprometimento que se refere o caput deste artigo.
de mobilidade e é válida em todo o território
nacional. Art. 52. As locadoras de veículos são
obrigadas a oferecer 1 (um) veículo
Art. 48. Os veículos de transporte adaptado para uso de pessoa com
coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, as deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte)
instalações, as estações, os portos e os veículos de sua frota. (Vide Decreto nº
terminais em operação no País devem ser 9.762, de 2019)
acessíveis, de forma a garantir o seu uso por Parágrafo único. O veículo adaptado
todas as pessoas. deverá ter, no mínimo, câmbio automático,
§ 1º Os veículos e as estruturas de que direção hidráulica, vidros elétricos e
trata o caput deste artigo devem dispor de comandos manuais de freio e de
sistema de comunicação acessível que embreagem.
disponibilize informações sobre todos os
pontos do itinerário. TÍTULO III
§ 2º São asseguradas à pessoa com DA ACESSIBILIDADE
deficiência prioridade e segurança nos CAPÍTULO I
procedimentos de embarque e de DISPOSIÇÕES GERAIS
desembarque nos veículos de transporte
coletivo, de acordo com as normas técnicas. Art. 53. A acessibilidade é direito que
§ 3º Para colocação do símbolo garante à pessoa com deficiência ou com
internacional de acesso nos veículos, as mobilidade reduzida viver de forma
empresas de transporte coletivo de independente e exercer seus direitos de
passageiros dependem da certificação de cidadania e de participação social.
acessibilidade emitida pelo gestor público
responsável pela prestação do serviço. Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das
disposições desta Lei e de outras normas
Art. 49. As empresas de transporte de relativas à acessibilidade, sempre que
fretamento e de turismo, na renovação de houver interação com a matéria nela
suas frotas, são obrigadas ao cumprimento regulada:
do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei. I - a aprovação de projeto arquitetônico
e urbanístico ou de comunicação e
Art. 50. O poder público incentivará a informação, a fabricação de veículos de
fabricação de veículos acessíveis e a sua transporte coletivo, a prestação do
utilização como táxis e vans, de forma a respectivo serviço e a execução de qualquer
garantir o seu uso por todas as pessoas. tipo de obra, quando tenham destinação
pública ou coletiva;

158
Legislação

II - a outorga ou a renovação de edificações abertas ao público, de uso


concessão, permissão, autorização ou público ou privadas de uso coletivo deverão
habilitação de qualquer natureza; ser executadas de modo a serem acessíveis.
III - a aprovação de financiamento de § 1º As entidades de fiscalização
projeto com utilização de recursos públicos, profissional das atividades de Engenharia,
por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, de Arquitetura e correlatas, ao anotarem a
contrato, convênio ou instrumento responsabilidade técnica de projetos,
congênere; e devem exigir a responsabilidade
IV - a concessão de aval da União para profissional declarada de atendimento às
obtenção de empréstimo e de financiamento regras de acessibilidade previstas em
internacionais por entes públicos ou legislação e em normas técnicas
privados. pertinentes.
§ 2º Para a aprovação, o licenciamento
Art. 55. A concepção e a implantação de ou a emissão de certificado de projeto
projetos que tratem do meio físico, de executivo arquitetônico, urbanístico e de
transporte, de informação e comunicação, instalações e equipamentos temporários ou
inclusive de sistemas e tecnologias da permanentes e para o licenciamento ou a
informação e comunicação, e de outros emissão de certificado de conclusão de obra
serviços, equipamentos e instalações ou de serviço, deve ser atestado o
abertos ao público, de uso público ou atendimento às regras de acessibilidade.
privado de uso coletivo, tanto na zona § 3º O poder público, após certificar a
urbana como na rural, devem atender aos acessibilidade de edificação ou de serviço,
princípios do desenho universal, tendo determinará a colocação, em espaços ou em
como referência as normas de locais de ampla visibilidade, do símbolo
acessibilidade. internacional de acesso, na forma prevista
§ 1º O desenho universal será sempre em legislação e em normas técnicas
tomado como regra de caráter geral. correlatas.
§ 2º Nas hipóteses em que
comprovadamente o desenho universal não Art. 57. As edificações públicas e
possa ser empreendido, deve ser adotada privadas de uso coletivo já existentes
adaptação razoável. devem garantir acessibilidade à pessoa com
§ 3º Caberá ao poder público promover deficiência em todas as suas dependências
a inclusão de conteúdos temáticos e serviços, tendo como referência as normas
referentes ao desenho universal nas de acessibilidade vigentes.
diretrizes curriculares da educação
profissional e tecnológica e do ensino Art. 58. O projeto e a construção de
superior e na formação das carreiras de edificação de uso privado multifamiliar
Estado. devem atender aos preceitos de
§ 4º Os programas, os projetos e as acessibilidade, na forma regulamentar.
linhas de pesquisa a serem desenvolvidos (Regulamento)
com o apoio de organismos públicos de § 1º As construtoras e incorporadoras
auxílio à pesquisa e de agências de fomento responsáveis pelo projeto e pela construção
deverão incluir temas voltados para o das edificações a que se refere o caput deste
desenho universal. artigo devem assegurar percentual mínimo
§ 5º Desde a etapa de concepção, as de suas unidades internamente acessíveis,
políticas públicas deverão considerar a na forma regulamentar.
adoção do desenho universal. § 2º É vedada a cobrança de valores
adicionais para a aquisição de unidades
Art. 56. A construção, a reforma, a internamente acessíveis a que se refere o §
ampliação ou a mudança de uso de 1º deste artigo.

159
Legislação

Art. 59. Em qualquer intervenção nas Art. 62. É assegurado à pessoa com
vias e nos espaços públicos, o poder público deficiência, mediante solicitação, o
e as empresas concessionárias responsáveis recebimento de contas, boletos, recibos,
pela execução das obras e dos serviços extratos e cobranças de tributos em formato
devem garantir, de forma segura, a fluidez acessível.
do trânsito e a livre circulação e
acessibilidade das pessoas, durante e após CAPÍTULO II
sua execução. DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À
COMUNICAÇÃO
Art. 60. Orientam-se, no que couber,
pelas regras de acessibilidade previstas em Art. 63. É obrigatória a acessibilidade
legislação e em normas técnicas, observado nos sítios da internet mantidos por
o disposto na Lei nº 10.098, de 19 de empresas com sede ou representação
dezembro de 2000, nº 10.257, de 10 de comercial no País ou por órgãos de
julho de 2001, e nº 12.587, de 3 de janeiro governo, para uso da pessoa com
de 2012: deficiência, garantindo-lhe acesso às
I - os planos diretores municipais, os informações disponíveis, conforme as
planos diretores de transporte e trânsito, os melhores práticas e diretrizes de
planos de mobilidade urbana e os planos de acessibilidade adotadas
preservação de sítios históricos elaborados internacionalmente.
ou atualizados a partir da publicação desta § 1º Os sítios devem conter símbolo de
Lei; acessibilidade em destaque.
II - os códigos de obras, os códigos de § 2º Telecentros comunitários que
postura, as leis de uso e ocupação do solo e receberem recursos públicos federais para
as leis do sistema viário; seu custeio ou sua instalação e lan houses
III - os estudos prévios de impacto de devem possuir equipamentos e instalações
vizinhança; acessíveis.
IV - as atividades de fiscalização e a § 3º Os telecentros e as lan houses de que
imposição de sanções; e trata o § 2º deste artigo devem garantir, no
V - a legislação referente à prevenção mínimo, 10% (dez por cento) de seus
contra incêndio e pânico. computadores com recursos de
§ 1º A concessão e a renovação de alvará acessibilidade para pessoa com deficiência
de funcionamento para qualquer atividade visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um)
são condicionadas à observação e à equipamento, quando o resultado
certificação das regras de acessibilidade. percentual for inferior a 1 (um).
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou
de habilitação equivalente e sua renovação, Art. 64. A acessibilidade nos sítios da
quando esta tiver sido emitida internet de que trata o art. 63 desta Lei deve
anteriormente às exigências de ser observada para obtenção do
acessibilidade, é condicionada à observação financiamento de que trata o inciso III do
e à certificação das regras de acessibilidade. art. 54 desta Lei.

Art. 61. A formulação, a implementação Art. 65. As empresas prestadoras de


e a manutenção das ações de acessibilidade serviços de telecomunicações deverão
atenderão às seguintes premissas básicas: garantir pleno acesso à pessoa com
I - eleição de prioridades, elaboração de deficiência, conforme regulamentação
cronograma e reserva de recursos para específica.
implementação das ações; e
II - planejamento contínuo e articulado Art. 66. Cabe ao poder público
entre os setores envolvidos. incentivar a oferta de aparelhos de telefonia

160
Legislação

fixa e móvel celular com acessibilidade ambiente virtual, contendo a especificação


que, entre outras tecnologias assistivas, correta de quantidade, qualidade,
possuam possibilidade de indicação e de características, composição e preço, bem
ampliação sonoras de todas as operações e como sobre os eventuais riscos à saúde e à
funções disponíveis. segurança do consumidor com deficiência,
em caso de sua utilização, aplicando-se, no
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078,
sons e imagens devem permitir o uso dos de 11 de setembro de 1990 .
seguintes recursos, entre outros: § 1º Os canais de comercialização virtual
I - subtitulação por meio de legenda e os anúncios publicitários veiculados na
oculta; imprensa escrita, na internet, no rádio, na
II - janela com intérprete da Libras; televisão e nos demais veículos de
III - audiodescrição. comunicação abertos ou por assinatura
devem disponibilizar, conforme a
Art. 68. O poder público deve adotar compatibilidade do meio, os recursos de
mecanismos de incentivo à produção, à acessibilidade de que trata o art. 67 desta
edição, à difusão, à distribuição e à Lei, a expensas do fornecedor do produto
comercialização de livros em formatos ou do serviço, sem prejuízo da observância
acessíveis, inclusive em publicações da do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078,
administração pública ou financiadas com de 11 de setembro de 1990 .
recursos públicos, com vistas a garantir à § 2º Os fornecedores devem
pessoa com deficiência o direito de acesso disponibilizar, mediante solicitação,
à leitura, à informação e à comunicação. exemplares de bulas, prospectos, textos ou
§ 1º Nos editais de compras de livros, qualquer outro tipo de material de
inclusive para o abastecimento ou a divulgação em formato acessível.
atualização de acervos de bibliotecas em
todos os níveis e modalidades de educação Art. 70. As instituições promotoras de
e de bibliotecas públicas, o poder público congressos, seminários, oficinas e demais
deverá adotar cláusulas de impedimento à eventos de natureza científico-cultural
participação de editoras que não ofertem devem oferecer à pessoa com deficiência,
sua produção também em formatos no mínimo, os recursos de tecnologia
acessíveis. assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis
os arquivos digitais que possam ser Art. 71. Os congressos, os seminários, as
reconhecidos e acessados por softwares oficinas e os demais eventos de natureza
leitores de telas ou outras tecnologias científico-cultural promovidos ou
assistivas que vierem a substituí-los, financiados pelo poder público devem
permitindo leitura com voz sintetizada, garantir as condições de acessibilidade e os
ampliação de caracteres, diferentes recursos de tecnologia assistiva.
contrastes e impressão em Braille.
§ 3º O poder público deve estimular e Art. 72. Os programas, as linhas de
apoiar a adaptação e a produção de artigos pesquisa e os projetos a serem
científicos em formato acessível, inclusive desenvolvidos com o apoio de agências de
em Libras. financiamento e de órgãos e entidades
integrantes da administração pública que
Art. 69. O poder público deve assegurar atuem no auxílio à pesquisa devem
a disponibilidade de informações corretas e contemplar temas voltados à tecnologia
claras sobre os diferentes produtos e assistiva.
serviços ofertados, por quaisquer meios de
comunicação empregados, inclusive em

161
Legislação

Art. 73. Caberá ao poder público,


diretamente ou em parceria com CAPÍTULO IV
organizações da sociedade civil, promover DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA
a capacitação de tradutores e intérpretes da VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
Libras, de guias intérpretes e de
profissionais habilitados em Braille, Art. 76. O poder público deve garantir à
audiodescrição, estenotipia e legendagem. pessoa com deficiência todos os direitos
políticos e a oportunidade de exercê-los em
CAPÍTULO III igualdade de condições com as demais
DA TECNOLOGIA ASSISTIVA pessoas.
§ 1º À pessoa com deficiência será
Art. 74. É garantido à pessoa com assegurado o direito de votar e de ser
deficiência acesso a produtos, recursos, votada, inclusive por meio das seguintes
estratégias, práticas, processos, métodos e ações:
serviços de tecnologia assistiva que I - garantia de que os procedimentos, as
maximizem sua autonomia, mobilidade instalações, os materiais e os equipamentos
pessoal e qualidade de vida. para votação sejam apropriados, acessíveis
a todas as pessoas e de fácil compreensão e
Art. 75. O poder público desenvolverá uso, sendo vedada a instalação de seções
plano específico de medidas, a ser renovado eleitorais exclusivas para a pessoa com
em cada período de 4 (quatro) anos, com a deficiência;
finalidade de: (Regulamento) II - incentivo à pessoa com deficiência a
I - facilitar o acesso a crédito candidatar-se e a desempenhar quaisquer
especializado, inclusive com oferta de funções públicas em todos os níveis de
linhas de crédito subsidiadas, específicas governo, inclusive por meio do uso de
para aquisição de tecnologia assistiva; novas tecnologias assistivas, quando
II - agilizar, simplificar e priorizar apropriado;
procedimentos de importação de tecnologia III - garantia de que os pronunciamentos
assistiva, especialmente as questões oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória
atinentes a procedimentos alfandegários e e os debates transmitidos pelas emissoras
sanitários; de televisão possuam, pelo menos, os
III - criar mecanismos de fomento à recursos elencados no art. 67 desta Lei;
pesquisa e à produção nacional de IV - garantia do livre exercício do direito
tecnologia assistiva, inclusive por meio de ao voto e, para tanto, sempre que necessário
concessão de linhas de crédito subsidiado e e a seu pedido, permissão para que a pessoa
de parcerias com institutos de pesquisa com deficiência seja auxiliada na votação
oficiais; por pessoa de sua escolha.
IV - eliminar ou reduzir a tributação da § 2º O poder público promoverá a
cadeia produtiva e de importação de participação da pessoa com deficiência,
tecnologia assistiva; inclusive quando institucionalizada, na
V - facilitar e agilizar o processo de condução das questões públicas, sem
inclusão de novos recursos de tecnologia discriminação e em igualdade de
assistiva no rol de produtos distribuídos no oportunidades, observado o seguinte:
âmbito do SUS e por outros órgãos I - participação em organizações não
governamentais. governamentais relacionadas à vida pública
Parágrafo único. Para fazer cumprir o e à política do País e em atividades e
disposto neste artigo, os procedimentos administração de partidos políticos;
constantes do plano específico de medidas II - formação de organizações para
deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 representar a pessoa com deficiência em
(dois) anos. todos os níveis;

162
Legislação

III - participação da pessoa com informação, à educação e ao entretenimento


deficiência em organizações que a da pessoa com deficiência;
representem. II - a adoção de soluções e a difusão de
normas que visem a ampliar a
TÍTULO IV acessibilidade da pessoa com deficiência à
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA computação e aos sítios da internet, em
especial aos serviços de governo eletrônico.
Art. 77. O poder público deve fomentar
o desenvolvimento científico, a pesquisa e LIVRO II
a inovação e a capacitação tecnológicas, PARTE ESPECIAL
voltados à melhoria da qualidade de vida e TÍTULO I
ao trabalho da pessoa com deficiência e sua DO ACESSO À JUSTIÇA
inclusão social. CAPÍTULO I
§ 1º O fomento pelo poder público deve DISPOSIÇÕES GERAIS
priorizar a geração de conhecimentos e
técnicas que visem à prevenção e ao Art. 79. O poder público deve assegurar
tratamento de deficiências e ao o acesso da pessoa com deficiência à
desenvolvimento de tecnologias assistiva e justiça, em igualdade de oportunidades com
social. as demais pessoas, garantindo, sempre que
§ 2º A acessibilidade e as tecnologias requeridos, adaptações e recursos de
assistiva e social devem ser fomentadas tecnologia assistiva.
mediante a criação de cursos de pós- § 1º A fim de garantir a atuação da
graduação, a formação de recursos pessoa com deficiência em todo o processo
humanos e a inclusão do tema nas diretrizes judicial, o poder público deve capacitar os
de áreas do conhecimento. membros e os servidores que atuam no
§ 3º Deve ser fomentada a capacitação Poder Judiciário, no Ministério Público, na
tecnológica de instituições públicas e Defensoria Pública, nos órgãos de
privadas para o desenvolvimento de segurança pública e no sistema
tecnologias assistiva e social que sejam penitenciário quanto aos direitos da pessoa
voltadas para melhoria da funcionalidade e com deficiência.
da participação social da pessoa com § 2º Devem ser assegurados à pessoa
deficiência. com deficiência submetida a medida
§ 4º As medidas previstas neste artigo restritiva de liberdade todos os direitos e
devem ser reavaliadas periodicamente pelo garantias a que fazem jus os apenados sem
poder público, com vistas ao seu deficiência, garantida a acessibilidade.
aperfeiçoamento. § 3º A Defensoria Pública e o Ministério
Público tomarão as medidas necessárias à
Art. 78. Devem ser estimulados a garantia dos direitos previstos nesta Lei.
pesquisa, o desenvolvimento, a inovação e
a difusão de tecnologias voltadas para Art. 80. Devem ser oferecidos todos os
ampliar o acesso da pessoa com deficiência recursos de tecnologia assistiva disponíveis
às tecnologias da informação e para que a pessoa com deficiência tenha
comunicação e às tecnologias sociais. garantido o acesso à justiça, sempre que
Parágrafo único. Serão estimulados, em figure em um dos polos da ação ou atue
especial: como testemunha, partícipe da lide posta
I - o emprego de tecnologias da em juízo, advogado, defensor público,
informação e comunicação como magistrado ou membro do Ministério
instrumento de superação de limitações Público.
funcionais e de barreiras à comunicação, à Parágrafo único. A pessoa com
deficiência tem garantido o acesso ao

163
Legislação

conteúdo de todos os atos processuais de matrimônio, à privacidade, à educação, à


seu interesse, inclusive no exercício da saúde, ao trabalho e ao voto.
advocacia. § 2º A curatela constitui medida
extraordinária, devendo constar da sentença
Art. 81. Os direitos da pessoa com as razões e motivações de sua definição,
deficiência serão garantidos por ocasião da preservados os interesses do curatelado.
aplicação de sanções penais. § 3º No caso de pessoa em situação de
institucionalização, ao nomear curador, o
Art. 82. (VETADO). juiz deve dar preferência a pessoa que tenha
vínculo de natureza familiar, afetiva ou
Art. 83. Os serviços notariais e de comunitária com o curatelado.
registro não podem negar ou criar óbices ou
condições diferenciadas à prestação de seus Art. 86. Para emissão de documentos
serviços em razão de deficiência do oficiais, não será exigida a situação de
solicitante, devendo reconhecer sua curatela da pessoa com deficiência.
capacidade legal plena, garantida a
acessibilidade. Art. 87. Em casos de relevância e
Parágrafo único. O descumprimento do urgência e a fim de proteger os interesses da
disposto no caput deste artigo constitui pessoa com deficiência em situação de
discriminação em razão de deficiência. curatela, será lícito ao juiz, ouvido o
Ministério Público, de oficio ou a
CAPÍTULO II requerimento do interessado, nomear,
DO RECONHECIMENTO IGUAL desde logo, curador provisório, o qual
PERANTE A LEI estará sujeito, no que couber, às disposições
do Código de Processo Civil .
Art. 84. A pessoa com deficiência tem
assegurado o direito ao exercício de sua TÍTULO II
capacidade legal em igualdade de DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
condições com as demais pessoas. ADMINISTRATIVAS
§ 1º Quando necessário, a pessoa com Art. 88. Praticar, induzir ou incitar
deficiência será submetida à curatela, discriminação de pessoa em razão de sua
conforme a lei. deficiência:
§ 2º É facultado à pessoa com Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
deficiência a adoção de processo de tomada e multa.
de decisão apoiada. § 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um
§ 3º A definição de curatela de pessoa terço) se a vítima encontrar-se sob cuidado
com deficiência constitui medida protetiva e responsabilidade do agente.
extraordinária, proporcional às § 2º Se qualquer dos crimes previstos no
necessidades e às circunstâncias de cada caput deste artigo é cometido por
caso, e durará o menor tempo possível. intermédio de meios de comunicação social
§ 4º Os curadores são obrigados a ou de publicação de qualquer natureza:
prestar, anualmente, contas de sua Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
administração ao juiz, apresentando o anos, e multa.
balanço do respectivo ano. § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o
juiz poderá determinar, ouvido o Ministério
Art. 85. A curatela afetará tão somente Público ou a pedido deste, ainda antes do
os atos relacionados aos direitos de inquérito policial, sob pena de
natureza patrimonial e negocial. desobediência:
§ 1º A definição da curatela não alcança
o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao

164
Legislação

I - recolhimento ou busca e apreensão TÍTULO III


dos exemplares do material DISPOSIÇÕES FINAIS E
discriminatório; TRANSITÓRIAS
II - interdição das respectivas mensagens
ou páginas de informação na internet. Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, Inclusão da Pessoa com Deficiência
constitui efeito da condenação, após o (Cadastro-Inclusão), registro público
trânsito em julgado da decisão, a destruição eletrônico com a finalidade de coletar,
do material apreendido. processar, sistematizar e disseminar
informações georreferenciadas que
Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, permitam a identificação e a caracterização
proventos, pensão, benefícios, remuneração socioeconômica da pessoa com deficiência,
ou qualquer outro rendimento de pessoa bem como das barreiras que impedem a
com deficiência: realização de seus direitos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) § 1º O Cadastro-Inclusão será
anos, e multa. administrado pelo Poder Executivo federal
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em e constituído por base de dados,
1/3 (um terço) se o crime é cometido: instrumentos, procedimentos e sistemas
I - por tutor, curador, síndico, eletrônicos.
liquidatário, inventariante, testamenteiro ou § 2º Os dados constituintes do Cadastro-
depositário judicial; ou Inclusão serão obtidos pela integração dos
II - por aquele que se apropriou em razão sistemas de informação e da base de dados
de ofício ou de profissão. de todas as políticas públicas relacionadas
aos direitos da pessoa com deficiência, bem
Art. 90. Abandonar pessoa com como por informações coletadas, inclusive
deficiência em hospitais, casas de saúde, em censos nacionais e nas demais pesquisas
entidades de abrigamento ou congêneres: realizadas no País, de acordo com os
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 parâmetros estabelecidos pela Convenção
(três) anos, e multa. sobre os Direitos das Pessoas com
Parágrafo único. Na mesma pena incorre Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
quem não prover as necessidades básicas de § 3º Para coleta, transmissão e
pessoa com deficiência quando obrigado sistematização de dados, é facultada a
por lei ou mandado. celebração de convênios, acordos, termos
de parceria ou contratos com instituições
Art. 91. Reter ou utilizar cartão públicas e privadas, observados os
magnético, qualquer meio eletrônico ou requisitos e procedimentos previstos em
documento de pessoa com deficiência legislação específica.
destinados ao recebimento de benefícios, § 4º Para assegurar a confidencialidade,
proventos, pensões ou remuneração ou à a privacidade e as liberdades fundamentais
realização de operações financeiras, com o da pessoa com deficiência e os princípios
fim de obter vantagem indevida para si ou éticos que regem a utilização de
para outrem: informações, devem ser observadas as
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 salvaguardas estabelecidas em lei.
(dois) anos, e multa. § 5º Os dados do Cadastro-Inclusão
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em somente poderão ser utilizados para as
1/3 (um terço) se o crime é cometido por seguintes finalidades:
tutor ou curador. I - formulação, gestão, monitoramento e
avaliação das políticas públicas para a
pessoa com deficiência e para identificar as

165
Legislação

barreiras que impedem a realização de seus Nacional do Seguro Social (INSS), pelo
direitos; serviço público de saúde ou pelo serviço
II - realização de estudos e pesquisas. privado de saúde, contratado ou
§ 6º As informações a que se refere este conveniado, que integre o SUS e pelas
artigo devem ser disseminadas em formatos entidades da rede socioassistencial
acessíveis. integrantes do Suas, quando seu
deslocamento, em razão de sua limitação
Art. 93. Na realização de inspeções e de funcional e de condições de acessibilidade,
auditorias pelos órgãos de controle interno imponha-lhe ônus desproporcional e
e externo, deve ser observado o indevido.
cumprimento da legislação relativa à pessoa
com deficiência e das normas de Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº
acessibilidade vigentes. 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código
Eleitoral), passa a vigorar com a seguinte
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, redação:
nos termos da lei, a pessoa com deficiência
moderada ou grave que: “Art. 135. ...
I - receba o benefício de prestação ...
continuada previsto no art. 20 da Lei nº § 6º -A. Os Tribunais Regionais
8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que Eleitorais deverão, a cada eleição, expedir
passe a exercer atividade remunerada que a instruções aos Juízes Eleitorais para
enquadre como segurado obrigatório do orientá-los na escolha dos locais de
RGPS; votação, de maneira a garantir
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) acessibilidade para o eleitor com
anos, o benefício de prestação continuada deficiência ou com mobilidade reduzida,
previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de inclusive em seu entorno e nos sistemas de
dezembro de 1993 , e que exerça atividade transporte que lhe dão acesso.
remunerada que a enquadre como segurado ...” (NR)
obrigatório do RGPS.
Art. 97. A Consolidação das Leis do
Art. 95. É vedado exigir o Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-
comparecimento de pessoa com deficiência Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa
perante os órgãos públicos quando seu a vigorar com as seguintes alterações:
deslocamento, em razão de sua limitação
funcional e de condições de acessibilidade, “Art. 428. ...
imponha-lhe ônus desproporcional e ...
indevido, hipótese na qual serão observados § 6º Para os fins do contrato de
os seguintes procedimentos: aprendizagem, a comprovação da
I - quando for de interesse do poder escolaridade de aprendiz com deficiência
público, o agente promoverá o contato deve considerar, sobretudo, as habilidades e
necessário com a pessoa com deficiência competências relacionadas com a
em sua residência; profissionalização.
II - quando for de interesse da pessoa ...
com deficiência, ela apresentará solicitação § 8º Para o aprendiz com deficiência
de atendimento domiciliar ou fará com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade
representar-se por procurador constituído do contrato de aprendizagem pressupõe
para essa finalidade. anotação na CTPS e matrícula e frequência
Parágrafo único. É assegurado à pessoa em programa de aprendizagem
com deficiência atendimento domiciliar desenvolvido sob orientação de entidade
pela perícia médica e social do Instituto

166
Legislação

qualificada em formação técnico- III - negar ou obstar emprego, trabalho


profissional metódica.” (NR) ou promoção à pessoa em razão de sua
deficiência;
“Art. 433. ... IV - recusar, retardar ou dificultar
... internação ou deixar de prestar assistência
I - desempenho insuficiente ou médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa
inadaptação do aprendiz, salvo para o com deficiência;
aprendiz com deficiência quando V - deixar de cumprir, retardar ou
desprovido de recursos de acessibilidade, frustrar execução de ordem judicial
de tecnologias assistivas e de apoio expedida na ação civil a que alude esta Lei;
necessário ao desempenho de suas VI - recusar, retardar ou omitir dados
atividades; técnicos indispensáveis à propositura da
...” (NR) ação civil pública objeto desta Lei, quando
requisitados.
Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro § 1º Se o crime for praticado contra
de 1989, passa a vigorar com as seguintes pessoa com deficiência menor de 18
alterações: (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3
(um terço).
“Art. 3º As medidas judiciais destinadas § 2º A pena pela adoção deliberada de
à proteção de interesses coletivos, difusos, critérios subjetivos para indeferimento de
individuais homogêneos e individuais inscrição, de aprovação e de cumprimento
indisponíveis da pessoa com deficiência de estágio probatório em concursos
poderão ser propostas pelo Ministério públicos não exclui a responsabilidade
Público, pela Defensoria Pública, pela patrimonial pessoal do administrador
União, pelos Estados, pelos Municípios, público pelos danos causados.
pelo Distrito Federal, por associação § 3º Incorre nas mesmas penas quem
constituída há mais de 1 (um) ano, nos impede ou dificulta o ingresso de pessoa
termos da lei civil, por autarquia, por com deficiência em planos privados de
empresa pública e por fundação ou assistência à saúde, inclusive com cobrança
sociedade de economia mista que inclua, de valores diferenciados.
entre suas finalidades institucionais, a § 4º Se o crime for praticado em
proteção dos interesses e a promoção de atendimento de urgência e emergência, a
direitos da pessoa com deficiência. pena é agravada em 1/3 (um terço).” (NR)
...” (NR)
Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11
“Art. 8º Constitui crime punível com de maio de 1990 , passa a vigorar acrescido
reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e do seguinte inciso XVIII:
multa:
I - recusar, cobrar valores adicionais, “Art. 20. ...
suspender, procrastinar, cancelar ou fazer ...
cessar inscrição de aluno em XVIII - quando o trabalhador com
estabelecimento de ensino de qualquer deficiência, por prescrição, necessite
curso ou grau, público ou privado, em razão adquirir órtese ou prótese para promoção de
de sua deficiência; acessibilidade e de inclusão social.
II - obstar inscrição em concurso público ...” (NR)
ou acesso de alguém a qualquer cargo ou
emprego público, em razão de sua Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de
deficiência; setembro de 1990 (Código de Defesa do
Consumidor) , passa a vigorar com as
seguintes alterações:

167
Legislação

“Art. 93. (VETADO):


“Art. 6º ... I - (VETADO);
... II - (VETADO);
Parágrafo único. A informação de que III - (VETADO);
trata o inciso III do caput deste artigo deve IV - (VETADO);
ser acessível à pessoa com deficiência, V - (VETADO).
observado o disposto em regulamento.” § 1º A dispensa de pessoa com
(NR) deficiência ou de beneficiário reabilitado da
Previdência Social ao final de contrato por
“Art. 43. ... prazo determinado de mais de 90 (noventa)
... dias e a dispensa imotivada em contrato por
§ 6º Todas as informações de que trata o prazo indeterminado somente poderão
caput deste artigo devem ser ocorrer após a contratação de outro
disponibilizadas em formatos acessíveis, trabalhador com deficiência ou beneficiário
inclusive para a pessoa com deficiência, reabilitado da Previdência Social.
mediante solicitação do consumidor.” (NR) § 2º Ao Ministério do Trabalho e
Emprego incumbe estabelecer a sistemática
Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de fiscalização, bem como gerar dados e
de 1991 , passa a vigorar com as seguintes estatísticas sobre o total de empregados e as
alterações: vagas preenchidas por pessoas com
deficiência e por beneficiários reabilitados
“Art. 16. ... da Previdência Social, fornecendo-os,
I - o cônjuge, a companheira, o quando solicitados, aos sindicatos, às
companheiro e o filho não emancipado, de entidades representativas dos empregados
qualquer condição, menor de 21 (vinte e ou aos cidadãos interessados.
um) anos ou inválido ou que tenha § 3º Para a reserva de cargos será
deficiência intelectual ou mental ou considerada somente a contratação direta de
deficiência grave; pessoa com deficiência, excluído o
... aprendiz com deficiência de que trata a
III - o irmão não emancipado, de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
qualquer condição, menor de 21 (vinte e aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
um) anos ou inválido ou que tenha de maio de 1943.
deficiência intelectual ou mental ou § 4º (VETADO).” (NR)
deficiência grave;
...” (NR) “Art. 110-A. No ato de requerimento de
benefícios operacionalizados pelo INSS,
“Art. 77. ... não será exigida apresentação de termo de
... curatela de titular ou de beneficiário com
§ 2º ... deficiência, observados os procedimentos a
... serem estabelecidos em regulamento.”
II - para o filho, a pessoa a ele
equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23
pela emancipação ou ao completar 21 (vinte de dezembro de 1991 , passa a vigorar
e um) anos de idade, salvo se for inválido acrescido do seguinte § 3º :
ou tiver deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave; “Art. 2º ...
... ...
§ 4º (VETADO). § 3º Os incentivos criados por esta Lei
...” (NR) somente serão concedidos a projetos
culturais que forem disponibilizados,

168
Legislação

sempre que tecnicamente possível, também reserva de cargos prevista em lei para
em formato acessível à pessoa com pessoa com deficiência ou para reabilitado
deficiência, observado o disposto em da Previdência Social, bem como as regras
regulamento.” (NR) de acessibilidade previstas na legislação.
Parágrafo único. Cabe à administração
Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 fiscalizar o cumprimento dos requisitos de
de junho de 1992 , passa a vigorar acrescido acessibilidade nos serviços e nos ambientes
do seguinte inciso IX: de trabalho.”

“Art. 11. ... Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7


... de dezembro de 1993 , passa a vigorar com
IX - deixar de cumprir a exigência de as seguintes alterações:
requisitos de acessibilidade previstos na
legislação.” (NR) “Art. 20. ...
...
Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho § 2º Para efeito de concessão do
de 1993 , passa a vigorar com as seguintes benefício de prestação continuada,
alterações: considera-se pessoa com deficiência aquela
que tem impedimento de longo prazo de
“Art. 3º ... natureza física, mental, intelectual ou
... sensorial, o qual, em interação com uma ou
§ 2º ... mais barreiras, pode obstruir sua
... participação plena e efetiva na sociedade
V - produzidos ou prestados por em igualdade de condições com as demais
empresas que comprovem cumprimento de pessoas.
reserva de cargos prevista em lei para ...
pessoa com deficiência ou para reabilitado § 9º Os rendimentos decorrentes de
da Previdência Social e que atendam às estágio supervisionado e de aprendizagem
regras de acessibilidade previstas na não serão computados para os fins de
legislação. cálculo da renda familiar per capita a que se
... refere o § 3º deste artigo.
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ...
ser estabelecida margem de preferência § 11. Para concessão do benefício de que
para: trata o caput deste artigo, poderão ser
I - produtos manufaturados e para utilizados outros elementos probatórios da
serviços nacionais que atendam a normas condição de miserabilidade do grupo
técnicas brasileiras; e familiar e da situação de vulnerabilidade,
II - bens e serviços produzidos ou conforme regulamento.” (NR)
prestados por empresas que comprovem
cumprimento de reserva de cargos prevista Art. 106. (VETADO).
em lei para pessoa com deficiência ou para
reabilitado da Previdência Social e que Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril
atendam às regras de acessibilidade de 1995 , passa a vigorar com as seguintes
previstas na legislação. alterações:
...” (NR)
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer
“Art. 66-A. As empresas enquadradas no prática discriminatória e limitativa para
inciso V do § 2º e no inciso II do § 5º do art. efeito de acesso à relação de trabalho, ou de
3º desta Lei deverão cumprir, durante todo sua manutenção, por motivo de sexo,
o período de execução do contrato, a origem, raça, cor, estado civil, situação

169
Legislação

familiar, deficiência, reabilitação estabelecimentos privados de uso coletivo.”


profissional, idade, entre outros, (NR)
ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de
proteção à criança e ao adolescente “Art. 86-A. As vagas de estacionamento
previstas no inciso XXXIII do art. 7º da regulamentado de que trata o inciso XVII
Constituição Federal. ” (NR) do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas
com as respectivas placas indicativas de
“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. destinação e com placas informando os
2º desta Lei e nos dispositivos legais que dados sobre a infração por estacionamento
tipificam os crimes resultantes de indevido.”
preconceito de etnia, raça, cor ou
deficiência, as infrações ao disposto nesta “Art. 147-A. Ao candidato com
Lei são passíveis das seguintes cominações: deficiência auditiva é assegurada
...” (NR) acessibilidade de comunicação, mediante
emprego de tecnologias assistivas ou de
“Art. 4º ... ajudas técnicas em todas as etapas do
I - a reintegração com ressarcimento processo de habilitação.
integral de todo o período de afastamento, § 1º O material didático audiovisual
mediante pagamento das remunerações utilizado em aulas teóricas dos cursos que
devidas, corrigidas monetariamente e precedem os exames previstos no art. 147
acrescidas de juros legais; desta Lei deve ser acessível, por meio de
...” (NR) subtitulação com legenda oculta associada
à tradução simultânea em Libras.
Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 § 2º É assegurado também ao candidato
de dezembro de 1995 , passa a vigorar com deficiência auditiva requerer, no ato de
acrescido do seguinte § 5º : sua inscrição, os serviços de intérprete da
Libras, para acompanhamento em aulas
“Art. 35. ... práticas e teóricas.”
...
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso “Art. 154. (VETADO).”
IX do parágrafo único do art. 3º da Lei nº
10.741, de 1º de outubro de 2003 , a pessoa “Art. 181. ...
com deficiência, ou o contribuinte que ...
tenha dependente nessa condição, tem XVII - ...
preferência na restituição referida no inciso Infração - grave;
III do art. 4º e na alínea “c” do inciso II do ...” (NR)
art. 8º .” (NR)
Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56
Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 ,
setembro de 1997 (Código de Trânsito passam a vigorar com a seguinte redação:
Brasileiro) , passa a vigorar com as
seguintes alterações: “Art. 56. ...
...
“Art. 2º ... VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos
Parágrafo único. Para os efeitos deste por cento) da arrecadação bruta dos
Código, são consideradas vias terrestres as concursos de prognósticos e loterias
praias abertas à circulação pública, as vias federais e similares cuja realização estiver
internas pertencentes aos condomínios sujeita a autorização federal, deduzindo-se
constituídos por unidades autônomas e as esse valor do montante destinado aos
vias e áreas de estacionamento de prêmios;

170
Legislação

... compreensão, à circulação com segurança,


§ 1º Do total de recursos financeiros entre outros, classificadas em:
resultantes do percentual de que trata o a) barreiras urbanísticas: as existentes
inciso VI do caput , 62,96% (sessenta e dois nas vias e nos espaços públicos e privados
inteiros e noventa e seis centésimos por abertos ao público ou de uso coletivo;
cento) serão destinados ao Comitê b) barreiras arquitetônicas: as existentes
Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04% nos edifícios públicos e privados;
(trinta e sete inteiros e quatro centésimos c) barreiras nos transportes: as existentes
por cento) ao Comitê Paralímpico nos sistemas e meios de transportes;
Brasileiro (CPB), devendo ser observado, d) barreiras nas comunicações e na
em ambos os casos, o conjunto de normas informação: qualquer entrave, obstáculo,
aplicáveis à celebração de convênios pela atitude ou comportamento que dificulte ou
União. impossibilite a expressão ou o recebimento
...” (NR) de mensagens e de informações por
intermédio de sistemas de comunicação e
Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de tecnologia da informação;
de novembro de 2000 , passa a vigorar com III - pessoa com deficiência: aquela que
a seguinte redação: tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou
“Art. 1º As pessoas com deficiência, os sensorial, o qual, em interação com uma ou
idosos com idade igual ou superior a 60 mais barreiras, pode obstruir sua
(sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as participação plena e efetiva na sociedade
pessoas com crianças de colo e os obesos em igualdade de condições com as demais
terão atendimento prioritário, nos termos pessoas;
desta Lei.” (NR) IV - pessoa com mobilidade reduzida:
aquela que tenha, por qualquer motivo,
Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dificuldade de movimentação, permanente
dezembro de 2000 , passa a vigorar com as ou temporária, gerando redução efetiva da
seguintes alterações: mobilidade, da flexibilidade, da
coordenação motora ou da percepção,
“Art. 2º ... incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa
I - acessibilidade: possibilidade e com criança de colo e obeso;
condição de alcance para utilização, com V - acompanhante: aquele que
segurança e autonomia, de espaços, acompanha a pessoa com deficiência,
mobiliários, equipamentos urbanos, podendo ou não desempenhar as funções de
edificações, transportes, informação e atendente pessoal;
comunicação, inclusive seus sistemas e VI - elemento de urbanização: quaisquer
tecnologias, bem como de outros serviços e componentes de obras de urbanização, tais
instalações abertos ao público, de uso como os referentes a pavimentação,
público ou privados de uso coletivo, tanto saneamento, encanamento para esgotos,
na zona urbana como na rural, por pessoa distribuição de energia elétrica e de gás,
com deficiência ou com mobilidade iluminação pública, serviços de
reduzida; comunicação, abastecimento e distribuição
II - barreiras: qualquer entrave, de água, paisagismo e os que materializam
obstáculo, atitude ou comportamento que as indicações do planejamento urbanístico;
limite ou impeça a participação social da VII - mobiliário urbano: conjunto de
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o objetos existentes nas vias e nos espaços
exercício de seus direitos à acessibilidade, à públicos, superpostos ou adicionados aos
liberdade de movimento e de expressão, à elementos de urbanização ou de edificação,
comunicação, ao acesso à informação, à de forma que sua modificação ou seu

171
Legislação

traslado não provoque alterações à implantação de mobiliário urbano e de


substanciais nesses elementos, tais como vegetação.” (NR)
semáforos, postes de sinalização e
similares, terminais e pontos de acesso “Art. 9º ...
coletivo às telecomunicações, fontes de Parágrafo único. Os semáforos para
água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, pedestres instalados em vias públicas de
quiosques e quaisquer outros de natureza grande circulação, ou que deem acesso aos
análoga; serviços de reabilitação, devem
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda obrigatoriamente estar equipados com
técnica: produtos, equipamentos, mecanismo que emita sinal sonoro suave
dispositivos, recursos, metodologias, para orientação do pedestre.” (NR)
estratégias, práticas e serviços que
objetivem promover a funcionalidade, “Art. 10-A. A instalação de qualquer
relacionada à atividade e à participação da mobiliário urbano em área de circulação
pessoa com deficiência ou com mobilidade comum para pedestre que ofereça risco de
reduzida, visando à sua autonomia, acidente à pessoa com deficiência deverá
independência, qualidade de vida e inclusão ser indicada mediante sinalização tátil de
social; alerta no piso, de acordo com as normas
IX - comunicação: forma de interação técnicas pertinentes.”
dos cidadãos que abrange, entre outras
opções, as línguas, inclusive a Língua “Art. 12-A. Os centros comerciais e os
Brasileira de Sinais (Libras), a visualização estabelecimentos congêneres devem
de textos, o Braille, o sistema de sinalização fornecer carros e cadeiras de rodas,
ou de comunicação tátil, os caracteres motorizados ou não, para o atendimento da
ampliados, os dispositivos multimídia, pessoa com deficiência ou com mobilidade
assim como a linguagem simples, escrita e reduzida.”
oral, os sistemas auditivos e os meios de
voz digitalizados e os modos, meios e Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho
formatos aumentativos e alternativos de de 2001 (Estatuto da Cidade) , passa a
comunicação, incluindo as tecnologias da vigorar com as seguintes alterações:
informação e das comunicações;
X - desenho universal: concepção de “Art. 3º ...
produtos, ambientes, programas e serviços ...
a serem usados por todas as pessoas, sem III - promover, por iniciativa própria e
necessidade de adaptação ou de projeto em conjunto com os Estados, o Distrito
específico, incluindo os recursos de Federal e os Municípios, programas de
tecnologia assistiva.” (NR) construção de moradias e melhoria das
condições habitacionais, de saneamento
“Art. 3º O planejamento e a urbanização básico, das calçadas, dos passeios públicos,
das vias públicas, dos parques e dos demais do mobiliário urbano e dos demais espaços
espaços de uso público deverão ser de uso público;
concebidos e executados de forma a torná- IV - instituir diretrizes para
los acessíveis para todas as pessoas, desenvolvimento urbano, inclusive
inclusive para aquelas com deficiência ou habitação, saneamento básico, transporte e
com mobilidade reduzida. mobilidade urbana, que incluam regras de
Parágrafo único. O passeio público, acessibilidade aos locais de uso público;
elemento obrigatório de urbanização e parte ...” (NR)
da via pública, normalmente segregado e
em nível diferente, destina-se somente à “Art. 41. ...
circulação de pedestres e, quando possível, ...

172
Legislação

§ 3º As cidades de que trata o caput deste § 2º A pessoa com deficiência poderá


artigo devem elaborar plano de rotas testemunhar em igualdade de condições
acessíveis, compatível com o plano diretor com as demais pessoas, sendo-lhe
no qual está inserido, que disponha sobre os assegurados todos os recursos de tecnologia
passeios públicos a serem implantados ou assistiva.” (NR)
reformados pelo poder público, com vistas
a garantir acessibilidade da pessoa com “Art. 1.518 . Até a celebração do
deficiência ou com mobilidade reduzida a casamento podem os pais ou tutores
todas as rotas e vias existentes, inclusive as revogar a autorização.” (NR)
que concentrem os focos geradores de
maior circulação de pedestres, como os “Art. 1.548. ...
órgãos públicos e os locais de prestação de I - (Revogado);
serviços públicos e privados de saúde, ...” (NR)
educação, assistência social, esporte,
cultura, correios e telégrafos, bancos, entre “Art. 1.550. ...
outros, sempre que possível de maneira ...
integrada com os sistemas de transporte § 1º ...
coletivo de passageiros.” (NR) § 2º A pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbia poderá contrair
Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de matrimônio, expressando sua vontade
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a diretamente ou por meio de seu responsável
vigorar com as seguintes alterações: ou curador.” (NR)

“Art. 3º São absolutamente incapazes de “Art. 1.557. ...


exercer pessoalmente os atos da vida civil ...
os menores de 16 (dezesseis) anos. III - a ignorância, anterior ao casamento,
I - (Revogado); de defeito físico irremediável que não
II - (Revogado); caracterize deficiência ou de moléstia grave
III - (Revogado).” (NR) e transmissível, por contágio ou por
herança, capaz de pôr em risco a saúde do
“Art. 4º São incapazes, relativamente a outro cônjuge ou de sua descendência;
certos atos ou à maneira de os exercer: IV - (Revogado).” (NR)
...
II - os ébrios habituais e os viciados em “Art. 1.767. ...
tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou I - aqueles que, por causa transitória ou
permanente, não puderem exprimir sua permanente, não puderem exprimir sua
vontade; vontade;
... II - (Revogado);
Parágrafo único . A capacidade dos III - os ébrios habituais e os viciados em
indígenas será regulada por legislação tóxico;
especial.” (NR) IV - (Revogado);
...” (NR)
“Art. 228. ...
... “Art. 1.768. O processo que define os
II - (Revogado); termos da curatela deve ser promovido:
III - (Revogado); ...
... IV - pela própria pessoa.” (NR)
§ 1º ...

173
Legislação

“Art. 1.769 . O Ministério Público Art. 116. O Título IV do Livro IV da


somente promoverá o processo que define Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de
os termos da curatela: janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a
I - nos casos de deficiência mental ou vigorar acrescido do seguinte Capítulo III:
intelectual;
... “CAPÍTULO III
III - se, existindo, forem menores ou Da Tomada de Decisão Apoiada
incapazes as pessoas mencionadas no inciso
II.” (NR) Art. 1.783-A. A tomada de decisão
apoiada é o processo pelo qual a pessoa com
“Art. 1.771. Antes de se pronunciar deficiência elege pelo menos 2 (duas)
acerca dos termos da curatela, o juiz, que pessoas idôneas, com as quais mantenha
deverá ser assistido por equipe vínculos e que gozem de sua confiança,
multidisciplinar, entrevistará pessoalmente para prestar-lhe apoio na tomada de decisão
o interditando.” (NR) sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os
elementos e informações necessários para
“Art. 1.772. O juiz determinará, segundo que possa exercer sua capacidade.
as potencialidades da pessoa, os limites da § 1º Para formular pedido de tomada de
curatela, circunscritos às restrições decisão apoiada, a pessoa com deficiência e
constantes do art. 1.782, e indicará curador. os apoiadores devem apresentar termo em
Parágrafo único. Para a escolha do que constem os limites do apoio a ser
curador, o juiz levará em conta a vontade e oferecido e os compromissos dos
as preferências do interditando, a ausência apoiadores, inclusive o prazo de vigência
de conflito de interesses e de influência do acordo e o respeito à vontade, aos
indevida, a proporcionalidade e a direitos e aos interesses da pessoa que
adequação às circunstâncias da pessoa.” devem apoiar.
(NR) § 2º O pedido de tomada de decisão
apoiada será requerido pela pessoa a ser
“Art. 1.775-A . Na nomeação de curador apoiada, com indicação expressa das
para a pessoa com deficiência, o juiz poderá pessoas aptas a prestarem o apoio previsto
estabelecer curatela compartilhada a mais no caput deste artigo.
de uma pessoa.” § 3º Antes de se pronunciar sobre o
pedido de tomada de decisão apoiada, o
“Art. 1.777. As pessoas referidas no juiz, assistido por equipe multidisciplinar,
inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio após oitiva do Ministério Público, ouvirá
necessário para ter preservado o direito à pessoalmente o requerente e as pessoas que
convivência familiar e comunitária, sendo lhe prestarão apoio.
evitado o seu recolhimento em § 4º A decisão tomada por pessoa
estabelecimento que os afaste desse apoiada terá validade e efeitos sobre
convívio.” (NR) terceiros, sem restrições, desde que esteja
inserida nos limites do apoio acordado.
Art. 115. O Título IV do Livro IV da § 5º Terceiro com quem a pessoa
Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de apoiada mantenha relação negocial pode
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a solicitar que os apoiadores contra-assinem
vigorar com a seguinte redação: o contrato ou acordo, especificando, por
escrito, sua função em relação ao apoiado.
“TÍTULO IV § 6º Em caso de negócio jurídico que
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de possa trazer risco ou prejuízo relevante,
Decisão Apoiada” havendo divergência de opiniões entre a
pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá

174
Legislação

o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir IV - ...


sobre a questão. ...
§ 7º Se o apoiador agir com negligência, k) de acessibilidade a todas as pessoas.
exercer pressão indevida ou não adimplir as ...” (NR)
obrigações assumidas, poderá a pessoa
apoiada ou qualquer pessoa apresentar Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro
denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. de 2012 , passa a vigorar acrescida do
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz seguinte art. 12-B:
destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a
pessoa apoiada e se for de seu interesse, “Art. 12-B. Na outorga de exploração de
outra pessoa para prestação de apoio. serviço de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer cento) das vagas para condutores com
tempo, solicitar o término de acordo deficiência.
firmado em processo de tomada de decisão § 1º Para concorrer às vagas reservadas
apoiada. na forma do caput deste artigo, o condutor
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a com deficiência deverá observar os
exclusão de sua participação do processo de seguintes requisitos quanto ao veículo
tomada de decisão apoiada, sendo seu utilizado:
desligamento condicionado à manifestação I - ser de sua propriedade e por ele
do juiz sobre a matéria. conduzido; e
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão II - estar adaptado às suas necessidades,
apoiada, no que couber, as disposições nos termos da legislação vigente.
referentes à prestação de contas na § 2º No caso de não preenchimento das
curatela.” vagas na forma estabelecida no caput deste
artigo, as remanescentes devem ser
Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de disponibilizadas para os demais
27 de junho de 2005 , passa a vigorar com a concorrentes.”
seguinte redação:
Art. 120. Cabe aos órgãos competentes,
“Art. 1º É assegurado à pessoa com em cada esfera de governo, a elaboração de
deficiência visual acompanhada de cão- relatórios circunstanciados sobre o
guia o direito de ingressar e de permanecer cumprimento dos prazos estabelecidos por
com o animal em todos os meios de força das Leis nº 10.048, de 8 de novembro
transporte e em estabelecimentos abertos ao de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezembro de
público, de uso público e privados de uso 2000 , bem como o seu encaminhamento ao
coletivo, desde que observadas as Ministério Público e aos órgãos de
condições impostas por esta Lei. regulação para adoção das providências
... cabíveis.
§ 2º O disposto no caput deste artigo Parágrafo único. Os relatórios a que se
aplica-se a todas as modalidades e refere o caput deste artigo deverão ser
jurisdições do serviço de transporte coletivo apresentados no prazo de 1 (um) ano a
de passageiros, inclusive em esfera contar da entrada em vigor desta Lei.
internacional com origem no território
brasileiro.” (NR) Art. 121. Os direitos, os prazos e as
obrigações previstos nesta Lei não excluem
Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº os já estabelecidos em outras legislações,
11.904, de 14 de janeiro de 2009 , passa a inclusive em pactos, tratados, convenções e
vigorar acrescido da seguinte alínea “k”: declarações internacionais aprovados e
promulgados pelo Congresso Nacional, e
“Art. 46. ... devem ser aplicados em conformidade com

175
Legislação

as demais normas internas e acordos III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses;


internacionais vinculantes sobre a matéria. IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses.
Parágrafo único. Prevalecerá a norma
mais benéfica à pessoa com deficiência. Art. 126. Prorroga-se até 31 de
dezembro de 2021 a vigência da Lei nº
Art. 122. Regulamento disporá sobre a 8.989, de 24 de fevereiro de 1995.
adequação do disposto nesta Lei ao
tratamento diferenciado, simplificado e Art. 127. Esta Lei entra em vigor após
favorecido a ser dispensado às decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua
microempresas e às empresas de pequeno publicação oficial .
porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da
de 2006 . Independência e 127º da República.

Art. 123. Revogam-se os seguintes DILMA ROUSSEF


dispositivos:
I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº Questões
9.008, de 21 de março de 1995 ;
II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei 01. (FCEE/SC - Administrador -
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código FEPESE/2022) A Lei nº 13.146, de 6 de
Civil); julho de 2015, estabelece em seu art. 27
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei que:
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código A educação constitui direito da pessoa
Civil); com deficiência, assegurados sistema
IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº educacional inclusivo em todos os níveis e
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código ............................,
Civil); Assinale a alternativa que completa
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº corretamente a lacuna do texto.
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código A - condições de acesso
Civil); B - modalidades de ensino
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da C - adoção de medidas de apoio
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 D - aprendizado ao longo de toda a vida
(Código Civil); E - aprimoramento dos sistemas
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº educacionais
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil). 02. (Condesus/RS - Turismólogo -
OBJETIVA/2022) Em conformidade com
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei a Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa
deverá entrar em vigor em até 2 (dois) anos, com Deficiência, analisar a sentença
contados da entrada em vigor desta Lei. abaixo:
A acessibilidade é o direito que garante
Art. 125. Devem ser observados os à pessoa com deficiência ou com
prazos a seguir discriminados, a partir da mobilidade reduzida viver de forma
entrada em vigor desta Lei, para o independente e exercer seus direitos de
cumprimento dos seguintes dispositivos: cidadania e de participação social (1ª parte).
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 As edificações públicas e privadas de uso
(quarenta e oito) meses; coletivo já existentes podem proporcionar
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) acessibilidade à pessoa com deficiência em
meses; (Redação dada pela Lei nº 14.159, algumas de suas dependências e serviços,
de 2021)

176
Legislação

tendo como referência as normas de Alternativas


acessibilidade vigentes (2ª parte). 01. D (Art. 27)
A sentença está: 02. B (Arts. 53 e 57)
A - Totalmente correta. 03. E (Art. 3º)
B - Correta somente em sua 1ª parte. 04. E (Art. 28)
C - Correta somente em sua 2ª parte.
D - Totalmente incorreta.

03. (UFJF - Assistente de Alunos -


FUNDEP/2022) Com base no Estatuto da
Pessoa com Deficiência, Lei nº
13.146I2015, para fins da aplicação da Lei,
é considerado comunicação a forma de
interação dos cidadãos que engloba, exceto:
A - As línguas, incluindo a Língua
Brasileira de Sinais (Libras).
B - Meios e formatos aumentativos e
alternativos de comunicação.
C - O Braille.
D - O sistema de sinalização ou de
comunicação tátil.
E - O capacitismo.

04. (UFJF - Assistente de Aluno -


FUNDEP/2022) Nos termos vigentes da
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, Lei nº 13.146/2015, em relação
ao direito à educação, não é incumbência do
poder público assegurar, criar, desenvolver,
implementar, incentivar, acompanhar e
avaliar:
A - Acesso da pessoa com deficiência,
em igualdade de condições, a jogos e a
atividades recreativas, esportivas e de lazer,
no sistema escolar.
B - Oferta de profissionais de apoio
escolar.
C - Participação dos estudantes com
deficiência e de suas famílias nas diversas
instâncias de atuação da comunidade
escolar.
D - Acessibilidade para todos os
estudantes, trabalhadores da educação e
demais integrantes da comunidade escolar
às edificações, aos ambientes e às
atividades inerentes a todas as modalidades,
etapas e níveis de ensino.
E - Diagnóstico e intervenção precoces,
realizados por equipe multidisciplinar.

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