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2022
I. A Parques de Sintra
- A empresa foi criada no ano 2000, no seguimento da classificação pela Unesco de
Paisagem Cultural – Património da Humanidade (1995).
- Tem como missão assegurar gestão dos mais importantes valores naturais e culturais
situados na zona da Paisagem Cultural de Sintra e em Queluz.
- A gestão destas propriedades envolve a sua recuperação, requalificação,
revitalização, conservação, investigação, divulgação e exploração, abrindo-as à fruição
pública e potenciando a sua valência turística.
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IV. Percurso de visita guiada
2. Terreiro da Fonte
- Local de acolhimento dos peregrinos que aqui podiam beber água fresca e comer.
- Demonstra bem a integração do edifício na natureza remetendo para a aplicação do
conceito da Irmandade Universal. Segundo S. Francisco (padroeiro dos animais), Deus
era o criador de todos os seres, pelo que todos deveriam ser igualmente respeitados.
3. Alpendre
a) Elementos decorativos em cortiça
- A cortiça é amplamente utilizada no Convento, o que levou a que ficasse conhecido
como Convento da Cortiça no século XIX, altura em que Sir Francis Cook se torna seu
proprietário.
- Trata-se da casca que protege o sobreiro de alguns fatores de risco, nomeadamente
os incêndios, podendo ser retirada sem danificar a árvore. Pode ter vários usos,
nomeadamente o de dotar o edifício de algum conforto.
- No Alpendre são visíveis alguns elementos decorativos, feitos em cortiça, alusivos à
natureza.
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b) Nicho
- O nicho, agora bastante deteriorado, encontra-se decorado fragmentos de porcelana
do século XVII e conchas. Aqui existia uma imagem jacente de Maria Madalena.
c) Cruz e Hospedarias
- Na Cruz é possível distinguir a representação de um homem envergando um hábito
franciscano, com o capuz pontiagudo, o que pode remeter para a figura de S. Francisco
de Assis, como tendo sido um Alter Christus ou um “Outro Cristo”, dada a semelhança
da sua vivência com a de Jesus. Ainda é parcialmente visível, à cintura, o cordão com
três nós, representando os três votos feitos por estes frades: obediência, humildade e
castidade.
- Embora alguns elementos já não sejam visíveis na Cruz, poderá também fazer-se um
paralelismo com a representação semelhante de Frei Martinho de Santa Maria,
representado na casa-mãe, o Convento da Arrábida: os olhos vendados e a boca
cerrada a cadeado, elemento que também surge representado sobre o coração.
- Abaixo dos braços da cruz são visíveis duas portas que seriam Hospedarias para os
peregrinos que aqui necessitassem de pernoitar.
e) Portaria
- Do lado esquerdo destaca-se uma porta encimada por uma caveira e duas tíbias
cruzadas. Trata-se da Portaria que dava acesso ao Claustro, o espaço mais reservado
do Convento, por onde os frades entravam quando aqui ingressavam. Esta decoração
remete para uma morte simbólica para a vida material que se deixava para trás, de
modo a renascer numa nova vida espiritual religiosa.
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4. Igreja
- Este espaço assemelha-se a uma gruta, o que remete para a lenda da fundação do
Convento:
Num dia quente de verão, o rei D. João III caçava na serra de Sintra quando, a certa
altura, cansado, procurou abrigo debaixo de uma grande rocha de granito, onde
acabou por adormecer. Aí, ele terá sonhado com os anjos que se ajoelhavam perante a
Santa Cruz, precisamente numa lapa como aquela onde dormia. Ao acordar, o rei terá
ordenado naquele local a fundação de um Convento consagrado à Santa Cruz, que
deveria ser entregue à ordem de São Francisco. O proprietário do terreno era D. João
de Castro, Vice-Rei da Índia que, não tendo conseguido concretizar essa incumbência
em vida, a terá confiado ao seu filho D. Álvaro de Castro, fundador do convento.
- A lápide do lado esquerdo da teia, a estrutura de madeira que separava os fiéis do
espaço sagrado do altar, é a pedra de armas da família Castro, proprietária do
Convento.
- A celebração principal era o dia 3 de maio, dia da Invenção da Santa Cruz, à qual o
convento foi consagrado.
- O altar de embutidos em mármore destaca-se pela sua riqueza. Aí existiam imagens
de alguns santos: São João Evangelista, Santo António, São João Baptista, São
Francisco, Nossa Senhora da Conceição e Santo Ivo.
5. Coro Alto
- Era onde a comunidade de frades assistia à missa durante a qual um dos Irmãos
entoava os cânticos.
- Este espaço também podia ser utilizado como Sacristia, podendo aqui ser recebidos
membros da família Castro ou até os monarcas que visitavam o Convento.
- A porta baixa no tipo das escadas conduz ao Corredor das Celas. A dimensão das
portas neste espaço obrigava os frades a baixar a cabeça ou ajoelhar-se para passar,
mostrando assim humildade perante Deus.
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7. Refeitório
- Originalmente os frades comiam no chão. No entanto, o Cardeal D. Henrique sabendo
que estes homens não aceitariam uma mesa verdadeira, ofereceu-lhes esta pedra para
que nela pudessem realizar as suas refeições.
- O pequeno assento de pedra junto à porta era destinado ao frade que, fazendo jejum
nesse dia, serviria os restantes irmãos, sentando-se depois a ler textos religiosos,
enquanto os outros comiam em silêncio.
8. Cozinha
- A dieta dos frades era baseada no que produziam nas hortas e dos donativos que
recebiam de queijo, azeite, ovos, peixe e vinho para a celebração da Eucaristia.
- Não consumiam carne, exceto em dias especiais (Natal ou domingo de Páscoa) e
apenas se fosse recebida como donativo.
- A dimensão da cozinha é grande para o grupo de frades que habitava o Convento,
tendo sido possivelmente aumentada num período mais tardio.
- A água utilizada na cozinha era depois reaproveitada nas hortas.
11. Biblioteca
- Localiza-se num ponto mais elevado, de modo a permitir melhor a entrada da luz
natural e a minimizar a humidade.
- Com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, em 1834, o recheio foi vendido
em hasta pública.
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12. Enfermaria, Botica e Cela da Penitência
- A Enfermaria é composta por duas divisões para acolher os enfermos que
necessitassem de cuidados. Na Enfermaria do lado direito ainda é visível, na parede, a
cabeceira de uma cama.
- A Botica era a divisão onde se armazenavam os medicamentos. Junto à porta deste
espaço existe um braseiro, utilizado para ferver a água para fazer tisanas medicinais ou
queimar ervas aromáticas para purificar o ar.
- Sendo esta zona do Convento dedicada à cura dos males do corpo e da alma, aqui se
encontra também a Cela da Penitência. Trata-se de uma divisão sem qualquer luz ou
abertura, de modo a favorecer a meditação e a introspeção sem qualquer distração.
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c) Celeiro
- Esta construção terá sido motivada pelo aumento de donativos, sendo atualmente
um núcleo museológico que alberga o espólio recolhido durante as intervenções
arqueológicas.
18. Horta
- Era o local que os frades cultivavam os produtos que consumiam.
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- Entre as diferentes espécies que se encontram dentro da cerca conventual destacam-
se as seguintes:
a) Árvores e arbustos: Aveleira, Azevinho, Medronheiro, Carrasco, Carvalho alvarinho,
Castanheiro e Loureiro;
b) Plantas aromáticas: Alecrim, Alfazema, Caledónia e Feto folha de hera.