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Episódio #2:
PRINCÍPIO
COMPAIXÃO.
Como
tratamos os
Artigo #20: Jesus comeu peixe? animais?
fevereiro 18,
abril 24, 2020 / em Artigos / por Rafael Van Erven
2022 - 9:50 am

Por Rafael van Erven Ludolf.

.
NAVEGUE
Preâmbulo Catálogo (6)
Por Autores (1)
. Por Grupo de
O título
deste artigo é apenas uma mera provocação amistosa para Autores (5)
iniciar uma conversa.
Os assuntos aqui tratados são muito mais Grupo Chico (1)
abrangentes e urgentes do que podem
parecer à primeira vista. Três Grupo Divaldo (1)
universos se imbricam: Jesus (e o
cristianismo), a humanidade e Grupo Diversos (1)
os animais. Grupo João (1)
Grupo Kardec (1)
. Comunicação não-
O irmão peixe,
logo ali ao lado do divino amigo Jesus, só que dividido violenta (1)
pelo
verbo comeu, é um símbolo importante. Cada palavra tem um Equipe (3)
significado. Diz respeito à relação sistêmica e fundamental dos três Colaboradores/as (1)
universos,
que se interdependem e que em essência são um só, Consultores/as (1)
submetidos à grandiosa lei de
unidade. Membras/os (1)
Espanhol (3)
.
Cards (2)
Eis a
pergunta: qual palavra, universo, representa a humanidade Catálogo de
terrena? Porventura
temos enquanto humanidade nos colocado Referencias (1)
entre Jesus e os animais, dividindo-os? Deturpamos a Sua Eventos (9)
mensagem e a Sua figura criando um cristianismo especista,
ou 1º CONGREMOVE
seja, discriminador dos animais? (2018) (1)
2º CONGREMOVE
.
(2019) (1)
Dito isso, meus
amigos/as, convido-lhes a sentar por um instante e 3º CONGREMOVE
conversar um pouco comigo
sobre estas relações fundamentais à (2020) (1)
vida de todas as vidas deste planeta. Oferecer-lhes-ei,
ao final, uma 4º CONGREMOVE
tese de ética divina, espírita, cristocêntrica, com vistas à (2021) (6)
Libertação
Animal, humana e não-humana. Vamos juntos? Francisco de Assis
(3)
.
Loja (1)
Introdução Camisetas do MOVE
(1)
. MOVECast (25)
MOVElive (1)
É comum, num debate sobre veganismo, ouvir que Jesus não só Nosso Convite (1)
comeu peixe como também multiplicou e ajudou os apóstolos a Publicações (226)
pescá-los; a afirmativa geralmente busca justificar o consumo de Alimentação
animais. consciente (9)
. Orientação
Nutricional para
Em defesa do
contrário, geralmente se diz que o momento histórico uma dieta
não permitia que fosse
diferente, pois as pessoas da época não Vegetariana Pura (1)
entenderiam; ou que Jesus era e pregou,
sim, o vegetarianismo, Receitas Veganas (8)
mas isso foi suprimido pelos seus seguidores. Artigos (29)
. Cântico das
Criaturas (11)
O argumento a
favor de Jesus ter comido peixe encontra Cards (72)
embasamento no Novo Testamento, só
que em apenas um Espiritismo e
versículo e em um só dos quatro Evangelhos, em Lucas 24:43, o Libertação Animal
que problematiza e enfraquece a afirmação. Aliás, a questão se (63)
agrava, pois a
ocasião se deu após a Sua ressurreição, doutrina Evangelização e
central da fé e da teologia
cristã, ou seja, não haveria melhor forma Mocidade (3)
de afirmar este dogma do que
mostrar Jesus comendo com o seu Grupos de Estudo
próprio corpo, ressuscitado. Será que tais
motivações afetaram o (4)
texto canônico? Grupo de estudo da
. Ética Animal Espírita
(1)
Já o
argumento de que o momento histórico não permitia é frágil, MOVEjovem (2)
uma vez que os essênios,
grupo judaico que Jesus sem dúvidas NEPE Move (1)
conheceu, eram vegetarianos, assim como
possivelmente também MOVEchat (1)
o era João Batista, seu precursor, apenas para citar dois exemplos. MOVEflix (1)
Ademais, sabe-se que Jesus foi um ser anos-luz à frente do seu tempo MOVEtalk (1)
e isso não o impediu de ser fiel aos seus princípios divinos, fato Nos Passos de
que o levou à
crucificação. Esse argumento pode ser contestado Francisco de Assis
usando a mim mesmo como
exemplo, o de um ser evolutivamente (15)
inferior, mas que vive o veganismo num país
majoritariamente Opúsculo (2)
consumidor de animais, por questão de princípios. Orações (1)
Podcasts (10)
.
Recomendamos (5)
Por outro
lado, esse argumento do momento histórico pode ser útil Lista de Centros
para evitar
anacronismos, ou seja, atribuir àquela época ideias e Espíritas que tratam
sentimentos que são de hoje.
Não havia indústrias exploradoras Animais (1)
de animais e suas nocivas consequências, nem
energia elétrica e Lista de
eletrodomésticos para conservação dos corpos de animais, Documentários (1)
sequer o seu consumo era regra, pelo contrário, a alimentação Lista de Livros
típica era de vegetais, principalmente feijões, lentilhas, figos, tâmaras, Espíritas sobre os
amêndoas, pão integral e frutas. Animais (1)
Lista de Livros sobre
.
Ética Animal (1)
Acima disso, a miserabilidade era extrema! Ter o que comer era Lista de Palestras (1)
questão de sobrevivência, momento sagrado, e não para servir ao Veganismo (1)
deus estômago como se faz sobretudo na modernidade. Portanto, se
Jesus indicou onde lançar as redes (e se se tratava mesmo de
peixes reais ou criação de sua mente poderosa) propósitos
superiores ali havia, OS QUAIS JAMAIS DEVERIAM SER UTILIZADOS
COMO JUSTIFICATIVA PARA A HECATOMBE MODERNA QUE CEIFA
ANUALMENTE CERCA DE 1 TRILHÃO DE ANIMAIS MARINHOS Seu nome*
SENCIENTES, formando as tantas e terríveis zonas mortas nos
oceanos, que ameaça todo o equilíbrio da vida na Terra. Morada esta
que o próprio Jesus governa.  
Seu e-mail*
.

Quanto à multiplicação
dos pães e peixes relatada pelos
evangelistas, se as ocasiões por si só não
podem ser utilizadas para Por favor aceite
justificar o consumo moderno de animais por se tratar
de episódios os termos de
específicos de sobrevivência, vez que se tratava de cinco mil pessoas utilização
(famílias, crianças, mulheres, idosos) que seguiam Jesus e estavam
Enviar
famintas em um
lugar desértico, já no fim da tarde, o fato é
entendido por Allan Kardec
como sendo uma parábola, em que
se compara o alimento espiritual da alma ao alimento
do corpo.
Para o Codificador, a poderosa ação magnética de Jesus lhes
saciou a
fome, como se pode ler em A Gênese. [1]

Por ora, resta


investigar possíveis supressões ou acréscimos aos
escritos canônicos que
porventura tiveram intenções de ocultar um
Jesus vegetariano, por alguma razão.
.

Fato é que utilizar


Jesus para fundamentar o consumo de animais não
é novidade, existe desde o Seu
retorno ao mundo espiritual, mas
ganhou força com a aliança da Igreja Católica
com o imperador
Constantino. Os doutores da Igreja trabalharam arduamente
para
a prevalência desta tese.

Tricas políticas,
lutas pelo poder, interesses mesquinhos, levaram
pessoas e grupos à condenação
por heresia, por crerem (dentre
outras coisas) “no absurdo” de um Jesus que
não comia animais,
por amor. Investidas com o fim de apagamento de culturas
foram
feitas. Rios de sangue jorraram…Vide os cátaros, vegetarianos.

Notadamente, venceu a tese de um Jesus comedor de animais,


apesar de não sem refutações. Porém, devido ao crescimento dos
movimentos de proteção animal na modernidade, sobretudo a partir
do século 18, o debate voltou à tona, ainda com mais intensidade.

A meu ver, uma das maiores contradições das religiões que


pregam o amor é não conduzirem os seus adeptos ao
vegetarianismo. Há algo deveras contraditório quando um cristão,
de qualquer vertente, declara seu amor ao churrasco, por exemplo,
indiferente ao direito à vida daqueles animais e ainda tendo como
base Jesus, que para algumas tradições é o próprio Deus.

Considero, respeitosamente, que há falha grave nesta formação.


Uma dívida histórica com a Terra, que precisa ser paga através do
ensino de uma Ética Animal ou Teologia da Libertação Animal,
desde a infância. Apresentar um Jesus protetor e libertador dos
animais, nunca foi tão urgente.

Tal argumentação
é voz corrente também no movimento espírita
(meu foco), que tendo Jesus como
Guia e Modelo, Governador
Espiritual da Terra, utiliza o Mestre como argumento irrefutável.
Ora,
se Jesus comeu animais, quem sou eu para fazer diferente? Ou
melhor,
quem é você (vegano) para não segui-Lo! Afinal, Ele
mesmo afirmou que “não
é o que entra pela boca que contamina o
homem”, argumentam.

Nada mais
sintomático ao movimento espírita do que ouvir de
diversas lideranças espíritas,
reiteradamente, o argumento acima.
Sintomático pois a proposta de Jesus através
do Espiritismo, de
restauração do Evangelho, NESTE PARTICULAR, nada
restaurou,
segue apresentando o mesmo Jesus das tradições religiosas
antigas, indiferente aos animais.

Desse modo, se faz oportuno delinear em que base se sustentam os


argumentos a favor e contra, bem como, quais as consequências
mundiais da supremacia de um Jesus consumidor de animais,
uma vez que estamos falando do ser mais conhecido e que mais
influenciou a história!

A questão,
portanto, pode parecer de menor importância para
alguns, veganos ou não. Todavia,
afirmo, é muito mais profunda do
que se pode imaginar, NÃO TANTO POR JESUS
TER OU NÃO TER
COMIDO ANIMAIS, MAS SOBRETUDO PELAS GRAVÍSSIMAS
CONSEQUÊNCIAS DESTA JUSTIFICATIVA AO LONGO DE DOIS
MILÊNIOS! Consequências
de ordem ético-moral, ambiental, social,
espiritual…

Demonstrei noutro artigo


(https://eticaanimalespirita.org/2020/04/08/o-espiritismo-e-especista/
[https://eticaanimalespirita.org/2020/04/08/o-espiritismo-e-
especista/] ) como determinadas tradições religiosas e também o
movimento espírita (não o Espiritismo) têm dado ao Divino
Amigo Jesus o título de maior especista e antropocêntrico da
Terra.

Enfatizei que,
sem perceber, agindo assim, o movimento espírita
afasta pessoas do
Espiritismo; afasta a ciência do Espiritismo, a
juventude do Espiritismo e os
animais sencientes de serem libertados
de tanta crueldade, já que reforçam um
estilo de vida predatório
onde são mortos anualmente 70 bilhões de animais
terrestres, 1
trilhão de animais marinhos para alimentação humana, 100 milhões
de animais em testes, isso tudo para 7 bilhões de encarnados, sem
falar de todo
custo ambiental e humano.

A questão,
para o movimento espírita, é ainda mais tensionada em
virtude das seguintes constatações:

1. O crescente desinteresse e descrédito às questões


espirituais/religiosas nos últimos séculos;
2. O avanço da ciência atestando peremptoriamente a senciência e
inteligência dos animais;
3. O fato de o século XIX ter sido um marco na consolidação de
uma nova sensibilidade da humanidade em relação aos animais
e ao meio ambiente;
4. O surgimento cada vez maior de movimentos de proteção animal
no mundo, como o veganismo.
5. As centenas de mensagens da literatura espírita clássica a favor
de uma ética animal.

Tudo isso problematiza ainda mais a questão para o movimento


espírita, seja pela sua vocação doutrinária para ser um movimento
de vanguarda na prescrição e vivência do amor a todos os seres,
decorrente de sua própria literatura clássica, seja pela sua
localização temporal histórica num tempo demarcado pela
crescente onda de proteção da Natureza, o que demonstra um
propósito superior para esta época e temática. Estava na agenda do
Cristo.

Enfim, o
assunto é grave, merece estudos, quiçá justiça à figura
histórica de Jesus e às
maiores vítimas inocentes do planeta, os
animais. Diante deste incômodo,
suscitei os seguintes
questionamentos:

1. Estaria o movimento espírita atento a este fato? Ou estaria


perdendo o bonde da história, cometendo os mesmos
equívocos das religiões antigas, neste particular?
2. Estaria Jesus, novamente, sendo utilizado como fundamento
de violência, agora contra os animais não-humanos? Não
bastariam todas as guerras e opressões feitas em Seu nome?
3. Se é um fato a deturpação da mensagem de Jesus, teriam
também os interesses da época ocultado o Seu
vegetarianismo e relação de amor com os animais?
4. O que os escritos
não-canônicos, apócrifos, e não menos
relevantes, teriam a dizer
sobre isto?
5. E a chamada literatura
espiritualista, também respeitável, que
disseram?
6. Se o Espiritismo não
crê na ressurreição de Jesus em corpo
físico, mas sim que suas aparições após a
crucificação foram
em corpo fluídico, é oportuno crer na afirmação de que
Ele
comeu peixe após a ressureição?
7. Os poucos registros nos escritos
canônicos que apontam para
um Jesus que consumiu animais são suficientes
para se
sustentar um Jesus consumidor de animais?
8. Ou pior, é justo e
sábio legitimar o consumo moderno de
animais e toda sorte de crueldade que se
faz com base nestes
poucos registros?
9. Estariam, talvez, sendo erroneamente interpretados à luz da
letra e não do espírito que vivifica?
10. É possível, pelos próprios escritos canônicos, sustentar a
tese
de um Jesus vegetariano e pregador de uma ética de libertação
animal?

É sobre estas
e outras indagações que me debruçarei neste singelo
texto. Vamos juntos?

Antes, porém,
te confesso que o Jesus que creio e sigo jamais
pode ser considerado consumidor
e endossador do consumo e
exploração de animais e trabalha ativamente para que
toda a
humanidade faça o mesmo. Talvez seja
até perda de tempo
escrever tantas linhas sobre este fato, para demonstrar o
que
considero óbvio. Mas, o esforço pode ser válido e tenho a obrigação
enquanto espírita e amigo dos leitores de fundamentar as minhas
convicções.    

Convido-os, então,
meus amigos, a me doar um pouco do seu tempo
e passear comigo pelos diversos
caminhos de compreensão da
alimentação e relação da sublime figura de Jesus com
os animais à luz
do estudo bíblico, da história conflituosa das tradições
religiosas e do
conjunto literário fundamental espírita e espiritualista, para
ao final
oferecer-lhes a minha humilde tese de que JESUS É, EM VERDADE, O
PRÓPRIO ARGUMENTO VIVO A FAVOR DE UMA ÉTICA DIVINA DA
LIBERTAÇÃO ANIMAL.

Caminho desafiador,
perturbador para alguns, porém libertador.
Diria até mesmo, SALVADOR de muitos
seres que querem e têm o
direito divino e legítimo de viver, evoluir,
livremente e sem a
opressão humana; ao invés, com a cooperação humana.

Quem sabe,
através Dele próprio, Jesus, alguém perceba a
necessidade urgente de abolir
hábitos nocivos aos animais e à
Natureza; passe a enxergar a triste contradição
inventada que
ofuscou o óbvio, que confundiu o seu coração e intelecto, que
deturpou as suas boas noções de justiça, amor e caridade, o seu
senso moral,
fazendo crer que:

O AMOR SE ALIMENTOU E PRESCREVEU A


VIOLÊNCIA!
Em essência, é disso que estamos falando.

Sigamos…

Reflexões bíblicas

Notadamente,
não cabe aqui um trabalho de exegese bíblica, que
exigiria mais dedicação e habilidades.
Tecerei apenas reflexões,
embora fundamentadas, que possam sustentar a tese que
acredito
ser mais coerente, à luz sobretudo do método kardequiano de
compreensão das escrituras sagradas, que visa extrair o espírito da
letra, indo
além do sentido alegórico.

Mais
especificamente, me valho dos métodos do NEPE – Núcleo de
Estudo e Pesquisa
do Evangelho, que tem se espalhado cada vez
mais no movimento espírita e
que há anos utilizo no Centro Espírita
que sou membro e nas palestras que
realizo, estimulando os grupos
a conhecerem e adotarem. No site do NEPE você
pode encontrar os
detalhes do método: http://www.nepebrasil.org/o-que-e-o-nepe
[http://www.nepebrasil.org/o-que-e-o-nepe]

Jesus comeu peixe? (Lucas


24:41-43)

“Maravilhando-se,
e ainda não acreditando nele por causa da alegria,
disse-lhes: Tendes aqui algo
para comer? Eles lhe deram uma porção
de peixe assado; tomando-o, ele comeu
na presença deles.”

A afirmação
de que Jesus comeu peixe encontra embasamento em
apenas um versículo e em um
só dos quatro Evangelhos, e isso
após a Sua ressurreição,
doutrina central da fé e da teologia cristã.
Fato que permite pensar em alguma
intencionalidade que possa ter
afetado e até mesmo alterado o texto canônico.
.

Dessa forma, não


é desarrazoado crer na intencionalidade de se
afirmar o dogma, através da
narrativa de Jesus comendo com o
seu próprio corpo físico, ressuscitado. Compreendo
e louvo essa
intenção, tendo em vista a importância do fenômeno da ressurreição
para a confirmação e ampliação da Boa Nova; mesmo porque os
próprios apóstolos
duvidavam, sendo oportuno que Jesus se
valesse de meios de convencimento
adequados à compreensão.

Confesso que
estudos da ciência da crítica textual poderiam
confirmar ou não este argumento,
mas não pude ainda fazê-los,
ficando como sugestão de pesquisa. Por ora, me
preocupei com
outros pontos, como se verá a seguir.

Por outro lado,


se o fato realmente aconteceu conforme a narrativa
bíblica, acredito veementemente
que Jesus com a sua sábia
pedagogia do amor aproveitou a oportunidade para através
deste ato COMPROVAR O CLARÃO DA IMORTALIDADE, de maneira
adequada à compreensão
daquele povo, num dado contexto
histórico onde não havia os conhecimentos do
corpo espiritual
trazidos pelo Espiritismo, por exemplo.

A
imortalidade é das revelações maiores da Doutrina de Jesus, Ele
próprio profetizou
a sua morte e ressurreição pelo menos quatro
vezes no Novo Testamento, afirmando
que depois de três dias
ressuscitaria. Portanto, considero mais justo e
coerente crer que o
Mestre possa ter se valido da ocasião da refeição para confirmar
a Sua vitória sobre a morte conforme Ele próprio havia
anunciado que faria.

E vale
destacar que o texto evangélico apresenta outras aparições
buscando atestar a
ressurreição/imortalidade, como aquela em que
Tomé toca com as mãos as chagas
de Jesus, em João 20: 24-31.
Ocasião em que os discípulos
estavam reunidos de portas trancadas,
e Jesus aparece no recinto e se põe em pé
no meio deles. Tomé que
até então duvidava passa a crer.

Dessa forma, é
mais coerente com o amor incondicional de Jesus crer
que o recurso pedagógico utilizado
na ocasião do consumo de peixe
em análise NÃO SE DEU PARA ESTIMULAR OU
ENDOSSAR O
CONSUMO DE ANIMAIS, muito pelo contrário, foi para dizer das
coisas do Reino de Deus.
.

É falacioso,
incoerente e temerário concluir, deste episódio
isolado e enigmático, uma
prescrição ou endosso de Jesus ao
consumo de seres espirituais sensíveis que querem
e têm o
direito divino de viver e que lutam pela sua vida como
qualquer
outro. No caso, basta observar um peixe se debatendo num
anzol. VOCÊ
ACHA MESMO QUE ELE GOSTARIA DE ESTAR ALI?
VOCÊ GOSTARIA DE ESTAR NO LUGAR DELE?

A pergunta é
válida pois o próprio Jesus ensinou a regra de ouro,
“Assim, em tudo,
façam aos outros o que vocês querem que eles
lhes façam; pois esta é a Lei e os
Profetas” (Mateus 7:12).

E os animais,
também são os outros, não só os humanos! No amai o
próximo, eles estão
incluídos. A respeito, ouçamos a benfeitora
Joanna de Ângelis esclarecendo quem
são os nossos próximos:

“O
indivíduo que se apiada do sofrimento do seu PRÓXIMO –
VEGETAL, ANIMAL OU
HUMANO – desejando ajudá-lo, facilmente
se ilumina, em face do conhecimento que
possui em torno do
significado existencial da vida na Terra. Esse fenômeno é
resultado das tendências universais resultantes do processo da
evolução moral,
manifestando-se nesse expressivo sentimento
de compaixão, dos mais altos que a
psique humana pode
exteriorizar” [1].

Por fim,
oportuno mencionar que o Espiritismo não crê na
ressurreição de Jesus em
corpo físico, tanto pela impossibilidade
científica quanto pela revelação do
espírito e do períspirito e suas
propriedades. Allan Kardec entende que as
aparições do Mestre
após a crucificação se deram em corpo fluídico e não em
corpo
físico [2], não havendo, portanto, nenhuma necessidade
biológica de
se alimentar, a não ser como recurso pedagógico,
como dito.

Passemos
então ao outro argumento comumente utilizado a favor de
um Jesus consumidor de
animais.

(Mateus 14:13-21; Marcos


6:30-44, Lucas 9:10-17; João 6:1-15)

.
“[…] Chegado o fim da tarde, os seus discípulos aproximaram-se
dele,
dizendo: O lugar é ermo e a hora já está adiantada; despede as
turbas,
para que voltem para suas aldeias e comprem alimentos para
si mesmos. Jesus,
porém, lhes disse: Não é necessário irem embora.
Dai-lhes de comer, vós mesmos.
Então, eles lhe dizem: Não temos
aqui senão cinco pães e dois peixes. Ele
disse: Trazei-os aqui. Após
ordenar que as turbas se reclinassem sobre a relva,
tomou os cinco
pães e dois peixes, olhou para ao céu, abençoou, partiu os
pães,
deu-os aos discípulos, e os discípulos às turbas. Todos comeram e
saciaram-se; e levaram o que sobrava dos pedaços, doze cestos de
vime cheios. E
os que comeram foram cerca de cinco mil homens,
fora mulheres e crianças.” (Mateus 14:15-21)

Inicialmente,
oportuno frisar que nem todos os evangelistas narram a
multiplicação dos peixes
mas, sim, dos pães.A maioria destaca que
Jesus olhou para o céu
abençoou os pães e os partiu. O peixe, na
ocasião, não era o foco da
narrativa, mas, sim, o pão. De toda
forma, esse argumento é frágil.

Acima de tudo,
a ocasião é peculiar, se trata da sobrevivência de
uma turba de cinco mil
pessoas, crianças, idosos, doentes, todos
famintos e em lugar desértico, já no
fim da tarde. Notadamente
que Jesus não seria indiferente à necessidade
daquelas pessoas que
O seguiam, ouvindo o Seu chamado. ENTÃO, PERGUNTO,
DENTRE
AS INÚMERAS MANEIRAS QUE UM CRISTO PLANETÁRIO TINHA
PARA ALIMENTÁ-LAS,
ESCOLHERIA LOGO O PEIXE, UM SER
SENCIENTE QUE TANTO SOFRE NA DOLOROSA MORTE POR
ASFIXIA?

Deixe-me
falar um instante sobre os peixes. Você sabia que os peixes
sentem? A ciência
hoje demonstra que eles são seres extremamente
complexos, com apurado
desenvolvimento social e dotados das
mesmas capacidades que nós seres humanos
temos em sentir dor,
medo, alegria, desejo de liberdade, etc. [3]

Diz a
investigação científica: “Os peixes constroem ninhos complexos,
formam
relações monogâmicas, caçam de modo cooperativo com
outras espécies e usam
ferramentas. Reconhecem-se uns aos outros
como indivíduos (e mantem um registro
de quem merece confiança e
quem não merece). Tomam decisões individualmente,
monitoram o
prestígio social e competem por melhores posições (usam estratégias
maquiavélicas de manipulação, punição e reconciliação). Têm
significativa
memória de longo prazo, habilidade para transmitir
conhecimento uns aos outros
e também podem passar informações
de geração a geração. Têm, até mesmo, o que a
literatura científica
chama de tradições culturais duradouras para caminhos
específicos
até locais de alimentação, instrução, descanso ou acasalamento”.
[4]

Ora, quem
melhor para saber disso do Aquele que criou/moldou
a Terra e a Governa, Jesus?

Não posso deixar


também de recordar o Irmão da Natureza, o amado
Francisco de Assis e sua
relação com os peixes. Registrou seu
primeiro biógrafo: “se lhe era
possível, devolvia à água, vivos, os
peixes capturados, e
recomendava-lhes que não se deixassem
apanhar de novo”. Mesmo quando no lago de
Rieti recebeu uma
tainha de um amigo, “pegou o Santo na tainha e, cheio de
alegria e
ternura, saudou-a por irmã. Em seguida, restituiu-a às águas do
lago” [5].

Portanto, meu
senso moral e crença na imensa capacidade de um
Espírito Puro refutam esta
possibilidade, a não ser como recurso
pedagógico, repito. Todavia, PENSO SER
MAIS PLAUSÍVEL CRER NA
MULTIPLICAÇÃO DE PÃES E NÃO DE PEIXES. Poderia até
se dizer
que os dois peixes citados já estavam ali, mortos, pescados pela
multidão, e que portanto Jesus não colaborou com sua morte, mas
prefiro ainda a
ideia do pão, sem entrar no mérito de toda a
simbologia que o “pão da vida”
representa.

Todavia,
acima da ideia do pão, e respondendo a pergunta sobre as
possibilidades de
saciar a multidão, prefiro mais ainda o bom senso
de Allan Kardec, que indo
além da interpretação literal
ENTENDEU QUE O EPISÓDIO SE TRATA DE UMA PARÁBOLA,
onde
se comparou o alimento espiritual da alma ao alimento do corpo.
PARA O
CODIFICADOR, A PODEROSA AÇÃO MAGNÉTICA DE JESUS
LHES SACIOU A FOME, como se
pode ler em A Gênese. [6]

Em todo caso,
mais uma vez, friso: mesmo que tivesse ocorrido
exatamente conforme as
narrativas evangélicas, ipsis litteris, as
ocasiões nem de longe
deveriam ser utilizadas para justificar o
consumo moderno de animais, como
se faz há dois mil anos!

De modo a não estender demais este artigo, não abordarei a ceia


pascal e a pesca maravilhosa, respondendo-as por enquanto com o
mesmo argumento sobre a pedagogia de Jesus anteriormente
levantado. Sigamos, passeando por outros textos bíblicos.
.

Outros versículos sobre a alimentação de Jesus

Importante
salientar outras ocasiões bíblicas que tratam da relação
de Jesus com a
alimentação, a favor de uma ética divina que englobe
obrigatoriamente a
consideração moral por toda a Natureza e seus
seres.

(João 4:31-34): “E
entretanto os seus discípulos lhe rogaram,
dizendo: Rabi, come. Ele, porém,
lhes disse: Uma comida tenho
para comer, que vós não conheceis. Então os
discípulos diziam
uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer?
Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele
que me enviou, e
realizar a sua obra.”

Ora, fazer a
vontade de Deus é tudo o que mais importa. Enquanto os
discípulos estavam legitimamente
preocupados com a fome de Jesus,
com a matéria, Jesus nos mostra que sua
preocupação era bem
outra, a mais importante!

No caso Dele,
um Espírito Puro, se havia mesmo alguma necessidade
biológica de saciar a fome
do corpo, Ele não só exerceria um pleno
controle sobre ela como poderia
saciá-la de várias maneiras. E por
questão de lógica e coerência com a Sua
ética divina faria de
forma não-violenta. O próprio João Batista, seu
precursor, era
vegetariano, ao que parece, assim como os essênios, conforme

mencionado. Vale também relembrar os jejuns, os recolhimentos
para
oração e a água, que aparecem constantemente nos atos de
Jesus.

Destaco ainda
o ensinamento de Allan Kardec, o qual demonstra que
as necessidades mais
materiais são de homens atrasados, e não de
espíritos evoluídos, muito menos de
um Cristo. Vejamos:

“No homem, há
um período de transição em que ele mal se distingue
do bruto. Nas primeiras
idades, domina o instinto animal e a luta
ainda tem por móvel a satisfação das
necessidades materiais. Mais
tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o
sentimento moral; luta
então o homem, não mais para se alimentar, porém, para
satisfazer à
sua ambição, ao seu orgulho, à necessidade, que experimenta, de
dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir. Todavia, à medida
que o
senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade,
diminui a necessidade de
destruir, acaba mesmo por
desaparecer, por se tornar odiosa. O HOMEM GANHA
HORROR
AO SANGUE” [7].

Não só Allan
Kardec como os Imortais também foram enfáticos,
conforme se depreende de O
Livro dos Espíritos. Vejamos a questão
733. Entre os homens da Terra existirá
sempre a necessidade da
destruição? “Essa necessidade se enfraquece no
homem, à medida
que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que, como podeis
observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento
intelectual e
moral.”

Todavia, em
nosso caso, espíritos ainda inferiores, encarnados,
precisamos nos alimentar, e
na condição de seres comprometidos
com os princípios cristãos-espíritas precisamos
obrigatoriamente
nos perguntar como fazer a vontade de Deus na hora de nos
alimentarmos?
Estaria a alimentação excluída dos preceitos de
amor que
acreditamos e pregamos?

A pergunta é
simples e a resposta nos leva diretamente a uma
dieta sem animais e
derivados, ao vegetarianismo puro ou
outras modalidades de alimentação sem
violência! Negar isso em
pleno século 21, num tempo de crise ambiental (e
moral) sem
precedentes, é não desejar fazer a vontade de Deus!

Mudanças
climáticas, escassez de água doce, produção monumental
de lixo, desertificação
do solo, destruição sistemática e veloz da
biodiversidade, acidez dos oceanos, entre
outros têm sido os rastros
humanos no planeta, levando os cientistas a
declararem que estamos
promovendo um ECOCÍDIO! [8]

Segundo
relatório divulgado pela FAO/ONU, cerca de 70% das novas
doenças que
infectam seres humanos nas últimas décadas estão
relacionadas à criação e
consumo de animais. O relatório destaca
que é preciso lidar com as saúdes
humana, animal e do ecossistema
de forma integrada, numa abordagem “holística”
para a gestão de
ameaças de doenças [9].

O novo
coronavírus é mais uma pandemia decorrente da criação
e consumo de animais, da
prática cruel de confinar, abater,
comercializar e consumir animais em
condições lastimáveis,
insalubres e imorais,
apropriadíssimas para se produzir a mutação
de um vírus que venha a saltar para
os humanos, como ocorreu,
segundo pesquisa publicada na renomada Revista Nature
Medicine
[10].

Por fim, o
próprio espírito Emmanuel e outros benfeitores espirituais
foram enfáticos a
favor de uma dieta vegetariana pura. A questão 129
da clássica obra O Consolador,
editado em 1941, é direta:

“A
ingestão das vísceras dos animais é um erro de ENORMES
CONSEQUÊNCIAS, do qual
derivaram numerosos vícios da
nutrição humana. É DE LASTIMAR SEMELHANTE
SITUAÇÃO,
mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a
cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos
podem ser
encontrados nos produtos de origem vegetal, SEM A
NECESSIDADE ABSOLUTA DOS
MATADOUROS E FRIGORÍFICOS”
[11].

Vejamos outro
texto bíblico.

(Lucas 4:1-4): “[…] foi


levado pelo Espírito ao deserto; E quarenta
dias foi tentado pelo diabo, e
naqueles dias não comeu coisa
alguma; e, terminados eles, teve fome. E
disse-lhe o diabo: Se tu
és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se
transforme em pão.
E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem
só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.”

E com uma
pausa para o bom humor: percebam que até o diabo se
tornou vegetariano, pois
ofereceu pão a Jesus, e não peixe ou outro
animal. Esta piada ajuda até mesmo a
pensar na questão da
multiplicação dos peixes, já abordada, pois se o próprio
diabo oferece
pão a quem tem fome, Jesus ofereceria peixe àquela multidão
faminta?

Enfim, analisando
a passagem bíblica acima, e deixando de lado o seu
sentido alegórico, mais uma
vez Jesus exalta sua confiança e
fidelidade à vontade de Deus, não cedendo às
tentações. E nos
ensina assim o valor do discernimento entre o bem e o mal e
o uso
correto do livre arbítrio.

.
Novamente, é sabido
que na fase de humanidade, que ora
estagiamos, necessitamos ainda do alimento
material (pão), mas,
também, do alimento espiritual (a palavra de Deus). Nesse
particular,
a quem temos mais servido, o deus estômago ou o Deus Amor?

Os argumentos
historicamente utilizados para coisificar os animais e
fundamentar o seu
consumo são em grande parte de ordem
materialista! Inventou-se uma série
de conceitos antropocêntricos e
especistas já derrubados teoricamente na
modernidade e pela
Doutrina Espírita, apesar de ainda não no coração humano e
na
sociedade. Por exemplo, que os animais são irracionais, não têm
linguagem, não têm inteligência, não sofrem, não sentem, não
socializam, não se
importam com suas vidas, não têm alma, não
evoluem e etc, como afirmou René
Descartes (1596 – 1650) em sua
teoria do animal-máquina:

“Os
humanos possuem alma e são capazes de pensamento e
linguagem, e OS ANIMAIS SÃO
MÁQUINAS, AUTÔMATOS, TAL
COMO UM RELÓGIO, isto é, agem automaticamente” [12].

Os Espíritos
que ditaram a Codificação se contrapuseram a esse
pensamento de Descartes,
asseverando: “os animais não são
simples máquinas, como supondes” [13].

É curioso e
contraditório notar espiritualistas utilizando de conceitos
materialistas para
consumir animais.

Hoje em dia,
se esforçar para não ceder às tentações das
publicidades intencionais
que visam que o ser humano consuma de
maneira irrefletida, desconsiderando os
atributos divinos dos
animais, nossos irmãos menores, é também se alimentar
da
palavra de Deus.

É preciso
lembrar que com o advento da revolução industrial e sua
mecanização, a
capacidade produtiva aumentou em larga escala, e
toda essa monumental
fabricação de produtos precisava de
estímulos para serem consumidos. “Era
preciso estimular as
pessoas a consumirem muito além do necessário, sem nenhuma
culpa ou remorso”, como frisou André Trigueiro [14].

.
Surge então a
sociedade de consumo estimulada pela
transformação de desejos
desenfreados, o materialismo irrompe
vertiginosamente e a publicidade dá conta
de sofisticar e despertar
novos e vorazes apetites de consumo, esquecendo que “nem
só de
pão vive o homem”.

Tais publicidades
são de fato enganosas e no caso do consumo de
animais, buscam fazer com que o
consumidor não associe o produto
comercializado ao animal vivo que fora
abatido. Ou seja, que o bom
sentimento de não causação de sofrimento aos
animais não entre em
contradição com a ideia de um ser morto, de modo que se consuma
sem culpa ou remorso, dissociados da realidade e não ensejando a
chamada
“dissonância cognitiva” que muitas vezes leva o
indivíduo a mudanças de
comportamento que fará cessar o
desconforto trazido por ideias conflitantes em
sua mente.

Portanto,
necessário o discernimento, o bom uso do livre-arbítrio, a
fome da palavra de
Deus, que passa também por escolhas éticas na
alimentação e no consumo, para
não cair nas modernizadas
tentações da gula e da vaidade, puramente
materialistas.

Ética e Teologia da Libertação Animal.

Neste tópico,
ainda nos exercícios bíblicos, gostaria de lhes oferecer
um livro paradigmático,
que venho introduzindo no movimento
espírita há alguns anos e me alegrado de vê-lo
se espalhando em
nosso meio.

Se trata da
obra A VIDA DOS OUTROS: Ética e Teologia da
Libertação Animal. Obra
escrita por dois frades capuchinhos, Luis
Carlos Susin e Gilmar Zampieri, ambos
teólogos e filósofos, editada
pela clássica Editora Paulinas, ou seja, no seio
da Igreja Católica. [15]

.
Esta obra cumpre
um papel inédito no universo religioso cristão,
papel que a ciência e filosofia
fora dos muros das religiões já tem
cumprido há décadas, o de expor o que
ocorre dentro das jaulas
de exploração animal ao redor do mundo.

Os autores
dedicam quase toda a primeira parte do livro para
descrever as práticas cruéis
de criação, exploração e abate de
animais para diversos fins. Parafraseando o
escritor J. M. Coetzee,
classificam como cinco campos de
concentração o que os humanos
fazem com os animais, demonstrando como que a
relação básica é a
do capitalismo, a saber, relação de propriedade, onde
o animal é
tido como coisa, sem dignidade própria ou valor intrínseco, quais
sejam:

1. Animais de
estimação;
2. Entretenimento
e jogo;
3. Instrumentos
na educação e pesquisa;
4. Animal como
utensílio;
5. Animais para
o prato.

Mas, além
desta descrição que só é novidade no corpo literário
cristão, os autores apresentam
a cereja do bolo, um trabalho ímpar e
paradigmático: a elaboração de uma
ética e teologia da libertação
animal COM BASE NO ANTIGO TESTAMENTO, NO NOVO
TESTAMENTO, EM JESUS E FRANCISCO DE ASSIS!

Ora, aquela frase de alguém nunca foi tão bem-vinda: “é preciso ser
gênio para enxergar o óbvio!”

Isto porque
se a religião que prega o amor não for capaz de pregar
esse mesmo amor aos
animais e ecossistemas com base em seu
Líder (e lideranças) e literatura fundamental, isso então não era
amor, mas algo limitado, meio bairrista, classista, ou
melhor:
especista, condicionado à uma espécie entre bilhões de espécies.

Nesse
caminhar, determinadas tradições religiosas só poderão entrar
verdadeiramente
no século 21 e ter perspectivas de futuro se
realmente se comprometerem com uma
proposta de amor por todos
os seres, desde o prato de cada dia. Caso contrário,
não
encontrarão eco nas novas gerações.

No meu caso,
cristão-espírita, vejo com pesar o movimento espírita
perdendo o bonde da
história da libertação animal, que é ao
mesmo tempo libertação humana. De toda
forma, sigo fazendo o
que posso junto de outros poucos e dedicados tarefeiros,
confiantes
no Mestre e em cada confrade espírita para virar este jogo.

Os autores,
então, surpreendem o mundo religioso com uma divina
proposta bem fundamentada de
conversão do pensar e sentir para
uma relação de comunidade de vida
entre os seres humanos e os
outros seres animais. Apelam para a consciência
moral e religiosa!

Fazem também
uma bela síntese histórica dos precursores da ética e
do direito animal no
mundo, como Peter Singer e Tom Regan. Em
contrapartida, demonstram as
ambiguidades dos doutores da Igreja
como Santo Agostinho e Tomás de Aquino, que
contribuíram para a
coisificação dos animais.  

.
É um notável
trabalho de grande qualidade filosófica, científica e
religiosa, em falta no
movimento espírita sobre o assunto aqui
tratado.

Isso me leva
a um sério questionamento. Se a igreja católica está
sendo capaz de rever-se
e enxergar na bíblia e em Jesus
inúmeros fundamentos para a libertação dos
animais, por onde
anda o movimento espírita?

É como
questionei no início deste artigo. Estaria o movimento
espírita perdendo o
bonde da história, cometendo os mesmos
equívocos das religiões antigas, neste
particular? Será que os
bons espíritos da
literatura espírita clássica não trouxeram
argumentos suficientes para se crer
num Jesus precursor de uma
ética de libertação animal? Num Mestre que não comia
animais
por amor?

Seguindo com
a resenha do livro, a seguir abordarei a sua parte
teológica, chamada de
Princípio Cuidado, na parte III.

Nesta parte
os autores fazem um apanhado dos profetas em Israel
que desde o século VIII
a.C. denunciaram com suas vozes potentes a
necessidade de compaixão pelos
animais, “mandando dar um basta
nos sacrifícios. Ao invés de sacrifícios
de sangue, os profetas
proclamavam a convivência entre animais, tanto humanos
como
não humanos” [pag. 169].

Os autores
narram a ética da compaixão universal pregada pelos
grandes profetas, o seu
grande esforço de superação de todo
sacrifício humano e de animais. E com base
no sonho messiânico de
Isaías 11:6-9 descrevem a fraternidade sem
fronteiras entre as
espécies terrenas:

“E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se


deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão
juntos, e um
menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão
juntas, seus filhos se
deitarão juntos, e o leão comerá palha
como o boi. E brincará a criança de peito
sobre a toca da áspide,
e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco.
Não se
fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a
terra se
encherá do conhecimento do Senhor, como as águas
cobrem o mar.”
.

Destacam também
Oseias 6:6 rogando que “é misericórdia que eu
quero e não sacrifícios,
conhecimento de Deus mais do que
holocaustos”, verso repetido pelo
próprio Jesus em Mateus 12:7.

Enfatizam o
discurso de Jeremias 7:22 diante da porta do Templo:
“Não falei a vossos
pais e nada lhes prescrevi a respeito de
holocaustos e sacrifícios, no dia em
que os fiz sair do Egito.”

Assim como a
advertência de Miqueias6:6-7 “Com que me
apresentarei ao Senhor,
e me inclinarei diante do Deus
altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com
holocaustos, com
bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de
carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite?”

Dentre outros
profetas, como Amos, que buscaram desconstruir os
rituais de sacrifícios
humanos que foram substituídos por sacrifício
de animais, mas “com a
mesma crueldade encoberta por uma
áurea de sacralidade” [pag. 181].

Apontam, os
autores, a ação de Deus, através da boca dos profetas,
desejando outro tipo de
sacrifício. Vejamos:

“Os profetas levantam a voz contra tais práticas, mesmo que sejam
substitutivas e “prementes”, em vista do que eles começam a
proclamar como o “verdadeiro
sacrifício”: A PRÁTICA DA JUSTIÇA, A
SINCERIDADE DE CORAÇÃO, O SOCORRO AOS
MAIS EXPOSTOS AO
SOFRIMENTO E À VIOLÊNCIA 
– ESTE É  O HOLOCAUSTO QUE
AGRADA
A DEUS” [pág. 189].

Vale destacar
que, apesar dos esforços dos profetas, os sacrifícios de
sangue continuaram até
a destruição do segundo templo, depois de
Jesus. E eu destaco que ainda hoje
no século 21 os sacrifícios
permanecem nos pratos de cada dia e hábitos de
consumo, com
novas roupagens e potencializado exponencialmente pela
tecnologia.

Há um padrão
psicológico nos sacrifícios, vigentes ainda hoje, que
merece atenção. Perceba:

.
O cruor
(dessa palavra em latim deriva a palavra crueldade) era
obtido de vítimas
sacralizadas através de uma morte infligida
coletivamente, normalmente
pisando sobre a vítima, uma espécie de
linchamento ou massacre sacro, passando
a ela a energia da
hostilidade, transformando-a, assim, em hóstia. Dessa
hóstia
sacerdotal era obtido o cruor, o sangue de purificação no qual
todos
se banhavam. Essa tradição, de sacralização da vítima, foi realizada
praticamente por todas as sociedades, visando que o sacrifício de
salvação
aliviasse a tensão, o alto grau de violência e penúria que
abatia um povo,
através de um derramamento de sangue, de um
“bode expiatório” que
levaria todas as impurezas, seja com
sacrifícios humanos ou não-humanos.

A vítima
expiatória, entre os gregos, era chamada de phármakon, o
remédio
social que curaria as feridas de um povo. Hoje em dia, existe
uma farmácia em
cada esquina, que oferece o remédio para a “cura”
dos desregramentos, das
enfermidades, seguindo, de maneira
semelhante, o padrão antigo de
sacrifícios e oferecimento do
sofrimento alheio para pagar os seus próprios
pecados. Nessa
linha de raciocínio, a crueldade é um mal necessário, o
sofrimento da
vítima-herói é justificado, a crueldade em si é compreendida com
naturalidade e normalidade, já que gerará satisfação a determinado
grupo, que
se coloca no direito de oferecer o sacrifício alheio em prol
do próprio
benefício.

Nesse
particular, a humanidade segue sacrificando os animais, para
cosméticos,
remédios, alimentação e etc, naqueles cinco campos de
concentração já citados,
ao invés de sacrificar a si mesma, vencendo
suas más inclinações e assumindo
por si mesma suas consequências.

Apontaram
também os autores que, de acordo com a narrativa de
Gênesis 1,29-30, no plano
inicial de Deus não haveria a famosa cadeia
alimentar de carnívoros e sobretudo
o humano seria vegetariano;
destacam que o homem caçador e carnívoro viria após
o dilúvio, MAS
NÃO EM FORMA DE EVOLUÇÃO, MAS DE DECADÊNCIA [pág. 199],
pelo mau uso do livre arbítrio.

Apontaram
também o erro de interpretação do termo “dominai” de
Gênesis 1,28, afirmando
que “foram sequestrados pela arrogância
antropocêntrica e despótica do
homem sobre a mulher, sobre a
família, sobre as outras formas de vida e tudo o
que lhe está em
volta.”[pág. 200].E concluem que o
plano era de uma “comunidade
de aliança e vida que inclui os animais”,
que dominar em verdade
se trata de uma missão divina de cultivar e cuidar da
terra como um
jardineiro, de tal forma como se fosse um paraíso, e não no
sentido
hierarquizado de subjugar.

Destacam,
ainda, a Encíclica Laudato Si do Papa Francisco, líder da
Igreja
Católica, quando disse: “Hoje, a Igreja não diz, de forma
simplista, que
as outras criaturas estão totalmente
subordinadas ao bem do ser humano, como se
não tivessem um
VALOR EM SI MESMAS e fosse possível dispor delas à nossa
vontade” [16].

Portanto,
apontam a necessidade de renovação, que deve vir
principalmente pelo líder
espiritual, Jesus. Como veremos a seguir.

Como o óbvio
também precisa ser dito, os autores apontam que uma
Teologia da Libertação
Animal de caráter cristão pode e deve esperar
de Cristo o critério
hermenêutico mais alto e mais afiado.

Apesar de não
crerem que Jesus possa ter sido vegetariano, em
virtude daqueles argumentos que
contestei neste artigo, afirmam
que Jesus contestou todo o sistema de pureza
religiosa através
de sacrifícios animais e exclusão social, atingindo em cheio
o
coração da religião sacrificial ao contestar o Templo de
Jerusalém, que
havia se tornado um covil de ladrões, e fincam aí as
bases de seus argumentos.

A perícope principal
utilizada é aquela da “expulsão dos vendilhões
do templo” registrada pelos
quatro evangelistas. Vejamos o registro
feito por João:

(João 2:13-21): “Estava


próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu
para Jerusalém. Encontrou no
templo os vendedores de bois,
ovelhas, e pombas, e os cambistas sentados. Fez
um açoite de
cordas, expulsou todos do templo: tanto ovelhas quanto os
bois;
também espalhou as moedas e virou as mesas dos
cambistas. E disse aos que
vendiam as pombas: Tirai estas
daqui. Não façais da casa de meu Pai casa de
comércio. […]
Que sinal nos mostras para fazeres isto? Em resposta,
disse-lhes
Jesus: Destruirei este santuário e o levantarei em três dias. Então
os
judeus disseram: Este santuário foi edificado em quarenta e
seis anos e tu, em três dias, o levantarás? Ele,
porém, dizia a
respeito do santuário do seu corpo. Portanto, quando foi
levantado dentre os mortos, recordaram-se os seus discípulos de
que falava disto;
e creram na Escritura e na palavra dita por Jesus.”

A casa de
oração se tornou casa de negociadores de animais,
submetidos ao sacrifício
substitutivo de humanos para pagar com
sua morte os pecados alheios, seu
sangue era derramado nas
paredes do altar, enquanto os profetas haviam pregado
o
verdadeiro sacrifício: pureza da justiça e da misericórdia, não
vítimas
animais.

Estava em
jogo o interesse econômico da casta sacerdotal, que
ganhava parte das
oferendas. Tal sistema econômico lucrativo
que enriquecia uns e empobrecia
outros, além de assassinar os
animais, foi colocado em xeque por Jesus, que
escancarou a cruel
base em que o sistema religioso judaico estava montado.

Jesus liberta
os animais e liberta também os seus discípulos ao
fascínio do Templo. “Não
ficará pedra sobre pedra: tudo será
destruído” (Mateus 24:2).

Com sua
autoridade inclui também a libertação dos animais,
como um grupo oprimido inocente no fundo da discussão sobre qual
templo é verdadeiro. E sabia Ele que tal contestação na linha
profética o
levaria ao sacrifício de Si mesmo, como Cordeiro de Deus.
Seu corpo seria
destruído, mas se levantaria no terceiro dia!

Portanto,
encerro esta seção com a própria elucubração dos autores
[pág. 240 a 245]:

“Jesus mesmo foi sacrificado, em pessoa, no lugar dos


sacrifícios
animais que ele desbancou com o sistema de oferendas e
sacrifícios
do Templo. Teria sido temerário desarranjar a ordem
sacra não fosse ele
mais do que um profeta, o próprio Filho de Deus
com a autoridade do Pai […].
Jesus liberta do sistema sacrificial não
passando por cima, mas atravessando o
sistema ao meio, carregando
sobre si as misérias e a violência do sistema, sem,
por sua vez,
praticar sacrifício, o que seria a volta da violência […]. Ele é
agora,
segundo João, o verdadeiro Cordeiro vindo de Deus que tira o pecado
do
mundo. O pecado que acabava pesando sobre bodes
expiatórios inocentes é
assumido por Deus.”
“[…] a sua presença, a sua atitude, a sua palavra, o testemunho
de
uma libertação inegável, o espalhar-se de uma luz evangelizadora
cuja
síntese é “libertação” para humanos – e conjuntamente,
para animais. Sobre os animais
não pesará mais o sacrifício que
lhes rouba a inocência e os submete a
sofrimentos e morte por
uma religião montada como sacra mentira. O Cordeiro de
Deus
não liberta somente os humanos, mas todos os cordeiros e bodes
inocentes,
todos os animais votados ao sacrifício. Este
acontecimento é a sua própria
páscoa reveladora: na sua pele feita
bode expiatório, culpabilizado pela
impureza das paixões humanas
ocultas e destinado à crucificação, emerge e se
revela nele o inocente
e compassivo Cordeiro de Deus, fonte de pura vida sem
violência e
sem sacrifício, nem na forma de vingança divina.”

“Em outras palavras: os que executaram Jesus, pretendendo cumprir


a lei e a ordem, tinham a legitimação religiosa do sacrifício do bode
expiatório – “que um só homem morra pelo povo” (Jo 11,50) –
expulsando-o para a
morte. Jesus devia morrer, assim, como bode
expiatório. Mas sob o bode
expiatório emerge e se revela, na
verdade, o Cordeiro pascal definitivo, o
libertador dado por Deus
a toda criatura”

“Reconhecer Cristo sofredor e crucificado em todos os seres


vivos
que são submetidos a essa arbitrariedade satânica ou, na
direção inversa,
reconhecer nesses sofrimentos inocentes o
próprio Cristo, é um exercício de
conhecimento do mistério da
paixão e cruz de Cristo.”

“POR QUE O EVANGELHO DEVERIA SER SOMENTE PARA


HUMANOS?”

A mensagem da
cruz, meus amigos, inclui também os animais. Quem
tem ouvidos de ouvir, ouça!

Aos meus
confrades espíritas, vale ainda uma mensagem final. Com o
pedido de que ao ler
a última palavra “irmão”, a essa altura você
possa ver nela também os animais:

“O cristão não oferece prendas materiais, pois que


ESPIRITUALIZOU
O SACRIFÍCIO, mas o preceito não tem menos
força para ele. Oferecendo sua alma
a Deus, deve apresentá-la
purificada. Ao entrar no templo do Senhor, deve
deixar lá fora
todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau
pensamento
contra seu irmão” [17].

.
Fundamentos Apócrifos e de outras Tradições Cristãs.

A ideia de
que Jesus seria vegetariano puro (ou estrito), tendo-se
abstido de peixe e outros
animais por toda a vida é antiga, provém
de evangelhos apócrifos escritos
por grupos cristãos herméticos
do Egito e da Ásia Menor no segundo e terceiros
séculos da nossa
era. Sem generalizar, estes grupos evitavam consumir
animais por
causa de suas crenças panteístas, isto é, criam que Deus estava em
todos os seres vivos. Como mencionado no início deste artigo, muitos
destes grupos
foram perseguidos e condenados pela Igreja Católica,
sobretudo após a sua
aliança com o imperador Constantino, quando
do primeiro concílio de Niceia em
325.

Tanto naquela
época quanto na era moderna, muitas vertentes
cristãs creem no
vegetarianismo como caminho espiritual e que
esta era a dieta original
proposta por Deus, como é o caso dos
Adventistas do Sétimo Dia. E é
interessante notar que sua precursora
Ellen White realizou seu trabalho
espiritual cristão justamente no
século 19, ali onde despontou o clarão da
Doutrina Espírita codificada
por Allan Kardec.

Vejo muitos confrades


espíritas afirmando que o Espiritismo nascente
não pregou o vegetarianismo pois
o século 19 não estaria maduro
para tanto. Rejeito peremptoriamente esta
ideia por no mínimo
dois motivos. Há fanatismo aí. O primeiro tendo em
vista a já citada
obra de Ellen White, contemporânea de Kardec, que juntamente
com
diversos outros movimentos de proteção animal e da natureza
despontaram em
vários países já no século 18.

É um fato histórico
que os séculos 18 e 19 foram marcados por
uma progressiva consolidação de uma
nova sensibilidade da
humanidade em relação aos animais e à Natureza em
contexto
europeu, tendo como marco a criação
de várias instituições
internacionais de proteção animal, incluindo campanhas
antivivisseccionistas, apelos ao vegetarianismo e elaboração de leis
em combate
aos mais diversos tipos de maus-tratos, assim como
muitas obras publicadas
defendendo explicitamente que os humanos
têm deveres morais relevantes para com
os animais. O historiador
Keith Thomas comprovou muito
bem isso através de inúmeros
documentos no seu clássico livro O Homem e o Mundo
Natural –
Mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-
1800).

.
Como
pesquisador e profissional do Direito Animal eu poderia citar
aqui ao menos 10 respeitados
autores dessa época pleiteando uma
nova ética de respeito aos animais. Por
exemplo, Humphry Primatt
(1735 – 1776), nascido em Londres,
Reino Unido, escreveu a obra “A
Dissertation on the Duty of Mercy and Sin of
Cruely to Brute Animals,
em português: “Uma Dissertação acerca do Dever de
Misericórdia e o
Pecado da Crueldade contra os Animais Brutos”. Diz a notável
filósofa
Sônia T. Felipe em um de seus brilhantes artigos sobre o autor:

“Apresento,
neste artigo, as teses centrais, extraídas da
argumentação de Humphry Primatt, elaborada
em 1776, em The
Duty of Mercy, em defesa da coerência moral humana na
consideração
da dor e do sofrimento de animais humanos e não
humanos. Os argumentos de
Primatt, críticos à filosofia moral
tradicional, por seu antropocentrismo, e
radicais no emprego do
princípio da igualdade, contrário a todas as formas
de
discriminação moral, são hoje centrais à ética de Peter Singer,
Tom Regan e
Richard D. Ryder, e sustentam a proposta de se
estabelecer um novo estatuto
jurídico para os animais. Se os
animais estão sujeitos à inflição de dor e
sofrimento, por parte de
humanos, devem ser incluídos, como sujeitos de
direitos, no âmbito
da proteção legal constitucional, tese defendida por Gary
L. Francione
e Steven M. Wise.” [18]

O segundo motivo
pelo qual discordo desta afirmativa é que o
Espiritismo nascente não deixou de
tratar do tema, sobretudo a
partir da edição definitiva de O Livro dos
Espíritos em 1860. O
princípio espiritual dos animais, sua evolução,
inteligência e
capacidade de sentir foram abordados, bem como a utilidade de
se
abster de consumi-los, como se pode ver nas questões 722,
734, 735, ainda que
modestamente, vindo a ser melhor
desenvolvido e aprofundado nas obras espíritas
subsidiárias.

Para não
deixar de citar, vejamos a questão 735. No seu estado atual,
o homem tem
direito ilimitado de destruição sobre os animais? “Esse
direito é regulado
pela necessidade de prover à sua alimentação e à
sua segurança; o abuso jamais
foi um direito.” Sabe-se que hoje em
dia os maiores consumidores de animais
do mundo comem por gula
e não por necessidade. Afinal, o ser necessita em
verdade de
nutrientes, todos dispostos no reino vegetal, sem a necessidade do
massacre de animais.

Por fim, essa


afirmativa é ingênua, pois o vegetarianismo é milenar
ao redor do mundo,
Hinduísmo, Budismo, Jainismo, Sikhismo, Hare
Krishnas, Taoísmo, Quakers,
Essênios, Pitagóricos e etc sempre
prescreveram o vegetarianismo por motivos éticos
e/ou religiosos.

Segundo os
Adventistas do Sétimo Dia o regime original dado por
Deus à humanidade é o
vegetariano (Gn 1:29), que deve ser
seguido sempre que possível para uma
boa saúde. Além do Gênesis,
destacam provérbios 23:20, bem como a história de
Ofni e Finéas nos
primeiros capítulos de 1 Samuel que demonstram como o consumo
abusivo de animais pode despertar nas pessoas comportamentos
imorais, dentre
outros textos bíblicos [19].

Entre seus
pioneiros está Ellen White, cujos escritos são tidos pelos
adventistas como
inspirados por Deus. Ellen G. White foi uma pessoa
de notáveis talentos
espirituais, que viveu a maior parte de sua vida
durante o século 19
(1827-1915). Os Adventistas creem que ela foi
apontada por Deus para ser uma
mensageira especial, a fim de atrair
a atenção de todos para as Sagradas
Escrituras, e ajudá-los a se
prepararem para a segunda vinda de Cristo. [20]

Ela encorajou
uma dieta rica em alimentos vegetais “preparados da
maneira mais simples e natural
possível” como a mais saudável e
nutritiva. Essa dieta iria “transmitir uma
força, um poder de
resistência e um vigor de intelecto, que não são
proporcionados por
uma dieta complexa e estimulante” [21].

Por mais de
150 anos, os adventistas defenderam uma dieta
vegetariana para uma boa saúde.
Sua Associação dos Médicos
Adventistas já declarou no século 21 sua posição
oficial sobre o
tema do vegetarianismo, com base em documentos do Conselho
de
Nutrição da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
Para eles, “evidências científicas acumuladas ao longo do
último meio
século mostraram conclusivamente que uma dieta vegetariana bem
balanceada não somente é nutricionalmente adequada, mas também
transmite
benefícios para a saúde. Muitas doenças crônicas (como a
doença cardíaca,
derrame cerebral, câncer, diabetes tipo 2 e
obesidade) podem ser prevenidas ou
tratadas ao se seguir uma dieta
vegetariana. Dietas vegetarianas bem planejadas
têm se mostrado
apropriadas para indivíduos durante todas as fases do ciclo de
vida,
incluindo gravidez, lactação, infância, e adolescência, bem como
apoia o
desempenho atlético superior” [21].

Como se pode
observar, os Adventistas orientam a alimentação de
seus adeptos com base em
preceitos religiosos e científicos, através
de suas associações de médicos e
nutricionistas. Diferentemente do
que ocorre no movimento espíritas, onde as
associações médico
espíritas, até  onde
sei, não divulgam qualquer orientação
nutricional neste nível, pelo contrário,
sequer há palestras de
médicos espíritas falando sobre a importância do
vegetarianismo (ao menos desconheço) e nem a Federação
Espírita Brasileira
oferece em seu canal oficial alguma cartilha
sobre nutrição ou defesa da vida
dos animais.  

O Evangelho dos Doze


Santos.

Outra fonte,
é a obra O Evangelho dos Doze Santos, publicada
primeiramente no final do
século 19 por G. J. R. Ouseley (1835–1906)
em forma de folhetim no jornal The
Lindsey & Lincolnshire Star [22].

Esta obra,
com diversas edições, cercada de mistérios, apresenta um
Jesus vegetariano
puro. Na sua apresentação, é narrado que nos
últimos séculos, muitos
fragmentos do evangelho, denominados
logions, foram descobertos em
velhas bibliotecas e em escavações
arqueológicas. E que nesse evangelho se
encontram os
ensinamentos de Cristo referentes ao amor universal, ao
vegetarianismo e ao amor pelos animais, bem como os seus
sacrifícios são nele
explicitamente repudiados. O texto rejeita os
escritos do Velho Testamento
em que o sacrifício de animais e até
mesmo de primogênitos era visto como
natural.

Ouseley afirma:
“Os primeiros Pais da Igreja cristã destruíram as
fontes e informações dos
evangelhos, retirando-os da Bíblia, mas
nem tudo conseguiram destruir. Mediante
investigação meticulosa,
cada vez mais coisas são descobertas, e é assombroso
de ver como o
mundo foi enganado por eles” [22].

Narra que “esses


‘corretores’ retiraram dos evangelhos certos
ensinamentos de Jesus relativos à
alimentação carnívora e ao
álcool, instruções quanto ao trato
amoroso com os animais e até
mesmo ensinamentos interessantes que, com
frequência, aparecem
nos escritos sagrados do Oriente, pois não desejavam
segui-los. Os
corretores foram assalariados pelos Pais da Igreja durante o
Primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) para, entre outras coisas,
adequar os
textos dos evangelhos de modo tal que o imperador
Constantino abandonasse sua
resistência ao cristianismo.
Constantino era muito afeito às carnes e ao
vinho em seus banquetes
noturnos, durante os quais alimentos cárneos eram
copiosamente
servidos e o vinho fluía em abundância. Os 318 bispos ali
presentes e
seus partidários participaram disso totalmente convictos do que
faziam” [22]

Para Ouseley,
nos evangelhos originais foi feito com certa insistência
a recomendação de não
se fazer uso de carne e vinho, porém, em
publicações posteriores isso foi
retirado pelos interesses dos
bispos, do imperador e sua comitiva, passando-se
até mesmo a
interpretar o mandamento “não matarás” como não aplicável
aos
animais. Sua morte, portanto, não representaria nenhum
assassínio. Para
ele, Cristo era tanto salvador da humanidade
quanto do mundo animal, e Jesus
teria se empenhado em aliviar
o sofrimento de todos os seres vivos.

Sobre o
mandamento não matarás e os animais, já informei em
vários textos e palestras o
entendimento espírita, com base em Jesus.
Retomarei este tema no final deste
artigo quando apresentarei a tese
sobre Jesus como fundamento para a libertação
animal (e humana).

Por fim, diz Ouseley:

“O oniabarcante amor do Salvador não é apenas pela


humanidade, mas
também pelas assim chamadas criaturas
inferiores de Deus. Elas compartilham conosco o mesmo alento de
vida e seguem conosco
o mesmo caminho para o que é mais elevado.
[…] Como, pois, poderíamos
duvidar da compaixão do Salvador
pelas criaturas que, em silêncio, devem
suportar dor? Não seria um
contrassenso caso ele contemplasse sem compaixão
os maus
tratos aos animais indefesos? Se o homem tivesse aberto o coração
à
mensagem de amor quando ele trouxe a salvação ao mundo que
estava mergulhado na
obstinação, no egocentrismo e na miséria,
anunciando a mensagem do amor
oniabarcante a toda criatura,
então não se mostraria duro e sem compaixão com outras
criaturas
de Deus que, assim como ele, foram chamadas à vida e são passíveis
de
experimentar alegrias e sofrimentos. Os que têm o Salvador como
modelo
professam amor e compaixão por todas as criaturas. […] A
quantos terríveis
tormentos não se encontram expostas essas
criaturas em nome de uma pretensa
ciência, para a satisfação de
nossas necessidades naturais, ou então por
vaidade!” [22]

Estes temas pulularam


no século dezenove, aos quais muitos
escritores e inspirados, como Ouseley
acima, tentavam dar uma
resposta.

.
O Vegetarianismo Cristão
Contemporâneo.

O
vegetarianismo cristão é a prática de manter um estilo de vida
vegetariano por
razões ligadas ou derivadas da fé cristã. As três
razões principais são
espirituais, nutricionais e éticas. As razões éticas
podem incluir uma
preocupação com a criação de Deus ou uma
preocupação com o bem-estar animal (ou
ambos). Da mesma forma,
o veganismo cristão é a abstenção do uso de todos os
produtos
de origem animal por razões ligadas ou derivadas da fé cristã.
[23]

Algumas
ordens religiosas de várias igrejas cristãs praticam
estritamente o vegetarianismo
cristão, incluindo franciscanos,
trapistas, cartuxos e cistercienses. Vários líderes da Igreja
recomendaram o vegetarianismo,
incluindo John Wesley (fundador da
Igreja Metodista), William e Catherine Booth
(fundadores do Exército
de Salvação), William Cowherd da Bíblia Christian
Church e Ellen G.
White da Adventistas do Sétimo Dia, já citada. Cowherd, que
fundou a
Igreja Cristã da Bíblia em 1809, ajudou a estabelecer a primeira
Sociedade Vegetariana do mundo em 1847. [23]

Organizações como a Christian Vegetarian Association (CVA)


trabalham ativamente para promover o conceito. A CVA é uma
organização vegetariana cristã internacional e não-denominacional
que promove a administração responsável da criação de Deus
através da alimentação baseada em plantas. A CVA produziu o filme
de 2006, Honrando a Criação de Deus.

Outra
organização é a Sarx, britânica, que visa “capacitar os cristãos
a
defender a causa dos animais e viver pacificamente com todas as
criaturas de
Deus”. A Sarx publica entrevistas com veganos e
vegetarianos cristãos
em seu site e estimula as pessoas a falarem em
igrejas no Reino Unido sobre
tópicos como cristianismo e veganismo,
bem-estar e fé animal, criação e
animais.

O CreatureKind
é uma organização que existe “para incentivar os
cristãos a reconhecer
razões baseadas na fé para se preocupar com o
bem-estar de outras criaturas
animais usadas para alimentação e
para tomar ações práticas em resposta”.
Foi fundada por David
Clough, professor de ética teológica da Universidade de
Chester, e é
dirigido por Clough e Sarah Withrow King, uma autora americana e
diretora adjunta do Sider Center na Eastern University. O
CreatureKind produz
um curso para as igrejas, o que facilita que os
grupos pensem sobre como os
cristãos devem enxergar e tratar os
animais.

O Catholic
Concern for Animals (CCA) é uma instituição de caridade
que exorta os
católicos a “cuidar de toda a criação [de Deus]”. A CCA
promove há muitos anos uma dieta vegetariana/vegana como uma
maneira de cuidar
da criação, em particular dos animais.

O grupo
Evangélicos pela Ação Social sugeriu que uma dieta
vegana é uma maneira de
demonstrar amor e compaixão cristãos por
animais de criação e argumenta em
particular que é assim que uma
ética consistentemente pró-vida se parece.

A Christian
Vegetarians and Vegans UK é uma organização que
busca promover um estilo de
vida vegetariano/vegano na Igreja no
Reino Unido.

Por fim, Andrew


Linzey (nascido em 2 de fevereiro de 1952) é um
sacerdote anglicano inglês,
teólogo e uma figura proeminente no
vegetarianismo cristão ou The Christian
Vegetarian Movement. Ele
é membro da Faculdade de Teologia da Universidade
de Oxford e
ocupou o primeiro posto acadêmico do mundo em Ética, Teologia e
Bem-Estar Animal.

Linzey é o
fundador e diretor do Centro Oxford de Ética Animal, um
centro acadêmico
independente aberto em novembro de 2006 para
promover o estudo e a discussão
sobre ética animal. Ele é autor de
vários livros sobre direitos dos animais,
incluindo Direitos dos
Animais: uma perspectiva cristã (1976), Cristianismo
e os direitos
dos animais (1987), Teologia animal (1994) e por que o sofrimento
dos animais é importante: Filosofia, Teologia e Ética Prática
(2009) [23].

Isso tudo
para demonstrar como que a tese de um Jesus comedor
de animais cada vez mais
cede espaço para um Jesus libertador
dos animais, de maneira vertiginosa na
modernidade, sobretudo a
partir do século 18. As demais tradições cristãs, como
o Espiritismo,
não deveriam perder o bonde da história.

Fundamentos Espiritualistas
.

O título
desta seção tem apenas um único objetivo, o de ser
abrangente, usando o gênero
espiritualista para abranger autores
que tratam da doutrina espiritualista, e
não de suscitar qualquer
discriminação a quem quer que seja, como por exemplo Ramatis
e
Roustaing. A aprovação ou desaprovação destas duas obras não
estão em xeque
neste artigo. Qualquer desvio deste foco é por conta
própria dos leitores.

Igualmente
com esta classificação não desejo fazer coro à divisão que
comumente se faz no
movimento espírita entre “obras espíritas” e
“obras espiritualistas”, nem
opinar sobre ela. O intuito desta seção é
bem outro: demonstrar os variados
caminhos de compreensão da
alimentação e relação da sublime figura
de Jesus com os animais,
para ao final oferecer uma tese sobre esta relação,
após este longo
percurso entre argumentos e fundamentações.

Resumidamente,
Ramatís é um mestre espiritual que psicografou
dezenas de obras pelo médium
Hercílio Maes, dentre outros
médiuns, desde 1955. Diz-se que em vidas passadas
foi o grande
matemático e filósofo Pitágoras (570 – 496 a.C), bem como Filon de
Alexandria (30 a.C – 40 d.C), período em que desfrutou da companhia
de Jesus.
No mundo espiritual, desempenha insigne papel de divulgar
os ensinamentos de
Jesus e a antiga tradição espiritualista do
Oriente. [24]

O conteúdo
moral de sua obra é fascinante, bem como a ênfase e
sinceridade que abordou a
necessidade da transição de hábitos
alimentares para o vegetarianismo, por
diversas razões,
mediunidade, temperamento, moral, sofrimento animal,
dentre
outros. Ramatís também não deixou de falar da alimentação de Jesus
e sua
relação com os animais, foco deste artigo.

Narra que nos


dias de Sua infância:

“Em dias de
matança, Jesus espantava os animais para longe,
numa tentativa de
evitar-lhes a morte. Ninguém podia matar
qualquer animal em sua presença;
fato que o deixava febril e o fazia
fugir do local. Curtiu noites de insônia,
depois que viu, estarrecido,
bois tombarem feridos mortalmente pelas lanças dos
magarefes” [25]

.
Quanto a Sua alimentação,
destacou:

“Jesus, a fim
de não reduzir o seu contato com o Alto, ante o assedio
tenaz e vigoroso das
forças das trevas, mantinha sua mente límpida e
governava com absoluta
segurança graças aos longos jejuns, em que
elimina todos os resíduos astrais,
perturbadores dos veículos
intermediários entre o plano físico e espiritual. […]
Evitava sempre a
alimentação descuidada e, quando sentia pesar em sua
organização as emanações do astral inferior, diminuía a
resistência material ao
seu espírito praticando o jejum, que lhe
favorecia maior libertação para o seu
mundo celestial.” [26]

“Nunca
vimos Jesus partindo nacos de carne ou oferecendo
pernis de porco aos seus
discípulos; Ele se servia de bolos feitos
de mel, de fubá e de milho, combinados
aos sucos ou caldos de
cereja, morango e ameixas” [26].

“As
figuras santificadas dos líderes espirituais do vosso mundo,
tais como Buda,
Gandhi, Maharshi, Francisco de Assis e outros,
entre os quais se destaca a sublime
figura de Jesus, deixaram-vos
o exemplo de uma vida distante dos banquetes
carnívoros ou
dos “colchões-mole” assados no braseiro das churrascarias
tétricas. É um senso comum que os
povos mais belicosos e
instintivos são exatamente os maiores devoradores de
carne, assim
como as figuras brutais, obesas e antipáticas, dos antigos césares
romanos, ferem a vossa retina espiritual pelo mesmo motivo
apontado [26].

Por fim,
destaco uma advertência importante de Ramatís, quando
enfatizou que o consumo
de animais é um desvio psíquico e que a
humanidade já ultrapassou os
prazos para a mudança deste hábito:

“Reconhecemos
que, através dos milênios já vividos para a formação
de vossas consciências
individuais, fostes estigmatizados com o
vitalismo etérico da nutrição
carnívora; mas importa reconhecerdes
que já ultrapassais os prazos
espirituais demarcados para a
continuidade suportável dessa alimentação mórbida
e cruel”
[26].

Na técnica evolutiva
sideral, o estado psicofísico do homem atual
exige urgente aprimoramento no
gênero de alimentação. O vosso
sistema de nutrição é um desvio psíquico, uma
perversão do
gosto e do olfato; aproximai-vos, consideravelmente, do bruto.
O
Comando Sideral está empregando todos os esforços a fim de que o
terrícola se
afaste, pouco a pouco, da repugnante preferência
zoofágica”. [26].

A obra “Os
Quatro Evangelhos” organizada por Jean-Baptiste
Roustaing apresenta para mim os
mais lúcidos argumentos sobre a
alimentação de Jesus.

Segundo os
espíritos que ditaram a obra “Os Quatro Evangelhos”, a
organização física de
Jesus estava num ponto intermediário entre a
nossa materialidade terrestre e a nossa
materialidade nos mundos
superiores [27]:

“Seu corpo
perispirítico era mais material do que o corpo perispirítico
do Espírito
superior, nenhuma comparação podendo, entretanto, ser
estabelecida a esse
respeito. Maior ainda era a diferença entre
esse corpo de Jesus e os vossos
corpos de lama. Aquele
participava em grande escala do corpo do homem nos
mundos
superiores, por isso que se compunha dos mesmos elementos,
mas
modificado, solidificado por meio dos fluidos humanos ou
animalizados, de
modo a manter-se, segundo a vontade do Mestre e
as necessidades da sua missão
terrena, visível e tangível para os
homens, com todas as humanas aparências
corporais do vosso
planeta.” (“Os Quatro
Evangelhos”, Tomo I, item 14) [28].

Segundo essa
concepção, notadamente, é de se esperar que a
alimentação e necessidades
físicas de Jesus sejam diferentes a dos
seres humanos comuns, no atual grau
evolutivo. Mas, antes de
apresentar o entendimento desta obra sobre este ponto,
vejamos um
pouco mais da Sua organização física:

“Já vos
dissemos (n. 14) e chegou o momento de o explicarmos: Por
sua natureza, o
corpo que Jesus revestiu não foi mais do que um
espécime, prematuro entre vós,
do organismo humano tal qual
virá a ser, daqui a muitos séculos, em alguns
pontos do vosso
planeta, para a encarnação de Espíritos que terão atingido,
nessa
época, um certo grau de elevação. Que a verdadeira ciência, isto é,
aquela que não tem o preconceito da imobilidade, observe o passado
e o que hoje
é futuro, à medida que o tempo for correndo, e
descobrirá os precursores
materiais dessas organizações que, neste
momento, ainda parecem impossíveis.” (QE, Tomo 1. Item 64) [28].
.

Portanto, em
se tratando de um corpo mais evoluído, futuro da
espécie humana, essa
organização fluídica não padecia das
necessidades físicas terrenas, nem quanto
à alimentação, nem
quanto ao sono, embora, quando o quisesse, pudesse simular o
ato
de alimentar-se ou mesmo de dormir, conforme fez junto aos
apóstolos, materializado
depois do episódio do Calvário (Lc.24:36-48),
e no episódio da tempestade
(Mt.8:23-27, Mc.4:35-41; Lc.8:22-25) [27].
Vejamos alguns trechos:

“Ele não
estava sujeito a nenhuma das necessidades da existência
material humana. Só na
aparência, exteriormente, para exemplo, as
experimentava” (“Os Quatro Evangelhos”, Tomo I, item 14) [28].

“Nele (já o
dissemos) o corpo, dada a sua natureza perispirítica sob a
aparente
corporeidade humana, era inacessível a toda e qualquer
alimentação material
em uso entre vós”. (“Os Quatro Evangelhos”,
Tomo I, item 47) [28].

“A
alimentação material não é, pois, necessária, nem possível,
senão ao homem
revestido de um corpo material, nos mundos
materiais. Quando o Espírito encarna, ou, melhor, incorpora
fluidicamente em
mundos superiores, onde o corpo é de natureza
perispirítica, a vida e a
nutrição se mantêm pela absorção dos
fluidos ambientes apropriados”. (“Os Quatro Evangelhos”, Tomo I,
item 64) [28].

“Jesus, vós o
sabeis, não estava sujeito ao sono, nem a nenhuma
outra necessidade da
existência humana”. (“Os Quatro
Evangelhos”,
Tomo II, item 108) [28].

Dessa
maneira, não haveria necessidade do consumo de
alimentos, e em razão da
sua ética divina, muito menos se
alimentaria de animais, a não ser, como tenho
dito, com algum
propósito superior através de sua pedagogia do amor, e não como
endosso ou prescrição do consumo de animais.

Alimentação e Evolução
Espiritual – Edson Ramos de Siqueira

.
O professor
de etologia Edson Ramos, expositor e escritor espírita,
escreveu esta notável
obra, a qual me presenteou gentilmente em
2016. Sob à ótica espírita e
científica, o amigo faz um apanhado do
vegetarianismo pelo mundo, dentre outras
questões relevantíssimas,
e aborda também a alimentação de Jesus e Sua relação
com os
animais. Muito relevantes foram os seus argumentos, vejamos:

“E, quanto a Jesus Cristo; teria sido Ele um consumidor de


carnes?

Grande parte da humanidade tem certeza que sim. Cabe nos


entretanto, um profundo exercício mental que, certamente, levará à
conclusão
lógica. Lembremos algumas máximas de Jesus: – “Amai o
próximo como a si mesmo”.
Com esta frase Ele não quis dizer que
apenas os humanos são nossos próximos,
como pensa a grande
maioria; mas todos os seres vivos. Logo, osacrifício de qualquer
animal seria incompatível com o pensamento
e ação de Espíritos
de elevado padrão evolutivo. – “Este é o meu mandamento: amai-
vos uns aos outros, como eu vos
amei”. É fácil inferir dessa frase que,
se Ele ama todos os seres com a mesma
intensidade, e nos pede para
amarmos uns aos outros, devemos, antes de mais
nada, respeitar a
vida. Ninguém tem o direito de tirar a vida de alguém,
independentemente da espécie animal. – “Ninguém tem maior
amor do que
aquele que dá a vida por seus amigos”. Dar a vida pelos
amigos é um ato de
amor; tirar a vida é um ato de violência. –
“Então Jesus disse: segue
teu caminho e não maltrate os animais,
para que tu, por tua vez, encontre um
dia a misericórdia”. O grau
máximo da escala de maltrato aos animais é
quando são mortos
pelo homem.

As palavras Divinas não devem ser interpretadas parcialmente;


portanto, essas quatro máximas permitem concluir, com segurança,
que Jesus
jamais ingeriria um alimento típico de espíritos de
incipiente grau evolutivo
como nós, meros habitantes de um
planeta de provas e expiações, onde o
desconhecimento da verdade
sobre a eterna vida do espírito é ainda uma
constante, mesmo no
meio dos intelectualmente privilegiados.”

Imaginar que Jesus tivesse sido onívoro enquanto encarnado,


seria
rebaixá-Lo ao nível dos espíritos infantis sob o ângulo
evolutivo, taxando-o de
violento e hipócrita. Representaria um
desrespeito, uma afronta de
impressionante magnitude ao
iluminado Mestre. Já temos um grau de inteligência
suficiente
para que sejamos coerentes na análise e interpretação dos
escritos
ao longo dos milênios. Não persistamos em erros
oriundos de crenças infundadas
e das imposições dogmáticas
seculares” [29].

.
Enfim,
caminhemos para a conclusão deste ensaio a favor de uma
ética inclusiva a todas
as espécies.

Jesus à luz do Espiritismo

O Evangelista
João concluiu o seu Evangelho dizendo que há ainda
muitas outras coisas que
Jesus fez, mas que não caberia em
todos os livros do mundo se fosse escrito.
Diante disso, tanto o
Espiritismo quanto outras tradições espirituais (como
demonstrado)
têm resgatado as boas novas de Jesus, desdobrado e explicado as
suas lições já conhecidas, sem o véu da letra e restaurado as
deturpações realizadas.

E a Doutrina
Espírita, no que concerne às mensagens dos bons
espíritos, tem cumprido um
papel fundamental neste propósito, só
que ainda negligenciado pelo movimento
espírita,
especificamente no que tange a um Jesus amigo, protetor e
libertador
dos animais.

As
consequências mundiais da apresentação histórica de um
Jesus consumidor de
animais são gravíssimas, uma vez que
estamos
falando do ser mais conhecido e que mais influenciou a
história! Os reflexos estão
aí aos olhos de todos: sociedades doentes,
crise ambiental sem precedentes,
pandemias, hecatombes de
animais confinados e mortos aos trilhões anualmente…

O
cristianismo dos homens tem dado ao Divino Amigo Jesus o título
de maior
especista e antropocêntrico da Terra, e fazer um resgate
do Cristianismo do
Cristo, é dever que se impõe.

Há uma dívida
histórica neste particular, que precisamos pagar
através do ensino de
uma Ética de Libertação Animal
fundamentada em Jesus, como algumas vertentes já têm realizado,
como vimos.

Se faz urgente
que a humanidade não mais se coloque entre Jesus
e os animais. Ao invés,
construa uma ponte utilizando os escombros
do muro erguido – dos arcaicos conceitos
que os separaram.

.
Qualquer
tradição cristã, que ignorar essa realidade, perderá o bonde
da história neste
particular.

Urge,
portanto, sustentar a tese de um Jesus à luz do Espiritismo,
para que se
desenvolva e se realize no movimento espírita um
programa prático de ética
divina, espírita, cristocêntrica, com
vistas à Libertação Animal, humana e não-humana!

Todo os
caminhos até aqui percorridos desembocam diretamente
nesta ética, bastando
organizá-la, na conclusão a seguir, à luz do
Espiritismo.

Que possamos,
unidos, nos responsabilizarmos por este propósito.

JESUS E A ÉTICA DIVINA DA


LIBERTAÇÃO ANIMAL: humana e
não humana.

Um clarão fulgurante
varou as trevas terrenais. Era uma luz
balsâmica, diferente, que fez raiar um
novo dia, ainda que sendo
noite nas consciências humanas.

O encontro marcado mais


esperado da Terra, que soava como um
sonho no coração de todas as criaturas,
havia finalmente chegado.

Na manjedoura, já toda a
lição. Ele, a humanidade (encarnada e
desencarnada) e os animais, unidos.

Disse o anjo à mãe: “Alegra-te,


agraciada, o Senhor está contigo”
[Lucas 1,28].

E ao povo: “Não tenhais


medo! Eis que vos trago boas-novas de
grande alegria” [Lucas 2:10].

Foi naquela manjedoura simples


que raiou a Luz do Mundo. E ali,
como disse Emmanuel, que “O Senhor
encontrou junto dos animais
o seu primeiro lar, na insegurança da estrebaria”
[30].

.
Eles, os irmãos menores, o
receberam. “– Não fossem os anfitriões da
estrebaria e talvez a Boa Nova
tivesse seu aparecimento
retardado” [31].

O natalício do Mestre já ditava


o caminho de todo o Seu divino
apostolado. A Boa Nova era para todas as
criaturas,
indistintamente.

Porém, muito antes, Ele


mesmo havia forjado os alicerces terrenais.
Desde o princípio, nunca estivemos
órfãos.

Pois é sob a direção de uma


Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos
pelo Senhor Supremo do Universo que “se
conservam as rédeas
diretoras da vida de todas as coletividades planetárias”.
Dessa
Comunidade, participa Jesus [32].

À maneira de um Divino
Escultor, com Suas mãos augustas e
compassivas, Jesus “operou a escultura
geológica do orbe terreno,
talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual
o seu coração
haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça” [32].

Tanto zelo e pureza,


antes de nós. Já desde há bilhões de eras.

Junto dos seus ministros


do amor estatuiu os regulamentos dos
fenômenos físicos da Terra e organizou o
cenário da vida, “criando,
sob as vistas de Deus, o indispensável
à existência dos seres do
porvir” [32]. Todos eles, humanos e não-humanos.

Ele
foi o verbo na criação terrestre. “A ciência do mundo não lhe viu
as mãos
augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o
organismo do
Globo. Substituíram-lhe a providência com a
palavra “natureza”, […]
mas o seu amor foi o Verbo da criação do
princípio, como é e será a coroa
gloriosa dos seres terrestres na
imortalidade sem fim” [32].

Desse modo, a
vinda do Cristo ao mundo corporal, há dois milênios,
reflete o Seu amor a todos
os seres.

.
Sua condição
de Co-criador da Terra, há bilhões de anos, dá o
indispensável à existência de
toda a Natureza e os seres que a
compõem.

Sua
Governança Espiritual é o maior presente já recebido de
Deus, o maior exemplo a
ser seguido.

Um Messias,
como Jesus, já ultrapassou há incomensuráveis evos o
nível evolutivo da fase de
humanidade, chegando ao mais alto grau
da hierarquia celeste [33].

Seu amor não


encontra definição no vocabulário humano, muito
menos pode ser limitado a
determinada espécie, gênero, etnia,
religião, nacionalidade…

Angélico, Um
com o Pai, revelou em si mesmo que “A lei é conjunto
eterno de deveres
fraternais: Os anjos cuidam dos homens, os
homens dos animais”, como
já disse Casimiro Cunha [34].

Como é
possível, então, como se tem feito, circunscrever o Seu amor
somente à
humanidade? Ostentar um Jesus endossador da
coisificação dos animais?

Divulgar um
Jesus especista e antropocêntrico é um dos maiores
equívocos que se tem feito, com
enormes consequências a todos
os seres da Terra!

À luz do
Espiritismo e da boa ciência não se pode conceber que o
Cancioneiro das
Bem-aventuranças limitaria sua Doutrina Celeste
somente à espécie humana.

Desde cedo,
demonstrava sua Grandeza, como disse Emmanuel:
“Decerto, mostrava o Senhor,
desde cedo, acendrado amor pelas
criaturas. Na intimidade do lar, em Nazaré,
muita vez teria conduzido
ao carinho maternal esse ou aquele faminto da estrada
ou um ou
outro animal doente…” [35].

Sua mãe
terrena e mãe de todos, a Rainha dos Anjos, junto da cruz
recordava que “desde
os mais tenros anos, quando o conduzia à
fonte tradicional de Nazaré, observava
o carinho fraterno que
dispensava a todas as criaturas.” [36].

Fora toda uma


vida sem mácula. Não poderia ter agido com as
vicissitudes de um homem comum,
só para se fazer igual, pois
não o era. Sua lição era nova, pois vivida, uma
Boa Nova.

Essa
constatação, apesar de óbvia, deveria implicar em profundas
mudanças na maneira
como nós cristãos espíritas nos relacionamos
com as demais espécies e
ecossistemas, desde a alimentação,
vestuário, entretenimento, etc, sobretudo
nos espaços espíritas, que
falam pela Doutrina.

Pois se temos
Jesus como Modelo e Guia [37], como não nos
esforçarmos
para respeitar e cuidar dos animais e da Natureza,
violando os sagrados
“deveres fraternais”?

Tão por isso


nos rogou Emmanuel: “Recorda os elos sagrados que
nos ligam uns aos outros
na estrada evolutiva e colabora na
extinção da crueldade com que até hoje
pautamos as relações
com os nossos irmãos menores” [38].

Sublimar os
hábitos crueis aos animais e ecossistemas não se trata
de um simples ato de
caridade, e, sim, de um “dever sagrado” do
verdadeiro cristão, de justiça, amor
e caridade, com base no Sublime
Ecólogo.

Afinal, já
havia dito Allan Kardec: “reconhece-se o verdadeiro espírita
pela sua
transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações
más” [39].

Reforçar a
cultura da carne nos espaços espíritas, relegando esta má
inclinação ao campo das
coisas secundárias e desimportantes, como
se não fosse de interesse evangélico,
é renegar a própria finalidade
de Jesus através da Doutrina Espírita.

Ao menos, se
não tanto pelos animais e ecossistemas, pela saúde dos
homens, mulheres,
crianças. Advertiu Emmanuel: “O estado precário
da saúde dos homens,
nos dias que passam, tem o seu ascendente
na longa série de abusos individuais
e coletivos das criaturas,
desviadas da lei sábia e justa da Natureza. A
civilização, na sua
sede de bem-estar, parece haver homologado todos os
vícios da
alimentação [40].

Precisamos superar
o modelo antropocêntrico e especista que tanto
nos dessensibilizou dos valores
divinos dos animais e da Natureza,
refletindo Jesus.

Como imaginá-Lo ceifando


a vida de animais? O amor se
alimentando e endossando a violência?

Ele que declamou o


programa redentor das bem-aventuranças: bem-
aventurados os misericordiosos,
os que têm fome e sede de
justiça, os mansos, os pacificadores… [Mateus
5: 1-12].

Já havia dito
Neio Lucio, “a ordem de matar [os animais] não vinha
de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar.” [41]

O Cordeiro de
Deus foi justo com os animais, NÃO os justiçou.

Afinal, que tipo


de justiça aprisiona um ser inocente, contra a sua
vontade, tira-lhe o direito
de convívio com os seus, explora e encurta
substancialmente o tempo de sua
vida, condenando-o apenas por ter
nascido em uma outra espécie, a fim de que
alguém se deleite por
alguns minutos numa refeição ou entretenimento?

A Lei de
Justiça, Amor e Caridade encontra Nele próprio o seu
esplendor.

Aliás, essa
Lei Moral que resume todas as outras é também para os
animais. Como poderia ser
diferente se provém Dele mesmo? “Sede
brandos e benevolentes para com
tudo o que vos seja inferior.
Sede-o para com os seres mais ínfimos da criação
e tereis
obedecido à lei de Deus”[42].

Quanto aos
humanos que pregam o amor e abatem os seus irmãos
menores, advertiu Neio Lúcio
no conto do peru pregador: “acautelai-
vos, porém, dos falsos profetas,
que vêm até vós vestidos como
ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”
[41].
.

Até mesmo
sobre o mandamento “não matarás”, já conversado, o
próprio Mestre ensinou: “Reza
a lei do passado: – Não matarás; eu,
porém, vos digo que não se deve matar em
circunstância alguma
e que se faz indispensável a vigilância sobre os nossos
impulsos
de oprimir os seres inferiores da Natureza, porque, um dia,
responderemos à Justiça do Criador Supremo pelas vidas que
consumimos” [43].

Sobre a Sua
própria lição evangélica, rogou: “Ajuda-me a velar pelos
homens, pela
vida, pela natureza…Auxilia comigo ao ignorante e
ao doente, ao velho e à
criancinha, ao animal e à erva tenra. A
qualquer criatura ou a qualquer coisa
que ofereças o bem É A
MIM MESMO QUE O FAZES…” [44].

Cada choro de
uma mamãe animal, por ver o seu filhote arrancado
de seu seio, é a Ele que o
fazes.

Cada debater
de um peixe, em busca de oxigênio, é a Ele que o
fazes.

Cada árvore queimada,


para virar dinheiro, é a Ele que o fazes.

É a Ele que
temos feito…

Que
indiferença foi capaz de dizer que Aquele que criou o mundo se
interessa menos
por estas vidas?

“Que
está escrito na lei? Como lês?”, indaga Jesus outra vez, agora
aos doutores do mundo.

Se o Teu
Evangelho de amor não for suficiente para converter o ouvir,
olhar, sentir e
pensar um animal como um irmão menor, o que será?

Nem o
acréscimo da Codificação e das centenas de Obras
Subsidiárias bastaram para se
compreender Jesus como o maior
argumento vivo a favor de uma ética divina de
libertação
animal?
.

Que mais
precisamos, depois Dele?

Urge um olhar
a partir da vítima. Colocar-nos no lugar do outro.
Empatizar. “Portanto,
tudo o que vós quereis que vos façam,
fazei-lho também vós, porque esta é a lei
e os profetas”[Mateus
7:12].

Como
Governador da Terra, disse Ele pra que veio: “vim para que
TODOS tenham VIDA,
e a tenham em ABUNDÂNCIA.” [João 10:10].

Estamos
permitindo vida em abundância aos animais e ecossistemas?

Assim, “todo
aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica
será comparado a um homem
sábio, que construiu a sua casa
sobre a rocha” [Mateus 7:24].

Até quando
ofereceremos o Consolador Prometido apenas aos
seres humanos?

Até quando
vamos fechar o reino dos céus aos animais?

Às crianças
que precisam aprender desde tenra idade a amar os
animais?

Às mulheres e
homens que querem falar do Consolador aos
animais?

“Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas, que fechais o reino dos
céus, diante
dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar
os que estão entrando”
[Mateus 23:13].

Não que o
movimento espírita prescreva sofrimento aos animais.
Mas à medida que não
prega o bem a eles, desde a alimentação,
muito mal os faz, e contraria sua base
e referencial fundamental.

.
642. Para
agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará
que o homem não
pratique o mal? “Não; cumpre-lhe fazer o bem no
limite de suas
forças, porquanto responderá por todo mal que
haja resultado de NÃO HAVER
PRATICADO O BEM.”

932. Por que,


no mundo, tão amiúde, a influência dos maus
sobrepuja a dos bons? “Por
fraqueza destes. Os maus são intrigantes
e audaciosos, os bons são tímidos.
Quando estes o quiserem,
preponderarão.”

Tanto mal se
faz por não se ensinar uma ética animal espírita desde a
evangelização
infanto-juvenil. Enquanto lá fora os animais e a
natureza clamam pavorosamente
a Jesus o despertar da
humanidade.

Os gritos lancinantes
de um porco, por exemplo, ecoam
dolorosamente na Terra inteira! Enquanto
“o bom Pastor dá a sua
vida pelas ovelhas” [João 10:11].

Enfim…

Tudo isso para dizer que


o movimento espírita tem imensa vocação
doutrinária para ser um movimento de
vanguarda na prescrição e
vivência do amor a todos os seres, decorrente de sua
própria
literatura clássica e de sua própria Fonte Viva, Jesus Cristo.

Aliado à sua localização


temporal histórica num tempo demarcado
pelo Alto para uma crescente sensibilidade
de proteção da Natureza.
Estava na agenda do Cristo.

Por isso
temos dito sobre o conceito de Ética Animal Espírita, que é “a
conduta
moral que inclui no esforço de vivenciar a lei de Deus
não somente o bem dos
seres humanos, mas também dos não
humanos e de toda a Natureza. Via de
consequência, implica, em
um esforço gradativo e coletivo de mudança de hábitos
pessoais
e nos espaços espíritas, por meio da adoção da alimentação
vegetariana
estrita, do consumo de produtos ecológicos, do
oferecimento de tratamento aos
animais e do ensino da ética
animal desde as atividades infantis” [45].

.
Precisamos de um programa
capaz de demonstrar na prática que
JESUS É, EM VERDADE, O PRÓPRIO ARGUMENTO
VIVO A FAVOR DE
UMA ÉTICA DIVINA DE LIBERTAÇÃO ANIMAL.

É através DELE,
primeiramente, que os adeptos e simpatizantes
do Espiritismo deveriam desenvolver
a consideração ético-moral
e divina aos animais e toda a Natureza. E não, como
tem sido,
através Dele, deturpado, aprenderem o contrário.

Que por Ele e


com Ele percebamos a necessidade urgente de abolir
hábitos nocivos aos animais
e à Natureza, superando a triste
contradição inventada que ofuscou o óbvio e
confundiu as nossas
noções de justiça, amor e caridade.

Compreendo que “todas


as coisas humanas passarão, todas as
coisas humanas se modificarão. Ele, porém,
é a Luz de TODAS as
vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.”
[32]

Assim, com respeito e convicção te ofereço esta singela tese, de


que

O AMOR NÃO SE ALIMENTOU E PRESCREVEU A VIOLÊNCIA!

.
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Todos os direitos reservados. Este artigo ou qualquer parte dele não
pode ser reproduzido ou usado sem autorização expressa, por
escrito, do autor ou editor, exceto pelo uso de citações breves.

Referências:

[1] FRANCO,
D. P.; JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Encontro com a Paz
e a Saúde. 5 ed.
Salvador: LEAL, 2016. 232 p. Capítulo 10 “Em busca
da iluminação interior”,
item “Processo de autoiluminação”, pp. 198-
201.

[2]https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-
milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4176/os-
milagres/capitulo-xv-os-milagres-do-evangelho/aparicao-de-jesus-
apos-sua-morte/61 [https://kardecpedia.com/roteiro-de-
estudos/888/a-genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-
espiritismo/4176/os-milagres/capitulo-xv-os-milagres-do-
evangelho/aparicao-de-jesus-apos-sua-morte/61]
.

[3] http://www.mimiveg.com.br/peixes-sentem-emocao-e-dor/
[http://www.mimiveg.com.br/peixes-sentem-emocao-e-dor/]

[4] FOER,
JONATHAN SAFRAN. Comer animais. 2011.

[5] FONTES
FRANCISCANAS. São Paulo: Editora Mensageiro de Santo
Antônio, 2005. Todas as
citações sobre Francisco de Assis foram
tiradas deste livro.

[6] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-
milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4090/os-
milagres/capitulo-xv-os-milagres-do-evangelho/multiplicacao-dos-
paes [https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-
milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4090/os-
milagres/capitulo-xv-os-milagres-do-evangelho/multiplicacao-dos-
paes]

[7] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-
milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/3660/a-
genese/capitulo-iii-o-bem-e-o-mal/destruicao-dos-seres-vivos-uns-
pelos-outros/24 [https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-
genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/3660/a-
genese/capitulo-iii-o-bem-e-o-mal/destruicao-dos-seres-vivos-uns-
pelos-outros/24]

[8] TRIGUEIRO,
A. Espiritismo e Ecologia. 3ª ed. 2 imp. Brasília: FEB,
2013. Capítulo “Sinais
de Alerta”. pp. 15-16.

[9] https://nacoesunidas.org/cerca-de-70-de-novas-doencas-que-
infectam-seres-humanos-tem-origem-animal-alerta-onu/?
fbclid=IwAR1LNfBQLXwbqmdLJMPNwuI8Sr8CVX1Z8EEiJpPyYIJCjA02J_HAUZzgkn
[https://nacoesunidas.org/cerca-de-70-de-novas-doencas-que-
infectam-seres-humanos-tem-origem-animal-alerta-onu/?
fbclid=IwAR1LNfBQLXwbqmdLJMPNwuI8Sr8CVX1Z8EEiJpPyYIJCjA02J_HAUZzgkn

[10] Andersen
et al. 2020. Andersen, K.G., Rambaut, A., Lipkin, W.I. et
al. The proximal
origin of SARS-CoV-2. Nat Med (2020).
https://doi.org/10.1038/s41591-020-0820-9
https://www.nature.com/articles/s41591-020-0820-9
[https://www.nature.com/articles/s41591-020-0820-9]

[11] XAVIER, F. C.; EMMANUEL (Espírito). O Consolador. 29 ed. 5 imp.


Brasília: FEB, 2017. 305 p. Capítulo 2 “Filosofia”, item 2.1. “Vida”,
subitem
2.1.1. “Aprendizado”, questão 129, pp. 90-91.

[12] SUSIN,
L. C.; ZAMPIERI, G. A vida dos outros: ética e teologia da
libertação animal.
São Paulo: Paulinas, 2015.

[13] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-
espiritos/1068/parte-segunda-do-mundo-espirita-ou-mundo-dos-
espiritos/capitulo-xi-dos-tres-reinos/os-animais-e-o-homem/595
[https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-
espiritos/1068/parte-segunda-do-mundo-espirita-ou-mundo-dos-
espiritos/capitulo-xi-dos-tres-reinos/os-animais-e-o-homem/595]

[14] TRIGUEIRO,
A. Espiritismo e Ecologia. 3ª ed. 2 imp. Brasília: FEB,
2013. Capítulo “Consumo
Consciente”. pp. 63.

[15] SUSIN, L. C.; ZAMPIERI, G. A vida dos outros: ética e teologia da


libertação animal. São Paulo: Paulinas, 2015.

[16]
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-
francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html
[http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-
francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html]

[17] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-
segundo-o-espiritismo/2349/capitulo-x-bem-aventurados-os-que-sao-
misericordiosos/o-sacrificio-mais-agradavel-a-deus/8
[https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-
segundo-o-espiritismo/2349/capitulo-x-bem-aventurados-os-que-sao-
misericordiosos/o-sacrificio-mais-agradavel-a-deus/8]

[18] https://portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/10249/0
[https://portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/10249/0]

.
[19] http://www.centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-e-respostas-
biblicas/jesus-comeu-carne-ou-peixe/
[http://www.centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-e-respostas-
biblicas/jesus-comeu-carne-ou-peixe/]

[20] http://www.centrowhite.org.br/ellen-g-white/biografia-de-ellen-g-
white-1827-1915/ [http://www.centrowhite.org.br/ellen-g-
white/biografia-de-ellen-g-white-1827-1915/]

[21] https://www.medicosadventistas.org/wp-
content/uploads/2018/08/Posicionamento-AMA-01-
Vegetarianismo.pdf [https://www.medicosadventistas.org/wp-
content/uploads/2018/08/Posicionamento-AMA-01-
Vegetarianismo.pdf]

[22] http://www.pentagrama.org.br/wp-
content/uploads/dlm_uploads/2019/08/o_evangelho_dos_doze_santos.pdf
[http://www.pentagrama.org.br/wp-
content/uploads/dlm_uploads/2019/08/o_evangelho_dos_doze_santos.pdf]

[23] https://en.wikipedia.org/wiki/Christian_vegetarianism
[https://en.wikipedia.org/wiki/Christian_vegetarianism]

[24] https://www.ramatis.com.br/mentores
[https://www.ramatis.com.br/mentores]

[25] MAES,
H.; RAMATÍS (Espírito). O sublime peregrino. 17 ed.
Limeira: Conhecimento, 2006.

[26] MAES, H.; RAMATÍS (Espírito). Fisiologia da Alma. 15 ed. Limeira:


Conhecimento, 2002.

[27] DAMASCENO,
J. E OUTROS. Pão vivo. 1 ed. Rio de Janeiro: CRBBM,
2014.

[28] https://www.crbbm.org/biblioteca-virtual.html#bv02
[https://www.crbbm.org/biblioteca-virtual.html#bv02]

.
[29] SIQUEIRA,
E. R.; Alimentação e evolução espiritual. 3 ed. São
Paulo: Solidum, 2015.
Capítulo VII – “A história dos hábitos
alimentares”, item “onívoros”, pp.
179-180.

[30] XAVIER, F. C.; Espíritos diversos. Antologia Mediúnica do


Natal. 6
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. 208 p. Capítulo 78 “Pensamentos do
natal” (Espírito Emmanuel), pp. 206. []

[31] XAVIER,
F. C.; Espíritos diversos. Antologia Mediúnica do Natal. 6
ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2009. 208 p. Capítulo 44 “Os animais ante o
natal” (Espírito Irmão
X), pp. 111-112.

[32] XAVIER,
F. C.; EMMANUEL (Espírito). A Caminho da Luz. 38 ed. 1
imp. Brasília: FEB,
2013. 206 p. Capítulo 1 “A gênese planetária”, item
“O Divino Escultor”, pp.
21-22.

[33] KARDEC,
A. Revista Espírita de fevereiro de 1868. FEB. Instruções
dos Espíritos. Os
messias do Espiritismo. Resposta dada pelo espírito
Lacordaire.

[34] XAVIER,
F. C.; CASIMIRO CUNHA (Espírito). Cartilha da Natureza: A
Criação. Rio de
Janeiro: FEB, 2008. 96 p. Capítulo “Os animais”, pp. 25.

[35] XAVIER,
F. C.; Espíritos diversos. Doutrina – escola. Capítulo “Jesus
e estudo (I)”
(Espírito Emmanuel).

[36] XAVIER,
F. C.; HUMBERTO DE CAMPOS (Espírito). Boa Nova. 37 ed.
Brasília: FEB, 2013.
Capítulo 30 – “Maria”, pp. 192.

[37] KARDEC,
A. O Livro dos Espíritos. 72 ed. São Paulo: LAKE, 2014.
359 p. Questão 625.

[38] XAVIER,
F. C.; EMMANUEL (Espírito). Alvorada do Reino. 1 ed. São
Paulo: IDEAL, 1988.
102 p. Capítulo 15 “Na senda de ascensão”, pp.
78-82.

[39] KARDEC,
A. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XVII –
Sede perfeitos. Os bons
espíritas.

.
[40] XAVIER,
F. C. EMMANUEL (Espírito). Emmanuel. 27 ed. Brasília:
FEB, 2010. Capítulo XXIII
“A saúde humana”, p. 161.

[41] XAVIER,
F. C.; Espíritos diversos. Antologia Mediúnica do Natal. 6
ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2009. 208 p. Capítulo 71 “O peru pregador”
(Neio Lúcio), pp. 179-180.

[42] KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 72 ed. São Paulo: LAKE, 2014.
359 p. Questão 888-a) pelo espírito São Vicente de Paulo.

[43] XAVIER,
F. C.; IRMÃO X (Espírito). Pontos e Contos. 13 ed. 2 imp.
Brasília: FEB, 2016.
270 p. Capítulo 33 “A dissertação inacabada”, pp.
166.

[44] XAVIER,
F. C.; Espíritos diversos. Cartas do coração. Capítulo “O
dom divino” (Espírito
Irmão X).

[45] https://eticaanimalespirita.org/institucional/etica-animal-e-
ambiental-espirita/ [https://eticaanimalespirita.org/institucional/etica-
animal-e-ambiental-espirita/]

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3
RESPOSTAS

José
abril 22, 2021 às 9:38 pm

Ora, ora. Não nos esqueçamos desta orientação


fundamental dos Espíritos Superiores, em ‘O livro dos
Espíritos’. No mais, muita atenção quanto à utilização,
em um artigo como sendo Espírita, de conteúdos que
não tenham passado pelo Controle Universal do Ensino
dos Espíritos. Se o paradigma Kardeciano é vossa
referência, todos os demais textos e comentários,
devem lhe ser compatíveis. Maiores informações sobre
o Controle, encontraremos inicialmente no Item II, da
Introdução de ‘O evangelho segundo o Espiritismo’.

O livro dos Espíritos, 723:

A alimentação animal é, com relação ao homem,


contrária à lei da natureza?

“DADA A VOSSA CONSTITUIÇÃO FÍSICA, A CARNE


ALIMENTA A CARNE; do contrário, debilita-se o homem.
A lei de conservação lhe prescreve, como um dever,
que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a
lei do trabalho. O homem deve, pois, alimentar-se de
acordo com as exigências de seu organismo.”

Responder

Sidney
outubro 20, 2020 às 7:49 pm

Jesus possivelmente era Essênio. Segundo a Bíblia foi


batizado por João Batista que SIM era um Essênio. Os
Essênios eram uma corrente mística do judaísmo,
seguiam um corrente do gnosticismo da Torá. Os
gnósticos foram perseguidos durante toda a história,
tanto na época do Antigo Testamento (Torá), quanto
do Novo Testamento (Os Evangelhos). Os Essênios
eram vegetarianos, mas existia uma exceção em suas
regras: eles podiam se alimentar de peixe, sendo que o
mesmo deveria ser aberto ainda vivo e tirado todo o
sangue. Jesus no “Evangelho Essênio da Paz crítica
radicalmente a matança de animais. Mas
possivelmente pode ter comido peixe assado como é
citado em um dos evangelhos. Isso só demonstra sua
sabedoria, seu equilíbrio e como sabia agir sem
fanatismos. Pregava o vegetarianismo não como uma
religião ou como uma ideologia, mas como um
caminho correto para a auto-observação e o
desenvolvimento do Ser.

Responder

Sandra
agosto 23, 2020 às 12:54 am

Ignoro se Jesus comeu peixe, gafanhotos e qualquer


outro animal, mesmo porque isso não abalaria minha
convicção vegana mas prefiro lembra-Lo repartindo o
pão e o vinho e se reportando às aves do céu e aos
lírios do campo.

Responder

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