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Aula 03

TJ-SP (Escrevente Judiciário)


Atualidades - 2021 (Pós-Edital)

Autor:
Leandro Signori
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11 de Agosto de 2021

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Sumário

Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais nacionais - II ...................... 2

1 – Pandemia de Covid-19......................................................................................................................... 2

1.1 Pesquisas de remédios e vacinas ................................................................................................... 3

1.2 Medidas restritivas de proteção e para conter o avanço do vírus ............................................ 6

1.3 O alcance mundial da doença ........................................................................................................ 7

1.4 Impactos econômicos ...................................................................................................................... 7

2 – Violência e segurança pública ............................................................................................................ 8

2.1 Violência policial e morte de policiais ......................................................................................... 13

2.2 Situação do sistema prisional brasileiro ...................................................................................... 16

2.3 Violência contra a mulher .............................................................................................................. 22

2.4 Facilitação da posse e do porte de armas .................................................................................. 27

3 - Aquecimento global ............................................................................................................................ 34

3.1 A Convenção do Clima e as negociações nas COPs ................................................................ 36

4 - Amazônia – desmatamento, queimadas e polêmicas ................................................................... 39

Questões Comentadas ................................................................................................................................. 47

Lista de Questões.......................................................................................................................................... 64

Gabarito .......................................................................................................................................................... 71

Resumo ........................................................................................................................................................... 72

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QUESTÕES RELACIONADAS A FATOS POLÍTICOS,


ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS NACIONAIS - II

1 – Pandemia de Covid-19

Em dezembro de 2019, uma pneumonia de causas desconhecidas começou a se espalhar por Wuhan, uma
metrópole da região central da China com cerca de 11 milhões de habitantes, capital da província de Hubei.
Por meio de estudos, descobriu-se que os sintomas eram causados por um novo tipo de coronavírus.

O novo vírus se espalhou rapidamente por países e continentes, o que levou a Organização Mundial de Saúde
(OMS) a declarar uma situação de pandemia global. A definição de pandemia é usada quando uma doença
não se restringe apenas a uma região específica, mas sim por todo o globo.

Descobertos na década de 1960, os coronavírus são uma grande família viral e recebem esse nome por
causa de pequenos espinhos que possuem na superfície, que lembram uma coroa. Eles são considerados
zoonóticos, ou seja, são transmitidos entre os animais e pessoas, causando infecções respiratórias em
ambos.

O novo coronavírus foi denominado SARS-CoV-2. A doença que ele causa foi denominada Covid-19. A
nomenclatura segue diretrizes internacionais que pedem para não se fazer referência a uma localização
geográfica, a um animal, a um indivíduo ou a um grupo de pessoas. As regras pedem também que o nome
seja pronunciável e que estabeleçam alguma relação com a doença causada pelo vírus.

Outras variações mais antigas de coronavírus e conhecidas pelos cientistas são a SARS-CoV e MERS-CoV.
Entre 2002 e 2003, o surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), causado pelo coronavírus SARS-
CoV, foi responsável pela morte de quase 800 pessoas e se espalhou por 37 países, tendo iniciado também
na China. Em 2012, um coronavírus distinto foi detectado como sendo responsável pela Síndrome
Respiratória do Oriente Médio, ou Mers. A doença foi inicialmente identificada na Arábia Saudita e se
espalhou depois para outros países da região.

Os surtos relacionados a coronavírus geralmente têm origem em animais infectados. A suspeita mais
provável é de que o novo vírus tenha sido transmitido para os seres humanos por animais silvestres, como
os morcegos, provenientes de um mercado que vendia esses animais vivos, em Wuhan. Na sequência, passou
a ser transmitido de humano para humano.

Foram identificados os seguintes sintomas nas pessoas com Covid-19: febre, tosse (geralmente seca), dor
muscular, cansaço, dificuldade em respirar, falta de ar e perda de paladar. Em casos mais graves, há registro
de pneumonia, insuficiência renal e síndrome respiratória aguda grave, que podem levar à morte.

Algumas pessoas infectadas pelo vírus podem não apresentar sintomas ou apresentar sintomas discretos. A
maioria das pessoas infectadas (cerca de 80%) se recupera da doença sem precisar de tratamento especial.
Cerca de uma em cada seis pessoas com Covid-19 pode desenvolver a doença em sua forma mais grave.

Pessoas idosas e/ou com comorbidades, ou seja, outras doenças associadas como, por exemplo: pressão

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alta, problemas cardíacos, diabetes e pessoas em tratamento para câncer têm maior probabilidade de
desenvolver doença respiratória grave.

1.1 Pesquisas de remédios e vacinas

A OMS coordena o projeto Solidarity (Solidariedade), com o objetivo de encontrar um tratamento eficaz
para casos mais sérios de Covid-19. O projeto conta com a participação de dezenas de países no
desenvolvimento dos ensaios clínicos com pacientes hospitalizados.

Não há um medicamento específico para combater o vírus. O tratamento é feito combatendo os sintomas,
enquanto o próprio corpo se cura da infecção. Pacientes com quadros mais graves da síndrome aguda
respiratória podem precisar ficar internados em UTIs de hospitais e serem entubados, ou seja, respirarem
com ajuda de um ventilador mecânico.

Dentre os fármacos em estudo e que foram empregados contra o novo coronavírus, foi objeto de destaque
e polêmica a hidroxicloroquina, mas não há comprovação de eficácia contra a covid-19. Sucessivos estudos
e pesquisas descartaram a cloroquina e a hidroxicloroquina como tendo algum tipo de ação contra a covid-
19.

Após algumas idas e vindas, a Organização Mundial da Saúde encerrou os estudos para determinar se a
hidroxicloroquina ajuda ou não os pacientes com Covid-19, já que o medicamento não demonstrou efeitos
significativos na redução da mortalidade dos pacientes hospitalizados.

Em janeiro de 2021, o médico francês Didier Raoult, que pioneiramente propôs o uso da cloroquina como
uma opção no tratamento da doença do novo coronavírus, admitiu a inutilidade do remédio para esse tipo
de tratamento.

Durante os primeiros meses de pandemia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente
brasileiro, Jair Bolsonaro, defenderam enfaticamente o uso da cloroquina para o tratamento do Covid-19.
Sem o respaldo científico, Trump deixou de se pronunciar sobre o tema e o presidente brasileiro passou a se
pronunciar menos a respeito do fármaco.

Outro medicamento bastante citado foi o remdesivir. Alguns estudos mostraram benefícios do
medicamento, que teve seu uso temporariamente autorizado nos Estados Unidos e na Europa, enquanto
eram pesquisados dados sobre sua eficácia. Contudo, segundo a OMS e o ensaio Solidarity, também não
demonstrou efeitos significativos na redução da mortalidade dos pacientes hospitalizados. Apesar disso, a
Anvisa liberou o antiviral para tratamento da Covid-19.

A dexametasona foi apontada pela OMS como um medicamento capaz de reduzir a mortalidade dos
pacientes em estado grave, mas que deve ser utilizado somente para pacientes nesses casos. No Brasil, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não se pronunciou sobre o fármaco.

Também são frequentemente apontados como medicamentos a ivermectina e a azitromicina. Ambos não
possuem consenso científico e o seu uso não foi indicado pela OMS e nem pela Anvisa.

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Vacinas contra o vírus

A velocidade do processo de busca de uma vacina para a Covid-19 superou tudo o que já foi visto até hoje
na área de desenvolvimento de imunizantes, normalmente um processo demorado e trabalhoso, que
envolve várias rodadas de testes em animais e avaliações de toxicidade antes das três fases obrigatórias de
testes com pessoas.

Naturalmente, os países desenvolvidos foram os que largaram na frente no desenvolvimento e aprovação


de vacinas foram, já que contam com fortes instituições e investimentos em pesquisa e tecnologia na área
da saúde. A produção de vacinas ocorre de forma desigual no planeta, concentrada em poucos países,
sobretudo os desenvolvidos. Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Alemanha e Reino Unido lideram a
produção de vacinas.

A Rússia foi o primeiro país a anunciar uma vacina contra a Covid-19, batizada de Sputnik V, mas a decisão
foi questionada por muitos cientistas, já que foi registrada antes da conclusão da "Fase 3” do estudo, que
envolve milhares de pessoas, em que se busca comprovar que a vacina experimental é segura e eficaz na
imunização.

Entretanto, foi no Reino Unido que uma vacina com estudos concluídos foi oficialmente aplicada pela
primeira vez. No dia 8 de dezembro de 2020, Margaret Keenan, uma senhora de 90 anos, foi a primeira a
receber a dose da vacina contra a Covid-19, desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e a
empresa de biotecnologia alemã BioNTech. Até o momento em que este texto foi escrito, a OMS aprovou
os seguintes imunizantes para uso emergencial:

• Pfizer/BioNTech;

• Covishield: desenvolvida pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, com a Universidade de Oxford,


da Inglaterra;
• Janssen: desenvolvida pela norte-americana Johnson & Johnson, é a única vacina aplicada em apenas
uma dose;
• Moderna: imunizante da farmacêutica norte-americana Moderna;
• Sinopharm: produzida pelo laboratório chinês Sinopharm; e
• CoronaVac: desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech.

Cuba foi o primeiro país latino-americano a desenvolver o seu próprio imunizante, a vacina Abdala.

Assim como a produção de vacinas, o processo de vacinação também ocorre de forma desigual no mundo,
concentrado nos países desenvolvidos que possuem expressiva produção ou poder de compra.

Os países que mais aplicaram doses (em números absolutos) até o momento foram, respectivamente,
China, Índia, Estados Unidos, Brasil, Alemanha e Japão (agosto de 2021).

Isso não significa que o Brasil esteja com um programa nacional adiantando, já que, por ter uma população
muito grande, de 211 milhões de pessoas, a nação consequentemente imuniza mais pessoas em relação a
países menos populosos.

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Isso é possível de se notar quando analisamos a porcentagem da população totalmente vacinada em cada
nação. Neste quesito, o Brasil tinha 19% das pessoas totalmente imunizada contra a Covid-19, de acordo
com dados do dia 03 de agosto. De acordo com essa métrica, os cinco países que mais vacinaram sua
população são Canadá, Reino Unido, Espanha, Itália e França (agosto de 2021).

Para melhor distribuir as vacinas no mundo, a OMS coordena a Aliança Covax Facility, uma coalizão universal
que visa acelerar o desenvolvimento de vacinas e garantir um acesso equitativo às doses contra a Covid-19,
levando-as sobretudo a nações mais pobres. No entanto, a iniciativa enfrenta dificuldades como a escassez
de recursos e atrasos na produção. Acordos bilaterais entre países ricos e farmacêuticas também são outro
desafio ao projeto.

No Brasil, a vacinação começou em janeiro de 2021, com a vacinação da enfermeira Mônica Calazans, 54
anos, com a CoronaVac, desenvolvida pela SinoVac em parceria com o Instituto Butantan, do governo do
Estado de São Paulo. Até o momento, a Anvisa aprovou quatro vacinas para uso no Brasil: AstraZeneca,
CoronaVac, Pfizer e Janssen. Além da fabricação da CoronaVac, o Instituto Butantan está desenvolvendo a
vacina ButanVac, de tecnologia nacional e do Instituto Mount Sinai (EUA). A vacina mais utilizada no Brasil
é a AstraZeneca/Oxford, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do governo federal, por meio de
acordo com a farmacêutica anglo-sueca.

A Anvisa também aprovou, sob condições especiais, a importação da Covaxin, da fabricante indiana Bharat
Biotech, e da Sputnik V, mas essas duas ainda não estão sendo utilizadas no país.

Crescimento dos movimentos antivacina

Os grupos antivacina não são novos, mas a pandemia contribuiu para torná-lo visíveis novamente. O
movimento nasceu nos Estados Unidos, no fim da década de 90, a partir de um estudo fraudado pelo médico
Andrew Wakefield, relacionando a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba,
com o autismo. Anos depois, o médico foi processado por fraude, conspiração e teve a licença cassada.

O movimento chegou a influenciar na cobertura vacinal de 2019 contra sarampo no mundo todo, inclusive
no Brasil. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde considerou a rejeição à imunização como uma das
principais ameaça sanitárias, quando o número de casos de sarampo triplicou em relação ao ano anterior,
em grande parte motivado pela baixa cobertura vacinal contra a doença.

Agora, enquanto a maioria dos países realiza suas campanhas de vacinação contra a Covid-19, o movimento
antivacina voltou à tona, baseado na disseminação de informações falsas e teorias conspiratórias sobre
imunizantes, sobretudo pelas redes sociais.

As vacinas são a forma mais eficaz, senão a única, de frear a pandemia da Covid-19. Vacinar-se é uma decisão
pessoal, mas que têm consequências para toda a população. Porque cada imunização afeta às demais
pessoas ao redor e, portanto, quem pode ser vacinado tem uma grande responsabilidade com a comunidade.
A explicação está no conceito epidemiológico da imunidade em grupo.

Para estimular a população a se vacinar, diversos órgãos governamentais e até empresas privadas têm
oferecido uma forma de benefício às pessoas que se imunizarem.

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1.2 Medidas restritivas de proteção e para conter o avanço do vírus

Como medida de proteção, vários países adotaram medidas restritivas contra a disseminação do vírus, por
meio do distanciamento social, isolamento, quarentena e lockdown. Alguns adotaram medidas mais
brandas, outros, mais restritivas. Pensando na escala de risco para serem adotados, do menor para o maior,
os regimes são classificados nesta ordem: distanciamento social, isolamento, quarentena e lockdown.

Vamos entender o que significam esses termos:

Distanciamento social: O distanciamento social busca, de forma voluntária, restringir a aproximação entre
as pessoas como forma de controlar a disseminação da doença. Nessa fase, escolas e comércio podem fechar
e eventos podem ser cancelados, mas não há aplicação de multa ou detenções para quem não seguir o
distanciamento social. Praticamente todos os países que registraram casos de Covid-19 adotaram medidas
de distanciamento social.

Isolamento: O isolamento também é uma medida não obrigatória para restringir a propagação do vírus. Esse
distanciamento pode ser mais brando ou mais extremo, dependendo do contexto.

O isolamento vertical é mais brando, destinado somente a pessoas dos grupos de risco, enquanto o resto da
população vive normalmente, seguindo os protocolos de higiene e distanciamento social. Apesar de
representar danos menores à economia, não é tão efetivo no combate à doença.

Já o isolamento horizontal atinge toda a população. Envolve o fechamento de estabelecimentos, a proibição


de aglomerações e a paralisação da maior parte da atividade econômica considerada “não essencial”. A
população é aconselhada a ficar em casa e sair somente para o essencial. Essa estratégia é mais eficiente em
combater a propagação do vírus, mas pode causar maiores impactos na economia.

O isolamento também foi adotado para aquelas pessoas que tiveram contato com alguém infectado ou para
quem estava esperando o resultado de testes que confirmassem ou negassem a contaminação pelo novo
coronavírus.

Quarentena: A quarentena é uma medida obrigatória, estabelecida pelas autoridades (em escala municipal,
estadual ou federal), na qual todos os estabelecimentos não essenciais são fechados. O intuito da quarentena
é restringir a circulação de pessoas que foram ou podem ter sido expostas ao vírus, para diminuir a sua
velocidade de transmissão.

Lockdown: O lockdown é uma paralisação total dos fluxos e deslocamentos, exceto os essenciais, imposto
por um decreto, lei ou decisão judicial. A circulação de carros e pessoas também é reduzida, sendo autorizada
apenas a saída de casa para a compra de alimentos, medicamentos e transporte de indivíduos para hospitais.
Nesta etapa, o governo pode usar as forças policiais e aplicar multas e detenções para quem desrespeitar a
medida.

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1.3 O alcance mundial da doença

O coronavírus demonstrou ter uma contaminação extremamente veloz. No mundo globalizado em que
vivemos, com o grande fluxo de pessoas que circulam pelo nosso planeta por meio das redes de transportes,
sobretudo o transporte aéreo, as doenças podem espalhar-se rapidamente pelos países e continentes.

A posição que a China possui atualmente no cenário econômico e político internacional faz com que
determinadas doenças que apareçam no país tenham um potencial de contágio ainda maior. Muitos chineses
estão a todo momento viajando pelo interior do país e para fora do país, da mesma maneira que muitas
pessoas diariamente entram em território chinês.

Esses fatores fizeram com que tenham sido registrados casos de coronavírus em quase todos países do
mundo, em todos os continentes. Nas Filipinas ocorreu a primeira morte fora do território chinês. No
momento em que este texto foi escrito, os Estados Unidos são o país com o maior número de pessoas
infectadas e com o maior número de mortes.

O Brasil é o segundo país com o maior número de mortes e o terceiro com o maior número de casos. São
Paulo foi o estado mais atingido, com o maior número de mortes e de infectados. O primeiro caso em
território nacional foi registrado no dia 26 de fevereiro de 2020, em São Paulo, proveniente de um homem
de 61 anos, que esteve na Itália alguns dias antes, mais especificamente na região da Lombardia - um dos
epicentros da crise na Itália, que também foi severamente atingida pela doença.

Como forma de conter a disseminação do vírus, muitos países fecharam temporariamente suas fronteiras e
proibiram grande parte dos voos nacionais e a entrada de estrangeiros.

A União Europeia fechou todas as fronteiras do continente, e alguns países fecharam suas fronteiras internas
também. Trata-se de uma medida dura no continente que simboliza o espírito da globalização e das
fronteiras abertas, com o trânsito livre de pessoas.

Manifestações populares contra o lockdown e outras medidas de prevenção impostas para tentar conter a
pandemia de Covid-19 foram registradas em várias cidades europeias, nos Estados Unidos e também no
Brasil. Os manifestantes contestam as restrições e criticam o que consideram um ataque às liberdades
públicas, denunciam o uso de máscaras de proteção e as restrições de movimento impostas após o
confinamento.

1.4 Impactos econômicos

A pandemia de coronavírus, inicialmente, uma crise sanitária, desencadeou também uma crise econômica
global. Com a paralisação das atividades econômicas, muitas empresas reduziram a sua produção. As
exportações e as importações diminuíram e as pessoas, no geral, passaram a consumir menos produtos e
serviços. Isso gerou desemprego, fechamento de empresas e a desvalorização de ações, provocando abalos
nos mercados mundiais, nas cadeias globais de suprimentos e na atividade econômica como um todo,
encaminhando o ano de 2020 para uma grande recessão global.

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O Banco Mundial divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) global teve queda de 5,2% em 2020. Porém, o
banco projeta uma forte recuperação econômica global em 2021. O PIB deve crescer 5,6% em 2021, o maior
crescimento anual dos últimos 80 anos. O PIB do Brasil registrou queda de 4,1% em 2020. Antes da
deflagração da pandemia, a expectativa era de alta de 2,2%. Foi o pior desempenho econômico desde o ano
de 1996. A recessão econômica fez com que governos e bancos centrais de todo o mundo liberassem grandes
volumes de estímulos fiscais e monetários, além de outras medidas de apoio para as economias nacionais,
que sofreram com a pandemia de coronavírus. No Brasil, a principal medida foi o auxílio emergencial, um
auxílio mensal de R$ 600 a trabalhadores informais, desempregados e microempreendores individuais (MEIs)
por cinco meses. O auxílio recebeu mais uma rodada em 2021, mas com uma abrangência e valores bem
menores.

2 – Violência e segurança pública

Dentre as várias formas, tipologias e classificações da violência, uma que chama a atenção, e que é
comumente utilizada como um indicador de violência, é a violência que culmina em mortes violentas
intencionais (MVI) ou homicídios ou mortes violentas por causas intencionais (MVCI). Nesse quesito, o Brasil
é considerado um país onde a violência é muito alta.

Nosso país é o que possui o maior número de mortes violentas intencionais do mundo, de acordo com a
ONU. Um relatório publicado pela organização, em 2015, informa que 1 em cada 7 dos homicídios mundiais
ocorrem no Brasil. Veja, a partir disso, que somos o sexto país mais populoso do mundo, mas, em MVI, somos
o primeiro.

Dois são os estudos mais conhecido sobre o tema no Brasil, com publicações periódicas: o Anuário Brasileiro
de Segurança Pública (ABSP), do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), e o Atlas da Violência, do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e FBSP. Os dois estudos trazem pequenas variações nos
números, mas, em geral, chegam as mesmas conclusões sobre a radiografia e soluções para a violência e a
segurança pública em nosso país.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, o Brasil registrou 50.033 assassinatos em
2020, ante 47.742 de 2019, o que representou um aumento de 4% em relação ao ano anterior. O número é
muito elevado, o maior do mundo, em números absolutos. Os dados consideram os homicídios dolosos, os
latrocínios, as lesões corporais seguidas de mortes e as mortes decorrentes de intervenção policial.

Um indicador muito utilizado para verificar o nível de violência é a taxa de homicídios (mortes violentas
intencionais) por 100 mil habitantes. Em 2020, a taxa foi de 23,6 assassinatos por 100 mil habitantes. Em
2019, foi de 22,7 assassinatos por 100 mil habitantes, e em 2018, foi de 27,6 assassinatos por 100 mil
habitantes

Para a OMS, qualquer taxa acima de dez homicídios por 100 mil habitantes ao ano já é considerada uma
situação de violência epidêmica e, portanto, inaceitável. Ou seja, vive-se em uma epidemia de violência no
Brasil.

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A média nacional, porém, esconde desigualdades regionais. Os estados mais violentos estão no Norte e
Nordeste, com exceção do Rio de Janeiro, onde organizações criminosas disputam mercados e rotas de
tráfico de drogas.

As maiores taxas de mortes a cada 100 mil habitantes foram registradas nos estados do Ceará (45,2 mortes
a cada 100 mil habitantes), Bahia (44,9) e Sergipe (42,6). São Paulo (9), Santa Catarina (11,2) e Minas Gerais
(12,6) tiveram as menores.

No quadro abaixo, podemos verificar, os estados com as maiores e as menores taxas de homicídios por 100
mil habitantes:

MAIORES TAXAS MENORES TAXAS

CE – 45,2 SP – 9,0

BA – 44,9 SC – 11,2

SE – 42,6 MG – 12,6

AP – 41,7 DF – 14,2

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública (ano-base: 2020)

Ao longo dos anos, os dados vêm mostrando que a maior parte dos homicídios são cometidos por armas de
fogo. Em 2020, responderam por 78% dos assassinatos cometidos.

Mais da metade de todos os assassinatos no Brasil é de jovens (brasileiros na faixa etária de 15 a 29 anos),
dos quais em torno de 90% são do sexo masculino e 76,2% são negros (inclui pretos e pardos).

Outro dado que vem sendo objeto de análise ao longo dos anos é o aumento da taxa de homicídios de
negros e a queda da taxa de homicídios entre não negros. Conforme o Atlas da Violência 2020, entre 2008
e 2018, a taxa de homicídios entre os negros, cresceu 11,5%, enquanto a taxa para não negros (inclui brancos,
amarelos e índios) teve uma redução de 12,9%.

Esse padrão de homicídios se repete entre os homens e as mulheres. Ou seja, a taxa de homicídios de
mulheres negras é bem maior do que a taxa de homicídios de mulheres não negras.

Conforme o IBGE, os negros correspondem a 53% da população brasileira (PNAD/2015). Porém, como vimos,
mais de 70% dos homicídios no Brasil são de negros, taxa que cresceu ao longo dos últimos anos, enquanto
a taxa de homicídios de não negros teve redução. Esses dados fazem com que pesquisadores e entidades de
direitos humanos afirmem que há um componente de exclusão na questão da violência no Brasil. Para eles,
os negros são historicamente discriminados, o que faz com que estejam mais vulneráveis a serem vítimas da
violência e caírem na criminalidade.

O fato de os negros serem as maiores vítimas da violência e os que mais são encarcerados levaria os governos
a não adotarem medidas efetivas em relação à violência contra o conjunto da população negra.

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Taxa de homicídios de negros e de não negros a cada 100 mil habitantes, nestes grupos populacionais – Brasil (2008-2018)

Fonte: Atlas da Violência 2020

Os dados divulgados por diferentes estudos e instituições ligadas ao tema, como os do


ABSP/FBSP, do IPEA e do Mapa da Violência, traçam o seguinte perfil majoritário dos que
são vítimas de homicídios, dos que cometem os homicídios e dos criminosos no Brasil:

Faixa etária: jovem (15 a 29 anos)

Gênero: masculino

Classe social: pobre

Meio social: periferia das cidades

Cor da pele: negra (preta ou parda)

Escolaridade: até o ensino fundamental incompleto

Mudança de perfil

Os estudos demonstram há vários anos mudanças territoriais em relação à violência no Brasil: interiorização
e espalhamento, maior concentração e alterações regionais.

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Verificou-se uma interiorização dos homicídios, das grandes regiões metropolitanas e conglomerados
urbanos para capitais menores e, destas, para cidades do interior. O crescimento econômico de cidades do
interior sem o adequado investimento em segurança pública e infraestrutura é tido como uma das causas
para isso. Outro motivo é o fato de que muitos pequenos municípios são controlados pelo crime organizado
por estarem em rota de tráfico de drogas e de contrabando.

Houve também uma mudança nos índices de violência entre as regiões brasileiras. A violência explodiu no
Norte e no Nordeste, de modo que essas são as regiões com as maiores taxas de homicídios. Depois, seguem
o Centro-Oeste, Sudeste e Sul, essa última é a região que apresenta as menores taxas do país.

Nota-se, ainda, que a violência passou a ser mais concentrada em alguns municípios brasileiros. Apenas
111 municípios, o correspondente a 2% do total, respondem por mais da metade dos homicídios no país.
Nas capitais, ocorreram 27,5% das mortes violentas intencionais em 2018.

Armas de fogo

O total de armas registradas no sistema da Polícia Federal, onde são incluídas aquelas compradas por
cidadãos comuns, tem crescido muito ao longo dos últimos anos. Desde 2017, o número de registro de
armas de fogo ativas no SINARM (Sistema Nacional de Armas) da PF cresceu 100,6%. De 2019 para 2020, o
total de registros ativos cresceu quase 30%. Foram 561.331 registros, ante 433.246 de 2019.

Facilitar o acesso a esse tipo de armamento foi uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro durante
a campanha. A posse (direito de ter uma arma) foi flexibilizada assim que o novo presidente assumiu, em
janeiro deste ano.

Para liberar o porte (direito de carregar uma arma), porém, o presidente teve dificuldades com o Congresso
e o Supremo Tribunal Federal. A base aliada do presidente na Câmara, agora, articula a aprovação de uma
PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para incluir esses direitos na Constituição.

Os custos da violência

Segundo o economista Daniel Cerqueira, do IPEA, o Brasil perde algo em torno de 6% do PIB a cada ano em
face do crime e da violência letal. São custos que estão relacionados às despesas de manutenção do aparato
de segurança pública, do sistema prisional e de cumprimento de medidas socioeducativas, em serviços de
segurança particular e privada, em seguros contra furtos e roubos e no sistema de saúde, com o atendimento
de vítimas da violência.

A violência afeta também as atividades econômicas, a exemplo de atividades comerciais suspensas ou


seriamente prejudicadas pela redução do consumo e pela diminuição da venda de produtos de maior valor,
devido ao medo dos consumidores de serem roubados. Outro setor que sofre as consequências dos elevados
índices de violência é o turismo. Algumas cidades brasileiras deixam de arrecadar milhões em função da
criminalidade.

Sem dúvida, para além dos custos econômicos, a maior de todas as perdas é a de vidas humanas. Mas,
mesmo nesse aspecto, há um custo econômico, uma vez que o Estado e as famílias investiram recursos
nessas vidas em saúde, educação, lazer, alimentação etc.

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Como a maior parte das vítimas de homicídios é de pessoas jovens, há, ainda, uma grandiosa perda futura
de geração de riqueza para o Estado e a sociedade. São pessoas que poderiam viver por muitas décadas,
produzindo, consumindo e pagando impostos que reverteriam em benefício da sociedade.

Causas da violência

De acordo com vários estudos e publicações, podemos sintetizar como causas da violência e da
criminalidade:

- Urbanização acelerada e inchaço das periferias - Até a metade da década de 1950, o Brasil era um país
majoritariamente rural. A partir dessa data passou por um processo de urbanização acelerada, que teve
como causas um rápido processo de industrialização e o êxodo rural.

A mecanização do campo liberou grandes contingentes de trabalhadores das suas atividades rurais. Esse
fator, somado à histórica concentração de terras, às péssimas condições de vida no meio rural e a maior
oferta de emprego nas cidades, levou milhões de trabalhadores a se deslocarem do campo para a cidade em
um período de poucas décadas.

As cidades não tiveram tempo, nem condições, de se adaptarem, o que ocasionou o surgimento de grandes
problemas urbanos. Os migrantes do campo foram residir na periferia e na periferia da periferia das cidades.
Nesses lugares faltava quase tudo, infraestrutura, saneamento, áreas verdes e de lazer, saúde, educação,
transporte de qualidade e moradia. Soma-se a isso tudo a carência de emprego e temos um ambiente
propício para a explosão da violência e da criminalidade.

- Deficiência do Estado (poder público) no provimento de direitos – A população de menor renda é a que
mais necessita de serviços públicos de qualidade, como forma de garantia de direitos constitucionais sociais,
individuais e coletivos. O atendimento efetivo a esses direitos possibilitaria uma educação pública de
qualidade, saúde de qualidade, lazer, segurança, moradia etc. proporcionando um melhor desenvolvimento
socioeconômico e reduzindo, dessa forma, a vulnerabilidade de pessoas de caírem na criminalidade ou de
serem vitimadas por ela.

Exclusão social e desigualdade social – As altas aspirações de consumo de bens e serviços (de tênis de grife
a eletrônicos, por exemplo) somam-se à frustração com base na relativa falta de mobilidade social (avanço
em qualidade de vida econômica e social), gerando assaltos, roubos e furtos.

- Ação dos traficantes de drogas ilícitas – O narcotráfico contribui significativamente para o aumento da
violência e da sensação de insegurança nas cidades brasileiras.

- Juventude em risco social - Situações como deixar a casa antes dos 15 anos de idade, não ir à escola, ou ter
um lar desestruturado sem pai ou mãe afetam diretamente na iniciação do jovem no crime. Segundo o
Ministério Público de São Paulo, dois a cada três jovens da Fundação Casa vieram de lares sem pai, e outra
grande parcela deles não têm qualquer contato com o pai.

- Armamentos - A facilidade de acesso a armas mortíferas, principalmente às armas de fogo. Segundo estudo
do IPEA, cada 1% a mais de armas de fogo nas cidades gera um aumento de homicídios em torno de 2%.

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Propostas de soluções para a redução da violência e da criminalidade

Várias são as propostas nesse campo. No entanto, estudiosos do tema, instituições acadêmicas,
governamentais e da sociedade afirmam amplamente que o caminho mais efetivo para a redução da
violência é o investimento em políticas públicas preventivas de cidadania e de segurança pública. É o
investimento em educação universal de qualidade, em saúde, em moradia, em geração de trabalho e renda,
em lazer, em cultura, em transporte de qualidade, em infraestrutura urbana, entre outras.

Outras propostas são: a redução das desigualdades sociais e a disseminação de uma cultura de paz, por meio
do diálogo, da solidariedade, da tolerância e do respeito às diferenças.

No campo das proposições ainda temos a reforma do sistema policial e prisional brasileiro, uma melhor
estrutura, aparelhamento, treinamento e remuneração dos policiais, a diminuição da impunidade (a alta
impunidade é um estímulo para as práticas criminosas), a melhoria substancial da atividade de inteligência
policial, um maior controle de fronteiras (por onde entram armas, drogas, contrabando, etc.) e de armas e
uma maior coordenação dos entes federados na área da segurança pública.

Como o tráfico de drogas é um fator significativo na geração de violência no Brasil e considerando que a
política de “guerra às drogas” não diminuiu o consumo e a crescente violência associada a ela, alguns
segmentos defendem a liberação do consumo de drogas. Esses segmentos argumentam que isso
enfraqueceria o poder econômico do tráfico de drogas, diminuiria a violência e liberaria mais recursos para
a aplicação em outras áreas da segurança pública e da cidadania.

2.1 Violência policial e morte de policiais

A letalidade da polícia brasileira é alvo constante de críticas de entidades de defesa de direitos humanos. Em
2020, o país atingiu o maior número de mortes em decorrência de intervenções policiais desde que o
indicador passou a ser monitorado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2013. Foram 6.416
pessoas, um ligeiro aumento de 1% em relação a 2019, quando haviam sido registradas 6.375 mortes.
Comparando com 2013, ano em que os números passaram a ser coletados, o crescimento nas mortes chega
a 190%.

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Mortes decorrentes de intervenções policiais no Brasil, 2013 a 2019

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública

O Rio de Janeiro, que geralmente apresenta os maiores números de mortes em decorrência de intervenções
policiais, teve a maior queda no número absoluto de mortes: de 1.814 vítimas, em 2019, para 1.245, no ano
passado. Uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender operações durante a
pandemia da Covid-19 foi crucial para isso. Os dados mostram que a queda no registro de vítimas coincide
exatamente com a decisão do STF, no dia 5 de junho.

Com isso, o Amapá teve a maior taxa de letalidade policial: 13 mortos a cada 100 mil.

O número de pessoas mortas pela violência policial é considerado altíssimo nas comparações
internacionais, evidenciando o uso abusivo da força letal como resposta pública ao crime e à violência. Para
efeito de comparação, a média da polícia norte-americana é de pouco mais de 1 pessoa morta por dia.

Estudo produzido por Cano (Monitor del uso de la fuerza letal en América Latina. Centro de Investigación y
Docencia Económicas. México, 2019) em diferentes países indicou que as mortes causadas por policiais
correspondem, em geral, a 5% do total de homicídios. Quando esta porcentagem excedia 10% havia sérios
indícios de execuções e uso abusivo da força.

Bueno, Marques, Pacheco e Nascimento, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, observam que não existe
uma coincidência entre os estados com maior proporção de letalidade policial e as maiores reduções nas
mortes violentas intencionais, sugerindo que os discursos que associam letalidade policial à redução da
violência não possuem correspondência na realidade.

Órgãos de segurança pública, argumentam que o aumento de mortes por intervenção de agentes ocorre
devido ao maior enfrentamento à ação policial. Destacam a redução no número geral de homicídios e dizem
que a alta da letalidade se dá em razão do aumento de ações policiais contra as facções. Para críticos da

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violência policial, as polícias brasileiras mantêm um padrão absolutamente abusivo do uso da força letal
como resposta pública ao crime e à violência.

Dados do 13° Anuário de Segurança Pública demonstram o perfil dos mortos pela polícia: homem (98,4%),
jovem (76,2%), e negro (78,9%).

Estudo divulgado, em 2014, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mostra que a proporção de
negros mortos por ações da Polícia Militar de São Paulo, entre 2010 e 2011, foi três vezes maior que a de
brancos. A pesquisa também constatou que a própria vigilância policial é operada de modo diferente. A taxa
de flagrantes de negros é mais do que o dobro da verificada para brancos. Segundo os pesquisadores, os
dados demonstram que a vigilância policial reconhece os negros como suspeitos criminais em potencial,
flagrando em maior intensidade as suas condutas ilegais, ao passo que os brancos gozam de menor vigilância
da polícia.

De modo geral, os assassinatos de civis por policiais aparecem nos boletins de ocorrência como “auto de
resistência” ou “homicídios decorrentes de intervenção policial”, o que, em tese, caracterizaria mortes lícitas
no entender da Justiça, decorrentes de confrontos. Ou seja, parte-se do pressuposto de que o policial agiu
em legítima defesa. Mas isso nem sempre condiz com a realidade, já que a coleta dos dados é feita sem o
rigor e a transparência necessários. Em muitos casos, essas situações acabam camuflando mortes de civis
inocentes.

Também representam graves casos de violações policiais as chamadas execuções extrajudiciais.

A truculência da Polícia Militar em diversos episódios acaba expondo a figura do agente policial, que, na
verdade, responde a uma cadeia de comando liderada pelos governadores dos estados, que são os
responsáveis diretos por garantir a segurança da população e combater a criminalidade. Para muitos
especialistas, os governantes e as autoridades de segurança comportam-se de forma passiva, tolerando os
abusos e não punindo devidamente os responsáveis. Em última instância, são os governadores que
direcionam a atuação dos agentes e impõe – ou não – os limites à repressão.

O que se discute é o padrão operacional das polícias dentro de um modelo de segurança pautado pela “lógica
do enfrentamento e da garantia da ordem acima de direitos”, de acordo com o Atlas da Violência.
Especialistas apontam que a separação das funções das polícias Civil e Militar, adotada durante a ditadura
militar (1964-1985) é uma das causas da violência policial. Além disso, como resquício da ditadura, foi
mantida pela Polícia Militar uma postura repressora e abusiva de ataque ao “inimigo”, reproduzida até hoje
na sua atuação e na formação e treinamento dos jovens policiais.

Além disso, os policiais estão inseridos em um sistema de segurança que não valoriza o trabalho do agente
e não garante as condições básicas para a atividade. Os baixos salários, a falta de treinamento e
equipamentos adequados, serviços de inteligência precários e o despreparo psicológico da polícia para lidar
com situações de extrema tensão acabam potencializando os erros e as consequentes mortes nas ações
policiais.

Se, por um lado, o grau de letalidade da polícia brasileira é alto, por outro, os policiais também são vítimas
desse mesmo sistema. Morrem muitos policiais no Brasil vitimados por assassinatos, em serviço, e fora de
serviço. Na verdade, morrem mais policiais fora de serviço, do que em serviço.

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Em 2020, o número de policiais assassinados aumentou para 194, ante 172 policiais em 2019. Nos países
desenvolvidos, como o Reino Unido, dificilmente mais do que uma dezena de policiais perdem a vida por
ano em decorrência de sua profissão.

Em serviço, as mortes de policiais ocorrem quando são vítimas de crime, tendo ou não reagido, ou ao intervir
em uma ocorrência em andamento, sem apoio ou aparato de proteção. Fora de serviço, “não obstante
estarem armados, se encontram sozinhos e distraídos. É importante destacar também que, conforme alguns
estudos apontam, o fato de serem policiais e estarem armados faz destes profissionais vítimas em potencial
de delinquentes que, seja na busca por vingança, seja no pagamento de dívidas com o crime organizado ou
mesmo na busca pela sua arma, ataca estes profissionais, o que ocorre exatamente no momento em que
este se encontra de folga, portanto, sem a suposta proteção da farda, da viatura ou de seus colegas.” (Souza
e Oliveira, 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública).

Devido à baixa remuneração, muitos policiais prestam serviço por conta própria, fazendo “bicos” para
aumentar a renda. Essa é uma das situações em que muitos deles perdem a vida, quando estão sem o apoio
de colegas.

2.2 Situação do sistema prisional brasileiro

O sistema carcerário brasileiro enfrenta, há muito tempo, uma grave crise estrutural, social e econômica.
Embora seja um problema reconhecido e reiteradamente noticiado pela mídia, segmentos relevantes da
sociedade brasileira e dos governos não dão a devida importância que a problemática deveria merecer.

O sistema prisional tem uma dupla função: punir e ressocializar. A punição se dá pela privação de liberdade,
em função do crime cometido pelo preso. Mas, o castigo da prisão, também, é uma forma de o preso
compreender que o crime não compensa e que ao final de sua pena se reintegre a sociedade.

A legislação brasileira garante ao preso que ele seja tratado com dignidade no sistema prisional. A legislação
também não prevê penas de maus tratos e de morte para os que cometeram crimes.

Dessa forma, de nada adianta termos um sistema prisional em péssimas condições, dominado por facções
criminosas e com violações dos direitos dos presos. Pois, um dia o preso sairá da cadeia, e, se sair igual ou
pior do que entrou, voltará a delinquir e gerar medo e insegurança na sociedade.

A superlotação dos presídios

Por lei, a grande responsabilidade pela manutenção dos presos no país está a cargo dos estados. Conforme
o relatório mais recente do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), de 2019, do
Ministério da Justiça, com dados de junho de 2019, a população prisional brasileira chegou a 753 mil
detentos. É a terceira maior população carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos (2,14 milhões) e
China (1,6 milhões).

O problema é que o total de vagas disponível no sistema penitenciário é de 461.026 (junho 2019). Em outras
palavras, há 1,67 presos para cada vaga. Os presídios estão superlotados. De 1990 a 2016, a população
brasileira cresceu 39%. Nesse mesmo período, a população carcerária cresceu 707%. Ou seja, a população
prisional cresceu comparativamente em percentuais muito maiores do que a população do país.

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Evolução das pessoas privadas de liberdade entre 1990 e 2019

Fonte: Infopen 2019

Há, ainda, mais de 300 mil mandados de prisão não cumpridos. Se todos fossem cumpridos, teríamos mais
de um milhão de presos no Brasil, quase o triplo da capacidade atual do sistema prisional.

O perfil dos presos no Brasil

Cinquenta e quatro por cento dos presos brasileiros são jovens, na faixa etária de 18 a 29 anos.

Do ponto de vista racial, historicamente, pretos e pardos são mais encarcerados do que os demais no Brasil.
Em 2019, 66,7 % da população carcerária eram negros (pretos e pardos) e 33,3%, não negros. E esse é um
dado que apresentou tendência de crescimento nos últimos anos. Em 15 anos, a proporção de negros no
sistema carcerário cresceu 14%, enquanto a de brancos diminuiu 19%, como mostra o 14° Anuário de
Segurança Pública.

Em termos de escolaridade, cinco em cada dez presos são analfabetos ou alfabetizados com ensino
fundamental incompleto. Se incluídos os que concluíram o ensino fundamental, mas não chegaram a fazer
o ensino médio, o percentual chega a 65,2%.

Perfil dos presos no Brasil:

Faixa etária: jovem (15 a 29 anos)

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Gênero: masculino

Classe social de origem: pobre

Meio social de origem: periferia das cidades

Cor da pele: negra (preta ou parda)

Escolaridade: analfabetos ou escolarizados com o ensino fundamental incompleto

A Unidade da Federação que possui o maior número de presos é São Paulo. Veja no gráfico abaixo:

Educação, trabalho e saúde

A legislação brasileira garante ao preso o direito de trabalhar e estudar no sistema prisional. É um dos meios
apontados para a ressocialização do presidiário. Ocorre que somente 10% dos presos estão envolvidos em
atividades educacionais e apenas 15% em algum tipo de atividade laboral. Outro direito não provido
adequadamente ao preso é o da saúde. Muitos são acometidos de graves enfermidades ou vêm a falecer
devido às condições insalubres de presídios e do acesso inadequado à saúde.

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Segurança e pessoal

Os sistemas de segurança nos presídios são falhos. Armas, drogas e telefones celulares entram com
frequência no interior dos presídios.

O número de agentes penitenciários é insuficiente para exercer o controle interno das prisões. Relatório do
Infopen aponta que a proporção de agentes de custódia é de 1 para cada 9,3 presos, o que viola resolução
do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), que indica a proporção de 1 agente para
cada 5 pessoas privadas de liberdade. Esse é o número indicado para a garantia da segurança física e
patrimonial nas unidades prisionais.

O excesso de prisões provisórias

Segundo o Ministério da Justiça, 34,72% dos detentos são presos em situação provisória (sem julgamento).
É um número considerado elevado, acima da média de vários países do mundo.
1
O alto percentual indica a falta de acesso adequado à justiça no Brasil. Boa parte dos presos provisórios, nos
termos da lei, poderiam estar respondendo ao processo em liberdade. São presos que não têm condições de
pagar e manter um advogado particular, por isso dependem da Defensoria Pública, que não têm defensores
suficientes para atuarem nas suas causas e requererem perante o juízo a possibilidade de responderem ao
processo em liberdade.

A maior parte dessas prisões surge depois de uma prisão em flagrante. Prisões em flagrante levam a prisões
provisórias em 94,8% dos casos, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Infopen revela que 25%
desses presos ficam detidos por mais de três meses. Há relatos de pessoas que viram o juiz pela primeira
vez depois de passar mais de dois meses no cárcere.

Posse ou tráfico de drogas

Conforme o Infopen, 48,12% dos presos estão recolhidos ao sistema prisional por terem cometidos crimes
contra o patrimônio, como roubos e furtos. É o gênero de crime que mais leva à prisão. O segundo gênero
de crime que mais leva à prisão é o tráfico de drogas (39,42%) e o terceiro são os crimes contra a pessoa,
fundamentalmente os homicídios.

Em 2006, o país tinha 47 mil presos por tráfico de entorpecentes. Em 2017, a cifra chegou a 157 mil, ou seja,
cresceu mais de 300% em onze anos.

De acordo com estudiosos do tema, um dos motivos para esse aumento pode ser encontrado na chamada
nova Lei de Drogas, de 2006. Foi também a partir da nova Lei de Drogas que cresceu o número de mulheres
presas, já que a população prisional feminina é historicamente associada a condenações por crimes como
tráfico de drogas e associação com o tráfico. O percentual de mulheres presas por esse tipo de crime é de
60%.

A lei de 2006 trouxe a distinção entre usuário e traficante. O usuário de drogas – que apenas utiliza
substâncias ilícitas para seu próprio consumo, sem comercializar – passou a ser condenado a penas leves,
como advertência, prestação de serviços comunitários ou medidas educativas. Já o traficante teve a sua pena
mínima aumentada para evitar que a sua prisão fosse convertida em medidas alternativas (o que só ocorre
quando a pena é inferior a 4 anos de prisão).

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Se a nova lei reconhece que prender o usuário não é a melhor solução – o que teoricamente diminuiria a
pressão no sistema carcerário – então como ela se relaciona com a piora da situação nas prisões?
Segundo entidades ligadas à Rede Justiça Criminal, a grande questão é a subjetividade da lei. A diferença de
usuário e traficante é definida pelo juiz, que analisa oito critérios diferentes, incluindo a “natureza” e
a “quantidade da substância” que o suspeito carrega, bem como do contexto em que ele foi pego e seus
antecedentes. Pequenas quantidades não necessariamente são interpretadas como sinal de que se trata de
um usuário, porque isso poderia ser uma brecha na lei; os traficantes passariam a andar com pequenas
quantidades de drogas por vez, e assim se livrariam da prisão.

Ocorre que muitas pessoas têm sido presas com pequena quantidade de drogas, baseadas apenas no relato
do policial e sem contar com advogado no momento da prisão, situação bastante desfavorável ao acusado.
Jovens de baixa escolaridade e socialmente vulneráveis são os mais aprisionados dessa forma. Isso aumenta
a suspeita de que muitos dos traficantes que lotam as cadeias brasileiras seriam, na verdade, apenas usuários
de drogas.
d
“Escolas do crime”

Uma das consequências da superlotação carcerária é colocar réus primários convivendo com condenados e
detentos de alta periculosidade e também em contato com facções criminosas. A separação entre presos
provisórios e condenados (e entre estes a divisão por gravidade do crime) está prevista na Lei de Execução
Penal e em tratados de direito internacionais. No entanto, tal orientação não é cumprida em quase todas as
prisões brasileiras. Especialistas apontam que o risco é criar as chamadas “escolas do crime”.

As condições precárias e desumanas das cadeias brasileiras, a ausência de agentes penitenciários


qualificados e de uma política efetiva de ressocialização criam um ambiente fértil para o surgimento das
facções criminosas – grupos de presidiários que agem dentro das prisões e arregimentam novos detentos,
oferecendo vantagens, mas impondo suas regras e controlando o cotidiano desses espaços.

Como o Estado falha em prover aos presos proteção e condições minimamente dignas de sobrevivência, as
facções entram em ação para oferecer segurança para sobreviver no presídio, coibindo a violência entre os
presos e até abusos de agentes penitenciários. Em troca, uma vez reinseridos à liberdade, esses ex-detentos
devem continuar prestando serviços à organização criminosa, ou seja, cometendo crimes, para levar dinheiro
à facção. Ex-detentos, já em liberdade, e outros criminosos articulam-se no crime organizado, principalmente
no tráfico de drogas.

A guerra das facções

Segundo autoridades que investigam o assunto, mais de 70 facções criminosas lutam pelo controle do crime
organizado em todo o país, sobretudo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
Uma complexa e dinâmica rede de aliados e opositores rege as relações entre diferentes grupos, que
costumam se enfrentar nos presídios na luta pela hegemonia do local.

Principal organização criminosa do país, o PCC surgiu nos anos 1990, no presídio de segurança máxima de
Taubaté, no interior de São Paulo. Atualmente, a facção já se encontra espalhada por todos os estados
brasileiros – mais de 60% dos “filiados” seriam detentos de fora do estado de São Paulo.

Um dos motivos que levam a essa expansão dos “filiados” seriam as transferências de detentos,
principalmente dos líderes dessas facções, para presídios em outros estados. Foi isso que ocorreu em 1998.

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Numa tentativa de desarticular o movimento, o governo paulista transferiu alguns dos expoentes da facção
para o Paraná. Nesse estado, surgiu então o Primeiro Comando do Paraná, um dos braços do PCC. Mas a
“exportação” de presos não gera apenas ramificações, como também grupos dissidentes – caso do Sindicato
do Crime, no Rio Grande do Norte, que surgiu a partir do PCC.

O Comando Vermelho (CV), nascido no Rio de Janeiro, já foi aliado do PCC, mas hoje é seu principal rival.
Alinhado ao CV está o grupo Família do Norte, responsável por parte dos assassinatos em presídios no norte
do país.

O controle das rotas de tráfico, sobretudo de cocaína, na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, seria
o principal motivo da disputa que já ocorria entre a Família do Norte e o PCC. Especialistas apontam que a
ruptura que aconteceu entre PCC e CV, em 2016, impactou também as relações entre as facções e seus
subordinados, o que agravou as disputas nos presídios.

Realidade do sistema prisional brasileiro

- Presídios estão superlotados.

- Alto percentual de presos provisórios.

- Péssimas condições dos presídios, com a violação dos direitos dos presos.

- Sistema de segurança são falhos.

- Poder público não tem o efetivo controle dos presídios.

- Facções criminosas exercem grande poder no interior dos presídios e sobre detentos.

- Presídios se transformaram em “escolas do crime”.

- Índice de reincidência é elevado.

- Sistema não cumpre adequadamente com a função de ressocialização do preso.

Soluções para a crise do sistema prisional

A solução para a crise penitenciária está relacionada à redução da violência e da criminalidade no Brasil.
Uma sociedade menos violenta e a diminuição dos crimes contribuiria para a redução do número de presos.

Outras propostas apresentadas pelos estudiosos do tema para enfrentar a superlotação do sistema prisional
são:

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Maior adoção de penas alternativas ao encarceramento, nos termos da legislação brasileira, como a
prestação pecuniária e a prestação de serviços à comunidade. O aumento da aplicação teria o efeito de evitar
que muitos criminosos de baixa periculosidade entrassem em contato com facções criminosas nos presídios.

O fornecimento do acesso adequado à justiça contribuiria agilizar a situação dos presos provisórios,
diminuindo o seu número. Muitos poderiam, nos termos da lei, responderem ao processo em liberdade ou
terem a sua prisão extinta.

A promoção de ajustes na Lei de Drogas (principal fator que contribuiu para aumentar o volume de prisões)
com uma definição clara entre usuário e traficante. Outros vão além e defendem a descriminalização das
drogas como uma solução para reduzir a superlotação do sistema. "Simplesmente descriminalizando o uso
e o consumo você tira 30% das pessoas das cadeias do país", afirma o assessor jurídico da Pastoral Carcerária,
Paulo Cesar Malvezzi Filho.

Nesse quesito, é fundamental um sistema que, de fato, ressocialize o preso, com políticas humanizadoras e
b
que possibilite a reinserção do ex-detento à vida em sociedade. Uma medida nesse sentido seria o aumento
das opções de trabalho e estudo nos presídios, de modo a possibilitar ao preso uma perspectiva de futuro
fora da criminalidade.

2.3 Violência contra a mulher

No ano de 2020, foram assassinadas 3.913 mulheres no país, apresentando uma pequena redução em
relação ao ano de 2019, quando foram assassinadas 3.966 mulheres. Contudo, o cenário brasileiro ainda é
um dos piores do mundo. Segundo dados da ONU, de 2015, o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking mundial
de proporção de assassinatos de mulheres.

Nem todos os assassinatos de mulheres são feminicídios. Enquanto o primeiro teve queda em 2020, o
segundo aumentou. Foram 1.350 casos de feminicídio em 2020, ao passo que, em 2019 foram 1.330 mortes,
um aumento de 0,7%.

O feminicídio é o homicídio praticado contra vítima mulher por motivações baseadas em violência
doméstica e/ou intrafamiliar, ou em caso de menosprezo ou discriminação pela condição de mulher. A Lei
nº 13.104/2015, também conhecida como Lei do Feminicídio, o classifica como um crime hediondo. Os
condenados por esse tipo de crime merecem a pena máxima de reclusão (30 anos), não têm direito a indulto
(perdão) ou anistia, e nem a responder a processo em liberdade mediante o pagamento de fiança.

Fica a pergunta: por que os homicídios caem, mas os feminicídios sobem?

Desde 2015, quando a Lei do Feminicídio passou a valer, os números de feminicídios têm crescido a cada ano
no Brasil. Assim, duas hipóteses são apresentadas pelos estudiosos do tema:

Hipótese 1: O crime está, de fato, crescendo no Brasil.

Hipótese 2: Apenas o número de registros está aumentando – ou seja, que as polícias passaram a se adequar
e a se familiarizar com a lei, registrando corretamente o crime.

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Conforme o Atlas da Violência, o perfil das vítimas de feminicídio é observado em todas as faixas etárias, mas
significativamente maior em mulheres entre 18 a 44 anos (74,7%).

A relação entre a vulnerabilidade social e a violência também pode ser percebida a partir da escolaridade:
70,7% das vítimas cursaram até o ensino fundamental, enquanto 7,3% tem ensino superior.

O perfil de raça/cor das vítimas revela a maior vulnerabilidade das mulheres negras: elas são 61,8% das
vítimas. Esse número tem, inclusive, aumentado ao longo dos últimos anos. No período de 2006 a 2016,
verificou-se que mortalidade de mulheres não negras teve redução de 8%, enquanto número de mortes de
negras aumentou 15,4%. Mulheres negras são as vítimas prioritárias da violência.

Observa-se que 81,5% das vítimas foram assassinadas pelos próprios companheiros ou ex-companheiros.
A maioria dos casos ocorre em sua residência e com arma branca.

De acordo com Matias (2016), “os assassinatos de mulheres têm duas características que o distinguem dos
1 onde acontecem. O uso de força física e de objetos
homicídios masculinos: os meios utilizados e o local
cortantes e penetrantes indica motivos passionais. E o fato de boa parte dos crimes ocorrerem na residência
mostra o caráter doméstico desses homicídios”.

Pereira, Bueno, Bohnenberger e Sobral, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacam que diversos
estudos apontam a relação próxima com o algoz como característica marcante da violência de gênero. Este
aspecto relaciona-se com a amplitude característica da violência contra a mulher, que incide nas relações
íntimas conjugais através da dependência patrimonial e violência psicológica, por exemplo.

São traços desafiadores das políticas de prevenção e proteção, pois ocorrem no seio de relações das quais
se espera segurança e confiança, e que comumente estão investidas de tabus por dizerem respeito à esfera
doméstica e familiar. Não à toa, muitos dos casos de feminicídios registrados nos últimos anos e registrados
pela imprensa tratavam de mulheres que buscavam a separação do agressor.

Segundo as Diretrizes Nacionais para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes
violentas de mulheres, são condições estruturais das mortes violentas de mulheres por razões de gênero: o
sentimento de posse, o controle sobre o corpo e autonomia da mulher, a limitação da emancipação
profissional, econômica, social e intelectual da mulher, seu tratamento como objeto sexual e a manifestação
de desprezo e ódio pela mulher.

Violência doméstica

Uma análise mais contextual sobre os indicadores de violência baseada em gênero indica que a violência
doméstica está em crescimento. Em 2018, o Brasil atingiu o recorde de registros de lesões corporais dolosas
em decorrência de violência doméstica, com 263 mil casos. Isso significa que, a cada 2 minutos, uma mulher
se deslocou até uma delegacia de polícia para denunciar que tinha sido agredida pelo companheiro.

Contudo, a subnotificação é muito grande e os números reais são bem maiores. O número de mulheres que
fazem o registro das ocorrências nos órgãos policiais é muito menor do que os crimes efetivamente
ocorridos. Muitas vítimas não denunciam a agressão sofrida porque conhecem o autor da violência e tem
medo de retaliação e porque se sentem envergonhadas, achando que são culpadas pela violência sofrida, e
até mesmo para proteger o agressor, que é alguém do seu convívio.

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Violência sexual

A violência sexual pode ser definida como qualquer ato sexual ou tentativa de obter ato sexual, sem o
consentimento da vítima. A violência pode ser exercida com uso da força ou ameaça, mas também com
chantagem, suborno ou manipulação.

O estupro é uma modalidade da violência sexual e um dos mais brutais atos de violência, humilhação e
controle sobre o corpo de outro indivíduo, em sua maioria mulheres. O trauma vivenciado pelas vítimas deixa
muitas sequelas na vida e na saúde dos atingidos, resultando em sérios efeitos nas esferas física e/ou mental,
no curto e longo prazo.

Em 2020, foram registrados 60,460 casos de estupros, uma redução de 14,1% em relação ao ano anterior,
quando haviam sido registrados 66.041 casos.

De acordo com os registros de estupro e estupro de vulnerável do ano de 2020, 86,9% das vítimas eram do
8
sexo feminino, o que evidencia a desigualdade de gênero como uma das raízes da violência sexual, diz o
estudo feito pelas pesquisadoras do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo o estudo, a maior parte dos estupros que ocorre no Brasil é o de vulnerável (contra crianças
menores de 14 anos ou pessoas com doenças ou deficiência mental que não têm discernimento para a
prática do ato e que não podem oferecer resistência): 73,7%.

A maioria dos crimes é praticado contra crianças de até 13 anos (60,6%). O autor do estupro é, na grande
maioria dos casos, homem (96%) e é quase sempre conhecido da vítima (85,2%).

Sobre a baixa idade das vítimas, as pesquisadoras do Fórum Samira Bueno, Carolina Pereira e Cristina Neme
lembram que, de acordo com a Unicef, meninas de até 16 anos, em especial em classes mais baixas,
“associam o casamento à possibilidade de mudança de status social, de alguma forma de emancipação e de
serem mais valorizadas". "A gravidez autoriza o casamento infantil no Brasil, inclusive com meninas com
menos de 14 anos, sendo que, a princípio, pelas definições do Código Penal Brasileiro, qualquer relação
sexual com menina dessa idade pode ser criminalizada como um estupro de vulnerável.”

Como lembram as pesquisadoras do Fórum, os números são ainda mais alarmantes quando se leva em conta
que os crimes sexuais estão entre aqueles com menores taxas de notificação à polícia.

“O que indica que os números aqui analisados são apenas a face mais visível de um enorme problema que
vitima milhares de pessoas anualmente. No caso brasileiro, a última pesquisa nacional de vitimização
estimou que cerca de 7,5% das vítimas de violência sexual notificam a polícia. Nos Estados Unidos, a taxa
varia entre 16% e 32%, a depender do estudo. O mais recente foi publicado em dezembro de 2018 pelo
Departamento de Justiça Americano e revelou que apenas 23% das vítimas reportou o crime à polícia.”

Entre os motivos para a baixa notificação estão o medo de retaliação por parte do agressor, que é geralmente
conhecido da vítima, receio de julgamento e descrédito nas instituições policiais e de Justiça.

Cultura do estupro

O termo “cultura do estupro” expressa o modo como a sociedade naturaliza o comportamento sexual
violento dos homens e culpa as vítimas de assédio. Culturalmente culpa-se a vítima da violência por ter usado

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uma roupa curta, por não ter reagido ou simplesmente por ser atraente demais. Pesquisa produzida pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2016 mostrou que 43% dos brasileiros do sexo masculino com 16
anos ou mais acreditavam que “mulheres que não se dão ao respeito são estupradas”. Esse pensamento
arraigado estimula a impunidade de estupradores, como também inibe que mulheres denunciem as
violências sofridas. Por outro lado, muitas mulheres ainda não têm consciência do ato que sofreram,
vivenciando a agressão como algo natural.

Formas de violência contra a mulher

A Lei Maria da Penha define como violência contra a mulher qualquer conduta de discriminação, agressão
ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher. Ela pode assumir diferentes formas, como:

Violência física: atos que afetem sua integridade ou saúde corporal, como empurrões, beliscões, socos, tapas
e chutes.

Violência psicológica: aquela que causa dano emocional ou visa controlar ações, comportamentos, crenças
e decisões, tais como ofensas disfarçadas de brincadeiras, humilhações, controle sobre a forma de se vestir,
se comportar ou se expressar.

Violência sexual: qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que force o matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição; ou que limite ou
anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.

Violência moral: quando a mulher é humilhada publicamente ou é vítima de ofensas, calúnias, xingamentos
e injúrias.

Lei Maria da Penha

A Lei nº 11.340/2006 é popularmente conhecida por Lei Maria da Penha, em homenagem à mulher que
sofreu violência doméstica por anos e lutou para a aprovação de alguma medida que coibisse essa atitude.
Maria da Penha Maia Fernandes ficou paraplégica devido a um tiro que levou do marido, que tentou matá-
la novamente após esse crime.

Após anos de batalha judicial contra seu agressor, a Lei Maria da Penha foi criada em 2006 no Congresso
Nacional, por unanimidade, sendo considerada pela ONU como a terceira melhor lei contra a violência
doméstica no mundo. Apesar de ainda existirem obstáculos para as denúncias contra agressões, entre os
anos de 2006 e 2013 o número de denúncias aumentou em 600%.

Os principais pontos positivos da criação da Lei Maria da Penha foram:

• A possibilidade de o agressor ser preso em flagrante ou ficar em prisão preventiva, logo após a
denúncia da mulher;

• A violência contra a mulher ser um agravante de pena, ou seja, aumenta a possibilidade de uma pena
maior ao agressor;

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• A mulher poderia, antes da lei, desistir de denunciar seu agressor já na delegacia – por medo de fazê-
lo, por ameaça ou humilhação. Porém, agora só pode fazer isso perante o juiz; e

• Medidas de urgência que tiram a vítima do convívio com o agressor – antes da lei, as mulheres ficavam
à mercê de novas ameaças e agressões, que poderiam resultar em ela desistir de ir em frente com o processo,
por exemplo.

Lei da Importunação Sexual - Lei nº 13.718/2018

Esta lei que entrou em vigor em 2018, define importunação sexual como a "realização de ato libidinoso na
presença de alguém de forma não consensual", com o objetivo de “satisfazer a própria lascívia ou a de
terceiro”.

O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, mas também
enquadra ações como beijos forçados e passar a mão no corpo alheio sem permissão. Porém, a
importunação sexual difere do assédio sexual, que se baseia em uma relação de hierarquia e subordinação
entre a vítima e o agressor.

Antes da norma, a conduta era considerada apenas uma contravenção penal, punida com multa, e quando
se tratava de estupro, era prisão em flagrante ou preventiva. A importunação sexual é considerada crime
comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, seja do mesmo gênero ou não. O infrator pode ser
punido com prisão de um a cinco anos.

A Lei também tornou crime a divulgação de cena de estupro, sexo, nudez ou pornografia, sem permissão da
vítima, por qualquer meio, inclusive de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática, quer
por fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual. A pena vai de um a cinco anos de reclusão, podendo ser
agravada se o agressor tiver relação afetiva com a vítima. Podem responder pelo crime, quem produz o
material divulgado, como qualquer pessoa que compartilhar o conteúdo, até mesmo em redes sociais.

Machismo e sociedade patriarcal

Uma das raízes da tolerância a violência contra a mulher está no ordenamento patriarcal da sociedade – a
organização da família em torno da figura do homem e da autoridade masculina. O homem é considerado o
chefe da família e à esposa cabe “se dar ao respeito” e se comportar segundo o papel que foi determinado
a ela – o de dona de casa, esposa e mãe. Para validar essa autoridade e corrigir comportamentos femininos
que transgridem o esperado, o uso da violência – física ou psicológica – é uma possibilidade sempre sugerida
ou exercida por esse chefe patriarcal. Essa visão da superioridade do homem sobre a mulher, por sua vez,
constitui a ideia central do pensamento machista, persistente em nossa sociedade.

A impunidade é outro fator que explica a persistência da violência de gênero no Brasil. De acordo com o
Mapa da Violência 2015 – Homicídios de Mulheres no Brasil, o índice de elucidação dos crimes de homicídio
seria apenas de 5% a 8%.

Enfrentamento da violência contra a mulher

O estudo Raio X do feminicídio preconiza ser possível evitar a morte se a mulher romper o silêncio e se o
Estado intervier a tempo. Segundo esse estudo, no estado de São Paulo, entre as mulheres que foram

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atacadas, apenas 3% tinham medidas protetivas e das 124 mulheres que foram mortas, só cinco haviam
registrado boletim de ocorrência. Dessa forma, percebe-se que, quando a vítima e o Estado agem, é possível
evitar a morte.

Assim, é fundamental haja o encorajamento para que aquelas que já tenham sido vítimas de violência ou
estejam na iminência de sê-lo denunciem o agressor, de modo que o Estado possa tomar medidas
destinadas a evitar que a violência e as ameaças, permanentes ou eventuais, redundem em morte. Isso pode
acontecer por meio das Defensorias Públicas (algumas possuem núcleos próprios para isso), os Ministérios
Públicos estaduais, as Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, os Disque-Denúncia e até mesmo
pela polícia militar.

Por seu lado, o Estado pode auxiliar utilizando-se das medidas protetivas no âmbito da Lei Maria da Penha,
que incluem, por exemplo, o afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima, a fixação
de limite mínimo de distância de que o agressor fica proibido de ultrapassar em relação à vítima, etc.

Outra ação é a manutenção, a ampliação e o aprimoramento das redes de apoio à mulher, previstos na Lei
Maria da Penha (Lei 11.340/2006), notadamente, provendo abrigamento em situação de violência,
propiciando segurança, alimentação e repouso para as mulheres e seus filhos, bem como assistência jurídica
e psicológica. Por vezes, a mulher não tem para onde ir e, nessa hora, ter um acolhimento é muito
importante. Em outros casos, as mulheres não estão preparadas naquele momento para registrar um
boletim de ocorrência. Então a existência da rede como um todo é fundamental para que ela seja acolhida e
orientada, se fortaleça e, principalmente, não fique só.

Assim, é fundamental que a mulher conte com esse suporte do Estado, especialmente no momento do
rompimento do relacionamento, principal motivo de morte de mulheres no contexto do feminicídio.

Um aspecto fundamental para o combate desse problema é o combate à impunidade, pois quando o Estado
não responsabiliza os autores de atos de violência e a sociedade tolera, expressa ou tacitamente, tal
violência, a impunidade não só estimula novos abusos, como também transmite a mensagem de que a
violência masculina contra a mulher é aceitável, ou normal.

2.4 Facilitação da posse e do porte de armas

Uma das promessas de campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República foi a facilitação da posse e
do porte de armas no Brasil. Para isso, editou três decretos no ano de 2019.

O direito à posse diz respeito a ter a arma em casa (ou no trabalho, no caso de proprietários). O direito ao
porte é a autorização para transportar a arma fora de casa.

A promessa do presidente está em sintonia com a chamada bancada da bala (parlamentares ligados a
questões de segurança pública), que o apoiou na disputa presidencial. O grupo é formado por ex-policiais,
delegados e deputados, muitos financiados por empresas de armas e munições.

Segundo estimativas da organização Small Arms Survey, existem hoje cerca de 17.510.000 armas nas mãos
de civis no território brasileiro, das quais mais de 9 milhões não possuem registro.

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Posse e porte de arma

O porte pode ser entendido como um passo além do direito de posse. Desta forma, não há como tratar de
um conceito sem conhecer brevemente o outro.

• Posse de arma: possibilita comprar e registrar um armamento, que pode ser mantido em residência
ou local de trabalho do proprietário da arma (apenas se ele for responsável legal pelo estabelecimento). A
posse segue a lógica do direito de legítima defesa: a ideia é que o cidadão possa optar por ter uma arma em
casa para proteção.

• Porte de arma: o direito de porte oferece uma garantia a mais — ele dá aos seus proprietários
a possibilidade de andar armado nas ruas. Ou seja, com ele é possível transitar com a arma em ambientes
para além da residência ou local de trabalho do dono do armamento.

No Brasil, a posse de arma é entendida como um direito adquirido por meio do recebimento do Certificado
de Registro de Arma de Fogo, emitido pela Polícia Federal. Segundo o Estatuto do Desarmamento, em seu
artigo 5º:

“O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional,


autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua
residência ou domicílio, ou dependências dessas, ou, ainda, em local de trabalho, desde
que seja ele o titular ou responsável legal pelo estabelecimento ou empresa”

Na prática isso quer dizer que, uma vez com o certificado, a pessoa que o recebeu pode comprar uma arma
de fogo de uso permitido, mas só pode estar sob posse dela em casa ou em um local de trabalho do qual seja
o dono ou responsável legal. Ou seja, a arma deve permanecer o tempo todo dentro do estabelecimento.

É importante ressaltar que mesmo que alguém tenha conseguido o direito à posse de uma arma, essa
pessoa não pode sair de casa com ela, seja junto ao corpo, em veículo de transporte ou de qualquer outra
forma, sob pena de prisão de 2 a 4 anos. Para que possa fazer é necessária uma autorização de porte de
arma.

Decreto da posse de armas

Conforme o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) e o Decreto nº 5.123/2004, para possuir uma
arma de fogo, a pessoa interessada deve cumprir os seguintes requisitos:

• Ter, no mínimo, 25 anos;


• Não ter antecedentes criminais e não estar respondendo a processo criminal ou inquérito policial;
• Possuir ocupação lícita e residência certa;
• Comprovar preparo técnico e psicológico para o uso da arma;
• Declarar a “efetiva necessidade”, ou seja, explicar em documento as razões pelas quais necessitaria
da posse de arma de fogo, para que o Delegado da Polícia Federal pudesse analisá-las e decidir se são ou
não válidas.

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No dia 15 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou o Decreto nº 9.685, que alterou partes do Decreto
nº 5.123/2004, que regula o Estatuto do Desarmamento e integra a Política Nacional de Controle de Armas
de Fogo e Munições.

O principal ponto alterado é o detalhamento das hipóteses da “efetiva necessidade” de possuir arma em
casa, que são as que seguem:

• Ser agente público (ativo ou inativo) de categorias como: agentes de segurança, funcionário da
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), agentes penitenciários, funcionários do sistema socioeducativo e
trabalhadores de polícia administrativa;

• Ser militar (ativo ou inativo);

• Residir em área rural;

• Residir em área urbana de estados com índices anuais de mais de dez homicídios por cem mil
habitantes, segundo dados de 2016 apresentados no Atlas da Violência 2018 (todos os estados e o Distrito
Federal se encaixam nesse critério);

• Ser dono ou responsável legal de estabelecimentos comerciais ou industriais;

• Ser colecionador, atirador e caçador, devidamente registrados no Comando do Exército.

Segundo essa definição, praticamente todo cidadão brasileiro – desde que cumpra com os demais requisitos
apresentados legais – fica apto a possuir uma arma. Cumpridos os requisitos, o cidadão poderá ter até quatro
armas, limite que pode ser ultrapassado em casos específicos.

Destaca-se que não tem direito à posse quem tiver vínculo comprovado com organizações criminosas; quem
mentir na declaração de efetiva necessidade e quem agir como 'pessoa interposta' de alguém que não
preenche os requisitos para ter posse.

O papel do Delegado da Polícia Federal no processo foi diminuído pois serão presumidas como verdadeiras
as informações da declaração de efetiva necessidade. Cumpridos os requisitos ele deverá conceder a posse
de arma de fogo.

Além disso, as pessoas que quiserem ter arma em casa precisarão comprovar a existência de cofre ou local
seguro para armazenamento, em casas nas quais morem crianças, adolescentes ou pessoa com deficiência
mental.

Por fim, o tempo de validade do Certificado Registro de Arma de Fogo também foi alterado, passando de 5
para 10 anos. O presidente ainda renovou automaticamente os registros emitidos antes do decreto. Isso
quer dizer que se alguém conseguiu um registro 5 anos atrás e teria que renová-lo em 2019, agora só
precisará renová-lo no ano de 2029.

Decretos de facilitação do porte de armas

O Decreto nº 9.785 de 08 de maio de 2019, facilitou o porte de armas no Brasil. Esse decreto teve vários dos
seus pontos criticados e a sua legalidade questionada. Com o objetivo de corrigir pontos que foram

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questionados pela Justiça e por segmentos da sociedade, o governo federal editou, no dia 21 de maio de
2019, o Decreto nº 9.797.

Assim como a posse de armas, o porte de armas no Brasil é regulado pelo Estatuto do Desarmamento,
estabelecendo que para obter o direito de porte é preciso demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física, comprovar ser uma pessoa idônea,
ter 25 anos, comprovar capacidade técnica e psicológica para o uso de arma de fogo, não ter antecedentes
criminais nem estar respondendo a inquérito ou a processo criminal e ter residência certa e ocupação lícita.

O decreto de Bolsonaro descreveu quais seriam as atividades profissionais de risco que cumprem o
requisito da efetiva necessidade, conforme segue:

• Instrutor de tiro ou armeiro credenciado pela Polícia Federal;


• Colecionador ou caçador com Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pelo Comando do
Exército;
• Agente público, "inclusive inativo", da área de segurança pública, da Agência Brasileira de
Inteligência, da administração penitenciária, do sistema socioeducativo, desde que lotado nas unidades de
internação, que exerça atividade com poder de polícia administrativa ou de correição em caráter
permanente, ou que pertença aos órgãos policiais das assembleias legislativas dos Estados e da Câmara
Legislativa do Distrito Federal;
• Detentor de mandato eletivo nos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, quando no exercício do mandato;
• Advogado;
• Oficial de justiça;
• Dono de estabelecimento que comercialize armas de fogo ou de escolas de tiro ou dirigente de clubes
de tiro;
• empregado de estabelecimentos que comercializem armas de fogo, de escolas de tiro e de clubes de
tiro que sejam responsáveis pela guarda do arsenal armazenado nesses locais;
• Residente em área rural;
• Profissional da imprensa que atue na cobertura policial;
• Conselheiro tutelar;
• Agente de trânsito;
• Motoristas de empresas e transportadores autônomos de cargas;
• Proprietários ou empregado de empresas de segurança privada e de transporte de valores.
• Guarda portuário;
• Integrante de órgão do Poder Judiciário que esteja efetivamente no exercício de funções de
segurança; e
• Integrante de órgão dos Ministérios Públicos da União, dos Estados ou do Distrito Federal e Territórios
que esteja efetivamente no exercício de funções de segurança.

Revogação dos decretos

Os decretos sobre a posse e o porte de armas de fogo geraram enorme polêmica e muitas contestações na
política e na sociedade. Em junho de 2019, o Plenário da Comissão de Constituição e Justiça do Senado
chegou a aprovar parecer que pedia a suspensão dos decretos.

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Além disso, estava previsto a análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de um pedido para anular os
decretos.

Diante da concreta possibilidade de anulação dos decretos pelo legislativo e STF, o presidente Jair Bolsonaro
revogou-os. No lugar, o presidente editou três novos decretos restituindo a regulamentação anterior e
enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei sobre o mesmo tema.

Pessoal, agora é aguardar a decisão do Poder Legislativo. Contamos todos os fatos, por que pode vir alguma
questão sobre o tema com maior detalhamento.

Críticas aos decretos

Alguns dos principais argumentos contrários são:

• É função do Estado e suas forças policiais, e não do cidadão comum, lidar com a segurança e a
criminalidade. A presença de armas de fogo em casa não elimina o fator surpresa de um crime e pode
contribuir para torná-lo mais violento, não sendo a melhor solução. Cabe ao Estado melhorar sua eficiência
em segurança ao invés de “terceirizá-la” ao cidadão.

• O período em que a posse de arma foi liberada no Brasil, sobretudo após o aumento dos déficits em
segurança pública na década de 1980, foi marcado por crescentes índices de homicídio. Segundo estudo do
Ipea, o aumento de 1% em armas de fogo eleva em até 2% a taxa de homicídio.

• O Referendo de 2005 (no qual a maior parte da população foi favorável) diz respeito ao comércio, e
não à posse de arma. O comércio se manteve em funcionamento, atendendo ao referendo.

• O critério do direito a posse para os residentes em área urbana de estados com índices anuais de
mais de dez homicídios por cem mil habitantes tendo por base o ano de 2016 é preenchido por todos os
estados e o DF. Um critério estabelecido para abranger todos, deixa de ser um critério.

• O aumento no número de armas em circulação resultará em aumento de violência tanto por conta
do estímulo a soluções violentas quanto pelo mercado informal de armas, que incentivará ao roubo.

• Quem se defende também morre. Estudo do Instituto Sou da Paz mostra que 70% das pessoas que
são assaltadas quando estão armadas tomam tiro.

• Temor de que o cidadão possa perder a cabeça em situações banais como brigas entre vizinhos,
familiares, no bar ou no trânsito. Receio de aumento de crimes por ódio e intolerância.

• A facilitação da posse de armas pode levar ao aumento dos casos de feminicídios no Brasil. Isso
porque existe uma estreita relação entre a presença de armas em residências e mortes de mulheres no Brasil.
A maioria destes crimes ocorre dentro de casa. Em 2016, 60% das violências contra mulheres praticadas com
armas de fogo terminaram em morte.

• O Estatuto de Desarmamento reduziu o ritmo de crescimento do número de homicídios que, de


outra forma, poderiam estar em volume muito superior. De um crescimento médio de 2,22% ao ano anterior
ao Estatuto, passou a 0,29% ao ano depois de 2004.

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• O Brasil lidera o ranking de mortes por armas de fogo no mundo.

• A extensão do prazo para renovação poderá favorecer pessoas que tenham algum tipo de
impedimento em uma eventual renovação mais próxima. Na prática, a mudança favorece os proprietários
de armas que poderiam ter a renovação do registro negada porque, no momento do pedido, respondem a
inquérito ou processo criminal ou têm condenação na Justiça.

Quais os argumentos de quem defende liberar as armas?

Alguns dos principais argumentos dos apoiadores são:

• Essa é uma proposta que foi legitimada via eleição democrática, uma vez que era clara pauta de
campanha do presidente eleito.

• A posse de arma corresponde ao exercício do direito de legítima defesa do cidadão, que deve ter os
meios adequados de exercê-lo e proteger a si e a seu patrimônio.

• O problema da violência não é a arma de fogo, mas a pessoa que a empunha. Só receberão arma
aqueles que comprovarem aptidão técnica e psicológica e o descumprimento de regulamentações levará às
devidas punições legais.

• A medida vai ao encontro do referendo realizado em 2005, no qual 63% da população votou pelo
comércio de armas.

• O Decreto nº 9.685/2019 estabeleceu critérios objetivos para o elemento da “efetiva necessidade”,


antes subjetivo demais e dependente do Delegado da Polícia Federal, o que estimulava casos de corrupção
e troca de favores, favorecendo o cidadão em sua escolha.

• O acesso mais facilitado ao armamento servirá de desestímulo aos criminosos, que “pensarão duas
vezes” antes de cometer um crime, equiparando em força o “cidadão de bem” e, assim, diminuindo os
índices de violência.

• O Estatuto do Desarmamento não cumpriu sua função, não reduzindo significativamente os índices
de homicídio. Apenas um dos lados entregou as armas. O Brasil tem batido recordes de homicídio ano a ano.
Só em 2017 foram mais de 63 mil.

• Os acidentes com armas de fogo envolvendo crianças são baixos, equiparáveis a acidentes
domésticos.

A população quer mais armas?

A maior parte da população não defende o direito a se armar. Na mais recente pesquisa Datafolha sobre o
assunto, feita em dezembro, 61% dos entrevistados disseram que a posse deve "ser proibida, pois representa
ameaça à vida de outras pessoas".

Há diferenças nas opiniões de acordo com o sexo, renda e escolaridade da pessoa entrevistada. Mulheres
são mais contrárias à liberação do que os homens. Quanto mais alta a renda, maior é a proporção de pessoas

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que defendem a posse. Além disso, pessoas com ensino superior são mais favoráveis do que aquelas com
ensino fundamental.

Também há diferenças regionais. A região Sul é a mais favorável e a Nordeste, a menos. Há mais pessoas no
interior que concordam com a frase "possuir uma arma deveria ser um direito" do que em capitais.

A proporção da população que se diz contra a liberação de armas já foi maior - de 68% em 2013, quando a
questão foi aplicada pela primeira vez pelo Datafolha -, mas também já foi menor - 55% em outubro passado.

O que dizem as pesquisas sobre armas

Iniciativas que facilitam o acesso a armas com o pressuposto de que poderiam diminuir a violência são, em
sua maioria, criticadas por pesquisadores do campo da segurança pública, internacionalmente. A maioria das
pesquisas indicam que a flexibilização no porte de armas aumenta o número de homicídios e apresentam
maior risco às crianças.

No geral, a maior parte dos estudos recentes sobre o tema vai contra a afirmação de que uma maior
quantidade de armas em circulação ajuda a conter a criminalidade. Em 2017, o doutorando em economia
Thomas Conti revisou a literatura publicada sobre o tema em um período de cinco anos e traduziu os resumos
de 61 pesquisas publicadas entre 2013 e outubro de 2017.

Segundo o levantamento, 90% das revisões de literatura são contrárias à tese “mais armas, menos crimes”.
Das 10 revisões ou meta-análises publicadas em periódicos com revisão por pares entre 2012 e 2017, nove
concluíram que a literatura empírica disponível é amplamente favorável à conclusão de que a quantidade de
armas gera efeitos sobre os homicídios, a violência letal e alguns outros tipos de crime. Inclusive, segundo
ele, o melhor estudo internacional, "mais metodologicamente rigoroso", é 100% contrário à tese.

Quando se trata do Brasil, as pesquisas nacionais corroboram amplamente a hipótese de que o crescimento
do número de armas está associado com aumento de crimes e/ou de violência.

Especificamente sobre o caso brasileiro e o Estatuto do Desarmamento, em 2007, um estudo do Ministério


da Saúde mostrou que, de 2003 a 2006, depois da sanção da lei, a cada semestre foi observada uma redução
significativa no número de mortos por arma de fogo.

Houve uma queda de 4.677 óbitos entre 2003 e 2006, ou seja, 12%, considerando números absolutos. O
risco de mortalidade por arma de fogo era de 22 por 100 mil habitantes em 2003, e caiu para 18% em 2006,
passando para uma proporção de 18/100 mil.

O economista e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Daniel Cerqueira é o autor
dos principais estudos que avaliam o impacto das restrições impostas pelo Estatuto do Desarmamento nas
mortes por arma de fogo no Brasil. Em 2015, ele afirmou que o estatuto rompeu com a escalada dos
homicídios desde 1980 — de 1995 a 2003, a taxa de homicídio cresceu 21,4%, enquanto de 2003 a 2012
evoluiu 0,3%.

Segundo sua análise, nos três estados com maior diminuição dos homicídios nos anos 2000 (SP, RJ e PE),
houve também maior redução na difusão de armas de fogo. Já nos três estados com maior elevação das
taxas de homicídios (PA, MA e BA), não houve diminuição da difusão de armas de fogo.

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Apesar da baixa quantidade de pesquisas que afirmam que a flexibilização no porte de armas diminuiu a
violência, existem argumentos favoráveis a esse ponto. Por exemplo, existem países onde a violência é
baixíssima, e a população possui um número elevado de armas. Alemanha, Suécia e Áustria têm mais 30
armas de fogo por cem habitantes – e taxas baixíssimas de homicídio. Honduras, o país mais violento do
mundo, tem proporcionalmente muito menos armas (seis a cada cem habitantes). O Japão, por outro lado,
baniu armas de fogo, e também possui uma taxa de homicídios baixíssima.

3 - Aquecimento global

O aquecimento global tem como causa a intensificação do fenômeno natural do efeito estufa. Ele permite
à atmosfera da Terra reter parte do calor que o Sol envia ao planeta, o que mantém a temperatura média
do nosso planeta em torno de 14 °C, essencial para boa parte das formas de vida.

Quando os cientistas falam em mudança do clima e em aquecimento global, estão se referindo ao aumento
extraordinário da capacidade da atmosfera de reter calor. Situações desse tipo já ocorreram antes na história
da Terra, motivadas, por exemplo, por alterações na atividade solar ou por grandes erupções vulcânicas. Mas
agora a maioria dos cientistas acredita que o fenômeno está sendo alimentado pela ação do homem.

Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são o dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), o
metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). O dióxido de carbono é produzido principalmente pela queima de
combustíveis fósseis. Exemplos de fontes geradoras de metano são os aterros sanitários (decomposição da
matéria orgânica), gado (flatulência e processo digestivo) e plantação de arroz em alagados.

Além disso, ao alterar o uso da terra, por meio do desmatamento e de atividades agrícolas, o ser humano
lança na atmosfera CO2 que estava acumulado nas plantas e no solo.

O excesso de gases liberados na atmosfera tem como consequência alterações no clima, como o aumento
das chuvas em várias regiões, o avanço do mar em áreas litorâneas e rasas e o agravamento das secas.

A década de 2011 a 2020 foi a mais quente da história, sendo 2016 e 2020 os dois anos mais quentes de
todos os tempos. O quinquênio de 2016 a 2020 foram os cinco anos mais quentes desde o fim do século XIX.

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Desde 2001 tivemos 19 entre os 20 anos mais quentes. Desde o final do século XIX, a temperatura média da
superfície global aumentou cerca de 1°. O mês de maio de 2020 foi o mais quente da história, de acordo com
o serviço europeu Copernicus sobre mudanças climáticas.

Considerando as emissões anuais, a partir do ano de 2006, a China passou a ser o maior emissor mundial de
CO2, seguida por Estados Unidos, União Europeia, Rússia, Índia, Japão, Brasil e Canadá. No entanto, se
considerarmos as emissões acumuladas, os dados são diferentes. Estudo do World Resources Institute e
Global Carbon Project/Programa Internacional Geosfera-Biosfera das emissões acumuladas, no período
entre 1850 e 2011, informam que os Estados Unidos são os maiores emissores de CO2, seguidos da União
Europeia, da China, da Rússia e do Japão.

O setor de energia (transportes, produção de eletricidade e de combustíveis fósseis) é o que mais emite
gases estufa em nível mundial, resultado da predominância do petróleo como energético. Na sequência
seguem os setores da agropecuária (criação de animais e cultivo de plantas), uso da terra (desmatamento e
conversão de terras para a agropecuária), indústria e resíduos.

Efeito Estufa

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O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU analisa e acompanha o processo do


aquecimento global. O organismo elabora relatórios e documentos para acompanhar a situação ambiental
do planeta. As conclusões são de que já existe um aquecimento global em andamento, com evidências de
que ele é agravado pelas atividades humanas.

A posição do IPCC não é unânime no meio científico. Um grupo bastante minoritário de cientistas contesta
a afirmação de que o aquecimento global estaria sendo causado pelas atividades humanas. Os críticos
argumentam que até hoje a ciência não conhece todos os mecanismos que regem o clima, e que mudanças
climáticas intensas sempre aconteceram e são naturais.

Nos últimos 500 mil anos ocorreram vários períodos glaciais (nos quais a temperatura global baixava muito)
e também interglaciais (em que havia um aquecimento global). Assim, para os críticos, mesmo que esteja
ocorrendo um aquecimento global, ele pode ter causas naturais, e não há certeza de que as ações humanas
reforcem significativamente o efeito estufa.

De qualquer forma, o aquecimento global está ocorrendo. Vejamos algumas das possíveis consequências:

• O nível médio da água dos oceanos subiu 99 cm de 1901 a 2010. O nível continuará a subir e poderá
submergir os pequenos países insulares e destruir áreas costeiras habitadas.

• Haverá mudanças no ciclo global das águas e aumento de contraste na quantidade de chuva entre as
regiões úmidas e secas e de intensidade nas estações chuvosas e secas. Áreas áridas deverão se tornar
desérticas.

• Aumento na quantidade e na força de furacões, tornados e tempestades e de problemas como


deslizamentos, enchentes e desabastecimento de água.

• As camadas de gelo do Ártico, da Groenlândia e da Antártida estão perdendo volume. E o degelo do Ártico
no verão deverá continuar até o final do século, podendo chegar a apenas 6% do que já foi durante a estação.
Há diminuição também das geleiras de montanhas, o que diminui os volumes de rios.

3.1 A Convenção do Clima e as negociações nas COPs

Para enfrentar o problema do aquecimento global, governos do mundo todo buscam, sob o guarda-chuva
da ONU, adotar atitudes em conjunto para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa. Em 1992, no Rio
de Janeiro, na Eco-92, foi aprovada a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima. Depois, os países
participantes precisavam decidir, em conjunto, o que deveriam fazer. As discussões acontecem nas COPs
(Conferência das Partes, em que cada país-membro é considerado uma parte), realizadas anualmente.

Uma das COPs mais importantes foi a realizada em Kyoto, no Japão, em 1997 (a COP-3). Ela aprovou o
Protocolo de Kyoto, no qual foi estabelecida a estratégia de “responsabilidade comum, porém
diferenciada”. Essa expressão define que todas as nações têm responsabilidade no combate ao aquecimento
global, mas as que mais contribuíram historicamente para o acúmulo de gases do efeito estufa têm uma
obrigação maior. Trata-se das nações mais ricas, como os Estados Unidos (EUA) e boa parte dos países da

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Europa. Por terem iniciado seu processo de industrialização há muito mais tempo, essas nações produziram
a maior parte dos gases acumulados na atmosfera.

Pelo Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos se comprometeram a reduzir sua emissão de gases do
efeito estufa em pelo menos 5,2% em relação aos níveis de 1990 – meta que deveria ser cumprida entre
2008 e 2012. Nações em desenvolvimento, como Brasil e China, não têm metas de redução.

Para entrar em vigor, o protocolo precisava ser ratificado por países que representassem pelo menos 55%
das emissões mundiais de gases do efeito estufa. O Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 2005, mas
grandes poluidores, como os Estados Unidos, não o ratificaram por considerar que isso afetaria sua
economia.

O prazo do protocolo venceu em 2012, mas foi prorrogado até 2020 por falta de um novo acordo.

COP-21 – Conferência do Clima de Paris

A COP-21 foi realizada em dezembro de 2015, em Paris. Assinaram o Acordo do Clima de Paris, 193 países-
membros da ONU, que já tinham assinado e ratificado a Convenção sobre Mudança do Clima, de 1992.

O Acordo estabelece que todos os países deverão se mobilizar para conter o aumento da temperatura
média da Terra, ainda neste século, “bem abaixo de 2 graus Celsius” com relação aos níveis pré-Revolução
Industrial. Também devem fazer o possível para tentar reduzir a 1,5 °C. No atual cenário, se nada for feito,
o planeta poderá ter um aumento de temperatura de até 7,8 °C nesse período. Isso significa que, segundo o
alerta dos cientistas, a Terra está em uma trajetória perigosa de aquecimento. Não foram dadas metas de
redução de emissão de gases do efeito estufa, mas uma intenção global em mudar para uma economia de
baixo carbono.

A principal crítica ao acordo de Paris é que todas as metas nacionais para reduzir as emissões são voluntárias
– cada país apresentou a meta de redução de emissões que acredita poder alcançar. Além disso, o conjunto
de metas somado é considerado insuficiente para barrar o sobreaquecimento médio em até 2 °C. Segundo
o IPCC, mesmo que todos os países consigam cumprir o que propuseram, a temperatura média subirá entre
2,7 °C e 3,5 °C. Por isso, o acordo prevê uma revisão de metas a cada cinco anos, a partir de 2018, e uma
primeira verificação em 2023.

Em 4 de novembro de 2016, o Acordo do Clima de Paris entrou oficialmente em vigor. O limite mínimo de
55 países que representam 55% das emissões mundiais de gases do efeito estufa – necessário para que o
acordo entrasse em vigor – foi atingido antes do que os especialistas esperavam. O Brasil foi um dos
primeiros países a ratificar o acordo.

Principais pontos do Acordo do Clima aprovado

- Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2 °C e perseguir esforços


para limitar esse aumento em 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

- Pico de emissões o mais rápido possível – As partes desse acordo objetivam alcançar um
pico de emissões de GEE o mais rapidamente possível, reconhecendo que as nações em

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desenvolvimento vão levar mais tempo para alcançar seu pico de emissões. O texto não
determina quando as emissões precisam parar de subir.

- Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases do efeito estufa necessária


– Cada parte (país) deve fazer sucessivas contribuições nacionalmente determinadas (CND)
para o acordo, mas no acordo não há um número a ser atingido ou já inicialmente
prometido.

- Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020,
em ajuda aos países em desenvolvimento para se adaptarem à mudança do clima e
enfrentarem o aquecimento global.

- Acordo deve ser revisto a cada 5 anos.

E o Brasil?

O Brasil é o sétimo maior emissor mundial de gases estufa. O setor que mais contribui para as emissões
nacionais de gases estufa é o de mudança no uso da terra. No cálculo das emissões desse setor estão o
desmatamento e a conversão da terra para as atividades agropecuárias (remoção de vegetação para a
implantação de novas lavouras e plantio de pastagens). Na sequência estão as emissões dos setores
agropecuária (emissões diretas relacionadas à criação de animais e cultivo de plantas), energia, processos
industriais e resíduos.

Outra forma de divulgar os dados é somando as emissões da agropecuária, tanto aquelas relacionadas à
remoção de vegetação para a implantação de novas lavouras e de novas pastagens, como as emissões
diretas, em função da criação de animais e do cultivo de plantas. Nessa metodologia, a agropecuária é o
setor que mais emite gases estufa, seguida do desmatamento, setor de energia, processos industriais e
agropecuária. Os dados são do ano de 2016, do Observatório do Clima.

De acordo com o Observatório do Clima, as emissões de gases causadores do efeito estufa aumentaram
8,9% no Brasil em 2016, em comparação com o ano anterior, atingindo o nível mais alto desde 2008. A
elevação das emissões em 2016 se deveu à alta de 27% no desmatamento na Amazônia.

A Contribuição Nacionalmente Determinada (CND) do Brasil ao Acordo de Paris oficializa o compromisso do


país em reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030 em relação aos
valores de 2005. Essas metas apresentadas na COP-21 foram consideradas ambiciosas porque são absolutas,
ou seja, não dependem do crescimento da economia como foi apresentado por outros países. Vejamos as
metas apresentadas pelo Brasil:

✓ acabar com o desmatamento ilegal;

✓ restaurar 12 milhões de hectares de florestas;

✓ recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas;

✓ integrar 5 milhões de hectares de lavoura-pecuária-florestas;

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✓ garantir 45% de fontes renováveis no total da matriz energética;

✓ ampliar para 66% a participação da fonte hídrica na geração de eletricidade;

✓ ampliar para 23% a participação de fontes renováveis (eólica, solar e biomassa) na geração de energia
elétrica; e

✓ aumentar para 16% a participação de etanol carburante e das biomassas derivadas de cana-de-açúcar
no total da matriz energética.

COP-25 e COP-26

O Brasil apresentou a sua candidatura para sediar a COP-25 e angariou o apoio dos demais países. Sediaria a
COP-25, do ano de 2019. No entanto, em novembro de 2018, às vésperas da COP-24, desistiu de sediar a
conferência. O governo justificou a desistência em função das “restrições fiscais e orçamentárias, que
deverão permanecer em 2019, e o processo de transição” para o governo de presidente eleito Jair Bolsonaro,
que é um crítico do Acordo do Clima de Paris e da evidência científica de que o aquecimento global tem
como causa fatores humanos.

A COP-25 foi, então, transferida para Santiago, no Chile. Porém, em função dos grandes protestos ocorridos
no país, em outubro e novembro de 2019, o país desistiu de sediar a Conferência que foi transferida para
Madrid, na Espanha.

A COP-26, que estava marcada para ser realizada em novembro de 2020, em Glasgow, na Escócia, foi
transferida para novembro de 2021 em função da pandemia de Covid-19.

4 - Amazônia – desmatamento, queimadas e polêmicas

A Amazônia é uma grande região geográfica natural do continente sul-americano, caracterizada pela sua
grandiosa floresta densa e úmida e por uma extensa rede hidrográfica. Com cerca de 7 milhões de
quilômetros quadrados, sua área se estende por territórios do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, que é um departamento ultramarino da França. Mais de
60% da Amazônia está localizada no Brasil.

Em nosso país, criou-se o conceito de Amazônia Legal, para melhor orientar políticas de desenvolvimento
social e econômico na região amazônica brasileira. A Amazônia Legal foi instituída em 1953 por meio da lei
que criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), substituída em 1966
pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), e abrange cerca de 60% do território
brasileiro, fazendo parte dela todos os estados da região Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima,
Amapá e Tocantins), mais o Mato Grosso, pequenas áreas de Goiás (ao norte do paralelo 13°S, na divisa com
o Tocantins) e parte do Estado do Maranhão (a oeste do meridiano de 44ºW).

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A Floresta Amazônica (também chamada de floresta equatorial) é a formação vegetal dominante da


Amazônia, mas também são encontradas algumas áreas de campos e cerrados. Apresenta árvores do tipo
latifoliadas (folhas largas e grandes), o que facilita a evapotranspiração, e perenifólias (tem folhas durante o
ano inteiro). Suas árvores são muito grandes, podendo chegar até os 60 metros de altura.

Nela encontra-se grande variedade da vida na terra: cerca de um terço de espécies do planeta, o que
corresponde mais ou menos à 2.500 espécies de árvores e 30.000 espécies de plantas. Sua biodiversidade é
riquíssima, e grande parte de suas espécies ainda não são conhecidas pelos pesquisadores. Estima-se que
apenas 15% delas foram catalogadas e que apenas 1% do potencial das plantas da Amazônia foi pesquisado.
Além disso, estimativas situam a região como a maior reserva de madeira tropical do mundo.

Apesar de sustentar uma rica flora e fauna, em geral, o solo amazônico tem pouca espessura e baixa
fertilidade (reduzida quantidade de nutrientes). Sendo assim, não é um solo naturalmente muito
interessante para a produção agrícola, necessitando da aplicação de adubos e fertilizantes para melhorar a
sua fertilidade. A maior parte do solo é produzida pela própria floresta, estabelecendo-se, dessa forma,
perfeita interação entre os diversos componentes da paisagem. Qualquer quebra desse equilíbrio pode
afetar todo ecossistema.

O clima amazônico, caracterizado como Equatorial, apresenta temperaturas elevadas e chuvas abundantes
durante todo o ano. As altas temperaturas associadas ao alto índice pluviométrico fazem com que a
Amazônia abrigue a maior bacia hidrográfica do mundo. O Amazonas, principal rio, lança ao mar cerca de
175 milhões de litros d’água a cada segundo - esse número corresponde a 20% da vazão conjunta de todos
os rios da Terra. Além disso, no subsolo amazônico, estimativas indicam que existem grandes aquíferos. Os
estudos não são conclusivos, mas os aquíferos amazônicos estão provavelmente situados dentre as maiores
reservas subterrâneas de água no mundo.

A importância ambiental da Amazônia está relacionada à sua influência no clima em escala global e regional.
As florestas retêm dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa, diminuindo, assim, a sua
concentração na atmosfera. Com menos concentração de dióxido de carbono na atmosfera, o efeito estufa

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tem sua ação reduzida. Assim, a conservação da maior floresta do mundo se torna necessária para serem
cumpridas as metas estabelecidas no Acordo de Paris e nos diversos acordos climáticos realizados.

Na Amazônia forma-se uma massa de ar quente e úmida, que leva umidade (chuvas) para a região Centro-
Sul do Brasil e para parte do Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Fundamental para a formação da
massa de ar é a intensa evapotranspiração das árvores que lançam vapor d’água na atmosfera, que vai
ascender, condensar e formar as massas de ar. O seu deslocamento é conhecido como "rios voadores". Sem
essa dinâmica climática, o Centro-Sul do Brasil seria uma região tipicamente desértica ou semiárida.

A grande abundância de recursos naturais da Amazônia em um mundo que cada vez mais se tornam escassos
faz da região um assunto importantíssimo nas esferas ambiental, econômica e geopolítica do mundo
contemporâneo.

A imensa e pouco conhecida biodiversidade amazônica abre possibilidades em diversos ramos, sobretudo
nas áreas da biotecnologia, da produção de remédios e de cosméticos.

O extrativismo madeireiro manejado e sustentável tem se implantado. Há, também, muitas atividades do
extrativismo vegetal e pesqueiro que geram renda para populações, além do ecoturismo, que podem ser
ampliadas de forma ecologicamente sustentável.

A Amazônia brasileira também é rica em recursos minerais como o ferro, gás natural, petróleo, cassiterita,
nióbio, bauxita, urânio, caulim e ouro. Na Serra do Carajás, no Pará, é onde se estima que estejam as maiores
reservas minerais da Amazônia.

Entretanto, a pressão pela exploração dos recursos naturais amazônicos sem o devido manejo (cuidado) tem
gerado impactos ambientais na região, e, se mantido seu ritmo, poderá intensificá-los. Atualmente, o
desmatamento é o principal problema ambiental da Amazônia, causado, sobretudo, pelos seguintes
fatores:

• Atuação indiscriminada de madeireiros.

• Expansão da pecuária bovina.

• Expansão da lavoura de grãos, principalmente a soja.

• Queimadas.

• Implantação de grandes projetos de mineração e estabelecimento de garimpos.

• Construção de grandes hidrelétricas: Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.

Entre as consequências atuais e futuras da degradação da floresta, podemos mencionar:

• Menor umidade do ar e menor evapotranspiração.

• Diminuição do volume de água dos rios da região.

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• Rebaixamento do nível do lençol freático, por causa da menor retenção de água na superfície e da
maior velocidade de escoamento.

• Menos chuvas levadas pelos "rios voadores" para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Por fim, a esfera geopolítica da Amazônia está relacionada à soberania nacional dessa porção territorial. A
biodiversidade, o conhecimento dos povos nativos sobre o uso farmacológico da flora, a diversidade da
fauna, a capacidade florestal de contribuir para a estabilização do clima e o regime natural de regulação de
precipitações hídricas no planeta são bens de interesse mundial.

O volume fantástico de água doce, junto às grandes e preciosas reservas minerais, tornam-se estratégico em
todos os sentidos, atraindo enorme interesse ambiental e econômico. Por todas essas características, a
região amazônica é considerada a última fronteira natural com alto potencial econômico a ser explorada no
mundo.

Todas essas características, associadas a fatores humanos, como o fato de ser um lugar de baixíssima
densidade demográfica e a sua localização em uma área de fronteiras internacionais, levaram o Governo
Federal, ao longo do século XX, a pensar e planejar a região amazônica como uma área a ser resguardada,
pois poderia haver sua cobiça por parte de Estados Nacionais e empresas transnacionais. Em outras palavras,
existia o medo de que o Brasil corresse o risco de perder esse território, de que grandes potências
econômicas e militares mundiais ambicionam os recursos minerais amazônicos.

Ao longo do século XX, uma série de iniciativas foram tomadas pelo Governo Federal para estimular a
ocupação da região amazônica. As primeiras iniciativas começam no governo de Getúlio Vargas, mas se
aprofundam durante os governos militares, a partir da década de 60.

No governo militar, a ocupação da Amazônia teve como características: a implantação de grandes projetos
minerais e florestais, além de projetos agropecuários baseados nas grandes propriedades; a consolidação da
Zona Franca de Manaus, baseada em incentivos fiscais para atração de empreendimentos; a construção de
hidrelétricas de pequeno e médio porte e a abertura de rodovias conectando o restante do Brasil com a área
amazônica.

Com todas essas ações, intensificaram-se os fluxos populacionais para a região, que passa a ter um
crescimento populacional e urbano acelerado. Ao mesmo tempo, entretanto, intensificaram-se os
problemas ambientais, como o desmatamento, e deflagraram-se problemas sociais, como os conflitos
fundiários e a invasão de terras indígenas.

O modelo de ocupação amazônico foi baseado na ideia de progresso, mas ocorreu de forma predatória.
Assim, o Brasil chega ao século XXI com a permanência desses problemas, passando a receber grande pressão
e cada vez mais destaque de organismos internacionais e movimentos ambientalistas para conter o
acelerado ritmo de destruição da Amazônia e incorporar os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e
economia verde ao projeto de ocupação da Amazônia.

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As polêmicas ambientais no governo de Jair Bolsonaro

Entendemos como “polêmica” algo que gera muitas divergências e controvérsias e esta tem sido a tônica de
várias iniciativas do atual governo federal na esfera ambiental, que estariam corretas para um segmento da
sociedade e incorretas para outro segmento da nossa sociedade.

Uma das primeiras iniciativas do atual presidente na área ambiental foi a tentativa de extinguir o Ministério
do Meio Ambiente, fundindo-o ao da Agricultura. Essa extinção acabou não ocorrendo. Segmentos ligados
aos próprios ruralistas foram contra a ideia. A preocupação com o meio ambiente é uma das exigências de
parceiros comerciais para comprar produtos da agropecuária brasileira.

Bolsonaro é um crítico da demarcação de terras indígenas, de seu uso atual e da atual política indigenista
brasileira. Disse que, em sua gestão, nenhuma terra indígena seria demarcada. Uma de suas afirmações é de
que, no Brasil, há muita terra para pouco índio.

O governo federal tem sido criticado pelo aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia, que
tem sido demonstrado pelo sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE,
instituição científica vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Desde 1988, o INPE monitora diversos
biomas nacionais, mas o seu principal projeto está relacionado ao monitoramento do desmatamento na
Amazônia Legal.

As queimadas têm como origem, principalmente, ações humanas que visam abrir espaço na floresta. Os
objetivos mais comuns são o desmatamento e a limpeza de área para pasto, a fim de criar rebanhos bovinos.

Diante das amplas críticas a nível nacional e internacional, em fevereiro de 2020, o Governo Federal anunciou
a reativação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, transferindo-o do Ministério do Meio Ambiente para
a Vice-Presidência da República, que o coordenará. Também anunciou a criação de uma Força Nacional
Ambiental, sem dar maiores detalhes de como funcionará.

O Conselho da Amazônia foi criado em 1995, no governo do ex-Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso, mas nunca chegou a ser realmente utilizado. O colegiado terá a missão de coordenar e integrar as
ações governamentais relacionadas à Amazônia Legal, coordenar ações de prevenção, fiscalização e
repressão a ilícitos e o intercâmbio de informações e acompanhar as ações de desenvolvimento sustentável
e o cumprimento das metas globais em matérias de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

Os governadores dos Estados da Amazônia Legal foram excluídos da composição atual do conselho, que será
composto exclusivamente por membros do Governo Federal.

Desmatamento

A área desmatada na Amazônia foi de 11.088 km² entre agosto de 2019 e julho de 2020, de acordo com
números oficiais do governo federal divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De
acordo com o Inpe, trata-se de um aumento de 9,5% em relação ao período anterior (agosto de 2018 a julho
de 2019), que registrou 10.129 km² de área desmatada.

Quatro estados respondem por 80% da floresta derrubada. Com 5.191 km² de área desmatada, o Pará teve
a maior participação, concentrando quase metade do desmatamento na atual temporada. Mato Grosso,

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Amazonas e Rondônia ultrapassaram os mil km² de desmatamento e foram, nesta ordem, os estados que
mais contribuíram com o aumento da taxa de desmate depois do Pará.

O pico do desmate ocorreu em 1995, 29.059 km², em período que abrange os governos Itamar Franco e
Fernando Henrique, sendo que o número caiu para 13,2 mil km² em 1998. Já em 2004 (agosto/2003 -
julho/2004) novamente a área passou dos 20 mil km², chegando ao total de 27,7 mil km², no governo de Luís
Inácio Lula da Silva, recuando nos anos seguintes, chegando ao seu menor número em 2012, no governo de
Dilma Rousseff quando foram desmatados 4.571 km².

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (CESGRANRIO/BASA/2021 – TÉCNICO CIENTÍFICO) As mudanças climáticas geram uma série de


impactos em nossas vidas. Projeções apontam consequências como aumento de temperatura, redução de
chuvas e, consequentemente, períodos mais secos em algumas regiões, incluindo a América do Sul. O
Brasil está em chamas, e isso não é uma figura de linguagem. A destruição ambiental não respeita
fronteiras nem biomas, e o País enfrenta hoje uma das piores crises ambientais de sua história, com
consequências potencialmente danosas para toda a sociedade.

Disponível em: <https://www.greenpeace.org/brasil/blog/brasil--em-chamas-negando-as-aparencias-e-


disfarcando-as-evidencias/>. Acesso em: 31 jan. 2021. Adaptado.

A respeito da crise ambiental no Brasil, os biomas da Amazônia, do Pantanal e do Cerrado foram severamente
afetados em 2020 devido ao seguinte fator principal:

(A) aumento da densidade demográfica nas áreas rurais

(B) incêndios expansivos provocados pela ação humana

(C) redução exponencial da área de pastagens plantadas

(D) municipalização das ações de fiscalização nos biomas

(E) diminuição do tráfego nos eixos rodoviários e ferroviários

COMENTÁRIOS:

Em 2020, incêndios de grandes proporções ocorreram nos biomas da Amazônia, do Pantanal e do Cerrado,
mas, principalmente, na Amazônia. Foram tantos focos de queimadas que este se tornou um dos principais
debates ambientais internacionais na época, sobretudo, com as críticas feitas pelo presidente francês,
Emmanuel Macron, ao governo brasileiro, para que adotasse medidas efetivas de controle das queimadas.

As queimadas na Amazônia são, em grande parte, causadas pelo ser humano, para limpar o terreno visando
à implementação de projetos agropecuários.

Gabarito: B

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2. (VUNESP/PREFEITURA DE FERRAZ DE VASCONCELOS/GUARDA MUNICIPAL – 2020) Neste sábado,


13, o governo anunciou que em setembro começará a produzir grandes lotes de uma vacina contra a covid-
19. “Os testes clínicos serão realizados em julho, o registro estatal em agosto e a produção começará em
setembro”, disse Tatyana Golikova, vice-primeira-ministra, em entrevista coletiva. De acordo com o
Kremlin, 50 soldados – 45 homens e cinco mulheres – ofereceram-se para participar dos testes clínicos. O
Centro Nacional de Investigação em Epidemiologia e Microbiologia Gamalei, que trabalha em cooperação
com o Ministério da Defesa, será o responsável pela produção.

(Veja. https://cutt.ly/VfRIxmO. Publicado em 13.06.2020. Adaptado)

De acordo com a notícia, o anúncio sobre a produção de vacina contra a covid-19 foi feito

(A) pelos E.U.A.

(B) pela Inglaterra.

(C) pela China.

(D) pela Rússia.

(E) pela Itália.

COMENTÁRIOS:

O anúncio sobre a produção da vacina contra a covid-19 foi feito pela Rússia. A questão traz uma dica
importante quando cita o Kremlin, que é um termo utilizado para se referir à casa do governo da Rússia.

A Rússia foi o primeiro país a anunciar o registro de um imunizante contra a covid-19 e a vacinação de sua
população. Quando do anúncio do registro, os testes não estavam concluídos e a vacina não recebeu o
respaldo internacional dos cientistas.

Gabarito: D

(QUADRIX/CRB-1/2020 – BIBLIOTECÁRIO FISCAL) “Desmatador não faz home office”, alerta o biólogo
Paulo Moutinho, que é cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam); ele diz
que ações ilegais avançam na floresta enquanto o governo reduz operações durante a pandemia do
coronavírus.

Internet: <https://epoca.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial e refletindo sobre temas correlatos, julgue os itens.

3. As populações indígenas da Amazônia, em decorrência de um relativo isolamento geográfico, não


foram afetadas pelo novo coronavírus.

COMENTÁRIOS:

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Mesmo com o relativo isolamento geográfico, as populações indígenas da Amazônia foram afetadas pelo
coronavírus. Mais de 25 mil indígenas, de várias comunidades, testaram positivo para a Covid-19, e algumas
centenas de mortes foram registradas, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Apib (dados do
mês de agosto de 2020).

As diferenças no perfil epidemiológico de povos indígenas, somadas ao distanciamento dos centros de saúde,
faz com que sejam ainda mais vulneráveis à doença.

Gabarito: Errado

4. Trabalhadores informais, os que mais sofreram redução de renda durante a pandemia do novo
coronavírus, são maioria entre os que aderiram ao home office.

COMENTÁRIOS:

A crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus colapsou diversos setores do mercado de
trabalho, diminuiu a renda média do brasileiro e gerou centenas de milhares de novos desempregados.

Os trabalhadores informais foram os mais afetados e os que mais sofreram redução de renda, conforme
mostraram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Também foi no setor informal
que ocorreu o maior número de postos de trabalho encerrados.

Pela natureza de seu trabalho, os informais geralmente são os mais afetados em épocas de crise, devido à
precariedade dos seus direitos trabalhistas.

Caso um trabalhador informal seja despedido, ele ficará sem acesso ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço) e sem acesso ao seguro-desemprego. Da mesma forma, se um trabalhador informal fica doente
ou precisa ficar em quarentena por ter tido contato com alguém que foi contagiado, ele não tem garantias
legais, como licença médica remunerada.

Assim, os trabalhadores informais ficam sem acesso à rede de proteção social que os empregados formais
têm. Para quem trabalha sem carteira de trabalho assinada, perder o emprego significa basicamente ficar
sem renda e sem benefícios, possivelmente tendo de limitar seu consumo. Isso significa que o trabalhador
informal foi o que ficou mais vulnerável aos efeitos negativos da crise econômica decorrente da pandemia.

Trabalhadores informais, em sua grande maioria, não tiveram como recorrer ao home office. Esse recurso
foi utilizado basicamente por trabalhadores formais e de serviços de escritório.

Gabarito: Errado

5. Há controvérsias, entre os especialistas, a respeito de se as vantagens e os benefícios recebidos


pelos trabalhadores em condições normais, como o auxílio‐alimentação, podem ser suspensos caso a
empresa opte pelo sistema de teletrabalho.

COMENTÁRIOS:

O teletrabalho, popularmente conhecido como home office, ainda é uma modalidade de trabalho recente
no país. Contudo, frente aos avanços tecnológicos, o teletrabalho tende a se tornar cada vez mais comum. É

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um processo que está se desenvolvendo aos poucos, em fase de transição. Com a pandemia, esse processo
foi acelerado, frente às necessidades de distanciamento social.

Mas ocorre que ainda não há uma legislação extensa, detalhista e bem organizada sobre os termos do
teletrabalho, como ocorre com outras formas de trabalho.

A Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), incluindo nela a
nova disciplina do teletrabalho. Contudo, seus termos são abreviados, necessitando de aprofundamento.
Além disso, a Justiça do Trabalho ainda não atuou com muitos casos de teletrabalho para fornecer um
panorama concreto sobre o tema. É uma lacuna que deve ser preenchida dentro da legislação trabalhista.

Desta forma, há muitas controvérsias, entre os especialistas, a respeito das vantagens e benefícios recebidos
pelos trabalhadores em condições em relação aos trabalhadores que optam pelo sistema de teletrabalho.
Muitas questões se inserem nesse debate, que certamente se aprofundará ao longo dos próximos anos. Ao
passo que se aponta o não pagamento de vale-alimentação, por exemplo, também se discute sobre o custeio
de aparelhos eletrônicos, como um computador, e internet, que são utilizados no teletrabalho.

Durante a pandemia, a decisão ficou a cargo individual de cada empresa ou por meio de acordos feitos entre
o trabalhador e o empregador.

Gabarito: Certo

6. Segundo especialistas, o sistema de home office, criado durante a pandemia, é apenas uma fase
passageira no mercado de trabalho e deverá sofrer substancial redução após o controle do novo
coronavírus.

COMENTÁRIOS:

A pandemia de coronavírus trouxe à tona e acelerou vertiginosamente alguns processos que ocorriam de
forma lenta no mundo. Uma dessas alterações drásticas diz respeito ao trabalho nos escritórios, com a
adoção do home office para equacionar a produtividade durante o período de distanciamento social. O home
office passou a ser aplicado em boa parte das empresas e também no serviço público, e, em muitos casos,
tem funcionado bem. Sua utilização já era crescente no Brasil e no mundo todo, mas aumentou
intensamente devido à pandemia, sendo apontado como uma tendência que veio para ficar.

Existe a possibilidade de que, ao se obter pleno controle do coronavírus, o home office diminua e o trabalho
presencial retorne as atividades. Contudo, muitas empresas também continuarão adotando esse sistema.
Não é uma fase passageira. É um novo paradigma do mercado de trabalho e do mundo moderno.

Gabarito: Errado

(QUADRIX/CRB-1/2020 – BIBLIOTECÁRIO FISCAL) Um vírus é bem mais poderoso que qualquer um de nós,
embora alguns posem de super‐heróis. Nenhuma ação isolada resolve um problema coletivo, embora cada
um de nós seja responsável por tudo e por todos, lição que Dostoiévski nos deu muito antes do coronavírus
– aliás, está aí um daqueles projetos para se colocar em prática: ler o escritor russo na quarentena.

Internet: <https://www.greenme.com.br> (com adaptações).

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Acerca das consequências da pandemia do novo coronavírus para o mundo e para o Brasil, julgue os itens.

7. Imagens de satélites mostraram uma diminuição da poluição atmosférica em várias regiões do


mundo, relacionada à desaceleração econômica provocada pela pandemia.

COMENTÁRIOS:

Com base em imagens de satélites e outras tecnologias de monitoramento, diversos centros de pesquisas ao
redor do mundo constataram que houve diminuição da poluição atmosférica, em função da desaceleração
das atividades econômicas, relacionados, sobretudo, à menor atividade industrial e à diminuição na
utilização de automóveis. O dióxido de nitrogênio (NO2), emitido pela combustão dos motores à explosão,
foi um dos compostos que mais apresentou reduções desde o início das quarentenas.

Essa redução foi temporária e ocorreu em várias regiões do mundo, durante vários meses do ano de 2020.

Gabarito: Certo

8. No dia 16 de março último, ocorreu, no Brasil, a primeira morte pelo novo coronavírus, no estado
de São Paulo, sendo a vítima um homem sem histórico de viagem ao exterior.

COMENTÁRIOS:

Inicialmente, foi amplamente divulgado que a primeira morte pelo coronavírus em território brasileiro
ocorreu no dia 16 de março, no estado de São Paulo. A vítima foi um homem de 62 anos que tinha histórico
de diabetes e hipertensão. Ele não possuía histórico de viagem ao exterior.

Contudo, após uma análise de exames laboratoriais realizada pelo Ministério da Saúde, o órgão confirmou,
durante o mês de junho, que a primeira morte devido ao novo coronavírus no Brasil aconteceu em 12 de
março – e não em 16 de março, como se acreditava. A vítima foi uma paciente de 57 anos em São Paulo.

Gabarito: Errado

9. Diversas autoridades brasileiras, como o presidente do Senado, governadores e ministros de


Estado, estão entre as pessoas que contraíram o novo coronavírus.

COMENTÁRIOS:

Diversas autoridades brasileiras como governadores, ministros, senadores e deputados contraíram o novo
coronavírus. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, testou positivo para a Covid-19 no mês de março de
2020, mas se recuperou sem problemas. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, foi outra
autoridade que contraiu o vírus e adoeceu de Covid-19. Entre os governadores, Wilson Witzel, governador
temporariamente afastado do Rio de Janeiro, foi o primeiro a divulgar que estava contaminado, no dia 14 de
abril.

O presidente Jair Bolsonaro testou positivo para o novo coronavírus e ficou em isolamento por dezenove
dias no mês de julho de 2020.

Gabarito: Certo

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10. Um livro publicado nos Estados Unidos, em 1981, trazia, em sua primeira edição, a possibilidade de
surgimento de um vírus em 2020, na cidade de Wuhan, na China, com características de letalidade e
transmissão idênticas às do novo coronavírus.

COMENTÁRIOS:

A questão é uma grande invenção do examinador, não há nenhum livro publicado nos Estados Unidos em
1981 que trazia a possibilidade de surgimento de um vírus em 2020 na China.

Há muitas teorias da conspiração e notícias falsas sobre as origens do coronavírus. Contudo, a hipótese mais
aceita e para qual as evidências apontam é de que o seu surgimento foi natural, isto é, o vírus surgiu na
natureza e foi transmitido de animais silvestres para humanos – algo bem comum e frequente ao longo da
história humana.

Gabarito: Errado

11. A dependência de muitos países, até mesmo os ricos, como os Estados Unidos, em relação aos
suprimentos médicos produzidos pela China ficou patente durante a pandemia.

COMENTÁRIOS:

A China é o maior fabricante de produtos industrializados do mundo. Ao lado da Índia, o país é


tradicionalmente um grande fornecedor global de princípios ativos para a fabricação de remédios. Mesmo
antes da pandemia, a China já era a principal fornecedora internacional de escudos faciais de proteção,
roupas, equipamento de proteção para boca e nariz, luvas e óculos.

A pandemia expôs a significativa dependência global para com a China, de suprimentos fundamentais para
o enfrentamento da Covid-19, como o de respiradores mecânicos.

Nos meses de março e abril, quando o vírus se propagou aceleradamente pelos Estados Unidos, esse país
comprou uma grande quantidade de equipamentos médicos chineses, oferecendo preços elevados para tê-
los prioritariamente em relação a outros países que também necessitavam, como a França e o Canadá. Assim,
rompeu as barreiras da então guerra comercial travada entre ambos, tornando patente a dependência
americana de suprimentos médicos produzidos pela China.

Gabarito: Certo

12. Em março último, o presidente norte‐americano, Donald Trump, acusou o governo alemão de
tentar se apropriar de um projeto de vacina desenvolvido por uma empresa dos Estados Unidos contra o
novo coronavírus.

COMENTÁRIOS:

No mês de março de 2020, o que ocorreu foi justamente o contrário do que afirma a questão. O examinador
trocou os fatos.

O governo da chanceler alemã, Angela Merkel, acusou o presidente americano Donald Trump de tentar se
apropriar de um projeto de vacina contra o coronavírus desenvolvido por um laboratório da Alemanha.

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Gabarito: Errado

13. (IBAM/PREFEITURA DE SANTOS/2020 – OFICIAL ADMINISTRATIVO) Leia atentamente as


informações contidas nos itens a seguir.

I. Alguns analistas avaliam que a epidemia de coronavírus, em virtude de seus efeitos na economia global,
deve contribuir para a desaceleração da atividade no Brasil.

II. O Coronavírus pertence a uma família de vírus que infectam apenas seres humanos; os animais são imunes
a infecção viral.

III. Apesar do alarde da imprensa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já anunciou que o coronavírus só
é preocupante na China, não configurando um caso de “emergência de saúde pública internacional.

IV. No final de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de
pneumonia em Wuhan, na China. O vírus parecia desconhecido, mas, poucos dias depois, as autoridades
confirmaram a identificação de um novo coronavírus.

Considerando o noticiado pela imprensa em geral sobre o coronavírus, podemos considerar correto o
anotado:

a) nos itens I e III, apenas.

b) nos itens I e IV, apenas.

c) nos itens II e IV, apenas.

d) no item II, apenas.

COMENTÁRIOS:

I - Correto. A pandemia do novo coronavírus, que surgiu em dezembro na China, infectou milhões de pessoas
ao redor do mundo. O impacto da doença se refletiu também na atividade econômica global.

Na China, devido aos efeitos da quarentena, houve paralisação em atividades de empresas e indústrias. Além
disso, há também os efeitos nas exportações e importações, que diminuíram seu ritmo. A China é um
importante comprador de commodities brasileiras e também relevante fornecedor para a indústria local,
especialmente a de produtos eletroeletrônicos. Isso impactou diretamente a economia brasileira.

Em razão da pandemia de coronavírus, a economia global sofrerá uma profunda recessão em 2020, segundo
organismos econômicos internacionais. Em um mundo onde a economia está profundamente conectada, o
coronavírus tem causado impactos econômicos em todo o planeta.

II - Incorreta. Os coronavírus são uma grande família viral. Eles são considerados zoonóticos, ou seja, são
transmitidos entre os animais e pessoas, causando infecções respiratórias em ambos. Animais não são
imunes aos coronavírus.

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III - Incorreta. O coronavírus é preocupante em outros países, não somente na China. Foram registrados
casos em mais de 150 países, incluindo centenas de milhares de mortes, fora do território chinês. Em razão
dos seus desdobramentos, em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência
de saúde pública de interesse internacional. Contudo, com o contínuo avanço do vírus pelo mundo, em
março de 2020, a OMS declarou pandemia de coronavírus.

IV - Correta. Em dezembro de 2019, uma pneumonia de causas desconhecidas começou a se espalhar por
Wuhan, uma metrópole da região central da China com cerca de 11 milhões de habitantes, capital da
província de Hubei. Por meio de estudos, descobriu-se que os sintomas eram causados por um novo tipo de
coronavírus.

Gabarito: B

14. (IBADE/IDAF-AC/2020 – TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL) Autoridades sanitárias


da China confirmaram neste sábado (18 de janeiro), quatro novos casos da misteriosa pneumonia viral
detectada (...), na região central do país. O surto da doença, iniciado em dezembro, é causado por um tipo
de coronavírus semelhante ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars).

(G1, 18/01/2020. Disponível em: < https:// https://glo.bo/3bhs4c2>. Adaptado)

O surto da misteriosa doença teve início na cidade de:

(A) Pequim.

(B) Wuhan.

(C) Xangai

(D) Dongguan

(E) Nanjing

COMENTÁRIOS:

O surto da Covid-19, doença causada por um novo tipo de coronavírus, teve início na cidade de Wuhan,
capital da província chinesa de Hubei.

Gabarito: B

15. (IBADE/IDAF-AC/2020 – ENGENHEIRO AGRÔNOMO) A OMS (Organização Mundial da Saúde)


divulgou nesta terça-feira (14) que a Tailândia registrou o primeiro caso do novo coronavírus que já causou
uma morte e deixou dezenas de doentes na China.

(R7, 14/01/2020. Adaptado)

Sobre o novo tipo de coronavírus é possível afirmar:

(A) são uma família de vírus com taxa de letalidade maior que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).

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(B) apesar do maior número de casos ter sido registrado na China, especialistas apontam que sua origem é
a Índia.

(C) são uma família viral conhecida e que costumam causar infecções respiratórias de leve a moderada em
seres humanos, muito semelhantes a resfriados.

(D) a OMS informou que a maioria dos casos confirmados foram de pessoas que não se vacinaram contra o
vírus.

(E) a OMS informa que é possível combater rapidamente a epidemia pelo fato de o vírus não apresentar
variações genéticas.

COMENTÁRIOS:

a) Incorreto. A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, apresenta taxa de letalidade menor que a
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). Entretanto, causa um número mais elevado de mortes,
sobretudo devido ao fato de sua taxa de transmissão ser muito maior do que o SARS.

b) Incorreto. A origem do novo coronavírus foi a cidade de Wuhan, na China.

c) Correto. Os coronavírus são uma família viral conhecida e que costumam causar infecções respiratórias
de leve a moderada em seres humanos, muito semelhantes a resfriados.

d) Incorreto. Ainda não há vacina que previna do novo coronavírus.

e) Incorreto. Não tem sido rápido o combate ao SARS-CoV-2. Devido a sua alta taxa de transmissão e
capacidade de disseminação, tem sido muito difícil combatê-lo em todo o mundo. Variações genéticas do
vírus, ainda estão sendo pesquisadas.

Gabarito: C

(QUADRIX/CRB-1/2020 – BIBLIOTECÁRIO FISCAL) “Desmatador não faz home office”, alerta o biólogo
Paulo Moutinho, que é cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam); ele diz
que ações ilegais avançam na floresta enquanto o governo reduz operações durante a pandemia do
coronavírus.

Internet: <https://epoca.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial e refletindo sobre temas correlatos, julgue os itens.

16. A afirmação do biólogo Paulo Moutinho é confirmada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), que detectou aumento do desmatamento na Amazônia no último mês de março, em comparação
com março de 2019.

COMENTÁRIOS:

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A afirmação do biólogo Paulo Moutinho é confirmada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
que detectou aumento do desmatamento na Amazônia no mês de março de 2020, em comparação com
março de 2019.

O mês de março de 2020 somou um total de 254km² de florestas desmatadas na Amazônia, um aumento de
279% em comparação ao mesmo período do ano passado. O número registrado foi o mais alto dos últimos
dois anos para o período. Os pesquisadores do Imazon atribuem esse crescimento à forte atuação dos
grileiros em associação à atividade pecuária e ao avanço das áreas ilegais de garimpo.

Gabarito: Certo

17. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) declarou ter
ampliado fortemente o número de agentes de campo em ação na Amazônia durante a crise do novo
coronavírus, justamente para deter a escalada de desmatamento.

COMENTÁRIOS:

Isto não ocorreu. O Ibama não ampliou o número de agentes em campo na Amazônia para deter a escalada
de desmatamento. Ao longo dos últimos anos, o quadro de agentes ambientais do Ibama só tem diminuído,
o que dificulta a sua mobilização em grande escala para atuar na fiscalização em campo, e em sua atividade
como um todo, em suas outras áreas.

No mês de agosto, o Governo Federal, por meio de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO),
empregou militares do exército para atuar na fiscalização da Amazônia, como forma de coibir o
desmatamento e as queimadas. O foco se deu em áreas públicas de preservação e terras indígenas.

Gabarito: Errado

18. (IBADE/IDAF-AC/2020 – TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL) As declarações do


presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sobre a crise na Amazônia continuam tendo desdobramentos
importantes na Europa nesta sexta-feira (23/08/2019). O escritório do presidente (...) Emmanuel Macron,
acusou Bolsonaro de ter mentido durante o encontro do G20 em Osaka, no Japão, em junho ao minimizar
as preocupações com o a mudança climática.

(G1, 23/08/2019. Disponível em: <https://glo.bo/36XVqJa>. Adaptado)

A matéria trata do empasse diplomático entre Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron, presidente da:

(A) Itália.

(B) Alemanha.

(C) França.

(D) Inglaterra.

(E) Dinamarca

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COMENTÁRIOS:

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente da França, Emmanuel Macron, tiveram um encontro
“informal” na reunião do G-20, de junho de 2019, em Osaka, no Japão. No encontro, o brasileiro reafirmou
seu compromisso com o Acordo do Clima Paris sobre o aquecimento global.

A intensidade das queimadas na Amazônia aumentou muito em agosto de 2019, o que é prejudicial no
enfrentamento do aquecimento global. Neste contexto, Macron acusou Bolsonaro de ter mentido para ele
no encontro que tiveram na Cúpula de G20 em Osaka, ao minimizar preocupações com a mudança climática.

Em função disso, a França informou que se oporia ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Gabarito: C

19. (IBADE/IDAF-AC/2020 – ENGENHEIRO AGRÔNOMO) As queimadas na Amazônia têm relação direta


com o desmatamento. Especialistas comentaram ao G1 que o fogo é parte da estratégia de "limpeza" do
solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio.

(G1, 23/08/2019. Disponível em: <https://glo.bo/2H0W1zd >. Adaptado)

Esta estratégia de “limpeza” do solo na Amazônia é comumente chamada de?

(A) Ciclo de reciclagem da Amazônia

(B) Ciclo de ocupação da Amazônia

(C) Ciclo de desmatamento da Amazônia

(D) Ciclo de devastação da Amazônia

(E) Ciclo de desflorestação Amazônia

COMENTÁRIOS:

Essa estratégia de “limpeza” do solo na Amazônia é comumente chamada de ciclo de desmatamento da


Amazônia.

As queimadas são um método arcaico, porém, comum, de “limpar” a terra para ser posteriormente utilizada
para o cultivo agrícola ou para a pecuária. Apesar de ser muito praticada na Amazônia, as queimadas também
são vastamente empregadas na África e na América Latina. A prática de atear fogo à mata leva ao
esgotamento precoce do solo, além de impactar negativamente o ecossistema existente na região.

Gabarito: C

20. (QUADRIX/CRN 9/2019 – AUXILIAR OPERACIONAL) A União Europeia é o segundo maior comprador
do agronegócio brasileiro, tendo sido o destino de 17,6% das exportações do setor neste ano, que geraram
US$ 9,9 bilhões até julho, ficando atrás apenas da China.

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Aula 03

Internet: <https://g1.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial, julgue o item.

Atritos entre o governo brasileiro e países da Europa aumentaram o temor, entre os representantes do
agronegócio nacional, de possíveis retaliações por parte daqueles países às queimadas na Amazônia.

COMENTÁRIOS:

No mês de agosto de 2019, um forte aumento no foco de queimadas na Amazônia gerou grande repercussão
nacional e internacional. Focos de incêndio florestal cresceram em 84% no Brasil em 2019, segundo dados
do INPE.

Em reação às queimadas na Amazônia, o presidente francês Emmanuel Macron se manifestou e convocou


os países do G7 a discutirem o tema. Jair Bolsonaro respondeu ao presidente francês, e os dois líderes
executivos trocaram farpas com acusações em suas entrevistas e em suas redes sociais. A chanceller alemã,
Angela Merkel, também esteve envolvida nas discussões.

A polêmica entre o presidente brasileiro e os líderes europeus gerou o temor de possíveis retaliações de
países europeus a produtos do agronegócio brasileiro, já que a agropecuária é uma das principais
responsáveis pelas queimadas da Amazônia para a incorporação de novas terras para a produção.

Gabarito: Certo

(QUADRIX/CRO-AC/2019 - ASSISTENTE JURÍDICO) O ministro da Cooperação Econômica e do


Desenvolvimento da Alemanha, Gerd Müller, se reuniu, no dia 9 de julho de 2019, às 15h30, com o ministro
do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles. De acordo com a embaixada da Alemanha, os ministros
falaram sobre proteção climática, proteção da Amazônia e desenvolvimento sustentável.

Internet: <https://g1.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial e refletindo sobre temas correlatos, julgue os itens.

21. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em junho último, o desmatamento na
Amazônia aumentou mais de 80% em relação a junho de 2018.

COMENTÁRIOS:

Está correto. Focos de incêndio florestal cresceram 82% no Brasil em 2019, segundo dados do Inpe (Instituto
de Pesquisas Espaciais) que vão de janeiro até o dia 18 de agosto, em comparação com o mesmo período de
2018.

Levando em consideração somente o mês de junho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais detectou
aumento de 88% no desmatamento da Amazônia, comparando junho de 2019 com junho de 2018.

Gabarito: Certo

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22. Não participando, até o momento, do Fundo Amazônia, a Alemanha havia mencionado a
possibilidade de fazer aportes àquele instituto caso o desmatamento na região se reduza nos próximos
anos.

COMENTÁRIOS:

A Alemanha é a segunda maior doadora de recursos para o Fundo Amazônia, atrás da Noruega. Frente ao
aumento do desmatamento na Amazônia no ano de 2019 em comparação com o ano de 2018, a Alemanha
cortou, no mês de agosto, os repasses que faria a outros projetos ambientais apoiados pelo país no Brasil.

No período da aplicação desta prova, não estava previsto nenhuma nova doação alemã, que também não
mencionou a possibilidade de fazer novos aportes ao Fundo caso o desmatamento na região se reduza nos
próximos anos.

Gabarito: Errado

23. O Brasil tem encontrado na França um aliado de suas políticas ambientais, sendo aquele país um
dos maiores defensores também do acordo União Europeia‐Mercosul.

COMENTÁRIOS:

Brasil e França tem tido relações divergentes e conturbadas nos últimos meses no que tange à questão
ambiental. O presidente francês Emmanuel Macron tem criticado Jair Bolsonaro frente o aumento do
desmate na Amazônia e às posições políticas do presidente, que tem respondido ao presidente francês. Em
meio a essas divergências, Emmanuel Macron disse se opor ao acordo comercial entre o Mercosul e a União
Europeia.

Gabarito: Errado

24. Mais de 7.500 km2 de floresta foram desmatados na Amazônia em 2018, sendo o Acre o estado da
Amazônia Legal que, em área, mais desmatou.

COMENTÁRIOS:

Dados do INPE apontaram o resultado de 7.536 km² de corte raso no período de agosto de 2017 a julho de
2018, sendo o Pará o estado em que mais se desmatou. O Acre, entretanto, foi o que teve o maior aumento
percentual de área desmatada no período.

Fonte: http://www.obt.inpe.br/OBT/noticias/inpe-consolida-7-536-km2-de-desmatamento-na-amazonia-
em-2018

Gabarito: Errado

(QUADRIX/CRQ 4ª REGIÃO/2019 – PROFISSIONAL DE ATIVIDADES ESTRATÉGICAS) O Acordo de Paris foi


aprovado pelos 195 países signatários da Convenção‐Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(UNFCCC) para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento
sustentável.

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Internet: <mma.gov.br> (com adaptações).

A respeito do assunto abordado no texto acima e de temas correlatos, julgue os itens.

25. Em 2016, o Brasil ratificou seu compromisso com as metas do Acordo de Paris.

COMENTÁRIOS:

Em novembro de 2016, o Acordo do Clima de Paris entrou oficialmente em vigor. O Brasil foi um dos
primeiros países a ratificar o acordo.

O Acordo estabelece que todos os países deverão se mobilizar para conter o aumento da temperatura média
da Terra, ainda neste século, “bem abaixo de 2 graus Celsius” com relação aos níveis pré-Revolução
Industrial. Também devem fazer o possível para tentar reduzir a 1,5 °C. Não foram dadas metas de redução
de emissão de gases do efeito estufa, mas sim uma intenção global em mudar para uma economia de baixo
carbono.

Gabarito: Certo

26. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) brasileiras incluem o compromisso de


ampliar a participação de biocombustíveis sustentáveis na matriz energética do País.

COMENTÁRIOS:

A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) é o documento do governo brasileiro


que registra os principais compromissos e contribuições Brasil para o acordo climático de Paris.

O compromisso do Brasil é conseguir reduzir as emissões de gás carbônico em 37% em relação às emissões
de 2005. A data limite para isso é 2025, com indicativo de reduzir 43% das emissões até 2030.

Segundo o documento, para alcançar as metas de redução, o governo brasileiro adotará políticas em diversas
áreas, sendo elas:

• Fortalecer o cumprimento do Código Florestal;

• Restaurar 12 milhões de hectares de florestas;

• Alcançar desmatamento ilegal zero na Amazônia brasileira;

• Chegar a participação de 45% de energias renováveis na matriz energética;

• Obter 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico;

• Promover o uso de tecnologias limpas no setor industrial;

• Estimular medidas de eficiência e infraestrutura no transporte público e áreas urbanas.

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Para chegar à participação de 45% de energias renováveis na matriz energética, umas das estratégias é o
aumento da participação da bioenergia sustentável na matriz energética brasileira, ou seja, dos
biocombustíveis.

Gabarito: Certo

27. Como está previsto no Acordo de Paris o chamado “desmatamento zero”, produtores rurais
brasileiros encontram‐se, pela lei, proibidos de promover qualquer desmatamento em áreas de florestas
na Amazônia Legal.

COMENTÁRIOS:

Isto não está previsto no Acordo de Paris, é uma invenção do examinador. Porém, na NDC brasileira, consta
o objetivo de alcançar o desmatamento ilegal zero até 2030 na Amazônia brasileira. Observem que é
“desmatamento ilegal zero”, ou seja, zero desmatamento que não seja permitido pela lei, o que é diferente
de “desmatamento zero”, que se refere ao fim de todo e qualquer tipo de desmatamento.

A Amazônia Legal compreende os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato
Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13° S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do
meridiano de 44° W, do Estado do Maranhão

A legislação brasileira estabelece que os imóveis rurais devem manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação
Permanente. Para a Amazônia Legal devem ser observados os seguintes percentuais:

a) 80% no imóvel situado em área de florestas;

b) 35% no imóvel situado em área de cerrado; e

c) 20% no imóvel situado em área de campos gerais.

Gabarito: Errado

28. (VUNESP/ESEF-SP/2019 – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO) Uma rebelião no Centro de


Recuperação Regional de Altamira, no Sudoeste do Pará, deixou ao menos 52 mortos na manhã desta
segunda-feira (29.07.2019).

(O Globo. Disponível em https://glo.bo/2oHlet6. Acesso em 17.10.2019. Adaptado)

Segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), a rebelião foi motivada por

(A) baixa qualidade da comida oferecida.

(B) maus-tratos praticados pelos agentes penitenciários.

(C) uma briga entre organizações de criminosos.

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(D) impedimentos de visitas íntimas aos aprisionados.

(E) se tornar obrigatória a revista dos visitantes aos presos.

COMENTÁRIOS:

Rebeliões em presídios brasileiros não são nenhuma novidade e, geralmente, são motivadas por disputas
entre organizações criminosas. A rebelião ocorrida no presídio de Altamira, no Pará, no mês de julho de
2019, foi mais um dos capítulos da guerra entre facções criminosas.

Gabarito: C

29. (VUNESP/OLIMPIA PREV/2019) No dia 07 de maio de 2019, o Presidente da República assinou o


Decreto no 9.785, que dispõe sobre a aquisição, o cadastro, o registro, a posse, o porte e a comercialização
de armas de fogo e munição.

(bit.ly/2JB6t3L. Adaptado)

Segundo esse Decreto,

(A) o interessado em adquirir arma de fogo deverá ser submetido a avaliações físicas, de acordo com
prazos fixados pela Polícia Federal.

(B) os colecionadores poderão adquirir até trinta armas de uso permitido de cada modelo.

(C) a comercialização de armas de fogo, de acessórios, de munições e insumos para recarga só poderá ser
feita por estabelecimento credenciado pela Secretaria da Segurança do Estado.

(D) para adquirir arma de fogo de uso permitido e para a emissão do Certificado de Registro de Arma de
Fogo, o interessado deverá ter, no mínimo, 25 anos de idade.

(E) os militares reformados, que conservarem o porte de arma, serão submetidos a testes de avaliação
psicológica anualmente.

COMENTÁRIOS:

a) Incorreto. Não há no decreto a necessidade de se submeter a avaliações físicas.

b) Incorreto. O decreto prevê que os colecionadores poderão adquirir até cinco armas de cada modelo.

c) Incorreto. A comercialização de armas de fogo, de acessórios, de munições e de insumos para recarga só


poderá ser feita por estabelecimento credenciado no Sistema Nacional de Armas (SINARM II), no âmbito da
Policia Federal.

d) Correto. Segundo o Decreto, um dos requisitos para adquirir uma arma de fogo e ter a sua posse é de ter,
no mínimo, 25 anos de idade.

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e) Incorreto. Segundo o Decreto, os militares reformados deverão ser submetidos, a cada dez anos, a um
teste de aptidão psicológica para conservar o porte da arma de fogo.

Gabarito: D

30. (CEBRASPE/PGE-PE/2019 – ANALISTA JUDICIÁRIO) A história do território brasileiro é, a um só


tempo, una e diversa, pois é também a soma e a síntese das histórias de suas regiões. De um ponto de
vista genético, as variáveis do espaço brasileiro são assincrônicas, mas em cada lugar elas funcionam
sincronicamente e tendem a ser assim também quanto ao todo. Daí as descontinuidades que permitiram
explicar as diversidades regionais.

Milton Santos e Maria Silveira. Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Record, 2005, p. 23
(com adaptações).

Tendo como referência o texto antecedente, julgue o item que se segue, acerca dos fenômenos políticos,
econômicos e sociais atuais no Brasil.

Segundo órgão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking
mundial de feminicídio, termo que foi criado para designar o assassinato de mulheres e meninas por
questões de gênero e que, embora se refira a ato individual, é encarado como uma manifestação de
desarranjo social, uma vez que se associa a menosprezo ou a discriminação à condição feminina.

COMENTÁRIOS:

A questão traz a definição correta de feminicídio. O Brasil apresenta a quinta maior taxa de mortes violentas
intencionais de mulheres do mundo: 4,8 para 100 mil mulheres, segundo dados de 2015 da Organizações
Mundial de Saúde (OMS).

Gabarito: Certo

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LISTA DE QUESTÕES
1. (CESGRANRIO/BASA/2021 – TÉCNICO CIENTÍFICO) As mudanças climáticas geram uma série de
impactos em nossas vidas. Projeções apontam consequências como aumento de temperatura, redução de
chuvas e, consequentemente, períodos mais secos em algumas regiões, incluindo a América do Sul. O
Brasil está em chamas, e isso não é uma figura de linguagem. A destruição ambiental não respeita
fronteiras nem biomas, e o País enfrenta hoje uma das piores crises ambientais de sua história, com
consequências potencialmente danosas para toda a sociedade.

Disponível em: <https://www.greenpeace.org/brasil/blog/brasil--em-chamas-negando-as-aparencias-e-


disfarcando-as-evidencias/>. Acesso em: 31 jan. 2021. Adaptado.

A respeito da crise ambiental no Brasil, os biomas da Amazônia, do Pantanal e do Cerrado foram severamente
afetados em 2020 devido ao seguinte fator principal:

(A) aumento da densidade demográfica nas áreas rurais

(B) incêndios expansivos provocados pela ação humana

(C) redução exponencial da área de pastagens plantadas

(D) municipalização das ações de fiscalização nos biomas

(E) diminuição do tráfego nos eixos rodoviários e ferroviários

2. (VUNESP/PREFEITURA DE FERRAZ DE VASCONCELOS/GUARDA MUNICIPAL – 2020) Neste sábado,


13, o governo anunciou que em setembro começará a produzir grandes lotes de uma vacina contra a covid-
19. “Os testes clínicos serão realizados em julho, o registro estatal em agosto e a produção começará em
setembro”, disse Tatyana Golikova, vice-primeira-ministra, em entrevista coletiva. De acordo com o
Kremlin, 50 soldados – 45 homens e cinco mulheres – ofereceram-se para participar dos testes clínicos. O
Centro Nacional de Investigação em Epidemiologia e Microbiologia Gamalei, que trabalha em cooperação
com o Ministério da Defesa, será o responsável pela produção.

(Veja. https://cutt.ly/VfRIxmO. Publicado em 13.06.2020. Adaptado)

De acordo com a notícia, o anúncio sobre a produção de vacina contra a covid-19 foi feito

(A) pelos E.U.A.

(B) pela Inglaterra.

(C) pela China.

(D) pela Rússia.

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(E) pela Itália.

(QUADRIX/CRB-1/2020 – BIBLIOTECÁRIO FISCAL) “Desmatador não faz home office”, alerta o biólogo
Paulo Moutinho, que é cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam); ele diz
que ações ilegais avançam na floresta enquanto o governo reduz operações durante a pandemia do
coronavírus.

Internet: <https://epoca.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial e refletindo sobre temas correlatos, julgue os itens.

3. As populações indígenas da Amazônia, em decorrência de um relativo isolamento geográfico, não


foram afetadas pelo novo coronavírus.
4. Trabalhadores informais, os que mais sofreram redução de renda durante a pandemia do novo
coronavírus, são maioria entre os que aderiram ao home office.
5. Há controvérsias, entre os especialistas, a respeito de se as vantagens e os benefícios recebidos
pelos trabalhadores em condições normais, como o auxílio‐alimentação, podem ser suspensos caso a
empresa opte pelo sistema de teletrabalho.
6. Segundo especialistas, o sistema de home office, criado durante a pandemia, é apenas uma fase
passageira no mercado de trabalho e deverá sofrer substancial redução após o controle do novo
coronavírus.
(QUADRIX/CRB-1/2020 – BIBLIOTECÁRIO FISCAL) Um vírus é bem mais poderoso que qualquer um de nós,
embora alguns posem de super‐heróis. Nenhuma ação isolada resolve um problema coletivo, embora cada
um de nós seja responsável por tudo e por todos, lição que Dostoiévski nos deu muito antes do coronavírus
– aliás, está aí um daqueles projetos para se colocar em prática: ler o escritor russo na quarentena.

Internet: <https://www.greenme.com.br> (com adaptações).

Acerca das consequências da pandemia do novo coronavírus para o mundo e para o Brasil, julgue os itens.

7. Imagens de satélites mostraram uma diminuição da poluição atmosférica em várias regiões do


mundo, relacionada à desaceleração econômica provocada pela pandemia.
8. No dia 16 de março último, ocorreu, no Brasil, a primeira morte pelo novo coronavírus, no estado
de São Paulo, sendo a vítima um homem sem histórico de viagem ao exterior.
9. Diversas autoridades brasileiras, como o presidente do Senado, governadores e ministros de
Estado, estão entre as pessoas que contraíram o novo coronavírus.
10. Um livro publicado nos Estados Unidos, em 1981, trazia, em sua primeira edição, a possibilidade de
surgimento de um vírus em 2020, na cidade de Wuhan, na China, com características de letalidade e
transmissão idênticas às do novo coronavírus.
11. A dependência de muitos países, até mesmo os ricos, como os Estados Unidos, em relação aos
suprimentos médicos produzidos pela China ficou patente durante a pandemia.
12. Em março último, o presidente norte‐americano, Donald Trump, acusou o governo alemão de
tentar se apropriar de um projeto de vacina desenvolvido por uma empresa dos Estados Unidos contra o
novo coronavírus.

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13. (IBAM/PREFEITURA DE SANTOS/2020 – OFICIAL ADMINISTRATIVO) Leia atentamente as


informações contidas nos itens a seguir.

I. Alguns analistas avaliam que a epidemia de coronavírus, em virtude de seus efeitos na economia global,
deve contribuir para a desaceleração da atividade no Brasil.

II. O Coronavírus pertence a uma família de vírus que infectam apenas seres humanos; os animais são imunes
a infecção viral.

III. Apesar do alarde da imprensa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já anunciou que o coronavírus só
é preocupante na China, não configurando um caso de “emergência de saúde pública internacional.

IV. No final de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de
pneumonia em Wuhan, na China. O vírus parecia desconhecido, mas, poucos dias depois, as autoridades
confirmaram a identificação de um novo coronavírus.

Considerando o noticiado pela imprensa em geral sobre o coronavírus, podemos considerar correto o
anotado:

a) nos itens I e III, apenas.

b) nos itens I e IV, apenas.

c) nos itens II e IV, apenas.

d) no item II, apenas.

14. (IBADE/IDAF-AC/2020 – TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL) Autoridades sanitárias


da China confirmaram neste sábado (18 de janeiro), quatro novos casos da misteriosa pneumonia viral
detectada (...), na região central do país. O surto da doença, iniciado em dezembro, é causado por um tipo
de coronavírus semelhante ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars).

(G1, 18/01/2020. Disponível em: < https:// https://glo.bo/3bhs4c2>. Adaptado)

O surto da misteriosa doença teve início na cidade de:

(A) Pequim.

(B) Wuhan.

(C) Xangai

(D) Dongguan

(E) Nanjing

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15. (IBADE/IDAF-AC/2020 – ENGENHEIRO AGRÔNOMO) A OMS (Organização Mundial da Saúde)


divulgou nesta terça-feira (14) que a Tailândia registrou o primeiro caso do novo coronavírus que já causou
uma morte e deixou dezenas de doentes na China.

(R7, 14/01/2020. Adaptado)

Sobre o novo tipo de coronavírus é possível afirmar:

(A) são uma família de vírus com taxa de letalidade maior que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).

(B) apesar do maior número de casos ter sido registrado na China, especialistas apontam que sua origem é
a Índia.

(C) são uma família viral conhecida e que costumam causar infecções respiratórias de leve a moderada em
seres humanos, muito semelhantes a resfriados.

(D) a OMS informou que a maioria dos casos confirmados foram de pessoas que não se vacinaram contra o
vírus.

(E) a OMS informa que é possível combater rapidamente a epidemia pelo fato de o vírus não apresentar
variações genéticas.

(QUADRIX/CRB-1/2020 – BIBLIOTECÁRIO FISCAL) “Desmatador não faz home office”, alerta o biólogo
Paulo Moutinho, que é cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam); ele diz
que ações ilegais avançam na floresta enquanto o governo reduz operações durante a pandemia do
coronavírus.

Internet: <https://epoca.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial e refletindo sobre temas correlatos, julgue os itens.

16. A afirmação do biólogo Paulo Moutinho é confirmada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), que detectou aumento do desmatamento na Amazônia no último mês de março, em comparação
com março de 2019.

17. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) declarou ter
ampliado fortemente o número de agentes de campo em ação na Amazônia durante a crise do novo
coronavírus, justamente para deter a escalada de desmatamento.

18. (IBADE/IDAF-AC/2020 – TÉCNICO EM DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL) As declarações do


presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sobre a crise na Amazônia continuam tendo desdobramentos
importantes na Europa nesta sexta-feira (23/08/2019). O escritório do presidente (...) Emmanuel Macron,
acusou Bolsonaro de ter mentido durante o encontro do G20 em Osaka, no Japão, em junho ao minimizar
as preocupações com o a mudança climática.

(G1, 23/08/2019. Disponível em: <https://glo.bo/36XVqJa>. Adaptado)

A matéria trata do empasse diplomático entre Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron, presidente da:

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(A) Itália.

(B) Alemanha.

(C) França.

(D) Inglaterra.

(E) Dinamarca

19. (IBADE/IDAF-AC/2020 – ENGENHEIRO AGRÔNOMO) As queimadas na Amazônia têm relação direta


com o desmatamento. Especialistas comentaram ao G1 que o fogo é parte da estratégia de "limpeza" do
solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio.

(G1, 23/08/2019. Disponível em: <https://glo.bo/2H0W1zd >. Adaptado)

Esta estratégia de “limpeza” do solo na Amazônia é comumente chamada de?

(A) Ciclo de reciclagem da Amazônia

(B) Ciclo de ocupação da Amazônia

(C) Ciclo de desmatamento da Amazônia

(D) Ciclo de devastação da Amazônia

(E) Ciclo de desflorestação Amazônia

20. (QUADRIX/CRN 9/2019 – AUXILIAR OPERACIONAL) A União Europeia é o segundo maior comprador
do agronegócio brasileiro, tendo sido o destino de 17,6% das exportações do setor neste ano, que geraram
US$ 9,9 bilhões até julho, ficando atrás apenas da China.

Internet: <https://g1.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial, julgue o item.

Atritos entre o governo brasileiro e países da Europa aumentaram o temor, entre os representantes do
agronegócio nacional, de possíveis retaliações por parte daqueles países às queimadas na Amazônia.

(QUADRIX/CRO-AC/2019 - ASSISTENTE JURÍDICO) O ministro da Cooperação Econômica e do


Desenvolvimento da Alemanha, Gerd Müller, se reuniu, no dia 9 de julho de 2019, às 15h30, com o ministro
do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles. De acordo com a embaixada da Alemanha, os ministros
falaram sobre proteção climática, proteção da Amazônia e desenvolvimento sustentável.

Internet: <https://g1.globo.com> (com adaptações).

Tendo o texto acima apenas como referência inicial e refletindo sobre temas correlatos, julgue os itens.

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21. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em junho último, o desmatamento na
Amazônia aumentou mais de 80% em relação a junho de 2018.

22. Não participando, até o momento, do Fundo Amazônia, a Alemanha havia mencionado a
possibilidade de fazer aportes àquele instituto caso o desmatamento na região se reduza nos próximos
anos.

23. O Brasil tem encontrado na França um aliado de suas políticas ambientais, sendo aquele país um
dos maiores defensores também do acordo União Europeia‐Mercosul.

24. Mais de 7.500 km2 de floresta foram desmatados na Amazônia em 2018, sendo o Acre o estado da
Amazônia Legal que, em área, mais desmatou.

(QUADRIX/CRQ 4ª REGIÃO/2019 – PROFISSIONAL DE ATIVIDADES ESTRATÉGICAS) O Acordo de Paris foi


aprovado pelos 195 países signatários da Convenção‐Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(UNFCCC) para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento
sustentável.

Internet: <mma.gov.br> (com adaptações).

A respeito do assunto abordado no texto acima e de temas correlatos, julgue os itens.

25. Em 2016, o Brasil ratificou seu compromisso com as metas do Acordo de Paris.

26. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) brasileiras incluem o compromisso de


ampliar a participação de biocombustíveis sustentáveis na matriz energética do País.

27. Como está previsto no Acordo de Paris o chamado “desmatamento zero”, produtores rurais
brasileiros encontram‐se, pela lei, proibidos de promover qualquer desmatamento em áreas de florestas
na Amazônia Legal.

28. (VUNESP/ESEF-SP/2019 – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO) Uma rebelião no Centro de


Recuperação Regional de Altamira, no Sudoeste do Pará, deixou ao menos 52 mortos na manhã desta
segunda-feira (29.07.2019).

(O Globo. Disponível em https://glo.bo/2oHlet6. Acesso em 17.10.2019. Adaptado)

Segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), a rebelião foi motivada por

(A) baixa qualidade da comida oferecida.

(B) maus-tratos praticados pelos agentes penitenciários.

(C) uma briga entre organizações de criminosos.

(D) impedimentos de visitas íntimas aos aprisionados.

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(E) se tornar obrigatória a revista dos visitantes aos presos.

29. (VUNESP/OLIMPIA PREV/2019) No dia 07 de maio de 2019, o Presidente da República assinou o


Decreto no 9.785, que dispõe sobre a aquisição, o cadastro, o registro, a posse, o porte e a comercialização
de armas de fogo e munição.

(bit.ly/2JB6t3L. Adaptado)

Segundo esse Decreto,

(A) o interessado em adquirir arma de fogo deverá ser submetido a avaliações físicas, de acordo com
prazos fixados pela Polícia Federal.

(B) os colecionadores poderão adquirir até trinta armas de uso permitido de cada modelo.

(C) a comercialização de armas de fogo, de acessórios, de munições e insumos para recarga só poderá ser
feita por estabelecimento credenciado pela Secretaria da Segurança do Estado.

(D) para adquirir arma de fogo de uso permitido e para a emissão do Certificado de Registro de Arma de
Fogo, o interessado deverá ter, no mínimo, 25 anos de idade.

(E) os militares reformados, que conservarem o porte de arma, serão submetidos a testes de avaliação
psicológica anualmente.

30. (CEBRASPE/PGE-PE/2019 – ANALISTA JUDICIÁRIO) A história do território brasileiro é, a um só


tempo, una e diversa, pois é também a soma e a síntese das histórias de suas regiões. De um ponto de
vista genético, as variáveis do espaço brasileiro são assincrônicas, mas em cada lugar elas funcionam
sincronicamente e tendem a ser assim também quanto ao todo. Daí as descontinuidades que permitiram
explicar as diversidades regionais.

Milton Santos e Maria Silveira. Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Record, 2005, p. 23
(com adaptações).

Tendo como referência o texto antecedente, julgue o item que se segue, acerca dos fenômenos políticos,
econômicos e sociais atuais no Brasil.

Segundo órgão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking
mundial de feminicídio, termo que foi criado para designar o assassinato de mulheres e meninas por
questões de gênero e que, embora se refira a ato individual, é encarado como uma manifestação de
desarranjo social, uma vez que se associa a menosprezo ou a discriminação à condição feminina.

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GABARITO

1. B 12. E 23. E
2. D 13. B 24. E
3. E 14. B 25. C
4. E 15. C 26. C
5. C 16. C 27. E
6. E 17. E 28. C
7. C 18. C 29. D
8. E 19. C 30. C
9. C 20. C
10. E 21. C
11. C 22. E

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RESUMO

Coronavírus

Os coronavírus são uma grande família viral, transmitidos entre os animais e pessoas, causando infecções
respiratórias em ambos. O novo vírus, SARS-CoV-2, é o causador da doença Covid-19. Outras variações
mais antigas de coronavírus e conhecidas pelos cientistas são a SARS-CoV e MERS-CoV, que já causaram
surtos com mortes no passado recente.
Suspeita-se que o SARS-CoV-2 foi transmitido para os seres humanos por animais silvestres, como
morcegos, provenientes de um mercado que vendia esses animais, na metrópole de Wuhan, capital da
província de Hubei, na China, onde se iniciou o surto da atual pandemia atual.
Os sintomas da doença são febre, tosse (geralmente seca), dor muscular, cansaço, dificuldade em respirar,
falta de ar e perda de paladar. Em casos mais graves, há registro de pneumonia, insuficiência renal e
síndrome respiratória aguda grave, que podem levar à morte.
Pesquisas de remédios e vacinas - A OMS coordena o projeto Solidarity (Solidariedade), com o objetivo
de encontrar um tratamento eficaz para casos mais sérios de Covid-19. O projeto conta com a participação
de dezenas de países no desenvolvimento dos ensaios clínicos com pacientes hospitalizados.
Não há um medicamento específico para combater o vírus. O tratamento é feito combatendo os sintomas
enquanto o próprio corpo se cura da infecção. Pacientes com quadros mais graves precisam ficar
internados em UTIs, respirando com a ajuda de um respirador mecânico.
Os medicamentos mais citados para o tratamento da doença foram a hidroxicloroquina e o remdesivir.
Contudo, não há sólidas evidências científicas sobre a eficácia dessas substâncias. A Organização Mundial
da Saúde anunciou que ambos não demonstraram efeitos significativos na redução da mortalidade de
doentes por Covid-19, apesar disso, a Anvisa liberou o remdesivir para tratamento da Covid-19.
A dexametasona foi apontada pela OMS como um medicamento capaz de reduzir a mortalidade dos
pacientes em estado grave, mas que deve ser utilizado somente para pacientes nesses casos.
Também são frequentemente apontados como medicamentos a ivermectina e a azitromicina. Ambos não
possuem consenso científico e o seu uso não foi indicado pela OMS e nem pela Anvisa.
A velocidade do processo de busca de uma vacina para a Covid-19 superou tudo o que já foi visto até hoje
na área de desenvolvimento de imunizantes, normalmente um processo demorado e trabalhoso, que
envolve várias rodadas de testes em animais e avaliações de toxicidade antes das três fases obrigatórias
de testes com pessoas.
A produção de vacinas ocorre de forma desigual no planeta, concentrada em poucos países, sobretudo os
desenvolvidos. Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Alemanha e Reino Unido lideram a produção de
vacinas.
A Rússia foi o primeiro país a anunciar uma vacina contra a Covid-19, batizada de Sputnik 5, mas a decisão
foi questionada, já que foi registrada antes da conclusão dos estudos que comprovassem a segurança e
eficácia da vacina.

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Até o momento em que este texto foi escrito, a OMS aprovou os seguintes imunizantes para uso
emergencial:
• Pfizer/BioNTech: desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e a empresa de
biotecnologia alemã BioNTech, foi a primeira vacina com estudos concluídos a ser aplicada.
• Covishield: desenvolvida pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, com a Universidade de
Oxford, da Inglaterra;
• Janssen: desenvolvida pela norte-americana Johnson & Johnson, é a única vacina aplicada em
apenas uma dose;
• Moderna: imunizante da farmacêutica norte-americana Moderna;
• Sinopharm: produzida pelo laboratório chinês Sinopharm; e
• CoronaVac: desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech.
Cuba foi o primeiro país latino-americano a desenvolver o seu próprio imunizante, a vacina Abdala.
Assim como a produção de vacinas, o processo de vacinação também ocorre de forma desigual no mundo,
concentrado nos países desenvolvidos que possuem expressiva produção ou poder de compra. Os cinco
países que mais vacinaram sua população são Canadá, Reino Unido, Espanha, Itália e França (dados de
agosto de 2021).
Para melhor distribuir as vacinas no mundo, a OMS coordena a Aliança Covax Facility, uma coalizão
universal que visa acelerar o desenvolvimento de vacinas e garantir um acesso equitativo às doses contra
a Covid-19, levando-as sobretudo a nações mais pobres.
No Brasil, a vacinação começou em janeiro de 2021, com a CoronaVac, desenvolvida pela SinoVac em
parceria com o Instituto Butantan, do governo do Estado de São Paulo. Até o momento, a Anvisa aprovou
quatro vacinas para uso no Brasil: AstraZeneca, CoronaVac, Pfizer e Janssen. A vacina mais utilizada no
Brasil é a AstraZeneca/Oxford, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do governo federal, por
meio de acordo com a farmacêutica anglo-sueca.
Baseado na disseminação de informações falsas e teorias conspiratórias sobre imunizantes, cresceram os
movimentos antivacina, contra os imunizantes para a Covid-19. Para estimular a população a se vacinar,
diversos órgãos governamentais e até empresas privadas têm oferecido uma forma de benefício às
pessoas que se imunizarem.
Medidas restritivas de proteção e para conter o avanço do vírus:
Distanciamento social - restringe a aproximação entre as pessoas de forma voluntária.
Isolamento - recomendação de isolamento, não obrigatória. Voltada sobretudo para pessoas que tiveram
contato com alguém infectado ou para quem está esperando o resultado de testes.
Isolamento vertical - destinado somente a pessoas dos grupos de risco. Menos efetivo no combate ao
vírus, mas causa menos danos à economia.
Isolamento horizontal - destinado a toda população, envolve a paralisação de todas as atividades
consideradas "não essenciais". Mais eficiente no combate ao vírus, mas causa mais danos econômicos.
Quarentena - medida obrigatória, estabelecida pelas autoridades (pode ser em escala municipal, estadual
ou federal) na qual todas as atividades não essenciais são paralisadas.

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Lockdown - imposto por um decreto, lei ou decisão judicial. Paralisação total dos fluxos não essenciais e
restrições à circulação de pessoas nas ruas. Governo pode usar as forças policiais e aplicar multas e
detenções para quem desrespeitar a medida.
- O alcance mundial da doença: No mundo globalizado, com incessante circulação de pessoas entre os
países, o vírus se propagou rapidamente pelo planeta. Foram registrados casos de coronavírus em quase
todos os países, em todos os continentes.
Nas Filipinas ocorreu a primeira morte fora do território chinês. No momento em que este texto foi escrito,
os Estados Unidos são o país com o maior número de pessoas infectadas e com o maior número de mortes.
O Brasil é o segundo país com o maior número de mortes e o terceiro com o maior número de casos. São
Paulo foi o estado mais atingido.
Impactos econômicos - Para conter a propagação do vírus, muitas empresas e fábricas paralisaram suas
atividades e reduziram sua produção, afetando a atividade econômica como um todo. O Banco Mundial
divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) global teve queda de 5,2% em 2020. Porém, o banco projeta
uma forte recuperação econômica global em 2021.
O Brasil fechou o ano de 2020 com crescimento negativo do PIB: -4,1%. Foi o pior desempenho econômico
desde o ano de 1996.
A inevitável recessão tem levado governos e bancos centrais de todo o mundo a liberar grandes volumes
de estímulos fiscais e monetários, além de outras medidas de apoio para as economias nacionais, que
sofrem com a pandemia de coronavírus. No Brasil, a principal medida foi o auxílio emergencial.

Violência e segurança pública

O Brasil é considerado um país onde a violência é muito alta. De acordo com a ONU, é o país que possui
o maior número de mortes violentas intencionais do mundo.
As mortes violentas intencionais cresceram 4% em 2020 em relação ao ano anterior. As maiores taxas de
homicídios por 100 mil habitantes estão no Ceará, Bahia e Sergipe, as menores taxas estão em São Paulo,
Santa Catarina e Minas Gerais.
Um dado que vem sendo objeto de análise ao longo dos anos é o aumento da taxa de homicídios de
negros e a queda da taxa de homicídios entre não negros. Conforme o Atlas da Violência 2020, entre 2008
e 2018, a taxa de homicídios entre os negros, cresceu 11,5%, enquanto a taxa para não negros (inclui
brancos, amarelos e índios) teve uma redução de 12,9%.
Esse padrão de homicídios se repete entre os homens e as mulheres. Ou seja, a taxa de homicídios de
mulheres negras é bem maior do que a taxa de homicídios de mulheres não negras.
Perfil majoritário dos que são vítimas e autores de mortes violentas intencionais no Brasil:
▪ Faixa etária: jovem (15 a 29 anos);
▪ Gênero: masculino;
▪ Classe social: pobre;
▪ Meio social: periferia das cidades;
▪ Cor da pele: negra (preta ou parda); e
▪ Escolaridade: até o ensino fundamental incompleto.

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Mudança territoriais em relação à violência no Brasil – Estudos demonstram uma mudança territoriais da
violência no Brasil, observa-se uma interiorização dos homicídios, das grandes regiões metropolitanas e
conglomerados urbanos para capitais menores e, destas, para cidades do interior.
Custos da violência – O Brasil perde algo em torno de 6% do PIB a cada ano em face do crime e da violência
letal. São custos que estão relacionados às despesas de manutenção do aparato de segurança pública, do
sistema prisional e de cumprimento de medidas socioeducativas, em serviços de segurança particular e
privada, em seguros contra furtos e roubos, no sistema de saúde, com o atendimento de vítimas da
violência, nas atividades econômicas e no setor do turismo.
Causas da violência – De acordo com vários estudos e publicações, podemos sintetizar como causas da
violência e da criminalidade:
▪ Urbanização acelerada e inchaço das periferias;
▪ Deficiência do Estado (poder público) no provimento de direitos;
▪ Exclusão social e desigualdade social;
▪ Ação dos traficantes de drogas ilícitas;
▪ Juventude em risco social; e
▪ Facilidade de acesso aos armamentos.
Propostas de soluções para a redução da violência e da criminalidade – Várias são as propostas que visam
à redução da violência e da criminalidade. Estudiosos do tema, instituições acadêmicas, governamentais e
a sociedade afirmam que o caminho mais efetivo para essa redução é o investimento em políticas públicas
preventivas de cidadania e de segurança pública.
Outras propostas são: a redução das desigualdades sociais e a disseminação de uma cultura de paz. Ainda
temos propostas envolvendo a reforma e a reestruturação do sistema policial e prisional brasileiro.
Alguns segmentos defendem a liberação do consumo de determinadas drogas como meio para diminuição
da violência do Brasil.

Violência policial e vitimização letal de policiais

A letalidade da polícia brasileira é alvo constante de críticas de entidades de defesa de direitos humanos.
O número de pessoas mortas pela violência policial no Brasil é considerado altíssimo nas comparações
internacionais. Em 2020, o país atingiu o maior número de mortes em decorrência de intervenções
policiais desde que o indicador passou a ser monitorado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em
2013.
Bueno, Marques, Pacheco e Nascimento, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, observam que não
existe uma coincidência entre os estados com maior proporção de letalidade policial e as maiores
reduções nas mortes violentas intencionais, sugerindo que os discursos que associam letalidade policial
à redução da violência não possuem correspondência na realidade.
Perfil amplamente predominante dos mortos pela polícia: homem, jovem e negro.
Morte de policiais – Se, por um lado, o grau de letalidade da polícia brasileira é alto, por outro, os policiais
também são vítimas desse mesmo sistema. Morrem muitos policiais no Brasil vitimados por assassinatos
em serviço e fora de serviço. Os dados indicam que morrem mais policiais fora de serviço, do que em
serviço. Em 2020, o número de policiais assassinados aumentou para 194, ante 172 policiais em 2019.

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Sistema prisional brasileiro

O sistema carcerário brasileiro enfrenta, há muito tempo, uma grave crise estrutural, social e econômica.
Superlotação dos presídios – A população prisional brasileira chegou a 753 mil detentos (dados mais atuais
do Depen). É a terceira maior população carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos (2,14 milhões) e
China (1,6 milhões).
Os presídios brasileiros estão superlotados, há 1,67 presos para cada vaga disponível no sistema
penitenciário. A população prisional cresceu em percentuais muito maiores do que a população do país.
Perfil dos presos no Brasil:
▪ Faixa etária: jovem (15 a 29 anos);
▪ Gênero: masculino;
▪ Classe social de origem: pobre;
▪ Meio social de origem: periferia das cidades;
▪ Cor da pele: negra (preta ou parda);
▪ Escolaridade: analfabetos ou escolarizados com o ensino fundamental incompleto.
Educação, trabalho e saúde – A legislação brasileira garante ao preso o direito de trabalhar e de estudar
no sistema prisional. Somente 10% dos presos estão envolvidos em atividades educacionais e apenas 15%
em algum tipo de atividade laboral. O direito à saúde também não é provido adequadamente.
Segurança e pessoal – Os sistemas de segurança nos presídios são falhos. Armas, drogas e telefones
celulares entram no interior dos presídios. O número de agentes penitenciários é insuficiente para exercer
o controle interno das prisões.
Excesso de prisões provisórias – Segundo o Ministério da Justiça, 34% dos detentos são presos em situação
provisória (sem julgamento). É um número considerado elevado, acima da média de vários países do
mundo.
O alto percentual indica a falta de acesso adequado à justiça, já que boa parte dos presos provisórios, nos
termos da lei, poderiam estar respondendo ao processo em liberdade.
Posse ou tráfico de Drogas – O segundo gênero de crime que mais leva à prisão é o de tráfico de drogas.
Em 2006, o país tinha 47 mil presos por tráfico de entorpecentes. Já em 2017, o número chegou a 157 mil,
ou seja, cresceu mais de 300% em onze anos. O percentual de mulheres presas por esse tipo de crime é
de 60%.
De acordo com estudiosos do tema, um dos motivos para esse aumento pode ser encontrado na chamada
nova Lei de Drogas, de 2006, uma vez que, com sua subjetividade na definição de usuário e traficante,
contribuiu para aumentar o volume de prisões.
“Escolas do crime” – Como o Estado é falho em prover aos presos proteção e condições minimamente
dignas de sobrevivência, as facções criminosas entram em ação para oferecer segurança para
sobrevivência no presídio, coibindo a violência entre os presos e até abusos de agentes penitenciários.
Cria-se, então, nesse ambiente as chamadas “escolas do crime”, visto que, em troca dessa proteção, uma
vez reinseridos à liberdade, esses ex-detentos devem continuar prestando serviços à organização
criminosa, ou seja, cometendo crimes para levar dinheiro à facção.
Soluções para a crise do sistema prisional – A solução para a crise penitenciária está relacionada à redução
da violência e da criminalidade no Brasil. Já que estando em uma sociedade menos violenta, diminuir-se-
ia os crimes, o que contribuiria para a redução do número de presos.

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Outras propostas para enfrentar a superlotação do sistema prisional são:


▪ Maior adoção de penas alternativas ao encarceramento;
▪ Fornecimento do acesso adequado à justiça;
▪ Promoção de ajustes na Lei de Drogas; e
▪ Sistema que, de fato, ressocialize o preso, com políticas humanizadoras e que possibilite a
reinserção do ex-detento à vida em sociedade.

Violência contra a mulher

Conforme a ONU (dados de 2015), o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking mundial de proporção de
assassinatos de mulheres
No ano de 2020, foram assassinadas 3.913 mulheres no Brasil, uma pequena redução em relação ao ano
de 2019, quando foram assassinadas 3.966 mulheres. Contudo, os casos de feminicídio aumentaram 0,7%.
Feminicídio é o homicídio praticado contra vítima mulher por motivações baseadas em violência
doméstica e/ou intrafamiliar, ou em caso de menosprezo ou discriminação pela condição de mulher.
O feminicídio é observado em todas as faixas etárias, mas significativamente maior entre mulheres em
idade reprodutiva. O ápice da mortalidade por feminicídio no Brasil se dá aos 30 anos.
Perfil da violência contra a mulher:
▪ 70,7% das vítimas cursaram até o ensino fundamental.
▪ 61% das vítimas são negras.
▪ 81,5% das vítimas foram assassinadas pelos próprios companheiros ou ex-companheiros; e
▪ A maioria dos casos ocorre em sua residência e com arma branca.
Violência sexual – A violência sexual pode ser definida como qualquer ato sexual ou tentativa de obter ato
sexual, sem o consentimento da vítima. A violência pode ser exercida com uso da força ou ameaça, mas
também com chantagem, suborno ou manipulação.
Em 2020, foram registrados 60,460 casos de estupros, uma redução de 14,1% em relação ao ano anterior,
quando haviam sido registrados 66.041 casos.
A maior parte dos estupros que ocorre no Brasil é o de vulnerável (crianças menores de 14 anos ou pessoas
com doenças ou deficiência mental). A maioria dos crimes é praticado contra meninas de 10 a 13 anos,
sendo o autor homem e quase sempre conhecido da vítima.
No caso brasileiro, a última pesquisa nacional de vitimização estimou que cerca de 7,5% das vítimas de
violência sexual notificam a polícia. Entre os motivos para a baixa notificação estão o medo de retaliação
por parte do agressor, receio de julgamento e descrédito nas instituições policiais e de Justiça.
Cultura do estupro – O termo “cultura do estupro” expressa o modo como a sociedade naturaliza o
comportamento sexual violento dos homens e culpa as vítimas de assédio. Culturalmente culpa-se a vítima
da violência por ter usado uma roupa curta, por não ter reagido ou simplesmente por ser atraente demais.
Esse pensamento arraigado estimula a impunidade de estupradores, como também inibe que mulheres
denunciem as violências sofridas.
Formas de violência contra a mulher – A Lei Maria da Penha define como violência contra a mulher
qualquer conduta de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser
mulher. Ela pode assumir diferentes formas, como:
▪ Violência física;

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▪ Violência psicológica;
▪ Violência sexual; e
▪ Violência moral.
Enfrentamento da violência contra a mulher - É fundamental haja o encorajamento para que aquelas
que já tenham sido vítimas de violência ou estejam na iminência de sê-lo denunciem o agressor, de modo
que o Estado possa tomar medidas destinadas a evitar que a violência e as ameaças, permanentes ou
eventuais, redundem em morte, como a aplicação de medidas protetivas no âmbito da Lei Maria da
Penha e por meio da manutenção, a ampliação e o aprimoramento das redes de apoio à mulher. O
suporte estatal a mulher é fundamental, especialmente, no momento do rompimento do relacionamento,
principal motivo de morte de mulheres no contexto do feminicídio. Outra medida é o combate à
impunidade, com a responsabilização dos autores de atos de violência.

Facilitação da posse e do porte de armas

Posse de arma – possibilidade comprar e registrar um armamento, que pode ser mantido em residência
==1deb18==

ou local de trabalho do proprietário da arma (se ele for responsável legal pelo estabelecimento).
Porte de arma – o direito de porte dá aos seus proprietários a possibilidade de andar armado nas ruas.
No Brasil, a posse de arma é entendida como um direito adquirido por meio do recebimento do Certificado
de Registro de Arma de Fogo, emitido pela Polícia Federal.
Uma das promessas de campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República foi a facilitação da posse e
do porte de armas no Brasil.
Decreto da posse de armas – Conforme o Estatuto do Desarmamento e o Decreto nº 5.123/2004, para
possuir uma arma de fogo, a pessoa interessada deve cumprir uma série de requisitos, entre eles declarar
a “efetiva necessidade”, ou seja, explicar em documento as razões pelas quais necessitaria da posse de
arma de fogo, para que o Delegado da Polícia Federal pudesse analisá-las e decidir se são ou não válidas.
No dia 15 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou o Decreto nº 9.685, que alterou partes do Decreto
nº 5.123/2004. O principal ponto alterado é o detalhamento das hipóteses da “efetiva necessidade” de
possuir arma em casa.
Segundo as novas hipóteses, praticamente todo cidadão brasileiro – desde que cumpra com os demais
requisitos legais – fica apto a possuir uma arma. Cumpridos os requisitos, o cidadão poderá ter até quatro
armas, limite que pode ser ultrapassado em casos específicos.
O tempo de validade do Certificado Registro de Arma de Fogo também foi alterado, passando de 5 para
10 anos. O presidente ainda renovou automaticamente os registros emitidos antes do decreto.
Decretos de facilitação do porte de armas – O Decreto nº 9.785, de 08 de maio de 2019, facilitou o porte
de armas no Brasil. Esse decreto teve vários dos seus pontos criticados e a sua legalidade questionada.
Com o objetivo de corrigir pontos que foram questionados pela Justiça e por segmentos da sociedade, o
governo federal editou, no dia 21 de maio de 2019, o Decreto nº 9.797.
Esse último decreto teve o intuito de descrever quais seriam as atividades profissionais de risco que
cumprem o requisito da “efetiva necessidade”.
Revogação dos decretos – Os decretos sobre a posse e o porte de armas de fogo geraram enorme polêmica
e muitas contestações na política e na sociedade.

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Em junho de 2019, o Plenário da Comissão de Constituição e Justiça do Senado chegou a aprovar parecer
que pedia a suspensão dos decretos. Também estava prevista a análise pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) de um pedido para anulá-los.
Diante da concreta possibilidade de anulação pelo legislativo e STF, o presidente Jair Bolsonaro os revogou.
No lugar, editou três novos decretos restituindo a regulamentação anterior e enviou ao Congresso
Nacional um projeto de lei sobre o mesmo tema.
Alguns dos principais argumentos favoráveis à facilitação da posse e do porte de armas:
▪ A proposta foi legitimada via eleição democrática, uma vez que era clara pauta de campanha do
presidente eleito.
▪ A posse de arma corresponde ao exercício do direito de legítima defesa do cidadão, que deve ter
os meios adequados de exercê-lo e proteger a si e a seu patrimônio.
▪ O problema da violência não é a arma de fogo, mas a pessoa que a empunha.
▪ A medida vai ao encontro do referendo realizado em 2005, no qual 63% da população votou pelo
comércio de armas.
▪ O Decreto nº 9.685/2019 estabeleceu critérios objetivos para o elemento da “efetiva necessidade”.
▪ O acesso mais facilitado ao armamento servirá de desestímulo aos criminosos.
▪ O Estatuto do Desarmamento não cumpriu sua função, não reduzindo significativamente os índices
de homicídio.
Alguns dos principais argumentos contrários à facilitação da posse e do porte de armas:
▪ É função do Estado e suas forças policiais, e não do cidadão comum, lidar com a segurança e a
criminalidade.
▪ O período em que a posse de arma foi liberada no Brasil foi marcado por crescentes índices de
homicídio.
▪ O Referendo de 2005 (em que 63% da população foi favorável) diz respeito ao comércio, e não à
posse de arma.
▪ O aumento no número de armas em circulação resultará em aumento de violência.
▪ Receio de aumento de crimes por ódio e intolerância.
▪ O Estatuto de Desarmamento reduziu o ritmo de crescimento do número de homicídios que, de
outra forma, poderiam estar em volume muito superior.
▪ O Brasil lidera o ranking de mortes por armas de fogo no mundo.
▪ A extensão do prazo para renovação poderá favorecer pessoas que tenham algum tipo de
impedimento em uma eventual renovação mais próxima.
O que diz a população:
A maior parte da população não defende o direito a se armar. Em uma pesquisa realizada em dezembro
de 2018, 61% dos entrevistados disseram que a posse deve "ser proibida, pois representa ameaça à vida
de outras pessoas".
A maioria das pesquisas sobre armas indicam que:
A flexibilização no porte de armas aumenta o número de homicídios; apresentam maior risco às crianças;
e o crescimento do número de armas está associado com o aumento da criminalidade e da violência.
Apesar de baixa, algumas pesquisas afirmam que a flexibilização no porte de armas pode sim diminuir a
violência, existem argumentos favoráveis a esse ponto quando se observa a existência de países onde a
violência é baixíssima, e a população possui um número elevado de armas.

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Aula 03

Aquecimento global

O aquecimento global tem como causa a intensificação do fenômeno natural do efeito estufa. Ele permite
à atmosfera da Terra reter parte do calor que o Sol envia ao planeta, o que mantém a temperatura média
do nosso planeta em torno de 14 °C, essencial para boa parte das formas de vida.
A quase totalidade dos cientistas climáticos afirma que os fenômenos da mudança do clima e do
aquecimento global estão sendo alimentados pela ação do homem. Os principais gases responsáveis pelo
efeito estufa são o dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).

A década de 2011 a 2020 foi a mais quente da história, sendo 2016 e 2020 os dois anos mais quentes de
todos os tempos. O quinquênio de 2016 a 2020 foram os cinco anos mais quentes desde o fim do século
XIX. Desde 2001 tivemos 19 entre os 20 anos mais quentes. Desde o final do século XIX, a temperatura
média da superfície global aumentou cerca de 1°. O mês de maio de 2020 foi o mais quente da história, de
acordo com o serviço europeu Copernicus sobre mudanças climáticas.

→ Considerando as emissões anuais, tendo como base os últimos anos, a China é o maior emissor mundial
de CO2, seguida por Estados Unidos, União Europeia, Rússia, Índia, Japão, Brasil e Canadá.
→ Considerando as emissões acumuladas, os Estados Unidos são os maiores emissores de CO2, seguidos
da União Europeia, da China, da Rússia e do Japão.
Maiores emissões de gases estufa em nível mundial:
• Setor de energia (transportes, produção de eletricidade e de combustíveis fósseis);
• Setores da agropecuária (criação de animais e cultivo de plantas);
• Uso da terra (desmatamento e conversão de terras para a agropecuária);
• Indústria; e
• Resíduos.
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU – organismo que analisa, acompanha
o processo do aquecimento global e elabora relatórios e documentos para acompanhar a situação
ambiental do planeta. Suas conclusões são de que já existe um aquecimento global em andamento, com
evidências de que ele é agravado pelas atividades humanas. A posição do IPCC não é unânime no meio
científico.
Possíveis consequências do aquecimento global:
• O nível médio da água dos oceanos continuará a subir e poderá submergir os pequenos países
insulares e destruir áreas costeiras habitadas.
• Haverá mudanças no ciclo global das águas e aumento de contraste na quantidade de chuva entre
as regiões úmidas e secas e de intensidade nas estações chuvosas e secas. Áreas áridas deverão se
tornar desérticas.
• Aumento na quantidade e na força de furacões, tornados e tempestades e de problemas como
deslizamentos, enchentes e desabastecimento de água.
• Perda de volume nas camadas de gelo do Ártico, da Groenlândia, da Antártica e das geleiras de
montanhas.

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Aula 03

Convenção Quadro sobre Mudança do Clima – aprovada em 1992, no Rio de Janeiro, na Eco-92. É um
tratado internacional em que os Estados-Parte decidem em conjunto as ações relacionadas às mudanças
climáticas. As discussões acontecem nas COPs (Conferência das Partes, em que cada país-membro é
considerado uma parte), realizadas anualmente.
Protocolo de Kyoto – aprovado na COP-3, realizada em Kyoto, no Japão, em 1997. Estabeleceu o princípio
da “responsabilidade comum, porém diferenciada”. Definindo que todas as nações têm responsabilidade
no combate ao aquecimento global, mas as que mais contribuíram historicamente para o acúmulo de gases
do efeito estufa têm uma obrigação maior.
O Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 2005, mas grandes poluidores, como os Estados Unidos, não o
ratificaram por considerar que isso afetaria sua economia. O prazo do protocolo venceu em 2012, mas foi
prorrogado até 2020 por falta de um novo acordo.
Conferência do Clima de Paris (COP-21) – estabeleceu um acordo em que todos os países deverão se
mobilizar para conter o aumento da temperatura média da Terra, ainda neste século, fazendo o possível
para tentar reduzir a 1,5 °C. Não foram dadas metas de redução de emissão de gases do efeito estufa, mas
uma intenção global em mudar para uma economia de baixo carbono.
O Acordo do Clima de Paris entrou oficialmente em vigor em 4 de novembro de 2016. O Brasil foi um dos
primeiros países a ratificar o acordo.
A principal crítica ao acordo é que todos os compromissos nacionais para reduzir as emissões são
voluntários – cada país apresentou a meta de redução de emissões que acredita poder alcançar. Além
disso, o conjunto de compromissos somado é considerado insuficiente para barrar o sobreaquecimento
médio em até 2 °C.
Brasil – é o sétimo maior emissor mundial de gases estufa. O setor que mais contribui para as emissões
nacionais de gases estufa é o de mudança no uso da terra. Na sequência estão as emissões dos setores
agropecuária, energia, processos industriais e resíduos. Tem como compromisso junto ao Acordo de Paris
reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030 em relação aos valores
de 2005. Essas metas apresentadas na COP-21 foram consideradas ambiciosas porque são absolutas uma
vez que não dependem do crescimento da economia.
COP-25 – o Brasil apresentou a sua candidatura para sediar a COP-25 no ano de 2019. No entanto, em
novembro de 2018, desistiu de sediá-la. O governo justificou a desistência em função das “restrições fiscais
e orçamentárias e pelo processo de transição”.
→ O presidente Jair Bolsonaro é um crítico do Acordo do Clima de Paris e da evidência científica de que o
aquecimento global tem como causa fatores humanos.
A COP-25 foi, então, transferida para Santiago, no Chile. Porém, em função dos grandes protestos
ocorridos no país, desistiu de sediar a Conferência que foi transferida para Madrid, na Espanha.
O resultado final da Conferência frustrou expectativas, com países prometendo avançar mais na próxima
conferência, 2020. O impasse girou basicamente em torno da cooperação internacional e da transferência
de recursos financeiros para projetos contra as mudanças climáticas.

Amazônia

A Amazônia é uma grande região geográfica natural do continente sul-americano, caracterizada pela sua
grandiosa floresta densa e úmida e por uma extensa rede hidrográfica. Com cerca de 7 milhões de

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Aula 03

quilômetros quadrados, sua área se estende pelo território de oito países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador,
Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname.

Amazônia Legal – conceito criado no Brasil para melhor orientar políticas de desenvolvimento social e
econômico na região amazônica brasileira. A Amazônia Legal foi instituída em 1953, A Amazônia Legal
abrange cerca de 60% do território brasileiro, fazendo parte dela todos os estados da região Norte (Acre,
Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins), mais o Mato Grosso, pequenas áreas de Goiás
(ao norte do paralelo 13°S, na divisa com o Tocantins) e parte do Estado do Maranhão (a oeste do
meridiano de 44ºW).

A Floresta Amazônica (também chamada de floresta equatorial) é a formação vegetal dominante da


Amazônia, mas também são encontradas algumas áreas de campos e cerrados. O clima amazônico é
caracterizado como Equatorial, apresenta temperaturas elevadas e chuvas abundantes durante todo o
ano. Em geral, o solo amazônico tem pouca espessura e baixa fertilidade (reduzida quantidade de
nutrientes).
Atualmente, o desmatamento é o principal problema ambiental da Amazônia, causado, sobretudo, pelos
seguintes fatores:
• Atuação indiscriminada de madeireiros.
• Expansão da pecuária bovina.
• Expansão da lavoura de grãos, principalmente a soja.
• Queimadas.
• Implantação de grandes projetos de mineração e estabelecimento de garimpos.
• Construção de grandes hidrelétricas: Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.
Entre as consequências atuais e futuras da degradação da floresta, podemos mencionar:
• Menor umidade do ar e menor evapotranspiração.
• Diminuição do volume de água dos rios da região.
• Rebaixamento do nível do lençol freático, por causa da menor retenção de água na superfície e da
maior velocidade de escoamento.
• Menos chuvas levadas pelos "rios voadores" para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Por todas essas características, a região amazônica é considerada a última fronteira natural com alto
potencial econômico a ser explorada no mundo.
Desmatamento – a área desmatada na Amazônia foi de 11.088 km² entre agosto de 2019 e julho de 2020.
De acordo com números oficiais do governo federal, trata-se de um aumento de 9,5% em relação ao
período anterior (agosto de 2018 a julho de 2019). Quatro estados respondem por 80% da floresta
derrubada. O Pará teve a maior participação seguido pelo Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.
Polêmicas ambientais no governo de Jair Bolsonaro – uma das primeiras iniciativas do atual presidente
na área ambiental foi a tentativa de extinguir o Ministério do Meio Ambiente, fundindo-o ao da
Agricultura. Essa extinção acabou não ocorrendo. Segmentos ligados aos próprios ruralistas foram contra
a ideia.

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Aula 03

O governo federal promoveu o desmonte do Fundo Amazônia, as queimadas e o desmatamento da floresta


aumentaram.

O Conselho Nacional da Amazônia Legal foi reativado, ficando sob coordenação da Vice-Presidência da
República, como a atribuição de coordenar e integrar as ações governamentais relacionadas à Amazônia
Legal. Os governadores dos Estados da Amazônia Legal foram excluídos da composição atual do conselho,
que será composto exclusivamente por membros do Governo Federal.

Bolsonaro é um crítico da demarcação de terras indígenas, de seu uso atual e da atual política indigenista
brasileira. Disse que, em sua gestão, nenhuma terra indígena seria demarcada. Uma de suas afirmações é
de que, no Brasil, há muita terra para pouco índio.

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