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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO

GUILHERME SANCHES DA SILVA

O LUTO EM UM PERÍODO PÓS PANDEMIA

SÃO PAULO

2022
GUILHERME SANCHES DA SILVA

O LUTO EM UM PERÍODO PÓS PANDEMIA

Projeto desenvolvido para a disciplina


Reportagens Especiais, do curso de Jornalismo
da Universidade Anhembi Morumbi, como
exigência parcial para a obtenção do título de
bacharel em Comunicação Social - Jornalismo,
sob a orientação do Prof. Me. Fábio Silvestre
Cardoso

SÃO PAULO

2022
Sumario

Resumo.......................................................................4

Introdução...................................................................5

A pandemia da Covid-19..........................6

O luto na pandemia.................................................8

Novos rituais...................................................................10

Conclusão.................................................................12

Referências.................................................................13
RESUMO: O objetivo deste artigo científico é mostrar como a pandemia da
Covid-19 afetou a sociedade no processo do luto, bem como os fatores
relacionados e possíveis soluções. As mortes causadas pela Covid-19
registradas durante os quase três anos de pandemia, mudaram as pessoas e
todo o seu cotidiano. O presente artigo busca relatar as novas mudanças no
período de luto, onde os novos rituais foram adaptados.
O artigo produzido busca analisar como a população enfrentou o período de
isolamento social, junto com as mortes e o período de luto. Além disso, o artigo
constata o período pós pandêmico e o recomeço da sociedade. Portanto,
deixando claro como o isolamento social mudou o comportamento das
pessoas, a mudança do luto na pandemia e os novos rituais que surgiram no
período pós pandêmico.

Palavras-chaves: Covid-19; Pandemia; Luto.


1.Introdução

O objetivo deste artigo é mostrar como o luto em um período pós


pandemia afetou a ressocialização das pessoas com o resto do mundo.
O luto sempre foi a forma de expressar os sentimentos da perda de um
ente querido, desde os tempos antigos. No mundo antigo, o luto tem
diferentes aspectos ao redor do mundo, onde cada povo e cultura define
sua simbolização.
Em tempos antigos, o luto era demonstrado de diferentes formas na
cultura antiga. A mumificação na religião egípicia e o rasgo na roupa na
cultura judaica são alguns exemplos de demonstração de luto 1.
Entretanto, uma das principais formas de demonstração do luto
antigamente era a fotografia e pinturas com mortos, onde eram
posicionados com algum ente que servia como apoio e eram fotografados
ou esboçados em quadros.
O termo Luto tem origem do latim luctu 2, sendo utilizado em momentos
de dor e sentimento de tristeza após a perda de alguém. O sentimento
que muitas vezes é demonstrado em publicações e atos, teve um peso
maior na pandemia.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, a COVID-19 teve
seus primeiros casos mundiais registrados em dezembro de 2019, oriunda
de Wuhan, na China e que acabou se espalhando para o mundo. A doença
chegou no Brasil no final de fevereiro, causando o Lockdown e milhares de
mortes em todo o país. O vírus causou mudanças repentinas na vida de
todas as pessoas como os protocolos sanitários, problemas de saúde e
mental e a insegurança de um futuro, deixando as pessoas com o
pensamento de um futuro incerto.
Com a onda de casos e mortes por Covid-19, o luto acabou ganhando uma
atenção pelo momento delicado e pela proibição de realizar despedidas
aos entes queridos.
Com isso, houve uma dificuldade por parte de pessoas em luto, em voltar
a se ressocializar com o resto das pessoas devido ao isolamento social e
em muitos casos, as pessoas perderam o costume de interagir e
escolheram o isolamento por conta própria3.
2. A PANDEMIA DA COVID-19
A pandemia da Covid-19 foi causada pelo vírus SARS-Cov-2, popularmente
conhecido com Coronavírus, foi oriunda da China e começou a se espalhar
pelo mundo em 2020.
Logo no primeiro mês de 2020, um caso confirmado de Covid-19 na
França, deu início ao surto da doença no continente europeu. No Brasil, o
primeiro caso confirmado foi no final de fevereiro, após um cidadão que
vinha da Itália pousar em São Paulo. A primeira morte foi confirmada no
dia 17 de março de 2020, em São Paulo4.
Mesmo com medidas sanitárias, cuidados com a saúde e o lockdown, o
vírus da Covid se espalhou pelo país. Devido a sua rapidez na transmissão,
falta de conhecimento científico por parte dos médicos, facilidade na
transmissão do vírus e o descaso em alguns momentos por parte da
população, fizeram do Brasil um dos principais focos da doença5.
Segundo o artigo do Caderno de Saúde Pública do ENSP, a desigualdade
social foi um fator determinante para a pandemia no país, já que em
muitas localizações, a falta de saneamento básico e as aglomerações em
pequenas residências, atreladas a necessidade das pessoas pobres saírem
de casa para trabalhar, enquanto a alta sociedade ficava em casa, serviu
de caminho para a disseminação do vírus.
De acordo com a Fiocruz, diversos sistemas de saúde entraram em colapso
durante o surto da Covid-19, sendo que em muitos estados a falta de
tanque de oxigênios e leitos para os doentes eram as principais
reclamações.
Com o lockdown, as escolas e faculdades começaram a ter o ensino a
distância e muitas empresas passaram a adotar o home office. A
sociedade acabou se transformando durante o isolamento social causado
pela Covid-19, uma vez que o convívio foi completamente afetado. Assim
como na época da gripe espanhola, o período pós pandêmico resultou em
mudanças na sociedade como a quebra de vínculos, dificuldades na
convivência e alterações extremas no cotidiano.
Enquanto o país registrava recordes de mortos por dia, o Instituto
Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, fecharam um
acordo para a fabricação da vacina contra o vírus6. Com isso, após
milhares de mortes em 2020, a ciência conseguiu sequenciar o genoma do
vírus e produzir uma vacina para conseguir deter o vírus.
As primeiras doses da vacina chegaram no final de 2020 e assim, a
situação começava a melhorar. De acordo com o Conselho Federal de
Enfermagem, no dia 17 de janeiro de 2021, a primeira dose da Covid
aplicada em uma enfermeira em São Paulo, foi a primeira dose aplicada no
país. A partir de então, todos os públicos começaram a receber as doses
das vacinas contra a Covid.
Mas, mesmo com o começo da vacinação, o Brasil superou o número de
mortes em 2020, apenas nos primeiros quatro meses de 2021 7. Ao
decorrer do ano de 2021, o país começou a registrar outra variante do
vírus, que chegou a ser predominante em São Paulo.
O vírus que acabou com famílias, deixou sequelas na saúde das pessoas e
medo em toda a população, trouxe problemas que estavam escondidos na
sociedade e ganharam uma atenção ao longo dos dois anos. Além das
vítimas, a pandemia afetou a saúde mental das pessoas e a economia do
país, que começou a contar com milhares de desempregados.
Segundo levantamento feito pelo G1, a pandemia que ainda dura no país,
vitimou fatalmente 664.179 pessoas até o mês de maio de 2022 e
30.553.737 casos foram registrados. Em 2022, a situação começa a se
normalizar, onde espaços públicos voltam a ser frequentados sem o uso
de máscaras, as escolas e faculdades voltaram ao ensino presencial e
empresas voltaram ao funcionamento normal.
2.1 O LUTO NA PANDEMIA

O luto é dividido por fases durante o seu processo, mas nem sempre
ocorre em sequência específica ou em todas as pessoas que perderam
entes queridos. As fases são:

Negação: Sendo classificada como a primeira fase, onde o indivíduo sofreu


a perda recente.
Raiva: Fase onde a pessoa não aceita a perda e surge com
questionamentos sobre o porquê de certa pessoa ter falecido.
Barganha: A parte do processo onde a pessoa busca respostas religiosas
do ocorrido.
Depressão: A fase onde as pessoas precisam tomar cuidado, pois, pode
ser um caminho sem volta.
Aceitação: Fase final onde a pessoa aceita a perda e começa a tentar se
adaptar à nova realidade.

O isolamento social foi um importante fator para o luto sofrer diversas


alterações, o que impossibilitou a última despedida do ente querido e
prejudicou o andamento da vida para muitas pessoas 8. O luto afeta as
pessoas, independente de idade ou gênero, fazendo com que cada pessoa
reaja de uma forma e isso mostra como cada reação deve ser respeitada.

Durante os dois anos de pandemia no Brasil, os profissionais de saúde


ficaram na linha de frente no combate a Covid-19, enfrentando o perigo
de contaminação e a mortes diárias em hospitais9. Diante do cenário,
precisaram mudar totalmente a rotina e comportamento, para que além
de conviverem diariamente com as mortes, o processo de luto não
atingisse seus psicológicos e prejudicasse o atendimento.

Com rotinas exaustivas e plantões prolongados, os profissionais


vivenciaram uma diferente forma de luto, já que pouco podiam lamentar
a morte e já precisavam partir para outros diversos casos a serem
atendidos.

Em milhares de ocasiões, os profissionais de saúde tinham que lidar com o


luto do outro, pois no ápice da pandemia eles eram os últimos a terem
contato com o ente falecido de outra família. Contato esse, que foi
adaptado em diversos hospitais para que familiares realizassem visitas aos
doentes10.
Conforme o artigo publicado pela Revista da Sociedade Brasileira de
Enfermeiros Pediatras, o luto afeta as pessoas independentemente da
idade e isso acaba incluindo as crianças e adolescentes. Assim como nos
adultos, as crianças também têm o seu período negação, culpa e aceitação
durante o período enlutado.

Como a maior parte das crianças possuem dificuldade em demonstrar as


emoções, o luto acaba sendo difícil de ser enfrentado com crianças e isso
prejudica uma possível intervenção familiar.

Por ser um tema complexo, o luto muitas vezes é evitado em conversas


com crianças, pois, as mesmas ainda não lutam para entender o
significado. O espaço do luto permite que a criação crie imaginações sobre
a vida pós morte e explore seus sentimentos11.

Os aspectos religiosos da família da criança se tornam significativos


durante o luto e isso pode auxiliar a criança durante o período. Devido a
sua idade, a criança pode associar a morte do ente querido algo que tenha
feito em algum momento.
No caso dos adolescentes, o luto pode ser tratado de uma forma
diferente, já que existe um entendimento por parte dos jovens e o tema
pode ser abordado de diversas formas.

Diferente das crianças, o adolescente enlutado precisa rapidamente se


transformar, pois, o amparo emocional para irmãos, aos pais e atividades
que o ente falecido exercia, passam a ser responsabilidade do jovem.
2.2 NOVOS RITUAIS

Antigamente, o luto era tratado com despedidas e o último contato com o


ente falecido, entretanto, esse ritual acabou mudando com as regras
impostas durante a pandemia e somente agora estão voltando a
acontecer.

Velórios e enterros eram comuns durante as mortes, mas durante a


pandemia de Covid-19, os familiares deixaram de ter um último contato
com os entes queridos após a morte. Após o período pandêmico, as
pessoas enlutadas enfrentaram dificuldades em se comunicarem com
outras pessoas, já que as perdas durante o isolamento social foram mais
intensas e sofridas.

As pessoas que perderam um ente durante a pandemia, criaram em sua


residência uma zona de conforto e isso virou um enorme obstáculo no
período pós pandemia. Além disso, o medo em voltar a conversar com
outras pessoas é um dos principais pontos para quem está de luto, visto
que a pessoa fica com pensamentos de culpa e medo de acontecer
novamente12.

O novo normal, como dizem os especialistas em Covid-19, ainda está


sendo enfrentado diariamente pelas pessoas, principalmente para quem
está de luto e tenta voltar a antiga rotina, mas agora sem o ente falecido.
Com a liberação de espaços abertos e fechados, as pessoas voltaram ao
presencial após dois longos anos de pandemia. Mas, mesmo com o avanço
na vacinação, muitas pessoas estão enfrentando um novo problema: o
medo de sair de casa.

Durante os dois anos de pandemia, as pessoas perderam conhecidos,


familiares distantes e familiares próximos. Fato esse que afetou a vida das
pessoas que não podiam sair de suas residências para tentar um remoço e
ficavam apensa em casa com o remorso da morte.

O isolamento social foi determinante para as dificuldades de


ressocialização pós pandemia, já que a dificuldade em conversar, se
aproximar de outras pessoas e o aparecimento de sintomas psicológicos
foram notados no período pós pandemia.
Com isso, para algumas pessoas a melhor forma de lidar com essa
situação foi um novo isolamento, já que o medo e o desafio do convívio
social foram maiores.

Os rituais de despedida sempre foram uma forma de aliviar o período de


luto e que devido a pandemia, precisaram mudar de forma. A falta da
despedida em alguns casos pode desencadear sintomas como a
depressão, já que a pessoa pode ter a sensação de um luto interrompido.

A falta de um ritual de despedida também pode afetar a continuidade da


vida de alguém que perdeu um ente durante a pandemia, visto que a falta
da oportunidade restringe a aceitação da morte e interfere no processo
do luto.

Entretanto, de acordo com o artigo publicado na PUC-RS em 2020,


algumas maneiras podem ajudar a pessoa durante o período de luto. Os
rituais nos tempos de pandemia mudaram e até mesmo com a liberação
de espaços públicos, alguns rituais permaneceram de modo remoto
auxiliando pessoas de luto.
3. CONCLUSÃO

Por conta da pandemia da COVID-19 e das medidas de prevenção


contra a contaminação, as pessoas precisaram se adaptar com as novas
regras. O luto foi se adaptando diante do cenário pandêmico e as pessoas
foram buscando alternativas para viver este período sombrio. Além disso, as
pessoas começaram a cuidar da própria saúde, além de se preocupar com o
próximo e perceberam a importância de cuidados consigo que não podem ser
deixados de lado, em qualquer momento.
Em virtude dos fatos mencionados, podemos concluir que a pandemia da
Covid-19 trouxe diversos ensinamentos e ficará marcada na história como uma
época de mudanças e de respeito as pessoas que morreram da doença. O luto
foi afetado durante o período, onde as dificuldades foram enormes e cada
pessoa teve sua reação.
Por fim, é possível definir que o luto só pode ser sentido por quem passa,
sendo vivido de modo geral com os mesmos diagnósticos e intensidades
diferentes. O luto na pandemia pareceu mais duro e insuperável para muitos,
com a falta da última despedida e do apoio emocional. A realidade mundial
ainda demonstra ser de reconstrução, mas é possível tirar lições de todo esse
período e conseguir seguir em frente.
REFERÊNCIAS:

1 8 coisas estranhas sobre o luto que as pessoas faziam antigamente


-https://www.fatosdesconhecidos.com.br/8-coisas-estranhas-sobre-luto-que-as-
pessoas-faziam-antigamente/amp/
2 https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Luto
3 PUC Minas - Ressocialização pós-pandemia -
https://www.pucminas.br/EstamosJuntos/noticias/Paginas/bem-estar_24.aspx
4 Primeiro caso de covid-19 no Brasil completa um ano -
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-02/primeiro-caso-de-covid-19-
no-brasil-completa-um-ano?amp
5 Como o Brasil se compara a outros países em mortes por Covid, casos confirmados e
vacinas aplicadas -
https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2021/10/08/como-o-brasil-se-
compara-a-outros-paises-em-mortes-por-covid-casos-confirmados-e-vacinas-
aplicadas.ghtml
6 Governo de SP assina contrato com Sinovac para o fornecimento de 46 milhões de
doses da Coronavac - https://butantan.gov.br/noticias/governo-de-sp-assina-contrato-
com-sinovac-para-o-fornecimento-de-46-milhoes-de-doses-da-coronavac
7 Número de mortes por Covid-19 no Brasil em 2021 já supera todo ano de 2020 -
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/numero-de-mortes-por-covid-19-no-brasil-em-
2021-ja-supera-todo-ano-de-2020/?amp
8 Luto no contexto da pandemia de Covid-19 - https://www.sejus.df.gov.br/wp-
conteudo/uploads/2021/01/luto-no-contexto-da-pandemia-de-covid19.pdf
9 Luto no contexto da pandemia de Covid-19 - https://www.sejus.df.gov.br/wp-
conteudo/uploads/2021/01/luto-no-contexto-da-pandemia-de-covid19.pdf
10 Luto no contexto da pandemia de Covid-19 - https://www.sejus.df.gov.br/wp-
conteudo/uploads/2021/01/luto-no-contexto-da-pandemia-de-covid19.pdf
11 Ajudando as crianças a enfrentarem o luto pela perda de pessoas significativas por
COVID-19 - https://journal.sobep.org.br/wp-content/plugins/xml-to-html/include/
lens/index.php?xml=2238-202X-sobep-20-spe-0085.xml&lang=pt-br
12 PUC RS - O processo de luto a partir das diferentes perdas em tempos de pandemia -
https://www.pucrs.br/coronavirus-v3-prov/wp-content/uploads/sites/
270/2020/09/2020_09_03-coronavirus-cartilhas-
o_processo_de_luto_a_partir_das_diferentes_perdas_em_tempos_de_pandemia.pdf
13 PUC RS - O processo de luto a partir das diferentes perdas em tempos de pandemia -
https://www.pucrs.br/coronavirus-v3-prov/wp-content/uploads/sites/
270/2020/09/2020_09_03-coronavirus-cartilhas-
o_processo_de_luto_a_partir_das_diferentes_perdas_em_tempos_de_pandemia.pdf

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