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FUNDAMENTOS DE ELETRÔNICA ANALÓGICA

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ERROS DE MEDIÇÃO

1. Classe de Exatidão: É a característica de um instrumento de medição que exprime o afastamento


entre a medida realizada por este instrumento e o valor absolutamente correto, dado por algum
padrão ou valor de referência.

A Exatidão nos fornece erro máximo introduzido pelo instrumento. Este erro é expresso em termos
percentuais do calibre do instrumento e sua classe de Exatidão em % e é denominado Erro
Absoluto, sendo calculado pela fórmula:

A unidade do Erro Absoluto é a mesma da grandeza sob medida sendo precedida pelo sinal ±.

Exemplo: Seja um instrumento de medição de pressão que esteja sendo utilizado no calibre de 200
mbar e possua uma classe de exatidão de ± 1,5%.

= ± 3mbar

Sendo a leitura realizada igual a 180 mbar, maneira correta de expressar a leitura será:

P = 180mbar ± 3mbar

2. Classe de Precisão: Define o GRAU DE REPETIBILIDADE da medição. Um instrumento pode ser


preciso, porém, não ser exato. Um instrumento de classe de exatidão excelente sempre deverá
ser preciso, porém a recíproca não é verdadeira.

Em relação à precisão, faz-se inúmeras medidas da mesma grandeza e o instrumento será tanto mais
preciso quanto mais a sua indicação se mantiver estável e constante em um certo valor.

Exemplo:

a) Valor Real = Verdadeiro = Padrão = 37,5V.

b) Medições realizadas com um intervalo de tempo 40 segundos:

27,00V; 27,10V; 27,00V;27,00V; 27,00V; 27,00V; 26,99V; 27,00V; 27,00V.

Conclusão: O instrumento é preciso(possui alto índice de repetibilidade), porém não é Exato.

3. Erro Relativo: É a relação entre o Erro Absoluto e o Valor Medido.

O Erro Absoluto por si somente não nos dá a ordem de grandeza exata do erro que estamos
cometendo em uma dada medição.

Baixa Exatidão Alta Exatidão


Alta Precisão Alta Precisão

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Baixa exatidão Baixa exatidão Alta exatidão


Baixa precisão Alta precisão Alta precisão
a) a) a)
Exemplo:

Efetuou-se uma medição de comprimento e cometeu-se um Erro Absoluto de ± 1,0 m. Pergunta-se:


Trata-se de um erro de grande valor ou insignificante?

Resposta: Se este erro foi cometido em uma medida em torno de 5 m, trata-se de um erro de ± 20%,
porém se este erro for cometido em uma medida de 1000 m, teremos apenas um erro de ± 0,1 %, o
que indica uma excelente medição. Assim sendo, o cálculo do Erro Relativo é de maior significado em
uma medição, sendo o mesmo determinado por:

Note que, quanto menor o valor medido(leituta no instrumento), maior é o erro percentual(Erro
Relativo) cometido e, reciprocamente, quanto mais próximo do calibre o valor a ser medido se
situar, menor será o erro percentual cometido na medida. Uma prática comum é selecionar um
calibre, de tal forma que a leitura seja feita em uma faixa situada dentro do último terço da escala.

Operações matemáticas com erros:

a) Em uma soma ou diferença, somam-se os Erros Absolutos.

P = a + b + c + d + ...

ΔP = Δa + Δb + Δc + ...

b) Em um produto ou quociente, somam-se os Erros Relativos Percentuais.

Seja: P = C.ω

4. Aplicação:

Em uma medição de parâmetros elétricos de um circuito mediu-se os seguintes valores:

a) Voltímetro:

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Valor medido, V = 215 V Calibre = 250 V Classe =

b) Amperímetro:

Valor medido, I = 4 A Calibre = 10 A Classe = %

c) Wattímetro:

Valor medido, P = 854 W Calibre = 1200 W Classe = %

d) Ohmímetro:

Valor medido = 55,0 Ω Calibre = 100 Ω Classe = %

Fixando-se duas casas decimais, pede-se:

a) Erro Absoluto de cada instrumento. b) Erro Relativo de cada instrumento

c) Valor da resistência elétrica. d) Valor da potência elétrica.

e) Expressar corretamente as grandezas com seus respectivos erros

Solução:

a) Erro Absoluto do Voltímetro:

b) Erro Relativo do Voltímetro:

c) Expressando corretamente o valor da medição do voltímetro:

V = 215V ± 3V

d) Erro Absoluto do Amperímetro:

± 0,10A
e) Erro Relativo do Amperímetro:

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f) Expressando corretamente o valor da medição do amperímetro:

I = 4A 0,10A

g) Erro Absoluto do ohmímetro:


h) Erro Relativo do Ohmímetro:

i) Expressando corretamente o valor medição do ohmímetro:

R = 55,00Ω

j) Valor da resistência elétrica através das indicações do voltímetro e amperímetro:

R=

k) Erro Relativo da resistência em função dos erros cometidos pelo amperímetro e voltímetro:

%= % + % = 1,40% + 2,50% =

OBS.: Pode-se calcular o Erro Absoluto da resistência a partir da expressão anterior, dividindo por
100, ambos os lados da expressão, como indicado abaixo:

= Rx = 55,00x0,039 = 2,15Ω

2,15Ω

Logo, em função dos erros do amperímetro e do voltímetro, podemos escrever a expressão correta
para R:

R = 53,75Ω 2,15Ω

Para a Potência Elétrica, teremos:

a) Erro Absoluto do wattímetro:

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b) Erro Relativo do wattímetro:

c) Expressando corretamente o valor da potência, temos:

P = 854W

d) Cálculo da potência através das indicações do voltímetro e amperímetro:

P = VxI = 215x 4 = 860W

e) Erro Relativo da Potência em função das indicações do voltímetro e amperímetro:

%= % + % = 1,40% + 2,50% =

f) Calculando o Erro Absoluto da Potência em função das indicações do voltímetro e


amperímetro, temos:

Pode-se calcular o Erro Absoluto da resistência a partir da expressão anterior, dividindo por 100,
ambos os lados da expressão, como indicado abaixo, como no ítem k:

= →

g) Expressando corretamente o valor da Potência, considerando os erros do amperímetro e


voltímetro, temos:

P = 860,00W

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MEDIÇÕES DE TENSÕES CONTÍNUAS - PRINCÍPIO DE VOLTÍMETRO ANALÓGICO

É composto de um galvanômetro (magnetno–elétrico) G, de resistência interna rg ligado em série com


uma resistência de alto valor ôhmico R. Ligado a uma fonte de tensão V, o voltímetro será percorrido
por uma corrente i = V/(R+rg). Esta corrente nunca poderá ser superior ao valor da corrente ig máx que
produz o desvio máximo do galvanômetro.

O calibre do voltímetro será conseqüentemente: V = (R +rg) ig. Esta corente nunca poderá ser
superior ao valor da corrente que produz o desvio máximo (Igmáx ou IFS) do galvanômetro(IFS = Full
Scale Current - Corrente de Fim de Escala).

VOLTÍMETRO COM VÁRIOS CALIBRES:

Comutador

É realizado conforme o esquema seguinte:

V1 a V5 são os diversos calibres escolhidos por meio de um comutador. O menor calibre, V1 é


composto do galvanômetro e da resistência R1. O calibre seguinte V2 é obtido acrescentando-se uma
resistência suplementar R2 em série com R1 e rg, de modo tal que:

( )

Procede-se da mesma maneira para os demais calibres. Por exemplo:

( )

( )

Em outras palavras, a resistência a ser ligada em série com um galvanômetro para transformá-lo em
um voltímetro de calibre V é igual a:

R=

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SENSIBILIDADE E RESISTÊNCIA INTERNA DE UM VOLTÍMETRO

Vimos que para se conseguir o desvio total do voltímetro, qualquer que seja o calibre utilizado, deverá
circular por ele uma corrente Igmáx.

Esta corrente é retirada, pelo voltímetro, do circuito no qual ele está ligado. Se o desvio máximo é
conseguido por uma corrente muito pequena, podemos dizer que o voltímetro apresenta grande
sensibilidade. Em outras palavras, a sensibilidade é proporcional ao inverso da corrente necessária
para o desvio máximo.

e, como  ...... Ohm/V ou K/V

A resistência interna de um voltímetro será, consequentemente, dada pela sua sensibilidade


multiplicada pelo calibre, ou seja:

Exemplo:

O galvanômetro de um voltímetro tem um consumo de Igmáx = 50A. Qual é a sensibilidade do


voltímetro?

- Qual é a sua resistência interna no calibre de 160V?

Respostas:
S = 1/Igmáx = 1/ 50 x10-6 = 20.000/V

Ri = Re = S x Calibre = [ 20K/V ] x 160 V = 3200k = 3,2M


Importante  Podemos concluir que:

- A sensibilidade de um voltímetro analógico (multímetros analógicos) é constante qualquer que seja


o calibre.
- A resistência interna de um voltímetro analógico (VOM  Volt Ohm Meter) é variável dependendo
do calibre utilizado.
- A resistência interna (ou resistência de entrada) de um voltímetro eletrônico (multímetro digital), é
constante, qualquer que seja o calibre utilizado.
- A sensibilidade do voltímetro eletrônico depende do calibre.

O VOLTÍMETRO ELETRÔNICO

Vimos que a ligação do voltímetro perturba o circuito onde ele está sendo utilizado, pois retira deste
uma certa corrente. Para não haver esta perturbação, a corrente retirada pelo voltímetro deveria ser
nula, ou então, extremamente pequena. Consequentemente, o voltímetro deferia ter uma altíssima
resistência interna.

O seu galvanômetro deveria ser extremamente sensível. Na prática, não é possível fabricar-se
galvanômetros robustos com sensibilidade maior que 10A-1, ou seja, com Igmáx = IFS 10A, o que
daria uma sensibilidade S 100K/V. Uma maneira de aumentar a sensibilidade equivalente de um

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galvanômetro é associá-lo a um amplificador: Se o ganho de corrente do amplificador é A = is/ig, a

sensibilidade equivalente do conjunto amplificador – galvanômetro será A vezes a sensibilidade do


galvanômetro. Esse é o princípio básico do voltímetro eletrônico. Esquema de princípio:

A tensão a ser medida V é aplicada a um divisor composto de R1 + R2 + R3 + R4 cuja soma poderá


totalizar na prática valores de 10M ou 100 M. A saída deste divisor é aplicada através do
comutador de calibres do amplificador. Quanto maior for a tensão a ser medida, maior terá de ser a
relação do divisor, de maneira a apresentar na entrada do amplificador uma tensão conveniente.

Galvanômetro
o

Importante:

- A resistência interna (ou resistência de entrada) de um voltímetro eletrônico é constante,


qualquer que seja o calibre utilizado, sendo muito alta, da ordem de 10M a 100M.
- A sensibilidade do voltímetro eletrônico depende do calibre.

Os medidores digitais (multímetros digitais) são na realidade voltímetros eletrônicos possuindo


internamente conversores A/D(convertem a entrada analógica para digital).

ESPECIFICAÇÕES DE MEDIDORES DIGITAIS

Algumas especificações atribuídas aos medidores digitais possuem a mesma interpretação que
aquelas aplicadas aos medidores analógicos. Entretanto, existem alguns termos que são exclusivos
dos medidores digitais.

A – FAIXA DE TRABALHO

A “faixa de trabalho” de um medidor digital deve ser considerada de modo diferente daquele para um
medidor analógico. Consideramos o “fundo de escala” de um medidor digital o valor máximo que pode
ser medido sem sobrecarga. Este valor está relacionado diretamente com o número de dígitos inteiros
do medidor. Consideramos dígitos inteiros aqueles capazes de registrar valores de 0 a 9. Para um
medidor de 3 dígitos possuirá um faixa máxima de 999V.

A maioria dos medidores possuem indicação de sobrecarga, estando apto a processar um valor maior
que a leitura de fim de escala. Um medidor digital típico possui uma capacidade de sobrecarga de
100%, o que significa uma faixa de medição de 0V a 1999V, para o caso do medidor de 3 dígitos. Têm-
se medidores com capacidade de sobrecarga que pode variar de 20% a 200%, dependendo do projeto
do aparelho.

A sobrecarga é indicada através do acréscimo de um dígito na posição mais significativa. O dígito


adicional é chamado de “meio dígito”. Assim sendo, um medidor de 3 dígitos com 100% de sobrecarga
é chamado de medidor de 3 ½ dígito.

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Exemplo:

Consideremos um medidor de 3 dígitos indicando 99,9V. Se a tensão passar para 100V e não houver
meio dígito, teremos de mudar para uma faixa maior de medição e o medidor indicará 100V e,
portanto, teremos perdido a indicação de décimos.

Mudando para um faixa maior, reduziremos a precisão e a sensibilidade do medidor de um fator de 10.
Se considerarmos um sobrecarga de 100% e adicionado o 1/2 dígito, a indicação será de 100,0V e ,
portanto, mantendo-se a sensibilidade e a precisão da faixa inferior. Logo, um medidor de 3 ½ dígitos
na faixa de 100V é capaz de medir até 199,9V.

B – RESOLUÇÃO

Devemos considerar uma distinção entre resolução, precisão e sensibilidade. Estes termos estão
relacionados, mas não têm o mesmo significado. Diremos que a resolução determina a capacidade de
um medidor mostrar a diferença entre valores. Consideremos um medidor de 3 ½ dígitos com
diferentes faixas.

Sendo a menor faixa 100mV e a maior faixa 1000V. Na faixa de 100mV, o dígito mais significativo
indica 100mV, o próximo dígito indica 10mV, depois 1mV e o dígito menos significativo 0,1mV. Logo, a
menor tensão que pode ser registrada na faixa de 100mV é 0,1mV e a mais alta é 100mV.

Diremos que a resolução é de 0,1mV em relação à faixa de 100mV. A resolução não vem a ser, na
verdade, um valor de corrente ou tensão. É uma relação entre o valor mínimo que pode de ser
mostrado e o valor máximo para a mesma faixa.

A sobrecarga não é considerada ao se especificar a resolução. Logo, para a faixa de 100mV, a


resolução é de 0,1 para 100 ou 0,1%. Na faixa de 1000V a resolução deve ser a mesma. O dígito mais
significativo é 1000V e o menos significativo é 1V, o que resulta uma razão de 1 para 1000, ou seja,
0,1%. Isto não significa que o medidor tenha uma classe de exatidão (muitas vezes referida como
precisão!) de 0,1%.

C – SENSIBILIDADE

Vimos que na faixa de 100mV o medido pode sentir uma diferença tão pequena quanto 0,1mV. Logo,
diremos que a sensibilidade deste instrumento é de 0,1mV. Vemos que a sensibilidade indica o valor
da menor variação que o medidor pode responder. Podemos determiná-la multiplicando-se a menor
faixa de medição pela resolução. Assim sendo, a sensibilidade de um instrumento de 3 ½ dígitos com
uma faixa de 100mV é de 0,001 x 100mV = 0,1mV.

D – PRECISÃO

A precisão (expressão geral usada no meio técnico, sendo que o termo correto seria CLASSE DE
EXATIDÃO), é umaindicação do erro máximo que pode ser esperado entre o valor real da grandeza
medida e o que está sendo indicado pelo medidor.

É dada nos medidores digitais como sendo uma porcentagem do fundo de escala. A porcentagem do
fundo de escala é geralmente expressa como mais ou menos um dígito, por exmplo :  0,2%  1 dígito,
visto que, ao se efetuar a medição a porta de entrada do sinal fica aberta por um período de tempo
proporcional ao valor absoluto da tensão de entrada.

Enquanto a porta está aberta os pulsos estarão sendo contados. A porta pode fechar-se entre dois
pulsos ou durante um pulso. É portanto, possível, para o dígito menos significativo, voltar ou avançar
entre dois dígitos adjacentes embora o medidor esteja medindo uma entrada com valor constante. Os
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medidores digitais devem ser periodicamente calibrados, sendo que alguns medidores já possuem
referências internas para calibração.

CONSIDERAÇÃO SOBRE O ERRO QUANTITATIVO EM UM MEDIDOR DIGITAL

Considerando um medidor de 3 ½ dígitos, medindo 38,5V na faixa de 100V, vemos que o dígito
menos significativo não nos permite definir se a tensão real é de 38,50V ou 38,59V, pois a leitura não
se modificará até que a entrada atinja 38,6V. Assim há um erro de 0,09V na faixa de 100V. Um valor
proporcional ao erro ocorrerá nas demais faixas.

A maior parte dos multímetros digitais são calibrados para medição de tensões senoidais,
apresentando erro de medição para outras formas de ondas. Já o multímetro digital que trás a
indicação de “TRUE RMS”, ou seja, “RMS VERDADEIRO”, realiza a medição correta de qualquer
forma de onda em função do sistema ou princípio de medição adotado pelo instrumento(Célula Hall,
termistor, termoresistor; etc).

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