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Lubrificação Industrial
Tipos e métodos de lubrificação
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Diagramação Villa d’Artes Soluções Gráficas
Projeto gráfico Villa d’Artes Soluções Gráficas
Capa Casa de Ideias
Impressão e acabamento
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057
Almeida, Paulo Samuel de
Lubrificação industrial : tipos e métodos de lubrificação /
Paulo Samuel de Almeida. -– São Paulo : Érica, 2017.
184 p.
Bibliografia
ISBN 978-85-365-25020
1. Lubrificação e lubrificantes 2. Engenharia mecânica -
Materiais I. Título
CDD 621.89
17-0290 CDU 621.89
Índices para catálogo sistemático:
1. Lubrificação e lubrificantes
A 2–F
B
A
Desde o início da industrialização no Brasil, desenvolvida entre
1808 a 1930, o foco das indústrias era a produção e, acima de tudo,
a obtenção de lucros. Alguns processos, como a manutenção e a
lubrificação, eram assuntos tratados de maneira secundária e sem
nenhum critério, objetivando apenas sanar situações de emergência
– máquinas quebradas ou com lubrificação deficiente que dificultava
sua operação. Com as inovações e evoluções tecnológicas, as
máquinas ganharam recursos que aumentaram consideravelmente
a precisão e a produtividade das peças fabricadas. Estes exigiam,
além de tipos de lubrificantes mais eficientes, métodos que fossem
capazes de fornecer o máximo de rendimento mesmo em condições
de funcionamento com altas rotações, temperaturas e grandes
contaminações do ambiente de trabalho.
Acompanhando a evolução das máquinas, os sistemas de gestão
da qualidade e meio ambiente da empresa, juntamente com o
departamento de engenharia, passaram a ter grande preocupação
com a qualidade das peças produzidas em série. Com isso,
começou-se também uma grande mudança no foco das empresas
com base na consciência de que os recursos naturais começaram a
ficar escassos e em reuniões internacionais com chefes de Estado
que alertam largamente sobre a necessidade de mudar os hábitos
para prevenção do meio ambiente.
Além do parâmetro ambiental, a eficiência das máquinas,
equipamentos e veículos dependia diretamente de um programa de
lubrificação eficiente garantindo, assim, qualidade no funcionamento
e melhor aproveitamento da vida útil dos motores e componentes de
veículos, máquinas e equipamentos. Na área de manutenção, deve-
se ter especial atenção ao controle das operações de manutenção
preventiva, o que aumenta a importância da lubrificação, no
passado tida como operação secundária e hoje é extremamente
importante a correta utilização e o reaproveitamento de fluidos
lubrificantes e refrigerantes na área industrial.
O livro Lubrificação Industrial apresenta os fundamentos técnicos
necessários para a correta aplicação de lubrificantes, suas
características físicas, métodos de aplicação em máquinas e
equipamentos, as normas aplicáveis e os cuidados com o meio
ambiente.
Nesta obra, desenvolvida especialmente para profissionais da
área metalmecânica e estudantes de cursos superiores, técnicos e
profissionalizantes, são estudados os fundamentos básicos da
lubrificação industrial, sua importância e as principais metodologias
utilizadas para o início dos estudos nessa área, as propriedades dos
lubrificantes e suas aplicações em máquinas, equipamentos e
veículos, a seleção adequada dos lubrificantes, os processos de
obtenção e fabricação, as substâncias que formam a composição
química de lubrificantes. Nessa etapa, o estudo ministrado permite o
entendimento das propriedades que os lubrificantes oferecem e, ao
final da obra, é apresentado o estudo dos fluidos de corte utilizados
na área industrial, suas características e aplicações e os cuidados
com manuseio, sua armazenagem e seu descarte, para possibilitar
a correta utilização nos processos de fabricação aplicáveis, sem
prejuízos à saúde dos trabalhadores nem ao meio ambiente.
O Autor
1
Fundamentos da lubrificação industrial
Objetivo
Neste capítulo, serão definidos os fundamentos básicos
de lubrificação industrial, sua importância no bom
funcionamento e na conservação de máquinas e
equipamentos, os conceitos de atrito e os tipos existentes
de desgaste, bem como suas características. Serão
estudados também os fundamentos da hidrodinâmica, a
elasto-hidrodinâmica e a influência da velocidade e da
temperatura no comportamento dos fluidos lubrificantes.
Muitas obras da literatura da área de mecânica citam exemplos
de lubrificação que datam dos primórdios da humanidade, surgidas
logo com as primeiras invenções. A roda, por exemplo, é um dos
primeiros inventos que necessitava de lubrificação no mancal de
carroças, e muitas substâncias que apresentavam características
mínimas de viscosidade eram empregadas de maneira rudimentar,
como o sebo animal. Essa preocupação com a lubrificação é de
extrema importância na fase de projeto e também na implantação de
sistemas de manutenção preventiva de máquinas e equipamentos, o
que faz com que profissionais da área de engenharia e manutenção
se especializem cada vez mais nesse assunto. Máquinas,
equipamentos e veículos com lubrificação inadequada ou
funcionando de maneira incorreta podem causar sérios danos
materiais e prejuízos dos mais diversos níveis de importância.
Nesse contexto, desde a fase de projeto e fabricação de
máquinas e equipamentos, é imprescindível o estudo dos métodos
de lubrificação, bem como das propriedades dos principais
lubrificantes utilizados na área industrial. As orientações sobre
esses parâmetros são de suma importância para o desenvolvimento
das atividades de manutenção, pois servem para a elaboração de
cronogramas, fichas de controle e especificação de lubrificantes
para as diversas partes das máquinas e equipamentos. Isso garante
a utilização adequada e por maior número de horas de trabalho
realmente possível. O estudo dos lubrificantes e sua correta
aplicação é necessário, uma vez que a utilização de lubrificantes em
quantidade insuficiente pode causar danos aos conjuntos mecânicos
de máquinas ou veículos e, se for em excesso, gera vazamentos
que, independentemente da intensidade, podem causar grandes
danos ao meio ambiente, estragos nos componentes mecânicos das
máquinas e representam um grave risco de acidentes de trabalho.
Os elementos de transmissão de movimentos presentes nos
diversos tipos de máquinas executam movimentos rotativos, lineares
e, na maioria dos casos, um conjunto de diversos tipos de
movimentos que geram força de trabalho da máquina. Esta,
geralmente, possui um motor que transmite seu movimento rotativo
para eixos e árvores mecânicas que transmitem e transformam o
movimento que recebem com maior força e variedade de
movimentos. Entre os elementos de máquinas mais comuns em
equipamentos industriais, podem ser citados os seguintes: eixos,
mancais de deslizamento e rolamento, transmissão por
engrenagens, eixos etc. Eles trabalham em constante contato em
função da transmissão de movimento que executam, resultando,
assim, em atrito que gera desgaste excessivo e prematuro,
aquecimento e diversos outros problemas que dificultam e até
impedem o bom funcionamento das peças que compõem os
conjuntos mecânicos das máquinas.
Dentre as diversas vantagens de implantar um programa de
lubrificação planejado e executado conforme o previsto, podem ser
citadas as seguintes:
• melhoria na eficiência nas máquinas (melhor precisão e
produtividade);
• melhor aproveitamento da vida útil do equipamento;
• economia de energia elétrica;
• diminuição da força de trabalho (para acionamentos manuais);
• eliminação de perdas por paradas imprevistas para operações
de manutenção corretiva;
• o controle do nível de lubrificantes pode ser feito pelo próprio
operador que recebeu treinamento (Princípio da Manutenção
Produtiva Total – TPM).
Ensuper/Shutterstock.com
Figura 1.1 ¦ Óleo lubrificante sendo aplicado no motor de um automóvel.
1.1 A
Na montagem de um conjunto mecânico, é possível observar o
contato direto existente entre as peças que o compõem. Algumas
estão em contato direto, mas não possuem movimento relativo entre
suas superfícies; outras peças possuem contato e movimento
relativo entre si, e pode ser observada a influência da rugosidade e
a resistência dos materiais utilizados na fabricação das peças que
compõem o conjunto mecânico da máquina.
O cientista francês Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) foi
o primeiro a estudar o fenômeno do atrito estático, analisando que
um corpo se desloca somente quando a força aplicada é suficiente
para vencer a inércia. Na continuidade do experimento, Coulomb
determinou, por meio de ensaios e análises, a força necessária para
vencer a inércia de um corpo e denominou essa força de atrito
estático ou força de destaque (arranque).
Analisando as conclusões dos experimentos realizados, Coulomb
determinou algumas leis da força de atrito estático enunciadas a
seguir:
1º. É independente da área de contato existente entre as duas
superfícies.
2º. É influenciada pela natureza (rugosidade, resistência do
material etc.) das superfícies de contato.
3º. É diretamente proporcional à força normal aplicada
(perpendicular às superfícies).
O atrito é, em alguns casos, necessário e útil, como nos sistemas
de freios; em outros casos, indesejável, porque dificulta o
movimento e consome energia motriz sem produzir o
correspondente trabalho. O mecanismo desse atrito tem
características influenciadas pela rugosidade das superfícies e pela
distância entre elas. Portanto, há a necessidade de se definir as
dimensões das distâncias envolvidas e os parâmetros de
rugosidade das superfícies das peças, adequados ao tipo de
trabalho ao qual se destina o equipamento.
Alex Ionas/Shutterstock.com
Figura 1.2 ¦ Sistema de freio a disco de um automóvel.
Coeficiente de atrito dinâmico 0,53 0,48 0,39 0,31 0,23 0,19 0,18
em que:
µe = coeficiente de atrito;
F = força de atrito atuante no corpo;
P = peso do corpo em kg;
• α = ângulo de inclinação do plano.
A medida do ângulo de inclinação que inicia o deslizamento do
corpo resulta em um método experimental simples para a
determinação do coeficiente de atrito estático das duas superfícies.
Verifica-se que o coeficiente de atrito diminui depois do início do
movimento, pois a força de inércia foi vencida. Se for considerada a
força de atrito dinâmico na relação anterior, obtém-se o valor
correspondente ao coeficiente
de atrito dinâmico.
Considerando as leis descritivas de atrito, é correto afirmar que,
quando um corpo sólido desliza sobre outro, a força de atrito é:
• proporcional à força normal (de carga);
• independente da área de contato entre as superfícies.
1.1.2 Tribômetro
O tribômetro é um equipamento desenvolvido para medição de
propriedades de atrito e desgaste de combinações de materiais e
lubrificantes sob condições específicas de carga, velocidade,
temperatura e atmosfera de acordo com o tipo de aplicação das
peças que estão sendo ensaiadas. O estudo tribológico envolve as
reais condições de uso do material, assim como os estudos sobre
coeficiente de atrito, taxa de desgaste e durabilidade do filme fluido
de lubrificante que são aplicados em diversas áreas como:
automotiva, aeroespacial, eletrônica, biomédica e óptica.
Diversos ensaios podem ser realizados com esse equipamento,
tais como o de riscamento (útil na avaliação da adesão e na
medição de dureza de filmes finos), de indentação (que permite a
determinação do módulo de Young e da dureza) e o de fadiga (para
a análise da durabilidade e resistência do material).
1.1.3 Desgaste
A superfície das peças que entram em contato durante o
funcionamento dos diversos tipos de máquinas e equipamentos
pode sofrer deformações em função do atrito que existe entre elas.
Essas deformações podem causar danos de diversos níveis, e são
fenômenos que caracterizam o desgaste.
A inserção de um fluido entre as superfícies de peças com
movimento relativo entre si tem como finalidade reduzir o atrito entre
as peças e, com isso, diminuir as forças de trabalho necessárias
para a realização do movimento. Embora este seja um dos
conceitos mais importantes da lubrificação, outra função de extrema
importância é a redução do desgaste entre as peças de um
conjunto. Todos os corpos sofrem a ação inevitável do desgaste
com o decorrer do trabalho ao qual foram destinados e do seu
tempo de vida útil. A finalidade da lubrificação adequada é minimizar
o desgaste, que se apresenta sob várias formas, algumas
provenientes de deficiências de lubrificação e outras de causas
diversas originadas do ambiente ou condições de trabalho.
Em toda situação em que houver atrito sólido, também haverá o
desgaste, que pode ser caracterizado por uma perda de material
causada pelo cisalhamento mútuo das superfícies de contato com
variação em função da rugosidade resultante do acabamento de
superfície das peças. Quanto menor a rugosidade das superfícies
em contato, menor será o desgaste das peças.
Com a utilização de uma película de lubrificante entre as
superfícies das peças, as forças de adesão e escorregamento são
substituídas pelo cisalhamento da película de lubrificante, o que
ajuda na diminuição do coeficiente de atrito e do desgaste. O
emprego de um lubrificante adequado diminui, mas não elimina o
desgaste.
A seguir, os coeficientes de atrito de cobre sobre cobre (com
carga de 2 kgf).
Tabela 1.3 ¦ Coeficientes de atrito do cobre
Voyagerix/Shutterstock.com
Figura 1.4 ¦ Detalhe de duas engrenagens com lubrificante contaminado.
1.2 L
O conceito de lubrificação baseia-se no princípio da inserção de
um elemento lubrificante intermediário entre as superfícies em
contato das peças de um conjunto mecânico em que se deseja
minimizar o atrito – estático ou dinâmico. O lubrificante forma uma
película entre as peças e minimiza o desgaste prematuro delas. A
escolha do método de lubrificação e o tipo de lubrificante
determinam a vida útil e a eficiência da máquina ou equipamento.
Em tese, todos os elementos fluidos possuem propriedades
lubrificantes, mas, na área industrial, as substâncias derivadas do
petróleo demonstram excelentes propriedades lubrificantes para a
maioria das aplicações. Entre outras características, a capacidade
de adesão e as propriedades que contribuem para a formação de
uma boa película lubrificante fazem dos lubrificantes derivados do
petróleo produtos
de vasta aplicação e importância na área industrial.
A importância e a influência dos lubrificantes na área industrial
são evidenciadas pelos profissionais da área de mecânica de
manutenção no exercício de suas funções. Quando constatadas
falhas no sistema de lubrificação de um conjunto mecânico, entre as
peças mal lubrificadas, são encontradas algumas com sérios danos
causados por superaquecimento decorrente do atrito seco. A
lubrificação é aplicável a diversas máquinas e equipamentos entre
superfícies de contato de peças com curso de trabalho linear e de
pouco comprimento, o que provoca a mudança de direção da força
de deslocamento do fluido lubrificante. No caso dos mancais,
elementos de máquina que servem de apoio a um eixo ou a uma
árvore mecânica, o movimento rotativo torna a utilização de
lubrificante mais rígida, pois o movimento não se altera.
O estudo da lubrificação de mancais de deslizamento e de
rolamento demonstra os principais métodos para lubrificação, e tais
estudos serão abordados para facilitar o entendimento dos
conceitos.
A lubrificação, de uma maneira geral, possui alguns casos
específicos, nos quais se utilizam equipamentos ou dispositivos
especiais. Com exceção desses casos, a lubrificação pode ser
dividida dois grandes grupos:
• lubrificação limite ou restrita;
• lubrificação hidrodinâmica ou plena.
Plano de Lubrificação
Máquina: Marca: Modelo: Ano de Setor: Aprovação:
fabricação:
Torno Romi Centur 30 Usinagem Gerente de
mecânico 2009 manutenção
Serp/Shutterstock.com
Figura 1.6 ¦ Sistema de transmissão por engrenagens.
Predrag Popovski/Shutterstock.com
Figura 1.7 ¦ Aplicação manual de óleo lubrificante.
1.3 L
Os lubrificantes são substâncias simples ou compostas que
servem de elemento intermediário entre as superfícies de peças de
um conjunto mecânico, que trabalham em contato, sujeitas ou não
ao deslizamento. A principal finalidade da utilização dos lubrificantes
de qualquer tipo é minimizar ao máximo o desgaste excessivo e
prematuro das peças e também as proteger dos efeitos da oxidação.
Na utilização dos lubrificantes entre duas superfícies, podemos
evidenciar um tipo de atrito específico. É nesse tipo de situação que
se baseia o princípio da inserção de um elemento lubrificante entre
as superfícies das peças em contato. O movimento de trabalho das
peças gera o deslizamento de uma ou ambas as superfícies com a
película lubrificante, provocando o deslizamento das moléculas da
substância. Esse movimento é denominado atrito fluido.
Quando duas superfícies deslizantes são separadas por uma
película de fluido lubrificante, o movimento executado é denominado
de movimento laminar, ou seja, sem turbulência. O movimento do
lubrificante junto com as superfícies das peças ocorre em camadas
alternadas com velocidades diferentes. Em função dessa condição
de funcionamento, a camada em contato com o corpo sólido
permanece também sem movimento, a camada de lubrificante em
contato com a parte móvel mantém a velocidade do deslocamento
desta e as demais camadas intermediárias mantêm velocidades
variando de acordo com a distância a que estão das superfícies.
Dessa forma, a camada localizada no meio da distância entre as
duas superfícies move-se com metade da velocidade do corpo em
movimento.
A resistência necessária para vencer a diferença de velocidade
que ocorre entre as camadas do lubrificante é denominada
resistência ao cisalhamento do fluido, e a soma dessas resistências é
o atrito fluido.
De acordo com suas características físicas, os lubrificantes
podem ser divididos em:
• gasosos;
• líquidos;
• semissólidos (pastosos);
• sólidos.
Quanto à origem da matéria-prima utilizada em sua fabricação,
os lubrificantes formam dois grandes grupos: os naturais e os
sintéticos.
Conectado!
A seleção, a utilização e o descarte de lubrificantes industriais exigem
responsabilidade e consciência com o meio ambiente, pois podem contaminar solo,
lençóis freáticos etc. Em caso de derramamento acidental, devem ser tomadas
medidas de contenção imediata a fim de evitar acidentes graves e até incêndios.
Lembre-se!
As graxas são consideradas como lubrificantes semissólidos. Elas serão
estudadas no Capítulo 4 em virtude de sua grande variedade de aditivos, testes e
aplicações.
Recapitulando...
Neste capítulo, foram estudados os conceitos básicos, a aplicação e a
importância da lubrificação industrial nos processos industriais e a sua importância
para a correta manutenção e conservação de máquinas e equipamentos industriais.
Foram abordados também os conceitos de atrito e desgaste, seus efeitos e suas
características.
Por fim, foram vistos os métodos de lubrificação, os conceitos básicos de
hidrodinâmica e o efeito do óleo em uma situação de trabalho.
Atividades
1. Explique a importância da lubrificação na manutenção de
máquinas, equipamentos e instrumentos.
2. Explique o que é atrito e cite dois exemplos práticos de sua
ocorrência.
3. Qual é a definição de lubrificação e quais são os tipos
existentes em função da frequência em que é feita?
4. Em função das diversas aplicações, os lubrificantes são
fabricados de maneiras variadas. De acordo com suas
características físicas, como os lubrificantes podem ser
classificados?
5. Um mecânico de manutenção desmontou a caixa Norton de
um torno mecânico universal e notou que as engrenagens
haviam se desgastado prematuramente. Qual foi a possível
falha que ocasionou o desgaste prematuro das engrenagens,
sabendo-se que as medidas e ajustes estavam adequados?
6. Os fluidos líquidos apresentam propriedades físicas
específicas dos líquidos, como a incompressibilidade. Os
lubrificantes pertencentes a esse grupo possuem vasta
aplicação e, portanto, existem vários tipos. Escreva quais são
os tipos de lubrificantes líquidos.
7. Quais são os métodos utilizados para a execução da
lubrificação em máquinas e equipamentos industriais?
8. Como é possível efetuar a lubrificação de máquinas e
equipamentos de maneira automática?
9. A lubrificação com dispositivos manuais deve ocorrer de
maneira planejada e controlada, pois, se houver falha na
aplicação do lubrificante, pode haver quantidade insuficiente
dessa substância causando superaquecimento e danos às
peças do conjunto e pode haver excesso de lubrificante que
causa contaminação do meio ambiente e gera risco de
acidentes de trabalho. Quais são os métodos e dispositivos
utilizados na lubrificação manual?
10. Quais são os tipos mais utilizados de lubrificantes sólidos?
2
Obtenção e propriedades dos lubrificantes
Objetivo
Neste capítulo, são oferecidas informações sobre as
propriedades dos lubrificantes para aplicação correta em
situações do cotidiano fabril, os testes feitos para
verificação dessas propriedades, bem como as unidades
de medida e suas conversões.
Os conceitos abordados serão a base para a correta
aplicação dos lubrificantes em máquinas e equipamentos.
2.1 O
Metano CH4
Etano C2H6
Etileno C2H4
Acetileno C2H2
Propano C3H8
Propileno C3H6
Ciclopropano C3H6
Isobuteno C4H8
Ciclobutano C4H8
2.1.2.4 Polimerização
Esse processo de beneficiamento tem como objetivo aglutinar
moléculas de maior cadeia, visando obter produtos de maior valor
agregado. O processo é feito com a utilização de calor e de
catalisadores. Os catalisadores utilizados são os ácidos sulfúrico e
fosfórico sólido, pirofosfato e argila ativada, reagindo a uma
temperatura de 21 ºC a 537 ºC e à pressão de 200 a 1.200 psi. A
polimerização térmica ocorre entre 482 ºC e 537 ºC a pressões que
variam entre 1.500 e 2.000 psi.
2.2 B
As bases lubrificantes são as principais substâncias para a
obtenção dos lubrificantes. São constituídas de aditivos que
melhoram sua composição de modo a adquirirem propriedades
específicas para utilização em máquinas, veículos etc. As bases
lubrificantes são obtidas pelo refino do petróleo cru a partir do qual
se processa os óleos básicos minerais e, então, é obtida a matéria-
prima inicial para o processamento industrial dos lubrificantes.
O primeiro nível foi o API AS, obsoleto há muito tempo, consistindo em um óleo
mineral puro, sem qualquer aditivação. Com a evolução dos motores, os óleos
sofreram modificações pela adição de aditivos para atender às exigências dos
fabricantes dos motores no que se refere à proteção contra desgaste e corrosão,
redução de emissões e da formação de depósito etc. Atualmente, o nível API SL é
o mais avançado. No caso de motores diesel, a classificação é API CI-C4, CH-4,
CG-4, CF etc. O “C” significa commercial. A API classifica ainda óleos para motores
dois tempos e óleos para transmissão e engrenagens.
Association des Constructeurs Européens de l’Automobile (Acea, antiga
CCMC)
Classificação europeia que associa alguns testes da classificação API, ensaios
de motores europeus (Volkswagen, Peugeot, Mercedes-Benz etc.) e ensaios de
laboratório.
Japanese Automobile Standards Organization (Jaso)
Define especificação para a classificação de lubrificantes para motores a dois
tempos (FA, FB e FC, em ordem crescente de desempenho).
National Marine Manufactures Association (NMMA)
Substitui o antigo Boating Industry Association (BIA), classificando os óleos
lubrificantes que satisfazem suas exigências com a sigla TC-W (Two Cycle Water),
aplicável somente a motores de popa a dois tempos. Atualmente encontramos
óleos nível TC-W3, pois os níveis anteriores estão em desuso.
Conheça o site da SAE: <http://br.sae.org> e pesquise para saber mais sobre
essas entidades. Acesso em: 23 jan. 2017.
2.3 B
Com o objetivo principal de desenvolver novos conceitos de
tecnologia de lubrificantes, foram criados os óleos sintéticos. Além
da necessidade tecnológica para atender aos equipamentos
compactos que necessitavam de propriedades, como variações
extremas de temperatura, havia também a necessidade de um
lubrificante mais durável que resultasse em menor frequência de
trocas. Esses fatores, além de impactar nos custos com operações
de trocas e aquisição de lubrificantes, também vão ajudar muito na
questão do impacto ambiental, que deve ser reduzido ao máximo.
2.5 C
(POE - )
Os poliol-ésteres têm sido utilizados como óleos lubrificantes em
diversas aplicações na indústria e também como fluidos hidráulicos
especiais. São obtidos pela reação de ácidos graxos monobásicos,
como o valérico, isopentanoico, hexanoico, heptanoico etc. São
mais estáveis em altas temperaturas que os ésteres dibásicos e são
aplicados para lubrificantes de turbinas e compressores de
parafuso, de pistão e rotativos. Esses compostos são
biodegradáveis e mantêm o estado líquido em temperaturas de até
–50 ºC; também são utilizados para auxiliar a solubilização de
aditivos em formulações com polialfaolefinas (PAO).
2.6 T GTL (G L )
Esse processo de fabricação de lubrificantes tem sua origem em
1923 pelos cientistas alemães Hans Tropsch (1889-1935) e Franz
Fischer (1908-1999), que desenvolveram a tecnologia Fischer-
Tropsh, a qual consiste em converter o gás de síntese em
combustível e lubrificante sintético. Essa tecnologia, muito utilizada
pelos alemães na época, deixou de ser utilizada até a década de
1990 quando alguns fatores no mercado industrial e econômico
mundial estimulou a volta de sua utilização. Os aspectos que
desencadearam esses fatores foram:
• a alta no preço do petróleo;
• descoberta de novas reservas de gás natural;
• restrições ambientais;
• avanços tecnológicos na área de catalisadores.
A tecnologia GTL no processo de fabricação de combustíveis e
lubrificantes consiste nos passos apresentados na Figura 2.1.
2.7 P
Para o estudo dos lubrificantes, é necessária a análise das
propriedades comuns que eles possuem de acordo com seu estado
físico, temperatura de trabalho e, principalmente, os aditivos
presentes em sua composição química.
De acordo com a aplicação, os lubrificantes devem possuir
características que possibilitem seu máximo aproveitamento no
sistema mecânico. Em alguns casos, como em guias de máquinas
de usinagem com Comando Numérico Computadorizado (CNC), o
fluido lubrificante tem especial importância, pois deve resistir a
elevadas velocidades de trabalho dos carros, que se locomovem em
movimentos lineares, e dos fusos de esferas recirculares, os quais
efetuam movimentos rotativos em variadas velocidades para permitir
o movimento dos eixos de trabalho.
Esse tipo de aplicação requer do óleo lubrificante utilizado a
propriedade de ser conduzido por tubulações de pequeno diâmetro
e em alta velocidade e pressão, ou seja, deve possuir baixa
viscosidade para permitir o acesso do óleo lubrificante a todos os
bicos e canais de lubrificação existentes na máquina. Em
contrapartida, o óleo lubrificante não deve ser retirado pela pressão
do fluido de corte ou pelos movimentos de trabalho da máquina, o
que exige a inserção de um aditivo “antigotejante”, ou seja, que
impeça que o óleo lubrificante se escoa excessivamente com a
consequente perda durante o trabalho da máquina.
Uma das mais importantes propriedades dos lubrificantes, a
viscosidade, é evidenciada pela maior ou menor dificuldade que um
lubrificante tem de escoar. Num estudo mais minucioso, é possível
definir a viscosidade como a resistência de um fluido lubrificante ao
cisalhamento, uma vez que o filme lubrificante possui contato com a
superfície fixa da peça e com a superfície da peça móvel. Isso
acarreta em dois movimentos simultâneos e em sentidos opostos,
sendo a força que vence a inércia do conjunto para um sentido e a
própria força de reação da peça fixa em sentido oposto.
Essa importante propriedade dos lubrificantes teve sua primeira
classificação em 1911, pela SAE, que utilizava como única
referência a viscosidade de óleos para motores. Essa classificação
foi revista em 1923 quando houve a inserção de dez tipos de óleos
de variados índices de velocidade. Essa classificação continha
números que variavam de 20 a 115 e consideravam os dois
primeiros dígitos da viscosidade média medida em Saybolt por
segundos (SUS), utilizando uma temperatura de 100 ºF para óleos
menos viscosos e 210 ºF para óleos de maior índice de viscosidade.
Em 1933, houve a inserção de dois graus W (de winter, inverno)
com índices de viscosidade obtidas a 0 ºF e, em 1950, foram
inseridos os graus 5 W, 10 W e 20 W, e, em 1962, a oficialização da
classificação dos óleos multiviscosos. Em 1967, o método de
extrapolação é substituído por um método que determina a
viscosidade a baixas temperaturas denominado Cold Cranking.
Entre diversas revisões ocorridas no período entre 1967 a 1975, a
de maior relevância foi a inclusão do grau 15 W, iniciando-se, então,
uma série de outras revisões. Em 1997, foi criada uma revisão
denominada J300 de 1997 que foi revista em 1999, considerando
alterações significativas nos limites do teste de viscosidade a baixas
temperaturas (Cold Cranking Simulator – CCS) para óleos
multiviscosos.
Visando atender principalmente a necessidade da indústria
automotiva de se ter um óleo com uma película estável em
condições de alta temperatura e movimento de trabalho intenso, foi
desenvolvido o teste de viscosidade denominado HTHS (High
Temperature High Shear), medido a uma temperatura de referência
da ordem de 150 ºC, normalizado pela ASTM D-4683. Utiliza como
unidade o centiPoise (cP), equivalente a 1 milissegundo Pascal
(1mPas).
Na área industrial, os lubrificantes têm valores de viscosidade
desenvolvidos tomando como referência os valores obtidos
originalmente para atender à indústria automotiva, haja vista a
semelhança entre o funcionamento de máquinas industriais e
automóveis. As tabelas a seguir orientam os graus de viscosidade
da SAE para óleos lubrificantes.
Para o estudo dos fluidos lubrificantes, é necessário o estudo de
conceitos básicos de mecânica dos fluidos, uma vez que a maioria
dos lubrificantes industriais estão no estado líquido, pastoso
(semissólido) ou gasoso e, em alguns casos, no estado sólido, mas
em partículas de pequenas dimensões (pó). Em função disso, serão
apresentados a seguir fundamentos básicos de mecânica dos
fluidos. Esta é a ciência
que estuda o comportamento dos fluidos líquidos e gasosos em
movimento e as leis que regem esse comportamento.
Considerando duas placas de comprimento infinito, pode-se
afirmar que um fluido é uma substância que se deforma
continuamente, quando submetida a uma força tangencial, dada
pelo movimento entre as placas. Esse movimento ocorre
paralelamente entre as placas sendo em sentidos opostos; uma das
placas pode estar parada e a outra, em movimento retilíneo, ou as
duas mantendo o movimento retilíneo.
2.7.1 Viscosidade
A viscosidade é uma propriedade fundamental para determinar a
aplicação de um fluido lubrificante em uma máquina ou
equipamento. Dela depende uma das características mais
importantes de um óleo lubrificante, sua capacidade de se
movimentar durante o funcionamento da máquina e,
independentemente do ciclo de trabalho da máquina, sempre deve
permanecer uma película (filme) lubrificante entre as superfícies das
peças que estão em contato e em movimento entre si. Em geral, a
definição de viscosidade apresentada em diversas literaturas é a
que melhor define essa tão importante característica para os fluidos
lubrificantes. Segundo Newton, trata-se de uma característica
fundamental para os fluidos lubrificantes:
“Viscosidade é a resistência oposta ao escoamento do óleo”.
Quanto maior a viscosidade de um fluido lubrificante, maior é a
sua resistência ao escoamento. Nesse contexto, a viscosidade de
um fluido lubrificante influenciará diretamente em sua capacidade de
aderir a uma superfície. Deve-se atentar para superfícies de peças
em máquinas que estão posicionadas na posição vertical, por
exemplo, as guias do carro vertical de uma fresadora universal
mecânica ou as guias de elevadores.
Citando o estudo de Newton para analisar o comportamento dos
líquidos em movimento, que consistia em duas placas planas e
paralelas com a inserção de uma película de um líquido entre elas
de uma espessura dada por “h”, tem-se:
(Equação 2.1)
em que:
F = Força medida em Dinas – dyn (10–25 Newton)
η (eta) = viscosidade absoluta em poises
A = área em cm2
V = velocidade em cm/s
h = distância de separação dos planos em cm
Vamos considerar que não haja fluxo de óleo na direção normal
ao plano e que a película de óleo não esteja submetida à pressão
externa. Considere a placa inferior fixa e a placa superior de área S
com movimento a uma velocidade constante V, por meio de uma
força F. A experiência mostra que o óleo ligado às placas adere a
elas de tal forma que a película em contato com a placa fixa fica
imóvel, e a película em contato com a placa móvel se desloca com
uma velocidade V.
A uma velocidade V moderada, o óleo se move entre as duas
placas como se fosse formado de diversas camadas deslizando em
velocidades diferentes umas das outras com velocidade V,
proporcional à distância da placa fixa.
Esse tipo de deslocamento ordenado em camadas paralelas é
conhecido como escoamento laminar ou viscoso.
Na realização desse experimento, foi possível verificar que a
força F necessária para produzir o movimento das camadas de óleo
umas sobre as outras, a uma velocidade constante V da placa
superior, é proporcional:
• à área S;
• ao gradiente de velocidade ou grau de cisalhamento que é
definido como a proporção da sua velocidade em relação à sua
distância perpendicular da superfície fixa, sendo constante a
cada camada:
(Equação 2.2)
(Equação 2.4)
em que:
F = Força em dinas (g · cm/s2);
S = área em cm2;
V = velocidade em cm/s;
h = distância entre as placas, em cm.
Para a utilização prática, o poise é uma unidade grande,
portanto, é utilizado o centipoise que equivale a um centésimo de
poise. Por exemplo, a água a 20,2 ºC tem uma viscosidade absoluta
de 1,0 centipoise.
A viscosidade absoluta é definida como a força tangencial
atuando sobre a unidade de superfície de dois planos paralelos
separados por um espaço preenchido por um fluido, e um dos
planos se movimenta a uma velocidade unitária. A viscosidade
absoluta ou dinâmica é expressa pela força aplicada a uma
superfície unitária que pode provocar o cisalhamento em uma
película do fluido de espessura unitária a uma velocidade relativa
também unitária.
No sistema CGS, a unidade é dada em dina · s/cm2 e é
denominada “poise”, e a unidade normalmente utilizada é o
“centipoise” (cp). No sistema MKS, a unidade de viscosidade
absoluta é dada em kg · s/m2.
Para a medida de viscosidade de óleos lubrificantes, utilizam-se
geralmente as seguintes escalas de viscosidade:
• cinemática;
• Saybolt;
• Engler;
• Redwood.
2.7.2 Viscosímetros
A viscosidade pode ser medida por meio dos seguintes
aparelhos denominados viscosímetros. O viscosímetro cinemático
funciona pelo escoamento do óleo através de um tubo capilar, sob o
peso de uma coluna do mesmo óleo. Nos demais tipos de
viscosímetros utilizados, a velocidade é medida pelo tempo de
escoamento em segundos, por meio de orifícios de dimensões
padronizadas.
Os viscosímetros Saybolt, Engler e Redwood são compostos
basicamente por um tubo de secção cilíndrica com orifício-padrão
na parte inferior. Uma determinada quantidade de óleo é colocada
no tubo que fica mergulhado no óleo em temperatura constante e
controlada. Quando a temperatura desejada for atingida, deixa-se
escoar o óleo através do orifício inferior e, simultaneamente, conta-
se o tempo em segundos.
O viscosímetro cinemático é constituído de um tubo capilar de
vidro que é utilizado para o escoamento do óleo submetido ao peso
da própria coluna. O diâmetro do tubo e a temperatura devem ser
selecionados em função da viscosidade, e para cada tubo existe um
fator constante k para determinar a viscosidade cinemática do óleo
em centistoke (cs). O tempo de escoamento (T) em segundos é
registrado quando o fluido atinge as marcações de referência do
aparelho e é aplicado o seguinte cálculo:
Viscosidade cinemática (centistoke) = k · T (Equação 2.5)
Conectado!
Os métodos ASTM e DIN não são idênticos; diferem em velocidade, tempo de
duração e temperatura, portanto, os dados obtidos por métodos diferentes não são
comparáveis.
2.8 A
2.8.1.3 Fenatos
Esse grupo de aditivos detergentes é formado pelos sais
metálicos de alcoil-fenóis, sulfetos de alcoil-fenol e produtos da
combinação alcoil-fenol-aldeído. Esses aditivos melhoram a
solubilidade do óleo pela alquilação do fenol com olefinas contendo
sete ou mais átomos de carbono.
O enxofre é incluído aos fenatos pela reação do alquilfenol com
cloreto de enxofre ou enxofre elementar. Os fenatos de cálcio são
normalmente os tipos mais utilizados.
Além da função detergente, os fenatos funcionam de maneira
eficiente como inibidores de corrosão e oxidação.
2.8.2 Dispersantes
Aditivos dispersantes, conhecidos também como detergente sem
cinzas (ashless) não metálicos, são caracterizados pela existência
de um grupamento polar associado a uma cadeia de
hidrocarbonetos de peso molecular relativamente alto. Esse grupo
polar possui, geralmente, átomos de nitrogênio, oxigênio e fósforo, e
as cadeias solúveis possuem peso molecular maior que as usadas
em detergentes, porém são bem similares.
Os aditivos dispersantes são classificados como segue:
• copolímeros;
• polímeros de hidrocarbonetos;
• alquenil succinimidas de cadeia longa n-substituídas;
• amidas e poliamidas de elevado peso molecular;
• ésteres e poliésteres de elevado peso molecular;
• ácidos orgânicos.
Os aditivos detergentes dispersantes possuem as seguintes
funções no lubrificante:
• Função dispersante: evitar o depósito na superfície do óleo de
resíduos de oxidação e outros compostos insolúveis.
• Função detergente: remover depósitos que se formam no
lubrificante e podem diminuir o espaço do reservatório e
“mascarar” o nível do óleo lubrificante.
• Função neutralizante dos resíduos da oxidação ácida: atuar nas
reações químicas para evitar a formação de materiais
insolúveis no óleo.
2.8.3 Antioxidantes
Os aditivos antioxidantes são compostos orgânicos que atuam na
inibição do processo de oxidação de duas formas:
• Antioxidantes primários: são produtos que formam os radicais
livres para interromper a reação de propagação e direcionar o
processo para a fase de terminação. São geralmente os fenóis
estericamente bloqueados e as aminas aromáticas
secundárias.
• Antioxidantes secundários: reagem com os hidroperóxidos por
mecanismo iônico que proporciona a formação de produtos
estáveis (não radicais). Os produtos químicos mais
representativos desses aditivos são os ditiocarbamatos,
fosfitos, sulfetos, tioéteres, ditiofosfato de zinco.
A reação de oxidação pode ser acelerada pela presença de íons
metálicos, como cobre, ferro, cromo, titânio, manganês, cobalto etc.
Para se combater o efeito da atividade dos íons metálicos, utilizam-
se passivadores de metais que atuam em sinergia com outros
antioxidantes similares formando uma película inativa protetora
sobre as superfícies metálicas. Os principais produtos químicos
utilizados como passivadores de metais são tolitriazol, benzotriazol,
dimercaptotiodiazol e mercaptobenzotiazol.
Recapitulando...
Neste capítulo, foram estudados os métodos de refino do petróleo que originam
as substâncias, as quais formam os lubrificantes, suas propriedades e os dois tipos
de óleo-base para fabricação dos principais óleos utilizados atualmente, os óleos
naturais e os sintéticos, sua estrutura, composição química, suas propriedades em
função da origem e a normalização segundo as entidades como API nos Estados
Unidos e a Atiel na Europa.
Ainda foram vistos os principais fluidos lubrificantes, suas propriedades e os
testes utilizados para conferir as propriedades que determinam sua aplicação.
Foram abordados os aditivos utilizados para melhorar o desempenho do lubrificante
em serviço e garantir a aplicação dos lubrificantes em diversas áreas mesmo em
condições críticas, como baixas e altas temperaturas de trabalho, ambientes com
poeiras e máquinas de diversas áreas.
Atividades
1. Entre os diversos tipos de lubrificantes pode-se dizer que os
que são oriundos do petróleo são muito utilizados na
indústria. Escreva a composição química aproximada do
petróleo.
2. A polimerização é um processo de beneficiamento que tem
como objetivo aglutinar moléculas de maior cadeia, visando
obter produtos de maior valor agregado. O processo é feito
com a utilização de calor e catalisadores. Quais são os
catalisadores utilizados na polimerização e como ocorrem as
reações?
3. O objetivo dos processos de tratamento é eliminar impurezas
que possam interferir na qualidade dos produtos obtidos
através das frações. Quais são os principais processos de
tratamento nas frações?
4. As bases lubrificantes são obtidas por meio do refino do
petróleo cru a partir do qual se processa os óleos básicos
minerais e, a partir daí, é obtido a matéria-prima inicial para o
processamento industrial dos lubrificantes. Quais são as
propriedades iniciais das bases lubrificantes?
5. Os silicones são polímeros de metil-siloxano, fenil-siloxano ou
de metil-fenil-siloxano. Apesar de seu alto custo de
fabricação, possuem propriedades lubrificantes similares aos
óleos de petróleo em trabalhos com cargas moderadas e
médias. Quais são as propriedades dos silicones em relação
aos demais óleos?
6. Os aditivos são substâncias químicas adicionadas aos
lubrificantes com a finalidade de conferir propriedades
específicas em função da aplicação do lubrificante. Quais são
os principais tipos de aditivos utilizados nos lubrificantes?
7. Os lubrificantes são utilizados em máquinas industriais e
veículos. Qual é a importância e a função dos aditivos
detergentes em motores à explosão?
8. Aditivos dispersantes, conhecidos também como detergentes
sem cinzas (ashless) não metálicos, são caracterizados pela
existência de um grupamento polar associado a uma cadeia
de hidrocarbonetos de peso molecular relativamente alto.
Quais são os tipos de dispersantes utilizados como aditivos?
9. Como é possível evitar os danos causados pelo atrito entre as
partes mecânicas em contato durante o trabalho da máquina
ou equipamento?
10. Os lubrificantes da família EP (extrema pressão) possuem
excelentes propriedades para atender a severas condições de
trabalho com elevadas cargas, altas velocidades de
deslizamento e altas temperaturas. Quais são os testes
utilizados para os lubrificantes EP?
3
Métodos de aplicação e controle de
lubrificantes
Objetivo
Neste capítulo, serão estudados os fundamentos da
execução de operações de lubrificação em equipamentos
específicos e elementos mecânicos que estão presentes
na maioria das máquinas existentes na área industrial, o
que permite a aplicação dos conhecimentos adquiridos em
várias situações profissionais e de aprendizado técnico.
3.1 L
É um sistema de lubrificação para graxa ou óleo com a finalidade
de lubrificar um elevado número de pontos, a partir de um
distribuidor central. Esse sistema permite racionalizar o consumo de
lubrificante, economizar mão de obra e lubrificar a máquina em
movimento. Os principais componentes do sistema centralizado são:
• reservatório de lubrificante;
• válvula direcional;
• rede de distribuição;
• dosadores;
• manômetros;
• sinalizadores de defeito.
O acionamento do sistema centralizado pode ser manual
(pequenos circuitos) ou automatizado. Nesse último caso, o
comando é feito pela própria máquina em que se usa o sistema.
O sistema centralizado divide-se em três tipos: linha simples;
linha dupla; progressivo.
3.2 S
Os sistemas de lubrificação selados são utilizados para evitar
contaminação do lubrificante por detritos externos ou vazamentos e,
principalmente, manter uma lubrificação eficiente no sistema. Esse
tipo de sistema de lubrificação geralmente é utilizado em redutores
de velocidade, compressores, máquinas operatrizes etc.
A lubrificação depende das propriedades do óleo: viscosidade e
untuosidade. Assim, o óleo lubrifica as superfícies das peças por
meio de rodas dentadas, de anéis ou correntes. No primeiro caso,
por exemplo, uma ou mais rodas puxam o óleo para a parte inferior
do depósito. O óleo é projetado em volta da peça e lubrifica também
os mancais por causa da força da projeção.
Além da função de lubrificante, o óleo tem ação refrigerante. O
nível de óleo no cárter não deve ser muito baixo, caso contrário ele
não atinge o nível das partes a serem lubrificadas. Se isso
acontecer, as partes não se resfriam e ocorre aquecimento
excessivo do óleo, além de desgaste e ruídos. Por outro lado, se o
nível do óleo for muito elevado, haverá aumento inútil de resistência
ao movimento. A turbulência excessiva provocará aumento de
temperatura e maior possibilidade de perda de lubrificante nos
mancais.
Para a carga e descarga do óleo, usam-se tampas apropriadas.
O controle do nível de óleo é feito por meio de indicadores que
podem ser fabricados em náilon preto, com cristal incorporado, ou
em resina sintética transparente. O timer que incorpora a bomba
deverá ser energizado em conjunto com o acionamento dos pontos
a serem lubrificados. Com isso, é acionado o conjunto de
engrenagens que permite a vazão de 108 cm³/minuto.
Esse volume segue, por meio da tubulação, aos dosadores
montados nos distribuidores, que, por sua vez, recarregam as
câmaras e, simultaneamente, injetam os volumes acumulados no
ciclo anterior em direção aos pontos.
A pressão gerada, ao atingir 10 bar, aciona o pressostato
montado na bomba. Sua função é supervisionar a linha principal
quanto a possíveis vazamentos e/ou rompimento na tubulação.
O timer recebe a informação e mantém a bomba ligada até
completar o tempo predeterminado. Durante esse período, a
pressão sobe para 25 bar. Esse procedimento é necessário para
garantir o funcionamento de todos os dosadores. Ao ser desligado,
o motor aguarda o novo ciclo, determinado pelo tempo de repouso
do sistema. As regulagens dos tempos de funcionamento e repouso
seguirão no desenho fornecido com o sistema.
Por não haver perdas, após certo tempo, é necessário trocar o
óleo, uma vez que os aditivos perdem sua eficiência.
3.3 L
Nesse sistema, o lubrificante fica num recipiente que, em geral, é
a própria carcaça da máquina. As partes a serem lubrificadas
mergulham total ou parcialmente no óleo. A seguir, o excesso de
óleo colhido no banho é distribuído para outras partes. Para isso,
existem ranhuras e coletores que formam uma rede de distribuição.
A lubrificação por banho é muito usada em caixas de
engrenagens. É importante manter constante o nível de óleo, pois
um nível baixo reduz a lubrificação. Por outro lado, um nível muito
alto de óleo causa excesso de agitação, provocando a formação de
espuma e o aumento da temperatura.
3.4 B
Nesse sistema, o óleo lubrificante fica armazenado em um
reservatório na parte inferior do mancal. Ao redor do eixo, próximo à
face do mancal, está posicionado um anel que é fixado ao eixo; seu
diâmetro externo passa pelo reservatório e absorve o fluido
lubrificante. Com o movimento de rotação do eixo, o anel gira no
reservatório, captando, assim, o fluido lubrificante, o que faz com
que o eixo e o mancal sejam constantemente lubrificados através de
canais de distribuição presentes no mancal.
Esse método de lubrificação é muito usado em motores elétricos,
bombas e compressores.
3.5 L
O método por salpico é possível com uma peça flexível que pode
ser feita de um pedaço de cabo de aço ou material plástico flexível
denominado de dispensador de óleo, com pequeno diâmetro. A fita
entra em movimento rotativo junto com as peças internas do motor,
que pode ser a própria biela de motor, por exemplo, e com esse
movimento espalha o óleo por todas as peças internas do conjunto.
A lubrificação por salpico é um método de aplicação de
lubrificante muito utilizado em motores. Com base nesse sistema, os
componentes a receberem lubrificação são pulverizados com o
fluido lubrificante.
Além de diminuir a quantidade de atrito em um motor ou caixa de
engrenagens, esse tipo de lubrificação também ajuda a dissipar o
calor e regular a temperatura do sistema.
É um sistema muito usado em motores de combustão interna e
em compressores de ar.
3.6 S
É um sistema que usa uma bomba para distribuir de maneira
eficiente o lubrificante, pode atuar com alimentação por gravidade
ou com alimentação por pressão. No sistema de alimentação por
gravidade, o fluido é bombeado do cárter para um reservatório
superior, por meio do qual o fluido lubrificante é distribuído por
gravidade aos pontos de lubrificação.
No sistema de lubrificação com circulação de óleo sob pressão,
todos os elementos de uma máquina em movimento são lubrificados
por uma corrente contínua de óleo, que, além da função lubrificante,
permite resfriar eficazmente superfícies em atrito. Após a
lubrificação, o óleo retorna a um reservatório, sendo submetido a
posterior filtragem.
Esse sistema é muito usado para lubrificar máquinas-ferramenta,
redutores de engrenagens, motores endotérmicos e compressores.
3.7 L
3.8 M
Ao longo do tempo, máquinas e equipamentos foram passando
por melhorias que facilitavam tanto as suas próprias operações
quanto as de preparação, o que tornou as operações executadas
pelo operador mais seguras. Acompanhando essa evolução, os
métodos de manutenção e de lubrificação também foram evoluindo
para sistemas automatizados que restringiam ao máximo a ação
humana no processo de lubrificação.
Entretanto, algumas operações de lubrificação manuais ainda
são indispensáveis para o bom funcionamento de sistemas
mecânicos, o que fez com que fossem desenvolvidos ferramentas,
dispositivos e métodos manuais de lubrificação que garantem a
eficiência e a segurança desse tipo de operação.
3.8.1.1 Almotolias
São reservatórios de pequeno porte (portáteis) dotados de uma
bomba de acionamento manual situada na tampa do reservatório.
Tem a opção de possuir um bico que se aloja nos orifícios de
lubrificação espalhados em regiões diversas da máquina que
possuem peças móveis as quais precisam de lubrificação.
Africa Studio/Shutterstock.com
Figura 3.2 ¦ Almotolia com bico para lubrificação.
nbiebach/Shutterstock.com
Figura 3.3 ¦ Aplicação de graxa com a utilização de engraxadeira.
Recapitulando...
Neste capítulo foram estudados os fundamentos da execução de operações de
lubrificação em equipamentos específicos e elementos mecânicos que estão
presentes na maioria das máquinas existentes na área industrial, o que permite a
aplicação dos conhecimentos adquiridos em várias situações profissionais e de
aprendizado técnico.
Atividades
1. Qual é a definição do sistema de lubrificação centralizado e
quais são os principais componentes desse sistema?
2. Um técnico de manutenção industrial precisa desenvolver um
método de lubrificação eficiente para um torno CNC de
utilização exclusiva para fabricação de peças para uma
montadora. Sendo o torno CNC uma máquina de alta
produção e de alta velocidade, qual é o sistema de
lubrificação indicado para essa aplicação? Justifique sua
resposta.
3. Onde é normalmente utilizado o sistema de lubrificação com
lubrificador hidrostático?
4. Descreva o sistema de lubrificação que possui o lubrificador
por névoa.
5. Onde os sistemas selados de lubrificação são utilizados?
6. Como a lubrificação por gravidade, também conhecida como
lubrificação manual, pode ser realizada?
7. Descreva o copo conta-gotas, muito utilizado em sistemas de
lubrificação manuais.
8. Como funciona o método de lubrificação por capilaridade?
9. Quais fatores podem influenciar no fluxo do lubrificante no
processo de lubrificação por capilaridade?
10. Descreva como ocorrem os métodos de lubrificação por
imersão.
4
Lubrificantes sólidos e pastosos
Objetivo
Neste capítulo, os estudantes vão aprender sobre o
processo de obtenção, matéria-prima utilizada,
propriedades, aplicações e testes aplicados em
lubrificantes sólidos, como as graxas lubrificantes. Serão
estudadas também sua definição e normas aplicáveis para
a correta seleção e utilização em máquinas e
equipamentos em diversos seguimentos industriais que
utilizam esse importante lubrificante.
4.1 L
Os lubrificantes sólidos são obtidos a partir de substâncias que
possuem propriedades autolubrificantes e resistência ao
cisalhamento, impostas durante o movimento das superfícies das
peças que estão em contato na máquina. Sua aplicação é indicada
em conjuntos mecânicos que podem apresentar vazamentos
excessivos ou nos quais a presença de lubrificantes líquidos ou
pastosos podem gerar acúmulo de impurezas, como os miolos de
fechaduras de portas residenciais e de automóveis. Têm emprego
também em condições de atrito misto intenso de peças de máquinas
e equipamentos.
Os lubrificantes sólidos utilizam em sua composição o
dissulfureto de molibdênio (MoS2) que pode ser utilizado em pó ou
em pastas lubrificantes utilizadas em operações de montagem e
desmontagem de conjuntos mecânicos, desmoldante ou em
aplicações de elementos-máquinas que realizam trabalhos à baixa
rotação e alta temperatura (300 ºC), como rolamentos de rolo, por
exemplo.
Os revestimentos são verdadeiros especialistas e são utilizados
principalmente em aplicações em que as suas vantagens, como
trabalho limpo, consumo econômico de lubrificante, resistência ao
vácuo e à radiação e amplo alcance de temperatura (–200 ºC a 650
ºC > no espaço), são particularmente exigidas. Os revestimentos
sempre consistem de um solvente, um ligante e um lubrificante
sólido.
A Setral usa como lubrificante sólido sua tecnologia ®MIPO.
Para facilitar a aplicação, a Setral oferece os seus produtos mais
importantes também em aerossol (sprays técnicos). São muito
populares especialmente em oficinas e na manutenção pelo seu uso
fácil. Claro que alguns desses produtos também contêm MIPO®.
Além disso, produtos com listagem NSF H1 especialmente para a
indústria alimentícia ou aplicações para produtos fisiologicamente
seguros são exigidos.
Os requisitos de desempenho para óleos lubrificantes modernos
especialmente para altas temperaturas são cada vez maiores. Os
óleos de alta temperatura da Setral foram especialmente
desenvolvidos para essas aplicações. Como exemplo, citamos óleos
para a lubrificação de correntes que têm que lidar com temperaturas
de até 300 ºC. Além disso, esperam-se excelente resistência ao
envelhecimento e mínima perda por evaporação, portanto, espera-
se consumo reduzido.
Na utilização de lubrificantes em caixas de engrenagens de
máquinas diversas, como redutores de velocidade ou câmbios, os
óleos-base devem conter aditivos específicos para possibilitar a
formação de um filme lubrificante entre os dentes das engrenagens
para minimizar ao máximo o desgaste resultante do atrito de
trabalho entre os dentes da engrenagem. Óleos lubrificantes com
elevada viscosidade não são propriamente ideais para essas
aplicações e, sim, óleos lubrificantes com propriedades
antigotejantes. Desse modo, os óleos destinados à utilização em
cabeçotes de compressores de ar podem alcançar mais de 10 mil
horas de operação. Isso só é possível usando óleos de base e
aditivos apropriados. Em transmissões com óleos de alto
desempenho de engrenagens, pode-se alcançar uma economia de
energia de até 5%.
Os fluidos de corte miscíveis em água constituem um vasto
grupo que atende às necessidades, como melhoria do corte,
refrigeração da peça e da ferramenta de corte, melhoria do
acabamento superficial da peça e proteção contra a oxidação das
peças da máquina que não possuem proteção superficial, por
exemplo, barramentos, guias lineares etc. Mas a grande
preocupação dos fabricantes de fluidos de corte é com a segurança
ocupacional dos operadores e o impacto ambiental dos fluidos que
serão descartados. Em função desses fatos, a composição química
dos fluidos de corte foi sendo desenvolvida de modo a permitir o
aproveitamento das substâncias do fluido e também da água que é
utilizada.
Para garantir a eficiência dos óleos lubrificantes nos conjuntos
mecânicos, a limpeza das peças antes da montagem é fundamental
para evitar a contaminação do óleo lubrificante principalmente por
resíduos sólidos que podem ser originados pelos processos de
usinagem das peças.
Tabela 4.1 ¦ Exemplos de lubrificantes em pó
Lubrificante Descrição Aplicações Propriedades Temperatura
de trabalho
4.2 C
As graxas são fluidos lubrificantes no estado semissólido,
utilizadas para diminuir o atrito em sistemas em que a força
centrífuga, provocada pela rotação de um ou dois componentes do
sistema mecânico, tende a retirar os lubrificantes. Sua textura
confere melhor aderência na peça que deve ser lubrificada e facilita
sua aplicação, pois não existe o risco de vazamento no momento da
montagem e permite a montagem de peças selantes.
Dentre as várias aplicações das graxas, podemos citar as
seguintes:
• interior de rolamentos com ou sem blindagem;
• mancais de deslizamento de máquinas rotativas de baixo RPM
(rotações por minuto);
• rolamentos de agulha (gaiola);
• equipamentos para indústria alimentícia etc.
O conceito de graxas baseia-se tecnicamente na definição da
ASTM (American Society for Testing and Materials – Sociedade
Americana de Testes e Materiais), instituição destinada à criação de
normas para testes e materiais. A definição padrão D-288-61 traz o
seguinte conceito: “Graxa lubrificante é um produto de sólido a
semifluido, proveniente da dispersão de um agente engrossador e
um líquido lubrificante”.
As graxas são aplicáveis nas partes de máquinas ou
equipamentos nas quais, em função de condições e temperatura do
ambiente de trabalho, os óleos lubrificantes escorreriam de maneira
excessiva, havendo consequentemente a perda precoce do
lubrificante, o que causa danos às peças e componentes das
máquinas, além de vazamentos. As graxas são utilizadas também
quando há a necessidade de se formar um selo protetor evitando a
entrada de impurezas. Aumentam sua fluidez (amolecem) durante o
trabalho das peças das máquinas em que estão aplicadas e
recuperam sua consistência quando o equipamento está em
repouso, pois o movimento cessa e a temperatura volta à medida do
ambiente.
As substâncias responsáveis pela consistência da graxa – isto é,
os espessantes –, mais utilizadas na fabricação de graxas, são os
sabões metálicos obtidos a partir da reação química entre um ácido
graxo proveniente de sebo animal e uma substância alcalina, como:
• cal virgem = sabão de cálcio;
• soda cáustica = sabão de sódio;
• hidróxido de lítio = sabão de lítio.
A estrutura microscópica das graxas é composta por fibras
entrelaçadas formadas no processo de fabricação, que favorecem a
retenção do óleo lubrificante em sua composição, conferindo a
consistência prevista na fase de desenvolvimento do produto.
Outros compostos químicos formados com a adição do estearato
metálico ou o oleato também são utilizados como engrossadores ou
espessantes e exercem influência nas características da graxa, por
exemplo, no ponto de gota.
Outros tipos de espessantes usados são as argilas modificadas
(bentonita) e os seguintes produtos: aerogel de sílica, tintas,
pigmentos, negro de fumo, fibras gomas, resinas e sais orgânicos
que proporcionam à fabricação de pasta características de graxas
lubrificantes.
Os fluidos lubrificantes adicionados são óleos com viscosidade
superior a 22 cSt a 40 ºC, podendo ser maior que 460 cSt a 40 ºC.
Para aplicações especiais, as graxas são formuladas com óleos
básicos de alto desempenho como PTFE, silicones, fluorsilicone,
poliol-ésteres, polialquilenoglicóis, diésteres e as polialfaolefinas.
Graxas utilizadas na indústria alimentícia são fabricadas com
óleo branco, ésteres ou polialfaolefina de grau alimentício. As
graxas para aplicações industriais são obtidas pela fabricação do
sabão misturado com óleo lubrificante ou em sabões fabricados com
a mistura de óleo lubrificante feita previamente. O processo utiliza
um misturador semelhante a um vaso (tacho) dotado de um
revestimento lateral por meio do qual flui vapor-d’água para propiciar
a temperatura de liquefação das substâncias e sua consequente
mistura. Após a mistura, ocorre o processo conhecido como
saponização, no qual o produto adquire as características de
consistência adequadas para as aplicações previstas nos processos
de fabricação.
Uma das últimas fases do processo de fabricação das graxas é a
filtragem, executada com a graxa ainda em temperatura de
processo, ou seja, ainda fluida, para eliminar possíveis acúmulos de
sabão que não se dissolveram. Por último, as graxas são
embaladas.
0 355-385
1 310-340
2 265-295
3 220-250
4 175-205
5 130-160
6 85-115
000 445-475
00 400-430
Conectado!
Existem graxas mais duras que a de nº 6 da tabela, denominadas graxas em
bloco (block greases). Portanto, não se enquadram na classificação NLGI. Esse tipo
de graxa possui utilização específica na lubrificação de mancais de grande porte,
como os mancais para fornos de fabricação de cimento. O bloco de graxa é fixado
na parte superior do mancal e, pela ação da alta temperatura de trabalho, a graxa
goteja lubrificando o mancal.
4.2.3 Viscosidade
As características de fluxo das graxas, a relação entre a tensão
de cisalhamento e o grau de cisalhamento (gradiente de velocidade)
são denominadas viscosidade aparente. Quanto maior for o grau de
cisalhamento, menor a viscosidade aparente da graxa que varia em
função da temperatura, no entanto, de uma maneira própria. Em
função da natureza da graxa e do sistema que está sendo
lubrificado, existe uma temperatura máxima na qual a graxa pode
ser aplicada sem vazamentos. Assim, pode ser afetada pelos
seguintes fatores:
• viscosidade do fluido;
• processo de fabricação;
• estrutura e concentração do engrossador.
4.3 T
Para aplicação em diversos campos da indústria, foram
desenvolvidos diversos tipos de graxas com propriedades
específicas para trabalharem em situações que exigem a garantia
da lubrificação mesmo em condições de trabalho severas ou nos
casos em que a graxa não pode contaminar o produto fabricado
pela máquina – caso da indústria de alimentos e farmacêutica, por
exemplo. Para a correta seleção e aplicação das graxas, serão
estudados os tipos mais utilizados na área industrial.
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Figura 4.2 ¦ Conjunto coroa-pinhão, lubrificado com graxa branca.
4.4 S
–
Muitas aplicações exigem propriedades específicas das graxas
que vão além da redução do atrito. Em muitas situações, as
condições de funcionamento dos equipamentos em que as graxas
são aplicadas podem ter temperatura excessiva e vedação
insuficiente. Para essas aplicações específicas, além das cargas ou
dos aditivos sólidos, as graxas recebem a adição de elementos
químicos que melhoram suas propriedades e características,
permitindo sua utilização em diversas aplicações.
Os inibidores de oxidação, as aminas complexas (fenil-beta-
naftilamina), são empregados especialmente nas graxas para
lubrificação permanente de mancais de rolamento (ball or roller
bearing life-time greases).
Como agentes de extrema pressão empregados em graxas,
podemos citar os compostos orgânicos clorados ou fosforizados,
óleos, ésteres ou gorduras sulfurizados, sabões de chumbo, bismuto
e dialquilditiofosfato de zinco.
A capacidade da graxa de aderir a uma superfície, ou seja, sua
adesividade, é melhorada pela adição de látex líquido ou polímeros
lineares de alto peso molecular, por exemplo, o poli-isobutileno.
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Figura 4.3 ¦ Tipos de engraxadeiras.
4.5 G –
Para a fabricação de graxas que possam ser aplicadas em
equipamentos com temperaturas que variam das mais baixas até as
mais elevadas e também suportar os diversos tipos de solicitações
dos conjuntos em que são aplicadas, as graxas devem ser
constituídas de sabões com composição química que possibilite o
atendimento a essas solicitações. Os fabricantes de lubrificantes
utilizam os seguintes sabões na fabricação das graxas:
• sabões metálicos;
• sabão de lítio;
• sabão de cálcio;
• graxas de complexo de cálcio;
• graxas de bases mistas;
• sabão de alumínio;
• bário.
A argila é utilizada como espessante em algumas graxas
especiais que devem resistir à água e a elevadas temperaturas
(acima de 200 ºC). Embora as graxas que utilizam a argila sejam
aplicáveis às mais diversas situações, o custo elevado restringe sua
utilização em conjuntos que trabalham com temperaturas acima de
200 ºC.
As graxas com composição betuminosa também podem ser
classificadas como óleos e são constituídas à base de asfalto.
Permitem uma grande aderência, e suas maiores aplicações são os
cabos de aço, as engrenagens abertas e as correntes. Não
aplicáveis a mancais de rolamentos, mas podem ser aplicadas em
mancais planos que possuem folga excessiva ou suportam grandes
cargas.
As graxas de sabão de cálcio possuem textura macia e
consistente, pois, em sua fabricação, a filtragem ocorre ainda em
sua fase fluida e, geralmente, contêm de 1% a 2% de água em sua
composição. Por esse motivo, as graxas à base de cálcio não são
indicadas para trabalhos sob temperatura acima de 60 ºC.
4.6 P
Recapitulando...
Neste capítulo foram estudadas as características, propriedades e aplicações
das graxas, lubrificantes muito utilizados na área industrial. Elas evitam que o
lubrificante se perca durante o funcionamento da máquina e a entrada de impurezas
ou contaminantes no interior das partes rotativas.
Ainda foram vistas também as graxas para aplicações especiais, como graxas
para altas e baixas temperaturas, altas rotações, e para a área alimentícia. Foram
abordadas as classificações das graxas em função da consistência e viscosidade.
Atividades
1. O conceito de graxas baseia-se tecnicamente na definição da
ASTM na definição padrão D-288-61. Qual é a definição de
graxa segundo a ASTM?
2. O emprego das graxas ocorre nos pontos de máquinas ou
equipamentos que, em função de condições de trabalho ou
de temperatura, os óleos lubrificantes escorreriam. São
utilizadas também quando há a necessidade de se formar um
selo protetor. Essa condição de trabalho das graxas é
possível com a adição de uma substância responsável pela
sua consistência. Qual é essa substância e quais são os tipos
utilizados?
3. Um mecânico de manutenção precisa realizar uma montagem
com elementos que necessitam de uma graxa com boa
consistência. Como o valor da consistência é obtido?
4. Além das cargas ou aditivos sólidos, as graxas recebem a
adição de elementos químicos que melhoram suas
propriedades e características. Quais são os aditivos
normalmente empregados para essa finalidade?
5. Nas graxas grafitadas, quais são os componentes que
melhoram as propriedades desse tipo de graxa?
6. Quais são os tipos de sabões utilizados na fabricação das
graxas?
7. Um técnico em mecânica deve desenvolver um projeto para
um equipamento que opera à temperatura média de 110 ºC.
Para a lubrificação de alguns componentes do equipamento,
é necessário a utilização de graxa. Qual é a composição da
graxa para suportar altas temperaturas?
8. Qual é a sequência resumida do processo de fabricação das
graxas?
9. Quais fatores devem ser observados para definir a graxa
adequada para determinada aplicação?
10. Para a montagem de rolamentos de esferas, qual seria a
graxa ideal e qual seria a proporção a ser aplicada no caso de
rolamentos sem blindagem?
5
Operações de lubrificação
Objetivo
Neste capítulo serão apresentados, de maneira prática,
os procedimentos de segurança e operacionais para
realizar a lubrificação de algumas das principais máquinas
utilizadas na indústria e seus elementos, tais como
mancais e redutores de velocidade. Os conceitos
apresentados são a base para a identificação de riscos de
acidentes de trabalho nas operações de lubrificação,
objetivando a tomada das devidas precauções. Também
serão abordados o re-refino de óleos lubrificadores e suas
etapas, além da regulamentação do MTE para a profissão
de lubrificador industrial.
Para iniciar as operações de lubrificação, o profissional deve
seguir as normas de segurança aplicáveis à sua área de atuação e
também as normas de segurança pertinentes ao tipo de lubrificante
que será utilizado. Em função das características físicas e químicas,
deve-se utilizar equipamentos de proteção individual (EPI)
adequado e medidas de contenção de fluido em caso de
derramamento acidental do lubrificante. Além de cuidados com a
segurança individual, o profissional que realiza operações de
lubrificação deve tomar medidas para evitar que outras pessoas,
que estejam trabalhando ou transitando nos arredores onde está
sendo realizada a operação de lubrificação, corram riscos. Uma das
precauções é a sinalização do local de trabalho que alerta as
pessoas que transitam ou trabalham próximo da máquina, do
equipamento ou do veículo que está sendo lubrificado, para que não
adentrem no local de trabalho em virtude do risco de acidente de
trabalho ou risco ao meio ambiente.
Para garantir a segurança e a integridade física e mental dos
profissionais, foram criadas diversas normas de segurança. No
Brasil, a elaboração e a divulgação das Normas Brasileiras de
Regulamentação (NRs) ficam a cargo do Ministério do Trabalho e do
Emprego (MTE), o qual disponibiliza os arquivos eletrônicos das
normas para que os profissionais, estudantes e empresários
possam realizar o download, imprimi-los ou consultá-los
gratuitamente.
5.1 D
• Higiene ocupacional: antecipação, reconhecimento, avaliação e
controle dos riscos à saúde no ambiente de trabalho, com o
objetivo de proteger a saúde e o bem-estar do trabalhador, bem
como resguardar a comunidade em geral.
• Risco ocupacional: é um agente, fator ou situação com potencial
para causar danos à saúde (ferimento ou doença), à
propriedade e ao ambiente de trabalho, ou uma combinação
deles.
• Eliminação do risco: substituição de matérias-primas, máquinas
e tecnologias perigosas; alteração de métodos de trabalho.
• Sinalização do risco: alerta sobre o risco de acidentes,
delimitação de áreas, identificação dos equipamentos de
segurança, advertência para materiais perigosos,
recomendação de medidas cautelares e preventivas.
5.2 O
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Figura 5.1 ¦ Torno mecânico universal.
Cabeçote fixo
Nele, estão as alavancas para a regulagem das rotações por
minuto (RPM), o inversor do sentido do carro principal e a caixa
Norton, na qual é possível selecionar o avanço para usinagem ou o
passo da rosca que será usinada. O cabeçote fixo compõe a
estrutura da máquina e serve de apoio aos mancais de rolamento do
eixo-árvore, de parte do barramento e das engrenagens, que
transmitem a rotação e a força gerada pelo motor da máquina.
A engrenagens utilizadas na caixa de mudanças das RPM e as
engrenagens presentes na caixa Norton, responsáveis pela
velocidade do avanço automático e o passo das roscas que são
fabricadas, são lubrificadas pelo processo de banho de óleo.
Portanto, o nível de óleo do reservatório dever ser constantemente
vistoriado, completado ou trocado, se for o caso, para eliminação do
lubrificante fadigado ou com resíduos de material proveniente do
desgaste das engrenagens.
Nessas duas partes do torno mecânico, o operador deve verificar
periodicamente, isto é, conforme a ficha de lubrificação da máquina,
o visor do nível de óleo lubrificante das engrenagens. O óleo é
distribuído em pontos estratégicos por condutores, e a força de
impulsão é gerada pelo movimento rotativo dos eixos e
engrenagens.
Barramento
É a parte do torno que serve de sustentação e guia do carro
principal e cabeçote móvel. Portanto, influencia diretamente na
precisão geométrica e dimensional da máquina. Suas guias são
fabricadas em aço-liga especial que, antes de ter seu acabamento
final, é deixado a céu aberto por um período calculado pelo
fabricante para evitar dilatações ou contrações do barramento por
variações climáticas. Após esse tratamento, as guias do barramento
são retificadas e rasqueteadas para serem montadas na máquina
em uma estrutura de ferro fundido cinzento, material com
propriedade de absorver vibrações.
O barramento exige lubrificação diária, mas com controle da
quantidade para evitar o derramamento do excesso.
Conectado!
Na usinagem do ferro fundido cinzento e branco, a quantidade de óleo deve ser
a mínima possível para evitar o “emplastamento” dos cavacos de ferro fundido com
o óleo lubrificante.
Carro principal
O carro principal executa o movimento longitudinal da máquina
que pode ser feito manualmente ou de modo automático, conforme
a regulagem dada na caixa Norton. O carro principal é composto
das seguintes partes:
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Figura 5.2 ¦ Detalhe do carro principal do torno mecânico.
Cabeçote móvel
É a parte do torno oposta ao cabeçote fixo que desliza sobre o
barramento. Com o cabeçote móvel, é possível prender acessórios
como a contra-ponta para apoiar peças mais compridas, o mandril
para fixação de brocas ou machos etc.
Na parte superior, existe um orifício de lubrificação por almotolia
para lubrificar o mangote, e as guias inferiores têm a lubrificação do
barramento.
Lembre-se!
Em fresadoras acionadas por CNC, o acionamento dos eixos é feito com fusos
de esferas recirculares, ou seja, um fuso possui um canal de perfil redondo em que
são inseridas esferas de aço especial no lugar onde seriam os filetes da rosca
trapezoidal. As esferas possuem um sistema hidráulico (óleo pressurizado) que
exerce uma pressão constante sobre as esferas, o que elimina totalmente a folga
de trabalho. Portanto, em máquinas CNC, o movimento de usinagem é seguro no
sentido concordante ou discordante.
Carro vertical
O carro vertical da fresadora sustenta e movimenta no sentido
vertical os carros transversal e longitudinal. É responsável para a
determinação da profundidade de corte da usinagem (quantidade de
material a ser removida por passada), comprimento de furos,
rebaixos, chanfros etc. Seu acionamento pode ser manual por meio
de um manípulo ou automático.
Carro transversal
O carro transversal é fixado ao carro vertical e realiza
movimentos de usinagem perpendiculares em relação ao carro
longitudinal. Nas operações de fresagem externa ou interna, o carro
transversal é muito utilizado para o controle das medidas de
espessura, largura e fresagem de superfícies.
Carro longitudinal
O carro longitudinal trabalha fixado no carro transversal, por meio
de guias fresadas e retificadas no próprio corpo do transversal. No
carro longitudinal, encontra-se a mesa de trabalho, que possui
rasgos em “T” (Woodruff) para fixação de sapatas, as quais
trabalham em conjunto com os parafusos na fixação de dispositivos,
como as morsas e os cabeçotes divisores.
Eixo porta-fresas
Tem a finalidade de fixar a fresa ou o conjunto de fresas para
permitir a fresagem de diversos tipos de perfis ou superfícies. É
acoplado à fresadora por meio de um cone ISO dotado de duas
chavetas laterais que impedem o deslizamento do eixo durante o
esforço de usinagem. O eixo porta-fresas deve sempre trabalhar
apoiado no mancal fixado ao suporte (torpedo).
Cabeçote universal
O cabeçote universal é um conjunto mecânico destinado à
fresagem na posição vertical. Permite a fixação de cabeçotes
fresadores, fresas de topo, serras circulares de perfil constante e
demais ferramentas de corte que devem trabalhar na posição
vertical. É montado e desmontado de acordo com a necessidade da
usinagem.
Lembre-se!
O cabeçote universal é um componente exclusivo da fresadora mecânica
universal.
5.2.2.2 Tipos de fresadoras mecânicas
As fresadoras mecânicas são classificadas geralmente de acordo
com a posição do seu eixo-árvore em relação à mesa de trabalho.
Mesa de trabalho é o lugar da máquina onde se fixa a peça a ser
usinada. O eixo-árvore é a parte da máquina onde se fixa a
ferramenta e fornece a força para a usinagem da peça.
Estudaremos a seguir os tipos de fresadoras.
Fresadora mecânica horizontal
A fresadora horizontal possui seu eixo-árvore paralelo à mesa da
máquina. Trabalha com um eixo porta-pinças, acoplado ao eixo-
árvore da fresadora por meio de um cone ISO apoiado com
chavetas e fixado com um parafuso. A montagem dessa fresa é feita
com calços retificados com folga para ajuste deslizante, e a fixação
é feita por meio de uma porca especial com o objetivo de evitar
acidentes e danos à peça e a máquina. As fresadoras horizontais
possuem um suporte que é encaixado em uma peça móvel situada
na parte superior da máquina denominada torpedo.
Fresadora mecânica vertical
Na fresadora mecânica universal, o eixo-árvore está fixado na
posição perpendicular em relação à mesa de trabalho (carro
longitudinal). A fresagem é frontal, e a ferramenta de corte pode ser
fixada direto no cone ISO do eixo-árvore que possui um parafuso
longo para fixação e duas chavetas que se encaixam nos canais do
suporte. No mesmo princípio de fixação, pode ser utilizado um
cabeçote porta-pinças que normalmente permite a fixação de
ferramentas de corte com até 60 mm.
A fresadora mecânica universal possui movimento manual ou
automático nos carros vertical, longitudinal e transversal. É muito
utilizada em usinagem de variados tipos de peças e também para
fabricação seriada.
5.2.4 Furadeiras
A furadeira é uma máquina destinada à usinagem de furos,
rebaixos, chanfros com escareador e alargamento de precisão.
Alguns modelos equipados com reversão da rotação permitem o
roscamento com machos. O instrumento também permite a
usinagem em materiais metálicos ou não metálicos, além de possuir
vasta aplicação em diversos segmentos industriais, como em
marcenaria, montagem, construção civil, usinagem e caldeiraria, que
será nosso objeto de estudo. A rotação do eixo-árvore das
furadeiras é obtida pela transmissão do movimento do motor a um
sistema de polias e correias ou engrenagens. As furadeiras são
construídas para atender aos diversos tipos de aplicação: desde os
mais simples, como a utilização doméstica, até o uso em
caldeirarias de grande porte. De acordo com suas características
construtivas, as furadeiras podem ser classificadas. Seus tipos
serão descritos a seguir.
Furadeira com coluna de bancada
Esse tipo de furadeira possui uma coluna que possibilita a
perpendicularidade da broca em relação à face da peça a ser
furada. Deve ser instalada em uma bancada específica para esse
fim, pois sua altura é baixa para trabalhar sem o auxílio da bancada.
Nesse tipo de furadeira, é obrigatório utilizar morsa ou dispositivos
de fixação da peça a ser usinada para evitar acidentes de trabalho e
garantir a precisão da operação.
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Figura 5.5 ¦ Furadeira bancada.
Lubrificação da furadeira
A furadeira de bancada ou de coluna deve ter as peças com
movimento rotativo ou linear lubrificadas de modo a sempre manter
um filme lubrificante fluido entre as peças. Esse filme tem a
finalidade de evitar o desgaste e facilitar o manuseio das partes
móveis, uma vez que o atrito é reduzido pela utilização do
lubrificante.
Sistema de engrenagens
O movimento rotativo do motor é transmitido para o eixo-árvore
por meio de um conjunto de engrenagens. O sistema de lubrificação
das partes que contêm engrenagens exige que o nível de óleo não
trabalhe abaixo da marca do visor recomendada pelo fabricante e
sua coluna deve ser lubrificada periodicamente pelo operador com
trincha ou almotolia.
Sistema deslizante
Para a regulagem do posicionamento da peça para furação, a
mesa da furadeira possui movimento linear regulável pelo operador
e um manípulo para fixação da mesa. Essa peça é fixada à coluna
da furadeira e desliza sobre ela. Em função disso, deve ser aplicado
à coluna uma fina camada de óleo lubrificante que tem por
finalidade evitar a oxidação das peças e facilitar o deslocamento
destas.
Pontos a serem lubrificados nas furadeiras
Para a correta lubrificação das furadeiras, é muito importante
seguir a orientação do fabricante descrita nos manuais. Entretanto,
de uma maneira geral, as principais partes que devem ter a
lubrificação controlada para garantir eficiência e durabilidade da
máquina são:
• Caixa de engrenagens: a caixa de engrenagem das furadeiras
com esse tipo de acionamento deve ser lubrificada com óleo
lubrificante com características químicas e viscosidade
adequadas, conforme o manual do fabricante, para essa
finalidade.
• Coluna da mesa: a coluna da mesa de trabalho da furadeira
deve ser inspecionada diariamente e, se necessário, ser
lubrificada. Esse procedimento garantirá o deslizamento suave
da mesa e impedir a oxidação das superfícies das peças. Pode
ser utilizado método manual ou automático.
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Figura 5.6 ¦ Mancal de rolamento com carcaça para ser instalado.
5.3 L
Os rolamentos que não possuem a blindagem de lubrificação
devem ser lubrificados com graxa de modo que seja aplicada no
máximo ¾ da área em que estão montadas as esferas. Se for
colocada muita graxa, o rolamento vai aquecer e a graxa
desprenderá muito óleo, o que aumenta consideravelmente o
volume da graxa e, não tendo para onde expandir, acaba
danificando o rolamento.
Seguem algumas observações para a utilização de graxas em
mancais:
• As graxas de cálcio podem ser utilizadas para rolamentos que
trabalhem com temperatura moderada (60 ºC) e baixas
rotações.
• As graxas de sódio são indicadas para rolamentos que
trabalhem em condições isentas de umidade.
• A graxa apresenta sobre o óleo a vantagem de contribuir para a
boa vedação do sistema.
5.4 L
Engrenagens são rodas dentadas destinadas à transmissão de
movimento rotativo. Esse movimento pode sofrer alterações de
rotação em função do número de dentes da engrenagem que
recebe o movimento (movida ou conduzida), do número de dentes
da engrenagem que transmite o movimento e força para a
engrenagem movida ou conduzida.
São construídas de acordo com padrões normalizados para
permitir intercâmbio de peças, sendo comuns os seguintes
materiais:
• Aço-liga ABNT/SAE 4140 – aço-cromo, níquel, molibdênio com
0,40% de carbono.
• Ferro fundido cinzento.
• Plástico injetado – aplicação em computadores, brinquedos etc.
• Alumínio.
• Materiais para aplicações específicas.
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Figura 5.7 ¦ Engrenagens cilíndricas de dentes retos.
5.5 L
Correntes são elementos destinados à transmissão de
movimento rotativo entre eixos e árvores mecânicas que possuem
coroas acopladas em sua estrutura. Admitem variação no
posicionamento radial, mas exigem, para garantia de um bom
funcionamento, alinhamento perfeito no sentido axial. Uma das
grandes vantagens da transmissão por correntes é que não há
deslizamento e, consequentemente, não há perda significativa de
potência mesmo quando o equipamento está em funcionamento por
muito tempo e apresentando sinais de fadiga, como ruído excessivo.
Evidentemente todo sistema que utiliza correntes para sua
transmissão necessita possuir um programa de manutenção
preventiva que possui previsão de troca dos elementos de
transmissão do sistema (corrente e as coroas) e também um
cronograma e uma ficha de lubrificação, fatores fundamentais para
possibilitar uma vida útil longa.
Um sistema de transmissão por correntes é formado
basicamente pelos seguintes elementos de máquinas:
• Corrente: elemento de transmissão constituído por gomos que
possibilitam sua articulação, podendo ter variações de formato
em função de sua aplicação.
• Coroas: engrenagens específicas para permitirem o encaixe
dos elos da corrente; possuem características construtivas de
acordo com o tipo de corrente.
• Eixos: peças cilíndricas vazadas ou maciças destinadas à
transmissão de movimento rotativo às coroas fixadas aos eixos.
• Chavetas: peças destinadas ao travamento das coroas aos
eixos para evitar o deslizamento radial das coroas nos eixos
em função das solicitações de trabalho.
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Figura 5.8 ¦ Desenho de um sistema com transmissão de movimento rotativo
com corrente e coroas.
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Figura 5.9 ¦ Corrente de rolos.
5.6 A
5.7 R
Para minimizar o máximo possível os impactos ambientais e
também economizar recursos financeiros para a empresa, a
reutilização de lubrificantes e fluidos de corte solúveis em água é de
extrema importância, e muitas empresas desenvolveram vários
métodos para essa finalidade. Um dos métodos eficazes para
reaproveitar, de maneira economicamente viável e sem causar
impactos ambientais, é o re-refino de lubrificantes. Esse é um
processo químico que separa resíduos que estão contaminando o
lubrificante e insere aditivos e outras substâncias químicas para
melhorar a comoposição química do lubrificante conferindo as
características desejáveis para as aplicações às quais o lubrificante
foi desenvolvido.
Esses procedimentos industriais para recuperação dos
lubrificantes representam uma importante ação para minimizar ao
máximo o impacto ambiental gerado pelo descarte inadequado de
lubrificantes e aumentar a economia de recursos naturais e a
economia financeira gerada para a empresa. Além disso, constituem
fonte de receita que pode ser utilizada para investimento em novos
lubrificantes. O custo do lubrificante re-refinado é menor e,
consequentemente, seu preço final também diminui com relação aos
lubrificantes de primeira fabricação (provenientes de refinadoras).
Outro fator economicamente relevante do re-refino é a geração de
empregos diretos e indiretos que o setor representa no mercado.
Com relação à utilização dos lubrificantes rerefinados, suas
propriedades são iguais aos óleos de primeira fabricação e,
portanto, não influenciam no funcionamento e na conservação de
máquinas e equipamentos.
As empresas que realizam esse tipo de serviço devem possuir
documentação específica junto aos órgãos ficalizadores do meio
ambiente e de produtos químicos da região onde exerce suas
atividades. Além disso, devem emitir, a cada lote de lubrificantes
recolhidos, o recibo que comprove o recolhimento e garanta a
destinação correta dos lubrificantes pela empresa que está
vendendo o lubrificante usado. Esse recibo deve ser arquivado para
fins de auditoria dos sistemas de gestão da qualidade (ISO
9001/2008) ou gestão ambiental (ISO 14001/2006) e também para
fins de ficalização e emissão de autorizações de funcionamento.
Esses recibos comprovam a preocupação da empresa com o meio
ambiente, segurança e saúde ocupacional de seus colaboradores.
5.7.2.1 Desidratação
O lubrificante é coletado por caminhões especialmente
equipados com tanque e equipamentos de segurança para
substâncias contaminantes. A carga de lubrificante é descarregada
em um tanque receptor. O lubrificante usado, então, passa por um
peneiramento e um processo de filtragem para a eliminação de
resíduos sólidos. A desidratação é iniciada com um preaquecimento
do óleo até 80 ºC antes de ser enviado aos desidratadores. O óleo é
desidratado a 180 ºC em desidratadores com trocador externo em
circulação forçada. A água e os solventes evaporados são
condensados e selecionados em um separador de fases. Os
solventes são aproveitados como combustível para os fornos, e a
água é enviada para tratamento (ETE).
5.7.2.3 Desasfaltamento
O óleo destilado é bombeado para outro forno, em que é
aquecido a uma temperatura de ٣٨٠ ºC, e enviado para os
evaporadores de película. Nessa etapa, é separada a fração
asfáltica do óleo sob alto vácuo (1 mBAR). A fração asfáltica é
composta pela maior parte degradada do óleo lubrificante usado. Na
sua composição, encontramos principalmente polímeros, metais,
resinas, aditivos e compostos de carbono. Essa fração é empregada
na fabricação de mantas e produtos asfálticos em geral.
5.7.2.6 Filtragem
A filtragem que ocorre pela aplicação de pressão da mistura óleo,
argila e cal tem a finalidade de separar as frações sólidas. A argila
com cal impregnada com óleo é empregada em indústrias
cerâmicas e cimenteiras. O óleo ainda passa por filtros de malha
mais fina para eliminar os particulados remanescentes. No final, é
obtido o óleo básico mineral re-refinado com as mesmas
características de óleo básico virgem.
Após essas etapas, o óleo é armazenado em tanques. Para
atender às especificações de viscosidade, cor, ponto de fulgor etc.;
cada lote é analisado e corrigido pelo laboratório. Além disso, o óleo
lubrificante usado ou contaminado contém diversos elementos
tóxicos (por exemplo cromo, cádmio, chumbo e arsênio), oriundos
da fórmula original e absorvidos do próprio motor ou equipamento.
5.8 A
Em função da importância da lubrificação industrial e também na
área automotiva, surgiu a profissão regulamentada do lubrificador
industrial (de acordo com o nº 8-49.87 da CBO, sob o título de
lubrificador industrial). Este é um profissional que conhece os
procedimentos de lubrificação, os pontos de lubrificação das
máquinas e equipamentos, cuida dos procedimentos para
armazenagem, manuseio, descarte correto e as práticas de
segurança no trabalho para evitar doenças que podem ser
adquiridas no exercício da função. Segue a descrição de cargos
regulamentada pelo MTE.
• Descrição resumida: lubrifica as partes móveis de motores fixos,
máquinas operatrizes e equipamentos auxiliares de produção,
seguindo programa estabelecido e processos manuais e
mecânicos, para evitar desgastes excessivos e garantir o
melhor rendimento dos equipamentos.
• Descrição detalhada: verifica o nível do óleo ou graxa,
examinando depósitos e consultando manuais de lubrificação e
outras instruções, para providenciar o atendimento as
necessidades operacionais; prepara almotolias e bombas de
lubrificação, enchendo-as com produto apropriado, para efetuar
a operação programada; desmonta peças essenciais do
equipamento, seguindo diagramas e manuais técnicos e
utilizando ferramentas manuais e outros dispositivos, para
verificar suas condições e efetuar a manutenção preventiva;
aplica o lubrificante nos pontos indicados, seguindo as
especificações ou seus conhecimentos técnicos, para
conservar a máquina e melhorar seu desempenho; verifica o
funcionamento das partes da máquina lubrificada, pondo-a a
trabalhar experimentalmente, para certificar-se da eficácia da
lubrificação efetuada; mantém em bom estado os filtros,
tubulações e outras partes, reparando-as ou substituindo-as se
necessário, para assegurar seu funcionamento normal. Pode
comunicar defeitos mecânicos encontrados, anormalidades
observadas durante a lubrificação, fornecendo registros ou por
outros meios, para facilitar a manutenção corretiva da máquina.
Pode efetuar regulagens e pequenos reparos no equipamento
de lubrificação.
Para saber mais
Para saber mais, acesse o site do Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível
em: <http://consulta.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp?
gg=8&sg=4&gb=9>. Acesso em: 23 jan. 2017.
Recapitulando
Neste capítulo foram estudadas as normas regulamentadoras para a segurança do
trabalho de lubrificação, além dos métodos de lubrificação utilizados em conjuntos
mecânicos que são base para a construção de máquinas. Os conceitos abordados são
utilizados para a área de projeto e construção de máquinas. Foram estudados também
os requisitos para uma empresa que presta serviços de re-refino de lubrificantes
necessita e as fases desse processo. Foi abordada também a descrição da profissão
de lubrificador de acordo com o MTE.
Atividades
1. Quais são as principais partes a serem lubrificadas de um
torno mecânico horizontal?
2. Para manter o bom funcionamento e conservação da
máquina, os mancais devem ter sistemas de lubrificação
eficientes. Para atender essa condição, quais são os métodos
de lubrificação mais utilizados em mancais?
3. Quais sistemas são utilizados na lubrificação dos mancais de
rolamento para garantir seu bom funcionamento e sua maior
conservação?
4. Quais métodos podem ser utilizados e controlados para
lubrificação de engrenagens?
5. Um dos métodos eficazes para reaproveitar de maneira
economicamente viável e sem causar impactos ambientais é
o re-refino de lubrificantes. Descreva esse importante
processo.
6. Para a correta lubrificação das furadeiras, é muito importante
a orientação do fabricante constante dos manuais. No
entanto, de maneira geral, quais são as principais partes que
devem ter a lubrificação controlada nas furadeiras?
7. Escreva os elementos básicos de um sistema de transmissão
por correntes.
8. Quais as partes que devem ter lubrificação controlada na
fresadora mecânica universal e que também são comuns em
outros tipos de fresadora?
9. A fim de se evitar furos e amassamentos das embalagens ou
alterações das marcas, quais as precauções que devem ser
tomadas?
10. Quais são as tarefas básicas executadas pelo lubrificador
industrial, segundo a CBO 8-49.87 do MTE?
1 Disponível em:
<http://saudesegurancadotrabalhosenai.blogspot.com.br/2012/10/acidente-
de-trabalho.html>. Acesso em: 23 jan. 2017.
6
Fluidos de corte industriais e cuidados com a
contaminação
Objetivo
O objetivo deste capítulo é fornecer informações técnicas
sobre os fluidos de corte utilizados na área industrial, suas
características e aplicações, como também informações
quanto aos cuidados com manuseio, armazenagem e
descarte. Serão abordados, inclusive, os contaminantes e
a contaminação que pode ser acarretada pelos
lubrificantes e demais fluidos industriais. Esse assunto é
de extrema importância, pois os profissionais da área
técnica devem aliar a tecnologia a práticas sustentáveis,
de maneira a dedicar seus conhecimentos à preservação
do meio ambiente.
6.1 F
Os fluidos de corte representam um grupo de substâncias também
originadas do petróleo, desenvolvidas com a finalidade de resfriar as
operações de corte. Desde os primórdios da revolução industrial,
diversos estudiosos procuravam desenvolver métodos que facilitassem
ao máximo os processos industriais. Uma das principais dificuldades da
refrigeração no resfriamento das ferramentas de corte e da peça no
momento da usinagem é evitar a oxidação das partes sem proteção com
tinta da máquina, como barramentos das guias lineares de máquinas e
equipamentos. Nesse contexto, havia a necessidade de desenvolver um
fluido capaz de refrigerar a ferramenta de corte, facilitar a usinagem e,
por fim, evitar a oxidação das peças da máquina.
Os primeiros estudos evidenciados foram introduzidos em meados de
1890 por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que utilizou uma solução
de água para resfriar a ferramenta de corte em uma operação de
furação. Em estudos e ensaios realizados posteriormente, utilizou uma
solução de água e soda, ou água e sabão, para evitar a oxidação da
peça que estava sendo usinada e da ferramenta de corte. Os estudos de
Taylor visavam a desenvolver novos tipos de fluidos além da água, pois,
apesar da eficiência na refrigeração da ferramenta e da peça, provocava
a oxidação da peça, da ferramenta de corte e da máquina, além do baixo
poder lubrificante essencial para facilitar o corte da usinagem.
Atualmente, existe uma grande preocupação na área de produção
industrial no sentido de se reduzir ao máximo a utilização de fluidos de
corte no processo produtivo. Esse objetivo pode ser alcançado com a
utilização racional dos fluidos de corte e lubrificantes industriais e o
descarte racional dos fluidos.
Os fatores importantes que justificam tal procedimento incluem os
custos operacionais da produção, as questões ecológicas, as exigências
legais quanto à preservação do meio ambiente, a preservação da saúde
do ser humano etc. Internamente no meio industrial as questões
ambientais envolvem a saúde do homem com a pele em contato com o
fluido refrigerante e sua respiração e/ou ingestão de poluentes derivados
dessa substância. As doenças mais comuns são dermatites, alergias,
perda da capacidade pulmonar, câncer gastrintestinal e possibilidade de
contrair outros tipos de câncer. Externamente, esse impacto ecológico
afeta o solo, a água, em decorrência do descarte do fluido ao fim de sua
vida útil, e o ar, durante a utilização desse óleo. Então, para que a
utilização do fluido de corte seja minimizada, duas técnicas têm sido
intensamente experimentadas: o corte completamente sem fluido (corte a
seco) e o corte com mínima quantidade de fluido (MQF), em que uma
quantidade mínima de óleo é pulverizada em um fluxo de ar comprimido.
A concentração máxima de poluentes no ar sob a forma de névoa é
limitada em 5 mg/m3 e, para o caso de vapor de óleo, esse limite é de 20
mg/m3. No ano de 1992, na Alemanha, o volume de descartes de óleo
utilizados em processos de transformação metal-mecânica representou
aproximadamente 60% do consumo total de lubrificantes, o equivalente a
1.151.312 t/ano. Isso envolve um custo significativo que varia de 7,5% a
17% dos custos de fabricação por peça, superior até mesmo aos custos
relativos ao ferramental.
1 Brochamento A A A ou J A ou K D C
2 Roscamento A ou B A ou B A ou B A ou B ou D ou G / D ou G /
C HaK HaK
3 Roscamento B ou C B ou C B ou C B ou C D ou H D ou H
com
cossinete.
4 Corte e B B B A G ou H J ou K
acabamento
de dentes de
engrenagem.
4 Oper. com D C B A F G
alargador.
5 Furação E ou D E ou C E ou B E ou A E ou D E ou D
profunda.
6 Fresamento. E, C ou D E, C ou E, C ou C ou B E, H a K E, H a K
D D
7 Mandrilamento. C C C C E E
7 Furação múltipla. C ou D C ou D C ou D C ou D F G
9 Aplainamento e torneamento. E E E E E E
10 Serramento, retificação. E E E E E E
Legenda:
A – óleo composto com alto teor de enxofre (sulfurado)
B – óleos compostos com médios teores de enxofre (sulfurado) ou substâncias cloradas
(clorado) C – óleos compostos com baixos teores de enxofre ou substâncias cloradas
D – óleo mineral clorado
E – óleos solúveis em água
F, G, H, J, K – óleo composto com conteúdo decrescente de óleo graxo de F a K
Fonte: Adaptado de FERRARESI, D. Fundamentos da Usinagem dos Metais. São Paulo: Edgard
Blücher, 1977.
6.1.1 Recomendações para que a mistura seja
eficiente
A melhor fonte de informações pertinentes à mistura de óleo solúvel
com água é o fabricante. Entretanto, de maneira geral, pode-se melhorar
a eficiência e conservação do fluido com os seguintes procedimentos:
Com base em informações do relatório de análise química do fluido
ou da Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ), selecionar a proporção adequada entre a quantidade de fluido e
água.
Certificar-se de que o reservatório esteja totalmente limpo e livre de
fragmentos de metal.
Adicionar a água no reservatório e, em seguida, o óleo solúvel.
Nikola Bilic/Shutterstock.com
Figura 6.2 ¦ Fluido de corte aplicado em uma fresadora mecânica.
6.2 O
Recapitulando...
Neste capítulo, foram estudados os fluidos de corte que constituem um grupo de
utilização das substâncias lubrificantes para uma finalidade específica: facilitar os
processos de fabricação com metais diversos que podem ser a usinagem por corte, por
abrasão e a conformação metálica. Os fluidos de corte miscíveis ou não em água são
muito utilizados na indústria, pois facilitam o corte dos materiais por sua ação lubrificante,
melhoram o acabamento de superfície das peças e ainda protegem as partes sem
proteção das máquinas dos efeitos da oxidação.
Atividades
1. A partir da iniciativa de F. W. Taylor em 1890, que utilizou uma
solução de água para resfriar a ferramenta, qual é a importância
da utilização do fluido de corte nas operações de usinagem?
2. Quais são as funções dos fluidos de corte nas operações de
usinagem?
3. Os fluidos de corte são de extrema importância nas operações de
usinagem, porém sua utilização indevida pode causar muitos
males à saúde. Cite três doenças profissionais que podem ser
contraídas no manuseio.
4. Os fluidos de corte mais utilizados nas operações de usinagem
são classificados em função de sua fabricação e aplicação em
quais tipos?
5. A melhor fonte de informações pertinentes à mistura de óleo
solúvel com água é o fabricante. Entretanto, geralmente, como a
eficiência e conservação do fluido de corte pode ser melhorada?
6. Os fluidos de corte têm funções muito importantes no
desempenho das ferramentas de corte durante a usinagem.
Descreva a função lubrificante dos fluidos de corte.
7. Um fresador mecânico precisa usinar peças de aço com baixo teor
de carbono (baixa dureza). Qual é o fluido de corte ideal para essa
tarefa?
8. Quais são os três grandes grupos em que são divididos os fluidos
de corte líquidos?
9. Os fluidos de corte e lubrificantes exigem algumas providências e
cuidados de manuseio que garantem seu melhor desempenho nas
operações de usinagem. Cite como deve ser o armazenamento
correto dos fluidos de corte.
10. Que tipo de riscos à saúde e ao meio ambiente apresentam os
óleos lubrificantes que já foram utilizados em máquinas industriais,
operações de corte, laminação ou em motores de veículos?
Anexo 1
Elementos de vedação
A1.1 J
As juntas são elementos de vedação montadas interpostas entre
duas peças que necessitam da eliminação de qualquer vão entre
elas. São usadas para evitar vazamento de algum fluido líquido ou
gasoso do interior do conjunto mecânico ao qual pertencem. Mesmo
uma rugosidade mínima entre as peças de uma máquina que
contenha óleo lubrificante, por exemplo, não será suficiente para
evitar o vazamento do óleo, inclusive se essa máquina trabalha em
condições de baixa pressão. Portanto, torna-se indispensável a
utilização de uma junta entre as peças que compõem o reservatório.
As juntas de vedação são aplicáveis a superfícies ásperas ou com
rugosidade média. São utilizadas em portas de fornos e estufas,
tampas de caldeiras, nas indústrias automotivas, de aviação e naval,
em máquinas agrícolas e de terraplenagem, em bombas e válvulas
hidráulicas, em empilhadeiras, visores para caldeiras, trocadores de
calor e compressores.
De acordo com a aplicação, as juntas são fabricadas em diversos
materiais:
• papelão hidráulico;
• grafite;
• borracha;
• Teflon® Politetrafluoretileno (PTFE);
• metálicas metais (alumínio, cobre, aço-liga etc.);
• feltro;
• cortiças;
• celeron;
• juntas especiais.
Os itens a seguir detalham as características dos principais tipos
de juntas utilizadas em manutenção mecânica industrial.
A1.1.1.1 Dimensões
Os papelões hidráulicos são comercializados em folhas de 1.500
mm × 1.500 mm e espessuras de: 0,4 mm, 0,8 mm, 1,6 mm, 2,4
mm, 3,2 mm e 4,8 mm. Em polegadas: 1/64”, 1/32”, 1/16”, 5/64”,
3/32”, 1/8”, 5/32” e 3/16”.
São empregadas em partes estáticas de máquinas ou
equipamentos, como nas tampas de caixas de engrenagens. Esse
tipo de junta pode ser comprado pronto ou confeccionado, conforme
o formato da peça que vai utilizá-lo.
A1.1.5.1 Aplicações
Esse tipo de junta é fabricada com uma combinação especial de
materiais que permite que elas sejam utilizadas na indústria
química, petroquímica, de açúcar e álcool, de papel e celulose,
alimentícia, de cosméticos, farmacêuticas, entre outras.
Conectado!
O politetrafluoretileno (PTFE) é um polímero conhecido mundialmente pelo seu
nome comercial Teflon®, marca registrada de propriedade da empresa americana
DuPont. Descoberto acidentalmente pelo químico estadunidense Roy J. Plunkett
(1910-1994), em 1938, e apresentado para fins comerciais em 1946, o PTFE é um
polímero similar ao polietileno, no qual os átomos de hidrogênio são substituídos
por flúor, sendo um fluoropolímero e um fluorocarbono. A fórmula química do
monômero, o tetrafluoretileno, é CF2=CF2, e do polímero -(CF2-CF2)n-.
A1.2 R
Os retentores são elementos de vedação utilizados em eixos ou
árvores mecânicas montados em conjuntos mecânicos (redutores
de velocidade, bombas centrífugas etc.). Sua função é vedar os
fluidos lubrificantes e outros tipos de fluidos contidos no interior da
máquina e evitar a entrada de impurezas entre o furo em que está
encaixado o rolamento ou bucha e o eixo, mesmo com o movimento
rotativo dele.
A vedação ocorre entre um eixo rotativo e uma base
estacionária, por meio de uma carga prévia da borracha do lábio de
vedação e auxiliada ou não pela pressão da mola. O retentor é
formado por uma blindagem metálica moldada com anel de
borracha, que possui uma seção que aloja uma mola helicoidal.
O vedador de lábio, também conhecido pelo nome de retentor, é
composto essencialmente por uma membrana elastomérica em
forma de lábio e uma parte estrutural metálica semelhante a uma
mola, que permite sua fixação na posição correta de trabalho.
A função primordial de um retentor é reter óleo, graxa e outros
produtos que devem ser mantidos no interior de uma máquina ou
equipamento. O retentor é sempre aplicado entre duas peças que
executam movimentos relativos entre si, suportando variações de
temperatura.
A1.3 G
Gaxetas são elementos mecânicos utilizados para vedar a
passagem de fluido da parte interna de um conjunto mecânico para
outra parte ou evitar também vazamentos para a parte externa. Os
materiais usados na fabricação de gaxetas são algodão, juta,
asbesto (amianto), náilon, Teflon, borracha, alumínio, latão e cobre.
Dependendo da aplicação, podem ser adicionados outros elementos
por exemplo, graxa, silicone, grafite, mica etc.
Em algumas situações, o fluxo de fluido não deve ser totalmente
vedado, pois é necessária uma passagem mínima de fluido com a
finalidade de auxiliar a lubrificação entre o eixo rotativo e a própria
gaxeta. A esse tipo de trabalho dá-se o nome de restringimento. O
restringimento é aplicado, por exemplo, quando se trabalha com
bomba centrífuga de alta velocidade. Nesse tipo de bomba, o calor
gerado pelo atrito entre a gaxeta e o eixo rotativo é muito elevado e,
sendo elevado, exige uma saída controlada de fluido para minimizar
o provável desgaste.
A caixa de gaxeta mais simples apresenta um cilindro oco em
que ficam alojados vários anéis de gaxeta, pressionados por uma
peça chamada sobreposta. A função dessa peça é manter a gaxeta
alojada entre a caixa e o eixo, sob pressão conveniente para o
trabalho.
A1.4 A
Acoplamentos são elementos mecânicos destinados a transmitir
movimento rotativo de uma árvore para um eixo ou entre dois eixos
posicionados no sentido axial (face com face). Sua forma construtiva
determina suas aplicações e os tipos de acoplamentos, que podem
ser:
• fixos;
• móveis;
• elásticos.
A1.5 A –
hsagencia/Shutterstock.com
Figura A1.2 ¦ Junta universal de velocidade constante (homocinética).
A1.6 L
Conectado!
Redutores de velocidade são equipamentos destinados à redução de velocidade
e ao consequente aumento da força (torque). Variadores de velocidade possuem
funcionamento e aplicação semelhante aos dos redutores. Porém, além de poder
reduzir a velocidade aumentando, assim, a força, podem variar a velocidade dentro
do limite de suas características construtivas.
A1.6.1.9 Variador PK
O variador PK possui um eixo-árvore proveniente do induzido de
um motor elétrico com um cone que pode mover-se axialmente para
efetuar o ajuste do número de rotações por minuto. O cone entra em
contato com um anel de rodagem que está unido a uma
engrenagem planetária a qual engrena em uma roda dentada
central ajustada à árvore de saída.
Lembre-se!
Na abertura da tampa do redutor, deve-se tomar cuidado com a junta e os
retentores do eixo.
A1.7 E
Lembre-se!
As conexões para alta pressão são fabricadas em conformidade com as
especificações das normas ABNT NBR-6925 e ASME-B-16.3, exceto as uniões que
estão em conformidade com as especificações ASME B-16.39. Dependendo da
figura, alguns diâmetros podem constar de uma norma e não de outra. As roscas de
vedação das conexões de alta pressão são produzidas conforme as especificações
das normas ABNT NBR-12912 e ANSI-B-1.20.1 (rosca interna e externa cônica).
Cotovelo 45º
Cotovelo macho/fêmea
Curva
Luva
Luva de redução
Conexão “Tê”
Norma
Composição do produto
ISO ABNT
A2.2 C
maxim ibragimov/Shutterstock.com
Figura A2.3 ¦ Chaves combinadas.
sydeen/Shutterstock.com
Figura A2.4 ¦ Exemplo de utilização da chave tipo soquete com cabo equipado
com catraca.
Pheniti Prasomphethiran/Shutterstock.com
Figura A2.5 ¦ Chave hexagonal (Allen).
mylisa/Shutterstock.com
Figura A2.6 ¦ Chave de fenda.
Dan Kosmayer/Shutterstock.com
Figura A2.7 ¦ Chave tipo Phillips.
Kamira/Shutterstock.com
Figura A2.8 ¦ Chave para tubos (grifo).
Denis Dryashkin/Shutterstock.com
Figura A2.9 ¦ Chave para canos.
A2.2.5 Chave de boca ajustável (chave inglesa)
Embora seja muito utilizada na mecânica, possui vasta aplicação
em trabalhos domésticos e em serviços como montagem de
tubulações e eletrodutos para fios ou cabos elétricos e elementos de
fixação roscados. A chave de boca ajustável não deve receber
marteladas, nem prolongadores no cabo para aumentar o torque.
No universo mecânico, há muitas outras chaves de aperto e
desaperto. Mais detalhes podem ser encontrados nos catálogos dos
fabricantes.
ayazad/Sutterstock.com
Figura A2.10 ¦ Chave de boca ajustável (chave inglesa).
A2.3 A
Os alicates são ferramentas de apreensão ou corte que possuem
várias aplicações. Em função desse fato, apresentam características
de fabricação diferenciadas para atender às diversas aplicações. Na
área metal-mecânica, o alicate pode ser universal de corte ou de
aplicações específicas, como os destinados à montagem e
desmontagem de anéis de pressão. Na área elétrica, existem
alicates de corte e clipadores para aplicação específica de
instalações elétricas. A seguir serão apresentados os tipos de
alicates mais comuns na área de lubrificação industrial.
siloto/Shutterstock.com
Figura A2.11 ¦ Alicate universal com cabo isolado.
A2.4 M
Martelos são ferramentas utilizadas para conformação de
chapas, peças, pregos etc., nas diversas áreas de mecânica,
caldeiraria, funilaria, marcenaria, construção civil e para uso
doméstico. Apesar de sua simplicidade construtiva, o martelo deve
ser selecionado corretamente para evitar danos às peças que serão
montadas e até acidentes de trabalho. Seguem-se os tipos de
martelo mais usuais e suas aplicações.
garmoncheg/Shutterstock.com
Figura A2.13 ¦ Martelo de borracha.
_LeS_/Shutterstock.com
Figura A2.14 ¦ Martelo para pregos.
Vydrin / Shuttersock.comc
Figura A2.15 ¦ Martelo de bola.
5ociq/Shutterstock.com
Figura A2.16 ¦ Martelo de pena.
A2.5 D
( - )
O extrator de polias, ou saca-polias, como é conhecido, é um
item muito importante para a correta desmontagem de conjuntos
mecânicos que possuem polias ou engrenagens. Esse extrator
permite que a peça seja retirada de maneira alinhada e com
equilíbrio das forças aplicadas no momento da retirada, evitando
danos ao eixo ou às peças (engrenagens ou polias).
A2.6 D
Outras fontes
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15154:
certificação de mecânico de manutenção. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). CBO. Disponível em:
<http://consulta.mte.gov.br/empregador/cbo/procuracbo/conteudo/tabela3.asp
?gg=8&sg=4&gb=9 >. Acesso em: 3 dez. 2016.
SENAI. CPM - Programa de certificação de pessoal de manutenção
mecânica: lubrificação. Espírito Santo: Senai, 1996.
Marcas registradas
Todos os nomes registrados, marcas registradas ou direitos de uso citados
neste livro pertencem aos seus respectivos proprietários.
Caderno de respostas
Lubrificação Industrial
C 2O
C 3M
C 4L
C 5O
As principais partes a serem lubrificadas de um torno mecânico
horizontal são o cabeçote fixo, o barramento, o carro principal,
o avental, o carro transversal, o carro superior e o cabeçote
móvel.
A lubrificação nos mancais de deslizamento é feita pela aplicação
de uma fina camada de óleo lubrificante entre a superfície do
foro da bucha e o eixo que trabalha no mancal denominado
filme fluido. A lubrificação deve ser periodicamente controlada
para evitar atrito excessivo entre as superfícies do eixo e da
bucha do mancal.
Os sistemas de lubrificação podem ser um sistema circulatório de
óleo ou a lubrificação por neblina.
Banho de óleo, salpico, graxa, automatizado com bomba de óleo
e com a utilização de almotolias.
Consiste em um processo químico que separa resíduos que
estão contaminando o lubrificante e insere aditivos e outras
substâncias químicas para melhorar a composição química do
lubrificante, conferindo as características desejáveis para as
aplicações a qual o lubrificante foi desenvolvido.
Caixa de engrenagens e coluna da mesa.
Corrente, coroas, eixos e chavetas.
Carro longitudinal, carro transversal, carro vertical, cabeçote
universal e caixa de engrenagens.
Evitar quedas bruscas, proteger as rampas de escorregamento,
não colocar baldes e tambores em contato direto com o chão,
não rolar os tambores em superfícies irregulares, empilhar as
embalagens de forma correta.
Descrição resumida: lubrifica as partes móveis de motores fixos,
máquinas operatrizes e equipamentos auxiliares de produção,
seguindo programa estabelecido e processos manuais e
mecânicos, para evitar desgastes excessivos e garantir o
melhor rendimento dos equipamentos.
C 6F