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Mecânico de Manutenção

Técnicas de lubrificação
Técnicas de Lubrificação

© SENAI-SP, 2009

Trabalho organizado pela Escola SENAI “Frederico Jacob” para o Curso de Aprendizagem Industrial-

Mecânico de Manutenção

Organização: José dos Santos Brito


SENAI Departamento Regional de São Paulo
Escola SENAI “Frederico Jacob”
Rua São Jorge, 634 Parque São Jorge
São Paulo - SP
CEP – 03087-000

Telefax (0XX11) 2091-8566

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Sumário

Noções básicas sobre lubrificação 7


Características dos lubrificantes 21
Aditivos 43
Graxas 55
Princípios fundamentais 75
Lubrificação de equipamentos 115
Planejamento da lubrificação 145

Referências 171
Técnicas de Lubrificação

Noções básicas sobre


lubrificação

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Substâncias lubrificantes;
• Petróleo, sua origem e refinação;
• Atrito, suas causas e tipos;
• Tribologia e desgaste.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Óleo lubrificante e suas categorias;
• Lubrificantes não minerais;
• Atrito, seus tipos e influências;
• Desgaste e suas leis;
• Substâncias lubrificantes e seus tipos.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Identificar problemas causados por atrito;
• Orientar a aplicação das substâncias lubrificantes.

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Introdução

Os componentes dos equipamentos mecânicos possuem um grande número de


superfícies em movimento relativo. Nessa movimentação, está presente o atrito, que
gera desgaste e limita a velocidade desses componentes.

Para reduzir os efeitos do atrito, são usados os lubrificantes.

Teoricamente, qualquer fluido pode funcionar como lubrificante. Entretanto, a grande


maioria dos lubrificantes é derivada do petróleo cujas propriedades são as mais
adequadas para a lubrificação.

Substâncias lubrificantes

De acordo com seu estado de agregação, os lubrificantes são classificados em:


• Gasosos;
• Sólidos;
• Pastosos;
• Líquidos.

Lubrificantes gasosos
São usados em casos especiais, onde não é possível o emprego dos lubrificantes
convencionais.

Exemplo: ar, nitrogênio, etc.

Lubrificantes sólidos
Esses lubrificantes têm a finalidade de substituir a película fluida por uma película
sólida.

Os sólidos minerais mais usados são o grafite, o dissulfeto de molibdênio, a mica e o


talco.

Esses sólidos apresentam excelentes propriedades de untuosidade e resistem a


elevadas temperatura e pressão.

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Lubrificantes pastosos
São as graxas e as composições betuminosas.

Lubrificantes líquidos
Os líquidos são em geral preferidos como lubrificantes. Eles possuem excelente
penetração entre as partes móveis e atuam, também, como removedores de calor.

Os lubrificantes líquidos classificam-se em:


• Óleos minerais (derivados do petróleo);
• Óleos não minerais (óleos graxos, compostos e sintéticos).

Petróleo

O petróleo é um líquido extraído da terra, de cor que varia entre o verde-escuro, o


marrom e o preto. Sua fluidez também é muito variável.

Bolsão de petróleo na crosta terrestre

O petróleo é formado basicamente por hidrocarbonetos, isto é, a combinação do


carbono com o hidrogênio. Sua composição química é:
• Carbono de 81 a 88 %;
• Hidrogênio de 10 a 14 %;
• Oxigênio de 0,01 a 1,2 %;
• Nitrogênio de 0,002 a 1,7 %;
• Enxofre de 0,01 a 5 %.

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Origem

No ano de 2.500 a.C., Noé calafetou sua arca com betume ou piche.

Em 1.600 a.C., a mãe de Moisés, para salvar seu filho, colocou-o numa arca untada
com piche. Os egípcios também usavam um derivado do petróleo para conservar as
múmias.

Para explicar a formação do petróleo, existem duas teorias: a vegetal e a animal.

Teoria vegetal
Imensas vegetações teriam sido cobertas, ocorrendo sua decomposição e
fermentação. Após milhares de anos nesse processo, desses depósitos subterrâneos
teria surgido o petróleo.

Teoria animal
Grande quantidade de animais e plantas marinhas teriam sido soterrados por
cataclismas. Após milhares de anos em decomposição, esses depósitos subterrâneos
teriam se transformado em petróleo.

Atualmente, os geólogos aceitam um misto das duas teorias como o mais provável.

Refinação

Inicialmente, o óleo cru é levado a um reservatório para separar por gravidade a água
e a areia. Em seguida, é bombeado para a torre de destilação, passando por um forno.

Nessa fase, separa-se o óleo dos combustíveis.

Logo após, o resíduo rico (óleo) passa por outro forno e é levado à torre de vácuo.
Nessa fase, o óleo separa-se em leve, médio e pesado.

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Destilação primária

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Destilação a vácuo

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Esses óleos são chamados óleos básicos e, ainda, não servem como base para os
lubrificantes sendo necessários para tanto os seguintes tratamentos:
• Refinação por solvente;
• Desparafinização;
• Hidrogenação.

Refinação por solvente


É um tratamento que extrai o asfalto e compostos similares do óleo.

Coloca-se o solvente no óleo e agita-se a mistura. Nesse momento, ocorre uma


combinação química entre o asfalto e o solvente.

Quando a agitação pára, ocorre a separação entre óleo e solvente o qual, por ser mais
pesado que o óleo, aglutina-se no fundo do recipiente.

Desparafinização
Consiste em tirar as ceras parafínicas do óleo básico. Essas ceras provocam alta
fluidez nos óleos.

Esse método se utiliza de adição de um solvente, resfriamento e filtração.

Hidrogenação
Tem o objetivo de estabilizar quimicamente os óleos, eliminando os compostos de
enxofre instáveis.

Após a hidrogenação, o óleo fica mais claro e diminui sua tendência à oxidação.

Óleo mineral lubrificante


Após passar pelos tratamentos citados, o óleo é chamado de mineral puro, e já pode
ser usado como base para os lubrificantes.

Em função da origem do petróleo cru, dividem-se os óleos minerais puros em três


categorias:
• Naftênicos;
• Parafínicos;
• Mistos.

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Essas categorias apresentam propriedades peculiares que indicam os óleos para umas
aplicações e contraindica-os para outras. Portanto, não há sentido em dizer que uma
categoria é melhor que outra.

Naftênico
É obtido do petróleo rico em asfalto e praticamente não tem parafina.

Parafínico
É obtido do petróleo rico em resíduo ceroso (parafinas) e não contém asfalto.

Misto
É obtido do petróleo com resíduos asfálticos e parafínicos e não é adequado à
lubrificação.

Comparação entre as categorias Parafínico Naftênico

• Sob frio intenso - congela - suporta


• Em presença de água - não mistura - mistura
• Cinza-se ao se queimar - muito - pouco
• Viscosidade com variação da
temperatura - pouca alteração - muita alteração
• Oleosidade - pequena - grande
• Resistência à oxidação - grande - pequena

Óleos lubrificantes não minerais

Os óleos orgânicos, vegetais e animais foram os primeiros lubrificantes a serem


usados. Hoje, estão quase totalmente substituídos pelos minerais.

Os óleos minerais, devido as suas limitações, provocaram o surgimento dos sintéticos.

Os principais lubrificantes não minerais são os óleos graxos, os compostos e os


sintéticos.

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Óleos graxos
São óleos vegetais e animais. Têm como vantagem uma boa aderência a superfícies
metálicas. Entretanto, são caros, não resistem à oxidação (ranço) e tornam-se ácidos e
corrosivos com o uso.
Os principais óleos graxos usados atualmente são o óleo de mamona e o óleo de
baleia.

Óleos compostos
São misturas de óleos minerais com óleos graxos. A proporção de óleos graxos na
mistura varia entre 1 e 25 %.

A finalidade da mistura é conferir ao lubrificante maior oleosidade e mais facilidade


para se emulsificar. Por isso, esses lubrificantes são encontrados em mecanismos de
caldeira a vapor e na formulação de óleos solúveis.

Óleos sintéticos
São óleos obtidos em laboratório e com qualidades superiores às dos óleos minerais.
Os principais óleos sintéticos são os ésteres de silicato, o silicone e os ésteres de
poliglicol.

Ésteres de silicato
Agüentam altas temperaturas (200º C) mas, em presença de água, formam uma pasta
abrasiva.

São usados como fluidos de transferência de calor, fluidos hidráulicos para altas
temperaturas e em graxas especiais de baixa volatilidade.

Silicone
É obtido do silício e possui mínima variação da viscosidade em função de mudança de
temperatura.

Sua volatilidade é muito baixa e a resistência à oxidação é alta, porém seu custo é
muito elevado.

Ésteres de poliglicol
Esses óleos têm baixa volatilidade, boa estabilidade térmica, bom poder lubrificante e
resistem a se inflamar.

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São usados como fluidos hidráulicos especiais. Podem aparecer, também, como
compostos solúveis ou não, em água.

Atrito

Sempre que houver movimento relativo entre duas superfícies, haverá uma força
contrária a esse movimento. Essa força chama-se atrito ou resistência ao movimento.

O atrito é, em alguns casos, necessário e útil, como nos sistemas de freios. Em outros
casos, porém, é indesejável porque dificulta o movimento, gera calor e consome
energia motriz, sem produzir o correspondente trabalho.

O atrito classifica-se em dois tipos: sólido e fluido.

Atrito sólido
Ocorre quando há o contato de duas superfícies sólidas entre si. O atrito sólido é
subdividido em: atrito de rolamento e atrito de deslizamento.

Atrito sólido

Atrito de rolamento
Ocorre quando o deslocamento de uma superfície se efetua através da rotação de
corpos cilíndricos, cônicos ou esféricos, colocados entre essa superfície e outra. A
oposição ao movimento, neste caso, é menor do que no atrito de deslizamento.

Atrito de deslizamento
Ocorre quando uma superfície se desloca diretamente em contato com a outra.

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Atrito fluido
Quando existe uma camada fluida (líquida ou gasosa) separando as superfícies em
movimento, tem-se o atrito fluido.

Causas do atrito
As superfícies sólidas, mesmo as mais polidas, apresentam asperezas e
irregularidades. Tais irregularidades originam dois fenômenos: o cisalhamento e a
adesão.

Cisalhamento
Ocorre quando picos de duas superfícies entram em contato entre si. O atrito é
provocado pela resistência à ruptura que possuem os picos.

Existem casos onde a dureza das duas superfícies é a mesma, então ocorre o
cisalhamento em ambas as partes.

Mas, quando as durezas das superfícies são diferentes, ocorre o cisalhamento


predominantemente na superfície menos dura.

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Adesão
Quando as superfícies em contato apresentam microáreas planas, ocorre uma adesão
entre essas microáreas, provocando o atrito.

A adesão é também chamada solda a frio e é a maior responsável pela resistência ao


movimento.

Tribologia

No início da década de 60, estudiosos ingleses constataram que uma quantidade


exagerada de máquinas estava com desgaste.

Constataram também que o desgaste foi provocado predominantemente pelo atrito


elevado e lubrificação inadequada.

A partir disso, o governo inglês constituiu um grupo de trabalho para estudar o assunto.
Os estudos contaram com a participação de institutos internacionais de normalização e
pesquisa.

Ao fim das pesquisas, em 1968, criou-se uma nova ciência: a tribologia. A palavra
tribologia tem sua origem na língua grega – “tríbos” (atrito).

Tribologia é definida como a ciência que estuda as superfícies atuantes em movimento


relativo e todos os fenômenos daí decorrentes.

Atualmente, existem no mundo muitos institutos dedicados ao desenvolvimento da


tribologia. Vários dos materiais usados, atualmente, para evitar o atrito foram
desenvolvidos por esses institutos, tais como:
• Plásticos autolubrificantes;
• Revestimentos antiatrito para barramentos;
• Óleos lubrificantes com aditivos especiais;
• Materiais combinados como plástico com metais (teflon com bronze sinterizado).

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Em resumo, dar ao atrito a atenção necessária com o fim de aumentar a


disponibilidade operacional das máquinas é tarefa da tribologia.

Desgaste

Muito embora o objetivo da lubrificação seja reduzir o atrito, pode-se considerar que
sua finalidade última seja diminuir o desgaste.

O conhecimento das leis do desgaste ajuda-nos a saber como evitá-lo e como fazer
uma lubrificação correta; são elas:
• A quantidade de desgaste é diretamente proporcional à carga;
• A quantidade de desgaste é diretamente proporcional à distância deslizante;
• A quantidade de desgaste é inversamente proporcional à dureza da superfície.

Questionário – resumo

1 Quais as teorias que procuram explicar a formação do petróleo?

2 Quais as categorias dos óleos minerais em função da origem do petróleo cru?

3 Quais são os lubrificantes não minerais? Cite exemplos.

4 O que é atrito sólido?

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5 O que é atrito fluido?

6 O que é solda a frio?

7 O que é tribologia?

8 Quais são as leis do desgaste?

9 As substâncias lubrificantes são classificadas em função do quê?

Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


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Características dos
lubrificantes

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Principais características dos óleos lubrificantes;
• Métodos e aparelhos usados nos ensaios que identificam as características dos
lubrificantes.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Importância das características para aplicação prática dos óleos;
• Unidades usadas nos diversos ensaios e seu uso industrial.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Interpretar especificações de óleos.

Introdução

Na fabricação de qualquer produto, são estabelecidos padrões.

As características peculiares do produto são a base para serem estabelecidos esses


padrões, cuja finalidade é a identificação ou reprodução desse mesmo produto.

Num laboratório, são feitos testes para avaliar as condições dos diferentes
lubrificantes, porém a palavra final virá do uso prático.

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A seguir, serão apresentadas as características e os testes feitos para identificar os


lubrificantes.

Viscosidade

A viscosidade é a resistência oferecida por um fluido qualquer ao movimento ou ao


escoamento.

Pode-se dizer que a viscosidade é a propriedade principal dos lubrificantes, pois está
ligada com a capacidade para suportar carga, ou seja, quanto mais viscoso for o óleo,
mais carga pode suportar.

A viscosidade é conseqüência do atrito interno dos fluidos. Resulta desse fato a grande
influência da viscosidade do lubrificante na perda de potência do motor e na
intensidade do calor produzido nos mancais.

A viscosidade é inversamente proporcional a altas temperaturas. Assim, quanto maior


for a temperatura, menor será a viscosidade do óleo.

Relação viscosidade-temperaturas nos óleos

Popularmente, a viscosidade é o corpo do lubrificante. Um óleo de grande viscosidade


é chamado grosso e flui com dificuldade; um óleo de pouca viscosidade é chamado
fino e escorre facilmente.

22 SENAI
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Escalas de viscosidade

Existem escalas físicas e escalas empíricas ou convencionais para medir a


viscosidade cinemática; as escalas convencionais recebem os nomes de seus autores:
Saybolt, Redwood e Engler.

Viscosidade cinemática
É definida como a razão entre a viscosidade absoluta (VA) e a densidade, ambas à
mesma temperatura.

Na prática, a viscosidade cinemática é


medida com o viscosímetro de Ostwald.

A tendência internacional é substituir os


outros viscosímetros pelo de Ostwald. Os
motivos dessa tendência são a simplicidade
operacional, a rapidez e a boa precisão.

O funcionamento de modo geral do


viscosímetro de Ostwald é o seguinte:
• Coloca-se uma quantidade de óleo
suficiente para encher os bulbos A e B;
• Coloca-se o aparelho dentro de um banho
de aquecimento;
• O óleo ao atingir a temperatura de 100º F
(37,8º C) é aspirado até o ponto 3;
• Em seguida, interrompe-se a sucção e
registra-se o tempo (segundos) que o
nível superior do óleo demora para descer
de 4 até 5;
• O tempo registrado é multiplicado por uma
constante do aparelho e representa a
viscosidade cinemática.
Viscosímetro de Ostwald

A unidade usada é o stoke (cm2/s). Como um stoke é muito grande para o uso
convecional, usa-se o centistoke que é a centésima parte do stoke.

SENAI 23
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Viscosidade absoluta
É definida como a força (em dina) necessária para fazer deslocar uma superfície plana
de 1 cm2 sobre outra, do mesmo tamanho, com velocidade de 1 cm/s. Estando as duas
superfícies separadas por uma camada de fluido com 1 cm de espessura.

Esquema de viscosidade cinemática

Sua unidade é o poise, que tem as dimensões em gramas por centímetro vezes
segundo. Também nesse caso emprega-se a centésima parte do poise: o centipoise.

Origem das unidades

As unidades para a escala física de viscosidade utilizam o sistema cgs (centímetro,


grama, segundo) de grandezas. Assim, o poise e o stoke seguem as deduções abaixo.

F. t Onde: F - Força em dina (gf . cm/s2)


p=
a
t - Tempo em segundos
a - Área em cm2
p - Poise

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g
p=
s . cm

VA Onde: s - Stoke
s=
d
VA - Viscosidade absoluta em poise
d - Densidade em g/cm3

cm 2
s=
s

Logo, o centistoke (cSt) é:

cm 2
cSt =
s . 100

mm 2
cSt =
s

Viscosidade convencional
A viscosidade convencional ou empírica é medida por meio dos seguintes
viscosímetros:
• Saybolt – usado na América do Norte;
• Redwood – usado no Reino Unido;
• Engler – usado na Europa.

Todos esses aparelhos têm uma construção e um princípio de atuação semelhantes


entre si.

Todos compõem-se, basicamente, de um tubo de secção cilíndrica com um


estreitamento na parte inferior.

SENAI 25
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Coloca-se um determinado volume de óleo nesse tubo que fica mergulhado em um


banho com temperatura controlada. A seguir, deixa-se escoar o óleo através do orifício
inferior e registra-se o tempo de escoamento.

A figura a seguir mostra o viscosímetro de Saybolt; os outros viscosímetros


diferenciam-se deste, principalmente, pelo volume de óleo e temperatura utilizados
(tabela seguinte).

Existem ainda as variações saybolt furol e graus engler.

Viscosímetro de Saybolt

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Volume de
Viscosímetro Símbolo Temperaturas
óleo

universal SUS ou SSU 70º F, 100º F, 130º F, 210º F


Saybolt 60 ml
furol SFS ou SSF 77º F, 100º F, 122º F, 210º F
I ou 1
I ou 1 77º F, 100º F, 140º F, 200º F
(standard)
Redwood 50 ml
II ou 2
II ou 2 77º F, 86º F
(admiralty)

segundos -
Engler 200 ml 20º, 50º C, 100º F
o
graus E

Saybolt furol
É um modelo quase idêntico ao saybolt universal, possuindo apenas o orifício inferior
do tubo maior que o do universal. Destina-se a medir óleos de elevada viscosidade, tal
como os óleos combustíveis.

Graus engler
Nesse caso, o tempo gasto para o óleo escorrer é dividido pelo tempo gasto, nesse
mesmo ensaio, por um volume de água destilada igual ao volume de óleo a ser
testado.

Conversão de viscosidades
A conversão entre os vários métodos pode ser feita considerando a mesma
temperatura para os ensaios, ou considerando várias temperaturas para um único
ensaio (Tabelas: Viscosidades cinemáticas aproximadas em várias temperaturas
(baseadas num grupo representativo de óleos minerais) e Conversão de viscosidades
à mesma temperatura).

Classificação de viscosidade ISO


A International Standardisation Organization (ISO) estabeleceu um sistema de
classificação aplicável aos óleos industriais. Nesse sistema, a única característica
considerada é a viscosidade.

SENAI 27
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Tabela: Viscosidades cinemáticas aproximadas em várias temperaturas (baseadas


num grupo representativo de óleos minerais)

Viscosidade (cSt)

68º F 122º F 212º F


70º F 100º F 130º F 140º F 200º F 210º F 250º F
(20º C) (50ºC) (100º C)

3,03 2,95 2 - - - - - - -

6,9 6,6 4 2,95 2,70 2,40 - - - -

11,2 10,6 6 4,3 3,85 3,38 - - - -

15,5 14,8 8 5,6 4,9 4,3 2,24 2,06 2,03 -

20,5 19,5 10 6,8 6 5,2 2,57 2,35 2,30 -

25,5 24 12 7,9 6,9 6 2,90 2,60 2,57 -

31 29 14 9,1 7,9 6,8 3,16 2,88 2,85 2,06

36 34 16 10,2 8,9 7,5 3,45 3,10 3,06 2,20

42 39 18 11,4 9,8 8,3 3,7 3,33 3,27 2,33

47 44 20 12,5 10,7 9 3,9 3,53 3,48 2,46

62 58 25 15,2 13 10,8 4,5 4,05 3,98 2,75

77 72 30 17,7 15 12,4 5 4,47 4,37 3

94 88 35 20,4 17 14 5,5 4,85 4,73 3,20

110 104 40 22,7 19 15,4 5,8 5,2 5 3,35

131 121 45 25 21 16,9 6,2 5,5 5,3 3,54


150 137 50 27,4 22,7 18,5 6,5 5,8 5,6 3,70
169 156 55 30 24,5 19,7 6,9 6,1 5,9 3,84

190 173 60 32 26,4 21 7,2 6,3 6,2 4

230 210 70 37 30 23,5 7,8 6,8 6,7 4,25

270 245 80 42 33 26,3 8,5 7,4 7,2 4,53

320 285 90 46 37 29 9,2 7,9 7,7 4,8

360 320 100 50 40 31 9,7 8,4 8,2 5,1

400 360 110 55 44 34 10,3 8,9 8,7 5,3

28 SENAI
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Tabela: Conversão de viscosidades à mesma temperatura


Saybolt Redwood Engler Cinemática Saybolt Redwood Engler Cinemática

32 30 1,11 1,83 235 207 6,70 50,8

34 31,5 1,17 2,39 240 211 6,84 51,9

36 33 1,22 3,00 245 215 6,98 53,0

38 34,5 1,28 3,63 250 219 7,12 54,1

40 36 1,34 4,28 500 439 14,25 108,2

42 37,5 1,39 4,91 520 456 14,81 112,5

44 39 1,45 5,53 800 702 22,78 173,2

46 41 1,50 6,16 850 746 24,20 184,0

48 42,5 1,55 6,78 900 790 25,63 194,8

50 44 1,60 7,39 950 833 27,05 205,6

100 88 2,94 20,60 1.000 877 28,48 216,5

105 92 3,09 21,77 1.500 1.316 42,72 324,7

110 96 3,23 22,93 1.600 1.404 45,57 346,3

115 101 3,37 24,09 1.700 1.491 48,42 368,0

120 105 3,51 25,24 1.800 1.579 51,3 389,6

125 110 3,65 26,39 1.900 1.667 54,1 411

130 114 3,78 27,53 2.000 1.775 56,9 433

135 118 3,92 28,67 3.000 2.632 85,4 649

140 123 4,06 29,80 4.000 3.509 113,9 866

145 127 4,20 30,93 4.500 3.948 128,2 975

150 132 4,33 32,06 5.000 4.386 142,4 1.083

200 176 5,72 43,16 5.500 4.825 156,6 1.190

205 180 5,86 44,26 6.000 5.264 170,9 1.299

210 185 6,00 45,36 7.000 6.141 199,3 1.515

215 189 6,14 46,45 8.000 7.018 227,8 1.732

220 193 6,28 47,54 9.000 7.896 256,3 1.948


225 198 6,42 48,63 10.000 8.772 284,8 2.166

230 202 6,56 49,72

SENAI 29
Técnicas de Lubrificação

A classificação ISO de viscosidade expressa seus valores em graus de viscosidade


cinemática a 40º C dos óleos.

Tabela: Classificação ISO de viscosidade


Limites de viscosidade cinemática
Viscosidade mediana
Grau de viscosidade (cSt a 40º C)
(cSt a 40º C)
Mínimo Máximo

ISO VG 2 2,2 1,98 2,42

ISO VG 3 3,2 2,88 3,52

ISO VG 5 4,6 4,14 5,06

ISO VG 7 6,8 6,12 7,48

ISO VG 10 10 9,00 11,0

ISO VG 15 15 13,5 16,5

ISO VG 22 22 19,8 24,2

ISO VG 32 32 28,8 35,2

ISO VG 46 46 41,4 50,6

ISO VG 68 68 61,2 74,8

ISO VG 100 100 90 110

ISO VG 150 150 135 165

ISO VG 220 220 198 242

ISO VG 320 320 288 352

ISO VG 460 460 414 506

ISO VG 680 680 612 748

ISO VG 1.000 1.000 900 1.100

ISO VG 1.500 1.500 1.350 1.650

A nomenclatura usada nas especificações por esse sistema é:

Índice de viscosidade

O índice de viscosidade (IV) de um óleo é um valor empírico que estabelece uma


relação entre a variação que sua viscosidade sofre com a alteração da temperatura, e
as variações idênticas de dois óleos padrões.

30 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O método do IV foi criado em 1929 e tomou como padrões o óleo mais sensível e o
menos sensível conhecidos na época.

O mais sensível recebeu o índice 0 (IV = 0); o menos sensível recebeu índice 100 (IV =
100). Foram tomadas por padrões as viscosidades medidas às temperaturas de 100 e
210º F (37,8 e 99º C) e mais recentemente a 40 e 100º C.

Atualmente, é possível produzir óleos mais sensíveis à temperatura do que os


abrangidos pela referência IV = 0, e outros menos sensíveis do que os que figuram
com a referência IV = 100.

Portanto, encontramos no mercado óleos com IV abaixo de zero e outros com IV acima
de 100.

Em resumo, a viscosidade de todos os óleos diminui com o aumento da temperatura,


mas a dos óleos com alto IV não varia tanto como a dos óleos que têm baixo IV.

Interpretação do IV
Pelo fato de as temperaturas de serviço às quais os óleos estão sujeitos serem muito
variáveis, torna-se importante conhecer o IV. Esse valor é obtido por meio do catálogo
do fornecedor.

A altas temperaturas, a viscosidade de um óleo pode cair tanto que a película


lubrificante pode se romper, provocando um sério desgaste das peças pelo contato de
metal com metal.

No caso oposto, a baixas temperaturas, o óleo pode tornar-se tão viscoso que não
consiga circular; ou, ainda, pode gerar forças que dificultem a operação da máquina.

Portanto, óleos sujeitos a considerável variação de temperaturas devem ter alto IV. É o
caso dos automóveis, das máquinas-ferramentas e dos aviões.

Cor

Os produtos de petróleo apresentam variação de cor quando observados contra a luz.


Essa faixa de variação atinge desde o preto até quase o incolor.

SENAI 31
Técnicas de Lubrificação

Existem vários aparelhos para determinar a cor dos óleos lubrificantes, são os
colorímetros. O mais usado para fins industriais e automotivos é o colorímetro Union.

Colorímetro Union

O colorímetro Union é recomendado pela ASTM (norma D-155). O aparelho possui um


tubo com luneta que permite observação simultânea da amostra do óleo e do vidro na
cor padrão. Esse vidro possui oito cores diferentes numeradas de 1 (cor mais clara) a 8
(cor mais escura).

A cor é importante para os óleos brancos, pois eles têm aplicação como lubrificantes
de fibras têxteis sintéticas. Elas não podem sofrer manchas.

Para os lubrificantes comuns, tem pouca importância a determinação da cor, salvo


para o fabricante controlar a uniformidade do produto.

Densidade

Densidade ou massa específica de uma substância é o quociente de sua massa pelo


seu volume. Como o volume varia com a temperatura, é necessário referir-se à
temperatura de medição.

32 SENAI
Técnicas de Lubrificação

A densidade dos lubrificantes em geral é comparada com a densidade da água. Ora,


os lubrificantes, por serem mais leves que a água, possuem densidade inferior a 1.

Isso, provavelmente pareceu incômodo aos técnicos do American Petroleum Institute


(API), que fizeram uma escala própria. Essa escala dá o grau 10 para a água, e para
líquidos mais leves dá graus superiores a 10. A densidade em graus API é dada pela
fórmula:

141,5
ºAPI = - 131,5
densidade a 60º F

O quadro abaixo mostra equivalência entre graus API e densidade.

ºAPI

10 11 12 13 14 15 20 30 40 50

Densidade (kg/dm3)

1,000 0,993 0,986 0,979 0,972 0,966 0,934 0,876 0,825 0,780

O valor da densidade como fator de especificação dos lubrificantes é muito reduzido.


Quando muito, pode-se eventualmente determinar o tipo de óleo cru do qual um óleo é
proveniente.

O único interesse prático em conhecer a densidade, ou melhor, a massa específica de


um lubrificante é poder converter um valor de volume em massa, ou vice-versa. Esses
cálculos são necessários para operações de frete e conferência de recebimento.

Ponto de fulgor

O ponto de fulgor é a temperatura em que o óleo, quando aquecido, desprende os


primeiros vapores que se inflamam momentaneamente em contato com uma chama
(“flash”).

SENAI 33
Técnicas de Lubrificação

O aparelho mais usado para esse teste é o “cleveland open cup”, isto é, o “cleveland
vaso aberto”.

Aparelho cleveland vaso aberto

O conhecimento do ponto de fulgor permite avaliar as temperaturas de serviço que um


óleo pode suportar com absoluta segurança.

Óleos com ponto de fulgor inferior a 150º C não devem ser empregados para fins de
lubrificação. Produtos de petróleo, lubrificantes ou combustíveis, com ponto de fulgor
abaixo de 70º C, são considerados, por lei, como de manuseio perigoso.

O ensaio do ponto de fulgor é importante para avaliar as condições de contaminação


por combustíveis em óleos de motor usados.

Ponto de combustão

É a temperatura a que o produto deve ser aquecido para inflamar de modo contínuo,
durante um mínimo de cinco segundos. É também chamado de ponto de inflamação.

O ponto de combustão é de 22 a 28º C acima do ponto de fulgor.

O aparelho usado para esse ensaio é o mesmo da figura anterior.

34 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Ponto de fluidez e ponto de névoa

São dois testes feitos em um óleo no mesmo aparelho. Por serem visuais, estão
limitados aos produtos que apresentam a transparência necessária.

Aparelho para teste de ponto de fluidez e névoa

O teste consiste em colocar o óleo num tubo com termômetro e mergulhá-lo num
ambiente frio. A cada queda de 5º F (3º C) no termômetro, a amostra é retirada e
observada.

Ponto de névoa
É a temperatura na qual é observada uma névoa ou turvação da amostra.

A névoa ocorre porque substâncias cerosas (parafinas), normalmente dissolvidas no


óleo, começam a se separar formando minúsculos cristais que são responsáveis pela
turvação do óleo.

O conhecimento do ponto de névoa é importante somente nos casos onde a


capilaridade é usada para conduzir o lubrificante às partes móveis, buchas de bronze
sinterizado, por exemplo.

SENAI 35
Técnicas de Lubrificação

Ponto de fluidez
É a mais baixa temperatura na qual o óleo ainda flui nas condições normais do teste.

É importante conhecer o ponto de fluidez de qualquer lubrificante exposto a


temperaturas de serviço muito baixas (menores que 0º C).

Acidez e alcalinidade

O grau de acidez ou alcalinidade de um óleo pode ser avaliado pelo seu número de
neutralização.

O número de neutralização é a quantidade, em mg, de KOH (hidróxido de potássio)


necessária para neutralizar os ácidos contidos em um grama de óleo.

Nem sempre o óleo é ácido. Quando ele é básico, utiliza-se uma solução ácida como
ácido clorídrico ou sulfúrico para neutralização.

Nesse caso, a quantidade de solução ácida necessária para a neutralização do óleo é


convertida em equivalentes miligramas de KOH. Assim a unidade de acidez ou
alcalinidade é mgKOH/g.

Ensaio para o número de neutralização

O número de neutralização aparece sob nomes que veremos a seguir.

36 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Índice de acidez forte (SAN)


É a quantidade de base, expressa em mg de KOH, necessária para neutralizar os
ácidos fortes presentes em um grama de óleo.

Índice de acidez total (TAN)


É a quantidade de base, em mgKOH/g, necessária para neutralizar os ácidos
presentes em um grama de óleo.

Índice de alcalinidade total (TBN)


É a quantidade de ácido, em equivalentes mg de KOH, necessária para neutralizar
todos os componentes básicos presentes em um grama de óleo.

Índice de alcalinidade forte (SBN)


É a quantidade de ácido, em equivalentes mg de KOH, necessária para neutralizar as
bases fortes de um grama de óleo.

Aplicação do número de neutralização


Os óleos minerais puros têm um número de neutralização inferior a 0,1 mgKOH/g. Os
lubrificantes aditivados possuem valores bem maiores.

A função principal desse número está no controle de óleos usados, pois nos ensaios
pode-se verificar a variação desse número e saber se o óleo está deteriorado ou
contaminado.

Demulsibilidade

É a capacidade que possuem os óleos de se separarem da água.

O número de demulsibilidade (também chamado número de emulsão) é o tempo em


segundos que a amostra de óleo leva para separar-se da água condensada
proveniente de uma injeção de vapor. Esse ensaio é normalizado pela ASTM.

Em geral, os óleos que oferecem menor resistência a se emulsificar são os de maior


acidez que, entretanto, apresentam maior resistência da película.

Por outro lado, o óleo oxidado se emulsifica mais facilmente que o novo.

SENAI 37
Técnicas de Lubrificação

A demulsibilidade é muito importante em turbinas hidráulicas, pois se não houver


separação rápida entre óleo e água, ocorrem sérios danos às partes metálicas.

É desejável que exista a facilidade para emulsificar nos óleos para cilindros a vapor,
compressores de ar e marteletes para facilitar a lubrificação das válvulas.

Corrosão

Os lubrificantes são submetidos a testes para determinar a tendência de virem a


corroer metais.

O ensaio de corrosão mais usado é o ensaio segundo ASTM D.130.

O processo consiste em mergulhar uma lâmina de cobre bem polida numa amostra de
óleo aquecida a 100º C.

Ensaio de corrosão

38 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Após três horas, a lâmina é retirada e lavada. Então, sua cor é comparada com uma
escala de padrões.

O resultado é expresso pelos números de classificação de 1 a 4; havendo em cada


classe estágios intermediários dados por letras (1a, 1b, etc.). A menor corrosão é
expressa pelo número 1 e o maior pelo número 4.

O óleo mineral puro, para lubrificantes, enquadra-se em 1a ou 1b no máximo.

Oxidação

Oxidação é a capacidade de o óleo combinar-se quimicamente com o oxigênio do ar.


Essa combinação leva à formação de verniz e borra que corroem os mancais.

Os ensaios de laboratório para determinar a resistência à oxidação atuam do seguinte


modo:
• Submetem o lubrificante a temperaturas maiores do que as atingidas na prática;
• A oxidação do óleo é ativada pelo uso de oxigênio puro sob pressão;
• O resultado é expresso pelo número de neutralização da amostra após o ensaio.

Espuma

Os óleos lubrificantes quando agitados em presença de ar tendem a formar espuma.


Ela é indesejável principalmente em sistemas hidráulicos e caixas de engrenagens
pois a espuma impede a formação de uma película lubrificante contínua.

Para evitar a formação de espuma, são usados aditivos nos óleos lubrificantes.

Ponto de anilina

É a temperatura mais baixa na qual um volume de um produto de petróleo é


completamente miscível em igual volume de anilina.

SENAI 39
Técnicas de Lubrificação

O ponto de anilina dá a idéia do poder solvente dos derivados do petróleo. Essa


característica é indesejável nos lubrificantes pois indica a tendência de atacar peças de
borracha.

Quanto mais baixo for o ponto de anilina de um óleo, maior será seu poder solvente e
maiores serão os danos causados à borracha. O principal desses danos é o aumento
de volume da peça. O gráfico abaixo mostra a relação entre o aumento de volume das
peças de borracha e o ponto de anilina.

Relação entre o ponto de anilina e peças de borracha

Cinzas

Os lubrificantes puros e novos são compostos de hidrocarbonetos e algumas


impurezas (compostos de enxofre, oxigênio e nitrogênio). Todos esses elementos
químicos ao se queimarem, em presença de ar, produzem vapor d’água e gases, não
deixando resíduos.

Ao se queimar um óleo que contenha um aditivo de base metálica ou que já tenha sido
usado e esteja contaminado, haverá formação de um resíduo, as cinzas.

40 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O ensaio que determina a quantidade de cinzas serve para determinar se um óleo


possui aditivos ou se está contaminado por impurezas metálicas.

Análise espectrográfica

Para submeter um óleo à análise espectrográfica procede-se à combustão de uma


determinada quantidade de amostra.

A cinza obtida é misturada a um padrão normalizado (carbonato de lítio). Coloca-se


uma pequena porção da mistura em um dos eletrodos de uma lâmpada de arco e
fotografa-se o espectro resultante.

Por esse método, determina-se a quantidade, em partes por milhão, de vários


elementos:
• Sílica – que indica o índice de pó introduzido pelo ar;
• Ferro – que revela desgaste nos componentes de aço ou ferro fundido;
• Estanho, chumbo, cobre – que revelam desgaste de mancais;
• Cromo – que indica desgaste de camisas ou outras peças cromadas.

Questionário – resumo

1 Qual é a realização entre viscosidade e temperatura?

2 Qual é a unidade para viscosidade cinemática?

3 O que é índice de viscosidade?

SENAI 41
Técnicas de Lubrificação

4 Qual é a importância de conhecer o ponto de fulgor?

5 Por que é importante conhecer o ponto de fluidez?

6 Qual é a importância do número de neutralização?

7 O que determina o teste de corrosão?

8 Qual é o efeito da oxidação dos óleos?

9 Qual é o principal dano causado pelos lubrificantes às borrachas?

10 O que determina a análise espectroscópica?

Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


42 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Aditivos

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Aditivos usados em lubrificantes;
• Funções, composição, aplicação e testes dos aditivos.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Função dos principais aditivos usados nos óleos lubrificantes;
• Vários testes para lubrificantes com EP.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Listar aditivos necessários para óleos de uso comum.

Introdução

Com o extraordinário desenvolvimento mecânico dos últimos tempos, surgiu a carência


de óleos especiais.

Tendo em vista as limitações dos óleos minerais, foram desenvolvidas substâncias


(aditivos) para serem adicionadas a eles.

Esses aditivos dão ao óleo novas propriedades, melhoram as existentes ou eliminam


as indesejáveis. A seguir serão estudados os principais aditivos.

SENAI 43
Técnicas de Lubrificação

Extrema pressão
A função principal dos lubrificantes é separar as superfícies em movimento. Com isso,
reduz-se o atrito, o desgaste e a geração de calor.

Existem, porém, situações onde a pressão exercida sobre a película lubrificante é tão
elevada que ocorre o seu rompimento. Aí, o contato metal-metal é extremamente
danoso.

O contato metal-metal provoca escoriações e arranhaduras em engrenagens e


mancais que, por sua vez, geram a soldagem e a deformação a frio. Essas são as
ocorrências combatidas pelos lubrificantes possuidores da propriedade extrema
pressão (EP), dada pelo aditivo EP.

O comportamento dos óleos com e sem aditivos EP é semelhante até o momento da


falha da película lubrificante. Nesse ponto o aditivo entra em ação.

Composição e ação dos EP


Os aditivos EP são feitos de compostos de cloro, enxofre e fósforo, ou combinações
desses elementos. Esses compostos reagem quimicamente com o metal para formar
películas finíssimas de sulfetos, cloretos e fosfetos aderentes ao metal.

Tais compostos químicos têm baixa resistência ao cisalhamento e por isso evitam as
escoriações, as soldagens, etc.

A ação dos elementos citados ocorre assim:


• O enxofre é de ação lenta e residual;
• O cloro é de pronta ação e curta duração;
• O fósforo forma fosfatos com o metal. Esses fosfatos ao sofrerem atrito provocam o
polimento das partes em contato.

Testes para lubrificantes com EP


Existem diversos testes para avaliação do desempenho dos lubrificantes com EP.
Todos, de modo geral, consistem em fazer atuar uma carga crescente sobre duas
superfícies em movimento lubrificadas pelo produto em teste.

44 SENAI
Técnicas de Lubrificação

A seguir, serão apresentados os principais testes para avaliação do desempenho dos


lubrificantes com EP.

Teste almen

Uma barra cilíndrica é posta a girar, prensada entre dois semimancais. A cada intervalo
de dez segundos, aumentam-se duas libras na carga. O resultado é expresso pela
carga aplicada no início das escoriações.

Teste tinken

Um bloco de aço é impelido contra o anel de aço do cilindro rotativo durante dez
minutos. O resultado é dado pela pressão mais alta aplicada sem que haja
escoriações.

SENAI 45
Técnicas de Lubrificação

Teste SAE

Dois cilindros que giram com velocidades diferentes são impelidos um contra o outro. A
carga é aumentada até que ocorre a falha. Esse aparelho difere dos dois anteriores
devido ao fato de que os dois cilindros criam uma combinação de atritos de rolamento
e escorregamento, enquanto os outros possuem apenas atrito de escorregamento.

Teste falex

Dois mancais duros pressionam crescentemente um eixo mais mole, no qual ocorre o
desgaste.

46 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Teste four ball

Uma esfera de aço de 1/2 polegada gira em contato com outras três esferas iguais
fixas. Isso proporciona três pequenas áreas circulares de desgaste. O desgaste e o
coeficiente de atrito são medidos periodicamente até que, devido ao atrito e ao
aumento de pressão, as esferas soldam-se.

Antioxidantes

Os aditivos antioxidantes são elementos que têm maior afinidade com o oxigênio do
que os hidrocarbonetos formadores do óleo, ou seja, são receptores preferenciais de
oxigênio.

Qualquer lubrificante se oxida, o que o aditivo faz é controlar a velocidade de oxidação


por um tempo. Quando esse tempo se esgota, o óleo é considerado vencido. É o
momento em que a formação de borras, gomas e vernizes ocorre em grande
quantidade.

Os efeitos de um óleo com borras e vernizes são:


• Eliminação de folgas;
• Prejuízo da dissipação de calor;
• Diminuição do rendimento;
• Falhas e defeitos em vários pontos do equipamento.

Os aditivos antioxidantes são feitos em geral de compostos de enxofre e fósforo. Sua


concentração nos lubrificantes é da ordem de 0,001 % a 0,1 %.

SENAI 47
Técnicas de Lubrificação

Anticorrosivos

Os aditivos anticorrosivos têm a função de proteger os metais contra:


• Substâncias corrosivas presentes no óleo, tais como borras e produtos da queima
de combustível;
• Agentes atmosféricos.

Para conseguir o primeiro tipo de proteção, adicionam-se ao óleo produtos que


previnam o contato entre o metal e a substância corrosiva, e, ao mesmo tempo,
neutralizem as substâncias ácidas presentes durante o serviço.

Em resumo, é necessário que o aditivo seja alcalino e forme uma película impermeável
sobre os metais.

Para o segundo tipo de proteção, os aditivos recebem o nome de inibidores de


ferrugem visto que se destinam à proteção dos metais ferrosos.

Inibidores de ferrugem
Esses aditivos são produtos que têm mais afinidade com o ferro do que com a água.
Assim, aderem ao metal e deslocam a umidade da superfície.

Esse deslocamento é conseguido por pequenos volumes de óleos graxos que


envolvem as partículas de água numa película oleosa. Além dos óleos graxos, usam-
se sulfonatos de petróleo.

Os inibidores de ferrugem podem ser usados em qualquer tipo de óleo. Porém, torna-
se necessário verificar se esses aditivos corroem os não ferrosos.

Detergentes e dispersantes
Os aditivos detergentes são compostos que auxiliam a manter limpas as superfícies
metálicas, minimizando a formação de borras e lacas de qualquer natureza, por meio
de realizações ou processos de solução.

O uso de aditivos detergentes não significa propriamente uma enérgica ação de


limpeza mas, uma redução na formação de depósitos.

48 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O aditivo dispersante busca dar aos óleos


lubrificantes a propriedade de manter em
suspensão, finamente divididas, quaisquer
impurezas formadas no interior do sistema
(ou que nele penetrem) até o momento de
serem eliminadas por ocasião da troca ou
purificação do lubrificante.

Os principais produtos usados como aditivos detergentes dispersantes são os


compostos organo-metálicos, cujas denominações químicas são: amina, hidroxila, éter
fosforado, carboxila e anidrido.

Antidesgaste

São aditivos destinados a evitar ou controlar o desgaste resultante do atrito.

O desgaste corrosivo, como já vimos, é combatido pelos antioxidantes, dispersantes e


anticorrosivos.

SENAI 49
Técnicas de Lubrificação

Assim, a função do aditivo antidesgaste é a mesma dos aditivos EP; alguns fabricantes
chegam a englobar os aditivos antidesgaste sob a denominação de agentes EP leves.

O principal elemento químico usado como antidesgaste é o fósforo.


O uso principal do antidesgaste é como agente de untuosidade, isto é, melhorador do
poder lubrificante.

Embora esse aditivo seja usado em muitos tipos de lubrificantes, é indispensável em


dois:
• Em óleos para caixas de velocidade automáticas, para combater os ruídos
característicos desses equipamentos. Tais ruídos são conhecidos como “squawk” e
“chatter”;
• Em óleos para barramentos, a fim de evitar as prisões seguidas de escorregamento
(fenômeno conhecido como “stick-slip”).

Antiespumantes

Os óleos lubrificantes formam espuma quando agitados em presença de ar. Isso é


indesejável pois a espuma diminui a espessura da película lubrificante.

O silicone é o melhor e mais eficiente aditivo antiespuma. Ele atua de modo a


desmanchar as bolhas de ar assim que elas atingem a superfície livre do óleo; sua
ação é muito parecida com a de furar uma bexiga.

Melhoradores do I.V.

São polímeros adicionados aos lubrificantes sujeitos à intensa variação de


temperatura.

A função dos melhoradores do I.V. é não permitir aumento ou diminuição excessivos da


viscosidade, durante trabalhos realizados em temperaturas baixas ou elevadas.

Agentes de adesividade

Certas aplicações dos óleos lubrificantes requerem óleos com alto poder de adesão,
quais sejam: na indústria têxtil e na alimentícia, que precisam evitar o gotejamento de
óleo sobre os produtos; ou, ainda, em componentes de máquinas com vazamentos,
folgas ou sujeitos à centrifugação.

50 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Os aditivos chamados agentes de adesividade são constituídos por polímeros de alto


peso molecular e hidrocarbonetos saturados. Esses compostos são altamente
resistentes à oxidação.

Os agentes de adesividade quando adicionados ao óleo, mesmo em pequenas


quantidades, conferem-lhe alto poder de aderência aos metais. Essa aderência
permanece inalterada nas condições normais de serviço, apesar de o movimento das
peças forçar a expulsão do óleo.

Abaixadores do ponto de fluidez


São compostos químicos (polimetacrilatos e poliacrilamidas) que fazem o óleo suportar
baixas temperaturas sem se congelar.

Esses aditivos atuam impedindo que os cristais de cera se formem e se aglutinem


impedindo a fluidez.

Assim, a temperatura considerada ponto de fluidez para um óleo com esse aditivo
passa a ser inferior àquela considerada ponto de fluidez para o óleo sem este aditivo.

Aditivos especiais
São basicamente de dois tipos:
• Corantes – sua finalidade é dar uma cor definida para identificação de um produto,
por exemplo gasolina, álcool e fluidos de corte;
• Antissépticos – sua função é inibir o crescimento de fungos e bactérias e seu uso
se restringe aos óleos de corte.

Aplicação dos aditivos

A próxima tabela mostra os óleos lubrificantes usuais, suas características, aplicações


e os aditivos empregados.

Para entender a tabela é necessário o código abaixo:


• Antioxidante (1);
• Melhoradores I.V. (2);
• Abaixador do ponto de fluidez (3);
• Agentes de adesividade (4);
• Antiespumante (5);

SENAI 51
Técnicas de Lubrificação

• Extrema pressão (6);


• Antidesgaste (7);
• Anticorrosão (8);
• Detergente dispersante (9).

Produto Aplicação Características Óleo básico Aditivos


Óleo para • Rolamento, • Estabilidade à oxidação Naftênico ou 1, 3, 5
lubrificação engrenagem e fuso parafínico
geral • Lubrificação por perda
Óleo de • Sistema hidráulico, • Elevada estabilidade à oxidação Parafínico 1, 3, 5, 6, 8
circulação circulatório e mancais • Alto I.V.
inibida • Boa demulsibilidade
Óleo para • Redutor de velocidade • Boa proteção contra desgaste e Parafínico ou 1, 3, 5, 6, 7,
engrenagens corrosão naftênico 8, 2*, 4*
• Antiespumante
Óleo para • Cilindro e mancal • Elevada estabilidade à oxidação Parafínico ou 1, 2, 3*, 6*,
compressores • Baixo depósito de impureza naftênico 8, 9
Óleo hidráulico • Sistema hidráulico • Boa proteção contra ferrugem e Naftênico ou 1, 2, 3, 4, 5,
corrosão parafínico 6, 7, 8
• Boa estabilidade à oxidação
• Alto I.V.
• Bom resfriamento
Óleo para • Aplicado até 150º C • Boa estabilidade à oxidação Naftênico, 1 e aditivo
transferência de • Pouca borra parafínico ou especial para
calor • Médio I.V. sintético refrigeração
• Bom resfriamento
Óleo contra • Proteção de superfície • Boa proteção anticorrosiva Naftênico 3, 4, 6, 7, 8,
ferrugem metálica • Boa formação de película 9
• Boa aderência
Óleo têxtil • Equipamento têxtil • Facilmente removido com água Naftênico 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8, 9

(*) Uso eventual

Questionário – resumo

1 Qual é a função dos aditivos?

52 SENAI
Técnicas de Lubrificação

2 Em que momento o aditivo EP entra em ação?

3 Qual é o modo de atuar dos vários testes para óleos com EP?

4 Quais são os efeitos de um lubrificante oxidado?

5 Qual é a função dos aditivos dispersantes detergentes?

6 Que tipo de desgaste é combatido pelo aditivo antidesgaste?

7 Por que é indesejável a espuma nos óleos lubrificantes?

8 Indique aplicações para os agentes de adesividade.

SENAI 53
Técnicas de Lubrificação

9 Quais são os aditivos necessários para um óleo usado em mancais deslizantes de


uma prensa excêntrica?

10 Quais são os aditivos necessários aos óleos para barramentos?

Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


54 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Graxas

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Composição das graxas;
• Características e aplicações;
• Ensaios de comportamento;
• Vantagens e desvantagens em relação ao óleo lubrificante.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Composição, características, aditivos e aplicações das graxas;
• Ensaios gerais e especiais.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Identificar graxas;
• Interpretar especificações de graxas.

Introdução

Define-se graxa como sendo um produto lubrificante obtido pela dispersão de um


agente engrossador em um fluido lubrificante. Sua consistência pode variar desde o
estado semifluido ao sólido.

SENAI 55
Técnicas de Lubrificação

O termo original graxa era restrito a gorduras moles, encontradas nos tecidos dos
animais. Essas gorduras, à temperatura ambiente, tornavam-se sólidas ou semifluidas.
Assim, quando as graxas tornaram-se artigos comerciais, foram chamadas graxas
duras.

Antigamente, as graxas eram usadas apenas em lubrificações sem importância.

Com o passar do tempo, as qualidades foram sendo aperfeiçoadas e hoje é um


produto que representa 10 % do consumo de lubrificantes.

Vantagens e desvantagens das graxas

As vantagens das graxas, assim como as desvantagens, devem ser entendidas em


comparação com os óleos lubrificantes.

Vantagens
• Devido a sua consistência, a graxa forma uma camada protetora na peça
lubrificada, isolando-a de corpos estranhos;
• A adesividade da graxa é particularmente vantajosa para peças deslizantes ou
oscilantes;
• Torna possível a fabricação de mancais ou sistemas de engrenagens selados;
• No caso de rolamentos, permite a operação em várias posições;
• No caso de mancais de deslizamento, permanece onde é necessário durante as
partidas e operações intermitentes.

Desvantagens
• Menor dissipação de calor;
• Menor resistência à oxidação;
• Maior atrito fluido, isto é, em altas rotações o aquecimento é maior.

Estruturas das graxas


Observadas, ao microscópio eletrônico, as graxas apresentam uma fina trama de fibras
de sabão (agente engrossador) retendo o óleo lubrificante. Essa estrutura assemelha-
se a pêlos de uma escova retendo óleo.

A trama de sabão mantém-se coesa pela ação de forças de atração fracas entre as
fibras. Esta coesão é que dá à graxa sua consistência, ou “corpo” em repouso.

56 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Quando, em seu trabalho, a coesão é rompida, a graxa flui. Após cessar o trabalho, a
trama original forma-se novamente restituindo à graxa sua consistência inicial.

Esse comportamento permite que, na lubrificação com graxa, existam regiões com
reserva de lubrificantes.

É o caso dos rolamentos blindados, nos quais a graxa retida pelo espaçador e as
placas de blindagem sofre menor modificação do que a porção que atua entre as
esferas. Desse modo, esta graxa dos espaçadores e placas atua como reserva e
vedação.

Componentes das graxas

Graxa é a soma dos seguintes elementos:


• Agente espessante;
• Lubrificante líquido;
• Aditivo.

Agentes espessantes

O agente espessante, por sua natureza e concentração, é que dá às graxas suas


características principais.

O elemento mais usado como espessante é o sabão metálico.

Os sabões metálicos não diferem muito, em sua essência, dos tradicionais sabões de
lavar roupa.

De modo simplista pode-se considerar que os sabões são obtidos pela reação química
entre um ácido graxo (geralmente sebo) e um sabão alcalino. Exemplos:
• A cal virgem dá sabão de cálcio;
• A soda cáustica dá sabão de sódio;
• O hidróxido de lítio dá sabão de lítio.

A seguir serão apresentados os espessantes mais usados e suas respectivas graxas.

SENAI 57
Técnicas de Lubrificação

Cálcio
As graxas com sabão de cálcio são resistentes à ação da água; têm custo baixo;
apresentam estrutura macia e amanteigada; não são indicadas para mancais de
rolamento; têm aplicação limitada a 70º C de temperatura e são conhecidas como
graxa para copo.

As graxas de cálcio comuns são estabilizadas pela presença de 1 a 2 % de água.


Quando, pela temperatura do serviço, a água se evapora, ocorre a separação entre o
sabão e o óleo.

Existem graxas de cálcio estabilizadas com acetato de cálcio. Isso evita a separação
de óleo.

Essas graxas são largamente empregadas em mancais de deslizamento operando a


uma temperatura de 60º C com cargas leves e médias.

Sódio
As graxas com sabão de sódio têm boa resistência ao calor seco. Podem ser usadas
até 150º C e resistem bem à ferrugem.

Essas graxas não resistem à água e têm bombeamento mais difícil do que as de
cálcio.

O sabão de sódio, ao microscópio, apresenta fibras longas ou curtas, conforme sua


fabricação.

O sabão com fibras longas é usado em graxas para superfícies deslizantes. Enquanto
o sabão com fibras curtas é usado em mancais de rolamento.

Lítio
As graxas com sabão de lítio possuem excelentes qualidades de aderência e não são
laváveis por água. Têm ótima bombeabilidade e trabalham a temperaturas de – 70º C a
150º C.

As graxas de lítio substituem as graxas de cálcio e sódio e são chamadas graxas de


aplicações múltiplas (“multi purpose grease”).

58 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O uso de uma graxa de aplicações múltiplas traz as seguintes vantagens:


• Evita a possibilidade de enganos;
• Simplifica os estoques;
• Simplifica o equipamento necessário;
• Diminui as perdas por aderência em diferentes utensílios.

Alumínio
As graxas feitas com estearato de alumínio são transparentes, resistentes à água e à
oxidação e têm boa adesividade.

Sua temperatura máxima de utilização é 70º C e seu bombeamento é regular.

É usada em chassis de veículos, mancais e excêntricos.

Espessante misto
Para algumas aplicações particulares foram desenvolvidas as graxas com mistura de
sabões. Exemplo: graxa de sódio com adição de pequena quantidade de sabão de
cálcio.

Essa mistura resulta numa graxa de consistência mais macia do que a graxa de sódio
sem afetar sua resistência ao calor.

Outras misturas de sabões usadas como espessantes para obtenção de graxas são
sódio com alumínio e cálcio com lítio.

As graxas com espessante misto têm uso muito restrito, pois são de obtenção
delicada, tendem a engrossar em uso ou em contato com a água.

Espessante não sabão


Existem graxas nas quais o espessante não é um sabão metálico. Argilas modificadas
(bentonita tratada) ou sílica-gel são os espessantes usados, normalmente, nesses
casos.

As graxas à base de argila são chamadas bentoníticas e têm as seguintes


propriedades:

• Resistência à água;
• Oferece ótima proteção contra o desgaste;
• Boa resistência ao calor;

SENAI 59
Técnicas de Lubrificação

• Boa estabilidade mecânica;


• Mau bombeamento;
• Alto custo;
• Oferece má proteção anticorrosão.

As graxas de sílica-gel oferecem boa proteção contra o desgaste, resistem ao calor até
150º C, têm boa estabilidade mecânica, porém não resistem à água.

Lubrificante líquido

O lubrificante líquido que faz parte de uma graxa pode ser um óleo mineral ou óleo
sintético.

Tanto um óleo como o outro são empregados pelo fabricante tendo em vista o
desempenho esperado da graxa. Assim, ao usuário basta tomar os cuidados com as
especificidades da graxa sem se preocupar com o óleo que a compõe.

Aditivo

Como é difícil obter uma graxa com todas as qualidades desejadas pela simples
seleção do espessante e do óleo, incluem-se os aditivos.

Os mais importantes tipos de aditivos são:


• Inibidor de oxidação;
• Inibidor de corrosão;
• Agente de untuosidade;
• Modificador da estrutura;
• Agente de extrema pressão;
• Agente de adesividade;
• Lubrificante sólido;
• Corante e odorífero.

Inibidor de oxidação
É um produto químico da classe das aminas e dos fenóis. Sua presença é
indispensável em graxas para rolamentos e em outras graxas onde o período de
serviço é longo.

60 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Inibidor de corrosão
É um composto químico denominado cromato, dicromato, sulfonato de petróleo ou
sabão de chumbo; a água raramente remove esses compostos das superfícies
metálicas.

A presença do inibidor de corrosão é indispensável em todas as graxas insolúveis em


água. Sua presença, entretanto, é desnecessária na graxas de sódio, pois, nesse
caso, o espessante é lavável pela água e o aditivo não cumpriria sua função.

Agente de untuosidade
São gorduras e óleos vegetais com a função de melhorar o poder lubrificante das
graxas.

O agente de untuosidade é necessário em um pequeno número de graxas visto que a


mistura óleo mineral e sabão, em geral, já proporciona um alto poder lubrificante às
graxas.

Modificadores de estrutura
São compostos destinados a alterar a estrutura da fibra do sabão. Em algumas graxas,
faz-se necessária essa mudança para evitar a tendência de separação do óleo.

Agente de extrema pressão


São os mesmos compostos usados para os óleos lubrificantes e com a mesma
finalidade, estudados na unidade “Aditivos”.

Agente de adesividade
Quando a necessidade requer uma graxa mais pegajosa são adicionados polímeros
orgânicos viscosos ou látex em solução aquosa.

Lubrificantes sólidos
São pós adicionados às graxas para dar-lhes qualidades especiais.

O principal desses aditivos é o grafite, que é usado em graxas para trabalhos em


temperaturas elevadíssimas; por exemplo: a lubrificação de moldes para fabricação de
vidros. Nesse caso, o sabão e o óleo da graxa entram em combustão e o grafite
permanece lubrificando.

SENAI 61
Técnicas de Lubrificação

Outro aditivo do tipo lubrificante sólido é o bissulfeto de molibdênio. Esse aditivo


oferece ótima resistência ao calor e pressões elevadas.

Mica, asbestos, zinco e chumbo também são usados para evitar a grimpagem de
peças, principalmente roscas.

Corantes e odoríferos
São produtos usados em geral com finalidades comerciais. Eles melhoram o aspecto
da graxa e permitem sua identificação pela cor ou cheiro.

Características das graxas

As características das graxas importantes para uso industrial são determinadas por
ensaios. Esses ensaios são empíricos e definem os padrões de uso e comercialização.

As características mais importantes são:


• Cor;
• Viscosidade aparente;
• Ponto de gota;
• Teor de óleo mineral;
• Teor de sabão;
• Teor de água;
• Número de neutralização;
• Cargas.

Cor

A cor da graxa indica, de modo vago, o tipo de óleo que a compõe. Assim, as graxas
escuras podem indicar que são feitas com óleos escuros ou possuem aditivos que lhes
dão a cor preta esverdeada.

Não existe escala para a cor das graxas. Portanto, esta é uma característica de
pequena importância.

62 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Consistência

Consistência é a propriedade dos materiais pastosos e sólidos a fluir quando


submetidos a pressão.

A consistência da graxa é determinada pelo ensaio D217 da ASTM.

O ensaio consiste em fazer penetrar um cone padrão, durante cinco segundos, à


temperatura de 25º C, em uma amostra de graxa. A penetração é medida em décimos
de milímetros e o aparelho chama-se penetrômetro.

Penetrômetro

SENAI 63
Técnicas de Lubrificação

No caso de graxa muito dura, que não permita fazer a leitura usando-se o cone, lança-
se mão de agulhas padronizadas. E no caso de graxa muito mole, substitui-se o cone
de aço ou de latão por um de alumínio ou plástico.

O ensaio pode ser feito de dois modos:


• Penetração não trabalhada;
• Penetração trabalhada.

Penetração não trabalhada


É o ensaio feito com amostra retirada do recipiente tal como se encontra, ou seja,
ensaia-se uma amostra somente ajustando sua temperatura e mais nada.

Penetração trabalhada
Nesse caso, a graxa é submetida a um trabalho determinado, num aparelho chamado
trabalhador de graxa.

Trabalhador de graxa

64 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O trabalhador de graxa possui uma placa perfurada que penetra na graxa sessenta
vezes. A graxa assim preparada é enviada ao penetrômetro. Isso permite avaliar a
alteração da consistência do produto quando em serviço.

Classificação da consistência

Esta classificação foi estabelecida pela NLGI (National Lubrificating Grease Institute) e
não leva em conta a composição nem as propriedades das graxas, isto é, considera
apenas a consistência.

A tabela abaixo mostra os graus NLGI em função da penetração.

Penetração trabalhada a 25º C


Grau NLGI
em décimos de milímetros

000 445/475

00 400/430

0 355/385

1 310/340

2 265/295

3 220/250

4 175/205

5 130/160

6 85/115

Interpretação do ensaio

Geralmente, dá-se mais valor ao teste de penetração trabalhada para avaliação do


desempenho.

A penetração não trabalhada, devido aos inúmeros fatores que nela influem, não
costuma ser determinada. Exceção feita às graxas extremamente duras (“block
greases”).

As graxas de baixa consistência (NLGI 000 até 1) são recomendadas quando é


necessário que a graxa volte às superfícies submetidas aos raspamentos.

SENAI 65
Técnicas de Lubrificação

As graxas de consistência média (NLGI 2 e 3) são mais usadas em mancais de


rolamento. Nessa aplicação, uma graxa de menor consistência provocaria vazamentos
excessivos e comprometeria a vida do rolamento. Por outro lado, uma graxa mais
consistente falharia na cobertura das partes móveis.

As graxas de consistência alta (NLGI 4 a 6) são indicadas para atuarem como


vedação, por exemplo, nas juntas de labirinto.

Existem ainda as graxas em bloco (“block greases”) que não se enquadram na


classificação NLGI, por serem mais consistentes que o número 6.

Essas graxas são usadas em grandes mancais e funcionam por gotejamento, isto é,
um bloco é colocado acima do mancal de modo que, sob ação do calor, a graxa goteje.
Essas graxas são empregadas em fábricas de cimento e papel.

Viscosidade aparente

Quando se trata de fluidos sujeitos a Lei de Newton, o fluxo ocorre no momento em


que lhe é aplicada uma força; o fluxo é proporcional à força. Com os fluidos não
sujeitos a essa Lei, como é o caso das graxas, torna-se necessária uma certa força
inicial antes de se conseguir o movimento.

Devido a essa diferença das graxas em relação aos óleos, a viscosidade da graxa é
denominada viscosidade aparente.

A viscosidade aparente varia em função da temperatura. Entretanto, essa variação se


dá de modo diferente de uma graxa para outra pois é influenciada por:
• Viscosidade do óleo;
• Processo de fabricação;
• Estrutura e concentração do sabão.

A viscosidade aparente é medida em poises. Sua utilidade principal é na previsão de


características de bombeamento.

66 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Ponto de gota

É a temperatura na qual uma graxa torna-se suficientemente fluida para gotejar. Essa
temperatura é determinada por meio de um dispositivo especial, segundo a norma
ASTM D566.

Dispositivo para ponto de gota

As graxas apresentam ponto de gota variável em função dos seus componentes. Mas,
de modo geral, elas podem ser classificadas conforme a tabela a seguir.

Tabela: Ponto de gota


Produto Ponto de gota ºC
Graxas
De cálcio 66 a 104
De alumínio 82 a 110
De sódio e cálcio 121 a 193
De sódio 148 a 260
De lítio 177 a 218
De bário 177 a 246
Sem sabão > 260
Especiais de cálcio 204 a 288

SENAI 67
Técnicas de Lubrificação

Interpretação do ensaio

A determinação do ponto de gota é um dado importante para a fabricação, compra e


venda de graxas.

Em serviço, é comum utilizar-se uma graxa cujo ponto de gota esteja acima pelo
menos 30º C da temperatura de trabalho.

Note porém que, apesar desses padrões, é necessário obter do fabricante a


temperatura máxima de trabalho. Isso é necessário pois os lubrificantes líquidos
contidos nas graxas, em geral, possuem temperaturas de trabalho inferiores ao ponto
de gota.

Teor de óleo mineral


É o percentual de óleo contido em determinada graxa.

Esse valor é de grande importância para o fabricante determinar o rendimento de


fabricação. É um valor que não consta das especificações técnicas comuns, embora
alguns grandes consumidores especifiquem em suas encomendas os teores máximo e
mínimo que desejam.

Teor de sabão
De modo análogo ao teor de óleo mineral, a porcentagem de sabão é um dado de
muita importância para a produção da graxa.

Para o uso das graxas é muito mais significativo conhecer o metal de que foi feito o
sabão, pois esta informação indica as propriedades gerais da graxa.

Teor de água
É o percentual de água presente na graxa e auxilia na seleção do produto.

As graxas de cálcio costumam ter de 1 a 3 % de água. Essa água age como


estabilizante, isto é, permite que o sabão e o óleo fiquem juntos.

Em razão disso, as graxas de cálcio não apresentam segurança em serviços à alta


temperatura pois a água se evapora, permitindo a separação do óleo.

Por outro lado, as graxas de sódio, alumínio e lítio não precisam conter água. Isso as
torna confiáveis em temperaturas elevadas.

68 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Número de neutralização
Esse número indica a quantidade (em miligramas) de hidróxido contido em um grama
de amostra.

A importância principal desse número está no controle da contaminação e na produção


das graxas.

Cargas

Cargas são os lubrificantes sólidos colocados na graxa. São eles: grafite, mica,
asbesto, dissulfeto de molibdênio, negro de fumo, lã de vidro, zinco, chumbo, etc.

Para determinar os constituintes das cargas, a graxa é diluída em nafta especial e


filtrada. Em seguida, o resíduo da filtragem é analisado quimicamente.

Ensaios especiais

Os ensaios descritos a seguir referem-se ao desempenho das graxas em serviço. Eles


podem ser realizados ou não, dependendo da importância de utilização do produto.

Os dados obtidos com os ensaios especiais são usados como modalidade de controle
de fabricação. Ou, ainda, podem fazer parte das especificações do consumidor,
quando somente as características gerais não bastam.

Os ensaios especiais são:


• Extrema pressão;
• Resistência à água;
• Estabilidade à oxidação;
• Estabilidade ao trabalho;
• Corrosão em lâmina de cobre;
• Grau de contaminação.

Extrema pressão
Os ensaios para a qualidade extrema pressão das graxas são os mesmos usados para
os óleos, ou seja, são os ensaios almen, four ball, falex, SAE e timken, já descritos na
unidade “Aditivos”. O ensaio timken é o mais usado para graxas.

SENAI 69
Técnicas de Lubrificação

Resistência à água
De modo geral, uma graxa pode ser solúvel ou insolúvel em água. A solubilidade é
determinada pelo sabão contido na graxa.

As graxas de lítio, alumínio e cálcio são insolúveis em água, enquanto que as de sódio
são solúveis.

Existem alguns ensaios para determinar a resistência de uma graxa à água.

Um deles consiste em aquecer um béquer com água, em seguida introduzir uma


amostra de graxa e agitar. Após cessar a agitação, observa-se se houve emulsificação.

Outro ensaio consiste em lubrificar, com a graxa a ser testada, um mancal de


dimensões padronizadas. O mancal é posto a girar com velocidade controlada e injeta-
se água com velocidade e temperatura determinadas, durante certo tempo.

A perda de graxa verificada após o teste, fornece a indicação de sua resistência à


lavagem por água.

Estabilidade à oxidação
Como todos os materiais orgânicos, as graxas tendem a se oxidar em contato com o
ar. A velocidade de sua oxidação é proporcional à temperatura do ar ambiente.

Um dos métodos usados para avaliar a


estabilidade à oxidação é a norma hoffman
bearing company. O método consiste em
oxidar artificialmente a graxa em presença
de oxigênio a 110 lb/pol2 de pressão e a 99º
C de temperatura. A duração do ensaio é de
cem horas

Dispositivo para teste de oxidação

70 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O grau de oxidação é avaliado pela queda de pressão, uma vez que o oxigênio é
consumido nas reações com a graxa.

De modo geral, considera-se uma queda de pressão até 51 lb/pol2 como ótima
estabilidade à oxidação.

Uma queda de pressão entre 5 e 10 lb/pol2 indica uma boa estabilidade à oxidação.

Estabilidade ao trabalho
Estabilidade ao trabalho é a propriedade que a graxa possui de manter a sua
consistência após ter sido submetida a solicitações de esmagamento.

Existem dois testes para avaliar a estabilidade ao trabalho. Um deles consiste em


submeter a graxa a 1.000, 5.000, 10.000, etc. percursos completos do trabalhador de
graxa. Depois, verifica-se a variação percentual da consistência.

O outro teste é o de rolamento shell. Consiste em fazer a amostra ser esmagada por
um rolete pesado dentro de um cilindro oco.

Dispositivo para teste de estabilidade

A duração do ensaio é de quatro horas e, ao terminar, verifica-se a consistência da


graxa no penetrômetro. A seguir, compara-se a penetração que a graxa possui agora
com a que possuía antes do ensaio.

Interpretação do ensaio
Quando o ensaio indica um percentual baixo (< 10 %), significa alta estabilidade ao
trabalho.
SENAI 71
Técnicas de Lubrificação

As graxas com boa estabilidade são recomendadas para serviço onde o produto não
deve amolecer demasiadamente, como em caixas de engrenagens, onde o
amolecimento exagerado provocaria vazamentos.

As graxas com média estabilidade, percentual entre 10 e 20, são indicadas para
serviços onde é necessário que a graxa escorra.

As graxas com baixa estabilidade, percentual acima de 20, só devem ser usadas em
baixas velocidades.

Corrosão em lâmina de cobre


Geralmente, avalia-se a ação de uma graxa sobre a lâmina de cobre. Nessa lâmina,
pode-se observar a presença de substâncias de caráter ácido ou contendo enxofre,
uma vez que o cobre muda de coloração facilmente em presença dessas substâncias.

O teste consiste em deixar a graxa em contato com uma lâmina polida de cobre,
durante 24 horas. A temperatura durante o teste é de 38º C.

O resultado é expresso em números de 1 a 4, segundo a classificação da ASTM.

De modo geral, as graxas de boa qualidade não têm ação alguma sobre o cobre.

Grau de contaminação
O grau de contaminação das graxas refere-se à contaminação por partículas sólidas.

O teor de contaminantes depende das condições de operação, do estado das linhas de


enchimento e do estado das embalagens.

Por outro lado, o consumidor pode ter sua parcela de culpa, no caso de manter os
recipientes abertos em atmosfera carregada de partículas.

Os contaminantes sólidos podem causar principalmente o desgaste abrasivo.

Para determinar o grau abrasivo de uma graxa existe o método dos pratos plásticos.
Tal método consiste em colocar uma quantidade de graxa entre dois pratos de plástico
e sujeitá-los a uma determinada pressão. Em seguida, promove-se a rotação dos
pratos, observando depois seu estado superficial.

72 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Se a graxa não riscou o material plástico, relativamente macio, ela é considerada


adequada para a lubrificação de metais comuns.

Composições betuminosas

São lubrificantes de elevada aderência formulados à base de misturas de óleos


minerais com asfalto.

Normalmente, necessitam de aquecimento prévio para serem aplicadas. Alguns tipos


apresentam-se diluídos em solvente não inflamável e podem ser aplicados a frio.

O uso principal das composições betuminosas é nas engrenagens abertas e na


proteção dos cabos de aço.

Questionário – resumo

1 Quais são as vantagens das graxas em relação aos óleos?

2 Quais são os componentes das graxas?

3 Quais são os principais agentes espessantes?

4 Quais são os aditivos indispensáveis a uma graxa para rolamentos blindados?

SENAI 73
Técnicas de Lubrificação

5 O que é consistência de uma graxa?

6 O que significa o grau NLGI 4 de uma graxa?

7 Para quais aplicações são indicadas as graxas de baixa consistência?

8 O que é ponto de gota?

9 Quais são os ensaios usados para determinar a qualidade extrema pressão?

10 O que é estabilidade ao trabalho de uma graxa?

Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


74 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Princípios fundamentais da
lubrificação

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Princípios que regem a formação das películas lubrificantes e orientam a prática da
lubrificação;
• Métodos de aplicação e armazenagem.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Mecanismos de formação da película lubrificante;
• Tipos de lubrificação;
• Sistemas e dispositivos usados para aplicação dos lubrificantes;
• Procedimentos para armazenagem.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Orientar o uso dos diferentes dispositivos de lubrificação;
• Manter o funcionamento correto dos sistemas de lubrificação sob sua
responsabilidade;
• Orientar o recebimento e estocagem de óleos e graxas.

Películas lubrificantes

A lubrificação é o fenômeno da redução do atrito entre duas superfícies em movimento


relativo. É obtida pela introdução de uma substância lubrificante entre as superfícies.

SENAI 75
Técnicas de Lubrificação

A película assim formada pode ser espessa ou fina.

Película fina
É uma película que não tem espessura suficiente para manter a separação completa e
constante das superfícies. Ou seja, a espessura da película é menor do que os mais
altos picos da rugosidade superficial.

Película espessa
É uma película com espessura suficiente para manter a separação total entre as
superfícies durante o trabalho. Ou seja, a espessura da película é maior do que a
soma das alturas da rugosidade das superfícies.

A finalidade das técnicas de lubrificação é conseguir a película espessa. Para isso,


existem métodos e dispositivos de aplicação que serão estudados a seguir.

Lubrificação hidrodinâmica

É aquela em que a película de fluido se desenvolve entre as superfícies, em virtude do


movimento relativo entre as próprias superfícies.

Nesse método, teoricamente, não há desgaste, uma vez que as superfícies lubrificadas
nunca entram em contato.

Entretanto, na prática, nunca temos lubrificação totalmente hidrodinâmica. Assim, o


coeficiente de atrito fica entre 0,001 e 0,03, dependendo da viscosidade, da forma e
estado das superfícies, da velocidade relativa e da carga sobre a película.

Formação da película
A película de fluido é também conhecida como cunha de óleo. Tem esse nome devido
a seu formato angular (inclinação máxima 11’).

A figura a seguir ilustra a formação da película entre superfícies planas. Para que isso
ocorra, são necessárias as seguintes condições:
• A borda de uma das superfícies deve ser chanfrada ou arredondada;
• Uma das superfícies deve permitir a inclinação necessária à entrada do óleo;
• A peça suportada deve ter área tal que permita sua flutuação sobre o fluido.

76 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Observando a figura, pode-se notar que antes de iniciar o movimento existe o contato
metal-metal. Uma vez iniciado o movimento, o atrito é considerável, até que a borda
arredondada encontre o fluido.

Formação da película

Então, começa a formar-se a cunha, até o momento em que a quantidade de óleo que
entra é igual a que sai. Aí, é atingida a espessura definitiva da película (espessura de
equilíbrio), completando a cunha.

Nessas condições, o atrito é mínimo e a peça superior é sustentada pela pressão


hidrodinâmica do lubrificante.

Formação da película circular

É a cunha de óleo acontecendo dentro de um mancal. As figuras mostram a seqüência


de formação.

Posição do eixo – repouso

SENAI 77
Técnicas de Lubrificação

Posição do eixo – arranque Posição do eixo – rotação

Observando as figuras, nota-se a princípio o contato metal-metal. A seguir, com o início


do movimento tem-se ainda uma lubrificação deficiente. Pois o óleo é comprimido entre
as superfícies e não consegue formar uma película que sustente o eixo. Essa fase é
conhecida como lubrificação limítrofe ou lubrificação de fronteira e deve ter a menor
duração possível.

A última fase é a de rotação plena. Onde a pressão hidrodinâmica sustenta o eixo,


mantendo uma pequena excentricidade no sentido da carga.

A figura abaixo mostra a distribuição de pressão sobre o lubrificante:


• A pressão máxima ocorre onde a espessura da película é menor;
• A pressão mínima é uma subpressão, isto é, inferior à pressão atmosférica, e
ocorre logo após o final da região de alta pressão.

Distribuição de pressão sobre a película

78 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Conhecer a distribuição de pressão é importante para projetar ou verificar a localização


do ponto de injeção de fluido. Ele deve ser localizado numa área de baixa pressão.

Ainda sobre a formação da película em mancais pode-se analisar a curva ZN/P. Essa
curva relaciona o atrito com a rotação (N), a viscosidade (Z) e a pressão (P) do mancal
sobre o fluido.

No gráfico pode-se ver que:


• São mostradas as três fases: lubrificação limítrofe, zona de transição e lubrificação
hidrodinâmica;
• O coeficiente de atrito na lubrificação limítrofe é muito alto em relação às outras
fases;
• O atrito é mínimo no ponto B;
• Após o ponto B, o atrito cresce lentamente com o aumento da relação ZN/P.

Curva ZN/P

O ponto ideal de utilização de um mancal é C, pois o ponto B está muito próximo à


zona de transição, havendo perigo de cair-se nela com quaisquer mudanças de carga
ou viscosidade.

SENAI 79
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação por esmagamento da película

É o tipo de lubrificação onde o mecanismo lubrificado dificulta a formação da película


por efeito hidrodinâmico. Isso ocorre em bielas, engrenagens, rolamentos e sistemas
que atuam com atrito de rolamento.

Nesse caso, a pressão exercida pelo trabalho obriga o óleo a afastar-se da área de
carga. Porém, a viscosidade impede que o óleo escape totalmente de imediato. Disso
resulta uma película capaz de suportar a carga por algum tempo.

Esse tempo é suficiente para que a carga mude seu ponto de aplicação e ocorram
outros esmagamentos em seqüência.

A figura abaixo mostra o esmagamento da película numa biela. Na figura, vê-se o


momento em que o pino encontra-se sob carga descendente. Aí, o esmagamento da
película ocorre no fundo do casquilho.

Lubrificação por esmagamento da película

80 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Mas, antes que a película possa ser totalmente expelida, deixando as superfícies em
contato direto, a carga inverte-se passando a ser ascendente. Nesse instante, o
esmagamento passa a ocorrer na parte superior do casquilho.

Como a biela oscila em relação ao pino, é improvável a formação de uma película por
efeito hidrodinâmico. Apesar disso, esses mecanismos que funcionam com a película
formada por esmagamento são bastante eficientes.

As películas formadas por esmagamento têm papel importante não só para as bielas
como também para:
• Engrenagens, onde o esmagamento ocorre ao longo da evolvente;
• Rolamentos, onde o esmagamento ocorre na periferia das esferas;
• Guias lineares e outros sistemas onde o ponto de aplicação da carga muda de
posição relativamente ao corpo lubrificado.

Lubrificação hidrostática

É o tipo de lubrificação que forma a película


espessa por meio da pressão do fluido,
estando as superfícies imóveis.

Lubrificação hidrostática

Nos equipamentos pesados e de baixa velocidade, o atrito de partida é muito elevado.


Esse fato pode encurtar a vida útil dos mancais.

Para melhorar as condições de partida, nesses casos, é bombeado fluido aos mancais
por uma bomba auxiliar. Essa bomba pode ter acionamento manual ou automático e
sua atuação faz com que o eixo se eleve sobre o mancal.

SENAI 81
Técnicas de Lubrificação

Geralmente, após a máquina atingir a velocidade de serviço, o bombeamento é


desligado visto que, com a rotação, a película se mantém pelo efeito hidrodinâmico.

Em alguns grandes cilindros de laminação e turbinas de hidrelétricas, a lubrificação


hidrostática é a única existente. Isso porque a velocidade de serviço não permitiria um
bom efeito hidrodinâmico.

Atualmente, esse sistema de lubrificação hidrostática é empregado em guias


(barramentos) e mancais de retificadoras. Isso se deve à precisão oferecida pelo
sistema pois, além do baixo atrito, não ocorrem variações no nível da mesa.

Película limite (ou espessa)

Película limite é a própria película espessa já citada nesta unidade. Ela é chamada de
limite, em muitos tratados sobre lubrificação, porque películas menores ocasionam
grandes desgastes.

A seguir serão tratadas as condições mínimas para manter a película limite.

Velocidade e carga
A película espessa, em um mancal que normalmente trabalhe com ela, pode se tornar
demasiado fina desde que a carga aplicada se eleve ou a velocidade diminua.

A elevação da carga pode ser controlada, mas a diminuição da velocidade, devido aos
momentos de partida e de parada, não pode ser evitada. Assim, esses momentos
devem ter a menor duração possível.

Viscosidade
Em qualquer tipo de lubrificação, a viscosidade é fator crítico.

Quanto maior for a viscosidade de um lubrificante maior será a espessura da película e


vice-versa. Portanto, o uso de viscosidade inadequada compromete o bom
funcionamento do equipamento.

Suprimento de óleo
Os elementos de máquinas lubrificados precisam ter abastecimento contínuo de
lubrificante e em quantidade suficiente, uma vez que o fornecimento intermitente
impede a formação correta da película.

82 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Folga
A folga entre as superfícies a serem lubrificadas é um dado essencial, pois é nela que
o lubrificante se aloja.

Tabela: Folgas mínimas em μm


Tipo de mancal Diâmetro do eixo

Até 12 mm Até 25 mm Até 50 mm


Eixo de precisão endurecido e
retificado, em bucha de bronze com De 0,006 a 0,019 De 0,019 a 0,038 De 0,038 a 0,063
2
V < 150 m/min e P < 3,5 N/mm
Eixo de precisão endurecido e
retificado, em bucha de bronze com De 0,013 a 0,025 De 0,025 a 0,051 De 0,051 a 0,076
2
V > 150 m/min e P > 3,5 N/mm
Eixo retificado de motor elétrico em
De 0,038 a 0,127 De 0,025 a 0,051 De 0,051 a 0,090
bucha de bronze ou babbit
Mancais de uso geral com eixo
torneado ou trefilado em bucha de De 0,051 a 0,1 De 0,063 a 0,114 De 0,076 a 0,127
bronze ou babbit

Aplicação dos lubrificantes

Para que se tenha uma lubrificação correta é necessário que simultaneamente o


lubrificante seja:
• Adequado ao equipamento;
• Aplicado no local correto;
• Usado em quantidade exata;
• Usado em intervalos corretos.

Cabe ao responsável pelo setor de manutenção assegurar-se de que o lubrificador


aplique o lubrificante adequado no local correto.

A indicação do lubrificante adequado a uma máquina obtém-se por meio do manual da


própria máquina ou em estudo feito por técnico especializado.

Entretanto, uma lubrificação eficiente não será possível se não for garantido o
fornecimento do lubrificante em quantidade e intervalos corretos.

Esse fornecimento deve ser contínuo e automático, evitando-se o processo manual


devido a sua baixa confiabilidade.

SENAI 83
Técnicas de Lubrificação

Os gráficos abaixo mostram os dois tipos de fornecimento de lubrificante, automático e


manual, relacionando quantidade de fluido com o tempo.

Fornecimento manual de lubrificante

Fornecimento automático de lubrificante

No primeiro, vê-se a inconstância do fornecimento que, geralmente, é causada por


esquecimento do operador.

Notam-se, ainda, as situações de excesso de lubrificação, rápido vazamento e falta de


lubrificação.

No segundo, vê-se o fornecimento constante, quantidade e intervalos corretos. Logo,


com esse sistema, evita-se o atrito sólido, beneficiando a vida útil do equipamento.

Os métodos de aplicação dividem-se em dois grupos:


• Aplicação com perda total;
• Aplicação com reaproveitamento.

84 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Aplicação com perda total

Nesse método, não existe recuperação do lubrificante empregado.

Os principais dispositivos usados são:


• Almotolia;
• Copo graxeiro;
• Pistola graxeira;
• Pistola de óleo;
• Pincel;
• Espátula;
• Copo conta-gotas;
• Copo com vareta;
• Copo com mecha tipo sifão;
• Copo com mecha tipo tampão;
• Lubrificador mecânico;
• Lubrificador por névoa;
• Lubrificador hidrostático;
• Mancais com cavidade;
• Lubrificação centralizada.

Almotolia
Pode ser do tipo comum ou do tipo bomba. Ambas devem ser mantidas limpas e com
os bicos desobstruídos.

Almotolias

SENAI 85
Técnicas de Lubrificação

Na lubrificação por almotolia, é importante que os pontos de lubrificação sejam


mantidos limpos e protegidos sempre que possível.

Copo graxeiro
O copo graxeiro pode ser manual ou automático.

Copos graxeiros

O copo manual faz a graxa chegar ao ponto de aplicação por meio do rosqueamento
da tampa ou do êmbolo.

O copo automático usa a pressão de uma mola para aplicação, evitando a atenção
freqüente do operador.

86 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Além do reenchimento e limpeza, pouca atenção é requerida por esses copos. Porém
problemas por falta de lubrificação podem ocorrer quando o mancal aquecer a ponto
de provocar o escorrimento livre da graxa. Dessa maneira, ela vaza pelas
extremidades do mancal e o copo se esvazia rapidamente.

Pistola graxeira
A aplicação de graxa com pistola graxeira é simples quando se usam pistolas com
acionamento manual (figura a seguir). Quando, porém, usa-se ar comprimido ou
bombas elétricas para forçar a graxa nos mancais a aplicação é chamada complexa.

Pistolas graxeiras

Os pontos de aplicação constituídos


pelos pinos graxeiros devem ser
limpos antes de aplicar o conector da
pistola a fim de evitar que impurezas
sejam forçadas para dentro dos
mancais.
Bicos graxeiros

SENAI 87
Técnicas de Lubrificação

A construção dos pinos graxeiros inclui uma mola atuando sobre uma esfera, vedando
o escape de graxa e a entrada de sujeira.

A graxa, entrando sob pressão, força a esfera para trás vencendo a força da mola. Ao
cessar a entrada de graxa, a vedação é restabelecida.

Pistolas de óleo
São de tipo construtivo semelhante às pistolas graxeiras. Têm uso em pinos para óleo
encontrados em máquinas-ferramentas, roletes de esteiras, etc.

Pincel
O método de aplicação de lubrificante com pincel é empregado em engrenagens,
cabos de aço, correntes, etc., quando são usados produtos especiais como
composições betuminosas e compostos antiferrugem.

Lubrificação a pincel

Em alguns casos, o pincel é fixo no corpo da máquina e o óleo goteja sobre ele. Desse
modo, o pincel promove a distribuição contínua.

Espátula
Destina-se à aplicação de graxa, composições betuminosas, composições para
estampagem e outros produtos muito viscosos.

88 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Copo conta-gotas
É um dispositivo que permite a aplicação do lubrificante na quantidade e periodicidade
desejadas. Porém, exige atenção constante do operador para verificação do nível de
óleo, reenchimento e regulagem do número de gotas por minuto.

Copo conta-gotas

É, também, função do operador abrir a passagem de óleo antes de acionar a máquina


e fechá-la após o término do serviço.

O inconveniente principal do copo conta-gotas é o fato de exigir regulagem após o


aquecimento da máquina, uma vez que, com o calor, a viscosidade diminui e faz
aumentar o fornecimento.

Copo com vareta


É automático quanto ao início e o fim do fornecimento de óleo. Esse dispositivo é
aplicado em mancais com cargas leves.

O copo com vareta consiste em um reservatório que possui em seu interior uma haste
cuja extremidade toca no eixo. Com o movimento do eixo, ocorre a vibração da haste
que permite a passagem do óleo através de uma folga.

SENAI 89
Técnicas de Lubrificação

Essa folga localiza-se entre a haste e a luva da extremidade do reservatório.

Copo com vareta

O funcionamento é automático e o fornecimento do óleo é mais contínuo do que no


conta-gotas.

Esse dispositivo requer verificações de tempos em tempos a fim de certificar-se que a


haste move-se livremente.

Copo com mecha tipo sifão


Esse dispositivo consiste em uma ou mais
pernas de fios de lã. As fibras da mecha
levam o óleo, por capilaridade até o
mancal.

A quantidade de óleo fornecida varia com o


nível do óleo e a temperatura de trabalho.

Copo com mecha tipo sifão

90 SENAI
Técnicas de Lubrificação

A ajustagem de alimentação é feita variando-se o número de pernas da mecha.

O fornecimento é constante, portanto, em longas paradas, a mecha deve ser retirada


do tubo.

As mechas, por atuarem como filtros, devem ser lavadas ou trocadas periodicamente.

O copo com mecha tipo sifão é usado em locomotivas, motores estacionários e


mancais de máquinas de tamanho médio antigas.

Copo com mecha tipo tampão


Nesse dispositivo, a mecha é feita com fios de lã ou arame fino e se ajusta no tubo de
descarga.

O tubo de descarga e a mecha não estão ligados ao reservatório de óleo. Em serviço,


devido aos movimentos bruscos do mancal, o óleo do reservatório é arremessado para
cima e alimenta continuamente o topo do tubo de descarga.

Copo com mecha tipo tampão

SENAI 91
Técnicas de Lubrificação

O fluxo de óleo é regulado por meio do tampão (mecha). Nota-se ainda que a tampa do
dispositivo deve ter um pequeno furo que permita a passagem do ar.

Esse dispositivo é usado em partes de máquinas com movimentos bruscos, tais como
em bielas de grandes bombas e bielas de prensas.

Lubrificador mecânico
Esse mecanismo consiste em um reservatório de óleo e várias unidades individuais de
bombeamento. Essas unidades fornecem o óleo em pequenas quantidades, sob
pressão, para tubos que conduzem o óleo ao ponto de aplicação.

O funcionamento do lubrificador mecânico dá-se do seguinte modo:


• No curso de admissão do êmbolo, o óleo é aspirado através de válvulas de sucção
tipo esfera, para a câmara de bombeamento;
• A pressão criada fecha automaticamente as válvulas de sucção e força o óleo da
câmara de bombeamento para as válvulas de descarga;
• O óleo deixando o bocal de descarga, em forma de gotas, desloca-se para cima,
através da água contida no visor, devido à diferença de densidade entre os dois
líquidos.

Lubrificador mecânico

92 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O funcionamento do lubrificador mecânico é automático. E como é acionado pela


própria máquina, a quantidade de fluido é diretamente proporcional à velocidade.

Existem lubrificadores mecânicos que dispensam a água e arame no visor. Nesse


caso, a partir do visor, o óleo é distribuído por gravidade.

Os lubrificadores mecânicos têm largo emprego em compressores alternativos,


motores de combustão interna, cilindros de máquinas a vapor e mancais em geral.

Lubrificador por névoa


Esse lubrificador tem por finalidade pulverizar o óleo em uma fina camada e distribuí-lo
através de uma tubulação.

Esse sistema foi desenvolvido principalmente para a lubrificação de mancais de


rolamentos que giram a altíssimas velocidades. Esses mancais necessitam de
quantidade de óleo cuidadosamente controlada, visto que se houver excesso de óleo
haverá aumento anormal da temperatura; e, se houver falta de óleo, haverá rápido
desgaste nos mancais.

O mecanismo funciona com um pulverizador (venturi) para gerar a névoa.

Lubrificador por névoa

SENAI 93
Técnicas de Lubrificação

Quando a névoa chega ao ponto de aplicação, com o auxílio de conexões adequadas,


tem-se o consumo em três formas:
• Névoa – usada em mancais de rolamento;
• Atomização (esguichos) – usada em correntes e engrenagens;
• Condensação (gotas) – usada em mancais de deslizamento e barramentos.

Esse lubrificador pode ser ligado a linhas de ar


comprimido com pressão de 7 bar.

Seu consumo é de 300 a 600 litros de ar por hora


e de 0,25 a 1 cm3 de óleo por hora.

O lubrificador por névoa é bastante eficiente pois


a névoa, sendo similar a um gás, atinge todas as
superfícies. É, também, bastante econômico
porém, por outro lado, é poluente. Isso se deve à
parcela de névoa que escapa do lubrificador e
atinge o ambiente em sua volta.

Conexões para lubrificador


por névoa

94 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Lubrificador hidrostático
É usado para lubrificação dos cilindros e órgãos de distribuição das máquinas a vapor.
O lubrificador hidrostático introduz o óleo na canalização de abastecimento do vapor, a
pouca distância da máquina. O vapor ao passar pela canalização espalha ou pulveriza
o óleo e o distribui às superfícies do cilindro.

Além de lubrificar, esse dispositivo serve de elemento de vedação juntamente com os


anéis de segmento e a gaxeta da haste do êmbolo.

O reservatório de óleo do lubrificador fica também ligado ao encanamento do vapor.


Dessa maneira, é utilizada a pressão e condensação desse vapor para introduzir o
óleo no sistema.

Lubrificador hidrostático

SENAI 95
Técnicas de Lubrificação

Mancais de cavidade
Esses mancais, geralmente, trabalham em altas temperaturas, como os mancais
secadores de papel. Possuem cavidades onde são aplicadas graxas em bloco com
conformação adequada.

Mancal com cavidade

A graxa de bloco deve ficar livre na cavidade. Para isso, corta-se o bloco de graxa
ligeiramente menor que a cavidade. Ali, por ação do próprio peso, a graxa exerce
pressão sobre o eixo. O calor do atrito das superfícies em contato (graxa e eixo) causa
o amolecimento da graxa e lubrifica o mancal.

Lubrificação centralizada
É um sistema de lubrificação para graxa ou óleo com a finalidade de lubrificar um
elevado número de pontos a partir de um distribuidor central.

Esse sistema permite a racionalização do consumo de lubrificantes, economia de mão-


de-obra e fazer a lubrificação com a máquina em movimento.

96 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Os principais componentes do sistema centralizado são:


• Reservatório de lubrificante;
• Válvula direcional;
• Rede de distribuição;
• Dosadores;
• Manômetros;
• Sinalizadores de defeito.

O acionamento do sistema centralizado pode ser manual (pequenos circuitos) ou


automatizado. Nesse último caso, o comando é feito pela própria máquina usuária do
sistema.

O sistema centralizado divide-se em três tipos:


• Linha simples;
• Linha dupla;
• Progressivo.

Linha simples
Esse sistema é usado em máquina de pequeno e médio porte; usa bombas manuais,
pneumáticas ou elétricas.

Quando a bomba atua, desloca lubrificante e pressuriza a linha de alimentação. Isso


faz com que os dosadores, acionados pelo próprio lubrificante, injetem óleo nos pontos
de lubrificação.

Terminada a pressurização, a linha principal é aliviada. Assim, os pistões dos


dosadores retornam à posição original. O retorno é feito por mola e permite a recarga
para o próximo ciclo.

SENAI 97
Técnicas de Lubrificação

A ligação entre os dosadores e a linha principal é do tipo paralelo, isto é, os dosadores


encontram-se fora da linha principal.

Dosador de linha simples

Linha dupla
Esse sistema usa duas linhas principais. Uma para acionamento e outra para retorno
dos dosadores. Assim, a válvula direcional ora pressuriza uma linha, ora pressuriza a
outra.

O sistema centralizado por linha dupla não tem molas, gaxetas ou outras peças
facilmente desgastáveis. Por isso, opera por muitos anos sem problemas de
manutenção.

O sistema pode ser operado manual ou automaticamente.

Nos sistemas automáticos, controladores elétricos e eletrônicos programam a


freqüência dos períodos de lubrificação e monitoram o funcionamento.

As bombas usadas no sistema linha dupla podem ser elétricas, pneumáticas ou


manuais.

98 SENAI
Técnicas de Lubrificação

A ligação entre os dosadores e a linha principal é do tipo paralelo.

Atuação dos dosadores de linha dupla

SENAI 99
Técnicas de Lubrificação

Sistema progressivo
Consiste em uma bomba ligada a
um número variável de dosadores
interligados.

Os dosadores são modulares, formados por secções superpostas.

Cada qual contém um pistão, orifícios e canais para o fluxo interno do lubrificante.
Embora fisicamente idênticas, as secções possuem pistões com diâmetros variáveis,
de acordo com a necessidade de cada ponto.

No sistema progressivo, os pistões encontram-se sempre na linha principal. Sendo que


cada um deve atuar antes que o fluxo da bomba acione o próximo, ou seja, a ligação é
em série.

A figura abaixo mostra um bloco com quatro saídas de distribuição.

Dosador do sistema progressivo

100 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Aplicação com reaproveitamento


Nesse método, uma determinada quantidade de fluído circula constantemente entre as
partes móveis e o tanque.

Por não haver perdas, após certo tempo é necessário trocar o óleo, visto que os
aditivos perdem sua eficiência.

Os principais sistemas da aplicação com reaproveitamento são:


• Por banho;
• Banho com anel;
• Banho com colar;
• Nível constante;
• Por salpico;
• Banho com estopa;
• Banho com almofada;
• Sistema circulatório.

Lubrificação por banho


Nesse sistema, o lubrificante está num recipiente que, em geral, é a própria carcaça da
máquina.

As partes a lubrificar mergulham total ou parcialmente no óleo. A seguir, distribuem o


excesso de óleo colhido no banho, a outras partes. Para isso, existem ranhuras e
coletores que formam uma rede de distribuição.

A lubrificação por banho é muito usada em caixas de engrenagens.

A figura abaixo mostra um exemplo de aplicação de lubrificação por banho para


mancal de rolamento.

Lubrificação por banho

SENAI 101
Técnicas de Lubrificação

É importante que se mantenha o nível de óleo constante, pois nível baixo causa falta
de lubrificação. Por outro lado, o nível muito alto causa excesso de agitação,
provocando a formação de espuma e o aumento da temperatura.

Banho com anel


É um sistema onde o óleo fica num reservatório abaixo do mancal. Ao redor do eixo do
mancal repousa um anel, com diâmetro maior que o do eixo, e com a parte inferior
mergulhada no óleo.

Devido ao movimento do eixo, o anel também gira e transporta o óleo até um canal de
distribuição. Pode também ser usada uma corrente no lugar do anel.

Banho com anel

O banho com anel é muito usado em motores elétricos, bombas e compressores.

Óleos muito viscosos são inadequados a esse sistema pois prendem o anel.

Banho com colar


É um sistema que substitui o anel do sistema anterior por um colar fixo ao eixo do
mancal.

Banho com colar

102 SENAI
Técnicas de Lubrificação

É adequado a lubrificantes viscosos e altas velocidades.

Lubrificador de nível constante


É um auxiliar para os sistemas citados anteriormente.

O dispositivo consiste de dois reservatórios e interligação entre eles. O primeiro


reservatório é o alimentador que, em geral, é transparente. O segundo é o reservatório
de nível constante onde funciona a lubrificação por anel, colar, etc.

Lubrificador de nível constante

O funcionamento do lubrificador de nível constante ocorre do seguinte modo: quando o


nível do segundo reservatório baixa, acontece a passagem de ar pelo tubo de
interligação. Isso faz com que o óleo do primeiro reservatório flua para o segundo,
restabelecendo o nível.

Lubrificação por salpico


É uma derivação do banho de óleo. Nele, uma peça mergulha no óleo e, com o
movimento, salpica lubrificante às várias partes do conjunto mecânico.

SENAI 103
Técnicas de Lubrificação

É um sistema muito usado em motores de combustão interna e compressores de ar.

Lubrificação por salpico

Banho com estopa


É um sistema que mantém um chumaço de estopa em contato com o eixo. Na
extremidade inferior da estopa é colocado o óleo que atinge o eixo por capilaridade.

Banho com estopa

A estopa em geral é de lã e antes de introduzi-la impregnada de óleo na caixa, deve-se


drená-la, pois o óleo em excesso aumenta o peso da estopa e faz com que ela se
afaste do eixo.

É um sistema usado em pequenos motores elétricos e vagões ferroviários.

104 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Banho com almofada


É um sistema que está caindo em desuso. Em seu lugar estão sendo colocados
mancais de rolamento.

É constituído por uma almofada de lã fiada, contida em armação que é forçada por
molda contra o eixo do mancal.

O óleo é retirado do reservatório pela ação capilar da franja de mechas que sai da
almofada. A quantidade de óleo varia de acordo com o número de mechas.

Esse sistema tem os mesmos usos do banho com estopa.

Banho com almofada

Sistemas circulatórios
São sistemas que usam bombas para distribuir o lubrificante.

Os sistemas circulatórios podem atuar com alimentação por gravidade ou com


alimentação por pressão.

No sistema por gravidade, o fluido é bombeado do cárter para um reservatório


superior. Deste, é distribuído por gravidade aos pontos de lubrificação.

No sistema com alimentação por pressão, o bombeamento leva o fluido diretamente ao


ponto de lubrificação. Nesse caso, não há segundo reservatório.

SENAI 105
Técnicas de Lubrificação

A figura abaixo mostra um sistema com alimentação por gravidade.

Sistema circulatório por gravidade

Os sistemas circulatórios são empregados em grandes mancais, engrenagens de


laminadores, caixas de engrenagens de máquinas-ferramentas, etc.

Estocagem e manuseio

Para que o lubrificante cumpra sua função, ele precisa chegar intacto ao seu local de
uso. Para isso, certos cuidados durante o recebimento, armazenagem e manuseio são
fundamentais.

106 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Os cuidados com o recebimento de lubrificantes são:


• Retirar os vasilhames do caminhão com talha, empilhadeira ou pau de carga;
• Nunca descarregar tambores jogando-os sobre pneus;
• Não rolar os tambores sobre terreno irregular;
• Não aceitar embalagens amassadas, com a costura rompida ou com identificação
apagada;
• Não permitir que o empilhamento de caixas e tambores ultrapasse à altura máxima
permitida.

Pau de carga

Armazenagem

O maior inimigo dos lubrificantes é a água. A contaminação por água prejudica


sensivelmente a grande maioria dos lubrificantes.

Portanto, a grande preocupação na estocagem é evitar a entrada de água nas


embalagens. Outros cuidados:
• Evitar exposição a temperaturas muito altas, que podem decompor os óleos e
principalmente as graxas;
• Evitar a contaminação por areia, pó ou outros materiais particulados que podem ser
abrasivos;
• Nunca deixar as latas de graxa abertas, pois elas oxidam-se facilmente.

SENAI 107
Técnicas de Lubrificação

O melhor modo de armazenar lubrificantes é em recintos fechados. Para isso, pode-se


usar o sistema de estantes de ferro (“racks”) ou o sistema de estrados de madeira
(“pallets”).

Armazenagem com “pallets”

No sistema de estantes, é necessário um guindaste tipo monovia ou portátil para a


movimentação.

No sistema de estrados, basta uma empilhadeira para a movimentação. O método


mais aconselhável é o de estrados pois serve a vários tipos de carga, e, ainda, permite
armazenar as caixas contendo embalagens pequenas.

No caso de ser impossível armazenar os lubrificantes em recinto fechado, deve-se


fazer a armazenagem horizontal ou a armazenagem vertical.

108 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Armazenagem horizontal
Os tambores devem ser mantidos na posição horizontal, deitados sobre ripas de
madeira, sem o contato com o solo, evitando corrosão.

Armazenagem horizontal

Os bujões dos tambores devem ficar numa linha horizontal e abaixo do nível do
lubrificante. Esse procedimento ajuda na detecção de vazamentos e usa o próprio
lubrificante como auxiliar de vedação.

Em cada extremidade de uma fila horizontal de tambores, devem existir escoras firmes
que impeçam qualquer movimentação.

Nunca se devem estocar tambores sobre aterros de escórias, pois a composição


química do terreno ataca suas chapas.

Devem-se ainda fazer inspeções periódicas para verificar se as identificações estão


legíveis, e para detectar vazamentos.

Armazenagem vertical
Os tambores devem ser estocados na posição vertical somente se a estocagem
horizontal for impossível.

SENAI 109
Técnicas de Lubrificação

Nesse caso, os tambores devem ficar cobertos por encerado.

Na falta de encerado, a solução é calçar os tambores e posicionar os bujões de modo


a evitar o acúmulo de água.

Armazenagem vertical

Almoxarifado de lubrificantes
O almoxarifado de lubrificantes deve ser bem arejado e ficar distante de fontes de calor
e poeira.

O piso não deve soltar poeira e nem absorver óleo, depois de um derrame acidental.
A retirada de óleo dos tambores pode ser feita com bomba apropriada ou por torneiras.

110 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Ser forem usadas torneiras, os tambores devem ficar deitados sobre cavaletes e
possuir coletores de respingos.

A torneira geralmente é colocada no bujão menor, ficando o bujão maior para os óleos
muito viscosos.

Os recipientes para pequenas quantidades devem ser identificados, e não é


recomendável o uso de um único recipiente para óleos diferentes.

No caso das graxas, é conveniente extraí-las dos tambores por meio de bombas. Na
impossibilidade usa-se espátula, nunca o contato manual.

Quanto ao fornecimento de lubrificante pelo almoxarifado, é importante a seguinte


ordem:
• Material recebido em primeiro lugar deve ser fornecido em primeiro lugar.

Devido a sua própria natureza, muitos lubrificantes podem oxidar-se ainda em estoque.
Esse é o problema crítico dos fluidos de corte.

Questionário – resumo

1 O que é película espessa?

SENAI 111
Técnicas de Lubrificação

2 O que é lubrificação hidrodinâmica?

3 Quais são as condições para a formação da cunha de óleo?

4 O que é lubrificação por esmagamento da película?

5 O que é lubrificação hidrostática?

6 Qual é a importância da viscosidade para a película limite?

7 Quais são os métodos de aplicação dos lubrificantes?

8 O que é lubrificação centralizada?

112 SENAI
Técnicas de Lubrificação

9 Quais são as vantagens da lubrificação centralizada em relação aos outros


sistemas por perda total?

10 Quais são as condições básicas para um almoxarifado de lubrificantes?

SENAI 113
Técnicas de Lubrificação

Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


114 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação de
equipamentos

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Métodos e produtos empregados na lubrificação dos elementos de máquinas.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Lubrificação dos principais elementos que formam as máquinas;
• Lubrificação de motores de combustão interna;
• Classificações baseadas na viscosidade e nos tipos de serviços.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Selecionar óleos para uso nos elementos de máquina;
• Identificar problemas decorrentes da má lubrificação.

Introdução

Os equipamentos são formados por um número variável de elementos de máquinas,


por isso lubrificar equipamentos é lubrificar os elementos que constituem esses
equipamentos.

Assim, serão estudados os procedimentos de lubrificação para os elementos comuns


na maioria das máquinas e equipamentos.

SENAI 115
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação com óleo ou graxa


Quando se trata de lubrificar elementos, a primeira questão é: lubrificar com óleo ou
com graxa?

Essa escolha depende das particularidades de cada elemento, porém é preciso ter em
mente algumas características gerais.

O óleo é um produto de alta mobilidade, por isso pode transferir calor eficientemente. A
graxa, por sua vez, não possui essa propriedade.

O uso da graxa comum está limitado a trabalhos onde as temperaturas são


relativamente baixas.

Existe mais facilidade em lubrificar um mancal com óleo do que com graxa. A queda de
pressão ao longo das tubulações quando se usa óleo é bem menor do que quando se
usa graxa.

A lubrificação com óleo pode ser insuficiente no início do funcionamento dos


equipamentos de uso esporádico. Nessa situação, a graxa é mais adequada.

A graxa, também, é indicada em ambientes onde há muita poeira, porque ela age como
vedante nas extremidades do mancal.

Os retentores para graxa são mais robustos e duram mais do que os retentores para
óleo.

Mancais de deslizamento

A lubrificação satisfatória dos mancais de deslizamento depende da manutenção, entre


as superfícies, da cunha lubrificante (película espessa). Para isso, são fundamentais
os seguintes fatores:
• Rotação do eixo;
• Viscosidade;
• Temperatura de serviço;
• Carga de trabalho;
• Distribuição do lubrificante.

116 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Para determinar o uso correto de um óleo, é preciso consultar tabelas construídas a


partir de experiências práticas.

A tabela abaixo fornece a viscosidade ISO em função das variáveis envolvidas na


atuação do mancal, enquanto que o gráfico seguinte fornece a viscosidade aproximada
em função do fator de velocidade.

Tabela: Viscosidades recomendadas para mancais


Diâmetro do
De 50 a De 250 a 1.000
eixo Sistema de lubrificação De 1.000 a 2.400
250 (rpm)
(mm)

Temperatura de operação de 0 a 70ºC

Até 25 Com reaproveitamento por perda ISO 46 ISO 32 ISO 22

De 25 a 75 Com reaproveitamento por perda ISO 68 ISO 46 ISO 32

ISO 100
De 75 a 125 Com reaproveitamento por perda ISO 68 ISO 46
ISO 150

ISO 150 ISO 100 -


De 125 a 250 Com reaproveitamento por perda
ISO 220 ISO 150 -

Temperatura de operação acima de 70 a 130ºC

Até 25 Com reaproveitamento por perda ISO 100 ISO 68 ISO 36

De 25 a 75 Com reaproveitamento por perda ISO 150 ISO 100 ISO 46

ISO 68
De 75 a 125 Com reaproveitamento por perda ISO 220 ISO 150
ISO 100

De 125 a 175 Com reaproveitamento por perda ISO 220 ISO 150 ISO 100

Nota

Para mancais com rpm entre 2.400 e 6.000, usar ISO 22.

SENAI 117
Técnicas de Lubrificação

Tabela: Viscosidade do óleo em função do fator de velocidade

Observação
O fator de velocidade é obtido multiplicando-se o número (N) de rotações por minuto
pelo diâmetro (D) em milímetros.

Fator de velocidade = N (rpm) . D (mm)

118 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação com graxa


As graxas recomendadas para uso em mancais de deslizamento estão na tabela
abaixo.

Graxas para mancais de deslizamento


Temperatura Base NLGI
- 20 a 260º C Argila 1
Até 60º C Cálcio 1
- 30 a 180º C Lítio 2

Distribuição dos lubrificantes


É feita através de ranhuras e chanfros nos mancais de deslizamento.

As ranhuras devem ser longitudinais, cortadas em toda a extensão do mancal, sem,


entretanto, atingir suas extremidades.

Ranhura de distribuição

SENAI 119
Técnicas de Lubrificação

A secção das ranhuras deve ser semicircular com os cantos arredondados.

Secção da ranhura de distribuição

Na área de pressão, não deve haver ranhuras nem orifícios de alimentação para que
não seja necessário introduzir lubrificante sob pressão.

Eventualmente, pode haver uma ranhura auxiliar imediatamente antes da área de


pressão para melhor introdução do óleo na zona de suporte de carga.

No caso de ser usada a ranhura auxiliar, ela deve ter o lado da rotação chanfrado.

Secção de ranhura auxiliar

120 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Os mancais bipartidos devem ter as arestas chanfradas para impedir que elas raspem
o óleo.

Chanfros em mancais bipartidos

Quando o comprimento do mancal for superior a 200 mm, serão necessários dois ou
mais pontos de alimentação de óleo. Esses pontos devem ser interligados por
ranhuras.

Folga

A folga entre o eixo e o mancal pode ser conseguida na Tabela “Folgas mínimas em
μm” (Unidade “Princípios fundamentais”) ou pela seguinte regra prática:

F = 0,001 D

Onde:
F – folga diametral
D – diâmetro do eixo

SENAI 121
Técnicas de Lubrificação

Vias de deslizamento

A lubrificação das vias de deslizamento das máquinas-ferramentas deve ser de tal


forma eficaz que o deslocamento de todos os órgãos móveis seja suave e preciso.

Os principais problemas da lubrificação inadequada são:


• Prisão seguida de escorregamento (“stick-slip”) nas baixas velocidades;
• Espessura inconstante da película, provocando variação no nível da mesa;
• Escorrimento do fluido nas vias verticais.

As características mais importantes para os óleos usados em vias de deslizamento


(barramentos) são:
• Viscosidade apropriada à temperatura de trabalho para permitir distribuição fácil,
sem o inconveniente de elevar as mesas;
• Elevada resistência da película para que, mesmo sob carga elevada, seja mantida
a proteção;
• Untuosidade elevada para evitar o “stick-slip”;
• Adesividade alta para evitar escorrimento e resistir à lavagem pelos fluidos de
corte.

Os lubrificantes que geralmente atendem às exigências dos barramentos e guias são:


• Óleo mineral de viscosidade ISO VG 68 ou 100 com aditivos EP, antiferrugem e
anticorrosivo;
• Óleo mineral de viscosidade SAE 20 contendo os mesmos aditivos.

Formação da cunha
Para formar e manter a cunha lubrificante nas vias de deslizamento, são feitas
ranhuras e bolsas de lubrificação nos carros.

Dependendo da forma das ranhuras e bolsas, tem-se a qualidade de formação da


cunha.

122 SENAI
Técnicas de Lubrificação

O quadro abaixo mostra as formas usuais das ranhuras e bolsas e seu desempenho.

Quadro: Ranhuras e bolsas lubrificantes


Formação da cunha
deficiente regular

Formação da cunha
boa ótima

Observação
As setas largas representam a direção do movimento enquanto as
setas estreitas representam o fluxo de óleo.

Mancais de rolamentos

Podem ser lubrificados com óleo ou graxa, os quais devem ter como principais
funções:
• Evitar o atrito de deslizamento entre o separador e os elementos rolantes;
• Evitar o atrito de deslizamento em pontos onde eventualmente não aconteça o
movimento rotativo;
• Resistir ao contato, caso aconteça, entre o separador e as pistas;
• Proteger o mancal contra a ferrugem;
• Dissipar o calor gerado no mancal;
• Vedar o mancal para evitar a entrada de sujeira.

SENAI 123
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação com óleo


O fator mais importante na lubrificação com óleo dos rolamentos é a viscosidade.

Tabela: Viscosidade para uso em rolamentos


Tempo de trabalho RPM Viscosidade das esferas Viscosidade dos rolos

0º C qualquer ISO VG 32 ISO VG 32

50 ISO VG 68 ISO VG 68

50 – 30 ISO VG 46 ISO VG 46
De 0 a 60º C
300 – 3.000 ISO VG 32 ISO VG 46

3.000 – 15.000 ISO VG 22 ISO VG 32

300 ISO VG 100 ISO VG 100

De 60 a 80º C 300 – 3.000 ISO VG 68 ISO VG 68

3.000 ISO VG 46 ISO VG 46

80º C qualquer ISO VG 320 ISO VG 320

O nível de óleo dentro da caixa de rolamentos deve ser mantido abaixo do centro do
corpo rolante que, em relação aos outros corpos rolantes, está na posição mais baixa.
Esse procedimento evita o turbilhonamento do fluido.

Nível de óleo

Os aditivos que os óleos devem conter são:


• Antiferrugem;
• Antioxidação;
• Anticorrosão;
• Adesividade;
• Oleosidade;
• Extrema pressão.

124 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Intervalos de relubrificação
O período de troca de óleo depende da temperatura de funcionamento do equipamento
e da possibilidade de contaminação que existe no ambiente. Por isso, o melhor
procedimento é seguir as recomendações do manual do equipamento.

Em regra geral, se a temperatura de trabalho é no máximo 50º C, o óleo pode ser


trocado uma vez por ano.

Para temperaturas de trabalho em torno de 100º C, o intervalo para troca de óleo cai
para 60 ou 90 dias.

Lubrificação com graxa


As funções do óleo e da graxa são idênticas. Geralmente, empregam-se graxas como
lubrificantes quando os elementos de vedação não permitem uma lubrificação
satisfatória com óleo. Ou, ainda, quando as temperaturas não são excessivas.

Os métodos de aplicação de graxa dependem do desenho dos mancais e das


condições de trabalho. Assim, a aplicação manual é usada em equipamentos onde as
condições de trabalho são pouco severas e não há necessidade de relubrificação
constante.

Sob condições severas de trabalho ou consumo freqüente, empregam-se sistemas de


lubrificação com graxa automáticos, geralmente esses sistemas são centralizados.

Observações gerais sobre o uso das graxas em rolamentos:


• As graxas de cálcio só podem ser usadas em equipamentos com temperaturas de
trabalho até 60º C e com até 3.000 rpm;
• As graxas de sódio só podem ser usadas em condições de trabalho isentas de
umidade;
• Com qualquer graxa, os mancais de rolamento devem ter apenas 1/4 ou 1/3 do seu
espaço livre preenchido;
• O excesso de graxa é altamente prejudicial pois produz superaquecimento e pode
provocar a separação do óleo;
• Apenas no caso de baixíssima velocidade e em ambiente onde a vedação contra
abrasivos for crítica é que se deve preencher todo o espaço livre do mancal.

SENAI 125
Técnicas de Lubrificação

A tabela a seguir apresenta as graxas recomendadas para os rolamentos de qualquer


tipo. Para consultá-la, é necessário obter o fator de velocidade (DN) multiplicando o
diâmetro interno do rolamento (em mm) pela rotação (em rpm).

Todas as graxas devem conter aditivo antiferrugem, e EP quando necessário.

Tabela: Graxas para rolamentos


DN máximo Temperatura Serviço NGLI Base
• Componentes de motores elétricos
250.000 - 30 a 180º C • Eixos sujeitos a vibrações, choques e 2–3 Lítio ou *MA
altas pressões
500.000 • Aplicação geral, exceto os citados acima 1 – 2
750.000 - 20 a 260º C • Cargas normais ou qualquer serviço 1 Argila
250.000 0 a 60º C • Bomba d’água e indústria alimentícia 2–3 Cálcio
(*)MA – múltipla aplicação

Intervalos de relubrificação
Estão relacionados com o tempo de vida útil da graxa e podem ser estimados pela
fórmula:

⎛ 14 . 10 6 ⎞
Ir = k ⎜ - 4d ⎟
⎜ n d ⎟
⎝ ⎠

Onde: Ir - Intervalo de relubrificação, em horas


n - Rotação, em rpm
d - Diâmetro interno do rolamento, em mm
k - Fator do tipo do rolamento

Tipo Fator k
Rolos convexos ou cônicos 1
Rolos cilíndricos e agulhas 5
Esferas 10

A quantidade de graxa para relubrificação é calculada pela fórmula:

Q = 0,005 DL

Onde: Q - Quantidade de graxa, em gramas


D - φ externo do rolamento, em mm
L - largura do rolamento, em mm

126 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Engrenagens

As engrenagens são elementos de máquinas de contato direto e movimento misto:


rolamento e deslizamento.

Quando se inicia o contato, o


deslizamento é máximo e o rolamento
é zero.

À medida que o engrenamento


continua, o deslizamento diminui e o
rolamento aumenta.

Com o ponto de contato próximo à


linha primitiva, o deslizamento é
mínimo e o rolamento é próximo ao
máximo.

Na linha primitiva o deslizamento cai a


zero e o rolamento atinge o máximo.

Continuando o movimento, o
deslizamento volta a aumentar e o
rolamento volta a cair.
Movimento das engrenagens

Sua função é transmitir o movimento de rotação de um eixo para outro, modificando a


velocidade e permitindo a transmissão de potências elevadas. Por isso, a escolha do
lubrificante correto é de grande importância.

A lubrificação de engrenagens é dividida em:


• Lubrificação de engrenagens fechadas;
• Lubrificação de engrenagens abertas.

SENAI 127
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação de engrenagens fechadas


O óleo é aplicado às engrenagens fechadas por salpico ou por circulação. Para tanto,
usa-se um sistema centralizado ou sistema individual.

Os fatores que influenciam esse tipo de aplicação de óleo são:


• Tipo de engrenagem;
• Rotação do pinhão;
• Grau de redução;
• Temperatura de serviço;
• Potência;
• Natureza da carga;
• Tipo de acionamento;
• Escolha da viscosidade.

Tipo de engrenagem
Nas engrenagens cilíndricas e cônicas de dentes retos, helicoidais e espinha de peixe,
a linha de contato se desloca tão rapidamente que não há tempo para desalojar a
película de óleo. Além disso, a direção do deslocamento facilita a formação da cunha
de óleo.

No caso da engrenagem sem-fim, além de haver praticamente rolamento, há um


deslizamento lateral.

A direção do deslizamento e a linha de contato coincidem. Fato que dificulta a


formação da película. Por isso, a engrenagem sem-fim exige óleos com grande
adesividade e resistência da película.

Rotação do pinhão
Quanto maior for a velocidade do pinhão, maiores serão as velocidades de
deslizamento e rolamento em cada dente.

Com um pinhão trabalhando em altas rotações, grande porção de óleo é levada à área
de pressão, e o tempo disponível para que o óleo seja desalojado é curto. Com as
baixas velocidades ocorre o contrário.

Portanto, quanto menor for a rotação do pinhão, maior será a viscosidade do óleo.

Grau de redução
Nos redutores de velocidade com engrenagens, o óleo deve ser escolhido para
atender as condições do pinhão de pequena velocidade.

128 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Temperatura de serviço
O calor do trabalho eleva a temperatura do óleo. As engrenagens cilíndricas, cônicas e
helicoidais operam com aumento de 15º C em relação à temperatura ambiente.

As engrenagens sem-fim operam com aumento de 30º C em relação à temperatura


ambiente. Entretanto, não devem trabalhar em temperaturas acima de 90º C.

Potência
Quanto maior for a potência transmitida, maior deverá ser a viscosidade do óleo. Isso é
válido para manter uma película adequada, visto que a pressão entre os dentes tende
a esmagar a película lubrificante.

Natureza da carga
Se a carga transmitida for uniforme, o torque e as pressões suportadas pelos dentes
serão também uniformes. Entretanto, a ocorrência de choques, ou sobrecarga no início
do movimento, faz com que a película de óleo tenda a romper-se.

Nesses casos, deve-se usar um óleo bastante viscoso ou óleo contendo aditivo EP
para evitar a ruptura da película.

Tipo de acionamento
Quando o torque transmitido pelas engrenagens é fornecido por motores elétricos,
turbinas a vapor ou hidráulicas, o movimento é uniforme.

No caso de o acionamento ser feito por máquina a vapor ou motor diesel, ocorrem
esforços extraordinários e variáveis sobre os dentes. Para essas situações, usa-se
óleo com grande viscosidade ou com EP.

Escolha da viscosidade
A viscosidade pode ser determinada pela tabela a seguir, que reproduz a especificação
da Associação Americana dos Fabricantes de Engrenagens AGMA (“American Gear
Manufactures Association”).

A AGMA designa os óleos por números e, quando possuem aditivo extrema pressão,
acrescenta EP.

SENAI 129
Técnicas de Lubrificação

Tabela: Viscosidade de óleos para engrenagens


Designação AGMA
Viscosidade ISO VG Viscosidade SUS a 37,8º C
Sem EP Com EP
1 - 46 193 – 235
2 2 EP 68 284 – 347
3 3 EP 100 417 – 510
4 4 EP 150 626 – 765
5 5 EP 220 918 – 1.122
6 6 EP 320 1.335 – 1.632
7 7 EP 460 1.919 – 2.346
8 8 EP 680 2.837 – 3.467
8A 1.000 4.171 – 5.098

Observação
• Os óleos de 1 a 6 devem possuir I.V. mínimo de 30 para aplicações simples
• Quando as temperaturas ultrapassarem 44º C o I.V. mínimo é 60
• Os óleos de 7 a 8A devem ter I.V. mínimo de 90, e são compostos com 3 a 10 % de
material graxo

A classificação AGMA aparece nas chapas de indicação de lubrificantes das máquinas


ou em seus catálogos.

A tabela a seguir traz as recomendações de viscosidade de óleos para engrenagens


fechadas.

Tabela: Viscosidade de óleos usados em engrenagens fechadas


Aplicação

Serviço leve
Mancais lubrificados:
• Com óleo exclusivo para mancal 4 4 4 7 -
• Com óleo de engrenagem 4 3 4 7 -
Engrenagens lubrificadas: por banho - - - 7
Serviço pesado
Mancais lubrificados:
• Com óleo exclusivo para mancal 5 EP 5 ou 6 EP 5 EP -
• Com óleo de engrenagem 4 ou 5 EP 2 ou 3 EP 5 EP -

Observação
• Os óleos devem conter os aditivos anticorrosão, antiespuma e antioxidação
• Temperatura ambiente de 5 a 40ºC

130 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Lubrificação de engrenagens abertas


As engrenagens de grandes dimensões e baixas velocidades não são montadas em
caixas, por não ser prático e nem econômico. Assim, são chamadas engrenagens
abertas.

Elas requerem fluidos de alta viscosidade e alta adesividade para que a película não
seja desalojada pelo engrenamento dos dentes ou pela força centrífuga.

Para essas engrenagens, os métodos de aplicação podem ser:


• Manual (pincel, espátula, etc.);
• Por pulverização;
• Por banho.

A seleção do lubrificante é feita tendo em conta os seguintes fatores:


• Temperatura;
• Método de aplicação;
• Condições ambientais;
• Material da engrenagem.

Temperatura
Devido a sua natureza, as engrenagens abertas trabalham em condições de
lubrificação limítrofe. Por isso, qualquer diminuição da viscosidade pode acelerar o
desgaste. Em conseqüência, quanto maior for a temperatura mais viscoso deverá ser o
óleo.

Método de aplicação
Os métodos por pulverização e por banho não apresentam problemas particulares.

Já os métodos manuais precisam de um lubrificante que seja suficientemente fluido


para escorrer na hora da aplicação. Enquanto em serviço, o lubrificante deve
permanecer adesivo e viscoso.

Essa exigência é satisfeita usando composições betuminosas que devem ser


aquecidas antes da aplicação.

Outro modo de satisfazer a exigência é usar composições diluídas em solvente volátil.


Este, logo após a aplicação, evapora deixando uma película resistente sobre os dentes
das engrenagens.

SENAI 131
Técnicas de Lubrificação

Condições ambientais
Se o ambiente estiver poluído, a contaminação do lubrificante pode formar, nas raízes
dos dentes, depósitos duros que, comprimidos pelos dentes, forçam
desnecessariamente os mancais.

Nessas condições, usa-se uma graxa que endureça e se desaloje quando


excessivamente contaminada. Ou, ainda melhor, deve-se prever limpeza e
relubrificação periódicas.

Material da engrenagem
Quando as engrenagens são metálicas, os lubrificantes recomendados estão na tabela
abaixo, e seguem a classificação AGMA.

Tabela: Viscosidade para óleos usados em engrenagens abertas

Aplicação

Lubrificadas por
8 EP 8 EP - 8 EP
banho
Lubrificadas
5 ou 6 EP 8 EP 8 EP 8 EP
manualmente

Observação
• Os óleos da tabela devem conter aditivos antidesgaste, antiespuma, antiferrugem,
antioxidação, EP e melhorador do I.V.
• Temperatura ambiente de 5 a 40º C

No caso de engrenagens feitas com plásticos e resinas, a lubrificação é feita apenas


com óleo mineral puro.

Sistema hidráulico

A transmissão de energia por sistemas hidráulicos é usada num grande número de


aplicações.

132 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Sempre que se precise obter multiplicação de forças ou um sistema de movimentação


seguro e preciso, o sistema hidráulico é a melhor solução.

O fluido hidráulico deve ter as seguintes características:


• Ser incompressível;
• Ter baixo custo;
• Ser bom lubrificante;
• Não ser tóxico;
• Ser quimicamente estável;
• Ter elevado I.V.;
• Ter baixo ponto de fluidez;
• Ter boa demulsibilidade;
• Resistir à formação de espuma;
• Resistir à oxidação;
• Ter inibidores de ferrugem;
• Ter viscosidade adequada.

Fluidos hidráulicos

Os principais são:
• Óleos minerais;
• Fluidos sintéticos;
• Fluidos resistentes ao fogo.

Óleos minerais
São os mais usados nos sistemas hidráulicos pois têm ótimas propriedades
lubrificantes, faixa de temperatura para uso amplo e podem ter aditivos conforme a
necessidade.

Fluidos sintéticos
São compostos químicos que podem trabalhar acima dos limites dos óleos minerais.
Eles são compostos por silicatos, ésteres, etc.

Fluidos resistentes ao fogo


São as emulsões de óleo em água e de glicol em água e os fluidos não aquosos.

SENAI 133
Técnicas de Lubrificação

Esses fluidos foram desenvolvidos para uso em situações com risco de incêndio, tais
como em forjaria, laminação a quente e fornos.

Viscosidade do fluido hidráulico


A característica mais importante de um fluido hidráulico é a viscosidade, que não deve
ultrapassar a 4.000 SSU ou ser inferior a 45 SSU na faixa de temperatura operacional
do sistema (18 a 80º C).

Cada sistema hidráulico tem sua viscosidade adequada às condições operacionais. O


tipo de bomba hidráulica determina a viscosidade necessária ao fluido hidráulico.

Tabela: Viscosidade para fluido hidráulico


Viscosidade
Tipo de bomba
ISO VG SSU a 38º C
De palhetas 32 100 – 300
De engrenagens 46 300 – 500
De pistão 68 250 – 900

Controle dos fluidos hidráulicos


Os fluidos hidráulicos podem sofrer contaminação por matéria particulada (poeira,
limalha, etc.). Essa contaminação é aceitável até o limite de 0,02% do peso do fluido.
Por isso, os sistemas hidráulicos devem possuir um bom sistema de filtragem.

De modo geral, o fluido deve ser filtrado a cada seis meses e trocado quando for
estritamente necessário.

Para trocar o fluido deve ser analisado o nível de contaminante e, principalmente, a


oxidação, acidez, viscosidade e teor de água. O limite máximo para o TAN é 2
mgKOH/g.

Quando da troca do fluido, é aconselhável a lavagem do sistema com óleo mineral


puro. Isso porque restos de óleo usado reduzem a vida útil do óleo novo.

Sistema pneumático

O ar comprimido possui inúmeras aplicações industriais. É obtido por compressores e


cumpre seu trabalho por meio de válvulas e cilindros.

134 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Todas as partes móveis do sistema pneumático que entram em contato com o ar


comprimido, recebem o lubrificante que é transportado pelo próprio ar comprimido.
No ar comprimido sempre existe uma certa umidade que se torna o principal problema
do lubrificante.

Para obter uma lubrificação eficiente é necessário que o óleo:


• Resista ao desalojamento pela água;
• Atue como auxiliar na vedação;
• Resista à formação de carvão nas válvulas;
• Tenha boa adesividade;
• Forme película altamente resistente;
• Tenha médio ou alto I.V.;
• Resista à oxidação e ferrugem.

Quanto à viscosidade, os sistemas que possuem compressores de estágio simples


usam ISO VG 150, e os compressores de estágios múltiplos usam ISO VG 100.

Motores de combustão interna

A lubrificação dos motores de combustão interna é um problema delicado, pois os


esforços atuantes e a temperatura de trabalho são variáveis.

A maioria dos motores possui um sistema de lubrificação forçada para os mancais


principais e uma lubrificação por salpico para as bielas, cilindros e pistões.

As funções dos lubrificantes para os motores de combustão interna são:


• Lubrificar;
• Refrigerar;
• Limpar;
• Vedar;
• Proteger contra a corrosão.

Classificação dos óleos para motor


Habitualmente, usam-se três métodos para classificar os óleos para motor de veículos:
• Viscosidade SAE;
• Nível de desempenho;
• Serviço API-SAE-ASTM.

SENAI 135
Técnicas de Lubrificação

Para adquirir um óleo adequado, é necessário especificar a viscosidade e o tipo de


serviço.

Viscosidade SAE
É a classificação mais conhecida e deve-se à SAE (“Society of Automotive Engineers”).
Baseia-se na viscosidade, não considerando fatores de qualidade ou desempenho.

A classificação SAE considera sete faixas de viscosidade, representadas por um


número SAE, seguido ou não da letra W.

Os números seguidos da letra W, inicial de “winter” (inverno), indicam que o óleo foi
testado e aprovado em condições de frio intenso.

A tabela abaixo mostra a classificação SAE para motores.

Tabela: Viscosidade para motores


Número SAE SSU a –18º C

5W Máxima 6.000
10 W Máxima 12.000
20 W Máxima 48.000

Número SAE SSU a 40º C SSU a 100º C


20 150 – 250 45 – 58
30 400 – 600 58 – 70
40 600 – 850 70 – 85
50 850 – 1.500 85 – 110

Nível de desempenho
São especificações militares norte-americanas que estabelecem características físicas
e químicas dos lubrificantes. Também estabelecem os testes, feitos em motores padrão
que indicam a qualidade do óleo.

A designação do nível de desempenho usa as iniciais MIL-L seguidas do número do


teste. Essa designação foi incorporada à classificação de serviço API-SAE-ASTM.

136 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Serviço API-SAE-ASTM
Para facilitar a seleção dos óleos, independente da viscosidade, o Instituto Americano
do Petróleo adotou, em 1.947, um sistema com três classes de óleos:
• Regular - que é óleo mineral puro;
• Premium - que é óleo mineral com inibidor de oxidação;
• HD (“heavy duty”) - que é óleo aditivado para trabalho pesado.

Depois de alguns anos, notaram-se as deficiências dos sistemas SAE e API. Criou-se,
então, a classificação API-SAE-ASTM.

Essa classificação contou com a designação feita pela SAE; com a descrição do tipo
de serviço, feita pela API; e com a descrição básica do óleo feita pela ASTM.

Quadro: Classificação SAE-API-ASTM (continua)

Série – SA SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor que trabalha em condições moderadas de serviço;

• Não apropriado para motores atuais;

• Sem especificação referente ao desempenho.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:
• Não aditivado, podendo conter antiespumante e abaixador de fluidez.

Série – SB SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor que trabalha em condições moderadas de serviço;

• Com algum tipo de proteção em serviço.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos antioxidação e antidesgaste.

SENAI 137
Técnicas de Lubrificação

Quadro: Classificação SAE-API-ASTM (continua)

Série – SC SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Aplicado para motor a gasolina de autos e caminhões de fabricação entre 1.964 e 1.968.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos dispersantes, detergentes e antiferruginosos.

Série – SD SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor a gasolina de autos e caminhões de fabricação a partir de 1.968;

• Com desempenho superior ao SC.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com bom nível de desempenho;

• Com aditivo antiferruginoso, antioxidante, reforçador de película, inibidor de corrosão e dispersante

para baixa temperatura.

Série – SE SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• De qualidade superior aos óleos anteriores;


• Para motor fabricado a partir de 1.972.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos para prevenção contra corrosão, dispersantes para baixa temperatura, aditivos

antiferruginoso e inibidor de corrosão.

138 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Quadro: Classificação SAE-API-ASTM (continua)

Série – SF SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor a gasolina ou a álcool a partir de 1980.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com bom nível de desempenho;

• Com aditivos: antidesgaste, antioxidação, reforçador de película, inibidor de

corrosão, antiferrugem, dispersante contra a formação de borra.

Série – CA SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor diesel operando em condições moderadas de trabalho, usando combustível de alta

qualidade;

• Usado, também, em motores a gasolina;

• Indicado para combustíveis com baixo teor de enxofre.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos inibidores de corrosão, além de dispersantes e detergentes;

• Enquadrado na especificação MIL-2104 A.

Série – CB SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor diesel operando em condições moderadas de trabalho, usando combustível de baixa

qualidade;

• Usado, também, em motores a gasolina;

• Pode ser usado em combustível com alto teor de enxofre.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos reforçadores de película, e aditivos detergentes e dispersantes;

• Atende às especificações MIL-L-2104 A para motores não turbinados.

SENAI 139
Técnicas de Lubrificação

Quadro: Classificação SAE-API-ASTM

Série – CC SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor diesel turbinado e levemente superalimentado, operando em condições moderadas de

trabalho;

• Usado, também, em alguns motores a gasolina.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos dispersantes, detergentes a baixa temperatura, e antiferruginosos;

• Enquadrado nas especificações MIL-L-2104 C.

Série – CD SAE

Tipo de serviço API

Óleo:

• Para motor diesel turbinado, operando em alta velocidade com alto rendimento, podendo usar

combustível variável;

• Necessita de proteção contra desgaste e depósitos em altas temperaturas.

Descrição básica do óleo ASTM

Óleo:

• Com aditivos dispersantes e detergentes de resíduos a altas temperaturas, além de aditivos de

reforçadores de película;

• Atende às especificações MIL-L-45199.

Troca de óleo

Os óleos de melhor qualidade (SE, SF, CC ou CD) são trocados entre 2.500 a 5.000
km rodados. Quanto mais moderno for o motor, maior poderá ser o período de troca.

Uma boa norma é trocar o óleo mediante análises periódicas. Entretanto, isto só é
possível quando se tem uma frota de veículos, devido ao alto custo das análises.

Caso não seja possível fazer análises, deve-se observar o período de troca
recomendando pelo fabricante.

140 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Consumo de lubrificante
O consumo de lubrificantes nos motores de combustão interna é normal dentro de
certas especificações. Em geral, considera-se como normal o consumo de um litro para
cada 1.000 a 1.200 km rodados.

O consumo ocorre porque pequenas porções de óleo chegam à câmara de combustão


e são queimadas.

Mistura de óleos
Em princípio não é aconselhável misturar óleos de diferentes marcas. Apesar de
pertencerem à mesma designação API-SAE-ASTM.

Ocorre que os aditivos usados para cumprir as especificações de serviço não são
iguais. Isto pode gerar incompatibilidade química, resultando na formação de borras.

Exceção deve ser feita aos óleos com especificação MIL-L-2104B ou MIL-L-2104C,
pois uma das características desses óleos é a compatibilidade com os demais óleos.

Óleo multiviscoso
É um tipo de óleo que atende a duas ou mais especificações SAE. É ideal para climas
frios e possui aditivação da melhor qualidade.

Trata-se de um produto que mantém sua viscosidade tanto sob frio intenso quanto sob
calor intenso.

Um dos mais comuns é o SAE 20W40 – comporta-se como um óleo SAE20 no inverno
e como um SAE40 no verão.

Engrenagens de veículos

Nos sistemas de engrenagens automotivas, empregam-se óleos com características


diferentes da características dos óleos para motor. Embora, em alguns casos, as
viscosidades sejam idênticas.

Esses óleos devem reduzir o atrito, remover o calor, proteger o metal contra a
ferrugem.

SENAI 141
Técnicas de Lubrificação

Os aditivos essenciais a esses óleos são: antidesgaste, antioxidação, antiespuma,


antiferrugem.

Classificação dos óleos para engrenagens automotivas


Existem dois tipos de classificação:
• SAE;
• API.

Tabela: Viscosidade SAE para engrenagens


Número do SAE SSU a –18º C

75 máxima 15.000

80 15.000 – 100.000

Número do SAE SSU a 100º C

90 75 – 120

140 120 – 200

250 mínima 200

Quadro: Classificação API para engrenagens


GL-1
Lubrificante regular, para engrenagens cilíndricas retas, cônicas e sem-fim com cargas
leves. São óleos minerais puros, contendo antioxidantes.
GL-2
Lubrificante do tipo parafuso sem-fim, indicado para parafuso sem-fim submetido a
condições severas de velocidade e cargas, por exemplo: diferenciais de parafuso sem-fim
de caminhões.
GL-3
Lubrificantes tipo EP suave, indicado para engrenagens cilíndricas e cônicas sujeitas a
condições severas.
GL-4
Tipo multipurpose indicado para engrenagens hipoidais bem como transmissões com
serviços severos.
GL-5
Tipo superior atende a MIL-L-2105B

É conveniente que a especificação seja feita tendo por base as duas especificações.

142 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Questionário – resumo

1 Qual é o melhor lubrificante: óleo ou graxa?

2 Em qual região de pressão nos mancais devem ser localizadas as ranhuras de


lubrificação?

3 Quais são os principais problemas originados pela lubrificação inadequada dos


barramentos?

4 Qual é o nível de óleo correto para uma caixa de rolamentos?

5 Qual é a quantidade de graxa para a relubrificação de rolamentos?

6 Quais são os tipos de atrito que ocorrem nas engrenagens?

7 Quais são as características dos lubrificantes para engrenagens abertas?

SENAI 143
Técnicas de Lubrificação

8 Quais são os principais fluidos hidráulicos?

9 Quais são as características dos óleos para sistemas pneumáticos?

10 Quais são as funções dos lubrificantes para motores de combustão interna?

11 A qual classificação deve-se recorrer para a especificação de um óleo para motor?

12 Pode-se usar o mesmo óleo empregado no motor em diferenciais e câmbios?

Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


144 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Planejamento da lubrificação

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Sistema de lubrificação planejado;
• Requisitos para implantar sistemas de lubrificação organizados.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Inventário de equipamentos a serem lubrificados;
• Programação e controle da lubrificação;
• Codificação de lubrificantes;
• Orientações básicas para lubrificadores;
• Procedimentos para a coleta de amostras de óleos e graxas.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Coordenar um sistema planejado de lubrificação.

Introdução

O emprego de sistemas de lubrificação planejados reduz os custos de manutenção.

Entretanto, avalia-se que somente 20 a 30 % das empresas médias e grandes do


Brasil possuam sistemas operacionais de lubrificação planejados.

SENAI 145
Técnicas de Lubrificação

Nas indústrias de pequeno porte, a lubrificação ainda é considerada como atividade de


nível inferior.

Com os equipamentos modernos, a lubrificação tornou-se importantíssima pois, para


obter a máxima produtividade em máquinas cada vez mais caras e sofisticadas, é
preciso reduzir ao mínimo o desgaste e as paradas.

Em todos os equipamentos, é necessário que haja uma lubrificação correta, em


especial os de produção automatizada.

Lubrificar corretamente significa planejar e programar a lubrificação.

Para conseguir uma lubrificação eficiente é preciso, em relação ao lubrificante, saber:


• Tipo e quantidade;
• Quando e onde usá-lo.

A coordenação e controle dos fatores citados é que chama-se planejamento da


lubrificação.

São as seguintes as fases para executar o planejamento da lubrificação:


• Levantamento dos equipamentos;
• Racionalização dos estoques;
• Programação;
• Codificação e identificação dos lubrificantes;
• Controle.

Levantamento dos equipamentos


Nessa fase executa-se uma espécie de inventário dos equipamentos de cada setor da
empresa. Isso é feito elaborando-se fichas individuais para cada equipamento.

Nessas fichas devem constar:


• Nome do equipamento;
• Número de identificação;
• Localização;
• Partes a lubrificar;
• Capacidade dos depósitos;
• Métodos de aplicação;
• Freqüência de aplicação;
• Serviços (limpeza, troca de filtros, etc.);
• Lubrificantes recomendados e seus códigos.

146 SENAI
Técnicas de Lubrificação

No verso dessas fichas, deve ser colocado um esquema do equipamento com a


indicação dos pontos a lubrificar. Esse esquema serve para tirar dúvidas do lubrificador
e auxiliar a programação.

As fichas devem ser feitas em duplicata, ficando uma no setor de lubrificação e outra,
protegida por envelope plástico, fixada à máquina.

A ficha fixada à máquina serve de orientação ao lubrificador.

As figuras a seguir mostram um exemplo preenchido da ficha de lubrificação.

SENAI 147
Técnicas de Lubrificação

Ficha de lubrificação

Equipa Furadeira múltipla


mento:
Número de
identificação 1 9 9 0 0 Marca WXR

Modelo 2 8 5 Setor 2 0 4 5

Centro de Número de
custo 2 0 0 0 pontos

Item Partes a lubrificar Capacidade Método Freqüência e serviços Lubrificante Código


1 Sistema hidráulico 90 λ Manual D MN Lubrix – 40 20

2 Sistema centralizado 2λ Manual D MN + A Lubrix – 10 30


3 Sistema pneumático - Manual D MN Lubrit – M 40
Caixa de
4
engrenagens 2,5 λ Manual 3M T + LF Lubrit – 10 50

Correntes de
5 - Manual 6M LS + L Graxaplex – 2 25
contrapeso
6 Fusos e juntas - Manual M T + LS Graxaplex – 2 EP 35
Sistema pneumático
7 - Manual D MN Lubrit – M 40
do dispostivo
8 Caixa de transmissão 1λ Manual D MN 3M T Lubrit – 10 50

9 Caixa de velocidade 5λ Manual D MN 6M LF Lubrit – 10 50


Nomenclatura
T - trocar LF - limpar LS - limpar S - semanal 2M - bimensal 6M - semestral A - acionar
lubrificante filtro sistema
MN - manter TF - trocar D - diário M - mensal 3M - trimestral 12M - anual L - lubrificar
nível filtro

Frente da ficha de lubrificação

148 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Verso da ficha de lubrificação

SENAI 149
Técnicas de Lubrificação

Racionalização dos estoques

Após o levantamento dos equipamentos, faz-se um estudo sobre as especificações


dos lubrificantes recomendados.

A finalidade do estudo é detectar semelhanças e equivalências entre os produtos. Com


isso é possível reduzir a variedade de produtos em estoque.

Usando o menor número possível de lubrificantes, evitam-se erros de aplicação. E,


também, simplifica-se o acondicionamento e identificação dos produtos.

É importante também que seja feita uma tabela de equivalência entre as várias marcas
comerciais. Isso facilita o abastecimento dos depósitos e recipientes de aplicação.

Programação
Elaborar o programa de lubrificação significa determinar as tarefas e os tempos.

Os instrumentos que dão forma ao programa são:


• Roteiro de lubrificação;
• Calendário de serviços.

Roteiro de lubrificação
Deve ser determinado em função do leiaute das máquinas, sua disponibilidade,
freqüência de aplicação e tempos de deslocamento e lubrificação.

O roteiro deve ser o mais racional possível a fim de obter o máximo de produtividade.

Calendário de serviços
O calendário de serviços deve ter a programação diária das tarefas e abrangência de
um ano.

Para elaborar o calendário, é preciso dividir o ano em semanas de sete dias (de
segunda a domingo) e meses de quatro semanas, isto é, divide-se o ano sem
considerar as variações nos meses apresentadas pelo calendário civil.

A seguir, relacionam-se todas as tarefas segundo sua freqüência, ou seja, agrupam-se


as tarefas em diárias, semanais, mensais, etc.

150 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Cada tarefa relacionada deve ser acompanhada do seu tempo de execução.

De posse dos dados anteriores, o técnico em lubrificação elabora as rotinas diárias,


semanais, mensais, etc. E, ainda, determina o número de lubrificadores e dimensiona
as instalações do setor de lubrificação.

A partir das rotinas, o supervisor responsável pela lubrificação executa uma


programação diária para cada um dos seus subordinados.

As rotinas e programações citadas devem ser feitas por meio de fichas. A finalidade
das fichas é racionalizar o trabalho e, simultaneamente, dar-lhe um caráter
documental.

As figuras seguintes apresentam sugestões para essas fichas.

SENAI 151
Técnicas de Lubrificação

Agrupamentos periódicos Período

Equipamentos Tempo de Equipamentos Tempo de


Item Item
(código) execução (código) execução

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Ficha para agrupamentos

152 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Rotina diária Número

Equipamentos (código) Item Partes a lubrificar Lubrificante

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Ficha para rotina diária

SENAI 153
Técnicas de Lubrificação

Rotina semanal Número

a a a a a
Inventário do equipamento Item Lubrificante 2 3 4 5 6 S D

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Ficha para rotina semanal

154 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Rotina individual de lubrificação

Lubrificador Data / / Visto

Inventário do Partes a Código Quantid Tempo de Observ


Local Capacidade Serviço Visto
equipamento lubrificar lubrificante ade execução ações

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Ficha do lubrificador

SENAI 155
Técnicas de Lubrificação

Codificação e identificação
Devido à necessidade de identificar com rapidez os produtos lubrificantes, deve ser
elaborada uma codificação.

Os códigos devem ser marcados nos equipamentos (próximos aos pontos de


aplicação), nos dispositivos de aplicação e nos depósitos.

As codificações usuais são combinações de cores, figuras geométricas e números.

Para a aplicação desses códigos, são construídas plaquetas ou decalques. E estes


são fixados nas proximidades dos pontos de lubrificação.

Os códigos devem informar, de maneira clara, o seguinte:


• Óleo correto;
• Ocasião certa de aplicar.

A título de sugestão e subsídio, serão apresentadas duas codificações:


• Codificação segundo norma DIN;
• Codificação convencional.

Codificação DIN
A norma DIN 51502 estabelece os códigos quanto ao lubrificante deixado à livre
escolha o código para a ocasião de aplicar (freqüência).

Os símbolos usados pela DIN são:


• O quadrado – para indicar óleo;
• O triângulo – para indicar graxa;
• O losango – para indicar lubrificante permanente;
• Letras – para indicar a finalidade;
• Números – para indicar a viscosidade ou a consistência.

A próxima tabela mostra os lubrificantes industriais mais comuns e sua codificação


DIN.

Quanto ao código de freqüência de aplicação do lubrificante, os símbolos DIN tornam


simples a introdução de um código de cores.

156 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Por exemplo, pode-se ter:


• Amarelo – aplicação diária;
• Azul – aplicação semanal;
• Vermelho – aplicação mensal;
• Preto – aplicação conforme especificação na ficha.

Assim, um quadrado amarelo indica lubrificação diária com óleo. E um triângulo


vermelho indica lubrificação mensal com graxa.

Além disso, as letras e números colocados dentro da figura geométrica indicam a


espécie de óleo ou graxa a ser usada.

Tabela: Codificação DIN


Tipo de lubrificante Código DIN Viscosidade ISO

Óleo hidráulico (HL, HLP, HLP(D)) VG 46

Óleo aplicado sob pressão (lubrificação centralizada) VG 220

Óleo para engrenagens de variadores de velocidade VG 32

Óleo para fusos e rolamentos (c) VG 10

Óleo para engrenagens normais VG 220

Óleo para mancais de alta velocidade VG 5

Óleo de corte VG 32

Óleo emulsionável VG 46

SENAI 157
Técnicas de Lubrificação

Tipo de lubrificante Código DIN Consistência

Graxa para mancais NLGI 2

Graxa para lubrificação permanente NLGI 2

Codificação convencional
É uma codificação com boa aceitação entre as empresas. Consiste no uso de figuras
geométricas para indicar a freqüência de aplicação do lubrificante, e no uso de cores
para indicar a finalidade ou o tipo de lubrificante.

Quadro: Codificação convencional

Freqüência

Cor Tipo ou finalidade

Amarelo Graxas

Verde Turbina, compressor de ar e sistema hidráulico

Vermelho Cilindro a vapor

Azul Lubrificação geral

Marrom Fuso

Lilás Máquina têxtil

Preto Usinagem

Laranja Caixa de engrenagem EP

Branco Refrigeração

Cinza Tratamento térmico

Prata Transformador

Ouro Transferência de calor

158 SENAI
Técnicas de Lubrificação

A codificação convencional pode ser melhorada com a inclusão de símbolos numéricos


para indicar o produto a ser usado.

Os números podem ser usados também para indicar freqüências que não constam
entre as figuras.

Lubrificação diária com o produto código 10

Lubrificação cada duas semanas

Lubrificação cada duas semanas com o produto código 15

Lubrificação trimestral com o produto código 18

Controle

Controlar é uma atividade indispensável para que a lubrificação planejada dê bons


resultados.

O ideal é fazer o controle com auxílio do computador, porém sistemas manuais


oferecem resultados satisfatórios.

O controle deve atuar sobre os seguintes pontos:


• Serviços;
• Consumo;
• Estoque.

Controle dos serviços


É necessário que o responsável pelo setor de lubrificação saiba, com segurança, quais
os serviços executados e quais os transferidos.

Esse controle é feito por meio de análise diária da “rotina individual do lubrificador”
(figura Ficha do lubrificador).

SENAI 159
Técnicas de Lubrificação

A análise deve ser feita no início do período de trabalho, para detectar os eventuais
serviços não cumpridos no dia anterior. Com isso, é possível reprogramar e evitar
falhas na lubrificação.

Para ter um controle eficiente, é necessário sensibilizar o lubrificador quanto ao


preenchimento correto da sua ficha.

No caso da ficha da figura Ficha do lubrificador, os serviços adiados ou executados


parcialmente devem ser anotados em “observações”.

Controle do consumo
Esse controle visa à previsão de estoques e detectar prováveis desperdícios.

O controle de consumo é feito por meio de duas fichas:


• Ficha de consumo diário;
• Ficha de consumo anual.

Devido à grande dificuldade em controlar o consumo por máquina, ambas as fichas


fazem o controle por secção de trabalho.

160 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Consumo diário de lubrificantes


Mês Supervisor Óleos em litros

Secções Graxas em quilos

Lubrificantes

1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
Total do mês corrente

Total do mês anterior

Média mensal

Ficha de consumo diário

SENAI 161
Técnicas de Lubrificação

Consumo anual de lubrificantes


Ano Supervisor Óleos em litros

Secções Graxas em quilos

Lubrificantes

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Total do ano corrente

Total do ano anterior

Média anual

Ficha de consumo anual

162 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Controle de estoque
O estoque de lubrificantes habitualmente é administrado pelo sistema do estoque
médio. Entretanto, se for possível contar com fornecedores confiáveis, pode-se
administrar pelo estoque mínimo.

O controle do estoque é feito por meio de uma ficha que deve conter no mínimo os
seguintes itens:
• Datas de entrada e saída;
• Estoque existente;
• Destinatário;
• Nível de ressuprimento, isto é, momento para novo pedido;
• Ponto de ressuprimento, isto é, chegada de um novo lote;
• Tempo de ressuprimento, isto é, prazo de entrega.

A figura abaixo apresenta uma ficha para controlar estoques contendo os itens
mínimos.

Controle do estoque de lubrificante

Produto Código

Ressuprimento
Nível Ponto Tempo

Estoque Destinatário
Data Observação
Entrada Saída Saldo Requisitante Turno
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Ficha para controlar estoques

SENAI 163
Técnicas de Lubrificação

As informações sobre o ressuprimento servem para que o próprio almoxarife inicie o


processamento de novos pedidos. Além disso, elas indicam se as chegadas estão
ocorrendo na hora certa.

Recomendações

Um sistema de lubrificação planejado só atinge seus propósitos se os homens nela


envolvidos cumprirem sua parte.

No que tange à execução, os homens-chaves são o lubrificador e o almoxarife. Para


que esses homens atuem adequadamente, algumas recomendações são necessárias.

Recomendações para o lubrificador


O lubrificador deve sempre:
• Usar recipientes adequados;
• Usar o lubrificante recomendado pela ficha de lubrificação;
• Usar a quantidade certa de lubrificante;
• Limpar as áreas a serem lubrificadas;
• Localizar todos os pontos de aplicação antes de iniciar o serviço;
• Parar o equipamento antes de iniciar a lubrificação;
• Drenar totalmente os reservatórios nas ocasiões de troca;
• Utilizar panos para a limpeza.

O lubrificador nunca deve:


• Usar estopas;
• Misturar produtos de marcas e tipos diferentes;
• Usar recipientes sujos;
• Usar recipientes com resíduos de lubrificantes velhos;
• Deixar de efetuar o serviço programado sem informar o acontecido;
• Deixar de limpar os pontos a serem lubrificados.

Recomendações para o almoxarife


O almoxarife deve sempre:
• Manter limpo o piso;
• Armazenar os lubrificantes conforme as práticas recomendadas;
• Fazer a rotatividade dos produtos, ou seja, o que entra primeiro deve sair primeiro;
• Certificar-se de que está entregando o produto solicitado;
• Utilizar recipientes sempre limpos.

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Técnicas de Lubrificação

O almoxarife nunca deve:


• Deixar aberto os recipientes de óleos ou graxas;
• Deixar torneiras ou bujões vazando;
• Armazenar lubrificantes junto a outros produtos usados pela empresa.

Precauções
O prolongado contato da pele com os lubrificantes pode causar dermatoses. Isso
porque os óleos e graxas obstruem as glândulas sudoríparas e os poros. Com isso,
surgem a secura e as irritações da pele que evoluem para estágios de infecção.

Assim, a boa higiene deve ser sempre praticada.

Óleos e graxas devem ser removidos da pele imediatamente, lavando-se com água
morna e sabão.

As roupas sujas não devem permanecer em contato com a pele. Os lubrificantes


podem ser removidos das roupas pela lavagem a seco ou com água e sabões de uso
doméstico.

Caso haja contato com os olhos, estes devem ser lavados com um jato abundante de
água, até a remoção total do produto.

A fim de evitar ingestão, devem-se manter os alimentos afastados dos produtos de


petróleo e lavar as mãos antes das refeições.

Amostragem de lubrificantes

Após a implantação de um sistema de lubrificação planejado, é natural que algum


desajuste ocorra.

Esses desajustes podem ser causados por óleos que podem estar sendo trocados
antes do momento certo; ou, ainda, por produtos que foram substituídos por um similar
e este não corresponde às expectativas.

Para sanar os desajustes, a melhor solução é a análise de laboratório.

Para que as análises forneçam resultados confiáveis, é necessário fazer uma coleta de
amostras adequadas.

SENAI 165
Técnicas de Lubrificação

Manuseio das amostras


As amostras devem ser retiradas com instrumentos muito bem limpos e
acondicionadas em recipientes apropriados.

As amostras de óleo devem ser retiradas com a máquina em movimento. Se isto for
impossível, as amostras devem ser retiradas rapidamente após a parada da máquina.

Esse procedimento é para evitar a falsa amostragem. Essa ocorre quando o óleo está
em repouso e alguns contaminantes se concentram no fundo ou na superfície do
depósito.

As amostras de graxa devem ser retiradas com espátulas de metal ou plástico.

Quando da retirada de graxa, deve-se tomar cuidado para que sua estrutura não sofra
alteração.

Recipientes para amostras


Um recipiente ideal deve ter as seguintes características:
• Ser transparente e sem cor;
• Ser quimicamente inerte;
• Ser inquebrável e leve;
• Ser hermeticamente fechado.

O ideal são frascos de vidro, encontrados em farmácias ou lojas de ferragens.

Os frascos devem ser lavados com solvente de petróleo, secos e em seguida lavados
com o produto a ser amostrado.

Note-se que a gasolina não deve ser usada para a lavagem, pois pode deixar resíduos
de chumbo.

Alguns lubrificantes costumam atacar as tampas dos frascos. Se houver dúvida quanto
à adequação da tampa, basta envolvê-la em papel alumínio comum.

Os frascos contendo as amostras devem ser enviados ao laboratório acondicionados


em caixas de papelão corrugado.

166 SENAI
Técnicas de Lubrificação

Quantidade de amostras
A quantidade das amostras deve ser conseguida junto ao laboratório porém, como
regra geral, temos:
• Um litro, para amostras de óleo;
• 1/2 quilo, para amostras de graxas.

Identificação das amostras


As amostras devem ser etiquetadas e conter as informações indispensáveis, na própria
etiqueta ou em carta que segue junto à amostra.

As informações gerais das etiquetas são:


• Nome da empresa;
• Nome do produto;
• Tipo de máquina;
• Local de onde foi retirada a amostra;
• Data da retirada da amostra;
• Horas totais de uso da máquina;
• Horas de uso da amostra;
• Horas de uso desde a última reforma;
• Capacidade do sistema em litros;
• Volume de reposição;
• Tipo de filtração;
• Temperatura de operação;
• Possíveis contaminantes;
• Histórico do problema (se possível).

Questionário – resumo

1 O que é lubrificação eficiente?

2 Quais são as fases do planejamento da lubrificação?

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Técnicas de Lubrificação

3 O que se faz durante o levantamento de equipamentos?

4 Quais são as fases da programação da lubrificação?

5 Por que os lubrificantes devem ser codificados?

6 Sobre quais pontos o controle da lubrificação deve atuar?

7 Como o supervisor pode saber quais os serviços que foram transferidos?

8 Cite alguns cuidados que o almoxarife deve tomar?

9 Cite alguns cuidados que o lubrificador sempre deve tomar?

10 Quais são os cuidados que devem ser tomados quando for necessário retirar uma
amostra de lubrificante?

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Técnicas de Lubrificação

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Créditos

Elaborador: Carlos Aparecido Cavichioli


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Referências

SENAI-SP. Manutenção mecânica – Lubrificação industrial. São Paulo.

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