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Tema em foco
LIXO: TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL
No Atelier da Alegria O que fazer com os resíduos sólidos que não podem ser reaproveitados nem reciclados?
(SP), muitos materiais Diversas tecnologias foram desenvolvidas para dar o tratamento adequado a esse ma-
deixam de ser lixo. Pense terial. No entanto, o problema maior reside no fato de que junto a esses resíduos está uma
nessa opção e em outras quantidade enorme de materiais que não deveria ter sido descartada, pois poderia ter sido
para diminuir a quantidade reaproveitada ou reciclada. Dados revelam que 95% da massa total dos resíduos urbanos
de lixo que geramos têm um potencial significativo de reaproveitamento, o que significa que apenas 5% do lixo
diariamente. urbano são, de fato, lixo.
Apesar de o Brasil não apresentar na média de consumo valores tão altos como
os de outros países, apresenta uma grande produção de lixo que, dependendo
da região, pode ultrapassar a mais de 1 kg de lixo por habitante. Muitas cidades
brasileiras já têm sistemas bem avançados de tratamento do lixo; no entanto,
a realidade da maioria de nossas cidades ainda se marca pela
falta de uma política de investimento público na disposição
adequada dos resíduos urbanos sólidos, resultando no triste
fim dos chamados lixões.
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CAPÍTULO
Lixões
Esse é o local destinado a centenas de milhares de toneladas de lixo produzidas diariamente e que não recebe-
ram tratamento adequado. Mantidos em grandes áreas a céu aberto, normalmente afastadas dos centros urbanos, 1
esses lugares são completamente tomados por toda sorte de resíduos vindos dos mais diversos lugares, como resi-
dências, indústrias, feiras e hospitais. 2
Nos lixões, todo tipo de resíduo permanece livre no ambiente. Em consequência, sérios inconvenientes am- 3
bientais são gerados, como a contaminação do solo e dos lençóis subterrâneos de água, além de contribuir
para a proliferação de insetos e ratos transmissores de doenças. Infelizmente, lixões não são os únicos espaços 4
que recebem resíduos urbanos, o que é preocupante, pois qualquer lugar em que o lixo esteja acumulado ina-
5
dequadamente é propício à disseminação das mais diversas e graves doenças. Dengue, febre amarela, disente-
ria, febre tifoide, cólera, leptospirose, giardíase, peste bubônica, tétano, hepatite A, malária e esquistossomose 6
são apenas alguns exemplos.
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Nos lixões, dezenas de pessoas disputam restos que possam ser reaproveitados, garantindo o mínimo necessário
à sobrevivência. Adultos, crianças e animais domésticos misturam-se aos dejetos, propiciando um ambiente desfa- 8
vorável à vida humana.
Na maioria das cidades brasileiras ainda existem
lixões nos quais se encontram milhares de pessoas
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
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O bicho
Vi ontem um bicho Engolia com voracidade.
CONSTITUINTES DAS SUBSTÂNCIAS, QUÍMICA E CIÊNCIA
O trabalho em lixões reduz a condição humana à inadmissível situação de vida que não deveria existir em uma sociedade huma-
namente justa.
O conjunto de ações que tem por objetivo a minimização da geração de lixo e a diminuição da periculosidade
constitui a fase de tratamento dos resíduos, os quais representam uma forma de torná-los menos agressivos para a
disposição final. Conheça os sistemas mais utilizados no Brasil.
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CAPÍTULO
Eduardo Knapp/Folha Imagem
Sistemas de tratamento do lixo
Aterro sanitário – É projetado por engenhei-
ros para reduzir bastante o impacto do lixo sobre
1
o meio ambiente. O lixo é reduzido ao menor vo-
lume possível e coberto periodicamente com uma 2
camada de terra. O local é isolado e impermeabili-
zado para evitar a contaminação das águas super- 3
ficiais e subterrâneas por metais pesados e pelo 4
chorume, líquido escuro e malcheiroso, resultante
do processo de decomposição anaeróbica (sem a 5
presença de oxigênio) de material orgânico.
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Montanha de lixo vista Aterro controlado – É um sistema intermediário entre o lixão a céu aberto e o aterro sani-
no aterro sanitário tário. Não possui estrutura adequada de impermeabilização que trate o chorume. Embora 7
de Caieiras (SP), que não seja a solução ideal para o destino do lixo, os aterros controlados podem, em curto
recebe 4 500 toneladas 8
prazo e com investimento relativamente baixo, reduzir a agressão ambiental e a degrada-
de lixo produzido em São
Paulo (SP). Nesse aterro, ção social gerada pelos lixões a céu aberto. Nesses aterros, o lixo é recoberto periodica-
o lixo é compactado e mente, reduzindo a proliferação de insetos. O local para implantação deve ser escolhido
depois enterrado com uma de forma muito criteriosa para diminuir o risco da contaminação de mananciais de água.
camada de terra. Incineração – O lixo é queimado em alta temperatura (acima de 900 °C), o que reduz
o volume. Em algumas usinas, essa queima é conduzida de modo a transformar o calor
liberado em energia elétrica. Nesse processo, há necessidade do tratamento final dos gases altamente poluentes
emitidos pelo incinerador por meio de filtros.
Compostagem – É um dos métodos mais antigos e consiste na decomposição natural de resíduos de origem
orgânica em reservatórios instalados nas usinas de compostagem. Nesse processo, o material orgânico (restos de
alimentos, folhas, cascas de legumes etc.) é transformado por microrganismos em húmus (composto orgânico), que
pode ser usado como adubo. Na natureza, o húmus resulta da decomposição de vegetais, formando um material de
cor escura que recobre a primeira camada do solo.
Tanto na incineração como nas usinas de compostagem, o lixo passa por uma etapa inicial de separação de ma-
teriais que não serão incinerados ou transformados em adubo. Esses processos são conduzidos nas usinas por meio
de sistemas mecânicos de esteiras, garras e eletroímãs (veja o esquema a seguir). Os materiais isolados nessa etapa
inicial são enviados para indústrias de reciclagem.
Triagem manual
(2a catação)
Rejeitos
(aterros sanitários)
Separador
magnético
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Coleta seletiva – A coleta seletiva é uma
atitude sustentável que trata do recolhimento
credito
dicionados em recipientes adequados, coleta-
dos e enviados para as indústrias de reciclagem.
Em um programa de coleta seletiva, recu-
peram-se, em geral, cerca de 90% dos mate-
riais para reciclagem (papéis, plásticos, vidros
e metais). Os 10% restantes são rejeitos, ou
seja, materiais que não podem ser reaprovei-
tados, como isopor, trapos, papel carbono,
fraldas descartáveis, couro, louça, cerâmica e
objetos produzidos com muitas peças de di-
ferentes materiais.
Todos os sistemas de disposição do lixo descritos anteriormente apresentam vantagens A coleta seletiva facilita o
e desvantagens e a implantação depende de uma pesquisa detalhada das condições de processo de separação
cada cidade, que deve incluir um estudo de impacto ambiental. A tabela a seguir apre- final dos materiais a serem
reciclados.
senta algumas vantagens e desvantagens de três desses processos de disposição de lixo.
Fonte: JARDIM, N. S. (Coord.) Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/Cempre, 1995.
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CAPÍTULO
FAÇA NO CADERNO. NÃO ESCREVA EM SEU LIVRO.
Debata e entenda
1. Quais são os benefícios da reciclagem de materiais do lixo?
1
2. Com base nas vantagens e desvantagens de cada sistema de tratamento de lixo, indique qual seria o sistema mais
adequado do ponto de vista ambiental para cada um dos seguintes tipos de lixo: domiciliar, público, hospitalar, 2
industrial e agrícola (veja a classificação do lixo na página 47 do capítulo 2).
3
3. Debata o argumento de algumas pessoas: “A coleta seletiva é um processo trabalhoso que somente beneficia a
indústria de reciclagem, que não nos paga pelo trabalho que realizamos”. 4
4. Que propriedade é utilizada para selecionar os materiais ao passar pelos separadores eletromagnéticos nas usi- 5
nas de compostagem?
5. Que propriedade é utilizada para separar o lixo em peneiras de usinas de compostagem? 6
6. Classifique os processos de aterro, incineração e compostagem do lixo em transformação química e em pro- 7
cesso físico.
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7. Com base nos gráficos a seguir (IBGE, 2000), debata sobre a problemática do destino do lixo brasileiro e aponte
medidas para amenizar essa questão.
não informados lixões aterros
9% controlados lixões
22%
Porcentagem de 31%
municípios que outros 31% aterros
60% sanitários
destinam o lixo
em aterros e Destino final do lixo coletivo 47%
lixões. no país em massa.
8. Analise os dados apresentados na tabela abaixo, procurando identificar a situação da coleta de lixo em cada
estado. Em seguida, debata as possíveis razões para as diferenças observadas.
PORCENTAGEM DE DOMICÍLIOS POR ESTADO DA FEDERAÇÃO SEM COLETA DIRETA OU INDIRETAMENTE DO LIXO
Domicílios sem Domicílios sem Domicílios sem
Estado Estado Estado
coleta (%) coleta (%) coleta (%)
Piauí 43,2 Acre 19 Mato Grosso do Sul 9,9
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