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I
EDUCAÇÃO TEATRAL NO ENSINO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE MONTUPUEZ

. ASSANE MENESES ANTÓNIO JOAQUIM SARAIVA

RESUMO

O presente artigo visa analisar sobre “Educação Teatral no Ensino Básico no Município de
Montupuez”, além de suas aplicabilidades no ambiente escolar, cuja utilização constitui
importante ferramenta pedagógica. Para tanto optou-se pela abordagem qualitativa com a
direcção da escola no Município de Montepuez especificamente na Escola Primária Completa
de N’coripo. O instrumento utilizado para a colecta de dados nesta pesquisa foi á entrevista. Os
resultados mostram que na escola Primária Completa de N’coripo na Cidade Montepuez, não se
faz uso do teatro. A escola tem como a principal dificuldade a falta de professores formados para
trabalhar na área de teatro. Porém assumem que há necessidade de preparar os professores desta
escola em matéria de teatro para devido uso deste recurso pedagógico e incluir esta arte no plano
curricular no ensino básico.

Palavras-chave: teatro, arte, educação, prática pedagógica, jogos.

ABSTRACT

Introdução

Este artigo aborda o teatro como uma actividade potencialmente muito produtiva no
universo escolar de Moçambique, capaz de promover habilidades essenciais para o
desenvolvimento integral do aluno, muitas vezes, negligenciadas pelo plano curricular
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obrigatório. Porém o teatro como forma lúdica de aprendizagem na educação no ensino básico,
pois este é um dos caminhos para que a escola e os professores possam interagir com as crianças
de forma criativa, produtiva e participativa. Nesse sentido busca-se responder a seguinte
pergunta neste artigo: “Como é feito a educação teatral no ensino básico no Município de
Montupuez Especificamente na Escola Primária de N’coripo?

Para responder ao problema e aos objectivos propostos na pesquisa, optou-se pela abordagem
qualitativa, na qual se limitou em fazer uma descrição precisa da situação e procurar descobrir
ideias e soluções na tentativa de obter maior clareza com o tema em análise. Como técnica para
colecta de dados utilizou-se instrumentos qualitativos (entrevistas semiestruturadas dirigida aos
membros da direcção, e pesquisa documental).
Dessa forma o texto ora apresentado pretende contribuir para a reflexão sobre o uso do teatro
como um recurso pedagógico em uma escola voltada para formação de um sujeito crítico-
reflexivo, provocando um debate sobre o papel que o teatro vem desempenhando no contexto
escolar, desenvolvendo a reflexão crítica sobre o homem e o mundo.

1.O Teatro-Educação em Moçambique Actual


“Expressão dramática \ teatro é a parte integrante do currículo do primário ciclo de ensino básico
constando nas orientações curriculares para grau de ensino como área curricular obrigatória”.
(M.E.1990). Toda via, nem sempre esta área tem o tratamento que merece, surgindo como
subsidiária das outras áreas nas práticas lectivas dos professores do primeiro ciclo.
O texto dramático é a representação que envolve os participantes a título individual ou colectivo
e constrói-se a partir das suas propostas.
É por isso que o trabalho do jogo pedagógico está em primeiro plano na pedagogia do teatro para
esta faixa etária, visa o desenvolvimento da expressividade favorecendo a socialização e factores
de formação da personalidade (KOUDELA 2006).

1.2.Dimensão da pedagogia do Teatro


A pedagogia do teatro propõe um tipo de dinâmicas que tornam um excelente completo ou
mesmo um elemento fundamental para o trabalho educativo, se não mesmo para a vida na
medida em que e um instrumento para a formação integral da pessoa (COSTA 2003).
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1.3.Dimensão pessoal e social


O viver em sociedade, pressupõe interacção com outros, ora o teatro é um trabalho de grupo por
excelência onde o contributo de cada um é fundamental para resultados de todos (Iluminação,
cenário, figurino, música). É por isso, uma ocasião em que o diálogo, questionamento e a troca
são estimulados fomentando a socialização e integração no grupo através da emoção,
sentimentos e dedicação partilhada. (COSTA 2003).
Assim as artes cénicas exigem dos alunos o toque, o pegar, contacto físico entre sujeitos
existindo um diálogo interior consigo próprio integralmente com os outros do grupo. Os alunos
que praticam teatro não vivem isolamento em constante construção, criação, troca de ideias e de
conhecimentos. (COSTA 2003).

1.4. Evolução da expressão dramática/ teatro em Moçambique


Quando nos referirmos à Expressão Dramática, temos que assegurar que esta área de expressão
não pode ser confundida com teatro, na medida em que o jogo dramático não parte de um texto
que traduz uma acção dramática, evolutiva, através de situações a serem vividas pelas
personagens.
O jogo dramático que pode ser realizado através de jogos de apresentação, jogos de sensações,
jogos de pantomima, jogos narrativos, jogos de sons, jogos com máscaras, jogos com disfarces e
muitos outros, é um exercício da criança e para a própria criança que parte de uma acção e não
de um texto que embaraça a criança.
Em todo mundo, com mais foco de Moçambique existem crianças com fraco desenvolvimento na
comunicação, na partilha de actividades escolares ou seja, crianças acanhadas, dai que a maior
potência de recuperar a participação dessas crianças em tudo que e actividade e a expressão
dramática- canções, jogos lúdicos.
Em Moçambique a maior actuação da expressão dramática é feita nas escolas pré- escolares,
escolas primárias e nas escolas de apoio a crianças com necessidades educativas
especiais(N.E.E). A posse dos meios de comunicação por parte das crianças ajuda muito na
evolução da expressão dramática, pois muito se partilha, assiste, emite e se desenvolve em
resultado de muita diversão de crianças de quase todo país ou mesmo do mundo.
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Particulariza-se as crianças pois são as que mais tempo passam jogando, assistindo mas mesmo
jovens e adultos se divertem-se tanto em expressão dramática, na sua linguagem diária usam
gestos e códigos na sua comunicação em jeito de tornar os assuntos mais singilosos aos outros.

2. PAULO FREIRE E AUGUSTO BOAL: DIÁLOGOS ENTRE EDUCAÇÃO E


TEATRO

2.1. Conceitos de conscientização e de libertação defendidos pelos dois autores


Freire compreende a conscientização como processo permanente de assunção da condição de ser
humano. Para ele, somente o ser humano é capaz de distanciar-se do mundo para refleti-lo, com
o objectivo de ultrapassar a esfera espontânea de apreensão da realidade e de construir posturas
epistemológicas críticas perante a vida social. Assim, Freire destaca que "a conscientização não
pode existir fora da ‘práxis’, ou melhor, sem o acto acção – reflexão. Esta unidade dialéctica
constitui, de maneira permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os
homens" (1979, p. 15). Desse modo, Freire, e em acordo com Boal, defende que a
conscientização é um compromisso histórico, na medida em que o sujeito se insere criticamente
na sociedade, transformando-a.
Com base na obra dos dois autores, compreendemos que a conscientização não é transferida,
nem é um simples estado de consciência, e sim, implica na assunção crítica da tomada de
consciência, em consonância com a realidade histórica e social. A conscientização é um modo de
desvelar a realidade. Quanto mais vivência de mundo, mais o sujeito vai compreendendo o seu
meio e a sua participação vai se tornando mais qualificada. Nesse aspecto, compreendemos que
tal reflexão confere à educação um papel mais amplo que o simples trato de conteúdos,
construção de valores morais e controle comportamental, enfatizados pela tradição da educação.
Esta, por sua vez, tem função política muito importante no que se refere ao processo de
conscientização e de libertação dos sujeitos no contexto social, pois possibilita a ampliação da
experiência humana para melhor compreender a vida e conscientizar-se da necessidade de
transformá-la.

Ao considerar a conscientização enquanto compromisso histórico, Freire explica que ao assumir


o seu papel no mundo, o sujeito amplia e refaz a sua forma de actuação e de leitura de mundo. O
processo permanente de conscientização exige do homem a revisão constante do seu olhar sobre
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o mundo e da sua participação na cultura. A realidade sempre será um objecto de reflexão crítica
do sujeito que actuará para modificá-la, aperfeiçoando as relações complexas entre sujeitos e
classes sociais. Por esta razão, Freire acredita que o processo de conscientização é interminável,
pois sempre o ser humano estará tecendo novos olhares e descobertas perante a vida e, de modo
inquieto, criando novas formas de aprimorar o mundo.
Em consonância com o posicionamento freireano, Boal afirma que o processo de conscientização
também se dá na relação acção-reflexão-acção. Para o autor, não é preciso simplesmente
compreender a realidade, é imprescindível transformá-la. E para isso, amparado nos pressupostos
teóricos libertadores, Boal apresenta uma proposta metodológica de teatro popular que dê conta
do processo de libertação social (defendido também por Freire) no bojo de movimentos
populares na América latina. Para compreender o pensamento e as contribuições de Boal para o
campo da cultura, é possível salientar o conceito de cultura tratado por Freire, como forma de
delinear a necessidade de investimento no campo da arte para toda a população. Assim,

A cultura – por oposição à natureza, que não é criação do homem – é a


contribuição que o homem faz ao dado, à natureza. Cultura é todo o resultado da
atividade humana, do esforço criador e recria-dor do homem, de seu trabalho por
transformar e estabelecer relações de diálogo com outros homens. A cultura é
também aquisição sistemática da experiência humana, mas uma aquisição critica
e criadora, e não uma justaposição de informações armazenadas na inteligência
ou na memória e não "incorporadas" no ser total e na vida plena do homem.
(FREIRE, 2000, p. 21).

Assumindo a cultura enquanto ‘aquisição crítica e criadora’, Boal também acentua a percepção
de que todo ser humano precisa de uma formação crítica e criadora, enquanto um dos pilares do
processo de conscientização. Para ele, a arte oferece relevantes mecanismos para o sujeito
conhecer a si próprio, reconhecer o outro e libertar-se conjuntamente por meio do acto teatral. A
conscientização, segundo Boal, perpassa pelo corpo, voz, geração de idéias, partilhas, dentre
outras formas de criação e expressão do sujeito. Segundo ele, historicamente as classes populares
vêm sendo reduzidas ao mero lugar da recepção passiva dos produtos, ideologias e modelos de
comportamento externos à sua classe, história e cultura.
Com a proposta de Teatro do Oprimido, Boal acentua o conceito de conscientização, afirmando
que esta é formada, permanentemente, em contacto directo com os meios de produção cultural da
humanidade. Ou seja, não basta ter consciência de classe ou de gênero, por exemplo, é preciso
proporcionar que outras pessoas e grupos entrem em contacto com suas formas de pensar e de
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produzir cultura. Este empoeiramento, por meio dos meios e dos instrumentos culturais,
educativos, artísticos, imagéticos, pode provocar mudanças na forma de produzir e consumir
bens culturais.
Ao participar dos processos criativos e políticos do Teatro do Oprimido, o sujeito torna-se
consciente de suas potencialidades integrais para a luta social. Conscientiza-se de que seu corpo
não é uma mera máquina de produção de capital; entende que sua voz (do educando e do espect-
ator) ou seja (ao sujeito que é, ao mesmo tempo, espectador e actor,) pode ser uma importante
arma para a mobilização social; percebe que, assim como ele, outras pessoas precisam se libertar,
uns com os outros, mediatizados pela própria cultura. Assim,

Para que se compreenda bem esta Poética do Oprimido deve-se ter sempre presente seu
principal objectivo: transformar o povo, “espectador”, ser passivo no fenómeno teatral,
em sujeito, em actor, em transformador da acção dramática (...). O espectador liberado,
um homem íntegro, se lança a uma acção. (BOAL, 2005, p. 182).

Destarte, Boal enfatiza que o povo ao apropriar-se dos meios de produção teatral, fala do lugar
do oprimido e não simplesmente recebe passivamente aquilo que é oferecido por grupos culturais
hegemónicos. O autor destaca que “o teatro é uma arma e é o povo quem deve manejá-la”.
(BOAL, 2005, p. 182). Com base no pensamento do autor, destacamos a necessidade de
democratização da produção cultural a todas as classes sociais, partindo do entendimento do
teatro enquanto linguagem capaz de humanizar e conscientizar o oprimido de suas
potencialidades fortes ferramentas para a luta social.

O teatro do Oprimido pode ser visto como formação para a actuação prática, com base no
conhecimento do corpo, da mobilização das formas de expressividade e de construção de debates
de cunho estético e político em diferentes meios sociais. Para Boal, a exclusão da população dos
conteúdos e práticas artístico-culturais é um modo de manipulação e exploração social, pois
retira do sujeito a sua capacidade de ler o mundo e de produzir saberes sensíveis na sua cultura.

O pensamento estético, que produz arte e cultura, é essencial para a libertação dos
oprimidos, amplia e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com cidadãos que, por
todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis (som e imagem), se tornam conscientes
da realidade em que vivem e das formas possíveis de transformá-la. (BOAL, 2009, p. 16).

Dessa forma, para os autores, o processo de tomada de consciência do sujeito enquanto produtor
de cultura é fundamental para a libertação social e se dá no bojo da práxis, no exercício do estar-
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no-mundo, de modo a transformar as formas de opressão social e a dicotomia opressores-


oprimidos. Com base no exposto até aqui, é evidente que os pensamentos dos dois autores (no
teatro e na educação) partem de um sentido utópico de transformação da realidade:

O teatro popular e a educação popular são processos de construção inseridos em um


contexto histórico de sua época, sendo, portanto, fruto das diferentes situações políticas
do seu momento de produção e construção, por traz em si princípios da realidade vivida
por seus sujeitos. Freire e Boal, ao sistematizarem suas metodologias, provocam
reflexões e propiciam os debates sobre estas questões latentes na sociedade. (TEIXEIRA,
2007, p. 120).
Dessa forma, ambos os teóricos salientam a importância de reconhecer que toda realidade por ser
histórica, social e cultural é passível de mudanças produzidas pelo ser humano em seu processo
permanente de constituição de sua própria liberdade. Não se pode analisar a realidade como um
organismo pronto, posto e imutável. Quando Paulo Freire compreende que “a conscientização
nos convida a assumir uma posição utópica frente ao mundo”, está proclamando o carácter de
transformação de todo e qualquer contexto.
Nesse sentido, ao tratar do sentido utópico da formação e da leitura do mundo, Freire adverte que
“o utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialectização dos actos de
denunciar e anunciar, o acto de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura
humanizante. Por esta razão a utopia é também um compromisso histórico”. (FREIRE, 1979, p.
16). Freire prossegue afirmando que a utopia exige pensamento crítico e conhecimento das
contradições sociais.

É na perspectiva dialéctica do movimento que a própria sociedade cria um novo patamar de


realidade. É no confronto entre duas formas de construção de mundo, que os homens praticam
seus actos, a partir de um processo de consciência crítica perante o mundo. Para ele, somente os
utópicos, por estarem situados em uma dimensão histórica (e por isso mesmo passageira,
mutável) da sociedade, são portadores de esperança e lutam para a constituição de uma nova
realidade.

3.Teatro-Educação na formação humana

O mergulho em si mesmo propiciado pelo teatro potencializa as descobertas pessoais de uma


forma indirecta. No teatro, é por meio do não-ser que se descobre o ser. No fazer teatral, a
tolerância se amplia na medida em que o “eu” se coloca no lugar do outro, que sinta suas dores,
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as alegrias, os sentimentos. No jogo da encenação dentro da escola, é possível trabalhar conflitos


específicos. Em uma cena, o aluno pode se colocar no lugar do professor ou no lugar de um
colega discriminado pela sala. Um jovem preconceituoso pode fazer o papel de um personagem
que sofre com o preconceito de seus amigos da escola e, por meio dessa “troca de papéis”, o jogo
cénico, que promove a reflexão das acções de modo a sensibilizar seus agentes, atua também
como um meio bastante produtivo para a resolução de conflitos causados pela intolerância no
contexto escolar.

Os princípios pedagógicos do Teatro estabelecem relações claras com a educação, na medida em


que:
[...] o teatro como conhecimento que é busca respostas para os questionamentos
sobre o que é o mundo, o homem, a relação do homem com o mundo e com
outros homens nas teorias contemporâneas do conhecimento que propõem novos
paradigmas para a ciência como a complexidade do pensador Edgard Morin[...]
(CAVASSIN, 2008, p.42).

Desta forma, não é difícil que por meio dos jogos dramáticos, ou de pequenas cenas
improvisadas, o aluno encontre uma oportunidade de liberação da agressividade e da
potencialidade da criação, “transportando” sua bagagem emocional para aquele o momento em
que coloca, ainda que sem consciência, em cada palavra e acção, traços de sua própria história e
personalidade.
A dramatização, ao atribuir sentimentos pessoais inconfessáveis a personagens, promove a
liberação da culpa e isso, de alguma forma, contribui para o desenvolvimento emocional e,
consequentemente, para o aprimoramento da relação vital do indivíduo com o mundo
contingente.

Por meio da liberação da criatividade promovida pelos jogos e dramatizações, o teatro colabora
para a humanização do indivíduo, fazendo com que sua sensibilidade se aflore, promovendo a
reflexão sobre os sentimentos e acções vividas pelos alunos-atores na “pele” de um personagem,
e , por fim, propiciando, de alguma forma, o “resgate do ser humano diante do processo social
conturbado que se atravessa na contemporaneidade” (KOUDELA, 2005, p.147).
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A criança, inserida nesse tipo de educação significativa, cria um senso de cidadania e um visão
amplificada do mundo. E é exactamente essa educação que se preocupa com a “[...] formação do
sentimento de cidadania a partir do nascimento e que se organiza para oferecer os meios pelos
quais pode tomar posse da cultura que pulsa ao seu redor” (SOUZA, 2008, p.22) é que traz
condições de criar adultos com consciência crítica das relações em geral, tal como afirma Souza,
no seguinte excerto:

O interesse da prática teatral na educação infantil é recuperar, junto com a


criança pequena, por ela e para ela, o sentimento ancestral de magia e
encantamento que a arte apresentou na constituição da noção da humanidade,
para que, ao adquirir o olhar estético, a criança possa vivenciar o mundo que a
rodeia com um profundo sentimento renovador e crítico que, a qualquer época, é
imprescindível para a evolução do que conhecemos hoje como uma sociedade
humana. A prática de teatro na educação infantil prepara a criança para
compreender o mundo, unindo-a ao primitivo. O teatro pode ser a ponte
(SOUZA, 2008, p.16).

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Montepuez é uma cidade moçambicana da Província de Cabo Delgado, sede do Município
e Distrito do mesmo nome. Tem limite, a Norte com o distrito de Mueda, a Oeste com os
distritos de Marrupa e Mecula da província do Niassa, a Sul com os distritos
de Balama, Chiúre e Namuno, e a Leste com os distritos de Ancuabe e Meluco. O Município tem
uma área de 79 km² e uma população de 55 600 habitantes. Montepuez é o maior distrito de
Cabo Delgado. Fig (1) estrutura física da Escola Primária de N’coripo.

A B
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Figura 1: A: Sala dos professores e Secretaria da Escola Primária de N’coripo. B: salas de aulas
da Escola primária de N’coripo C: Pátio da Escola primária de N’coripo

4.1.PERCEPÇÃO DO DIRECTOR DA ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA DE


N’CORIPO

Para a descrição do trabalho realizado pelo Director da Escola Primária de N’coripo, realizou-se
uma entrevista no dia 24 de Março de 2021. O Director da Escola Primária Completa de
N’coripo é licenciado, exercendo funções de direcção a 9 anos nesta escola.
Perguntado sobre a sua compressão a respeito do teatro e se trazia alguma contribuição na escola,
o director afirmou que o teatro é uma forma de comunicação através de uma peça teatral feito
por actores no público e traz alguma contribuição sobre tudo na aprendizagem rápida e fácil, auto
estima pelas crianças e no relaxamento da mente. Entretanto, este pensamento esta próximo ao
que Souza Argumenta: O interesse da prática teatral na educação infantil é “ recuperar, junto
com a criança pequena, por ela e para ela, o sentimento ancestral de magia e encantamento que a
arte apresentou na constituição da noção da humanidade, para que, ao adquirir o olhar estético, a
criança possa vivenciar o mundo que a rodeia com um profundo sentimento renovador e crítico
que, a qualquer época, é imprescindível para a evolução do que conhecemos hoje como uma
sociedade humana. A prática de teatro na educação infantil prepara a criança para compreender o
mundo, unindo-a ao primitivo. O teatro pode ser a ponte (SOUZA, 2008, p.16).
Questionado sobre como é feito o uso de teatro nesta escola, o director disse que não se faz teatro
a 4 anos nesta escola. Este resultado indica que na Escola Primária Completa de N’coripo não
usam o teatro no ambiente escolar como um recurso pedagógico.
O professor utilizando na sua prática o teatro estará estimulando a criança ao desejo de aprender
e nesta conjuntura REVERBEL (1997) fala da importância do uso do teatro no ensino:
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O ensino do teatro é fundamental, pois, através dos jogos de imitação e


criação, a criança é estimulada a descobrir gradualmente a si própria, ao
outro e ao mundo que a rodeia. E ao longo do caminho das descobertas
vai se desenvolvendo concomitantemente a aprendizagem da arte e das
demais disciplinas. (pág.25)

Questionado sobre as dificuldades encontradas para o uso de teatro nesta escola por onde ele
dirige, o director respondeu que a principal dificuldade encontrada diz respeito a falta de
professores capazes de trabalhar com o teatro. Este cenário indica que há necessidade de preparar
os professores desta escola em matéria de teatro para devido uso deste recurso pedagógico.
O entrevistado argumentou ainda que o teatro pode contribuir positivamente para a educação no
ensino básico, e é uma arte muito eficaz na interpretação de um tema.
Sobre a integração curricular do teatro no Ensino Básico, o director disse que o teatro faz parte
no plano curricular do ensino básico, sobre tudo na 7ª classe na disciplina de Português a penas.
Quanto aos factores da ausência do teatro no ensino básico, o director respondeu que não sabe
explicar porque não se inclui o teatro nas outras classes do ensino básico além da 7ªclasse,
todavia, na escola por onde ele dirige há falta de quadros formados para esta área. Este facto
mostra a falta de inclusão do teatro nas outras classes em particular no ensino básico
especificamente no 1ᵒ e 2ᵒ ciclo do ensino básico. Assim, há necessidade de preparar os
professores desta escola por onde ele dirige em todos ciclos de aprendizagem para que o uso de
teatro nesta escola possa ser aplicado com sucesso.

Considerações finais

Na escola primária completa de N’coripo na Cidade Montepuez, não se faz uso do teatro no
ambiente escolar. Mas reconhecem como sendo uma ferramenta que pode ajudar os alunos na
comunicação através de uma peça teatral feito por um conjunto de actores num público. A escola
tem como a principal dificuldade encontrada no diz respeito a falta de professores capazes de
trabalhar na área de teatro e a falta de inclusão do teatro em todos ciclos no ensino básico.
Todavia assumem que há necessidade de preparar os professores desta escola em matéria de
teatro para devido uso deste recurso pedagógico e incluir esta arte no plano curricular no ensino
básico.
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Referencias Bibliográficas

CAVASSIN, Juliana. Perspectivas para o teatro na educação como conhecimento e prática


pedagógica. Revista científica/FAP, Curitiba, v.3, pp.39-52 , jan./dez. 2008. https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/10617/8513
KOUDELA, Ingrid. Abordagens metodológicas do teatro na educação. Revista Científica, São
Luís, V.3, n.2, dezembro 2005.
REVERBEL, Olga. O Teatro na Sala de Aula. 2 ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979. SLADE,
Peter. O Jogo Dramático Infantil. São Paulo: Summus, 1997.
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Koudela, I. D. (2006) Pedagogia do teatro. Recuperado em 3 de novembro, 2011, de


portalabrace.org/Memoria%20Abrace%20X%20digital.pdf.

Costa, I. A. (2003). Desejo de teatro: o instinto do jogo teatral como dado antropológico. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian.

TEIXEIRA, Tânia Márcia Baraúna. Dimensões sócio-educativas do Teatro do Oprimido: Paulo


Freire e Augusto Boal. Universidad Autônoma de Barcelona. Barcelona: 2007. Tese de
doutorado em Educação e Sociedade do Departamento de Pedagogia Sistemática e Social.
Orientação: Xavier Úcar Martinez.

BOAL, Augusto. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.


_____, _______. Jogos para atores e não-atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

FREIRE, Paulo. Conscientização - teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento


de Paulo Freire. [tradução de Kátia de Mello e silva; revisão técnica de Benedito Eliseu Leite
Cintra]. – São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.

_______, _____. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo.
Editora UNESP, 2000.

Apêndices
Guião de entrevista a direcção da EPC de Mirige

Esta entrevista visa colher informações sobre educação teatral no ensino básico no município de
montupuez . A sua colaboração em relação ao estudo será de grande importância A gradecemos
desde já a sua participação.
Garantimos absoluto Sigilo

1. Qual é o seu nível académico


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2. A quantos anos exerce funções de direcção?


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3. O que entendes por teatro? Na sua opinião, ele pode trazer alguma contribuição para a
educação na escola? Se sim quais? Se não, porque?
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4. Como é feito o uso de teatro na sua escola?


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5. Quais são as maiores dificuldades encontradas para o uso de teatro na sua escola?
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6. Como gestor, de que maneira o teatro pode contribuir para a educação no ensino básico?
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7. O teatro faz parte no plano curricular do ensino básico?


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8. Quais os factores da ausência do teatro no ensino básico?


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