02/08/2023, 16:33 O que há na proposta de uma Comissão da Verdade Indígena | Nexo Jornal

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O que há na proposta de uma Comissão da Verdade Indígena

Mariana Vick 12 de mai de 2023 (atualizado 12/05/2023 às 13h04)

Pesquisador que defendeu instalação de colegiado inspirado em grupo que investigou crimes da ditadura militar morreu a
organizações da sociedade civil fizeram homenagens

Morreu na segunda-feira (8) o ativista e pesquisador independente Marcelo Zelic (https://agenciabrasil.ebc

defensor-dos-povos-indigenas) , que se dedicou a investigar e divulgar violações de direitos humanos come
ditadura militar (1964-1985) à tragédia humanitária recente do povo Yanomami (/expresso/2023/02/19/Y

Zelic defendeu a inclusão da violência contra indígenas na Comissão Nacional da Verdade, que apurou viola
Nacional-da-Verdade) de direitos ocorridas no Brasil na ditadura, e foi padrinho de uma proposta que busc
não implementada até hoje, mas apoiada por setores da sociedade civil.

Neste texto, o Nexo explica o que essa ideia, como ela entrou no debate sobre violações de direitos humano
trabalho de Zelic na divulgação da memória indígena brasileira.

O que é a proposta

A proposta da Comissão Nacional da Verdade Indígena surge no próprio relatório da Comissão Nacional da
original, instituído pelo governo federal entre 2011 e 2014 para investigar crimes de agentes públicos e outr
1946 e 1988.

A comissão da época ouviu vítimas e testemunhas, convocou agentes da ditadura, revisou documentos, pro
reconhecendo que uma série de detenções ilegais, torturas, execuções e desaparecimentos forçados foram r
FOTO: UESLEI MARCELINO/REUTERS - 24.ABR.2023

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 INDÍGENAS PARTICIPAM DO ACAMPAMENTO TERRA LIVRE, EM BRASÍLIA

O colegiado afirmou na época que os povos indígenas “sofreram graves violações de seus direitos humanos
estruturais de Estado”. Segundo nota publicada em 2022 pelo Ministério Público Federal, é preciso que haj
imprensa/noticias-mg/mpf-expede-nota-tecnica-sobre-a-criacao-de-uma-comissao-nacional-indigena-da-
políticas e econômicas” aconteceram.

A proposta não busca cobrir necessariamente o período da Comissão Nacional da Verdade. Defensores de s
analisado pelo colegiado, caso ele seja criado, até os últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, que foi mar
promessa-de-‘foiçar’-a-Funai) ao povos indígenas.

O que motivou sua criação

A Comissão Nacional da Verdade estimou que pelo menos 8.350 indígenas foram mortos entre 1946 e 1988
que de fato ocorreram, segundo o relatório.

“O número real de indígenas mortos no período deve ser exponencialmente maior, uma vez que apenas um
há casos em que a quantidade de mortos é alta o bastante para desencorajar estimativas”, afirma o texto.

10
foi a quantidade de etnias indígenas analisadas (https://memoriasdaditadura.org.br/cnv-
e-
indigenas/#:~:text=A%20Comiss%C3%A3o%20Nacional%20da%20Verdade%20tirou%2
0o%20foco%20da%20viol%C3%AAncia,todo%20o%20per%C3%ADodo%20de%20nossa
) pela Comissão Nacional da Verdade; o Brasil tem 305

A publicação fez na época recomendações para que o Estado iniciasse o processo de reparação dos indígena
(/explicado/2021/08/08/Terra-indígena-um-direito-em-disputa-permanente-no-Brasil) , cuja ausência es
Invasões de territórios resultaram em expulsão de comunidades, perseguição e violência física.

Depois da publicação, porém, o texto caiu no esquecimento do governo federal. O assunto perdeu espaço da
gerada pela reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT) e, depois, por seu impeachment e a posse de

Por que criar uma nova comissão

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Para defensores da Comissão Nacional da Verdade Indígena, a instalação do colegiado pode impulsionar o
Segundo o Ministério Público Federal, incluem-se aí a formulação de novas políticas e “reformas institucion

Zelic, que defendeu a proposta desde o fim do trabalhos da Comissão da Verdade, em 2014, disse que essa s
(https://cimi.org.br/2023/05/nota-pesar-marcelo-zelic/) no Brasil, corrigindo-se os erros apontados [na é
ambiente e da diversidade étnica e cultural do país.
FOTO: ADRIANO MACHADO/REUTERS - 1º.JUL.2020

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 INDÍGENAS YANOMAMI EM PELOTÃO DO EXÉRCITO EM ALTO ALEGRE (RR)

Segundo o pesquisador em artigo de fevereiro para o jornal Le Monde Diplomatique Brasil, os atuais ambie
dado (https://diplomatique.org.br/mudar-condutas-e-quebrar-o-ciclo-da-impunidade/) espaço aos indíge
Desaparecidos (/expresso/2019/08/01/As-mudanças-de-Bolsonaro-na-comissão-de-mortos-pela-ditadura

78.887
foi a quantidade de requerimentos protocolados (https://diplomatique.org.br/mudar-
condutas-e-quebrar-o-ciclo-da-impunidade/) na Comissão da Anistia
(/expresso/2019/03/05/Do-elogio-a-ditadores-à-auditoria-na-Comissão-de-Anistia) até
outubro de 2020, segundo o texto; deles, 141 eram de indígenas, dos quais 15 foram
deferidos, cinco foram indeferidos e 34, arquivados

Além de ativistas como Zelic, dos formadores da antiga Comissão da Verdade e do Ministério Público Feder
(https://apublica.org/2023/04/indigenas-defendem-criacao-da-comissao-nacional-indigena-da-verdade/)
Indígenas (/expresso/2023/01/06/O-que-está-em-aberto-no-novo-Ministério-dos-Povos-Indígenas) , em
(Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e a eleição de parlamentares indígenas, o assunto voltou a ser de

Qual a trajetória de Marcelo Zelic

Além de um dos defensores mais conhecidos da Comissão Nacional da Verdade Indígena, Zelic trabalhou e
Teve intensa participação, por exemplo, na própria Comissão da Verdade, quando descobriu o chamado Re
noticias/agencia-brasil/2023/05/08/morre-pesquisador-marcelo-zelic-defensor-dos-povos-indigenas.htm
registros das violações de direitos indígenas da ditadura.

Zelic também foi vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais e coordenador do Armazém Memória (http
documentos digitalizados de órgãos oficiais e organizações da sociedade civil sobre o regime militar, os pov
sindical.

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2023/05/12/O-que-há-na-proposta-de-uma-Comissão-da-Verdade-Indígena 3/4
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Produziu também os próprios artigos sobre o tema e manteve intenso diálogo com organizações indígenas e
tragédia humanitária no território Yanomami, defendendo nos últimos meses a apuração de crimes contra

Zelic morreu aos 59 anos após ter sofrido um AVC (acidente vascular cerebral). Em nota, a Funai lamentou
de-pesar-marcelo-zelic) do pesquisador. Também em nota, o Cimi (Conselho Missionário Indigenista) escr
(https://cimi.org.br/2023/05/nota-pesar-marcelo-zelic/) em favor do povo brasileiro, da liberdade, do res

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