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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES, COMUNICAÇÃO E DESIGN


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO

PROJETO DE PESQUISA-PROCESSO 2023

A MARCHA DAS MULHERES INDÍGENAS NA MÍDIA ÍNDIA À LUZ DO


JORNALISMO PARA A PAZ – DESCOLONIZANDO A COMUNICAÇÃO

ESTER ALKIMIM ZANCO RODELLA – RG 27643322-1

Curso pretendido: Doutorado


Linha de pesquisa: Processos midiáticos e práticas socioculturais
Docente 1: Raquel Cabral
Docente 2: Larissa Maués Pelúcio Silva

Bauru- 2022/2023

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO


Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01 - Vargem Limpa. Bauru - SP - Brasil
Fone: 14 3103-6057 - e-mail spg.faac@unesp.br
www.faac.unesp.br
RESUMO

A Marcha das Mulheres Indígenas, organizada pela Articulação Nacional das Mulheres
Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), aconteceu no Brasil em dois anos significativos
de luta para os povos originários. A 1ª Marcha, com o tema “Território, nosso corpo,
nosso espírito” ocorreu em 2019, primeiro ano de mandato do presidente Jair Messias
Bolsonaro (sem partido), que afirmou, durante sua campanha, que sob seu governo os
índios não teriam um centímetro a mais de terras demarcadas. A 2ª Marcha, em 2021,
com o tema “Mulheres Originárias: reflorestando mentes para a cura da Terra”, aconteceu
em meio a crises econômica e sanitária (agravadas pela pandemia de Covid-19) e à
votação, no Supremo Tribunal Federal, da PEC 490, considerada pelos indígenas a maior
afronta a seus direitos desde a redemocratização do Brasil. Um importante veículo de
comunicação na cobertura desses atos foi a Mídia Índia, nativo digital formado
exclusivamente por indígenas de diversas etnias do país. Esta pesquisa pretende analisar
e interpretar a cobertura da Mídia Índia na Marcha das Mulheres Indígenas sob a luz dos
conceitos do jornalismo para a paz e verificar se esse veículo de comunicação reverbera
as vozes e as pautas das mulheres indígenas.

APRESENTAÇÃO

No dia 13 de agosto de 2019, cerca de 2.500 representantes de 130 povos indígenas


brasileiros foram às ruas em Brasília, capital, na 1ª Marcha de Mulheres Indígenas,
organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade
(Anmiga). A Marcha teve como tema “Território, nosso corpo, nosso espírito. “A vida e
o território são a mesma coisa, pois a terra nos dá nosso alimento, nossa medicina
tradicional, nossa saúde e nossa dignidade”, afirmava o manifesto assinado pela Anmiga.
Foi uma manifestação histórica em defesa das terras e das vidas indígenas e das florestas,
dado o momento de alerta para os povos originários, então sob o primeiro ano do
presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), que afirmou, durante sua campanha
eleitoral, que acabaria com a demarcação de terras indígenas1 . O governo de Bolsonaro
é o primeiro, desde o fim da ditadura militar (1985), a não demarcar nenhuma terra indígena.
Desde 2018, todos os processos de reivindicação do usufruto de terras habitadas pelos

1
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-08-20/nem-um-centimetro-a-mais-para-os-
indigenas-e-para-a-biodiversidade-no-brasil-de-bolsonaro.html. Acesso em 06 de out. 2021.
indígenas (ou seus antepassados) estão paralisados. As áreas indígenas são as mais
protegidas ambientalmente, tanto as já demarcadas quanto as que ainda aguardam pelo
processo, segundo dados da organização MapBiomas2 (uma iniciativa colaborativa de
universidades, empresas de tecnologia e ONGs para mapear e monitorar as mudanças na
cobertura e uso da terra no Brasil). O coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo,
comenta, na página do site da organização, que menos de 1% do desmatamento no Brasil
entre 1985 e 2020 ocorreu em terras indígenas. “Se queremos ter chuva para abastecer os
reservatórios que provêm energia e água potável para consumidores, indústria e o
agronegócio, precisamos preservar a floresta amazônica. E as imagens de satélite não
deixam dúvidas: quem faz isso são os indígenas”, afirma Tasso.
Na contramão desses estudos e dos apelos dos povos indígenas, o congresso brasileiro
discutiu, em 2021, leis que pretendem dificultar e até extinguir a demarcação de territórios
indígenas. Dois projetos de lei (PLs) ganharam força durante o governo de Bolsonaro: o
PL 490/2007 (autoria de Homero Pereira, do PR-MT, pronto para entrar na pauta de
votações no Plenário) e o PL 191/2020 (proposta pelo poder executivo e aguardando a
criação da comissão especial pela Mesa Diretora; pronta para entrar na pauta de votações
no Plenário). O PL 490/2007 trata do “marco temporal”, determinando que teriam direito
às suas terras ancestrais os povos que as estivessem ocupando no dia da promulgação da
Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988; altera o Estatuto do Índio para permitir,
segundo o texto, um "contrato de cooperação entre índios e não índios", para que estes
possam realizar atividades econômicas em terras indígenas e permite que não indígenas
tenham contato com povos isolados. O PL 191/2020 propõe liberar a exploração das terras
indígenas para grandes projetos de infraestrutura e mineração, abrindo espaço para
realização de pesquisa e de lavra de recursos minerais, inclusive de petróleo e gás natural,
e para o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras
indígenas.
A votação no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre do marco temporal (que servirá de
base para inúmeras decisões judiciais futuras em relação aos direitos dos povos
indígenas), foi suspensa inúmeras vezes desde outubro de 2020. Retomada em agosto de
2021, desencadeou uma mobilização histórica dos povos indígenas em Brasília, no
Acampamento Luta Pela Vida, que reuniu cerca de seis mil indígenas de 173 povos de 20
estados. O julgamento, marcado para 26 de agosto de 2021, foi adiado novamente para 2

2
Disponível em: https://mapbiomas.org/vegetacao-nativa-perde-espaco-para-a-agropecuaria-nas-
ultimas-tres-decadas. Acesso em 06 de out. 2021.
de setembro, depois para 9 de setembro (quando o ministro Edson Fachin se posicionou
contra o PL) e depois para 15 de setembro (quando o ministro Kássio Nunes Marques
votou a favor do PL). O ministro Alexandre de Moraes, que votaria na sequência, pediu
vista do julgamento que, com isso, fica suspenso até que o magistrado decida emitir seu
voto; na prática, os ministros não têm prazo para devolver o caso ao plenário.
Concomitantemente ao Acampamento Luta pela Vida aconteceu a 2ª Marcha das
Mulheres Indígenas, de 7 a 11 de setembro, também em Brasília, com o “Mulheres
Originárias: reflorestando mentes para a cura da Terra”. Participaram do evento mais de
cinco mil mulheres de 172 povos indígenas de todos os biomas do Brasil. A pauta
principal da Marcha também foi o marco temporal, que é considerado pelos indígenas
brasileiros a maior afronta a seus direitos pós-constituinte.
Em 2022, ano de eleições gerais no país, o mapa político no Congresso parece ser um
pouco mais favorável, em relação à representatividade, às causas indígenas (apesar de
haver eleitos autodeclarados indígenas, como Hamilton Mourão (Republicanos) e Silvia
Waiãpi (PL), aliados de Jair Bolsonaro. Os indígenas aumentaram de um para sete o
número de parlamentares no Congresso. Em comparação às eleições anteriores, em 2018,
as candidaturas autodeclaradas indígenas tiveram um aumento de 40%, segundo o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral). As mulheres indígenas, maioria entre os eleitos, tiveram
crescimento ainda maior no número de candidaturas: de 49 em 2018 para 82 em 2022.
Acompanharemos como se desenharão, nos próximos anos, as políticas voltadas
especificamente para os povos originários.

Mídia Índia, jornalismo para a paz e vozes das mulheres originárias

Na cobertura jornalística das duas edições da Marcha das Mulheres (2019 e 2020), a
presença dos veículos nativos digitais foi essencial para reverberar as ações. Em nossas
pesquisas online constatamos coberturas sobre os eventos na mídia hegemônica (Folha
de S. Paulo, Exame, Uol, Correio Braziliense, IstoÈ, Marie Claire, Globo), porém a
grande quantidade de informação sobre o fato se encontra nos sites e redes sociais de
ONGs, institutos, movimentos sociais e veículos nativos digitais (como Catarinas, Mídia
Ninja, AzMIna, Mídia Índia, Sul 21, Amazônia Real). Um dos destaques na cobertura
midiática da 2ª Marcha das Mulheres Indígenas é a Mídia Índia-Voz dos Povos, veículo
nativo digital que nasceu em abril de 2017, como fruto dos estudos de jornalismo de
Erisvan Guajajara, da aldeia Lagoa Quieta, Terra Indígena Arariboia (MA), que se formou
pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A Mídia Índia iniciou suas atividades em sua página no Facebook; hoje tem Instagram,
Twitter, site, rádio e canal no YouTube, além da página no Facebook. Os conteúdos são
produzidos exclusivamente por indígenas de várias etnias (a maioria com formação na
área de comunicação). Em dezembro de 2020, a Mídia Índia venceu o Prêmio Joan Alsina
de Direitos Humanos, concedido pela Fundação Casa América Catalunya, na Espanha.
O prêmio foi instituído pela Câmara Municipal de Barcelona em memória do padre
catalão Joan Alsina, assassinado pela ditadura de Pinochet, no Chile, em 1973. Em
entrevista ao site Amazônia Real3, Erisvan Guajajara afirma que a Mídia Índia nasceu
para dar voz e visibilidade aos povos tradicionais na luta e resistência, em um momento
de ataques e perda de direitos e que a grande mídia brasileira ainda cobre ´´timidamente
as questões indígenas. O fundador da Mídia Índia destaca que trabalham na plataforma
mais de cem comunicadores, que cobrem desde festas culturais nas aldeias até questões
relacionadas ao meio ambiente, como os incêndios florestais na Amazônia, invasões de
garimpeiros e madeireiros nos territórios, assim como as campanhas pela demarcação das
terras. No Facebook (desde 2017), a Mídia Índia tem 74 mil seguidores; no Instagram
(desde 2019), 184 mil seguidores; no Twitter (desde 2019) são 14 mil seguidores e, no
YouTube (desde 2021), 2.100 inscritos.
O trabalho da Mídia Índia, voltado a cobrir assuntos relacionados a comunidades
vulneráveis (Marcha das Mulheres Indígenas, no caso do presente estudo) e a um grupo
específico (povos originários) que, historicamente, desde a colonização, luta para se
manter vivo e incluído na sociedade contemporânea, dialoga, harmonicamente, com os
conceitos de jornalismo para a paz (JP), desenvolvidos a partir dos Estudos para a Paz
(Peace Studies) do sociólogo e matemático norueguês Johan Galtung e com os conceitos
de interseccionalidade (etnia, gênero, classe social e território).
O jornalismo para a paz preza pelos impactos sociais e pela qualidade dos conteúdos, em
vez de privilegiar interesses econômicos de empresas, “já que muitos veículos de
comunicação convencionais realizam uma cobertura superficial e descontextualizada de
problemas, com o objetivo de controle social (SALINAS, 2014, p.10, apud CABRAL;
SALHANI, 2017).

3
Disponível em: https://amazoniareal.com.br/midia-india-e-reconhecida-com-o-premio-joan-alsina-de-
direitos-humanos-da-espanha/ Acesso em 06 de out. 2021)
Para Shinar (2008), o jornalismo para a paz visa à melhoria das representações da mídia,
da construção da realidade e da consciência crítica, buscando tratar as histórias em termos
mais amplos, diversos e justos. Geralmente os temas relacionados aos povos originários
são tratados, pela mídia tradicional, com pouca profundidade e distanciamento (sem a
presença de repórteres in loco, por exemplo), necessidade que é suprida pela cobertura da
Mídia Índia.
Em seus estudos sobre jornalismo para a paz Cabral e Salhani (2017) apontam que:

“O que é debatido socialmente é amplamente relacionado com o


que é abordado pela agenda midiática: o que os meios escolhem
transmitir torna-se, constantemente, o que é discutido pelas
pessoas; entretanto, caso omitam informações, elas dificilmente
farão parte do imaginário social e, consequentemente, não terão
impacto cultural e social algum. (CABRAL; SALHANI, 2017, p.
6)

A abordagem da Mídia Índia - feita por povos originários sobre as mulheres originárias -
é importante, porque é de “dentro para dentro”, mas se espalha como raízes, dada a
velocidade da internet e seu poder de alcance. É uma comunicação que dá voz às partes
envolvidas (como prevê o jornalismo para a paz), não apenas às que dominam em termos
políticos e socioeconômicos
De acordo com Flávia Silva (2018), a realidade dos povos indígenas já é, em si mesma,
de luta e de resistência, mas em relação à situação das mulheres indígenas essa realidade
é ainda mais tensa, já que elas precisam reivindicar direitos enquanto sujeitos pertencentes
a dois grupos sensíveis: indígenas e mulheres (e incluímos, ainda, mulheres indígenas
trans, lésbicas, entre outros grupos). Silva (2018) afirma que:

a luta das mulheres indígenas vai além do enfrentamento pela


demarcação de suas terras e inclui acesso à educação, saúde,
saneamento básico, participação na vida política, pertencimento
efetivo na vida em sociedade e um embate dentro mesmo de suas
aldeias. Isso porque, ainda que muitas comunidades indígenas
estejam passando por processos internos de mudança na estrutura
hierárquica de suas tribos-resguardado limites e proporções no
que se refere às tradições e características socioculturais e
identitárias de cada povo-o regime duramente patriarcal ainda
impõe padrões igualmente severos de submissão feminina.
Cumpre dizer ainda que, mesmo que algumas mulheres indígenas
tenham assumido a função de porta-vozes e se destacado com
certa ênfase no campo político fora de suas comunidades, esta
realidade é ainda muito incipiente e frágil. (SILVA, 2018, p.6)

Pesquisar, analisar e interpretar a Marcha das Mulheres Indígenas sob o viés de uma mídia
indígena nativa digital, a partir dos conceitos do jornalismo para a paz é discutir sobre o
período gigante de silenciamento dessas mulheres na mídia, desde a colonização. É
também discutir se a Mídia Índia rompe com esses silenciamentos e reverbera a voz e a
as pautas dessas mulheres em sua cobertura jornalística ou se reproduz práticas midiáticas
das mídias hegemônicas.

Veículos nativos digitais

A Mídia Índia é um veículo de comunicação nativo digital, conceito que, no jornalismo,


está ligado a organizações que nasceram na internet e investem em novas tecnologias e
novos modelos de negócio para manterem sua sustentabilidade. Esse “drible” no
jornalismo hegemônico já vem sendo dado há alguns anos por veículos como Agência
Pública, Nexo Jornal, AzMina, Gênero e Número, Amazônia Real, The Intercept,
Jornalistas Livres, entre outros que buscam se manter geralmente com prestação de
consultorias e pesquisas, cursos, promoção de eventos, newsletter patrocinadas e
parcerias com organizações. Não são independentes porque dependem dessas estratégias
com marcas, usuários e instituições, mas são alternativas ao jornalismo tradicional e
hegemônico que poucas vezes (ou nenhuma vez) aborda os assuntos tratados nesses
veículos de comunicação nativos digitais.
Segundo Lenzi (2019), o conceito de nativo digital foi cunhado pelo educador e
pesquisador Marc Prensky, em 2001, para descrever a geração de jovens “nascidos
cercados pelas tecnologias digitais” (LENZI, 2019, p. 9 apud PRENSKY, 2001). Lenzi
(2019) aponta que, ao trazer o conceito para o jornalismo, entende-se como nativos
digitais os veículos, iniciativas e negócios comunicacionais que nasceram exclusivamente
na internet, “e não aqueles que migraram de uma outra plataforma para o ambiente online”
(Lenzi, 2019, p. 11).
De acordo com o Mapa do Jornalismo Independente no Brasil 4 (que inclui os veículos
nativos digitais), que é um levantamento inédito feito pela Agência Pública entre 2015 e
2016, foram identificados, na época, 79 iniciativas em 12 estados e no Distrito Federal.
O estado de São Paulo concentrava, então, 36 veículos independentes, quase a metade
dos que apareciam no Mapa. Os critérios da Agência Pública incluem veículos que
nasceram na rede, fruto de projetos coletivos e não ligados a grandes grupos de mídia,
políticos, organizações ou empresas. Blogs não entraram porque, segundo a Agência,
geralmente são iniciativas individuais, com tom pessoal. Acessamos o Mapa
recentemente (a pesquisa continua aberta) e verificamos mais de cem veículos que se
encaixam no conceito de jornalismo independente da Agência Pública (e que preferimos
chamar de veículos nativos digitais, já que dependem, de alguma forma, de meios para
sobreviver).
O constante aumento de veículos nativos digitais, frente aos novos desafios do fazer
jornalístico, mostra o quanto é importante investigar e interpretar o comportamento dessas
mídias, tanto nas coberturas jornalísticas e produção de informação quanto em suas
estratégias de sustentabilidade.

PROBLEMA DE PESQUISA
Com base nos conceitos do Jornalismo para Paz, como o veículo nativo Mídia Índia
contribui para reverberar as pautas da Marcha das Mulheres Indígenas?

OBJETIVOS

- Pesquisar e interpretar como os povos originários, em especial as mulheres indígenas,


são retratados nos meios de comunicação desde a colonização do Brasil
- Analisar se a Midia Índia, ao cobrir a Marcha das Mulheres, repete comportamentos da
mídia tradicional/hegemônica ou se propõe a abordagens inclusivas e aprofundadas sobre
as realidades dessas mulheres.
- Estudar como a Mídia Índia, dentro do universo dos veículos nativos digitais, comporta-
se no mercado da comunicação, em contraponto à lógica financeira das mídias
tradicionais/hegemônicas.

4
Disponível em: https://apublica.org/2016/11/o-que-descobrimos-com-o-mapa-do-jornalismo-
independente/ Acesso em 08 de out.2021
JUSTIFICATIVAS

Abordar as estratégias de comunicação de uma mídia indígena na cobertura da Marcha


das Mulheres Indígenas é essencial para compreender o processo de interação desses
povos originários com as novas tecnologias e se essa relação colabora para que as pautas
dessas mulheres ultrapassem as aldeias e reverberem na sociedade como um todo.
A utilização de novas tecnologias pelos povos indígenas permite que a comunicação feita
por estes tenham abordagens de linguagem/território/lugar de fala/memória que lhes
permitem empoderamento e uma descolonização (não sabemos ainda até que ponto) no
modo de fazer jornalismo.
Pretendemos valorizar, neste estudo, vozes de autoras (principalmente brasileiras e no
que tange às lutas das mulheres indígenas e aos feminismos) e autores do sul global, a
partir de uma ótica decolonial. Como a proposta do trabalho é analisar e interpretar como
se dá a descolonização da comunicação em território indígena feminino, no Brasil,
consideramos importante abordar a questão do epistemicídio, termo cunhado pelo
sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (1995) e que ocorre quando uma forma
de saber é negligenciada, visando o apagamento do saber de um povo.

METODOLOGIA

Para este estudo utilizaremos como metodologia a análise de conteúdo a partir dos estudos
de Bardin (2016), passando pelas três fases definidas pela autora: pré-análise, exploração
do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Também utilizaremos o
jornalismo para a paz como metodologia, estabelecendo categorias de análise a partir dos
estudos principalmente das autoras e autores latino-americanos, como Nos Aldás (2016),
Cabral; Salhani (2017), Shinar (2008), Salinas (2014), Pureza (2005), entre outros.

CRONOGRAMA

Semestre 1 de 2023: Ajustes quanto ao tema; estudos


Semestre 2 de 2023: Estudos, atividades relativas ao programa
Semestre 1 de 2024: Estudos, participação em congressos
Semestre 2 de 2024: Estudos, participação em congressos
Semestre 1 de 2025: Escrita, pesquisa, atividades relativas ao programa (estágio)
Semestre 2 de 2025: Escrita, pesquisa, atividades relativas ao programa (estágio)
Semestre 1 de 2026: Desenvolvimento a tese
Semestre 2 de 2026: Desenvolvimento da tese

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Editora 70, 2016.


CABRAL, Raquel; SALHANI, Jorge. Jornalismo para a paz: conceitos e reflexões.
Ecompós, Brasília, v. 20, 2017. Disponível em: https://www.e-compos.org.br/e-
compos/article/view/1371 Acesso em 0 out. 2021
LENZI, Alexandre. Em busca do jornalismo nativo digital. In: VILELA, Matheus D.;
BRESSAN JUNIOR; Mário A (Org). Conexões digitais e convergentes: sentidos, afeto e
cultura. Palhoça: Editora Unisul, 2019. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/337926375_Em_busca_do_jornalismo_nativo
_digital Acesso em 06 out.2021
NOS ALDÁS, E. IUDESP y la comunicación para la paz. Entrevista concedida a Jorge
Salhani. Castellón de la Plana, maio 2016.
PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants. On the horizon, Reino Unido:
Emerald Publish, v. 9, n. 5, 2001. Disponível em:
https://marcprensky.com/writing/Prensky%20-
%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf Acesso em: 06
out.2021
PUREZA, José Manuel, CRAVO, Teresa. Margem crítica e legitimação nos estudos
para a paz. In: Revista Crítica de Ciências Sociais (online), nº 71, 2005. Disponível em:
file:///C:/Users/Ester/Downloads/rccs-1011.pdf Acesso em 02 abr.2020
SALINAS, A. I. A. Periodismo y comunicación para la paz. Indicadores y marco
regulatório. Revista Comunicación y Ciudadanía Digital – COMMONS, v. 3, n. 1, p. 57-
92, 2014. Disponível em: http://ojs.uca.es/index.php/cayp/article/viewFile/554/556
Acesso em 06 de out.20221
SANTOS, S. Boaventura. Pela Mão de Alice. São Paulo: Cortez Editora, 1995.
SHINAR, Dov. Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz. Líbero, ano XI,
n. 21, p. 39-48, 2008. Disponível em: https://casperlibero.edu.br/wp-
content/uploads/2014/05/M%C3%ADdia-democr%C3%A1tica-e-jornalismo.pdf Acesso
em 07 out. 2021.
SILVA, Flávia Campos. Mulheres Indígenas e os espaços midiáticos: uma reflexão
sobre silenciamento, memória e resistência. Revista Latinoamericana de Estudios del
Discurso, [s. l. ], v. 18, n. 2, p. 23-41, 2018. ISSN-e 2447-9543. Disponível
em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6747441. Acesso em: 04 de out.
2022.

NA WEB

AGÊNCIA PÚBLICA: O que descobrimos com o Mapa do Jornalismo Independente


https://apublica.org/2016/11/o-que-descobrimos-com-o-mapa-do-jornalismo-
independente/ Acesso em 08 de out. 2021
AMAZÔNIA REAL: Mídia Índia é reconhecida com o Prêmio Joan Alsina de
Direitos Humanos da Espanha https://amazoniareal.com.br/midia-india-e-reconhecida-
com-o-premio-joan-alsina-de-direitos-humanos-da-espanha/ Acesso em 06 de out. 2021)
EL PAIS BRASIL: Nem um centímetro a mais para os indígenas e para a
biodiversidade no Brasil de Bolsonaro https://brasil.elpais.com/brasil/2021-08-
20/nem-um-centimetro-a-mais-para-os-indigenas-e-para-a-biodiversidade-no-brasil-de-
bolsonaro.html. Acesso em 06 de out. 2021.
MAP BIOMAS: Vegetação nativa perde espaço para a agropecuária nas últimas três
décadas https://mapbiomas.org/vegetacao-nativa-perde-espaco-para-a-agropecuaria-
nas-ultimas-tres-decadas. Acesso em 06 de out. 2021.

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