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Universidade Federal de Roraima

Centro de Comunicação, Letras e Artes Visuais


Programa de Pós-graduação em Comunicação

ISABELA BASTOS PIO

Práticas Etnocomunicacionais Yanomami no Instagram:


caminhos para decolonizar a comunicação?

Boa Vista
2023
2

SUMÁRIO

1. TEMA ...............................................................................................................4

2. PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................5

3. HIPÓTESE .......................................................................................................5

4. OBJETIVO .......................................................................................................6

5. JUSTIFICATIVA ...............................................................................................7

6. REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................................8

7. METODOLOGIA................................................................................................9

7.1 TÉCNICAS DE PESQUISA..................................................................9

8. CRONOGRAMA..............................................................................................10

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ..................................................................11

10. PROPOSTA DE SUMÁRIO PARA O TCC....................................................12


3

1 TEMA

Abordar a questão indígena é essencial, principalmente diante do atual e


preocupante cenário político-social em que os povos originários sofrem ataques
constantes tanto ao seu modo de vida quanto aos territórios e outros direitos
fundamentais. O último relatório da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) apontou
aumento da violência por terras e água, principalmente envolvendo indígenas 1.
Mais de 60% dos conflitos pela água foram protagonizados por mineradoras e
comunidades indígenas e quilombolas foram alguns dos que mais sofreram com
essas ações. Ataques ao território indígena também são uma preocupação
constante como a perda de territórios consolidados2, seja para a concessão de
terras para fazendeiros3, para o desmatamento, o garimpo ilegal ou a grilagem, ou
o avanço do Projeto de Lei (PL) 490 que defende a tese do Marco Temporal e bota
em risco todo o modo de existência dos indígenas.
Entre todas essas lutas, os indígenas sofrem ainda uma constante
invisibilidade e marginalização pelos meios de comunicação atuais. Segundo
Biavatti et al. (2020), esse processo existe desde os primeiros relatos dos
portugueses ao chegar nas terras brasileiras. O desenrolar da história no Brasil
não mudou esse quadro.
Quijano (2005) aponta que esse tipo de comportamento vem de um
pensamento colonial, que explora e ignora conhecimentos, saberes, modos de ser
e existir no mundo fora do padrão da modernidade. Essa apropriação narrativa,
que pode ser considerada fruto do processo colonialista, prioriza uma visão
eurocêntrica que vem sendo desconstruída, na comunicação, com muito esforço,
ao longo dos últimos anos, principalmente com os movimentos sociais, o
aprofundamento do debate sobre a etnocomunicação e a ampliação da presença
de comunicadores indígenas.
Falar sobre comunicação indígena estando no Norte do país dá uma
relevância ainda maior à pesquisa, não só porque a região representa a maior

1 Disponível em: https://pnsr.desa.ufmg.br/33o-relatorio-da-cpt-destaca-o-aumento-da-violencia


-no-campo-e-dos-conflitos-pela-agua/. Acesso em 20 abri 2023.
2 Disponível em: https://infoamazonia.org/2023/05/04/expansao-de-pastagens-em-terras-indigenas-
triplica-em-4-anos-e-ameaca-povos-isolados-da-amazonia/. Acesso em 20/04/2023.
3 Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/619543-porteira-aberta-governo-
bolsonaro-reconhece-250-mil-hectares-de-fazendas-em-terras-indigenas. Acesso em 20/04/2023.
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concentração da população autodeclarada indígena do Brasil, mas também devido


a oportunidade de vivenciar parte das lutas enfrentadas por essas comunidades. O
papel da imprensa de dar visibilidade a esta problemática acaba muitas vezes
suprimido ou até esquecido. Os meios de comunicação tradicionais, pautados na
maioria dos casos pelo imediatismo do hard news, deixam a desejar na cobertura
aprofundada desses temas.
Nesse cenário, as redes sociais despontam como alternativa de
comunicação para ativistas, comunicadores indígenas e líderes dos povos
tradicionais, que, além de divulgarem a temática, têm a oportunidade de
protagonizar a comunicação e abordar o problema com propriedade.
Assim, podemos pensar na utilização das redes sociais pela ótica da
etnocomunicação que, segundo Renata Tupinambá (2021), aponta para a
valorização da origem do indivíduo que faz o processo de comunicação e está
informando. Ainda segundo a autora, etnocomunicar é “uma perspectiva que
desafia o pensamento ocidentalizado de uma mídia padronizada por uma indústria
que massifica e impõe hegemonias” (TUPINAMBÁ, 2021, p.13). Portanto,
podemos pensar a etnocomunicação como uma forma de comunicação feita e
protagonizada por grupos étnicos específicos (como os indígenas) e que busca
empoderar esses povos, dar destaque às identidades étnicas diversas para
convidar o público à reflexão dessas pautas.
Ainda de acordo com Tupinambá (2021) mesmo o trabalho de comunicação
desenvolvido por indigenistas não é o suficiente para dar conta da totalidade
indígena, isso porque, segundo a autora ”a comunicação indigenista apresenta
apenas uma versão dos fatos, isso porque não indígenas se tornam
comunicadores que não estão ligados aos agentes indígenas por canais de afeto”
(Tupinambá, 2021, apud Nascimento, 2021, p. 26).
Apesar de ser recente, a relação do indígena com a internet transformou a
realidade de muitas comunidades. Nesse ponto, a pesquisa entende o indígena
como ser contemporâneo, que usa a internet a seu favor, assim como propôs
Monasterios (2003) ao apontar que a intensificação dos processos de globalização
e uso da internet pelas Organizações Índígenas (OI) são exemplos de construções
simbólicas das quais participam os indígenas ao longo do processo de
autodeterminar-se como forma de decolonizar o pensamento social por meio da
5

comunicação. Portanto, entendemos que esse rompimento com a ótica


romantizada do ser indígena, que por muito tempo foi perpetuada e até hoje está
presente no imaginário coletivo, colabora com o processo de fortalecimento
cultural dos povos originários.
O avanço da tecnologia e o surgimento da internet abriram caminho para
novas formas de comunicação e interação, que se estabeleceram através de
estruturas midiáticas digitais. Internacionalmente, foi na década de 1990 que a
internet se transformou em um meio de comunicação com acesso público. Essa
acessibilidade ocorreu principalmente após o desenvolvimento dos navegadores
virtuais (browsers) que permitiam aos usuários navegar por endereços na World
Wide Web. Desde o início, as pessoas usam a internet porque entendem que ela é
o meio mais ágil e eficaz de acesso à informação (CASTELLS, 1999).
Apesar do avanço no acesso à internet e às mídias digitais, é necessário
ressaltar que ainda existem grandes desafios no que diz respeito à inclusão e
democratização digital. É importante ressaltar que os nove estados da Amazônia
brasileira (Amazonas, Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Pará, Tocantins,
Maranhão e Mato Grosso), que compreendem cerca de 58,9% do território
nacional (IBGE, 2022) e têm uma população estimada de 29,8 milhões (IBGE,
2022), possuem apenas 3 milhões de acessos à internet banda larga e 27,3
milhões de acessos à telefonia móvel. Historicamente essa região sempre foi de
difícil acesso, o mesmo vale para as limitações de acesso à internet.
Castells (2003) aponta que a exclusão é um dos maiores desafios a serem
superados pela tecnologia não apenas para garantir igualdade de oportunidades,
mas também para promover dignidade social. “Numa economia global, e numa
sociedade de rede em que a maioria das coisas que importam depende dessas
redes baseadas na Internet, ser excluído é ser condenado à marginalidade”
(Castells, 2003, p. 280).
Diante desse contexto de marginalização digital, o indígena também é
afetado. A inserção do indígena no contexto digital vem ocorrendo aos poucos,
principalmente nas comunidades afastadas dos meios urbanos e em locais de
difícil acesso. Nesses espaços, o acesso a internet ocorre na maioria das vezes
com a ajuda de projetos e iniciativas para disponibilizar conexão de internet a
essas populações.
6

Não há uma linha do tempo clara que aponte qual foi a primeira
comunidade indígena a receber conexão de internet no Brasil, a informação mais
antiga que se tem aponta para o ano de 2003 quando o Comitê para a
Democratização da Informática (CDI) criou o projeto Rede Povos da Floresta4 e
implantou pontos de acesso à internet em comunidades do Acre, Amapá, Minas
Gerais e Rio de Janeiro. O programa Wi-fi Brasil do Governo Federal também tem
ajudado a ampliar o número de comunidades conectadas. Lançado em 2021, o
programa tem objetivo de oferecer o acesso a serviços de conexão à internet para
promover a inclusão digital e social da população5. Desde a implementação do
programa foram instalados 22.438 pontos de internet em todo o país, destes
14.725 em áreas rurais e 232 especificamente em áreas indígenas6
A internet se tornou palco de lutas sociais para os povos originários desde
sua inserção no cotidiano das aldeias e comunidades indígenas e principalmente
durante a pandemia da Covid-197. Após a grave crise que ocorreu na Terra
Indígena Yanomami, por exemplo, o governo federal instalou antenas de
telecomunicação para disponibilizar internet banda larga e facilitar a troca de
comunicação durante o processo de ajuda humanitária 8. Essa conexão digital
chegou como um local alternativo para expor denúncias e continuar as lutas
sociais dessas comunidades.
Assim, da mesma forma que ocupam lugar dentro do contexto urbano, os
indígenas passaram a inserir-se cada vez mais no mundo digital e nas redes
sociais. Um dos momentos mais emblemáticos dessa utilização ocorreu na
realização do já conhecido Acampamento Terra Livre (ATL) em formato digital nos
anos de 2020 e 2021. O evento foi marcado pela diversidade de cenários exibidos
em telas conectadas por todo o Brasil9. Com a obrigação do distanciamento social,
os movimentos indígenas transferiram o evento para a internet e reforçaram ainda

4 Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252013000200006.


Acesso em 19/05/2023.
5 Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-04/programa-leva-internet-
areas-remotas-do-pais. Acesso em 12/05/2023
6 Disponível em: https://www.gov.br/mcom/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas-
projetos-acoes-obras-e-atividades/wi-fi-brasil. Acesso em: 12/05/2023.
7 Disponível em: https://amazonianativa.org.br/2020/11/25/em-meio-a-pandemia-internet-torna-se-
essencial-para-o-fortalecimento-da-cultura-dos-povos-indigenas/. Acesso em 12/05/2023.
8 Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2023/01/31/internet-reserva-indigena-
yanomami.htm. Acesso em 19/05/2023.
9 Disponível em:https://apiboficial.org/atl2021/. Acesso em 12/05/2023.
7

mais sua presença digital.


Essa comunicação no ambiente virtual trouxe possibilidades que não
existiam antes do surgimento da internet. Segundo Cláudio Torres (2019) esse
mundo digital reúne “milhões de pessoas, de todas as classes sociais, que buscam
informações, diversão e relacionamento e que comandam, interagem e interferem
em toda e qualquer atividade ligada à sociedade e aos negócios” (TORRES, 2019,
p.44).
A partir do momento em que milhões de pessoas passam a conectar-se e
se reúnem em um mesmo espaço, o surgimento das redes sociais digitais ocorreu.
Em 1995 foi criada nos Estados Unidos a rede social Classemates com o objetivo
de conectar estudantes de uma universidade. Nove anos depois surgiram o
Facebook e o Orkut, redes que se popularizaram no mundo inteiro entre milhões
de pessoas10.
Entre essas redes sociais temos o Instagram: uma plataforma que foi
disponibilizada para o público no dia 6 de outubro de 2010, a princípio apenas
como meio para divulgação de fotografias e disponível apenas para smartphones.
Com o passar dos anos, a rede social passou por inúmeras adequações à
realidade virtual até se tornar uma verdadeira comunidade, em que diferentes
pessoas podem expor sua realidade por meio de fotos e vídeos11.
Nos últimos anos a presença de indígenas nessa rede social também
aumentou e colaborou para a visibilidade das pautas dos povos originários. Em
janeiro de 2023 o Brasil contava com mais de 154 milhões de usuários de redes
sociais, desses 113,5 milhões eram da rede social Instagram. A plataforma é a
terceira mais utilizada pelos brasileiros, segundo um relatório de fevereiro de 2023
produzido em parceria por We Are Social e Meltwater12.
Neste contexto, a pesquisa busca compreender as formas de (re)utilização
do Instagram enquanto ferramenta de etnocomunicação indígena e avaliar sua
relevância para os indígenas Yanomami na ocupação desse território (também
virtual).
Acreditamos que a apropriação das ferramentas de comunicação digital, no
10 Disponível em: https://www.infoescola.com/sociedade/redes-sociais-2/. Acesso em 12/05/2023.
11 Disponível em: https://rockcontent.com/br/blog/instagram/#:~:text=O%20Instagram
%20foi%20lan%C3%A7ado%20em,de%201%20milh%C3%A3o%20de%20usu%C3%A1rios.Acesso
em 12/05/2023.
12 Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2023-brazil. Acesso em: 20/04/2023
8

atual contexto social, é importante para ajudar na luta política que tem se mostrado
cada vez mais necessária para garantir a segurança e continuidade dos povos
tradicionais. Logo, é importante entender como se desenvolve esse processo
etnocomunicacional nesse ambiente virtual e como os atores dessa comunicação
se enxergam nesse território.
9

2 PROBLEMA DE PESQUISA

Valorizando um ponto de vista Decolonial (MIGNOLO, 2020; BALLESTRIN,


2019; OLIVEIRA; LUCINI, 2021;) e levando em consideração os princípios da
Etnocomunicação (ARAÚJO e SANTI, 2019; BANIWA, 2007) a pesquisa busca
entender o papel da rede social Instagram nas dinâmicas de produção de conteúdo,
informação e luta social dos povos indígenas na atualidade.
Ressaltamos, porém, que não podemos enxergar a tecnologia como uma
solução para um problema que remonta há séculos. É necessário lembrar que tais
mecanismos podem, de fato, ser usados para fortalecer as culturas locais e
promover o diálogo intercultural, mas também para perpetuar as desigualdades já
existentes e ampliar as assimetrias de poder. Dessa forma, a tecnologia e as redes
sociais digitais devem ser vistas como ferramentas que podem ser bem ou mal
utilizadas de acordo com sua manipulação.
Portanto, o questionamento principal desta pesquisa é: qual o papel do
Instagram, enquanto ferramenta etnocomunicacional, que pode ser utilizada pelos
povos originários para decolonizar a comunicação e fortalecer as narrativas de lutas
sociais de sua população?

3 HIPÓTESE

Reconhecendo que os indígenas produzem uma comunicação étnica e estão


inseridos no ambiente das redes sociais e que estas, como comunidades virtuais,
possuem linguagens e processos próprios, podemos entender que a
etnocomunicação indígena (ARAÚJO e SANTI, 2021; BANIWA,2007) se desenvolve
atrelada a essa linguagem específica dentro desse contexto digital. É necessário
ressaltar que etnocomunicação e etnomídia (BARBOSA, 2019; NASCIMENTO,
2020) são conceitos diferentes utilizados para descrever processos distintos que
ocorrem dentro da comunicação.
Compreendemos a etnocomunicação da forma como propôs Ardoino (1998):
um processo de construção de dispositivos e formas de se comunicar de uma
maneira própria, que produz e desenvolve a partir da formação da própria
identidade, da cultura e da ancestralidade de cada povo.
10

Já a etnomídia está inserida em uma rede complexa de conceitos e práticas,


que no entendimento de Barbosa (2019), ao fazer um estudo de caso dos
Tupinambás na Bahia, atua para conectar o indígena ao mundo ocidental enquanto
permite que ele se aproprie desses aparatos tecnológicos e reforce sua identidade,
resistência e existência enquanto ser indígena.
Portanto, a etnomídia indígena parte de um pensamento decolonial, segundo
aponta Carneiro (2019), pois abraça a urgência da necessidade de expressão pelos
povos indígenas como agentes de suas narrativas que por muito tempo foram
usurpadas por vozes ocidentais. Ou seja, a etnomídia indígena não pode ser
considerada apenas a instrumentalização de novas tecnologias de comunicação
para que novas gerações indígenas se incorporem ao universo digital
ocidentalizado, deixando para trás suas tradições e ancestralidade.
Partindo de um estudo que aciona os princípios histórico, culturológico,
praxiológico, etnográfico e contextual (SANTI, 2014), acreditamos que será possível
visualizar melhor os termos da expansão da presença indígena no Instagram e a
utilização dessa plataforma como ferramenta de Etnocomunicação para promover
acesso a conteúdos produzido pelos membros e representantes dos povos
originários.
Ainda falando sobre o contexto digital, acreditamos que é necessário buscar
compreensão sobre o real papel das tecnologias na Etnocomunicação. Pois, em
outros contextos já percebemos que da mesma forma que a rede social pode ser
utilizada para fortalecer as culturas locais e promover o diálogo intercultural, também
pode ser empregada para perpetuar desigualdades.

4 OBJETIVO

4.1 Objetivo geral


11

Compreender quais são os processos etnocomunicacionais acionados pelos povos


indígenas, no contexto na rede social Instagram, para decolonizar a comunicação e
fortalecer as narrativas de lutas sociais de sua população.

4.2 Objetivos específicos

1. Mapear a presença de etnocomunicadores indígenas no Instagram para


compreender melhor a forma de utilização da ferramenta e avaliar sua
relevância na ocupação desses territórios (também virtuais).

2. Identificar os processos etnocomunicacionais Yanomami no campo digital


para entender como eles se desenvolvem e como os atores dessa
comunicação se enxergam nesse território.

3. Entender o papel da rede social Instagram nas dinâmicas de produção de


conteúdo, informação e luta social dos povos indígenas Yanomami na
atualidade e avaliar a repercussão das publicações feitas na rede social.
12

5 JUSTIFICATIVA

A pauta indígena é marcada por lutas sociais. De acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2022, o território brasileiro
possui 1,69 milhão de indivíduos se autodeclaram indígenas 13. Na análise da
distribuição espacial dos autodeclarados indígenas realizada pelo Censo
Demográfico 2022, a pesquisa revelou que a Região Norte e o ambiente amazônico
mantém a supremacia ao longo dos Censos, com 45% dos autodeclarados14.
O Censo de 2022 aponta que a variação de autodeclarados indígenas entre os
levantamentos já realizados representa um aumento de 89%. O estado de Roraima
concentra as duas maiores populações indígenas em reservas demarcadas, a
primeira na Terra Indígena Yanomami, com mais de 27 mil indígenas e a segunda
na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com mais de 26 mil autodeclarados
indígenas.
O aumento da população indígena no país deveria significar também maior
atenção nas garantias fundamentais e respeito aos povos originários, mas o cenário
que se viu ao longo dos últimos anos é de muita luta, principalmente para assegurar
direitos básicos que estão previstos em leis há décadas, mas que ainda são
invalidados.
A luta para garantir assegurar proteção jurídica e garantir dignidade à pessoa
indígena é antiga, em dezembro de 1973, foi instituído o Estatuto do Índio 15, um
conjunto de leis que visam proteger os povos das mais diferentes etnias, seus
direitos civis e políticos, além de promover garantias fundamentais, como por
exemplo, a permanência em suas terras, bem como a demarcação delas - além de
saúde, educação e respeito às tradições.
Antes mesmo da promulgação da lei foi criada a Fundação Nacional do Índio
(FUNAI)16, em 1976 com intuito de promover e proteger os direitos da população
indígena. Apesar da criação de dispositivos legais e de instituições para resguardar

13 Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2023/dados-do-censo-2022-


revelam-que-o-brasil-tem-1-7-milhao-de-indigenas Acesso em 10 ago 2023
14 Disponível em: https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/08/07/censo-do-ibge-brasil-tem-
17-milhao-de-indigenas.ghtml. Acesso em 10 ago 2023
15 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm. Acesso em 24/04/2023
16 Hoje “Fundação Nacional dos Povos Indígenas”, conforme Medida Provisória nº 1.154, de 1º de
janeiro de 2023. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Mpv/mpv1154. Acesso em:
13

e assegurar essas garantias fundamentais, às populações indígenas estão longe de


ter pleno acesso ao que se propõe na lei - o que torna sua mera existência uma luta
constante contra a perda dos direitos e o preconceito.
Com intuito de preservar ensinamentos que muitas vezes se perdem devido à
interferência do homem branco e da constante globalização que unifica costumes e
faz com que particularidades culturais se percam, os povos indígenas precisam lutar
para fortalecer sua ancestralidade e suas particularidades. Numa sociedade em que
os povos originários são minoria e enfrentam o preconceito e racismo, onde se
negam direitos dados como garantidos e procura-se apagar historicamente e
esquecer as culturas não hegemônicas, é preciso ocupar novos espaços para dar
voz aos que são constantemente esquecidos.
Enquanto na área urbana brasileira o acesso à internet se consolidou nos anos
2000, para os indígenas o contato com o mundo digital começou em meados de
2003 quando o Comitê para a Democratização da Informática (CDI) criou o projeto
Rede Povos da Floresta. Nessa época, foram implantados pontos de acesso à
internet em Comunidades do Acre, Amapá, Minas Gerais e Rio de Janeiro17.
Entre os primeiros povos que receberam infraestrutura necessária ao acesso, os
Ashaninka se destacam das demais. Essa Comunidade localizada na região do Alto-
Juruá (AC), na divisa entre Brasil e Peru, utilizou a rede mundial de computadores
para se defender dos madeireiros peruanos que desmatavam as florestas,
prejudicavam seus recursos e muitas vezes entravam em atritos com a
comunidade18.
Com o uso de um painel solar para captar a energia e apenas um computador,
eles começaram a enviar denúncias via e-mail para ONGs e para o Governo. As
informações foram recebidas na Presidência da República e repassadas à Polícia
Federal e ao comando do Exército, que montaram uma ação para combater os
invasores. Hoje, já consolidada em muitas Comunidades, a internet segue
cumprindo o papel de instrumento de manifestação e debates à causa indígena.
Pelo ponto de vista de grande parte das nações indígenas, como os
Yanomami, por exemplo, são as vivências que constroem essa identidade

17 Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=


S0009-67252013000200006.Acesso em: 20/04/2023
18 Disponível em: https://cpiacre.org.br/indigenas-ashaninka-protegem-
sua-terra-com-tecnologia-digital/. Acesso em: 20/04/2023.
14

transmitida pela oralidade. Segundo o líder indígena Davi Kopenawa (2015),


apenas nascer em uma comunidade com ancestralidade Yanomami não faz de
alguém parte dessa etnia, é preciso se tornar um Yanomami por uma série de ritos
sociais e religiosos ligados aos seus mitos fundantes.
Por isso, ao abordar essas formas de comunicação, é preciso entender que
a narrativa dos povos originários traz consigo parte da história de vida e
experienciação desse povo que carregam nas oralidades, posturas e grafismos
sua história e a cultura viva de um povo que sobrevive mesmo em meio às
constantes tentativas de extermínio. Portanto, pelo simples fato de existir e
perpetuar a cultura de sua nação, o indígena se torna resistência.
Naine Terena (2019) aponta que para entender o atual momento de
apropriação da comunicação por parte dos indígenas é necessário fazer uma volta
ao passado e reconhecer outros três momentos ligados à luta indígena e às
políticas indigenistas no Brasil. O primeiro momento teve início com as políticas de
extermínio direto das populações indígenas; o segundo revelado na tentativa de
integração forçada dos povos indígenas e na intenção de apagamento das culturas
e identidades originárias; o terceiro momento se dá a partir da Constituição
Federal de 1988, que concede maior autonomia e reconhece direitos onlinebásicos
dos povos originários.
Segundo Terena (2019), o momento em que vivemos: de maior ocupação
indígena nos campos das artes e da comunicação, em conjunto com o avanço das
tecnologias de informação, pode ser entendido como o quarto momento dessa
luta. Nesse contexto o Instagram, inserido dentro dessa realidade de mundo
conectado, passa a ser utilizado também por indígenas (aldeados e não aldeados)
como plataforma para difundir sua cultura por meio das vivências cotidianas e
desafios enfrentados.
A internet se mostra como um meio em ocupação onde ocorrem várias
interações sociais, um território que vem cada vez mais sendo ocupado. Segundo
dados do governo federal, 90% dos lares brasileiros estão conectados 19. Uma
pesquisa realizada pela empresa Comscore no final de 2022 apontou os
brasileiros como os maiores consumidores de notícias online da América Latina.
Segundo a análise, 96% dos usuários brasileiros consomem conteúdos
19 Disponível em: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/90-dos-lares-
brasileiros-ja-tem-acesso-a-internet-no-brasil-aponta-pesquisa. Acesso em 19/05/2023.
15

jornalísticos em seus dispositivos. Com isso, o Brasil se mantém levemente à


frente da média global, que é de 90%20. A facilidade de se conectar com o mundo
inteiro de qualquer lugar é o principal atrativo para quem muitas vezes passa por
um processo de invisibilização e silenciamento.
A mesma pesquisa ainda apontou que o Instagram é a rede social favorita
dos usuários para interagir com conteúdos noticiosos, representando 64% das
interações. O que só reforça a tese de que a rede social passou a ser um espaço
de interação entre pessoas por meio de interações em vídeos e fotos e passou a
ser também um espaço informativo com relevância comunicacional. A partir desse
entendimento, vemos a mudança na publicação e difusão de conteúdos no
Instagram também em relação ao seu uso por associações e lideranças indígenas.
Em um contexto acadêmico, o tema tem relevância uma vez que esse campo de
pesquisa é inovador e ainda tem muito a ser desbravado. Acreditamos que as
práticas de Etnocomunicação ajudam a entender a forma como a comunicação
colabora para a preservação e valorização dos saberes tradicionais e manutenção
das posições culturais e econômicas. Ela também auxilia (re)conhecer melhor a
forma como esses indivíduos entendem e promovem a (sua) comunicação.

6 REFERENCIAL TEÓRICO

Para entender melhor sobre o tema da pesquisa, é necessário conhecer


melhor a trajetória que deu origem a esses questionamentos e principalmente os
autores que abriram o caminho para essa exploração. Comecemos então com o
entendimento sobre etnicidade que, para Fredrik Barth (2011), é um produto das
relações sociais e políticas que ocorrem entre diferentes grupos. Ele argumenta que
a etnicidade não é uma característica inata das pessoas ou grupos, mas é
construída e mantida por meio de processos sociais que envolvem a identificação de
diferenças culturais e a criação de fronteiras entre grupos. A continuidade e
abrangência dos estudos de Barth (2011) culminaram nos estudos sobre
Etnocomunicação (ARAÚJO e SANTI, 2019; BANIWA, 2007).

20 Disponível em: https://www.abcdacomunicacao.com.br/brasil-e-o-terceiro-maior-consumidor-de-


redes-sociais-em-todo-o-mundo/ Acesso em 20/05/2023
16

Para Santi e Araújo (2019) a “etnogêneses” pode ajudar a entender melhor os


princípios da etnocomunicação. Etnogêneses, conforme Bartolomé (2006) é um
conceito usado pela antropologia para abordar o dinamismo dos grupos étnicos para
fortalecer sua cultura nas mais diversas situações, incluindo as lutas políticas por
obtenção de direitos e recursos. O autor ainda observa que atualmente o conceito
também tem sido utilizado para “(...) análise dos recorrentes processos de
emergência social e política dos grupos tradicionalmente submetidos a relações de
dominação” (BARTOLOMÉ, 2006, s.p).
Seguindo essa linha de raciocínio, passamos a abordar o conceito de
Etnocomunicação indígena de acordo com a perspectiva da autora Letycia
Nascimento (2020). Para a pesquisadora a etnocomunicação é um desdobramento
da comunicação comunitária, mas que vai além disso. Além de abordar as questões
rotineiras comumente tratadas nas comunidades, a Etnocomunicação implica
aspectos culturais e práticas únicas desses agentes comunicacionais. Sendo assim
a Etnocomunicação indígena “(...) dilata as experiências de comunicação
comunitária porque está submersa em ancestralidade e na decolonialidade das
construções subjetivas que formam a identidade indígena” (NASCIMENTO, 2020, p.
83).
A etnomídia indígena, segundo Anápuáka Muniz Tupinambá (2017) apud
Carneiro (2019) é o fazer comunicacional exclusivo de sujeitos comunicacionais
indígenas e prevê a apropriação da ancestralidade e oralidades indígenas para a
produção ou (re)produção de suas narrativas. Essa comunicação, segundo a
comunicadora indígena Renata Tupinambá (2016) apud Carneiro (2019), respeita as
territorialidades de cada povo e leva em consideração também a diversidade cultural
e flexível de cada etnia e por isso, permite um olhar diferenciado sobre as práticas
comunicacionais:
[...] Etnomídia é uma ferramenta de empoderamento cultural e étnico,
por meio da convergência de várias mídias dentro de uma visão etno.
Por isso o uso deste prefixo. [...] podendo ser executada por
diferentes identidades étnicas e culturais. A apropriação dos meios
de comunicar tornou possível aos povos serem seus próprios
interlocutores [...]. (MACHADO TUPINAMBÁ, 2016 apud CARNEIRO,
2019, p. 89).
.
Por muito tempo a única visão que se tinha do indígena foi a perpetuada por
uma perspectiva eurocêntrica (QUIJANO, 2010; ) - um indígena romantizado e visto
17

como ser inferior, um “bicho do mato”, como disse uma vez o então governador de
Roraima, Antonio Denarium ao se referir aos povos tradicionais que vivem no
Estado21. Essa visão, em especial o seu contraponto, nos leva ao pensamento de
Walter Mignolo (2020), que, com base na experiência da América, defende que a
colonialidade é constitutiva da modernidade. Para o autor, a conexão do
Mediterrâneo com o Atlântico, no século XVI, lançou as fundamentações tanto da
“colonialidade” quanto da “modernidade” (MIGNOLO, 2020, p.79).
No mesmo sentido, Aníbal Quijano (2010), argumenta que a realidade da
América, mais especificamente da América Latina, foi mundialmente “imposta”. Ao
desenvolver o conceito de “colonialidade do poder”, o teórico aponta que a
população de todo o mundo foi classificada por identidades “raciais” e dividida entre
os “dominantes/superiores”, que seriam os europeus, e os “dominados/inferiores”, os
não europeus. Portanto, todo e qualquer conhecimento não eurocêntrico passou a
ser excluído e invalidado. Segundo o autor, essa concepção é o que será
denominado como a modernidade (QUIJANO, 2010, p. 73-74).
A Etnocomunicação (NASCIMENTO, 2020; ARAÚJO e SANTI, 2019;
BANIWA, 2007; ARDOINO, 1998), nesse sentido, pode ser entendida como uma
narrativa que ajuda a decolonizar a comunicação, valorizando a perspectiva
indígena e respeitando o tempo dos povos originários.
Em complementaridade Boaventura de Sousa Santos (2013) é crítico quando
nos aponta que o pensamento ocidental provocou a exclusão social enfrentada hoje
por vários nichos, incluindo os indígenas. Diante dessa dominação epistemológica, a
alternativa que pode ajudar a diminuir essa desigualdade, segundo Santos (2013), é
a promoção de um diálogo horizontal entre saberes num processo reflexivo e
dialógico.
Para entender o papel das redes sociais nesse processo de desconstrução do
pensamento colonial e como ferramenta etnocomunicacional, vamos abordar esses
espaços com base na pesquisa e definições de Raquel Recuero (2009) e Suely
Fragoso (2011). Segundo a autora (2009), as redes sociais são sistemas digitais que
permitem a interação entre usuários por meio da criação e compartilhamento de
conteúdos, conexões e grupos de interesse.

21Disponível em: https://exame.com/brasil/indigenas-nao-podem-mais-ficar-no-meio-da-mata-


parecendo-bicho-diz-governador-de-roraima/ . Acesso em 15/04/2023.
18

Ainda de acordo com Recuero (2009), esses espaços são constituídos por
atores (representações pessoais através de perfis de pessoas, organizações etc.) e
por conexões, permitindo a presença das organizações, enfatizando o seu papel de
ator social e também as conexões que representam relações com potenciais
clientes. A “ocupação” do território digital

7 METODOLOGIA

Entendemos a pesquisa não apenas como um meio para atingir um fim, mas
como uma caminhada que, da mesma forma que apontou Juremir Machado da Silva
(2010), ajuda a fazer vir à tona as respostas que se buscava, mas, sem esquecer
que o próprio caminho também produz mais questionamentos. Portanto, uma
metodologia engessada, extremamente técnica e artificial, produziria resultados
igualmente técnicos e artificiais, o que não cabe em um contexto de estudo onde se
busca aprofundar conhecimentos sobre as práticas de comunicação do ser indigena
e de suas organizações, sua identidade / etnicidade / territorialidade e outras
concepções que para alguns carecem de materialidade.
Bonin (2006) afirma que o processo investigativo deve ter suas operações
também “investigadas” e seus detalhes mais ínfimos precisam ser submetidos à
reflexão e interrogação constante. Dessa forma, propomos a condução de um roteiro
do estudo com base nos princípios teórico-metodológicos estruturados por Santi
(2014; 2015; 2016 e 2017) e aplicados por Araújo (2019; 2021) e Barbosa (2021).
Ressaltamos que tal roteiro teórico-metodológico não pretende utilizar o
método como um manual de instruções que limita e enquadra o objeto pesquisado,
mas ele se utiliza dos cinco princípios metodológicos apontados por Santi (2014) –
Histórico, Contextual, Culturológico, Etnográfico e Praxiológico no sentido de criar
um mapa, um caminho que se define na medida que a pesquisa avança.
Importante ressaltar que o trabalho segue a recomendação do pesquisador
ao apontar que os cinco princípios acionados no roteiro-cartográfico não são regras
absolutas e portanto devem operar apenas como indicadores da caminhada de
exploração (SANTI, 2014). Por tanto, o trajeto da pesquisa mescla técnicas já
experimentadas no campo da comunicação aos princípios teórico-metodológicos já
19

mencionados. Dessa forma conseguiremos traçar um caminho para percorrer a


jornada da experimentação e da pesquisa.

7.1 Princípios teórico-metodológicos

7.1.1 HISTORICIZAÇÃO E ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA


No percurso teórico-metodológico, a historicização é o primeiro princípio
apresentado por Santi (2014; 2015; 2016 e 2017) e implica a problematização dos
conceitos, ideias ou teorias movimentadas durante a pesquisa. De acordo com o
autor, historicizar é fundamental para dar mais transparência ao estudo. A
historicização pretende entender o ponto de partida de conceitos e a forma como
foram costurados junto com o tecido de significados de que eles são feitos. Pois, não
há como entender do que se trata a problemática sem conhecer suas origens ou
saber os termos em que se formularam esses debates que ocasionaram os
movimentos vividos na atualidade.
Da mesma forma, a pesquisa bibliográfica também é muitas vezes o ponto de
partida para realizar essa análise. A pesquisa bibliográfica é primordial na
construção da pesquisa científica, uma vez que nos permite conhecer melhor o
fenômeno em estudo. Para Fonseca (2002), a pesquisa bibliográfica é realizada

[...] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e


publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-
se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto (FONSECA, 2002, p.
32).

Sobre isso, Santi (2014) afirma que historicizar “alude à análise da


composição textual, à análise dos textos que registram o pensamento acerca do
comunicacional”. É por meio dessa ferramenta metodológica que o pesquisador faz
o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre as teorias e conceitos que vão
nortear o trabalho científico. Para isso é necessário se debruçar sobre livros, artigos
e diversos materiais de pesquisa que criem um arcabouço de conhecimento
aprofundado para dar embasamento ao pesquisador.
20

7.1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO E PESQUISA EXPLORATÓRIA

Segundo Santi (2014), o princípio da Contextualização é responsável por


ampliar a teia de significados e entendimento do problema estudado para dar conta
dos seus desenvolvimentos. A partir desse princípio, nos aproximamos do corpus de
estudo para entender melhor a realidade em que a problemática comunicacional se
configura.
Bonin (2008) ressalta que a contextualização em uma pesquisa acadêmica,
refere-se à apresentação das diferentes realidades em que o objeto está inserido.
Esta apresentação do contexto é relevante porque evita que a pesquisa se diminua
a um conteúdo abstrato, sem ligação com a realidade em que se insere, como
explica a autora:
A contextualização permite ter uma visão abrangente e, ao mesmo
tempo, particular do fenômeno investigado. Para realizar este
movimento de contextualização, faz-se necessário trabalhar em
práticas que possibilitem ir construindo os múltiplos contextos que
participam efetivamente da problemática em construção.
Aproximações à realidade, vivências, investigação teórica (busca de
subsídios de outras pesquisas que produziram conhecimentos sobre
estes contextos), aliadas à reflexão, análise e sistematização de
elementos importantes para a compreensão do problema/objeto
investigado são operações importantes na construção deste
movimento (BONIN, 2008, p. 125).

Para Santi (2014; 2015; 2016 e 2017) a contextualização acontece em no


mínimo dois níveis, um externo, que aborda os movimentos sociais por uma ótica
mais macro, explorando os elementos de uma forma mais geral e o segundo mais
focado no contexto comunicacional. No segundo nível, o intuito é entender melhor os
territórios onde os processos comunicacionais se realizam.
Diante deste contexto, vamos aplicar o princípio da contextualização através
do método de pesquisa exploratória, que consiste em conhecer de modo mais
aproximado um assunto, como explica Bonin (2011):
Sobre a pesquisa exploratória se pode dizer, de modo simplificado,
que implica em movimento de aproximação ao fenômeno concreto a
ser investigado buscando perceber seus contornos, suas
especificidades, suas singularidades. As ações de pesquisa
exploratória abrangem planejamento, construção e realização de
sucessivas aproximações ao concreto empírico a partir de várias
angulações possíveis que interessam ao problema/objeto em
construção (BONIN, 2011, p. 39).
21

7.1.3 CULTUROLÓGICO E NARRATOLOGIA

O terceiro princípio teórico-metodológico para estudo das práticas de


comunicação proposto por Santi (2014) é o Culturológico. A culturalidade desponta
como princípio metodológico pois entendemos que todo ato de comunicação é
também um ato de cultura. Logo, investigar os fenômenos comunicacionais nos leva
a observar de perto a cultura na qual esses fenômenos se processam.
Nesse sentido, Santi (2014) nos aponta que a culturalidade direciona o olhar
do pesquisador para a análise das formas assumidas pela cultura, que ele aponta
como "competências culturais" e, em um segundo momento, para os discursos
produzidos a partir disso, os chamados "imaginários coletivos".
O pesquisador francês Jean Caune (2008) nos aponta que o entendimento da
cultura relacionada com a comunicação acontece em duas esferas. Uma dessas
concepções deixa à mostra uma ideia de que cultura pressupõe partilha, uma
comunhão que ocorre com o compartilhamento de crenças através do tempo.
Segundo o autor, nesse contexto a expressão cultural de determinada comunidade
se projeta em suas manifestações comunicacionais “e os incorporam sob formas
materiais e artificiais: dança, teatro, cerimônias, narrativas etc”
Levando esse ponto em consideração, podemos compreender melhor quando
Santi (2014; 2015; 2016 e 2017) aponta que o princípio Culturológico possibilita ao
pesquisador fazer um mapeamento das bases culturais que influenciam esse
processo comunicacional. Logo, com a utilização desse princípio, podemos entender
quais são os mecanismos acionados por meio dessas práticas comunicacionais.
Para visualizar a relação entre cultura e comunicação e construção de
sentidos por meio da união desses dois campos, vamos usar as lentes da
Narratologia proposta por Motta (2008). O modelo proposto pelo autor sugere que o
pesquisador inicie suas reflexões sobre a narrativa como sendo uma estratégia
organizadora do discurso. Para o autor (2008), a narrativa traduz o conhecimento
objetivo e subjetivo do mundo por meio de relatos. E a partir deste, somos capazes
de colocar as coisas em relação umas com as outras em uma ordem e perspectiva,
em um desenrolar lógico e cronológico.
22

Motta (2008) também analisa a relação do discurso com as mídias, para ele
as narrativas midiáticas são consideradas fáticas quando abordam notícias,
reportagens, documentários, transmissões ao vivo etc; mas também podem ser
fictícias, que o autor trata como sendo as telenovelas, videoclipes, musicais, filmes,
histórias em quadrinho, alguns comerciais da TV, etc. Essa ferramenta teórico
metodológica busca estudar os sistemas narrativos no seio das sociedades,
dedicando-se à compreensão dos sentidos produzidos pelas relações humanas.
Dessa forma “procura entender como os sujeitos sociais constroem os seus
significados através da apreensão, compreensão e expressão narrativa da
realidade” (MOTTA, 2008, p. 2).

7.1.4 ETNOGRAFIA E A PESQUISA NETNOGRÁFICA

É a partir da observação dos sujeitos no cotidiano de suas práticas que


conseguimos compreender as mudanças nos modelos culturais e de comunicação.
Com base nessa lógica chegamos ao quarto princípio teórico-metodológico proposto
por Santi (2014; 2015; 2016 e 2017), o etnográfico. O autor nos aponta que para
entender as mudanças comunicacionais é preciso voltar nosso olhar às mudanças
no social, nas relações cotidianas que são tanto causa quanto relação dessa
interação comunicacional. Sendo assim, entendemos que as mudanças do ser
implicam em mudanças dos métodos de comunicação que por sua vez continuam
nessa abordagem de forma cíclica.
Como a comunicação engloba também uma série de outros campos, é
essencial reconhecer a importância de cada uma dessas peças para que se possa
alcançar um entendimento mais complexo (e completo) sobre os processos
comunicacionais. Dessa forma, Santi (2014) nos aponta que o princípio etnográfico
evidencia os atores sociais, reconhecendo sua importância nesse processo
comunicacional. Ao reconhecer seu protagonismo, ele tenta evidenciar essa
participação nas práticas de pesquisa científica em comunicação.
Adotar o princípio etnográfico é permitir uma mudança de lente ao olhar para
o fenômeno da comunicação e entender que além do olhar científico, é necessário
abordar nuances que muitas vezes estão na borda dessas interações para conseguir
traçar um caminho de entendimento sobre a produção das práticas sociais. E para
23

estudar o desenrolar dessas interações sociais a pesquisa utilizará o caminho da


Netnografia.
A princípio a netnografia se origina dos estudos de Antropologia Social, mais
precisamente como uma variação dos estudos etnográficos. Seu foco é o estudo
aprofundado de comunidades com a intenção de compreender seu estilo de vida e
cultura. De acordo com Kozinets (2014), a netnografia faz uma adaptação dos
procedimentos etnográficos voltados para estudos de comunidades online. Nesse
sentido, a netnografia funciona como uma derivação dos estudos etnográficos,
porém, voltada ao ambiente virtual. Utilizando essas interações como fonte de
dados, o autor tenta chegar à compreensão e representação etnográfica de
determinado fenômeno cultural.
Dessa forma, podemos entender que a netnografia ajuda o pesquisador a se
aprofundar nos conhecimentos sobre as interações culturais no ambiente virtual.
Essa ferramenta de pesquisa encurta distâncias para investigar as dinâmicas sociais
em um ambiente de rede.
Assim, entendemos o meio digital como um território, não em seu sentido
geográfico, delimitado por coordenadas e mapas. Mas no mesmo sentido que
aponta Souza (1995), para o autor, territórios “são no fundo antes relações sociais
projetadas no espaço que espaços concretos”. Esse entendimento nos leva a uma
noção de território flexível e contrapõe a concepção do termo como algo dado e
determinista.

7.1.4 PRAXIOLOGIA E A PESQUISA-AÇÃO

O último princípio teórico-metodológico listado por Santi (2014; 2015; 2016 e


2017) é o praxiológico. O autor aponta que o princípio praxiológico é um norteador
das discussões comunicacionais e ainda mostra que essa ferramenta está
relacionada à preocupação entre teoria e prática metodológica no desenvolvimento
da pesquisa.
Silva (2010) aponta que o ideal é fazer a metodologia derivar do referencial
teórico. nessa mesma linha, o princípio praxiológico proposto por Santi (2014) busca
entender as relações estabelecidas entre as escolhas teóricas e o processo
metodológico, tornando os procedimentos de investigação não apenas ferramentas
24

utilizadas para abrir caminho a um objetivo, mas fazendo com que o processo de
investigação seja o próprio caminho, possibilitando assim a reconstrução da teoria e
das técnicas mobilizadas nessa jornada.
Santi (2014) nos aponta que o procedimento praxiológico permite entender
melhor a relação entre método e situação e até mesmo reconstruir tanto as teorias
utilizadas quanto os mecanismos de investigação que delas derivam. Aprofundar o
estudo entre método e contexto ajuda o pesquisador a entender melhor como se
configura o reconhecimento, principalmente porque para o autor, “re-conhecer” está
diretamente ligado à dinâmica entre os sujeitos e seus modos de constituir-se. Para
Santi (2014 p.10):
O princípio da práxis possibilita então, ao mesmo tempo, a imersão
em profundidade e o distanciamento (a colocação em perspectiva) –
tanto na dimensão objetiva, quanto na dimensão subjetiva – as quais
dão forma à percepção do comunicacional.

Por fim, o princípio praxiológico propõe uma reflexão sobre a funcionalidade


de determinada ideia, conceito ou teoria e desloca a perspectiva de finalidade do
conhecimento para uma ideia de processo a ser feito. Sob o ponto de vista
praxeológico o conhecimento não é apenas um ato, torna-se um processo, um
caminho a ser percorrido, que não se encerra em si, mas que abre possibilidades
para novas rotas e continuidades de saberes.
A pesquisa-ação é a ferramenta escolhida para ajudar a aplicar esse princípio
à prática de pesquisa. Para Thiollent (1986) a pesquisa-ação é um tipo de
investigação participante que possui viés social que se propõe a aproximar a ação
ou com a compreensão de um fenômeno público. Esse tipo de estudo reduz as
diferenças entre objeto e sujeito de estudo, propõe um olhar mais humanizado à
pesquisa e a entrega não apenas de um relatório técnico ou resultados estritamente
acadêmicos.
A pesquisa-ação entende que os resultados se revertem em benefício próprio
do grupo pesquisado. Portanto, na busca de entender melhor como se configura a
etnocomunicação nas redes sociais e a utilização do Instagram como ferramenta
para essa prática, a pesquisa acaba também se tornando parte desse movimento de
luta indígena.
25

8 CRONOGRAMA

É a distribuição das atividades da pesquisa no tempo, que pode ser


apresentada em forma de tabela como no exemplo:

2023 2024

ATIVIDADES NOV DEZ MAR ABR MAI JUN JUL

Escolha do tema e do
orientador
Encontros com o
orientador
Pesquisa e estudo da
bibliográfica
Coleta de dados
complementares

Redação da monografia

Revisão e entrega oficial


do trabalho
Apresentação do trabalho
em banca
26

9 PROPOSTA DE SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. A ETNOCOMUNICAÇÃO E AS FERRAMENTAS ETNOMIDIÁTICAS


1.1 Etnocomunicação indígena
1.2 Mídia e Identidade étnica
1.3 Territorialidades físicas e digitais: midiatização

2. NARRATIVAS ANCESTRAIS
2.1 Narrativas e oralidades indígenas
2.2 A ancestralidade e a comunicação indígena

3. DECOLONIALIDADE E COMUNICAÇÃO
3.1 Colonialidade e relações de poder
3.2 O caráter decolonial dos meios de comunicação
3.3 Comunicar para decolonizar

4. TRILHAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS
4.1 Historicização
4.2 Contextualização
4.3 Culturológico
4.4 Etnográfico
4.5 Praxiológico

5. URIHI E O USO DO INSTAGRAM COMO FERRAMENTA


ETNOCOMUNICACIONAL

Pontos p/ Discussão Teórica

1. Decolonial / Decolonialidade
2. EtnoComunicação / Etnomídia
- Etnicidade
- Identidade
- Territorialidade
- Ancestralidade
3. Discurso / Narrativa
27

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