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Boa Vista
2023
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SUMÁRIO
1. TEMA ...............................................................................................................4
2. PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................5
3. HIPÓTESE .......................................................................................................5
4. OBJETIVO .......................................................................................................6
5. JUSTIFICATIVA ...............................................................................................7
7. METODOLOGIA................................................................................................9
8. CRONOGRAMA..............................................................................................10
1 TEMA
Não há uma linha do tempo clara que aponte qual foi a primeira
comunidade indígena a receber conexão de internet no Brasil, a informação mais
antiga que se tem aponta para o ano de 2003 quando o Comitê para a
Democratização da Informática (CDI) criou o projeto Rede Povos da Floresta4 e
implantou pontos de acesso à internet em comunidades do Acre, Amapá, Minas
Gerais e Rio de Janeiro. O programa Wi-fi Brasil do Governo Federal também tem
ajudado a ampliar o número de comunidades conectadas. Lançado em 2021, o
programa tem objetivo de oferecer o acesso a serviços de conexão à internet para
promover a inclusão digital e social da população5. Desde a implementação do
programa foram instalados 22.438 pontos de internet em todo o país, destes
14.725 em áreas rurais e 232 especificamente em áreas indígenas6
A internet se tornou palco de lutas sociais para os povos originários desde
sua inserção no cotidiano das aldeias e comunidades indígenas e principalmente
durante a pandemia da Covid-197. Após a grave crise que ocorreu na Terra
Indígena Yanomami, por exemplo, o governo federal instalou antenas de
telecomunicação para disponibilizar internet banda larga e facilitar a troca de
comunicação durante o processo de ajuda humanitária 8. Essa conexão digital
chegou como um local alternativo para expor denúncias e continuar as lutas
sociais dessas comunidades.
Assim, da mesma forma que ocupam lugar dentro do contexto urbano, os
indígenas passaram a inserir-se cada vez mais no mundo digital e nas redes
sociais. Um dos momentos mais emblemáticos dessa utilização ocorreu na
realização do já conhecido Acampamento Terra Livre (ATL) em formato digital nos
anos de 2020 e 2021. O evento foi marcado pela diversidade de cenários exibidos
em telas conectadas por todo o Brasil9. Com a obrigação do distanciamento social,
os movimentos indígenas transferiram o evento para a internet e reforçaram ainda
atual contexto social, é importante para ajudar na luta política que tem se mostrado
cada vez mais necessária para garantir a segurança e continuidade dos povos
tradicionais. Logo, é importante entender como se desenvolve esse processo
etnocomunicacional nesse ambiente virtual e como os atores dessa comunicação
se enxergam nesse território.
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2 PROBLEMA DE PESQUISA
3 HIPÓTESE
4 OBJETIVO
5 JUSTIFICATIVA
A pauta indígena é marcada por lutas sociais. De acordo com dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2022, o território brasileiro
possui 1,69 milhão de indivíduos se autodeclaram indígenas 13. Na análise da
distribuição espacial dos autodeclarados indígenas realizada pelo Censo
Demográfico 2022, a pesquisa revelou que a Região Norte e o ambiente amazônico
mantém a supremacia ao longo dos Censos, com 45% dos autodeclarados14.
O Censo de 2022 aponta que a variação de autodeclarados indígenas entre os
levantamentos já realizados representa um aumento de 89%. O estado de Roraima
concentra as duas maiores populações indígenas em reservas demarcadas, a
primeira na Terra Indígena Yanomami, com mais de 27 mil indígenas e a segunda
na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com mais de 26 mil autodeclarados
indígenas.
O aumento da população indígena no país deveria significar também maior
atenção nas garantias fundamentais e respeito aos povos originários, mas o cenário
que se viu ao longo dos últimos anos é de muita luta, principalmente para assegurar
direitos básicos que estão previstos em leis há décadas, mas que ainda são
invalidados.
A luta para garantir assegurar proteção jurídica e garantir dignidade à pessoa
indígena é antiga, em dezembro de 1973, foi instituído o Estatuto do Índio 15, um
conjunto de leis que visam proteger os povos das mais diferentes etnias, seus
direitos civis e políticos, além de promover garantias fundamentais, como por
exemplo, a permanência em suas terras, bem como a demarcação delas - além de
saúde, educação e respeito às tradições.
Antes mesmo da promulgação da lei foi criada a Fundação Nacional do Índio
(FUNAI)16, em 1976 com intuito de promover e proteger os direitos da população
indígena. Apesar da criação de dispositivos legais e de instituições para resguardar
6 REFERENCIAL TEÓRICO
como ser inferior, um “bicho do mato”, como disse uma vez o então governador de
Roraima, Antonio Denarium ao se referir aos povos tradicionais que vivem no
Estado21. Essa visão, em especial o seu contraponto, nos leva ao pensamento de
Walter Mignolo (2020), que, com base na experiência da América, defende que a
colonialidade é constitutiva da modernidade. Para o autor, a conexão do
Mediterrâneo com o Atlântico, no século XVI, lançou as fundamentações tanto da
“colonialidade” quanto da “modernidade” (MIGNOLO, 2020, p.79).
No mesmo sentido, Aníbal Quijano (2010), argumenta que a realidade da
América, mais especificamente da América Latina, foi mundialmente “imposta”. Ao
desenvolver o conceito de “colonialidade do poder”, o teórico aponta que a
população de todo o mundo foi classificada por identidades “raciais” e dividida entre
os “dominantes/superiores”, que seriam os europeus, e os “dominados/inferiores”, os
não europeus. Portanto, todo e qualquer conhecimento não eurocêntrico passou a
ser excluído e invalidado. Segundo o autor, essa concepção é o que será
denominado como a modernidade (QUIJANO, 2010, p. 73-74).
A Etnocomunicação (NASCIMENTO, 2020; ARAÚJO e SANTI, 2019;
BANIWA, 2007; ARDOINO, 1998), nesse sentido, pode ser entendida como uma
narrativa que ajuda a decolonizar a comunicação, valorizando a perspectiva
indígena e respeitando o tempo dos povos originários.
Em complementaridade Boaventura de Sousa Santos (2013) é crítico quando
nos aponta que o pensamento ocidental provocou a exclusão social enfrentada hoje
por vários nichos, incluindo os indígenas. Diante dessa dominação epistemológica, a
alternativa que pode ajudar a diminuir essa desigualdade, segundo Santos (2013), é
a promoção de um diálogo horizontal entre saberes num processo reflexivo e
dialógico.
Para entender o papel das redes sociais nesse processo de desconstrução do
pensamento colonial e como ferramenta etnocomunicacional, vamos abordar esses
espaços com base na pesquisa e definições de Raquel Recuero (2009) e Suely
Fragoso (2011). Segundo a autora (2009), as redes sociais são sistemas digitais que
permitem a interação entre usuários por meio da criação e compartilhamento de
conteúdos, conexões e grupos de interesse.
Ainda de acordo com Recuero (2009), esses espaços são constituídos por
atores (representações pessoais através de perfis de pessoas, organizações etc.) e
por conexões, permitindo a presença das organizações, enfatizando o seu papel de
ator social e também as conexões que representam relações com potenciais
clientes. A “ocupação” do território digital
7 METODOLOGIA
Entendemos a pesquisa não apenas como um meio para atingir um fim, mas
como uma caminhada que, da mesma forma que apontou Juremir Machado da Silva
(2010), ajuda a fazer vir à tona as respostas que se buscava, mas, sem esquecer
que o próprio caminho também produz mais questionamentos. Portanto, uma
metodologia engessada, extremamente técnica e artificial, produziria resultados
igualmente técnicos e artificiais, o que não cabe em um contexto de estudo onde se
busca aprofundar conhecimentos sobre as práticas de comunicação do ser indigena
e de suas organizações, sua identidade / etnicidade / territorialidade e outras
concepções que para alguns carecem de materialidade.
Bonin (2006) afirma que o processo investigativo deve ter suas operações
também “investigadas” e seus detalhes mais ínfimos precisam ser submetidos à
reflexão e interrogação constante. Dessa forma, propomos a condução de um roteiro
do estudo com base nos princípios teórico-metodológicos estruturados por Santi
(2014; 2015; 2016 e 2017) e aplicados por Araújo (2019; 2021) e Barbosa (2021).
Ressaltamos que tal roteiro teórico-metodológico não pretende utilizar o
método como um manual de instruções que limita e enquadra o objeto pesquisado,
mas ele se utiliza dos cinco princípios metodológicos apontados por Santi (2014) –
Histórico, Contextual, Culturológico, Etnográfico e Praxiológico no sentido de criar
um mapa, um caminho que se define na medida que a pesquisa avança.
Importante ressaltar que o trabalho segue a recomendação do pesquisador
ao apontar que os cinco princípios acionados no roteiro-cartográfico não são regras
absolutas e portanto devem operar apenas como indicadores da caminhada de
exploração (SANTI, 2014). Por tanto, o trajeto da pesquisa mescla técnicas já
experimentadas no campo da comunicação aos princípios teórico-metodológicos já
19
Motta (2008) também analisa a relação do discurso com as mídias, para ele
as narrativas midiáticas são consideradas fáticas quando abordam notícias,
reportagens, documentários, transmissões ao vivo etc; mas também podem ser
fictícias, que o autor trata como sendo as telenovelas, videoclipes, musicais, filmes,
histórias em quadrinho, alguns comerciais da TV, etc. Essa ferramenta teórico
metodológica busca estudar os sistemas narrativos no seio das sociedades,
dedicando-se à compreensão dos sentidos produzidos pelas relações humanas.
Dessa forma “procura entender como os sujeitos sociais constroem os seus
significados através da apreensão, compreensão e expressão narrativa da
realidade” (MOTTA, 2008, p. 2).
utilizadas para abrir caminho a um objetivo, mas fazendo com que o processo de
investigação seja o próprio caminho, possibilitando assim a reconstrução da teoria e
das técnicas mobilizadas nessa jornada.
Santi (2014) nos aponta que o procedimento praxiológico permite entender
melhor a relação entre método e situação e até mesmo reconstruir tanto as teorias
utilizadas quanto os mecanismos de investigação que delas derivam. Aprofundar o
estudo entre método e contexto ajuda o pesquisador a entender melhor como se
configura o reconhecimento, principalmente porque para o autor, “re-conhecer” está
diretamente ligado à dinâmica entre os sujeitos e seus modos de constituir-se. Para
Santi (2014 p.10):
O princípio da práxis possibilita então, ao mesmo tempo, a imersão
em profundidade e o distanciamento (a colocação em perspectiva) –
tanto na dimensão objetiva, quanto na dimensão subjetiva – as quais
dão forma à percepção do comunicacional.
8 CRONOGRAMA
2023 2024
Escolha do tema e do
orientador
Encontros com o
orientador
Pesquisa e estudo da
bibliográfica
Coleta de dados
complementares
Redação da monografia
9 PROPOSTA DE SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
2. NARRATIVAS ANCESTRAIS
2.1 Narrativas e oralidades indígenas
2.2 A ancestralidade e a comunicação indígena
3. DECOLONIALIDADE E COMUNICAÇÃO
3.1 Colonialidade e relações de poder
3.2 O caráter decolonial dos meios de comunicação
3.3 Comunicar para decolonizar
4. TRILHAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS
4.1 Historicização
4.2 Contextualização
4.3 Culturológico
4.4 Etnográfico
4.5 Praxiológico
1. Decolonial / Decolonialidade
2. EtnoComunicação / Etnomídia
- Etnicidade
- Identidade
- Territorialidade
- Ancestralidade
3. Discurso / Narrativa
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10 REFERÊNCIAS