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LEI DAS TELECOMUNICAÇÕES

Capítulo 1 – Disposições Gerais

• Objecto (Art. 2) – Definição de bases gerais do sector de telecomunicações, de forma a assegurar


a deliberação do mercado e um regime de concorrência.
• Objectivos (Art. 3):
➢ Promoção da disponibilidade de serviços de Telecomunicações de qualidade;
➢ Promoção do investimento na área de Telecomunicações;
➢ Promoção do serviço de acesso universal;
➢ Estabelecimento de normas de concorrência entre os operadores e prestadores de serviços
de telecomunicações;
➢ Garantia da prossecução do interesse público e a preservação da segurança nacional;
➢ Garantia da existência, disponibilidade e qualidade das redes de telecomunicações
públicas, e possibilitando também as ligações internacionais;
➢ Promoção do estabelecimento de normas de forma a criar um clima favorável para o
desenvolvimento global de telecomunicações e das TIC´s.
• Âmbito (Art. 4) – o disposto na presente lei não é aplicável em casos de:
➢ Aspectos relacionados a conteúdos de programas de serviços de radiodifusão sonora e
televisiva;
➢ Redes e serviços estabelecidos pelo Governo para fins de meteorológicos, marítimos e
aeronáuticos;
➢ Redes e serviços operados pelas Forças de Defesa e Segurança;
➢ Redes e serviços de Emergência;
• Classificação de serviços e redes de Telecomunicações (Art. 5):
➢ Serviços (Art. 6):
▪Públicos – são os serviços prestados ao público em geral, estão sujeitos a licença
ou registo;
▪ Privativos – são os serviços prestados a um grupo fechado de utentes, estão
sujeitos a licença ou registo; quando fazem uso de frequências radioeléctricas
estão sujeitas ao preceituado no Capítulo IV (Radiocomunicações).
➢ Redes (Art. 7 e 8):
▪ Públicas – é liberalizado o estabelecimento, gestão e exploração de redes públicas
de telecomunicações, porém pode ser condicionado por limitações de espectro de
frequências, pela disponibilidade de números suficientes ou por razões de
segurança e ordem pública; os requisitos e os termos e condições das licenças são
definidos em regulamentação especifica.
▪ Privativas – são as redes usadas por pessoas singulares ou colectivas para suporte
de comunicações para uso próprio, não envolvendo recurso de numeração pública,

Elaborado por: Edilson Mendonça


endereçamento ou qualquer exploração comercial; Não pode ser revendida, salvo
em casos de existência de capacidade extra nas suas instalações e a revenda para
um operador de rede de telecomunicações pública.

Capítulo 2 – Tutela das Telecomunicações

• Competências do Governo (Art. 9) – Definir políticas e linhas estratégicas que visam o


desenvolvimento do sector de telecomunicações nacional e regional.
• Coordenação das telecomunicações em situação de emergência (Art. 10) – é da
responsabilidade do Governo assegurar uma coordenação adequada das redes e serviços de
telecomunicações em casos de emergência.
• Natureza do INCM (Art. 11) – é uma instituição pública, autoridade reguladora, dotada de
personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e patrimonial que desempenha as
suas funções em conformidade com base na imparcialidade e transparência.
• Atribuições do INCM (Art. 12) – Regulação, Supervisão, Fiscalização, Sancionamento e
Representação do sector de telecomunicações.
• Comités de consulta (Art. 13) – O INCM deve criar comités de consulta compostos por pessoas
com conhecimentos adequados para representar os interesses e os pontos de vista dos utilizadores,
consumidores, operadores e prestadores de serviços de telecomunicações.
• Informação pública (Art. 14) – o INCM publica anualmente no Boletim da República o seu
relatório anual, contendo: licenças atribuídas/modificadas/renovadas/revogadas, entidades
isentas de pagamento de taxas concebidas, lista de propostas de referencia de interligação, os
mercados definidos e os operadores com posição significativa, as tarifas registadas pelo INCM.

Capítulo 3 – Licenciamento e registo

• Classificação (Art. 16):


➢ Licenças de telecomunicações – podem ser atribuídas a qualquer pessoa colectiva
registada em Moçambique. Carecem de licença: a prestação do serviço fixo de telefonia,
prestação do serviço móvel de telefonia celular, o estabelecimento de redes públicas de
telecomunicações e os serviços e redes de telecomunicações que utilizam frequências
radioeléctricas. Têm uma validade máxima de 25 anos. (Art. 17 nº 1 e 3 alínea A, Art. 19
nº 1)
➢ Registos de telecomunicações – podem ser atribuídos a qualquer pessoa singular e
colectiva registada em Moçambique. Carecem apenas de registo os serviços de
telecomunicações não mencionados anteriormente. Têm uma validade máxima de 5 anos.
(Art. 17 nº 2 e 3 alínea B, Art. 19 nº 2)
➢ Licenças de radiocomunicações – podem ser atribuídas a qualquer pessoa singular e
colectiva registada em Moçambique. (Art. 17 nº 3 alínea C)
Nota: A renovação é feita mediante uma avaliação do INCM tendo em conta a manifestação
de interesse e a operacionalidade do operador ou prestador de serviços de telecomunicações.

Elaborado por: Edilson Mendonça


• Concursos públicos (Art. 18): compete ao INCM a realização de concursos públicos para
atribuição de licenças quando envolvam o uso de espectro de frequências, numeração ou outro
recurso escasso. As regras e procedimentos devem ser divulgados 1 mês antes do concurso.
• Equipamento Terminal (Art. 20): é livre a ligação às redes de telecomunicações de
equipamentos terminais devidamente aprovados, ou seja, devem obedecer aos padrões
internacionais aplicáveis no país, utilizar o espectro de rádio efectiva e eficientemente, ser
tecnicamente compatível com a rede e não devem representar risco à saúde e rede pública de
telecomunicações.

Capítulo 4 – Radiocomunicações
• Espectro de frequências (Art. 21): é um recurso natural, limitado e constitui domínio público do
Estado. Compete ao INCM a sua administração, gestão e controlo.
• Uso das radiocomunicações para propósitos de defesa e segurança (Art. 22): em situações de
crise ou guerra declaradas oficialmente pelo Governo, os serviços de telecomunicações regem-se
pelas decisões emitidas por órgãos competentes.
• Utilização do espectro de frequências (Art. 23): está sujeita ao regime de licenciamento. O
INCM atendendo aos objectivos da presente Lei, pode decidir que algumas classes de utilização
do espectro de frequências sejam isentas de licença de radiocomunicações.
• Aplicações industriais, científicas e médicas (Art. 24): devem utilizar as frequências atribuídas
especificamente no PNAF (Plano Nacional de Atribuição de Frequências).
• Plano Nacional de Atribuição de Frequências (Art. 25): é elaborado pelo INCM com objectivo
de garantir o uso racional e eficiente do espectro de frequências no país, atribuindo bandas de
frequências especificas para sua utilização por um ou mais serviços de radiocomunicações. Todas
as estações de radiocomunicações que operem no país devem fazê-lo obedecendo às frequências
consignadas pelo INCM.
• Registo nacional e internacional de frequências (Art. 26): o INCM tem um registo nacional
informatizado de todas as consignações de frequências feitas para cada um dos serviços de
radiocomunicações estabelecidos, excepto o registo das Forças de Defesa e Segurança. O INCM
deve inscrever as consignações no registo internacional de frequências da UIT.
• Exposição a radiações electromagnéticas (Art. 27): compete ao INCM publicar os níveis de
interferência definidos para efeitos de avaliação da exposição da população a campos
electromagnéticos, baseados em procedimentos e cálculos cientificamente reconhecidos e
provados.
• Regime de acesso à actividade (Art. 28): as entidades que pretendam obter uma licença
radioeléctrica devem encontrar-se devidamente habilitadas para o efeito.
• Transmissibilidade das licenças (Art. 30): as licenças de estações de radiocomunicações que
compõem uma rede são transmissíveis mediante a autorização prévia do INCM. A entidade a qual
for transmitida a licença deve estar legalmente habilitada e assumir todos os direitos e obrigações.
• Sistemas de radiocomunicações isentos de licenças (Art. 31):
➢ Sistemas com potência radiada igual ou menor que 10 mW.

Elaborado por: Edilson Mendonça


➢ Aplicações industriais, científicas e médicas.
➢ Realização de ensaios técnicos e estudos científicos.
• Radiocomunicações interditas (Art. 32): radiocomunicações ilícitas e chamadas de socorro
falsas.
• Taxas radioeléctricas (Art. 33): pelo uso anual do espectro de frequência e por cada uma das
estações da rede.
• Instalação de estações de radiocomunicações (Art. 34): a instalação das estações em prédios
rústicos e urbanos carece do consentimento dos respectivos proprietários.
• Partilha de infra-estruturas de radiocomunicações (Art. 35): os operadores com posição
significativa devem, sempre que tecnicamente possível, permitir o acesso às suas infra-estruturas
e facilidades de telecomunicações com base em termos justos, transparentes, não discriminatórios
e razoáveis, a qualquer operador ou prestador de serviço de telecomunicações de uso público.
(Art. 44 nº 4)

Capítulo 5 – Universalidade de serviços


• Serviço de acesso universal (Art. 38)
• Prestação do serviço de acesso universal (Art. 39): é prestado a preços acessíveis e qualidade.
• Projectos do serviço de acesso universal (Art. 40): o INCM concebe de dois em dois anos.
• Fundo do serviço de acesso universal (Art. 41)

Capítulo 6 – Acesso e Interligação


• Princípios de interligação (Art. 42): os operadores de redes ou prestadores de serviços públicos
têm o direito de se interligar entre si em qualquer ponto tecnicamente viável, através de acordos
negociais.

Capítulo 7 – Numeração e tarifas


• Plano nacional de numeração (Art. 46): o INCM estabelece e gere para a distribuição de
números entre os operadores de redes e prestadores de redes de telecomunicações. A alocação e
distribuição é realizada de modo proporcional, transparente e não discriminatório.
• Princípios tarifários e procedimentos (Art. 47): as tarifas fixadas pelos operadores e
prestadores de serviços devem ser justas, razoáveis e não discriminatórias, e devem ser do
conhecimento público e publicadas nos órgãos de informação de maior circulação.
• Estudos de custos e procedimentos contabilísticos (Art. 48): o INCM pode exigir aos
operadores com posição significativa a realização de estudos e procedimentos contabilísticos para
que estabeleçam as bases para o cálculo de tarifas.

Capítulo 8 – Qualidade do serviço e protecção do consumidor


• Informação sobre os níveis de desempenho (Art. 49): o INCM colecta regularmente informação
relativa aos níveis de desempenho global alcançados pelos operadores e prestadores de serviços
de telecomunicações.

Elaborado por: Edilson Mendonça


• Direitos dos consumidores (Art. 50): tem o direito de utilizar os serviços de telecomunicações
de uso público com a qualidade exigida, observadas as disposições legais e regulamentares.
• Obrigações dos operadores e prestadores de serviços de telecomunicações (Art. 51): devem
tornar público a todos os utentes informações adequadas e actualizadas sobre os termos e
condições padrão para a prestação de serviços do contracto a ser celebrado. Os contractos devem
conter a entrada de funcionamento, duração do contracto, tipos de serviços disponibilizados,
custos adicionais, regime de compensação ou reembolsos.
• Diferendos entre operadores, prestadores de serviços e consumidores (Art. 52): cada
operador ou prestador de serviços deve estabelecer um mecanismo para tratar de reclamações dos
consumidores. Qualquer diferendo que surja entre um cliente e um operador deve, em principio,
ser resolvido por acordo entre as partes. Não havendo consenso, é resolvido nos termos
estipulados no contracto ou será submetido ao INCM, caso os mecanismos do operador tiverem
esgotado.

Capítulo 9 – Defesa da concorrência


• Princípios de concorrência (Art. 53): as entidades licenciadas e registadas não devem praticar
quaisquer actos com objectivo de promover uma concorrência desleal.
• Concorrência desleal (Art. 54): Nenhum operador de redes ou prestador de serviços de
telecomunicações deve realizar qualquer prática concertada com outras entidades com o objectivo
de restringir ou distorcer a competição no mercado. Quaisquer acordos que resultem de práticas
anti-concorrenciais são suspensos, declarados nulos e de nenhum efeito.
• Operadores com posição significativa (Art. 55): o que detém uma quota de mercado igual ou
superior à 25% no respectivo mercado, seja este de telecomunicações ou geográfico.
• Nomeação de agentes de fiscalização (Art. 56)

Capítulo 10 – Regime sancionatório


• Interferência prejudicial (Art. 57): todo aquele que usar qualquer equipamento de
telecomunicações com o propósito de criar interferência a qualquer comunicação dos utentes
autorizados a usar frequências radioeléctricas, será punido com a pena de 5 milhões a 10 milhões
de meticais. A persistência na interferência apos a notificação pelo INCM, ser-lhe-á aplicada a
multa máxima prevista anteriormente.
• Uso indevido de serviço de telecomunicações (Art. 58): será punido com pena de milhões de
meticais, todo aquele que estabelecer uma rede ou prestar um serviço de telecomunicação sem
licença.
• Recusa de prestação de informação (Art. 59): comete crime de desobediência qualificada todo
aquele que recusar fornecer informações exigidas pelo INCM no exercício das suas funções de
fiscalização. Comete crime de falsidade e punido nos termos da lei penal geral aquele que fornecer
informações falsas que induzam em erro o INCM.

Elaborado por: Edilson Mendonça


• Obstrução de informação (Art. 60): comete crime de obstrução de informação todo aquele que
modificar uma mensagem ofensiva falseando o conteúdo da mesma com o intuito de provocar
perturbações, e será punido com pena de prisão de 6 meses e multa correspondente.
• Uso fraudulento do sistema de telecomunicações (Art. 61): será aplicada a pena de 2 a 8 anos
de prisão maior e multa de 2 mil milhões a 4 mil milhões de meticais.
• Impedimento ao acesso e interligação (Art. 62): será punido com pena de 3 mil milhões a 6 mil
milhões de meticais.
• Uso de equipamento terminal não autorizado (Art. 63): será punido com pena de prisão de 3
meses a 1 ano e multa correspondente.
• Interceptação ilegal das comunicações (Art. 64): será punido com pena de prisão e multa
correspondente.
• Penas acessórias (Art. 65): encerramento definitivo do estabelecimento e cancelamento do
registo ou da licença.
• Instauração de processo (Art. 66): compete ao Director-Geral do INCM determinar a
instauração do competente processo crime e remetê-lo à entidade competente.

Capítulo 11 – Disposições diversas


• Telecomunicações interditas (Art. 67): são interditas as telecomunicações que envolvam
desrespeito às leis ou ponham em causa a segurança do Estado, a ordem pública e os bons
costumes.
• Sigilo das comunicações (Art. 68): deve ser garantido o sigilo das comunicações transmitidas
através das redes de telecomunicações de uso público, salvo os casos previstos na ei em matéria
de processo criminal ou que interesse à segurança nacional e à prevenção do terrorismo.

Elaborado por: Edilson Mendonça

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