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Importância da Medula na Estrutura Capilar


Elisangela Irma de Souza, Karina Elisa Machado
Universidade do Vale do Itajaí - Univali, Florianópolis SC, Brasil

Fundamentação Teórica

Cutícula

Córtex

Complexo da Membrana Celular (CMC)

Medula

Metodologia

Resultados e Discussões

Considerações Finais

Referências

artigo publicado na revista Cosmetics & Toiletries Brasil, Jan/Fev de 2019, Vol. 31 Nº 1 (pág 50 a 56

A função fisiológica dos cabelos, no início da humanidade, estava relacionada à sobrevivência, como
proteger contra fatores ambientais, como os raios solares.1 Hoje em dia, os cabelos não são mais necessários
para a sobrevivência, apesar de ainda servir como isolante térmico para o couro cabeludo.2

Atualmente, os cabelos apresentam uma função psicológica e têm importante papel na sociedade. A boa
aparência dos cabelos de um indivíduo depende do estado da cutícula do fio do cabelo e das condições do
córtex.3

Os mais antigos estudos sobre os cabelos foram feitos pelos gregos antigos e chegaram até os dias atuais.
Hoje, sabe-se que há cerca de cem mil folículos capilares no couro cabeludo e que esses folículos se
desenvolvem por meio da derme e da epiderme.3

A estrutura externa capilar (fibra capilar) é dividida em três partes e tem funções diferentes:4

- Cutícula: camada rígida e exterior dos cabelos que envolve as camadas internas dos cabelos e os protege
contra danos;

- Córtex: camada intermediária dos cabelos, localizada logo abaixo da cutícula, sendo responsável,
principalmente, pela força e pela elasticidade capilar;

- Medula: camada mais profunda do fio de cabelo, frequentemente chamada de ponto principal ou núcleo dos
cabelos.

Nessa perspectiva, o objetivo geral deste estudo é, por meio de uma revisão bibliográfica, descrever a
composição, a anatomia e a estrutura morfológica do fio de cabelo, com ênfase na medula capilar e destacando
sua importância e função na visão de diferentes autores.

Fundamentação Teórica

Aspectos gerais do fio de cabelo

A vida humana passa por diversas fases durante o seu desenvolvimento, como o nascimento, o crescimento
e a morte. Da mesma forma, o fio de cabelo passa por diferentes fases: o crescimento, a transição e o
desprendimento.3

Até o final do século XIX não se conhecia o mecanismo de perda e reposição de pelos, o qual foi descrito
somente em 1981 como “o ciclo é dividido em três fases: crescimento (anágena), involução (catágena) e
repouso (telógena), culminando com sua queda e substituição por um novo fio (anágeno)”.5
Essas fases podem ser descritas desta forma:6,7

- Fase anágena: é a fase ativa do folículo piloso. Nela ocorre o crescimento do ciclo, quando há uma ativa
produção pelas células-tronco e pelas células novas no folículo capilar. Geralmente, essa fase dura de três a
cinco anos, podendo chegar a dez anos.

- Fase catágena: é a fase de regressão do folículo piloso e a fase intermediária entre as fases anágena e a
telógena. Nela, o fio encolhe até um terço de seu comprimento, deixando a derme papilar bem abaixo. A parte
mais inferior do fio passa a se localizar logo abaixo da glândula sebácea o bulbo capilar desaparece e a
terminação da raiz encolhida forma um bastão arredondado, como uma escova. As células também param de
produzir melanina, e a raiz fica com aparência esbranquiçada. A derme papilar encolhe e se torna uma pequena
bola compacta. A fase catágena normalmente dura de duas a três semanas.

- Fase telógena: é a fase de repouso do folículo piloso. Nessa fase, normalmente o eixo do cabelo
envelhecido cai; como o folículo pode se ancorar nas paredes foliculares, o cabelo pode permanecer no local
até ser empurrado para fora pelo crescimento de um novo fio, na próxima fase do ciclo. Essa fase dura de três
a cinco anos. Consequentemente, o tempo de vida médio de um eixo capilar é de quatro anos e, a partir daí o
ciclo se repete a cada quatro a cinco anos.

Um fio de cabelo “cresce continuamente por um período médio de dois a sete anos”.5 O cabelo pode ser
descrito como “um filamento queratinizado que cresce a partir de cavidades em forma de sacos, denominados
folículos, estendendo-se desde a derme até a epiderme, através do estrato córneo”. Seguindo esse raciocínio,
os autores, D Pozebon, VL Dressler e AJ Curtius (1999), acrescentam que os folículos “são pequenas bolsas de
células vivas localizadas abaixo da pele ou do couro cabeludo”, ou seja, cada folículo é um “órgão” em
miniatura que contém componentes glandulares e musculares.8

O diâmetro de um fio de cabelo varia de 15 mm a 120 mm, dependendo da raça.8 Diversos estudos
apontam que a haste capilar tem três subdivisões: a cutícula, o córtex e a medula.3,4,8-10

Entretanto, Halal7 destaca que muitos autores e pesquisadores já consideram que o complexo da membrana
celular (CMC) é um dos elementos que constituem o fio de cabelo e não um elemento isolado, dada sua
importância para a constituição da fibra capilar.

Composição química

Quimicamente, “em média, 80% em massa do cabelo consiste em queratina e os outros 20% são
componentes minoritários, denominados não queratinosos”.11 A queratina, uma as proteínas do cabelo, é
composta de aminoácidos, que, por sua vez, são constituídos de elementos químicos. A composição química
do cabelo humano consiste em: carbono (C = 51%), oxigênio (O = 21%), hidrogênio (H = 6%), nitrogênio (N
= 17%) e enxofre (S = 5%), sendo estes os principais elementos da pele e do cabelo, normalmente referidos
como elementos COHNS.7

Cutícula

A cutícula é responsável pela elasticidade e pela resistência do fio de cabelo. Compõe cerca de 80% da
massa de fibra capilar, formada por células queratinizadas em forma de fuso e unidas pelo cimento
intercelular.5

É a camada externa do cabelo. É composta de várias subcamadas que são separadas por um complexo de
células: a endocutícula, a epicutícula e a exocutícula, conforme mostra a Figura 1.10

A cutícula é responsável por regular a entrada e a saída de água da fibra capilar. É composta de seis a oito
camadas de células planas sobrepostas e coberta por uma camada invisível de lipídeos resistentes à água, que
agem como um hidratante natural.3 Deve-se destacar que os danos capilares, em sua maioria, acontecem nessa
estrutura do fio e ocorrem por causa de danos externos aos cabelos, que rompem a proteção da cutícula e
causam queda, porosidade e ressecamento dos fios.3

Estudos realizados por Pereira5 corroboram essa informação e destacam que a cutícula do pelo “é composta
de cinco a sete camadas de células planas, dispostas como escamas de peixe, com bordas livres voltadas para a
parte distal do pelo”. Ainda segundo esse autor, a cutícula do pelo “age como invólucro, protegendo o córtex
contra agentes físicos e químicos”.
A cutícula compõe cerca de 10% da fibra capilar e suas escamas, como já foi citado anteriormente, são
sobrepostas, têm a função de proteger o cabelo e são formadas por células cuticulares que contêm uma fina
membrana externa, a epicutícula e mais duas camadas internas, a endocutícula e a exocutícula.10

A espessura dessas camadas celulares superpostas fica em torno de 350-450 nm. As células maduras são
escamas finas constituídas de queratina densa com zonas externa e interna de diferentes densidades. As
cutículas capilares são escamas transparentes que refletem a luz e, consequentemente, dão brilho aos fios,
funcionando como uma parede transparente que os protege. Assim, quanto mais saudável for a cutícula capilar,
mais brilhante ficará o cabelo.9

Córtex

O córtex é uma camada mais interna que a cutícula. Os danos ao córtex costumam ser mais graves,
deixando os cabelos mais frágeis; em alguns casos, somente o corte do cabelo é a maneira para solucionar esse
problema.11

O córtex é formado por células constituídas de material proteico e que têm um complexo nível de
organização. Essas células se sobrepõem e são orientadas no sentido da haste do fio do cabelo. A zona que fica
imediatamente abaixo da extremidade da papila dérmica, as microfibrilas já podem ser vistas nas células que
dão origem ao córtex.5

O córtex é considerado o principal componente do pelo, é formado por um conjunto de células cilíndricas,
denominado matriz, onde fica situada a queratina e outras proteínas. Seguindo esse raciocínio, os autores, C
Audi, VY Kataoka, GJ Silva, MY Tatikava, T Rodrigues e BC Zychar (2017), apontam que o córtex “é a
região mais importante do fio, sendo responsável por definir forma, cor, resistência, elasticidade, quantidade
natural de umidade dos fios e força”.10

O córtex “é a parte mais volumosa e resistente da haste, correspondendo a cerca de 90% do peso da haste,
e é totalmente queratinizado”. É nessa estrutura que as proteínas se agrupam paralelamente, dando resistência
ao fio, o que é importante para evitar quedas e pontas duplas. As hastes/cadeias de queratina e as protofibras,
que são resistentes e dão cor ao pelo, são formadas por pontes cistínicas e salinas. As pontes de cisteína são
compostas de dois átomos de enxofre, que são ligações químicas bastante resistentes.5

O córtex pode ser considerado a principal estrutura da fibra capilar, pois é ele que embasa as propriedades
fundamentais dos fios, como: solidez, elasticidade e permeabilidade. No córtex também é definida a textura do
cabelo (liso ou cacheado). A textura do cabelo depende de ligações químicas, como as pontes de dissulfeto,
responsáveis pelo formato dos fios e por unir as proteínas encontradas no eixo do cabelo.10

Complexo da Membrana Celular (CMC)

O complexo da membrana celular já é classificado por alguns estudiosos como um dos elementos
constituintes do fio de cabelo.3 O CMC é considerado um material cimentante composto de duas camadas
distintas. 11,12 São elas:

- Camada β: composta essencialmente por lipídeos; o ácido 18-metil eicosanoico (18 MEA) é o componente
lipídico de maior relevância dessa camada;

- Camada ∂: é composta basicamente de proteínas e polissarídeos.

O complexo da membrana celular é classificado como um componente secundário e “que possui a função
de manter principalmente as camadas cuticulares coesas, promovendo dessa maneira condições efetivas de
difusão das moléculas para dentro da fibra capilar”.3,13 Wagner11 complementa essa descrição, destacando a
existência de uma quantidade considerável de complexo da membrana celular que se localiza na interface
entre a medula e o córtex.

Medula

A medula é a camada mais interna do folículo e pode não estar presente em alguns tipos de cabelo.4 A
medula é uma das três unidades estruturais menos estudadas quanto à sua composição anatomia e estrutura
morfológica, principalmente, por acreditar-se que sua influência nas propriedades do cabelo é
negligenciável.11

A medula é composta de células anucleadas, lipídeos e granulações pigmentadas.14 Possui estrutura


esponjosa que se subdivide em dois tipos distintos: medula fina e medula grossa. A medula fina é
morfologicamente diferente da grossa. Enquanto a medula fina não apresenta nenhum grânulo de melanina e
tem menor diâmetro que a grossa, esta possui alguns grânulos de melanina disformes e organização gradual
das células.7

A medula fina apresenta contraste mais elevado que a grossa, relação bem definida com o córtex e
dimensões menores que a grossa, apresenta estruturas mais globulares, cavidades maiores e a organização
gradual do lado interno ao externo.11

A medula consiste na parte central do fio, no qual nem sempre está presente. Entretanto, a medula
influencia as propriedades mecânicas e de cor de cabelo. Quando estão presentes, as medulas são variáveis,
apresentando diferenças morfológicas significativas entre si. Alguns autores sugerem que a medula seria um
córtex em estágio atrasado de formação, e os fios medulados são mais espessos que os fios sem medula.7

Wagner e colaboradores11 realizaram estudos em que propõem uma nova classificação da medula espessa e
da medula fina baseada nas propriedades ópticas, pois verificaram que a medula classificada atualmente como
fragmentada é uma medula espessa intercalada com a medula fina. Análises realizadas por esses autores
indicaram que a medula fina é contínua e, às vezes, não está presente no fio de cabelo. Essas análises
revelaram que a medula tem três subunidades: estrutura globular, material fibrilar não organizado e uma
camada lisa de cobertura. Essas estruturas são conhecidas como vacúolos de ar e estão presentes na camada
medular. O material fibrilar é composto de microfibrilas comoas células do córtex. A medula pode não existir
ou estar presente no fio de cabelo. Ela é grossa, fina, fragmentada ou contínua e se localiza ao longo do
comprimento do fio. Os fios de cabelo sem medula são muito finos, com efeito de pluma e, geralmente, são
fios com pigmentação mais clara. Já os fios de cabelo que possuem medula dos tipos fina e grossa são mais
espessos e a frequência e as dimensões da medula nos fi os variam de pessoa para pessoa e podem variar,
inclusive, no cabelo de um mesmo indivíduo.7

A frequência e as dimensões da medula podem variar no mesmo indivíduo. Wagner e colaboradores11


apontam, ainda, que, quimicamente, a medula “tem alto conteúdo de lipídeos se comparada ao restante da
fibra, porém é pobre em cistina e rica em citrulina (aminoácidos), de modo que as pontes de enxofre são
substituídas por ligações peptídicas que mantêm a estrutura da medula coesa”. Por causa dessa reticulação, a
medula “é insolúvel em solventes para proteínas, mesmo em condições vigorosas, como as utilizadas para
solubilizar as queratinas”.11

Audi e colaboradores10 descrevem a medula como um feixe cilíndrico localizado no centro do fio de cabelo
e que possui elevado teor de lipídeos e é pobre em cistina. Halal5 completa que a medula é a parte mais interna
do eixo capilar, tendo entre duas e cinco fileiras de células dispostas lado a lado, e afirma que, normalmente,
só os fios mais grossos e ásperos possuem uma medula.

A medula é tipicamente um eixo oco localizado no interior do cabelo, constituído por fibras de queratina
arranjadas na forma de pequenas cavidades onde são armazenados os pigmentos. Neste raciocínio, observa que
o cabelo é composto de, aproximadamente, 95% de proteínas, dentre as quais a principal é a queratina. Os
componentes restantes são água, lipídeos (estruturais e livres), pigmentos e elementos, traços que geralmente
são combinados quimicamente por meio de cadeias laterais de proteínas ou com grupos de ácidos graxos.15

Em sua porção mais proximal, a medula apresenta, de acordo com Halal,5 “as células cheias de vacúolos
contendo glicogênio, assim como grânulos medulares cujas propriedades de tintura são similares às dos
grânulos de tricoialina.” Ainda para este autor, a medula contém proteínas estruturais diferentes de outras
formas de queratina: “os grânulos medulares contêm citrulina, aminoácido encontrado unicamente na medula e
na bainha radicular interna.” “Distalmente, as células medulares desidratam e os vacúolos são representados
por espaços cheios de ar.”15

Oliveira e colaboradores15 ainda apontam que a substância que dá cor ao cabelo humano é o pigmento
melanina, presente no córtex e na medula. Assim, a medula deve ser considerada um elemento morfológico
ativo por causa de sua influência, sobretudo, na reflexão de cor do fio de cabelo. Porém, o efeito da medula na
cor do cabelo ainda não está totalmente esclarecido.10 Complementando esses conceitos, Halal7 cita que na
área de cosmetologia a medula é um espaço vazio, não envolvendo os serviços do salão.

Função da medula

A função da medula capilar humana ainda não é consenso entre os estudiosos.10 Apesar de essa função
ainda não ter sido completamente esclarecida, Oliveira e colaboradores15 observaram que alguns estudos
apontam para a associação da medula com o primeiro instante da fase de germinação do fio, fase na qual a
medula serviria como um “direcionador” do novo fio em direção ao poro.

Embora a medula possa estar ausente em alguns indivíduos, suas funções são direcionar o novo fio de
cabelo e auxiliar na termorregulação da fibra capilar. O canal medular pode estar vazio ou preenchido por
queratina.15

Audi e colaboradores10 observam que, “embora as células da medula possam desidratar-se e os espaços
possam ser preenchidos com ar, afetando a cor e o brilho nos cabelos,” no cabelo humano a medula pode ser
contínua, descontínua ou mesmo inexistir.

A medula é a única parte da fibra capilar que está em contato com o bulbo, sendo responsável por distribuir
minerais e nutrientes até as pontas, permitindo que as células que são criadas no bulbo e fazem o cabelo
crescer sejam levadas até as extremidades dos fios.15

As células da medula começam a mostrar vesículas no interior do seu citoplasma na região suprabulbar.
Essas células contêm glicogênio e podem ter melanossomas. Acima do nível da epiderme, as células parecem
desidratar-se e os vacúolos ficam cheios de ar. A composição proteica da medula contém trico-hialina. Assim,
suas células podem desidratar-se e os espaços podem ser preenchidos com ar, afetando a cor e o brilho dos
cabelos. Para os autores, “a medula não é objeto de muito estudo por não ter funções de maior importância.”10

A função da medula na fibra capilar, segundo Robbins,1 “é desprezível e não oferece nenhuma contribuição
às propriedades químicas e mecânicas do cabelo”.

Metodologia

O presente estudo se caracteriza por uma revisão teórica do tipo descritiva, com abordagem qualitativa e
bibliográfica do tema “Importância da medula na estrutura capilar”, que foi realizada em bancos de dados
nacionais e internacionais. Entre esses bancos, estão: Pubmed, Medline e Science Direct. A revisão também foi
realizada em periódicos da Capes e pesquisas foram feitas em livros e artigos, disponíveis on-line e em
bibliotecas, e publicados preferencialmente após o ano 2000. Neste estudo foram utilizados, de modo
integrado, descritores fio de cabelo; haste capilar; estrutura capilar; e medula capilar.

Resultados e Discussões

Pôde-se constatar que os pesquisadores mencionados na revisão teórica têm algumas posições concordantes
em relação às partes que compõem o fio de cabelo. Porém, constatou-se que alguns deles divergiram quanto à
função da medula capilar.

Sobre os aspectos gerais do fio de cabelo, Wagner11 e Halal7 apontaram que a composição química do fio
de cabelo consiste, em média, de 80% de queratina e que os outros 20% são componentes minoritários,
denominados não queratinosos.

Já Oliveira e colaboradores15 dizem que 95% dos componentes do cabelo são proteínas, principalmente
queratina. Lembre-se de que as proteínas são compostas de aminoácidos, os quais são constituídos de
elementos químicos. Os componentes restantes são água, lipídeos (estruturais e livres), pigmentos e elementos
traços que geralmente são combinados quimicamente por meio de cadeias laterais de proteínas ou com grupos
de ácidos graxos.

Nesse contexto, na Figura 2, é mostrada uma síntese das estruturas do fio de cabelo, segundo a visão dos
estudiosos.

O fio de cabelo é constituído de cutícula, córtex, CMC e medula, sendo o estudo da medula o objetivo deste
trabalho.

A cutícula foi apontada como a parte responsável pela elasticidade e pela resistência do fio de cabelo. É
composta de aproximadamente 80% da massa de fibra capilar, constituída por células queratinizadas em forma
de fuso e unidas pelo cimento intercelular. É a camada mais externa do fio de cabelo e é composta de várias
subcamadas, que são separadas entre si por um complexo de células denominadas endocutícula, epicutícula e
exocutícula.2-5,11

A cutícula, responsável por regular a entrada e a saída de água da fibra, é composta de seis a oito camadas
de células planas sobrepostas e coberta por uma camada invisível de lipídeos resistentes à água, que agem
como um hidratante natural. Essa camada de lipídeos age como um invólucro, protegendo o córtex de agentes
físicos e químicos.

O córtex foi apontado como a parte localizada abaixo da cutícula, sendo responsável pela força e pela
elasticidade capilar. É formado por células constituídas de material proteico e que têm um complexo nível de
organização, são sobrepostas e são orientadas no sentido da haste do fio de cabelo.4,5,10,11

O córtex é o principal componente do fio de cabelo, sendo formado por um conjunto de células cilíndricas
denominado de matriz, local onde fica situada a queratina e outras proteínas. Também é responsável por
definir a forma, a cor, a resistência, a elasticidade, a força e a quantidade natural de unidade dos fios.

O complexo da membrana celular (CMC) foi citado como um dos elementos constituintes do fio de cabelo
e tem como função garantir a coesão das células corticais e da medula, promovendo, dessa maneira, condições
efetivas de difusão das moléculas para dentro da fibra capilar. O CMC se localiza entre a medula e o
córtex.3,11,13

Sobre a medula, cujo estudo foi o objetivo desse trabalho, quanto à sua composição, anatomia e estrutura
morfológica, as pesquisas apontaram algumas considerações:4,7,11,14,15

- A medula, no que se refere à sua composição, anatomia e estrutura morfológica, é uma das três unidades
estruturais menos estudadas, principalmente porque se acredita que sua influência nas propriedades do cabelo
é negligenciável.11

- A medula contém proteínas estruturais diferentes de formas de queratina. Os grânulos medulares contêm
citrulina, aminoácido encontrado unicamente na medula e na bainha radicular interna. Distalmente as células
da medulas se desidratam e os vacúolos são espaços que ficam cheios de ar. A substância que dá cor ao cabelo
é o pigmento melanina, presente no córtex e na medula. A porção mais proximal da medula apresenta células
cheias de vacúolos contendo glicogênio, assim como grânulos medulares cujas propriedades de tintura são
similares às dos grânulos de tricoialina.

A medula é tipicamente um eixo oco no interior do cabelo, constituído de fibras de queratina arranjadas na
forma de pequenas cavidades onde são armazenados os pigmentos.15

- A medula, devido à sua reticulação, é insolúvel em solventes para proteínas, mesmo em condições
vigorosas, como as utilizadas para solubilizar as queratinas. Quimicamente, a medula tem alto conteúdo de
lipídeos, sendo pobre em cistina e rica em citrulina, de modo que as pontes de enxofre são substituídas por
ligações peptídicas que mantêm a estrutura da medula coesa.7,11

- A medula é a parte mais interna do eixo capilar e apresenta entre duas e cinco fileiras de células lado a
lado. Normalmente, só os fios mais grossos e ásperos possuem medula. Ela influencia as propriedades
mecânicas e a cor dos cabelos, e apresenta diferenças morfológicas significativas entre os indivíduos e mesmo
em um mesmo indivíduo. A medula seria um córtex em estágio atrasado de formação. Os fios medulados são
mais espessos que os fios sem medula. A medula pode estar ou não presente nos fios; pode ser dos tipos:
grossa, fina, fragmentada ou contínua; tem estrutura esponjosa, que se subdivide em duas: fina e grossa. A
medula fina não apresenta nenhum grânulo de melanina e tem menor diâmetro que a medula grossa e possui
alguns grânulos de melanina disformes e organização gradual das células. Os fios com medula são mais
espessos que os fios sem medula. A frequência e a dimensão da medula podem variar no mesmo indivíduo.7

- A medula é um feixe cilíndrico localizado no centro do fio do cabelo, que apresenta elevado teor de
lipídeos e é pobre em cistina. A medula pode ser considerada um elemento morfológico ativo por causa de sua
influência, sobretudo, na reflexão da cor do fio. Entretanto o efeito da medula na cor do cabelo ainda não está
completamente elucidado.10

- A medula é a camada mais profunda do fio de cabelo e é composta de células anucleadas, lipídeos e
granulações pigmentares.14

- No que se refere à função da medula capilar, os estudos divergem entre si.1,10,15

- A função da medula não está completamente esclarecida.15

- Acredita-se que a medula não tenha função de maior importância, sendo por isso considerada
insignificante.10

- A função da medula é insignificante e não oferece nenhuma contribuição às propriedades químicas e


mecânicas do cabelo.1

- A função da medula é direcionar o novo fio de cabelo e auxiliar na termorregulação da fibra capilar.15

Com base nos resultados citados anteriormente, é possível apontar a importância da presença da medula
para a formação e a germinação dos fios de cabelos, pois a medula ajuda na estrutura e no direcionamento dos
fios. Isso vem ao encontro do entendimento de Oliveira e colaboradores15, que apontam que a medula tem
função em relação ao fio de cabelo.

Ressalte-se que o fato de a medula estar ausente ou presente na haste do fio não interfere nos
procedimentos químicos, como coloração, permanente e alisamento, pois estes não atingem a medula, mas sim
na formação e nos aspectos do fio.

Considerações Finais

Com base nos resultados mencionados anteriormente, é possível apontar a provável importância da
presença da medula para a formação e a germinação dos fios de cabelo, pois a medula ajuda na estrutura e no
direcionamento dos fios.

O fio de cabelo sem medula é muito fino, com efeito de pluma e, geralmente, é um fio com pigmentação
mais clara. Já o fio que possui medula dos tipos fina e grossa, é mais espesso e a frequência e as dimensões da
medula podem variar, ainda, no cabelo de um mesmo indivíduo.

O fato de a medula estar ausente ou presente na haste do fio não interfere nos procedimentos químicos,
como coloração, permanente e alisamento, pois estes não atingem a medula, mas sim na formação e nos
aspectos do fio.

Referências

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Milady Cosmetologia. 1. ed., São Paulo, Cengage Learning, 2016

5. JM Pereira. Alopecia androgenética (calvície) na mulher: o que é, como pesquisar e como tratar. 1. ed., Rio
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1. ed., São Paulo, Elevação, 2009

7. J Halal. Tricologia e a química cosmética capilar. 5. ed., São Paulo, Cengage Learning, 2015

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9. RCC Wagner. A estrutura da medula e sua influência nas propriedades mecânicas e de cor de cabelo (tese).
São Paulo, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2006

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ação da calvície e queda capilar. Rev de Iniciação Científica, Saúde e Bem-Estar 6(5), 2017

11. CCR Wagner, PK Kiyohara, M Silveira, I Joekes. Eletron microscopic observation of human hair medulla.
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2007

14. RK Gomes, M Gabriel. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos, 5. ed., São Paulo, RED
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15. RAG Oliveira, TB Zanonib, GG Bessegatoa, DP Oliveirab, GA Umbuzeiroc MVB Zanoni. A química e
toxicidade dos corantes de cabelo. Quim Nova 37(6):1037-1046, 2014. DOI: org/10.5935/0100-
4042.20140143

Elisangela Irma de Souza é graduada em cosmetologia e estética pela Universidade do Vale do Itajaí -
Univali, Florianópolis SC, Brasil.

Karina Elisa Machado é farmacêutica pela Universidade do Vale do Itajaí – Univali, Florianópolis SC,
Brasil, mestre em Ciências Farmacêuticas pela mesma Universidade e doutora em Farmácia pela Universidade
Federal de Santa Catarina. Atualmente é professora do Curso de Estética e Cosmética da Univali.

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É crescente o uso de filtros UV minerais, ingredientes inertes e sustentáveis. Entre eles, os filtros e pigmentos minerais da ADP Cosmetics possuem propriedades
protetoras incomuns da radiação UV-Vis-IR, em um único ingrediente, explicadas por uma excelente combinação de composição química, tamanho de partículas e
estrutura física. Esses filtros e boosters são compostos principalmente de dióxido de titânio e óxidos de ferro, e possuem tamanho balanceado, superior a 100 nm.

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