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AULA DE ARTIGO DE OPINIÃO: VIOLÊNCIA

NAS REDES E BULLYING

“Opinião é o substantivo derivado do verbo opinar, cujo significado é dizer o que


se acha a respeito de algo. Dessa forma, o significado de opinião é pensamento
sobre algo, o que nós achamos de algo, a nossa forma de ver as coisas sobre
determinado assunto.”

O artigo de opinião é um tipo de texto dissertativo-argumentativo onde o


autor apresenta seu ponto de vista sobre determinado tema e, por isso,
recebe esse nome.A argumentação é o principal recurso retórico utilizado
nos textos de opinião, que tem como característica informar e persuadir o
leitor sobre um assunto.Geralmente os artigos de opinião são veiculados
nos meios de comunicação de massa - televisão, rádio, jornais ou revistas -
e abordam temas da atualidade.

Características do artigo de opinião:


Textos escritos em primeira e terceira pessoa;
Uso da argumentação e persuasão;
Geralmente são assinados pelo autor;
Produções veiculadas nos meios de comunicação;
Possuem uma linguagem simples, objetiva e subjetiva;
Abordam temas da atualidade;
Possuem títulos polêmicos e provocativos;
Contém verbos no presente e no imperativo.

Estrutura do artigo de opinião:


Introdução (exposição): apresentação do tema que será discorrido durante o
artigo; Desenvolvimento (interpretação): momento em que a opinião e a
argumentação são os principais recursos utilizados;
Conclusão (opinião): finalização do artigo com apresentação de ideias para
solucionar os problemas sobre o tema proposto.
Violência contra jovens nas redes sociais reacende debate sobre
cyberbullying no Brasil
Por trás das telas, os agressores se sentem protegidos para destilar
ódio e comentários ofensivos. Crianças e adolescentes são as vítimas
mais vulneráveis. Por Artur Ferraz

Há dois meses, um dos principais fenômenos que simbolizam a atualíssima força das mídias
digitais no Brasil anunciava uma pausa nas redes sociais para cuidar da saúde mental. Já fazia
um bom tempo que a cantora Luísa Sonza, de 23 anos, tinha se tornado uma figura pública
acostumada a ter a própria vida exposta, diariamente, à imensidão de pessoas (só no
Instagram, são 23 milhões) que a seguem e acompanham seu trabalho na internet e nos
veículos tradicionais. Mesmo assim, ela sentiu o peso violento dos ataques de “haters” (palavra
do inglês que pode ser traduzida como “depreciadores”). Eram mensagens de ódio que não
paravam de chegar desde a notícia da morte prematura do filho do exmarido da artista, o
comediante e também influenciador Whindersson Nunes, 26. Dias depois, Sonza ainda publicou
um vídeo nos Stories, pedindo para que parassem com os ataques, sem quase conseguir falar
de tanto choro. A gravação foi retirada do ar, e a equipe da cantora anunciou o afastamento
dela, que voltaria às atividades no mês seguinte para lançar o álbum novo.
O problema se torna ainda mais complicado quando atinge pessoas mais novas e sem um
aparato de apoio tão estruturado quanto o de uma cantora como Luísa Sonza, podendo resultar
em tragédia. Foi o caso de Lucas, 16, o filho da cantora Walkyria Santos, que, depois de postar
um vídeo no TikTok em que simulava que daria um beijo em um amigo, teve a sexualidade
questionada e foi alvo de comentários homofóbicos. Diante da pressão, o adolescente ainda
gravou outro vídeo “se retratando”, mas o estrago estava feito. O garoto se suicidou. (Quem
precisar de ajuda para problemas psicológicos deve procurar serviços de apoio como o Centro
de Valorização da Vida, o CVV, que atende 24 horas, de domingo a domingo, pelo disque 188 ou
pelo site da instituição, o cvv.org.br)
Esses e outros casos recentes de “cancelamentos” ou “linchamentos” contra jovens e
pessoas que exercem influência sobre eles na internet trouxeram à tona um debate que já era
bastante comum nas escolas, mas que agora se expande para todo o mundo virtual: o
cyberbullying.A prática, definida na lei federal 13.185/2015 como “intimidação sistemática na
rede mundial de computadores”, é realizada quando se utilizam “instrumentos que lhe são
próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de
criar meios de constrangimento psicossocial”.
“Nós chamamos de intimidação sistemática porque ele é recorrente, não vem por meio de um
ato isolado. O bullying ‘tradicional’ consiste em ataques físicos, insultos pessoais, comentários,
apelidos pejorativos, ameaças. E o cyberbullying é usar a rede para incitar a violência”, explica
a advogada Ana Vasconcelos Negrelli, especialista em Direito da Família do escritório Martorelli
Advogados.Na visão dela, o cyberbullying pode ser mais perigoso. “Primeiro, porque você tem
uma plateia muito maior. Segundo, porque o agressor pode estar atuando de forma anônima. E,
terceiro, porque ele não tem fronteiras espaciais. Aquele conteúdo pode ter uma repercussão
grande e depois parar, mas, depois de um tempo, pode aparecer em outro lugar, e tudo
recomeça. A vítima não tem para onde fugir”, conclui Negrelli.
O combate ao cyberbullying e a outras violências na internet pode ser visto como um dos
grandes desafios da sociedade contemporânea, que vive em uma rotina constantemente
transformada pelo avanço acelerado das tecnologias digitais. E diferentemente dos pais, tios e
avós, que vêm de uma época “analógica”, as crianças e os adolescentes de hoje já nasceram
imersos nesse modo de vida hiperconectado, sem, muitas vezes, saber distinguir o mundo “real”
do “virtual”, duas dimensões que, de fato, se complementam e se confundem o tempo todo
.
Apesar de ser uma característica da atualidade, a pesquisadora Suely Deslandes, professora
do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente do Instituto Nacional
Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), lembra que a absorção de novas
tecnologias sempre foi o fenômeno presente nas sociedades industrializadas, demarcando
diferenças entre as gerações.“A internet não foi a primeira a fazer isso. Toda e qualquer
tecnologia que tem o poder de transformar o cotidiano muda as relações e a maneira de encarar
o mundo”, afirma.Uma das diferenças geradas entre os adultos mais velhos e os jovens
atualmente é o letramento digital, o domínio sobre o uso e a linguagem das ferramentas
tecnológicas

“Para as gerações mais novas, é, digamos, ‘natural’ ter uma relação entre digital e analógico
completamente sem fronteiras. Elas brincam, jogam, assistem a filmes juntas pela internet, e as
plataformas querem que você esteja conectado o tempo todo. Então, esse apelo de
hiperconexão, gera crianças e adolescentes, por um lado, capazes de manejar muito melhor
vários recursos oferecidos e, por outro, muito mais suscetíveis ao ‘efeito plateia’, a querer
agradar. É a cultura do ‘like’”, analisa a professora.

Nesse contexto de buscar aceitação social, a violência ganha espaço nos meios digitais com a
disseminação de preconceitos e discursos de ódio, que alimentam também a prática de crimes
sexuais e de gênero.As principais vítimas acabam sendo mulheres, negros, LGBTQIAP+ e
pessoas que não se enquadram nos padrões de beleza e consumo difundidos por imagens de
“corpo sarado e perfeito” ou de produtos e serviços a que uma pequena parcela da população
tem acesso.Para atuar contra isso, a professora Suely Deslandes defende que os pais adotem
estratégias distintas conforme a idade do jovem.“Para a faixa de até seis anos, as diversas
ferramentas de controle parental sobre o que e onde o filho está consumindo podem ajudar. As
próprias plataformas, como o YouTube, têm esse dispositivo”, observa. “A partir das idades mais
velhas, essas crianças têm um letramento digital tão superior que não é possível achar que os
pais vão conseguir dar conta desse controle”.Por isso, a aposta em relação aos mais velhos deve
ser no diálogo para uma educação digital.

“Embora esses meninos e meninas tenham muita fluência no uso das plataformas, eles não têm
o discernimento de autopreservação de um adulto. E, mesmo assim, muitos adultos nem
desenvolveram tais critérios", avalia a pesquisadora."Então, em vez de controlar, os pais devem
debater e tentar construir com os filhos um senso crítico do uso da internet, orientando sobre o
tipo de conteúdo de que se deve desconfiar e sobre não disseminar conteúdos que envolvam
questões íntimas de colegas, namorados ou namoradas, numa perspectiva ética”.
A busca pela aprovação de um grupo faz parte da socialização e da formação do indivíduo na
transição da infância e adolescência para a fase adulta.O psicólogo clínico Fernando Cruz,
membro do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco (CRP-02), ressalta que os efeitos
da superexposição nas redes sociais são ainda maiores para um jovem. Assim, o contato com
ataques virtuais e conflitos na internet pode provocar quadros de ansiedade, isolamento e
baixa autoestima (veja no infográfico).“Essas redes, em especial o Instagram, são construídas
para reforçar o estímulo de dopamina (neurotransmissor que libera a sensação de prazer)
quando você recebe uma aprovação social da sua atitude ou da sua foto. Mas, ao mesmo
tempo, a descida para os comentários negativos é muito ruim, principalmente porque, no
ambiente virtual, existe o movimento de se esconder no anonimato, e os comentários não têm
tanto o crivo de consciência ou a noção de consequência”, comenta o psicólogo.“Isso abala a
confiança para lidar com as questões cotidianas e pode ser levado para a vida adulta”.

Por esse motivo, a criança ou o adolescente precisa ter abertura para falar com os pais sobre
a própria rotina, incluindo as dores e os problemas que sente e enfrenta no dia a dia. Também é
importante desenvolver relações fora da virtualidade.“Quando você tem um adulto que está
atento e sabe o que acontece com o adolescente, sendo porta aberta de diálogo para troca de
ideias, vai perceber os sinais se houver algo errado”, explica o psicólogo Fernando Cruz.

Juridicamente, o cyberbullying acaba atrelado aos crimes usados para praticá-lo. Os mais
comuns são a violência psicológica e os delitos contra a honra, que incluem calúnia, difamação
e injúria.A primeira consiste em atribuir falsamente um crime a alguém; a segunda, em tentar
“manchar” a reputação de outra pessoa; e a terceira, em ofender uma vítima, atribuindo uma
qualidade negativa a ela.Em Pernambuco, quando a violência afeta crianças e adolescentes, os
casos são direcionados ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), que
fica no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, e tem uma unidade de plantão funcionando
no turno da noite e nos fins de semana na Delegacia da Mulher, em Santo Amaro.Como os
delitos são cometidos no espaço virtual, é comum as investigações contarem com o apoio da
Delegacia de Crimes Cibernéticos.

Dentro do DPCA, funcionam duas delegacias, uma que investiga crimes cometidos por adultos
contra crianças, a Delegacia Especializada de Crimes contra a Criança e o Adolescente
(DECCA), e outra focada em atos infracionais praticados por menores, a Delegacia de Polícia de
Atos Infracionais (DEPAI).De acordo com o delegado Geraldo da Costa, da DECCA, em geral, a
maior parte das denúncias que envolvem agressores adultos é de crimes sexuais. “Muitas
vezes, os casos chegam aqui e, quando descobrimos que o agressor é menor de idade,
encaminhamos à delegacia especializada”, diz.Já o titular da DEPAI, José Renato Gayão,
informou que só recebe os inquéritos quando se confirma que o autor é menor de idade e que
os casos de cyberbullying são minoria na unidade. “A gente lida muito mais com crimes como
tráfico de drogas, roubo e violência doméstica. Não é o tipo de ocorrência usual”, conta.

Como muitas vezes o agressor é anônimo, o delegado de Crimes Cibernéticos, Eronides


Meneses, ressalta que, na investigação, é necessário ter o link da mensagem ofensiva e do perfil
do qual partiu a agressão. “Mesmo que a pessoa apague, a gente consegue recuperar. A vítima
deve tirar print, compartilhar com alguém e pedir para outra pessoa verificar [o conteúdo],
porque ela vai servir de testemunha caso, quando a polícia for olhar, a publicação não estiver no
ar”, orienta. Além da investigação policial, a família da vítima também pode entrar com uma
ação na área cível por danos morais
Após a leitura do texto e o debate sobre ele, além de
todos os conteúdos conversados desde o inicio da
aula. Produza um resumo ou mapa mental que dê
conta dos principais pontos do texto. Lembrando que
um artigo de opinião nos mostra uma visão sobre um
assunto e argumentos que são de suma importância
para ele.

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