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PROPOSTA DE REDAÇÃO

O advento das tecnologias virtuais proporciona uma aceleração no trânsito de mensagens entre as pessoas e a sensação de que tudo é possível
nesse fantástico universo cyber. Entretanto, nem sempre as pessoas param para refletir sobre os efeitos por vezes nefastos dos usos impróprios da
comunicação via internet e/ou telefones celulares. Casos de cyberbullying (o assédio moral envolvendo o uso de tecnologias da informação) são muito
frequentes atualmente e têm gerado problemas de ordem social e psicológica em suas vítimas.
Constrangimentos e ofensas divulgados ora pelas redes sociais da web ora por mensagens de texto sms têm afetado a autoestima de muitos jovens,
que chegam, inclusive, a abandonar suas escolas ou mesmo a cometer suicídio.
Reflita sobre essa temática, amparando-se na leitura dos textos que se seguem, e redija um texto dissertativo-argumentativo que reflita
criticamente sobre o tema.

Texto I (Ilustração de Michael Meister):

Texto II:

CYBERBULLYING: A VIOLÊNCIA VIRTUAL


Beatriz Santomauro

Todo mundo que convive com crianças e jovens sabe como eles são capazes de
praticar pequenas e grandes perversões. Debocham uns dos outros, criam os
apelidos mais estranhos, reparam nas mínimas “imperfeições” – e não perdoam
nada. Na escola, isso é bastante comum. Implicância, discriminação e agressões
verbais e físicas são muito mais frequentes do que o desejado. Esse
comportamento não é novo, mas a maneira como os pesquisadores, médicos e
professores o encaram vem mudando. Há cerca de 15 anos, essas provocações
passaram a ser vistas como forma de violência e ganharam nome: bullying (palavra
do inglês que pode ser traduzida como “intimidar” ou “amedrontar”). Sua principal
característica é que a agressão (física, moral ou material) é sempre intencional e
repetida várias vezes sem uma motivação específica. Mais recentemente, a tecnologia deu nova cara ao problema. E-mails ameaçadores,
mensagens negativas em sites de relacionamento e torpedos com fotos e textos constrangedores para a vítima foram batizados de cyberbullying.
Aqui, no Brasil, vem aumentando rapidamente o número de casos de violência desse tipo. (...)

Mesmo quando a agressão é virtual, o estrago é real.


O cyberbullying é um problema crescente justamente porque os jovens usam cada vez mais a tecnologia – até para conceder entrevistas, como fez
Ana [nome fictício], 13 anos, que contou sua história para esta reportagem via MSN (programa de troca de mensagens instantâneas). Ela já era
perseguida na escola – e passou a ser acuada, prisioneira de seus agressores via internet. Hoje, vive com medo e deixou de adicionar “amigos” em
seu perfil no Orkut. Além disso, restringiu o acesso ao MSN. Mesmo assim, o tormento continua. As
meninas de sua sala enviam mensagens depreciativas, com apelidos maldosos e recados humilhantes, para amigos comuns. Os qualificativos mais
leves são “nojenta, nerd e lésbica”. Outros textos dizem: “Você deveria parar de falar com aquela piranha” e “A emo já mudou sua cabeça, hein? Vá
pro inferno”. Ana, é claro, fica arrasada. “Uso preto, ouço rock e pinto o cabelo. Curto coisas diferentes e falo de outros assuntos. Por isso, não me
aceitam.” A escola e a família da garota têm-se reunido com alunos e pais para tentar resolver a situação – por enquanto, sem sucesso.
Pesquisa da Fundação Telefônica no estado de São Paulo em 2008 apontou que 68% dos adolescentes ficam online pelo menos uma hora por dia
durante a semana. Outro levantamento, feito pela ComScore este ano, revela que os jovens com mais de 15 anos acessam os blogs e as redes sociais
46,7 vezes ao mês (a média mundial é de 27 vezes por semana). Marcelo Coutinho, especialista no tema e professor da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), diz que esses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamentos digitais. “Para eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional,
tanto para fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar um passeio.”
No cinema, essa overdose de tecnologia foi retratada em As melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky. A fita conta a história de dois irmãos que
passam por mudanças no relacionamento com os pais e colegas. Boa parte da trama ocorre num colégio particular em que os dois adolescentes
estudam. O cyberbullying é mostrado de duas formas: uma das personagens mantém um blog com fofocas e há ainda a troca de mensagens
comprometedoras pelo celular. A foto de uma aluna numa pose sensual começa a circular sem sua autorização.
Na vida real, Antonio [nome fictício], 12 anos, também foi vítima de agressões pelo celular. Há dois meses, ele recebe mensagens de meninas, como
“Ou você fica comigo ou espalho pra todo mundo que você gosta de homem”. Os amigos o pressionam para ceder ao assédio e, como diz a
coordenadora pedagógica, além de lidar com as provocações das meninas, ele tem de se justificar com os outros garotos.
(Revista NOVA ESCOLA. Junho/julho, 2010)

Eduardo – FGV/INSPER 2021 - REDAÇÃO


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PROPOSTA DE REDAÇÃO

Um negócio para chamar de meu

Numa pesquisa feita no começo do ano pela ONG Fundação Estudar com 1.102 entrevistados de 18 a
34 anos e atualmente empregados, apenas três entre dez demonstraram interesse em permanecer mais de
dois anos no atual emprego. Percebe-se que muitos buscam empreender: 43% dos pesquisados já estão
dando os primeiros passos.
O empreendedorismo é fator crucial para o desenvolvimento de uma economia, seja ela local,
estadual ou nacional. Observar as demandas do ramo em que se pretende atuar é o primeiro passo para
obter o sucesso esperado. Dessa forma, os consumidores reconhecerão o empreendimento como uma
solução e ficará mais fácil conquistar o público-alvo e garantir o tão desejado retorno financeiro.
Revista Exame 30/08/17

PROPOSTA:

Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um
texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte questão:

Quais os principais motivos que justificariam a importância de se cultivar uma mente empreendedora?

Eduardo – FGV/INSPER 2021 - REDAÇÃO


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PROPOSTA DE REDAÇÃO

Texto 1

Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio de 2014 apontou que 61% dos eleitores são contrários ao voto obrigatório.
O voto obrigatório é previsto na Constituição Federal – a participação é facultativa apenas para analfabetos, idosos com mais de 70
anos de idade e jovens com 16 e 17 anos.
Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro.
A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política
deficiente de boa parte da população.
“Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua
real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado”, diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente.
O sociólogo Eurico Cursino, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o dever de participar das eleições é uma prática
pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país. “A
democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola”, afirma.
Já para os defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não um dever. O voto facultativo, dizem, melhora
a qualidade do pleito, que passa a contar majoritariamente com eleitores conscientes.
E incentiva os partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do voto.
(Karina Gomes. “O voto deveria ser facultativo no Brasil?”. www.cartacapital.com.br, 25.08.2014. Adaptado.)

Texto 2

Há muito tempo se discute a possibilidade de instauração do voto facultativo no Brasil. Mas são diversos os fatores que travam a
discussão.
Atualmente, é a Lei no 4737/1965 que determina o voto como obrigatório no Brasil, além dos dispositivos e penas a quem não
comparece ao pleito. Com a imposição, o país segue na tendência contrária ao resto do mundo.
Estudo divulgado pela CIA, que detalha o tipo de voto em mais de 230 países no mundo, mostra que o Brasil é um dos (apenas) 21
que ainda mantém a obrigatoriedade de comparecer às urnas.
Para Rodolfo Teixeira, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), a atual descrença na classe política pode levar
a uma grave deserção do brasileiro do processo eleitoral. O jurista Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral e membro da
comissão de reforma política da OAB de São Paulo, concorda e acredita que o eleitor brasileiro ainda é “deficitário” do ponto de vista
de educação política, sem ser maduro o suficiente para entender a importância do voto: “Se [o voto facultativo] fosse implementado
hoje, mais da metade dos eleitores não votaria. Isso é desastroso”, afirma.
O cientista político e professor da FGV-Rio Carlos Pereira pensa diferente. O especialista acredita que as sete eleições presidenciais
depois do fim da ditadura militar mostram que o momento democrático do Brasil está consolidado. O voto facultativo seria mais um
passo a uma democracia plena.
“O argumento de que o eleitor pobre e menos escolarizado deixaria de votar parte de um pressuposto da vitimização. É uma visão
muito protecionista”, diz Pereira. “O eleitor mais pobre tem acesso à informação e é politizado: ele sabe quanto está custando um litro
de leite, uma passagem de ônibus, se o bairro está violento, se tem desemprego na família. É totalmente plausível que ele faça um
diagnóstico e decida em quem votar e se quer votar.”
(Raphael Martins. “O que falta para o Brasil adotar o voto facultativo?”. http://exame.abril.com.br, 01.08.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema:
O voto deveria ser facultativo no Brasil?

Eduardo – FGV/INSPER 2021 - REDAÇÃO


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