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Depressão em adolescentes cresce impulsionada por uso de redes sociais.

O jovem contrastar a própria vida com a vida online fantasiosa de outros no Facebook e no Instagram
pode potencializar estados psicológicos negativos.

Por Folhapress05/11/18 às 17H45 atualizado em 05/11/18 às 18H23

A disseminação de smartphones, tablets e notebooks conjugada com o surgimento das redes


sociais mudou a maneira como crianças e adolescentes interagem com o mundo e com os outros, com
impactos positivos e negativos. Propiciaram-se acesso a uma miríade de conhecimento e permitiu uma
comunicação ágil e instantânea, essas novas tecnologias também produziram novas fontes de angústia e
tornaram mais fácil aos jovens tomarem contato com conteúdos e situações para os quais não estão
preparados emocionalmente. Nos últimos tempos têm-se acumulado evidências de que o uso exagerado
de aparelhos e redes sociais produz efeitos deletérios na saúde mental de crianças e adolescentes e
pode ser um “Os mais jovens têm de enfrentar hoje coisas inimagináveis no passado, como a exposição e
a permanência nas redes sociais daquilo que eles fazem e falam, por exemplo,", diz Roberto Sassi,
psiquiatra infantil e professor da Universidade McMaster, no Canadá. Dos fatores por trás do aumento da
prevalência de depressão nesse grupo etário.

Instagram é a rede social que mais afeta a saúde mental, diz pesquisa

Segundo Sassi, a adolescência é uma fase de experimentação, na qual o jovem age de modo mais
impulsivo e arriscado. "Faz parte do desenvolvimento pessoal, aprender com os erros. O problema é que
agora esses erros podem ficar marcados de forma indelével, com consequências maiores." O psiquiatra
também aponta que hoje é muito mais fácil para crianças e adolescentes terem contato com sites que
discutam, por exemplo, automutilação. "Antigamente você teria de encontrar alguma pessoa do seu meio
que tivesse esse comportamento para ter conhecimento disso."

Para Jackeline Giusti, psiquiatra da infância e da adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP,


o jovem contrastar a própria vida com a vida online fantasiosa de outros no Facebook e no Instagram
pode potencializar estados psicológicos negativos. "Ele pode pensar: todo mundo está feliz, todo mundo
vai a festas, menos eu. Se a pessoa está triste, isso vai deixá-la mais triste ainda", diz. Um dos aspectos
mais perniciosos da rede apontam os dois psiquiatras, é o chamado cyberbullying. Segundo Sassi, a
prática online produz nas vítimas a mesma sensação negativa de passar por essas situações na vida real.
Artigo publicado recentemente na revista da Academia Americana de Pediatria fez vasta análise da
literatura científica sobre o tema. Na questão do cyberbulling, uma meta-análise de 131 estudos mostrou
que adolescentes que passam por essa experiência apresentam risco maior de desenvolver problemas
mentais e físicos. "O uso de internet em geral e a experiência de ser vítima de cyberbulling estão
associados a mais pensamentos suicidas e comportamentos de automutilação", diz o artigo.

Outro estudo, esse publicado em meados de outubro, analisou os efeitos de se passar muito tempo em
frente a telas de aparelhos eletrônicos na saúde mental de crianças e adolescentes. Os pesquisadores
assinalam que adolescentes de 14 a 17 anos que passam mais de sete horas diárias
em smartphones, tablets, computadores e televisão tem o dobro de chance de serem diagnosticados
com ansiedade ou depressão do que aquele que passam uma hora. Mesmo depois de apenas uma hora
em frente à tela por dia, crianças e adolescentes podem começar a ter menos curiosidade, menor
autocontrole, menos estabilidade emocional e menor capacidade de concluir tarefas, segundo o estudo,
publicadas na revista Preventive Medicine Reports.

Entretanto, como se trata de um ramo novo de pesquisa, ainda há muitos aspectos não compreendidos
a respeito da influência das tecnologias digitais na saúde mental dos mais jovens. No caso do segundo
estudo, por exemplo, Sassi diz que há certas nuances que podem ter impactos diferentes em crianças e
adolescentes. "O jovem pode ser um usuário ativo de Facebook, que interage e conversa com outras
pessoas, ou alguém mais passivo, que só observa a atividade de outros; jogar games é uma atividade
muito diferente de ver um filme na Netflix. São coisas que nós colocamos juntos, mas que podem ter
impactos diferentes." O psiquiatra também diz que ainda não se pode estabelecer uma relação de
causalidade entre uso de tecnologias e depressão em mais jovens. "Não podemos esquecer que o tempo
em frente à tela é um tempo que você está tirando de outras atividades, como sono e atividades físicas.
Sedentarismo e baixa qualidade do sono prejudicam a saúde mental tanto de jovens como adultos. Por
isso, é preciso certa cautela antes de cravar que a tecnologia digital está por trás do aumento da incidência
de depressão em jovens nos países desenvolvidos. “É possível que esteja, mas ainda não temos uma
resposta definitiva”. Há também a melhora do diagnóstico, a diminuição do estigma, que faz mais gente
procurar ajuda". Nos EUA, a prevalência da doença na faixa dos 12 aos 17 anos passou de 8,7% em 2005
para 11,3% em 2014, segundo os dados mais recentes de uma pesquisa nacional. No Brasil não existem
estatísticas do fenômeno, mas Jackeline Giusti diz que ter observado nos últimos anos grande aumento de
casos de depressão relacionada a tecnologias digitais. “Cerca de 10% dos adolescentes e crianças que
atendo apresentam essa relação", diz.

Os pais têm papel relevante para evitar que o uso da internet traga prejuízos às crianças, aponta
Giusti. "Os pais devem olhar os celulares dos filhos de vez em quando para saber o que eles estão fazendo
e acessando, mas isso precisa ser combinado com eles. Também devem mostrar exemplos de
consequências de certos comportamentos nas redes sociais". A psiquiatra também diz que os pais devem
buscar restringir a quantidade de horas para os filhos se divertirem na internet, e incentivar atividades
como jogar bola e ler livros. Mas, para isso funcionar, os pais devem dar o exemplo. "Não adianta falar
isso e, na hora do jantar, o pai e a mãe ficarem grudados no celular, enquanto a criança fica olhando para
o teto. Esse é um momento para estar com os filhos, saber como foi o dia deles", diz Giusti. Os pais
também devem ficar atentos a mudanças de comportamento dos filhos, que podem indicar um quadro
depressivo. Giusti dá como exemplo o afastamento de amigos, queda no desempenho escolar,
irritabilidade e perda de interesse em atividades que eles antes gostavam. Negligenciar esses
comportamentos, considerando-os normais para a idade, acarreta um risco. Uma depressão na idade
mais jovem não tratada pode produzir grande prejuízo no futuro. "A criança deixa de se relacionar com a
escola de uma maneira normal, as notas vão caindo e ela passa a se ver de uma maneira negativa. Se ela
começar a achar que não consegue realizar nada, aí que não conseguirá fazer nada mesmo. Dessa forma,
deixa de ter uma visão positiva do futuro. Esse grupo de crianças tem mais propensão a abandonar a
escola, cometer atos de delinquência, começar a fumar e usar drogas mais precocemente", diz Roberto
Sassi.

https://www.folhape.com.br/noticias/depressao-em-adolescentes-cresce-impulsionada-por-uso-de-redes-
sociais/86607/

1- Após a leitura responda as questões a seguir:


a) O texto se apresenta em qual gênero textual?
b) Qual é a temática ou assunto tratado no texto? O texto apresenta pontos positivo e negativo:
Relatem quais são esses pontos.
c) No seu ponto de vista, a internet como um todo, tem trazido para vida humana, mais benefícios e
malefícios? Leia:

2) A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, por que.
Marque x na resposta correta.

A) questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento. ( )

B) considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais. ( )

C) concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações
sociais. ( ).

3) Observe a imagem abaixo e produza um texto dissertativo, escolha um titulo coerente e


desenvolva o texto respeitando as pontuações e acentuações corretas. Lembre-se o texto
dissertativo é argumentativo e opinativo, uma vez que expõe a opinião sobre determinado
assunto ou tema, por meio de uma argumentação lógica, coerente e coesa, além de pontos de
defesa com provas argumentais. Observação: O texto deve ter o mínimo, 15 linhas e o máximo
30.

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