Você está na página 1de 2

Foi na noite do dia 21/07/2017, mais precisamente às 18:30h.

Filipe tinha acabado de


sair da escola. O rapazinho de 16 anos tinha amigos, mas nesse dia nenhum deles o
acompanhou de volta para casa. Filipe fez o trajeto de sempre; seguiu na avenida
Roosevelt até o terminal, aguardou o ônibus 312 sentido bairro Rosa dos Ventos; entrou
e seguiu caminho até sua casa. Chegando no bairro, Filipe precisava, ainda, andar
algumas quadras para chegar na sua rua e, enfim, na sua casa. Já estava escurecendo e
queria chegar logo em casa para descansar de mais um dia de estudos – já que estudava
em uma escola de ensino integral.
Caminhando por um lado mais esquisito do bairro, Filipe deu de cara com dois
elementos. Segundo testemunhas que viram a cena de dentro de casa, Filipe se assustou
com a abordagem dos bandidos, mas não reagiu. Ainda assim, os bandidos, com muita
agressividade, judiaram daquele jovem sem nenhuma razão. Foi uma agressão
desumana – diziam as testemunhas. Depois de todo aquele sofrimento, Filipe ainda foi
esfaqueado três vezes na barriga. Os marginais fugiram do local levando apenas um
smartphone e dinheiro do jovem. Filipe, completamente ensanguentado e à beira da
morte, gritava por ajuda, até que moradores da região apareceram para o socorrer.
Rapidamente, um senhor dispôs de um carro para leva-lo ao hospital. Moradores se
comoveram com a situação triste do jovem e tentaram o ajudar de alguma forma; tentam
parar o sangramento com panos pressionando a região da barriga; falam com ele para
que não perca a consciência – questionando onde ele mora, o nome, se sabe o número
de algum parente ou coisas afins. Filipe mal conseguia responder, já que além de estar
sentindo muita dor, vomitava sangue.
Já em casa, Talia, sua mãe, o aguardava com a comida quentinha na mesa. Geralmente,
Filipe chegava 18:45. Só que naquela noite Filipe se atrasou. Chegando 19:00h ela
começou a se preocupar. Ligou para o número de Filipe diversas vezes, mas sempre
dava na caixa postal. Foi daí em diante que começou a se preocupar. Ligou para sua
irmã, Lígia, e perguntou se Filipe teria passado lá – Lígia morava do outro lado da
cidade, e disse que se Filipe fosse, estaria no caminho, ainda. Apesar da preocupação,
Talia imaginou que Filipe estava a caminho da casa da tia, mesmo sem ter avisado.
Passam-se trinta minutos e Talia tem ligado muitas vezes, tanto para o número de Filipe,
quanto para o de Lígia, para saber de seu paradeiro. Enquanto o de Filipe dava na caixa
postal, Lígia dizia que ainda não tinha recebido o sobrinho. Em todo esse contexto,
como sabemos que mãe é mãe, Talia já sente um calafrio intenso no estômago e com
um sentimento de angústia profundo. Já eram 20:00 e Filipe não deu nenhuma notícia
sequer, nem Ligia. Talia então resolve ligar para a polícia, já dominada pelo pânico e
pela incerteza da situação do seu filho.
No hospital, o médico dizia que a situação de Filipe era muito complicada e precisaria
examinar todos os órgãos para avaliar o estrago causado pelas facadas. Além de tudo
isso, a equipe do médico precisaria se esforçar para que Filipe não morresse de
hemorragia. Começaram a cuidar dos ferimentos às 19:05. O estado do jovem era
crítico, mas a equipe estava disposta a despender de tudo que fosse preciso para salvar a
vida do estudante. Às 19:30 identificaram todas as perfurações e danos aos órgãos e,
ainda, controlaram a perda de sangue, deixando a saúde do rapaz um pouco menos
crítica. Às 20:12 o hospital recebe a ligação da mãe de Filipe. Talia, desesperada,
pergunta se um jovem de 16 anos chamado Filipe Jonatan Andrade de Costa estava
sendo cuidado no hospital, já que ela teria a informação da policia que um jovem foi
esfaqueado na região. A atendente procura na lista de atendimentos e encontra o nome
do menino na lista de emergências do dia. O telefone desliga. Talia liga para Jorge, o
pai de Filipe e explica a situação. Ele é divorciado de Talia e mora em outra cidade.
Antes mesmo de terminar a ligação, Jorge corre para o carro e vai em direção à cidade
onde seu filho mora.
Às 20:00, na sala de cirurgia, o médico e sua equipe fazem os procedimentos para
corrigir os danos aos órgãos do jovem. Apesar da forma crítica como chegou,
demonstrava uma melhora milagrosa, o que fez a equipe ficar incrédula com a força que
o jovem tinha. O tempo ia passando, o relógio contava 20:40, e Filipe estava dando
sinais positivos, contudo, continuava com suas fragilidades, pois a faca usada contra
Filipe estava enferrujada e perfurou o estômago. Nesse momento, Talia e Jorge, seus
pais, chegam para entender o ocorrido. Jorge, desesperado, questiona a enfermeira sobre
a situação de seu filho. Aquela gritaria dentro do hospital deixou a situação ainda mais
tensa. Talia querendo ver seu filho. Jorge questionando o senhor que o levou no
hospital. O hospital se transforma em um ambiente desesperador. Gritos, choros e um
pânico incessante ecoam naquele lugar.
— Agora são 22:30, temos informações importantes deste caso. O jovem Filipe que
deu entrada no hospital Dr. Cássio Tavares às 19:00, após ser vítima de um
assalto, não resistiu aos ferimentos e infelizmente veio a óbito agora a pouco. Os
familiares estão revoltados dentro do hospital. Sua mãe desmaiou agora pouco e
está sendo cuidada pela equipe médica. Conversei com o pai do garoto, Jorge,
que me disse que o seu filho era um jovem responsável e muito focado no
futuro, mas que infelizmente foi interrompido pela criminalidade. Sendo assim,
me despeço, aqui, diretamente do Alerta Brasil, Alexandre Souto.

Você também pode gostar