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CENTRO DE PROFISSIONALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO TÉCNICA

PEDRO JOSÉ ANDRADE SANTOS

AUTOMATIZAÇÃO DE MEDIÇÃO DA PLATAFORMA DE INTEGRAÇÃO DA CCEE

Carmopolis-Se
2023
PEDRO JOSÉ ANDRADE SANTOS

AUTOMATIZAÇÃO DE MEDIÇÃO DA PLATAFORMA DE INTEGRAÇÃO DA CCEE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Trabalho de Conclusão de Curso -
Automação Industrial, área..., da Centro de
Profissionalização e Educação Técnica, como
requisito parcial para a Obtenção do grau de
Bacharel em Trabalho de Conclusão de Curso -
Automação Industrial.

Carmopolis-Se
2023
PEDRO JOSÉ ANDRADE SANTOS

AUTOMATIZAÇÃO DE MEDIÇÃO DA PLATAFORMA DE INTEGRAÇÃO DA CCEE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Trabalho de Conclusão de Curso -
Automação Industrial, área..., da Centro de
Profissionalização e Educação Técnica, como
requisito parcial para a Obtenção do grau de
Bacharel em Trabalho de Conclusão de Curso -
Automação Industrial.

Carmopolis, 12 de março de 2023

BANCA EXAMINADORA

__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............

__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............

__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............
Dedico este trabalho aos meus pais e amigos que
sempre me incentivaram.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus professores e colegas por me ajudarem a desenvolver


este trabalho.
"Só sei que nada sei." (Sócrates)
RESUMO

O trabalho tem por objetivo automatizar os dados de medição das unidades


sob gestão do Grugeen no Mercado de Energia, são obtidos atualmente de maneira
manual no ambiente da Comercialização de Energia (CCEE) pelo Sistema de Coleta
de Dados de Energia (SCDE), é um sistema de telemetria que viabiliza a coleta de
dados de medição de consumo e geração. utilizando a tecnologia de web services
com o protocolo Simple Object Access Protocol (SOAP) apresenta vantagens como
capacidade de funcionar em qualquer plataforma, qualquer sistema operacional, em
qualquer ambiente de computação e com qualquer linguagem de programação.
A aplicação também o estudo e análise de controle e correção do fator de potência e
de demanda contratada das unidades consumidoras, com o objetivo de minimizar
tanto o custo do cliente com a fatura da distribuidora quanto o impacto no uso da
rede de distribuição. Os requisitos do sistema foram satisfeitos e seus resultados são
apresentados um estudo de caso real.

Palavras-chave: CCEE. Mercado Livre de Energia. Coleta de Dados Automática.


Consumo Reativo.
ABSTRACT

The objective of the work is to automate the measurement data of the units
managed by Grugeen in the Energy Market, which are currently obtained manually in
the Energy Trading environment (CCEE) by the Energy Data Collection System
(SCDE), which is a telemetry system that enables the collection of consumption and
generation measurement data. Using web services technology with the Simple
Object Access Protocol (SOAP) has advantages such as the ability to work on any
platform, any operating system, in any computing environment and with any
programming language.
The application also includes the study and analysis of control and correction of the
power factor and contracted demand of the consumer units, with the objective of
minimizing both the customer's cost with the distributor's invoice and the impact on
the use of the distribution network. The system requirements were satisfied and its
results are presented in a real case study.

Keywords: CCEE. Free Energy Market. Automatic Data Collection. Reactive


Consumption
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACR Ambiente de Contratação Regulada


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ASMAE Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica
CCEAR Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado
CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
MME Ministério de Minas e Energia
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PIS Programa de Integração Social
SUMÁRIO

1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
INTRODUÇÃO
1.1 .JUSTIFICATIVA
........................................................... 11
1.2 .OBJETIVOS
........................................................... 11
1.2.1 Objetivo
. . . . . . . . principal
.................................................... 11
1.2.2 .Especificaoes
. . . . . . . . . . . . .do
. . objetivo
............................................ 11
2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
FUNDAMENTAÇÃO
2.1 .O. .SETOR
. . . . . . .ELÉTRICO
. . . . . . . . . BRASILEIRO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 . . . . . . . . . . . DE
MERCADOS . . . ENERGIA
. . . . . . . . .NO
. . . BRASIL
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.1 .Mercado
. . . . . . . .Cativo
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.2 .Mercado
. . . . . . . .Livre
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 .A. .CÂMARA
. . . . . . . .DE
. . .COMERCIALIZAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . . . . .DE
. . .ENERGIA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.1 .Plataforma
. . . . . . . . . .de
. . Integração
. . . . . . . . . .da
. . .CCEE
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 . . . . . . . . . . . . SOAP
PROTOLOCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5 . . . . . . . . . . . . DIGITAL
SEGURANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.5.1 Secure
. . . . . . .Sockets
. . . . . . . Layer
. . . . . .(SSL/TLS)
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.5.2 .WS-Security
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6 . . . . . . . . . . . .DE
CONCEITOS . . .FATURAMENTO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.6.1 Energia
. . . . . . . . Excedente
. . . . . . . . . .e. Controle
. . . . . . . . .de
. . Potência
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6.2 .Faturamento
. . . . . . . . . . . da
. . .Demanda
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3 . . . . . . . . . . . . . . . . .DO
ESPECIFICAÇÕES . . . PROJETO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 . . . . . . . . . ATUAL
CENÁRIO . . . . . . NA
. . . EMPRESA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 .REQUISITOS
. . . . . . . . . . . DO
. . . SISTEMA
............................................. 23
4 .DESENVOLVIMENTO
........................................................... 24
4.1 .METODOLOGIA
........................................................... 24
4.2 .DIAGRAMAS
. . . . . . . . . . . UML
................................................ 25
4.3 .AUTOMATIZAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . . .DO
. . .ACESSO
. . . . . . . .AOS
. . . . DADOS
. . . . . . . DE
. . . MEDIÇÃO
.................. 26
4.3.1 . . . . . . . . . . .dos
Tratamento . . . Dados
.............................................. 27
4.4 .DESENVOLVIMENTO
. . . . . . . . . . . . . . . . . .DOS
. . . . ESTUDOS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
CONCLUSÃO
6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
REFERÊNCIAS
10

1 INTRODUÇÃO

A atualidade está exigindo mudanças nos procedimentos operacionais das


empresas, com o avanço a automatização de processos internos é quase que
obrigatória para garantir tanto competitividade no mercado quanto eficiêcia
operacional. Sabemos que a automação pode melhorar a qualidade da gestão dos
clientes tanto por meio do aumento na agilidade do processamento de dados e
realização de tarefas, tornando as tomadas de decisões mais informadas e
estratégicas. Desta maneira, a criação de novas ferramentas e soluções
tecnológicas é inevitável para um cenário social e comercial cada vez mais
virtualizado e conectado (SILVA, 2018).
Esta ferramenta permite aos agentes do Mercado, inseridos no setor de
comercialização de energia elétrica, acessar toda as informações de maneira
segura. Dentre as diversas informações disponibilizadas na Plataforma de
Integração encontram-se os dados de medições de consumo elétrico.
Dentre as soluções desenvolvidas nos últimos tempos para acompanhar o
avanço das tecnologias, encontram-se os chamados serviços web, ou web services,
os quais permitem a interação de diferentes sistemas entre si por meio da Internet .
Neste contexto, foi desenvolvida pela Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica, a Plataforma de Integração, ferramenta responsável para garantir a
integridade dos sistemas de geração, distribuição e comercialização de energia
elétrica no Brasil.
Os dados de medição são acessados automaticamente através do envio de
requisições à Plataforma da CCEE utilizando o protocolo Simple Object Access
Protocol (SOAP). SOAP é um protocolo leve independente de plataforma, transporte
e sistema operacional, tudo porque é construído usando sistemas de teste de tempo
como o protocolo HTTP e marcação de texto em XML (SUDA, 2003). Existem dois
tipos de solicitações SOAP, a primeira é a solicitação de estilo Remote Procedure
Call (RPC), semelhante a outras arquiteturas distribuídas. Isso geralmente é
síncrono; o cliente envia uma mensagem e espera obter uma resposta ou
mensagem de falha de volta do servidor. O segundo tipo de solicitação SOAP é a
solicitação de documento, porém não é o tipo de solicitação adotada pela Plataforma
da CCEE.
tambem foram desenvolvidas duas análises com os dados coletados através
da Plataforma. A primeira análise foi à correção do fator de potência, considerando
os dados de medição de consumo reativo obtidos através do web service "Listar
medidas 5 minutos". Já a segunda análise é à melhor contratada, considerando o
cenário de menor custo de faturamento para o cliente
11

1.1 JUSTIFICATIVA

Fundado em 2005 na grande Florianópolis, o Grugeenn é uma empresa de


consultoria de gerenciamento de consumo e custo de energia elétrica que auxilia
pequenas, médias e grandes empresas a terem o melhor resultado no Mercado
Livre de Energia e em Projetos de Geração de Energia.
Propoe a melhorar uma parcela das operações realizadas no Grugeenn,
executadas com dados de medição obtidos manualmente do ambiente da CCEE,
considera-se o projeto de automatização do acesso a estes dados, garantindo maior
agilidade e segurança nestas operações internas.
Com forte crescimento no último ano, o Grugeenn atua em todas as etapas do
processo de migração e gestão de contratação da unidade no Ambiente de
Contratação Livre (ACL) e nos projetos de geração desde a concepção, viabilidade
técnica/econômica, acompanhamento da obra e gestão de projetos de geração de
energia solar e biomassa, incluindo também a busca de melhores alternativas para
aquisição e venda de Créditos Verdes, que garantem sustentabilidade às empresas.
A empresa gerencia mais de 100 MW médios de energia de consumidores
localizados em diversos estados do Brasil, representando junto à CCEE maisde 100
unidades.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo principal

Este projeto tem como objetivo principal automatizar o acesso aos dados de
medição disponíveis na Plataforma de Integração da CCEE, a qual utiliza o protocolo
SOAP para realizar a troca de informações. Realização de análises referentes à
melhor demanda contratada e ao consumo reativo, influenciando diretamente na
economia dos clientes da empresa, também compõe o objetivo geral do trabalho.

1.2.2 Especificaoes do objetivo

Tem-se como objetivos específicos:


• A estruturação das informações coletadas da Plataforma, visando facilitar as
análises dos dados de consumo e utilização destes em atividades operacionais da
empresa.
12

• Desenvolvimento da aplicação considerando a automação das análises


propostas.
• Realizar testes de operação do sistema para um cenário real.
O documento é organizado da seguinte forma:

há a revisão dos principais conceitos que envolvem o desenvolvido deste


trabalho, partindo da apresentação e breve descrição dos órgãos setoriais que
atuam no setor elétrico brasileiro. Posteriormente, neste mesmo capítulo, é
contextualizado o modelo de comercialização de energia elétrica no Brasil e
explanado sobre os dois ambientes de contratação que formam este modelo, ACL e
Ambiente de Contratação Regulada (ACR). O capítulo é finalizado com a definição
dos conceitos e ferramentas mais específicos do projeto, como a Plataforma de
Integração, revisão dos conceitos de segurança digital presentes no trabalho e
conceitos de faturamento de energia elétrica, visando contextualizar as análises
desenvolvidas.
encontram-se as especificações do projeto, onde é apresentado inicialmente
o cenário atual da empresa e posteriormente são estabelecidos os requisitos do
sistema. O desenvolvimento proposto e sua metodologia são expostos através de
diagramas UML, tanto de casos de uso, onde é transmitida uma lógica de fluxo do
sistema desenvolvido, quanto diagramas de sequência, representando a iteração
entres os atores e o sistema em uma ordem temporal. Ao fim deste capítulo é
descrito o desenvolvimento dos estudos e da solução para automatização do acesso
aos dados de medição.
Resulta- dos obtidos com o projeto são apresentados , partindo da validação
para as análises desenvolvidas. Por fim retornando aos requisitos e objetivos do
trabalho para avaliar os resultados apresentados. São apontados neste último
capítulo os próximos passos para implementação efetiva do sistema na empresa e
as principais dificuldades observadas no desenvolvimento do projeto.
13

2 FUNDAMENTAÇÃO

Nesta seção serão apresentados e descritos conceitos importantes para


entendimento do trabalho desenvolvido também para apresentar a estrutura do setor
elétrico do Brasil, facilitando o entendimento do cenário do trabalho desenvolvido.

2.1 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

Para melhor entendimento do básico da regulação e comercialização de


energia elétrica no Brasil, é fundamental a apresentação dos principais órgãos
setoriais. A seguir, estes são apresentados e descritos brevemente de acordo com o
apresentado em Nery (2012).
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) Órgão de
assessoramento da Presidência da República para a formulação de políticas de
energia, as quais devem ser seguidas por toda a estrutura setorial. É composto por 7
ministros, 1 representante dos Estados e do Distrito Federal, 1 cidadão brasileiro
especialista em matéria de energia e 1 representante de universidade brasileira,
também especialista em energia.

Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

Sua principal finalidade é a realização de estudos e pesquisas destinadas


a subsidiar o planejamento do setor elétrico brasileiro. Este órgão é uma empresa
do MME, e diversas das atividades da EPE são reguladas pela ANEEL.

Agência Nacional do Petróleo (ANP)

Órgão regulador do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, vinculado ao


MME.
Possuí atribuições de promover a regulação, a contratação e a fiscalização
das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo.
14

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

ANEEL é o regulador do Setor Elétrico, vinculado ao Ministério de Minas e


Energia mas sem reportar a ele. Suas principais finalidades são regularizar e
fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia
elétrica. Faz parte de seu papel estabelecer o equilíbrio entre agentes e
consumidores em benefício da sociedade, evitando conflitos de interesses entre os
agentes do setor elétrico e os consumidores.

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)

Responsável por acompanhar e avaliar a continuidade e a segurança do


suprimento em todo o território nacional. Á este comitê são atribuídas atividades tais
como o acompanhamento do desenvolvimento das atividades de geração,
transmissão, distribuição, comercialização, entre outras.

2.2 MERCADOS DE ENERGIA NO BRASIL

No Brasil a comercialização de energia elétrica é realizada em duas esferas


diferentes: no ACR e no ACL, conhecidos também como Mercado Cativo e Mercado
Livre, respectivamente. Segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica de 2022
(ANUÁRIO. . . , 2022), a maior parcela dos consumidores estão alocados no ACR,
cerca de 62%, chamados portanto de consumidores cativos. O ACL representa 38%
dos consumidores, neste caso chamados de consumidores livres.

2.2.1 Mercado Cativo

No ACR são as distribuidoras de energia, no caso de Santa Catarina têm-se o


exemplo da CELESC, que são responsáveis pelo ambiente de contratação. As
distribuidoras adquirem energia elétrica para atender seus clientes cativos, os quais
não possuem o direito de escolher seu fornecedor de energia. É importante ressaltar
que os custos de energia destes consumidores é atrelado às tarifas reguladas pela
15

ANEEL.
É interessante destacar que neste ambiente de contratação, as empresas de
distribuição possuem um tratamento específico para energia de reserva (a energia
de reserva busca estabelecer segurança ao fornecimento para o SIN), portanto, não
possuem contratos com quem comercializa energia de reserva (NERY, 2012).

2.2.2 Mercado Livre

No Mercado Livre, ou ACL, é onde estão os consumidores livres e especiais,


que podem escolher seu fornecedor de energia elétrica. Neste ambiente o que
determina o custo da energia são os preços, os quais podem ser negociados. São
negociados também os montantes de energia adquiridos, garantias financeiras,
dentre outros itens que formam um contrato de compra e venda de energia elétrica.
Além dos contratos de compra de energia, os consumidores também
precisam possuir contratos junto à distribuidora para conexão e uso da rede de
distribuição. Conforme informado anteriormente, neste ambiente existem os
consumidores livres e especiais, que se diferenciam pela demanda contratada,
sendo consumidores livres são os que podem comprar energia de qualquer fonte,
enquanto que os consumidores especiais podem adquirir energia apenas de fontes
incentivadas, tais como pequenas centrais hidrelétricas, eólica e solar fotovoltaica.
Os valores de limite vêm sendo reduzido nos últimos anos. Em 2021 consumidores
apenas com demanda igual ou superior à 2.000 kW eram considerados livres. De
acordo com a Portaria No 465, de 12 de dezembro de 2019 do Ministério de Minas e
Energia (PORTARIA. . . , 2019), no ano de 2021 este valor foi reduzido para 1.500
kW, em 2022 para 1.000 kW e é previsto que para 2023 este valor seja reduzido
para 500 kW. É importante salientar que os consumidores especiais atualmente
precisam apresentar uma demanda mínima de 500 kW. Mais detalhes sobre o
conceito de demanda são apresentados na Seção 2.6.2.
A energia adquirida de fontes incentivadas apresenta benefícios como
descontos de 50% ou 100% na tarifa de transporte de energia, que é determinado
com regulamentações da ANEEL. A escolha do desconto que será aplicado é feita
pelo consumidor na elaboração do contrato de compra e venda com uma
comercializadora de energia, a qual terá de adquirir energia de usina.
Os contratos de compra e venda de energia elétrica podem ser classificados
como de longo prazo, com duração superior a seis meses, ou como de curto prazo,
com duração inferior a seis meses de suprimento.
16

2.3 A CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA

Tal como a ONS atua na operação do sistema elétrico nacional, a CCEE é a


instituição responsável pela operação do mercado de energia elétrica. A CCEE
surge através da Lei no 10.848/2004 e é a sucessora das empresas Administradora
de Serviços de Energia Elétrica e Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE), as
quais atuaram nas etapas iniciais da comercialização de energia elétrica no Brasil
(NERY, 2012).
As principais atividades da CCEE estão portanto, relacionadas ao mercado, e
englobam principalmente a contabilização e liquidação do Mercado de Curto Prazo e
o tratamento da energia de reserva.
O SCDE é um sistema de telemetria que viabiliza a coleta de dados de
medição de consumo e geração. O processo de coleta de dados é realizado de
maneira remota e conectado direto aos medidores instalados nas unidades
consumidoras. Isto implica em maior segurança e efetividade nas operações do
mercado e é através deste sistema que serão coletados os dados necessários para
a realização das atividades descritas neste trabalho.

2.3.1 Plataforma de Integração da CCEE

A Plataforma de Integração da CCEE é uma ferramenta que conecta os


sistemas da CCEE com os sistemas dos agentes do Mercado Livre. Entre os
principais benefícios destacados pela CCEE para os usuários da Plataforma estão:

• Redução das atividades manuais por meio da integração entre sistemas;


• Menor custo e risco operacional com a automatização de rotinas;
• Maior agilidade e qualidade na integração e no intercâmbio de dados entre
CCEE e os demais participantes do mercado.
Com o objetivo de utilizar os recursos oferecidos pela Plataforma, é
necessário realizar uma adesão à solução, por meio de emissão de um certificado
digital e posterior cadastro na CCEE. Com o certificado instalado e o cadastro
realizado é possível acessar os serviços do sistema.
Para fazer uso desta Plataforma é necessário que sejam agentes ou
consultorias, como é o caso do Grugeen, que possuam representação total dos
clientes aderidos à CCEE. Portanto, os serviços da Plataforma de Integração
disponibilizam dados referentes aos agentes que sejam de responsabilidade da
17

Grugeen, ou seja, só é possível realizar troca de mensagens referentes a perfis de


agente próprios ou representados.

2.4 PROTOLOCO SOAP

O SOAP é um protocolo de mensagem para troca de informações


estruturadas em redes de computadores. Ele foi projetado para ser independente de
linguagem de programação e sistema operacional, e é utilizado para a comunicação
entre aplicações distribuídas. SOAP é baseado em XML e consiste em uma
estrutura de mensagem que contém um cabeçalho (header) e um corpo (body),
contidos em um dito envelope que contém as informações da mensagem (SUDA,
2003). O cabeçalho contém informações adicionais sobre a mensagem, como
autenticação, encaminhamento e outras informações de gerenciamento de
mensagem. O corpo possuí as informações propriamente ditas da mensagem.

Este serviço disponibiliza os dados de medição integrados em intervalos de 5


minutos, utilizados neste estudo para análises de gestão e projeção de faturamento.
A mensagem de entrada deste método necessita conter em seu header e body uma
“Data de referência” e um “Código do medidor”, sendo estas entradas dos tipos date
Time e String, respectivamente.
Outras informações que devem constar no header da mensagem de
requisição são os dados de autenticação de usuário. Mais informações referentes
aos requisitos de segurança da Plataforma de Integração são detalhadas na
Subseção 2.5.
Descritos os campos obrigatórios da estrutura da mensagem de entrada, que
será enviada para a Plataforma de Integração sempre que o sistema desenvolvido
neste trabalho precisar consultar dados de medição, é interessante detalhar também
a mensagem de saída do serviço da CCEE, a qual será recebida pelo sistema
desenvolvido a medida que forem realizadas requisições.
O serviço disponibiliza dados de medição de energia elétrica para a energia
ativa consumida e gerada, bem como para a energia reativa consumida e gerada. É
importante ressaltar que para a energia ativa a nomenclatura consumida e gerada é
intuitiva, contudo, para a energia reativa entende-se que o dado de consumo está
relacionado com o canal de consumo reativo indutivo, enquanto que o dado de
energia reativa geração é referente ao consumo reativo capacitivo.
18

2.5 SEGURANÇA DIGITAL

Pelo fato de a Plataforma de Integração ser uma ferramenta que conecta os


sistemas dos agentes com os sistemas da CCEE, conceitos de segurança digital
entram em questão.
Contudo, não é possível definir segurança digital de maneira tão assertiva,
visto que este tema abrange diversas aplicações. Porém, pode-se dizer que se trata
de um conjunto de medidas e técnicas que serão utilizadas para proteger
dispositivos, informações e mais especificamente no caso deste trabalho, sistemas,
de ameaças cibernéticas, tais como malware, ataques hackers como man-in-the-
middle, entre outros.
No cenário da aplicação desenvolvida neste trabalho, as principais técnicas
de segurança digital utilizadas foram Secure Sockets Layer (SSL) e WS-Security.
Com a segurança digital busca-se garantir a privacidade, integridade e
disponibilidade de dados e dos próprios sistemas em si.

2.5.1 Secure Sockets Layer (SSL/TLS)

O SSL é um protocolo de segurança desenvolvido para assegurar a


privacidade e integridade de dados transmitidos através da Internet, por meio de
criptografia. O SSL foi substituído por seu protocolo sucessor, o Transport Layer
Security (TLS), contudo suas semelhanças são tão grandes, que apesar da
descontinuação do SSL, estes conceitos viraram quase que sinônimos. O SSL/TLS
é usado de maneira a garantir, no cenário deste trabalho, para criptografar a
comunicação entre a aplicação desenvolvida e o servidor (Plataforma de
Integração).
Pelo fato da conexão da aplicação junto ao servidor da CCEE utilizar o
SSL/TLS, as informações transmitidas entre estes sistemas são cifradas de maneira
que apenas o destinatário possa decodificá-las. A confidenciabilidade dos sistemas
é garantida por meio da criptografia assimétrica, ou criptografia de chave pública,
onde são consideradas duas chaves distintas para cifrar e decodificar os dados da
mensagem (IBM, 2023). No cenário deste projeto, a CCEE usa a chave pública da
Grugeen para cifrar as mensagens enviadas à aplicação, ao passo que a Grugeen
utiliza a sua chave privada para decifrar a mensagem.Além da criptografia
assimétrica é considerado também uma autoridade certifi- cadora (Certification
Authority - CA, de maneira que esta CA é responsável por emitir e gerenciar os
certificados digitais utilizados para identificar a entidade que transmite a informação.
O processo pode ser entendido de maneira que:
19

1. O Grugeen solicita a emissão de um certificado digital a uma autoridade


certificadora reconhecida no Brasil (por exemplo a Autoridade Certificadora Raiz
Brasileira v10);

2. Esta autoridade verifica a indentidade do Grugeen e emite um certificado


digital que contém a chave pública;

3. O Grugeen usa sua chave privada para cifrar a mensagem SOAP antes de
enviá-la ao sistema da CCEE;

4. A CCEE utiliza a chave pública do Grugeen, contida no certificado emitido e


cadastrado na CCEE, para decifrar a requisição à Plataforma de Integração;

5. A CCEE verifica a identidade e autenticidade e encaminha então a


mensagem de saída SOAP à aplicação desenvolvida neste trabalho.

Outro requisito de segurança necessário na troca de mensagens com a Plata-


forma de Integração é a autenticação de usuário por meio de login e senha, o
qual é satisfeito por meio da especificaçãoWS-Security.

2.5.2 WS-Security

A Web Services Security, ou ainda WS-Security, é uma especificação da


Organization for the Advancement of Structured Information Standards (OASIS) que
fornece segurança aos serviços que utilizam troca de mensagens por meio do
protocolo SOAP (OASIS, 2004), como por exemplo a Plataforma de Integração da
CCEE. Este modelo de segurança permite aos usuários do serviço autenticar e
autorizar partes envolvidas na troca de mensagens. A WS-Security é compatível
com o protoclo SSL ou TLS, visando estabelecer ainda mais uma barreira de
proteção aos dados disponibilizados pela Plataforma de Integração.
O uso desta técnica de segurança é mais simples, onde é cadastrado junto à
CCEE informações de usuário e senha que identificam o Grugeen no sistema da
Plataforma, garantindo que seja possível acessar apenas dados atrelados ao
usuário cadastrado.
20

2.6 CONCEITOS DE FATURAMENTO

Para iniciar a introdução aos conceitos de faturamento é essencial diferenciar


o faturamento nos dois ambientes de comercialização presentes no Brasil, o ACR e
ACL.
No ACR, as concessionárias de distribuição, tais como a CELESC em Santa
Catarina, adquirem energia elétrica por meio de leilões regulados e irão fornecer aos
seus clientes tanto contrato de uso do sistema de distribuição como da energia
elétrica consumida pelos mesmos (ANDRADE PINTO; NASPOLINI; RÜTHER,
2019). Contudo, no ACL, tais concessionárias firmam com seus clientes apenas o
contrato de uso do sistema de distribuição, visto que os contratos de compra e
venda de energia elétrica são livremente negociados entre geradores,
comercializadoras e consumidores.
A Resolução Normativa ANEEL no 1000, de 7 de dezembro de 2021,
estabelece as regras de prestação de serviço público de distribuição, tais como as
condições de fornecimento de energia elétrica. As unidades consumidoras (UCs)
são separadas em grupos de faturamento, os chamados grupos A e B, referentes ao
nível de tensão que serão atendidos. O grupo A é composto de UCs com conexão
em tensão superior ou igual a 2,3 kV, as UCs com fornecimento em tensão inferior a
2,3 kV são englobadas no grupo B.
A ANEEL (2021) define conceitos importantes para entendimento do
faturamento, tais como o conceito de demanda, que é entendida como: a média das
potências elétricas ativas ou reativas, injetada ou requerida do sistema elétrico de
distribuição durante um intervalo de tempo especificado.

A resolução da ANEEL define também a demanda contratada, que é a


demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela
distribuidora no ponto de conexão com a UC, conforme valor fixado em contrato,
dado em kW (quilowatts).
Os consumidores do grupo A, onde estão enquadrados todos os clientes do
Grugeen, são caracterizados pela tarifação binômia, fazendo com que sejam
cobrados tanto pela demanda quanto pela energia que consomem (ANDRADE
PINTO; NASPOLINI; RÜTHER, 2019). A energia é cobrada pelo valor efetivamente
consumido, enquanto a demanda é cobrada considerando a demanda contratada do
consumidor.
Para o faturamento mensal da demanda, utiliza-se seu maior valor registrado
no mês (demanda medida ou demanda contratada).
As UCs pertencentes ao grupo A de faturamento estão situadas ainda na
21

estruturação horossazonal, caracterizada pela aplicação de tarifas diferenciadas


para consumo e demanda, de acordo com seu respectivo horário de utilização.
Estes horários são separados pelo posto tarifário, que é o período em horas para
aplicação das tarifas de forma diferenciada ao longo do dia.
Portanto, têm-se dois postos tarifários neste caso: posto tarifário ponta e fora
ponta. O posto tarifário ponta é definido pela ANEEL como o período de três horas
diárias consecutivas definidas pela distribuidora onde as tarifas aplicadas são
maiores, visando compensar a carga utilizada nestes horários.

A tarifação horossazonal conta ainda com duas modalidades: Azul e Verde.


Para a modalidade Azul é considerada a mesma tarifa de energia para os horários
ponta ne fora ponta, enquanto que para a demanda, esta tarifa é maior no horário
ponta. No caso da tarifação Verde, a UC é faturada por um valor único de demanda,
independente do horário ser ponta ou fora ponta. Contudo, são cobradas tarifas
diferentes de energia para os horários ponta e fora ponta.
O posto tarifário ponta não se aplica aos sábados, domingos, terça-feira de
carnaval, sexta-feira da Paixão, Corpus Christi e aos feriados nacionais dos dias 1o
de janeiro, 21 de abril, 1o de maio, 7 de setembro, 12 de outubro, 2 de novembro, 15
de novembro e 25 de dezembro, para o ano de 2022 os feriados considerados .

2.6.1 Energia Excedente e Controle de Potência

De acordo com o apresentado em ANEEL (2021), define-se que energia


elétrica reativa é aquela que circula entre os diversos campos elétricos e magnéticos
de um sistema de corrente alternada sem produzir trabalho, expressa em kVARh
(quilovoltampère-reativo-hora). A energia reativa excedente é o valor correspondente
de energia reativa que ultrapassou à quantidade permitida pelo fator de potência de
referência (0,92).

2.6.2 Faturamento da Demanda

O faturamento da demanda adotado neste estudo considera apenas a tarifa


da ANEEL vigente, sem considerar qualquer incidência de impostos na tarifa,
visando simplificar o desenvolvimento do estudo, visto que a análise de demanda
considera tarifa fixa para todos os meses analisados, não considerando incidência
dos impostos:
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de
Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
(COFINS) na tarifa.
22

Com isto em mente, é possível compreender como é realizado o faturamento


da demanda, independente da modalidade horossazonal ou do posto tarifário,
contudo vale ressaltar que para o caso de faturamento Azul, as duas demandas,
ponta e fora ponta, são faturadas, porém a metodologia é a mesma para ambas.
A tarifa desta demanda de ultrapassagem corresponde ao dobro da tarifa
apicada à demanda ultrapassada.
23

3 ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO

O mercado de energia no Brasil é dividido em dois ambientes, o de


contratação livre e o cativo. Quando um consumidor é dito livre ele está inserido no
Mercado Livre de Energia, operado pela Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica - CCEE.
Na Plataforma de Integração da CCEE são cadastrados os agentes de
mercado, e são disponibilizados, através da plataforma, os dados de medição para
os agentes.
Com a automatização do acesso aos dados de medição e de análises dos
mesmos reduz-se parte do operacional manual da empresa, além de garantir maior
agilidade nestas operações.

3.1 CENÁRIO ATUAL NA EMPRESA

Diversos procedimentos e estudos recorrentes na empresa utilizam os dados


das medições de consumo das unidades que a Grugeen realiza a gestão. Tais dados
são atualmente obtidos de forma manual pelo site da CCEE através do SCDE,
responsável pela coleta diária dos dados de medição.Os dados são disponibilizados
no formato de arquivo Excel com um período de amostragem horário, e são
utilizados nos relatórios gerenciais da empresa. Estes dados de medição também
são necessários para o desenvolvimento de estudos e estratégias de melhoria no
que diz respeito ao faturamento da concessionária, tais como correção do fator de
potência e análise da melhor demanda contratada.

3.2 REQUISITOS DO SISTEMA

A partir dos benefícios projetados por meio da automatização do acesso às


medições, foram traçados os requisitos funcionais e não funcionais do sistema.
Tem-se primeiramente os requisitos funcionais, enquadrados em resultados
específicos que o sistema deve atender. Ao passo que os requisitos não funcionais
especificam restrições ao sistema no cumprimento dos requisitos funcionais.
24

4 DESENVOLVIMENTO

Na presente seção do documento serão detalhadas as estratégias e as


soluções propostas para cumprimento dos requisitos e do objetivo principal do
trabalho.
Primeiramente será explanada a metologia utilizada no desenvolvimento da
solução que automatiza o acesso aos dados de medição seguida pelo detalhamento
dos estudos e análises desenvolvidos.

4.1 METODOLOGIA

Para melhor estruturar o desenvolvimento do trabalho foram consideradas


quatro diferentes etapas, sendo elas:

1. Planejamento e Fundamentação;
2. Desenvolvimento;
3. Testes;
4. Implementação.

Tais etapas foram propostas de maneira a serem realizadas, idealmente, de


maneira sequencial, ou seja, ao passo que uma etapa é concluída a próxima é
iniciada.
A primeira etapa, de planejamento e fundamentação, está fundamentada na
elaboração da proposta do trabalho, traçando seus objetivos e identificando
possíveis caminhos para alcançá-los. Nesta etapa foram definidos os requisitos do
sistema, com base na possibilidade de melhoria de algumas operações investigadas
junto com a Grugeen.
A etapa 1 também contempla o espaço para o estudo e revisão dos principais
temas envolvidos no desenvolvimento do trabalho, tais como o protocolo de
comunicação utilizado pela CCEE em sua Plataforma de Integração, segurança
digital, correção de fator de potência, entre outros.
Na etapa seguinte, a de desenvolvimento, estão concentradas as principais
atividades executadas para viabilizar a implementação da solução, tais como a auto-
matização do acesso aos dados de medições através da Plataforma de Integração,
tratamento destes dados coletados, realização de estudos e análises com os dados
coletados e tratados, sendo estes estudos relacionados à gestão de custos de
25

faturamento.
Para tal desenvolvimento foi considerado o uso de scipts em Python, tendo
em vista a vasta gama de bibliotecas disponíveis para tratamento dados e a
vantagem da estrutura intuitiva desta linguagem de programação.
A terceira etapa, referente aos testes está fortemente relacionada com a
etapa anterior, de maneira que são observados e analisados os resultados obtidos
na etapa 2. Esta etapa prevê portanto, ajustes no desenvolvimento do trabalho de
maneira a garantir o cumprimento completo dos requisitos estabelecidos.
A quarta e última etapa consiste na implementação da solução, onde é
realizada a integração entre o que se tem no cenário atual manual da empresa com
o novo cenário automatizado desenvolvido. Visto que o desenvolvimento deste
trabalho está relacionado com a implementação de sistemas e software, foram
utilizados diagramas UML para melhor representar e documentar o sistema
desenvolvido, os quais são apresentados e explanados na próxima seção deste
documento.

4.2 DIAGRAMAS UML

Os diagramas UML são utilizados como ferramentas importantes no momento


da modelagem do sistema ou software que está sendo projetado. Estes diagramas
são comumente atrelados aos requisitos estabelecidos para o sistema, de maneira
que sejam apresentadas as ações e funcionalidades que a aplicação deve executar,
incluindo a interação com os usuários.
Entende-se por ator aquela entidade externa ao sistema, neste caso têm-se
como exemplos de atores o usuário do sistema, possivelmente um dos funcionários
da Grugeen, e a Plataforma de Integração da CCEE, visto que ambos interagem
com o sistema para garantir o cumprimento dos requisitos.
Nos casos de uso elaborado para o sistema de Automatização da Coleta dos
Dados de Medição da CCEE, onde é possível observar os atores mencionados, bem
como os casos de uso.
A relação entre consultar dados e verificá-los é tida como de inclusão, visto
que a cada envio de consulta o sistema deve verificar se os dados que serão
enviados à Plataforma de Integração são de clientes cadastrados. Outra relação
apresentada no diagrama para o caso de uso de "Consultar dados CCEE” é a de
extensão, visto que a exibição de erro nos dados enviados pelo usuário não ocorre
sempre que dados de consulta são inseridos, apenas quando estes estão incorretos.
O primeiro deles, na ordem do fluxo estabelecido para o sistema, é a
apresentação ao usuário dos dados de faturamento para o período solicitado pelo
26

mesmo. As opções de visualização dos principais dados consultados de maneira


gráfica e tabelada deverão ser disponibilizadas pelo sistema, sendo que nesta
apresentação devem ser considerados tanto os dados com resolução de 5 minutos
como também os dados com amostragem horária.

4.3 AUTOMATIZAÇÃO DO ACESSO AOS DADOS DE MEDIÇÃO

A primeira etapa da automatização do acesso aos dados é a segurança


digital. Conforme apresentado na Subseção 2.5, existem dois requisitos de
autenticação a serem efetuados para utilizar o serviço Listar Medidas - 5 Minutos da
Plataforma de Integração: a apresentação do certificado e da senha privada
(SSL/TLS) e também a autenticação de usuário (WS-Security).
Considerando primeiramente a necessidade de apresentação do certificado e
chave para utilização do web service da CCEE, considerou-se como solução uma
implementação utilizando a biblioteca requests do Python.
Para conseguir utilizar corretamente as funcionalidades da biblioteca
requests, é necessário gerar um arquivo para o certificado e outro arquivo para a
chave privada sem a senha. Para isso considerou-se o seguinte procedimento para
manipulação do arquivo com o certificado e a senha, realizado através do terminal:

openssl pkcs12 -in /path/certificado.p12 -nokeys -out certificado.pem


openssl pcks12 -in /path/certificado.p12 -nocerts -out chave.pem

Ao executar este comando no terminal, foi necessário inserir a senha da


chave privada da Grugeen e depois escolher uma nova senha arbitrária e temporária
para este arquivo que contém apenas a informação da chave do certificado da
Grugeen.
Foi necessário posteriormente criar uma chave que não possua uma senha,
visto que esta deveria ser informada toda vez que fosse utilizado o serviço da CCEE.
Para isso, considerou-se o seguinte comando:
openssl rsa -in /path/chave.pem -out chavelivre.pem

Com isso, é possível acessar os dois arquivos separadamente, o do certifi-


cado.pem e o da chavelivre.pem, os dois arquivos necessários para satisfazer a
primeira etapa de segurança referente ao protocolo SSL/TLS.
Para a autenticação de usuário por meio da especificação WS-Security basta
informar no header da mensagem enviada à CCEE os dados cadastrados pela
27

própria Grugeen de login e senha.


Com os arquivos da chave privada e do certificado disponíveis, definiu-se:

a) a variável "url”, que nada mais é que o endereço para o serviço desejado
da CCEE. Neste caso está sendo utilizado o ambiente piloto da Plataforma:
https://piloto-servicos. ccee.org.br/ws/v2/MedidaCincoMinutosBSv2;

b) o header da mensagem de entrada;

c) as variáveis da autenticação de usuário e senha da Plataforma; d) o código


e medidor do cliente ao qual se deseja obter os dados de medição; e) a data de
referência dos dados de medição.

Desta maneira, foi possível utilizar o método .request da biblioteca para


realizar a troca de mensagem entre a aplicação e o sistema da CCEE.

4.3.1 Tratamento dos Dados

O tratamento de dados apresenta como principal objetivo a transformação do


resultado de uma mensagem de saída estruturada em XML para um formato onde
seja possível trabalhar com os dados relevantes para o trabalho.
Para tal fim, foi criado um dataframe utilizando a biblioteca pandas do Python
para melhor estruturar os dados.
Para determinar os montantes mensais de consumo ativo são utilizados os
dados de medição com amostragem de cinco minutos, o mesmo vale para a o
cálculo da demanda medida que será considerada no faturamento do cliente.,
fazendo que com dados de resolução horária, como é no caso atual da empresa, os
montantes corretos não pudessem ser definidos.
Contudo, para a determinação do montante de energia reativa excedente a
ser faturado, são considerados dados de medição de energia ativa e reativa a cada
intervalo horário, isto posto, foi fundamental a criação de outro dataframe contendo
os dados integralizados em períodos horários.
Outra consideração relevante de ser apontada é que os dados de medição
reativa são apresentados em dois canais, o reativo indutivo e o reativo capacitivo, e
portanto se viu necessário considerar a medição de cada canal em seu respectivo
horário de faturamento, visto que para a apuração da energia reativa excedente
deve-se considerar, no período de seis horas consecutivas, definido pela
distribuidora entre as 23h30 e 6h30 apenas fatores de potência menores que 0,92
capacitivo, e no período diário complementar, apenas os fatores de potência
28

menores que 0,92 indutivo.


Outro ponto importante no tratamento dos dados é a disponibilização destes
em formato de arquivo Excel, evitando que os relatórios e demais procedimentos
que também utilizam dados de medição na empresa não necessitem ser alterados,
mas tenham acesso facilitado à estas informações da mensagem de saída recebida
do serviço da Plataforma da CCEE.

4.4 DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDOS

Como apresentado nas seções anteriores, foram propostos dois estudos


visando diminuir tanto o custo do cliente com multas da concessionária quanto o
impacto negativo na rede de distribuição, favorecendo tanto o cliente quanto a
concessionária.
O primeiro estudo desenvolvido é referente ao controle do fator de potência
da unidade consumidora em análise, garantindo que durante o uso da rede de
distribuição seu fator de potência fique acima da referência estabelecida pela
ANEEL, tanto no horário capacitivo quanto indutivo.
Usualmente são considerados montantes inteiros para demanda
contratada,desta maneira consideram-se os valores inteiros mínimo e máximo
calculado de demanda medida nos doze meses e, considerando a tarifa vigente da
distribuidora, estima-se o custo de diferentes demandas contratadas por meio de
incrementos no valor mínimo registrado.
Os montantes de demanda medida foram determinados considerando o valor
máximo das médias de potência ativa registradas para os períodos de 15 minutos.
Os dados de potência ativa, em quilowatt (kW), a cada 15 minutos são determinados
por meio do consumo ativo integralizado, em quilowatt-hora, nestes respectivos 15
minutos, utilizando as medições de 5 minutos obtidas através da troca de
informações com o sistema da CCEE.
29

5 CONCLUSÃO

Conforme o apresentado no Capítulo 5, concluí-se que neste trabalho foi


desenvolvida a automatização do acesso aos dados de medição de 5 minutos
através da Plataforma de Integração da CCEE. Com o acesso aos dados e
validação dos mesmos para um estudo de caso real, foi possível também realizar as
análises propostas de correção do fator de potência e melhor demanda contratada.
Foi possível ainda satisfazer o objetivo específico de automatizar o acesso
através da linguagem de programação Python. Quanto aos requisitos do sistema,
em sua maioria foram satisfeitos até o momento de elaboração deste documento. Os
requisitos que não foram completamente satisfeitos foram: a) requisito não funcional
NF1.1, visto que o sistema ainda não possui acesso a uma lista das informações
refente ao cadastrao dos clientes na CCEE; b) requisito não funcional NF3.2, visto
que esta feature não foi implementada no sistema por não se tratar de um requsito
obrigatório.
Além da implementação e da automatização da análise de demanda no
sistema, dentro dos objetivos e sugestões para o futuro encontram-se o
desenvolvimento de uma interface para o usuário.
Finalmente, é possível concluir sobre as dificuldades encontradas no
desenvolvimento deste projeto. A etapa mais árdua foi a concretização do acesso à
Plataforma de Integração da CCEE, visto que meus conhecimentos referente aos
tópicos listados para a segurança digital exigida pela plataforma foram
desenvolvidos aos longo do projeto, ou seja, a falta de conhecimento inicial no tema
de segurança digital foi a maior dificuldade deste projeto. .
Realizar tais estudos ou previsões com amostragem horária resulta em
maiores erros, os quais são minimizados quando utilizados os dados com
amostragem de cinco minutos, os quais podem hoje em dia serem acessados por
meio da solução apresentada neste documento.
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6 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução Normativa No


1000: Regras de Prestação do Serviço Público de Distribuição de Energia Elétrica.
[S.l.], dez. 2021.

ALONSO, Gustavo; CASATI, Fabio; KUNO, Harumi; MACHIRAJU, Vijay. Web


Services - Concepts, Architectures and Applications. Nova Iorque: Springer,
2004.

CCEE. Manual de utilização de serviços: Listar Medidas - Cinco Minutos.


[S.l.],2022. Disponível em: https://www.ccee.org.br/documents/80415/919484/
ListarMedidaCincoMinutosBSv2.pdf/ef5c3678-4fe7-7216-eb34-af41a453d28b.
Acesso em: 15 nov. 2022.

CELESC. Calendário Consumidor 2022 - Grupo A. [S.l.], 2022. Disponível


em: https://www.celesc.com.br/arquivos/calendario-faturamento/grupo-
a/2022/etapa65.pdf. Acesso em: 15 nov. 2022.

EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Anuário Estatístico de


Energia Elétrica 2022. [S.l.], 2022.

NERY, Eduardo. Mercados e Regulação da Energia Elétrica. Rio de


Janeiro, 2012.

OASIS. Web Services Security: SOAP Message Security 1.0 (WS-Security


2004). [S.l.], 2004. Disponível em: https://docs.oasis-open.org/wss/2004/01/oasis-
200401-wss-soap-message-security-1.0.pdf. Acesso em: 7 fev. 2023.

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