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Ilha Solteira - SP
2017
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Ilha Solteira – SP
Abril / 2017
Dedico este trabalho em memória ao meu pai Julio Faneli dos Santos, que hoje, de onde
estiver, tem motivos de sobra para sorrir ao ver seus três filhos no caminho certo.
AGRADECIMENTOS
Meus principais agradecimentos são destinados à minha mãe Maria Helena e minhas
irmãs Juliane e Cristiane, que desde sempre fizeram o possível e o impossível para que eu
mantivesse o foco nos estudos, mesmo nos momentos de maior dificuldade.
Seria impossível esquecer de agradecer aos amigos, que são aqueles que sempre estão
prontos para te fazer sorrir, mesmo quando os resultados das análises parecem não apontar para
nenhum lugar.
RESUMO
Fuel adulteration is a recurring concern in Brazil due to the high gasoline price. This
practice is illegal and can cause serious risks to the environment, industry and people’s
economy. It is fairly known that useful life of engines subject to this practice are severely
decreased. The analysis present in this work uses the lubricant oil analysis to perform a
quantification of the degradation in a Honda 160 cc engine running with gasoline adulterated
with kerosene, ethanol and thinner in various concentrations. It was simulated 2,000 km of
continuous use for a specified interval of time. At the end of each cycle, it was collected samples
of lubricating oil. It was performed many tests in these samples, such as PQA, viscosity, X-ray
and IR spectroscopy. There was a significant additive consumption and viscosity loss,
decreasing lubrication capability. Based on these results, it was proven that the use of
adulterants in fuel can reduce significantly the useful life of the engine internal parts, however,
this analysis is not capable of identify which adulterant is being used.
1 INTRODUÇÃO 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13
2.1 Motores de combustão interna _____________________________13
2.2 Gasolina ______________________________________________14
2.3 Adulteração de combustíveis ______________________________15
2.4 Adulterantes utilizados ___________________________________16
2.4.1 Querosene 16
2.4.2 Etanol 17
2.4.3 Tíner 17
2.5 Lubrificantes __________________________________________17
2.6 Aditivos ______________________________________________18
2.7 Análise de óleos lubrificantes______________________________19
2.7.2 Viscosidade 19
3 MATERIAIS E MÉTODOS 23
3.1 Preparação das amostras __________________________________23
3.2 Análises laboratoriais ____________________________________27
4.3.1 Magnésio 36
4.3.2 Enxofre 37
4.3.3 Cloro 38
4.4 Espectrometria por infravermelho __________________________38
5 CONCLUSÕES 42
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
11
1 INTRODUÇÃO
Esta atitude ilícita pode causar muitos prejuízos ao consumidor. Dependendo do tipo de
substância adicionada ao combustível, podem ocorrer graves danos ao veículo. A adição de
etanol anidro na gasolina, por exemplo, pode desregular o motor, aumentando o consumo de
combustível, além de corroer vários componentes metálicos. Solventes podem deteriorar
mangueiras e tubos de borracha.
Este trabalho tem como objetivo analisar os efeitos que a gasolina adulterada pode
produzir no óleo lubrificante do motor. A análise de óleo como método de manutenção preditiva
é útil para identificar diversos mal funcionamentos que ocorreram no componente em que o
lubrificante a ser analisado circulou.
Neste item são descritos os passos executados em cada procedimento e quais materiais
foram utilizados, desde o preparo do motor e a retirada das amostras até as análises realizadas
em laboratório.
Os resultados obtidos nas análises foram expostos e discutidos neste capítulo para um
melhor entendimento.
Capítulo 5 – Conclusões
São elaboradas conclusões a respeito de toda a pesquisa realizada, com base nos
resultados analisados, além de sugestões de pesquisas futuras no mesmo segmento.
13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De modo simples, motores de combustão interna são definidos como máquinas térmicas
que obtém energia quimicamente a partir da queima dos combustíveis, transformando essa
energia em trabalho mecânico (TILLMANN, 2013).
Este tipo de máquina térmica foi desenvolvido no final do século 19, sendo considerado
uma das mais impactantes inovações da época.
2.2 GASOLINA
Etanol hidratado, solventes como o óleo diesel e a querosene e excesso de etanol anidro
são alguns tipos de adulterantes utilizados para diminuir o preço de custo da gasolina por parte
dos postos de abastecimento. São fatores que influem nesta prática a grande diferença de preço
destes compostos com a gasolina, a facilidade de compra destes produtos, a solubilidade na
gasolina e a alta incidência de impostos, que diminui o lucro das revendedoras
2.4.1 Querosene
Já a querosene para aviação é adequada para gerar energia para os motores turbinados a
gás de aeronaves. Este combustível deve permanecer líquido até a zona de combustão, ser capaz
de apresentar boas condições de lubrificação e resistir física e quimicamente às variações de
pressão e temperatura (PETROBRAS, 2016).
2.4.2 Etanol
2.4.3 Tíner
2.5 LUBRIFICANTES
quanto a sua viscosidade, porém existem outras propriedades importantes que devem ser
consideradas no momento da especificação do óleo (CUNHA, 2005).
Os óleos graxos são de origem animal ou vegetal e foram os primeiros a ser utilizados
para lubrificação. Entretanto, devido a sua instabilidade química a altas temperaturas, estes
óleos foram substituídos por óleos minerais e compostos. Estes últimos possuem origem
mineral, porém contam com um pequeno percentual de óleo graxo adicionado para garantir
propriedades de emulsibilidade, oleosidade e eficiência a extrema pressão (CUNHA, 2005).
2.6 ADITIVOS
Este processo utiliza um magnetômetro que possui duas bobinas, sendo uma de
referência e a outra que fará uma leitura da amostra de óleo com partículas ferrosas. Quando a
segunda bobina recebe uma amostra, o equilíbrio eletromagnético entre as duas é alterado. Esta
diferença de potencial entre as duas resulta em um pequeno sinal elétrico que é amplificado e
filtrado, resultando no índice de partículas que é diretamente relacionado com a quantidade de
partículas presentes na amostra (LAGO, 2007).
2.7.2 Viscosidade
𝜕𝛾
𝜏=𝜂
𝜕𝑡
Onde
Um dos aparatos mais simples para realização das medições é o viscosímetro Saybolt,
que relaciona o tempo de escoamento de uma quantidade determinada de fluido com a
viscosidade utilizando padrões de diâmetro de furo.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para a preparação das amostras, foi utilizado um motor estacionário novo modelo Honda
GX 160, monocilíndrico de quatro cursos, OHV de 163 cm³ e potência máxima de 5,5 CV
rodando a 3600 rpm e potência líquida de 4,8 CV a 3600 rpm. O compartimento de combustível
tem capacidade de 3,1 litros e o compartimento de lubrificante no cárter tem 600 ml, possuindo
um sistema de bloqueio do funcionamento do motor caso haja falta de lubrificante (HONDA,
2015).
2.400 rpm, considerando que esta faixa de rotação é a mais utilizada nos veículos devido ao
fato dos motores veiculares serem projetados para apresentar um melhor desempenho.
Foram efetuados treze testes, sendo um ciclo com gasolina sem contaminação e quatro
ciclos para cada contaminante (querosene, etanol e tíner) com concentrações de 5, 10, 15 e 20%
em volume de gasolina.
A Tabela 2 indica os treze tipos de adulterações ensaiados e sua identificação que será
utilizada ao longo do trabalho para efeito de simplificação. A0 representa a gasolina sem
contaminante e ON representa o óleo lubrificante que não foi ensaiado, que foi utilizado em
algumas análises com o objetivo de comparar o desgaste.
A análise do PQA também foi feita em outras dez amostras de óleo. Estas são
provenientes de ciclos feitos com gasolina adulterada por querosene de 1 a 8 por cento, sendo
estas amostras identificadas como Q1 até Q8; além de gasolina sem adulteração (A0) e óleo
novo (ON).
Para a realização de cada teste, foi necessário abastecer o tanque com o combustível a
ser ensaiado e colocar o óleo no nível especificado pelo fabricante através da entrada de
lubrificante do motor.
Após o ciclo de 40 horas de funcionamento, o óleo deve ser retirado logo após o término
do ciclo para garantir que as partículas e os eventuais contaminantes estejam presentes em todo
óleo, produzindo uma amostra suficientemente representativa. Foi retirada uma amostra de
aproximadamente 300 ml com uma seringa e uma mangueira novas, sugando o óleo a uma certa
27
altura do fundo do compartimento de óleo para não tragar impurezas excessivas que decantam
no fundo do compartimento. A Figura 8 mostra o local por onde as amostras foram retiradas.
Após a retirada da amostra, o motor deve ser totalmente limpo para a realização do teste
seguinte. Para isso, o mesmo deve ter o lubrificante esgotado e ser submetido a uma rigorosa
limpeza interna, principalmente dos rebaixos que podem reter óleo.
o óleo escoe por um orifício de área padronizada com temperatura definida, sendo assim o
tempo de escoamento de um volume padrão de líquido facilmente relacionado com o valor de
viscosidade em centistokes. A Figura 10 representa o aparelho utilizado no laboratório.
Para realizar este ensaio, deve-se ligar o aparelho e regular a temperatura do termostato
para aquecer o banho termostático do aparelho até a temperatura desejada (foram usadas as
temperaturas de 40 °C e próximo a 100 °C). O óleo deverá estar dentro do recipiente e em
equilíbrio térmico com o fluido de aquecimento. No equilíbrio, deve-se remover a rolha que
segura o fluxo de óleo e deixar que este caia sobre a parte de entrada de um recipiente de vidro
com marcação aos 60 ml. Simultaneamente, deve ser iniciado o cronômetro. Quando a parte
inferior do menisco do óleo atingir a marcação no recipiente, deve-se parar o cronômetro e
anotar o tempo, que corresponderá a viscosidade do óleo ensaiado em SUS (Saybolt universal
second). Utilizando uma tabela, a viscosidade em SUS pode ser convertida em cSt.
30
Para esta análise, foi utilizado um espectrômetro de raios-X modelo Oxford X-Supreme
8000. Este aparelho permite a análise de até dez amostras no mesmo ciclo. Possui um
computador acoplado para mostrar e exportar os resultados, como pode ser visto na Figura 11.
São utilizados tubos padronizados que devem ser lacrados com um papel filme
específico do fabricante para que não haja interferência na leitura. Uma vez montado o filme,
despejou-se as amostras no copo. Existe uma marca interna que indica o nível necessário, de
aproximadamente 13 ml.
Para esta análise foi utilizado um aparelho Fluidscan Q1000, capaz de analisar pequenas
quantidades de óleo. Para iniciar a análise, deve-se verificar a limpeza da janela de vidro por
onde passa o feixe infravermelho. Em seguida, deve-se despejar uma gota de óleo no vidro,
fechar as lâminas e inseri-las no aparelho.
Fonte - Fluidscan
32
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados a seguir foram obtidos com os óleos utilizados em ciclos que o motor foi submetido
a gasolina adulterada nas concentrações de 1 a 8 por cento de querosene, além de gasolina sem
adulteração. Também foi ensaiado o óleo novo. Os valores encontrados nas cinco medições
realizadas foram registrados nas Tabela 3 e na Figura 13.
60.0 55.6
Número de partículas
50.0
40.0
30.0
21.6 22.2 21.4
18.4 18.4 18.8 19.0 20.0
20.0 17.8
10.0
0.0
ON A0 Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8
Foi observado uma diferença significativa apenas na amostra que foi obtida no motor
durante o ciclo com combustível sem adição de querosene. Isto se deve ao fato deste ter sido o
33
primeiro ensaio realizado no motor, mesmo este tendo sido submetido ao processo de
amaciamento proposto no manual do equipamento.
Utilizando as amostras obtidas com adulterações de 5 a 20 por cento com querosene,
etanol e tíner, foram obtidos dados que mostram que a diferença dos valores de partículas
magnéticas não é significativa, por serem muitos próximos até mesmo do óleo novo, como pode
ser visto na Tabela 4 e na Figura 14.
16 15.25 15.5
15
14.5 14.5
13.75 13.75 14 14
14 13.25 13.25
12.5
Número de partículas
12.25 12
12
10
0
ON A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20
Pode ser observada uma leve queda no número de partículas nas amostras produzidas
pela adulteração de querosene, entretanto nenhum valor teve elevada diferença em comparação
com o óleo novo. O óleo lubrificante utilizado possui um processo de produção em que está
sujeito ao acúmulo de impurezas magnéticas, entretanto nada comparável ao nível de impurezas
que são acumuladas após um ciclo de desgaste.
4.2 VISCOSIDADE
T20 66.57
T15 67.14
T10 69.86
T5 66.34
E20 65.23
E15 66.95
E10 68.44
E5 68.99
Q20 62.91
Q15 66.08
Q10 66.84
Q5 68.25
A0 65.61
ON 79.86
4.3.1 Magnésio
Mg
500 469.1
450 417.3
400 361.8 356.3
337.5 355 372.1
350 333
Mg [mg/kg]
Houve queda no nível de magnésio no óleo usado, apresentado a maior queda nas
amostras em que o tíner foi utilizado. Em todos os níveis de tíner o resultado foi menor que o
óleo obtido no ciclo com gasolina pura. Isto mostra que a capacidade limpeza do óleo foi
prejudicada e que o aumento na contaminação do combustível por tíner agrava o problema.
Contaminações por querosene e etanol a 20% também reduziram a concentração de magnésio
no lubrificante.
37
4.3.2 Enxofre
S
0.6
0.52
0.5
0.43
0.4
S [Wt %]
0.3
0.2
0.09 0.09 0.09 0.09 0.09 0.09 0.09 0.10 0.09 0.09 0.09 0.09
0.1
0.0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
4.3.3 Cloro
Cl
400.0
343.6
350.0
300.0
Cl [mg/kg]
250.0
200.0 174.4
152.4 158.8
150.0 117.3 130.9138.4123.4 126.4139.0113.7125.2117.3126.4
100.0
50.0
0.0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
Houve queda no teor de cloro das amostras, entretanto esta queda já era esperada devido
ao consumo regular de aditivo durante os ciclos de funcionamento. A gasolina com
contaminantes apresentou resultados bem similares à gasolina sem adulteração.
Aditivo antidesgaste
108 105.72
106 104.45
104
102 100.06
100 98.80 98.34
98 96.45 96.82 96.26
95.87 95.90
96 94.08 94.65 94.85
93.84
94
92
90
88
86
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
Nitretação
1.2
1.00
1 0.89 0.88
0.77 0.81
0.8 0.67
0.62
0.6
0.4 0.30
0.23
0.18
0.2
0.06
0.00 0.00 0.00
0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
Oxidação
3.5 3.32
3
2.5
2.04
2 1.74 1.65 1.64
1.48 1.56 1.54 1.59
1.41 1.37 1.30
1.5 1.14
1 0.62
0.5
0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
Fuligem
0.02 0.02 0.02
0.018
0.016
0.014 0.01
0.01
0.012
0.01
0.008
0.006
0.004
0.002 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
Sulfatação
6
5.21
5
4
2.73 2.92 2.86
3 2.56 2.67 2.61 2.56 2.56 2.68 2.61 2.67
2.39
2.04
2
0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
TBN
12
10.23
10 9.27 9.18 9.22 9.12 9.07 9.19 9.10 9.24 9.20 9.27 9.31 9.43
8.38
8
0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
Água
80 72.87
70
60
50
40
30
20.34
20 16.79
10 6.13
0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
0
A0 Q5 Q10 Q15 Q20 E5 E10 E15 E20 T5 T10 T15 T20 ON
A nitretação do óleo (Figura 20) foi diminuída a zero em praticamente todas as amostras
feitas com querosene, o que pode indicar, como exceção, um aspecto positivo da adição deste
produto.
O nível de água (Figura 25) das amostras com etanol foi elevado, provavelmente devido
ao fato do etanol utilizado ter sido o hidratado, contaminando o motor com água em excesso.
42
5 CONCLUSÕES
Em trabalhos futuros, podem ser utilizados outros métodos de análise, como a análise
de vibrações e a análise de ruído para identificar os problemas causados ao motor pela
adulteração.
44
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS