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Analisando a segunda geração dos Annales, a chamada Era Braudel, devemos iniciar

por este que influência seu “nome”. Braudel foi o sucessor de Lucien Febvre, após sua morte
em 1956, na direção dos Annales, mas sua forma de fazer história e sua influência iniciam um
pouco antes. Como muitos historiadores da época, o mesmo já lecionava no período em que
iniciou sua tese de doutorado, seu primeiro grande trabalho, e justamente por esse fato precisou
para sua pesquisa para vir lecionar no Brasil. Ao retornar a França vemos a fortificação de sua
relação com Febvre e a influência deste sobre seu trabalho. Braudel focou sua tese no
Mediterrâneo, como podemos observar no próprio título (O Mediterrâneo e Felipe II), e suas
redondezas, sendo essa bem extensa e construída com uma divisão em três partes principais.
Neste trabalho já podemos notar que o foco de Braudel em muito se diferenciava do de Febvre.
Apesar de buscar a “história total”, este não voltava sua atenção para a história social dos
homens, das tradições e religiões, seu foco era a história do local voltada para a geografia e para
a economia geral, sendo a primeira parte de sua tese inteiramente focada na geo-história do
Mediterrâneo e seus arredores.
Apesar das críticas ao seu trabalho, principalmente por ser muito determinista em seus
escritos, Braudel ascendeu a direção dos Annales e continuou a realizar grandes trabalhos. Seu
modo determinista não foi deixado de lado, muito menos a importância que dava a
interdisciplinaridade, principalmente o valor que dava local geográfico e a economia para
influenciar as mudanças em uma sociedade. Isto influenciou diversos outros historiadores ao
longo de seu período nos Annales, muitos dos quais foi orientador. Destes, vale a pena salientar
dois grandes nomes, Ernest Labrousse e Emmanuel Le Roy Ladurie. Com Labrousse vemos a
fortificação da recém iniciada história quantitativa, seja ela das estatísticas ou de censo
populacional, e também uma maior inserção do marxismo nos Annales que nem Bloch nem
Febvre (os fundadores) tinham grande interesse e que Braudel só levou em consideração em
suas últimas obras. Labrousse também foi orientador de muitos nos Annales, fato que
influenciou o crescimento da história quantitativa e seu crescimento para uma história
demográfica. Com Le Roy, dito um dos mais brilhantes discípulos de Braudel, vemos a
continuidade da importância da multidisciplinaridade, da “história total”. Assim como Braudel,
Le Roy tinha grande interesse pelo meio físico, porém focava também na história social. Sua
obra é descrita por Peter Burke como:
“... uma página esplêndida da história geográfica e socioeconômica escrita à
maneira das monografias regionais, nos anos 60, vinculadas aos Annales
Faziam uso abundante dos métodos quantitativos, não só para estudar as
flutuações de preços, as taxas de nascimento, casamento e mortalidade, mas
também as tendências na distribuição da propriedade, na produtividade
agrícola, etc.” (BURKE, 1992)
Seu modo de escrever, fugindo um pouco do paradigma braudeliano, é um dos primeiros passos
que influenciaram a nova geração dos Annales e a forma de se fazer história posterior.

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