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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS MARINHAS E COSTEIRAS

Licenciatura em Biologia Marinha

II Nível

Grau de Estratificação da coluna de água nos tanques de Aquacultura do Aqua-pesca, Cidade


de Quelimane

Discente: Docentes:

Anilo Armindo Uassitela Mestre Teófilo Ferraz


Ph.D. Maria Helena Paulo

Quelimane, Outubro de 2021


Índice
1. Introdução.........................................................................................................................................3

2. Problematização Justificativa...........................................................................................................4

3. Objectivos.....................................................................................................................................5

3.1.Objectivo Gerais.........................................................................................................................5

3.2.Objectivos Específicos............................................................................................................5

4.Revisao bibliografica.....................................................................................................................6

4.1.Energia minima necessaria para misturar uma coluna de agua no tanque de aquapesca...........6

4.2.Mistura induzida pelos ventos....................................................................................................6

4.3.Mistura na coluna de agua..........................................................................................................6

5.Metodologia e método...................................................................................................................7

5.1.Descrição da área de estudo........................................................................................................7

5.2.Material usado................................................................................................................................8

5.3.Anomalia de energia potencial...................................................................................................8

5.4. Determinação grau de estratificação no Estuário..........................................................................9

6. Resultados e Discussão...............................................................................................................10

7. Conclusão...................................................................................................................................14

8. Referencias Bibliográficas.............................................................................................................15

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1. Introdução
Os processos de estratificação e mistura de água desempenham um papel importante na física dos
mares costeiros pouco profundos. Por isso, é necessário definir medidas adequadas para
estabilização da coluna de água, que pode ser facilitada pela qualidade de observação de campo,
como os modelos númerico (Burchard, 2007). A mistura vertical da coluna de água é causada por
turbulência resultante do atrito com o fundo do mar. Em áreas onde a água é rasa e as correntes de
maré são fortes o suficiente, a mistura vertical da coluna de água é estendida. Em outras áreas onde
a água é mais profunda e as correntes de maré são mais fracas, ocorre menos mistura e
estratificação, com camadas de diferentes densidades, pode se desenvolver no verão quando as
águas superficiais são aquecidas (Brown et al, 1999). A estratificação surge por causa de fluxos que
ocorrem naturalmente envolvendo fluidos de densidades tipicamente diferentes. A estratificação de
uma coluna de água é um sistema do qual as águas profundas acarretam maior densidade em relação
às superficiais Cushman-Roisin (1994).

A influência dos ventos para misturar uma coluna de água depende da sua direcção e magnitude
(Simpson, 1996). O vento sobre a água causa uma corrente superficial na mesma direcção. A
fricção entre a água em movimento e a água estacionária gera mistura vertical turbulenta, trazendo
alguma água profunda para a superfície. O vento pode ainda causar arrefecimento da água a
superfície tornando-a mais densa que a da camada sub superficial e assim causar o seu
afundamento, por outro lado, empurra a água superficial originando assim a ressurgência da água da
camada inferior. Frentes oceânicas são zonas relativamente estreitas que acentuam os gradientes
horizontais das propriedades aquáticas (temperatura, salinidade, nutrientes, etc.) e separam grandes
regiões com diferente massas de água ou diferente estruturas verticais (estratificação). Frentes são
geralmente descritas como descontinuas devido a suas naturezas abruptas, ocorrem em diversas
escalas, desde poucos metros ate milhares de quilómetros e podem ter vida breve (dias), embora a
maioria das frentes são quase estacionárias e sazonalmente persistentes (Belkin et al., 2005).

O presente trabalho tem como objectivo, estudar o grau de estratificação da coluna de água nos
tanque de Aquacultura da empresa Aquapesca, e nesta perspectiva que usou-se cálculos das
anomalias das energias potencial de modo a determinar o grau de estratificação em cada
profundidade, portanto o estudo e relevante pois com esse resultados vai nos ajudar a compreender,
os processos associados a mistura e estratificação na coluna de água contribuindo assim com
conhecimento das condições oceanográficas daquele local. Portanto espera-se que com os
resultados desde trabalho possa subsidiar a informação já documentada sobre anomalia da energia
potencial na coluna de água nos tanques de aquapesca e em outros locais de piscicultura no pais.

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2. Problematização Justificativa
Embora exista vasta gama de informação documentada sobre o estudo da estratificação. Vários
estudos relacionados à pesca de camarão têm sido realizados no tanques de cultivo de espécie em
cativeiro (Gammelsrød 1992; Sousa et al.2006; Fennessy e Isaksen 2007), mas as características das
marés e particularmente a estratificação da coluna de água ainda permanece mal-entendido. Espera-
se que os resultados deste trabalho possam subsidiar a informação já documentada sobre outros
parâmetros que ainda não foram estudados, podendo dar algum contributo na comunidade científica
e para a área das pescas pois a distribuição de certas espécies é fortemente controlada pela
estratificação da coluna de água pois esta serve como base de uma cadeia alimentar.

O estudo da estratificação ajuda-nos a entender as causas de termos épocas de maior e menor


produtividade, auxilia-nos também no entendimento do comportamento vertical dos mares costeiros
baseando-se em parâmetros físicos-químicos e biológicos. As frentes oceânicas, como zonas de
transição de águas misturadas para águas estratificadas, são importantes devido a alta actividade
biológica que lá se gera. A camada de água recém estratificada atrás da frente, conterá nutrientes da
anterior água misturada. Observações dos nutrientes através das suas características, mostram que
as concentrações de nutrientes tendem a ser maiores na região misturada que nas camadas
superiores estratificadas, onde presumivelmente elas esgotam-se pela actividade biológica. Surge
daí a relevância em determinar a energia proveniente dos factores contribuintes para a ocorrência
dos fenómenos de estratificação e mistura. Deste modo, é possível caracterizar locais e períodos de
maior ou menor energia necessária para misturar ou manter a estratificação duma coluna de água.

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3. Objectivos

3.1.Objectivo Gerais
 Grau de estratificação da coluna de água no tanque de Aqua-pesca.

3.2.Objectivos Específicos
 Avaliar a distribuição da anomalia de energia potencial em profundidade;
 Determinar o grau de estratificação e de mistura nos tanques de Aqua-pesca;
 Analisar o valor máximo e mínimo de energia necessária para misturar uma coluna de Água.

Hipotese:
o O grau de estratificação na coluna de água esta associado a temperatura superficiais
elevadas no tanque;
o Para misturar a coluna de água e necessário a mobilização da energia suficiente para vencer
as forças de sustentação tais como as marés e ventos;
o Nos tanques de Aqua-pesca, o aquecimento solar e considerado como um fenómeno que
causa a estratificação da coluna da água

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4.Revisao bibliografica

4.1.Energia minima necessaria para misturar uma coluna de agua no tanque de aquapesca

Se for tanto positiva como negativa, existirá a estratificação e o módulo dos seus valores
determinarão o quão próximo pode estar para ser misturada.

Figura 1: Distribuição da anomalia ao longo da coluna de água

O parâmetro ∅ (J m-3) é a média em profundidade do défice de energia potencial devido a


estratificação, comparada com a energia potencial de uma coluna de água completamente misturada
(Bowden, 1983).

4.2.Mistura induzida pelos ventos


A influência dos ventos para misturar uma coluna de água depende da sua direcção e magnitude
(Simpson, 1996). O vento sobre a água causa uma corrente superficial na mesma direcção. A
fricção entre a água em movimento e a água estacionária gera mistura vertical turbulenta, trazendo
alguma água profunda para a superfície. O vento pode ainda causar arrefecimento da água a
superfície tornando-a mais densa que a da camada sub superficial e assim causar o seu
afundamento, por outro lado, empurra a água superficial originando assim a ressurgência da água da
camada inferior.

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4.3.Mistura na coluna de agua
Para misturar uma coluna de água estratificada é necessário a mobilização de energia para vencer as
forças de sustentação. Essa energia pode resultar das correntes de maré no fundo e dos ventos à
superfície.

5.Metodologia e método

5.1.Descrição da área de estudo


Este estudo foi feito nos tanques da AQUAPESCA, na provincia de Zambezia Cidade e Municipio
de Quelimane. Aquapesca situa se na Ilha de Inhassunge e encontra numa região com clima tropical
húmido caracterizado por estações chuvosas e secas ao longo do ano. Encontra-se a 5km da cidade
munincipal de Quelimane e possui uma largura média de 2km e cerca de 30km de comprimento, o
que deixa uma extensão de área estimada em cerca de 60km2. Aquapesca esta localizada na
margem do estuário dos Bons Sinais com a latitude de 170 053' 31.98' ' sul e longetude
0 ' ''
36 052 33.16 a Este, e esta a 14 milhas nauticas entre a costa Mocambicana.

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Figura 2: Localização da área de estudo. Fonte: ArcGis 10.2. ArcMap.

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5.2.Material usado
Para a colheita de dados foram usados os seguintes equipamentos:

 Um GPS (Geographic Positioning System) III plus, para a localização das estações.
 Um Correntómetro RCM (Seaguard Annderaa) com sensores de temperatura, salinidade e
usa o principio Dopller para medição da velocidade.
 Um CTD (Conductivity, Temperature and Depth) para fazer as medições de temperatura e
salinidade ao longo do Estuário.

Figura 3: Equipamentos usados na colheita de dados: GPS, CTD e Seaguard.

Para a realização do presente trabalho foi possível com base nos dados de densidade da água,
temperatura da água e profundidade dos tanques de Aquapesca no ano de 2015, onde estes dados
foram colhidos em cada hora de acordo com o critério do observador. De segunda fora feitas
cálculos estatístico no programa Microsoft Excel 2016, onde foi feito cálculos de anomalia da
energia potencial para misturar e para estratificar.

5.3.Anomalia de energia potencial


O efeito da estratificação nos oceanos e nos estuários é principalmente devido as temperaturas
elevadas das águas superficiais, descargas fluviais, a evaporação e formação de gelo. Anomalia da
energia potencial pode ser dada pela seguinte expressão:

h
1
∅= ∫ (ρ−ρ(z))gzdz
h z=0
[1]

Energia potencial necessária para estratificar a água numa determinada profundidade (EPs)

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5.4. Determinação grau de estratificação no Estuário

O grau de estratificação nos tanque de aquapesca foi determinado por meio de anomalia de energia
potencial da coluna de água. A energia potencial da água numa determinada profundidade EP s é
dada por (Ibraimo, 2004 e Simpson, 1990):

EP s =ρgz [4]

Onde ρ é a densidade de água, g é a aceleração devido a gravidade, z é o nível na coluna de


água, medido o nível medio do mar e negativo em profundidade. A energia potencial de mistura
nessa profundidade EP mé dada por:

EP m= ρ gz [5]

Onde ρ é a densidade media na coluna de água. Assim, a anomalia de energia potencial, ou seja, a
energia necessária para misturar a água em cada profundidade da coluna de água (∅ z) é

dada por:

∅ z=EP m−EP s [6]

E a anomalia em toda a coluna de água, ou seja a energia necessária para misturar todo coluna de
água ( φ ), que corresponde à solução numérica é dada por:

∆z
∅= ∑ ∅z
h z=−h
[7]

Onde h é a profundidade, Δz é o intervalo entre as medições em profundidade. Para o caso em que


o intervalo de profundidade é constante, a equação [4] pode ser reescrita da seguinte maneira:

∑ ∅z
∅= z=−h [8]
N

Onde :

N= número total de medições

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6. Resultados e Discussão
A anomalia da energia potencial depende da profundidade, é possivel notar o aumento das
profundidades que originam o aumento de anomalia nos primeiro intervalo de medição ao último.

Figura 4: Distribuição da anomalia da energia potencial em cada profundidade as 8h

A figura 4 ilustra a distribuição da anomalia da energia potencial em função da profundidade as 8h


nos tanque de cultivo de espécies aquáticas no na empresa aqua-pesca, desta podemos constatar que
que anomalia da energia potencial no período das 08:58horas notou-se uma anomalia maxima de
14,25528788 Jm−3 a coluna da agua estava complentamente estratificada numa profundidade de
0,806207853.

Figura 5: Distribuição da anomalia da energia potencial em cada profundidade as 9h

Portanto nesta observação constatou-se que valores mais elevados de profundidade estava na ordem
de 0.8 m em que anomalia da energia potencial era de – 4J m−3 e nos tempos subsequentes a
anomalia da energia potencial não ultrapassaram os 0.5Jm−3.

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Figura 6: Distribuição da anomalia da energia potencial em função da profundidade as 11h

No período das 9 horas verificou-se um aumento da anomalia da energia potencial em função da


profundidade onde a profundidade encontrava-se na ordem de -0.8m em que anomalia da energia
potencial era de -4 Jm−3 aumentado a energia quando também a profundidade aumenta.

Figura 7: Distribuição da anomalia da energia potencial em função da profundidade as 13h

No período das 11 horas podemos observar que houve uma oscilação da anomalia da energia
potencial em diferentes profundidades nesta ordem a oscilação sempre tende a aumentar quando
aumentamos a profundidade, onde na superfície no intervalo de 0 a -0.2m de profundidade a
anomalia da energia potencial era de 1.9 Jm−3 nesta perspectiva na medida em que aumentava a
profundidade a anomalia também aumentava como ilustra a figura em que no fundo do tanque na
profundidade correspondente a 0.8m a anomalia da energia potencial estava em torno de -4 Jm−3.

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Figura 8: Distribuição da anomalia da energia potencial em cada profundidade as 14h

``A figura 8 ilustra a anomalia da energia potencial nos tanque de aqua-pesca as 14h
do ano de 2015 nesta perspectiva podemos observar que temos oscilação da anomalia da
energia potencial devido alta taxa da radiação solar nesse período visto que as 14:00horas o
valor elevado da anomalia verificada foi de 17,92085308 Jm−3 a uma profundidade de
0,767576874m, neste intervalo de tempo foi onde a anomalia foi maxima em toda a coluna
de agua em relacao aos valores observados o que leva a concluir que as 14h estavase perante
uma coluna da agua completamente estratifiacada.

Figura 9: Distribuição de anomalia da energia potencial em função da profundidade as 14 h

No período da tarde nos tanques de aqua-pesca o valor da anomalia da energia potencial descareceu
ou seja teve valor negativo na profundidade de 0.8m onde os valores da anomalia da energia
potencial estavam em torno de -1.8Jm−3.

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Figura 10: Distribuição de anomalia da energia potencial em função da profundidade as 15h

Quando eram 15horas do periodo da tarde observou-se uma elevada profundidade que
chegou atingir quase 0.9m o que o mesmo valor não se obteu em nenhuma hora no
periodo de manha, em que anomalia da energia potencial era de 5 J m−3

Figura 11: Distribuição da anomalia da energia potencial em função da profundidade as 17h

Neste periodo das 16 horas o valor da anomalia de energia pontencial permaneceu


constante entre 15 horas e as 16 horas, apenas verificou se a diferenca na profundidade as
16h que era de aproximadamente 0.9m com anomalia de energia pontecial em torno de 3 Jm−3. As
17:00horas o valor elevado da anomalia foi de 4,130251149 Jm−3 a uma profundidade de
0,777820757m.

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7. Conclusão
Os resultados da variação da anomalia em função da profundidade por horas, desde das 08h até 17h
do dia 15 de Setembro de 2015, os valores mínimos e máximos da anomalia em cada profundidade
constatados em dois períodos foram de aproximadamente -5 e 25 J m−3. Os valores da anomalia
foram muitos baixos comparativamente com os valores mínimos e máximos observados, a variação
foi dum intervalo de 0 Jm−3 ,onde assumiuse a ocorrencia da mistura em diferentes graus,
principalmente nas 08h10min até 11h10min ocorria a estratificação, das 14h, 15h até as 16h a
mistura é que notou-se nos tanques de aqua-pesca. Houve um crescimento significativo da
profundidade no período de amanha isso as 08h10min com 0.8 m comparativamente com 0.1 m da
variação da profundidade nas análises dos dados referidos em que anomalia de energia potencial de
-4Jm−3e no resto das alturas os valores da anomalia da energia potencial não ultrapassaram a -1 J
−3
m . De forma conclusiva podemos concluir que o tanque de aqua-pesca encontra-se maior parte do
tempo misturada com energia variando entre -5 e 25 Jm−3 neste caso em algumas horas o tanque de
Aquapesca encontra-se misturado devindo a pouca profundidade dos tanques, neste caso reduzindo
forca de sustentação da energia potencial nestes tanques. A época que se verificou maior
estratificação foi quanto a radiação atingiu o seu pico mais alto no período das 12 a 14h nesta
perspectiva podemos constatar que a estratificação esta associado a temperatura e descarga, o valor
mínimo para misturar a coluna de água -5 Jm−3 . A mistura favorece a re-suspensão de nutrientes,
condições necessárias para a produtividade primária.

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8. Referencias Bibliográficas

Belkin, I.M.; Oceanic fronts in Large Marine Ecosystems. Final Report to the United Nations
Environment Programme, 2005. 49 pp.

Brown et al (1999). Waves, Tides and Shallow-water processes. The Open University, pp
227.

Cushman-Roisin, B. (1994). Introduction to Geophysical Fluid Dynamics. 320 pp, New Jersey,
Prentice-Hall, Inc.

Ibraimo, Dalica J. 2004. Grau de estratificacao da coluna de agua na baia de Maputo. Trabalho de
licenciatura. Universidade Eduardo Mondlane.

Mabota, Humberto S. 2009. Grau de Estratificação da coluna de água no Estuário dos Bons Sinais.
Trabalho de licenciatura. Escola Superior de Ciências Mrinhas e Costeira. Universidade Eduardo
Mondlane.

Simpson, J. H., Brown, J., Matthews, J. & Allen, G. (1990). Tidal Straining, Density Currents, and
Stirring in the Control of Estuarine Stratification. Estuaries, 13(2): 125–132.

Fennessy ST, Isaksen B. 2007. Can bycatch reduction devicesbe implemented successfully o
prawn trawlers in the western Indian Ocean? African Journal of Marine Science 29: 453–463.

Gammelsrød T. (1992). Variation in shrimp abundance on the SofalaBank, Mozambique, and its
relationship to the Zambezi River runoff. Estuarine, Coastal and Shelf Science 35: 91–103.

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