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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

ENGENHARIA AGRÍCOLA AMBIENTAL

3º NÍVEL – LABORAL, 1º SEMESTRE

CIÊNCIA DO SOLO

RETENÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

CHIMOIO, MARÇO DE 2024


UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS
ENGENHARIA AGRÍCOLA AMBIENTAL
3º NÍVEL – LABORAL, 1º SEMESTRE
CIÊNCIA DO SOLO

RETENÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

Docentes:
Engª. Regina Aleixo, MSc
Engª. Sariela da Glória Williams
Discentes:
Brígida Quinho Salvador
Bruna Xavier
Eunice Firmino Tomás Nguarai
Evimó Lourenço Tomás Noé Jemusse
Kelvin Moisés Anguirai Niquisse
Mauro António Manama
Simão Luís Bulande

CHIMOIO, MARÇO DE 2024


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4

1.1. Objetivos .......................................................................................................................... 4

1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 4

1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 4

1.2. METODOLOGIA ............................................................................................................ 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 5

2.1. Estrutura da água .............................................................................................................. 5

2.2. Retenção da água no solo ................................................................................................. 5

2.2.1. Tensão superficial ..................................................................................................... 6

2.3. Capilaridade ..................................................................................................................... 8

2.3.1. Mecanismo da Capilaridade ...................................................................................... 8

2.3.2. Efeitos da capilaridade no solo ................................................................................. 9

2.4. Curva característica de água no solo .............................................................................. 11

2.4.1. Métodos para obtenção da curva característica de água no solo ............................ 11

2.5. Fenómeno histerese ........................................................................................................ 12

2.5.1. Importância curva característica de água no solo ................................................... 14

2.6. Relação entre curva de retenção de água no solo com textura e estrutura ..................... 14

3. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 15

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 16


1. INTRODUÇÃO
A água é um componente essencial para todos os seres vivos. Embora seja uma das mais simples
substâncias químicas da natureza, possui propriedades únicas que promovem uma ampla variedade
de processos físicos, químicos e biológicos. Estes processos influenciam consideravelmente quase
todos os aspectos do desenvolvimento e comportamento do solo, desde o intemperismo dos
minerais à decomposição da matéria orgânica e, do crescimento das plantas à contaminação do
lençol freático.

A água é familiar a todos nós. Nós bebemos, lavamos, nadamos e irrigamos nossas culturas com
ela. Mas a água que bebemos é completamente diferente da água no solo. No solo, a água está
intimamente associada com partículas sólidas, particularmente àquelas de tamanho coloidal. A
interacção entre água e sólidos do solo altera o comportamento de ambos.

1.1.Objetivos

1.1.1. Geral
➢ Entender o comportamento da água no solo.

1.1.2. Específicos
➢ Falar da característica de água no solo e sua Importância;
➢ Explicar como ocorre a retenção da água;
➢ Relacionar a curva de retenção de água no solo com textura e estrutura.

1.2.METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória. Permitindo investigar na literatura a relação


que a água e solo tem e seu conjunto de procedimentos para embasar o raciocínio logico. Como
metodologia utilizada para responder aos objetivos definidos, este trabalho foi elaborado através
de uma revisão sistemática da literatura sobre o tema em análise, recorrendo a livros, artigos, sites
institucionais e dissertações.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Estrutura da água

A habilidade da água em influenciar diversos processos do solo é determinada principalmente pela


estrutura da molécula de água. Esta estrutura também é responsável pelo fato de que a água esta
principalmente presente como líquido, e não um gás, em temperaturas encontradas na Terra. A
água é, com excepção do mercúrio, o único líquido inorgânico (não baseado em carbono)
encontrado na Terra. A água é um composto simples, suas moléculas individuais contêm um
átomo de oxigénio e dois átomos de hidrogénio muito menores. Os elementos estão ligados entre
si covalentemente, cada átomo de hidrogénio compartilhando seu único electrão com o oxigénio.
Ao invés de se alinhar simetricamente em ambos os lados do átomo de oxigénio (H-O-H), os
átomos de hidrogénio são ligados ao oxigénio em um arranjo em forma de V com um ângulo de
apenas 105º.
A água é, portanto, uma molécula assimétrica com o compartilhamento de electrões, na maior
parte do tempo, mais próximo ao oxigénio que ao hidrogénio. Consequentemente, as moléculas de
água exibem polaridade; que é, as cargas não são uniformemente distribuídas. Pelo contrário, o
lado em que os átomos de hidrogénio estão localizados tende a ser electropositivo e o lado oposto
electronegativo , (BITTELLI & FLURY, 2009).

2.2.Retenção da água no solo

BITTELLI & FLURY (2009) Normalmente o espaço poroso do solo no campo é ocupado por
quantidades variáveis de uma solução aquosa ou água no solo e de uma solução gasosa ou ar no
solo; o solo nesta situação é chamado de solo não saturado. O solo com o seu espaço poroso
totalmente cheio de água é chamado de solo saturado. Dois são os processos que explicam a
retenção da água num solo não saturado.

No primeiro deles, a retenção ocorre nos chamados poros capilares do solo e pode ser ilustrada
pelo fenómeno da capilaridade, o qual está sempre associado a uma interface curva água-ar. No
segundo processo, a retenção ocorre como filmes de água presos às superfícies dos sólidos do
solo, pelo fenómeno da adsorção. Desses dois fenómenos, o mais relevante é o da capilaridade daí
ser devotado a ele um item especial, a seguir, sob o título tensão superficial e capilaridade.

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Com relação ao processo de adsorção da água sobre as superfícies sólidas, três são os mecanismos
principais propostos para explicá-lo, a saber:
1. A superfície dos minerais de argila é coberta com átomos de oxigénio e grupos oxidrilas
negativamente carregados devido à substituição isomorfa de catiões. Desse modo, cria-se ao
redor das partículas desses minerais um campo eléctrico cuja intensidade decresce com a
distância da superfície da partícula. Devido à natureza dipolar das moléculas de água, elas se
orientam neste campo eléctrico e experimentam uma força na direcção da superfície da
partícula, a qual decresce gradualmente com a distância da superfície até se tornar nula num
ponto em que não há mais influência do campo.
2. Os pares de electrões não compartilhados do átomo de oxigénio das moléculas de água podem
ser electricamente atraídos a catiões trocáveis que podem estar adsorvidos sobre a superfície
da argila, ou seja, os catiões que são retidos à superfície negativamente carregada de argila (a
concentração iónica é crescente na direcção da superfície sólida) ocasionam também a
adsorção das moléculas de água.
3. Finalmente, as moléculas de água podem ainda ser atraídas às superfícies sólidas pelas forças
de London-van der Waals, que são forças de curto alcance e decrescem rapidamente com a
distância da superfície, de modo que uma camada muito fina é adsorvida dessa maneira ao
redor das partículas de solo.

É importante reforçar que essa película de água adsorvida às superfícies dos sólidos do solo possui,
como resultado destas forças de adsorção, uma energia potencial extra, uma vez que, se afastarmos
uma determinada porção dessa película a uma distância dentro do raio de acção destas forças e a
abandonarmos, ela volta à posição original realizando um trabalho.

2.2.1. Tensão superficial


A tensão superficial é a propriedade da superfície de um líquido que lhe permite resistir a uma
força externa, devido à natureza coesa das suas moléculas. O efeito da rede é uma força interior
na superfície que faz com que a água se comporte como se sua superfície fosse coberta com
uma membrana elástica esticada.

Devido a atracção relativamente alta entre moléculas, a água apresenta uma alta tensão
superficial (72,8 milinewtons.m-1 a 20°C) comparada a maioria dos outros líquidos (por
exemplo, álcool etílico, 22,4 mN.m-1). Como veremos, a tensão superficial é um factor

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importante no fenómeno da capilaridade, o qual determina como a água se move e é retida no
solo.

A tensão superficial surge devido às interacções coesivas entre as moléculas do líquido. No


interior do líquido, as moléculas têm moléculas vizinhas em cada lado. As mesmas estão a ser
puxadas umas pelas outras de forma igual e em todas as direcções, promovendo uma anulação
das forças. No entanto, na superfície, as moléculas têm apenas metade das moléculas vizinhas
em comparação com o volume do líquido. Isto contribui para que as moléculas se associem
mais fortemente com as moléculas próximas e promove uma força para dentro em direcção ao
líquido. Esta força que resiste à ruptura da superfície é chamada de tensão superficial.

FIGURA 1: as forças de coesão (entre moléculas de


água) e adesão (entre água e superfície sólida) em um
sistema solo-água.

As forças são, em grande parte, resultado das pontes de hidrogénio mostradas como linhas
pontilhadas. A força de adesão ou adsorção diminui rapidamente com a distância da superfície
sólida. A coesão de uma molécula de água e uma outra resulta em moléculas de água formando
agrupamentos temporários que estão constantemente mudando de tamanho e forma, a medida
que moléculas individuais de água são liberadas ou se unem à outras. A coesão entre moléculas
de água também permite que o sólido indirectamente restrinja a liberdade da água em uma
certa distância além da interface sólido-líquido.

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FIGURA 2: Evidências quotidianas da tensão superficial da água (esquerda) como insectos
pousam sobre a água e não afundam, e das forças de coesão e adesão (direita) como uma gota de
água é mantida entre os dedos.

2.3.Capilaridade

Capilaridade é a subida (ou descida) de um líquido através de um tubo fino, que recebe o nome de
capilar. Esse fenómeno é resultado da acção da interacção das moléculas da água com o vidro
(considerando que o tubo é de vidro).

O movimento ascendente da água num tubo capilar caracteriza o fenómeno da capilaridade. Duas
forças provocam a capilaridade: (1) atracção da água por sólidos (adesão ou adsorção), e (2) a
tensão superficial da água, que é em grande parte devida à atracção das moléculas de água uma
pelas outras (coesão). Este fenómeno é utilizado pelas plantas no transporte da seiva bruta, através
do xilema, da raiz até as folhas.

FIGURA 3: Movimento da água num tubo capilar

2.3.1. Mecanismo da Capilaridade


A capilaridade pode ser demonstrada colocando-se a extremidade de um tubo de vidro fino e limpo
na água. A água sobe no tubo; quanto menor o diâmetro do tubo, mais a água sobe. As moléculas
de água são atraídas pelas paredes do tubo (adesão) e começam a se espalhar ao longo do vidro em
resposta a esta atracção. Ao mesmo tempo, as forças coesivas mantêm as moléculas de água juntas
e criam uma tensão superficial, causando uma superfície curva (chamada de menisco) formada na
interface entre água e ar no tubo , (Fredlund et al., 2014).

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A menor pressão sob o menisco no tubo de vidro (P2) permite que a maior pressão (P1) sobre a
água livre empurre a água através do tubo. O processo continua até que a água no tubo tenha subido
o suficiente para que seu peso equilibre a pressão diferencial no menisco.

A altura de ascensão no tubo capilar é inversamente proporcional ao raio r do tubo. A ascensão


capilar é também inversamente proporcional a densidade do líquido e, directamente proporcional
à tensão superficial do líquido e ao grau de atracção adesiva à superfície sólida. Se nós limitarmos
nossa análise a água em uma dada temperatura (por exemplo, 20°C), então estes factores podem
ser combinados em uma única constante, e nós podemos usar uma simples equação da capilaridade
para calcular a altura de ascensão h:

𝟎, 𝟏𝟓
𝒉 =
𝒓

onde h e r são expressos em centímetros. Esta equação mostra que quanto menor o diâmetro do
tubo, maior a força capilar e maior a ascensão da água no tubo.

2.3.2. Efeitos da capilaridade no solo


(Fredlund et al., 2014) em seu brilhante livro sobre Mecânica dos Solos não saturados, definem a
coesão aparente como resultado da tensão superficial da água nos capilares do solo, formando
meniscos de água entre as partículas dos solos parcialmente saturados, que tendem a aproximá-las
entre si.

É fácil perceber a coesão aparente, por exemplo, com a areia da praia. Se você tenta fazer um
castelo de areia com areia seca você não vai conseguir, justamente pela falta de coesão entre os
grãos. Entretanto, se você humidificar, sem saturar a areia, você consegue fazer seu castelo,
justamente por essa coesão aparente, ocasionada pela tensão superficial.

FIGURA 4: Coesão aparente da areia

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Outros efeitos da capilaridade no solo que podemos comentar é o que ocorre em barragens de terra,
como a zona adicional de saturação e o sinfonamento capilar da crista, como mostrado nas
figuras abaixo.

FIGURA 5: Efeitos da capilaridade em barragens

É preciso ter cuidado com esses efeitos, pois eles podem prejudicar as condições previstas em
projectos.

O efeito capilar ocorre quando há uma ascensão (subida) ou depressão (descida) de um fluído líquido
nas paredes de tubos de pequenos diâmetros em contacto com líquido. Tais tubos são chamados de
capilares. Microscopicamente, o efeito capilar é explicado devido as forças de coesão e adesão do
fluído. Nas forças de coesão, ocorrem a interacção entre as próprias moléculas do fluído, já na de
adesão, a interacção é entre as moléculas fluído-tubo.
A força do efeito capilar é quantificada pelo ângulo de contacto 𝛼, definido como o ângulo que a
tangente à superfície do líquido (menisco) faz com a superfície sólida no ponto de contacto. A força
da tensão superficial actua ao longo da recta tangente no sentido da superfície sólida. Diz-se que o
líquido molha a superfície quando 𝛼 < 90° e não molha a superfície quando 𝛼 > 90°.
As moléculas de água são atraídas com mais força pelas moléculas de vidro do que pelas outras
moléculas de água e assim a água tende a subir pela superfície de vidro. O oposto ocorre com o
mercúrio, que impede a ascensão da superfície do líquido próxima da parede de vidro.

O valor da ascensão capilar num tubo circular é determinado pelo equilíbrio das forças da coluna
líquida de altura h no tubo. A parte inferior da coluna líquida está no mesmo nível que a superfície
livre do reservatório e assim, a pressão nesse local deve ser a pressão atmosférica, o que equilibra
a pressão atmosférica que atua sobre a superfície superior. O peso da coluna líquida é
aproximadamente:
𝑊=𝐹 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 → 𝜌𝑔𝜋𝑅2ℎ=2𝜋. 𝑅. 𝜎 𝑆 . cos 𝛼 → h = 2 𝜋 𝑆.cosα.𝜌.𝑔.𝑅 → 𝐡 = 𝟒𝛕.𝐒.𝛄.𝐃.𝐜𝐨𝐬𝛂.

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2.4.Curva característica de água no solo

A curva de retenção de água no solo, também conhecida como curva característica de água no
solo representa a relação entre o teor de água no solo e a energia com a qual a mesma está
retida nos poros e/ou adsorvida nas partículas minerais do solo.

A CRA é um atributo físico representado por um gráfico, construída em laboratórios e expressa


à relação entre o potencial matricial e o conteúdo de humidade do solo a base de massa ou
volume (SILVA, 2005; BITTELLI e FLURY, 2009; GUBIANI et al., 2012). O solo saturado
em equilíbrio com a água e sob pressão atmosférica, ao ser submetido a uma força de sucção,
terá parte de sua água drenada e parte dos poros ocupados pelo ar. Aumentos gradativos de
sucção, poros menores perderão água e ocorrerá entrada de mais ar, isso diminuirá a espessura
da película de água envolvente das partículas e aumentará a força de adsorção, exigindo cada
vez maiores sucções para retirar a água (DEXTER, 2004a; TAVARES; FELICIANO; VAZ,
2008).

A CRA é dividida em três etapas de drenagem:

• A primeira, quando praticamente todos os poros estão preenchidos com água e ocorre
até o valor de entrada de ar.
• A segunda etapa é entre a pressão de entrada de ar e o ponto de inicio da humidade
residual, nesta mesma etapa o fluxo da água é em fase líquida quando a sucção aplicada
aumenta e o solo é drenado com o aumento da sucção.
• Na terceira etapa a continuidade da água nos vazios é bastante reduzida, descontinua
e acréscimos adicionais na sucção apenas ocorrem pequenas mudanças no grau de
saturação do solo.

2.4.1. Métodos para obtenção da curva característica de água no solo


Pode-se obter a CRA directamente no campo ou em laboratório utilizando amostras
indeformadas e deformadas de solo (CAMPBELL, 1988; URACH, 2007; NASCIMENTO,
2009; EMBRAPA, 2011), utilizando diferentes metodologias, como por exemplo, a mesa de
tensão ou câmara de Richards (RICHARDS, 1965; EMBRAPA, 2011) e o psicrômetro modelo
WP4-T (Dewpoint Potentia Meter) (KLEIN; REICHERT; REINERT, 2006; KLEIN et al.,
2010).

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No campo os métodos usualmente requerem a instalação de tensiómetros e tem a vantagem de
possibilitar a determinação da relação potencial matricial e humidade do solo em muitas
profundidades simultaneamente sob condições naturais.

Mas os métodos de laboratório agilizam análises de um grande número de solos


simultaneamente e com maior facilidade (URACH, 2007). Os métodos têm a finalidade de
determinar certo número de pontos estrategicamente seleccionados, com o desígnio de traçar
uma curva que relaciona a humidade retida no solo em um determinado potencial matricial
(NASCIMENTO et al., 2010). No entanto, a maior parte dos equipamentos utilizados para
medir a retenção actua quando as forças capilares são predominantes.

A CRA pode ser obtida por três métodos:

• A secagem ou drenagem, inicialmente uma amostra de solo é saturada e ao aplicar


gradativamente sucções maiores, fazendo medidas sucessivas de sucção em função da
humidade;
• Por molhamento ou humedecimento, uma amostra de solo inicialmente seca ao ar e
fazer seu humedecimento gradual por redução de tensão.
• O outro método é a partir de um teor de humidade intermediário do solo ou o teor
de humidade do solo no momento da colecta, que tanto se pode aplicar o processo
de drenagem quanto para humedecimento (SILVA, 2005).

A CRA mostra o aspecto dinâmico da água no solo, pois permite calcular a quantidade de água
que um solo pode reter dentro de determinados limites de potencial matricial e o conhecimento
da CRA permite interpretar as características do armazenamento de água no solo em relação
às necessidades hídricas de determinado cultivo (URACH, 2007).

2.5.Fenómeno histerese

A relação entre conteúdo de água no solo e potencial, determinada à medida que o solo seca, será
diferente da mesma relação determinada à medida que o solo é re-humedecido. Esse fenómeno,
conhecido como histerese.
A histerese é causada por uma série de factores, incluindo a desuniformidade dos poros do solo.
Quando os solos são humedecidos, alguns dos menores poros são contornados, deixando ar
aprisionado, o que impede a entrada de água. Alguns dos macroporos em um solo podem estar

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cercados apenas por microporos, criando um efeito gargalo de garrafa. Neste caso, o macroporo
não será drenado até que o potencial mátrico seja baixo o suficiente para esvaziar os poros menores
que o cercam.
Também, a expansão e contracção das argilas à medida que o solo é seco e re-humedecido
provoca mudanças na estrutura do solo que afectam as relações entre solo e água. Devido à
histerese, é importante saber se o solo está sendo humedecido ou seco, quando propriedades de
um solo são comparadas com os de outro.

FIGURA 6: A relação entre conteúdo de água no solo e potencial mátrico de um solo ao ser
seco e então re-humedecido. O fenómeno, conhecido como histerese, é aparentemente devido
a factores como a desuniformidade de poros individuais do solo, ar aprisionado, e a expansão
e contracção que podem afectar a estrutura do solo. Os desenhos mostram o efeito da
desuniformidade dos poros.
As curvas características de água no solo, destacam a importância de fazer dois tipos gerais de
medidas de água no solo: a quantidade de água presente (conteúdo de água) e o estado de
energia da água (potencial de água no solo).

Para entender ou manear o suprimento e movimento de água nos solos, é essencial ter
informações (medidas directas ou inferidas) sobre ambos os tipos de medidas. Por exemplo,
uma medida de potencial de água no solo pode nos dizer se a água se moverá em direcção ao
lençol freático, mas sem a medida correspondente de conteúdo de água no solo, não saberíamos
a possível relevância da contribuição para o lençol freático.

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2.5.1. Importância curva característica de água no solo
CRA é um importante indicador de qualidade física do solo e está directamente relacionado
com o desenvolvimento das plantas (SILVA et al., 2010; DEBNATH et al., 2012), e por estar
associada a variações de volume com a molhagem e secagem, tem uma importância enorme
para caracterização dos solos.

E é possível estimar outros atributos do solo, como por exemplo, a porosidade, capacidade de
campo (CC), ponto de murcha permanente (PMP), água disponível (AD), condutividade
hidráulica não-saturada, balanço hídrico, determinando-se a variabilidade de armazenamento
de água no solo (COSTA; OLIVEIRA; KATO, 2008; SÁ et al., 2010; REZAEE;
SHABANPOUR; DAVATGAR, 2011).

Outra importância da CRA é o auxilio ao produtor no maneio da irrigação, como foi


mencionado é possível estimar a água disponível para as plantas que tem como limite superior
a capacidade de campo e o ponto de murcha do solo como limite inferior de humidade no solo,
porem é um atributo de difícil caracterização por causa do tempo que se consome durante as
analises e também devido à modificação intrínseca da amostra pela histerese (NASCIMENTO,
2009).

2.6.Relação entre curva de retenção de água no solo com textura e estrutura

A textura do solo está relacionada com a proporção de argila, silte e areia, que é encontrada
numa determinada massa de solo. A textura de um solo determina a capacidade de retenção de
água.

Um solo com textura arenosa apresenta menor superfície específica e, consequentemente,


menor retenção de água, enquanto um solo com textura argilosa apresenta maior superfície
específica e maior retenção de água. Já a estrutura, a porosidade e a densidade são factores que
determinam a capacidade de infiltração, retenção e redistribuição da água ao solo, o que
influencia no espaço disponível para armazenamento de ar e de água no solo.

Um solo com boa estrutura, apresenta boa porosidade e menor densidade. Isso permite que
exista mais espaço para armazenamento de ar e de água.

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3. CONCLUSÃO
As interacções solo-água influenciam muitas funções ecológicas e práticas de maneio do solo.
Estas interacções determinam quanto da água da chuva infiltra através do solo ou escorre sobre
sua superfície. As moléculas de água são altamente coesas devido às pontes de hidrogénio, tendo
uma grande capacidade para permanecer unidas, resistindo à separação. A água é o mais coeso dos
líquidos não-metálicos.

A água tem uma tensão superficial muito elevada, ou seja, a água é aderente e elástica, tendendo
a aglutinar-se em gotas em vez de se espalhar numa película fina. A tensão superficial é
responsável pela acção capilar, que permite à água percorrer as raízes das plantas.

A retenção de água no solo é um fenómeno natural e fundamental para a manutenção e equilíbrio


de diversos ecossistemas. É de extrema importância conhecer esse fenómeno, pois ele pode indicar
as condições ambientais de determinada região e explicar a ocorrência de impactos ambientais.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEUTLER, A. N.; CENTURION, J. F.; SOUZA, Z. M.; ANDRIOLI, I.; ROQUE, C. G.
Retenção de água em dois tipos de Latossolos sob diferentes usos. Revista Brasileira
de Ciência do Solo, v. 26, p. 829-834, 2002.

BITTELLI, M.; FLURY, M. Errors in water retention curves determined with pressure plates.
Soil Science Society of America Journal, v. 73, n. 5, p. 1453-1460, 2009.
DOI:10.2136/sssaj2008.0082.

CALLEGARI-JACQUES, S. M. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre:


Artemed, 2003. 255 p.

Fredlund et al., 2014. Variabilidade espacial de atributos mineralógicos de um Latossolo sob


diferentes formas do relevo. II - Correlação espacial entre mineralogia e agregados. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, p. 2279-2288, 2008.

CAMPBELL, G. S.; SMITH, D. M.; TEARE, B. L. Application of a dew point method to


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Proceedings in Physics, v. 112, p. 71-77, 2007.

CAMPBELL, G.S. Soil water potential measurement: An overview. Irrigation Science, v. 9,


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Mechanics Springer Proceedings in Physics, v. 112, p. 79-93, 2007.

CARDUCCI, C. E.; OLIVEIRA, G. C. de; SEVERIANO, E. da C.; ZEVIANI, W. M.


Modelagem da curva de retenção de água de Latossolos utilizando a equação duplo van
Genuchten. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35, p. 77-86, 2011. CÁSSARO, F. A. M.;
PIRES, L. F.; SANTOS, R. A. dos; GIMÉNEZ, D.; REICHARDT, K. Funil de haines
modificado: curvas de retenção de solos próximos à saturação.

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