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Trabalho de Licenciatura
Autor Supervisor:
Teófilo M. P. Ferraz Dr. Fernando Victor Saide
1.1 Introdução
Os estuários são ambientes valiosos, tanto ecologicamente como economicamente. Grande
percentagem da população humana vive perto dos estuários, causando de um certo modo
problemas em termos de degradação ambiental e de gestão (Gameiro, 2000). Estas questões
serão no futuro uma preocupação constante, razão pela qual, constitui uma forte motivação para
um estudo sobre o tempo de renovação da água no estuário dos Bons Sinais e uma compreensão
científica do funcionamento dos estuários.
O estudo sobre o tempo de renovação da água é de extrema importância pois, serve de indicador
para analisar a qualidade da água, visto que se refere ao intervalo de tempo necessário para que a
água doce retida na Zona de Mistura1 seja removida juntamente com outras substâncias.
Quanto menor for o valor de Tempo de Renovação maior será a capacidade de renovação das
águas o que reduz a susceptibilidade do sistema à poluição e processos de eutroficação. Estuários
com tempo de residência elevado, os nutrientes terão tempo necessário e suficiente para
desencadear a produção e a produtividade primária. Essa acumulação de nutrientes sustenta uma
actividade biológica intensa transformando os estuários em autênticos viveiros de peixes e
crustáceos de importância vital na economia das comunidades adjacentes.
Nos estudos anteriores sobre o tempo de renovação da água, Dias, (2005) concluiu que o tempo
de renovação da água no estuário do rio Jaguaribe, no mês de Setembro de 2005, foi de 3 horas,
passando a 2 horas em Fevereiro de 2006 e atingiu o máximo de 12 horas no mês de Junho.
Quando as vazões são menores mesmo em período chuvoso, efluentes urbanos e domésticos
descarregados no estuário podem ter efeitos negativos ampliados devido a baixa capacidade de
renovação da água.
Estudo feitos por José, (2006) concluiu que o tempo ideal para renovação da água no estuário do
rio Incomati é de 17 dias, obtido a partir do modelo de fracção de água doce, tratando-se da
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Região onde ocorre a mistura da água doce proveniente da drenagem fluvial com a água do mar
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Estudo da Renovação da água no Estuário dos Bons Sinais a partir do Modelo de Prisma de
Marés e Fracção de água doce.
qualidade da água, concluiu no mesmo estudo que o método de prisma de maré é o mais eficaz e,
assim sendo, a contribuição da vazão do rio é inferior em relação ao efeito das marés.
A ausência de monitoramento para a correcção das vazões hídricas nos sistemas estuarinos em
períodos de estiagem prolongados poderá representar o principal vector de comprometimento da
capacidade de renovação das águas nos estuários.
Este estudo pretende Estudar o Processo de Renovação da água no estuário dos Bons Sinais
considerando a variação sazonal da salinidade, o caudal do rio e o volume de água doce que entra
no Estuário.
1.2 OBJECTIVOS
Geral:
Estudar o Processo de Renovação da água no estuário dos Bons Sinais aplicando o
modelo de Fracção de água doce e o de Prisma de Marés.
Específicos:
Determinar o tempo de renovação da água no Estuário dos Bons Sinais.
Identificar os principais factores físicos responsáveis pela renovação da água no Estuário
dos Bons Sinais.
Comparar o tempo de renovação da água determinado pelos dois modelos
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Estudo da Renovação da água no Estuário dos Bons Sinais a partir do Modelo de Prisma de
Marés e Fracção de água doce.
O Estuário dos Bons Sinais é limitado pelos paralelos 17o 48’ Sul e meridianos 36o 53’ Este,
possui um clima tropical húmido com uma estação chuvosa entre Novembro – Abril, a
temperatura mais elevada é observada em Junho e Fevereiro (28º c) e a baixa ocorre em Julho
(21º c), (www.mozpescas.gov.mz) Este estuário possui uma área cerca de 29122100.0 m2 e está
sujeito a um grande stress ambiental.
O estuário possui uma morfologia constituída por pequenas ilhas na zona central e próxima ao
rio, apresenta algumas depressões ao longo do seu curso, com maior largura observada na boca
do estuário, confinando-se em direcção à montante, como ilustra a (Figura 1.2). Esta
característica proporciona uma mistura rápida das águas dentro do estuário o que contribui para
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sua renovação. As intensidades máximas das correntes de enchente e vazante são inferiores a 1.0
m/s.
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m3/s, enquanto no período de estiagem pode ser verificada uma descarga menor do que 0.02
m3/s. (Roest, 2008).
A Figura 1.3 abaixo ilustra o comportamento dos caudais médios mensais do rio Licuari para o
período compreendido entre 1967-1981. Observa-se que o caudal médio mensal varia de um
mínimo e máximo cerca de 0.12 a 42.82 m3/s correspondentes aos meses de Outubro a Fevereiro,
respectivamente. Essa variação do caudal observada explica-se pela existência da variabilidade
das precipitações registadas anualmente.
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Os estuários, são assim, zonas de transição entre o rio e o mar, sujeitas a oscilações drásticas de
muitas variáveis, em escalas de tempo com período semi-diurno, quinzenal e anual (Pickard,
2007). São ecossistemas muito dinâmicos extremamente interessantes do ponto de vista
científico. Os mecanismos de mistura da água doce e oceânica contribuem para a variabilidade
das condições físico-químicas e biológicas de um estuário.
Uma adaptação possivelmente mais satisfatória foi apresentada por Dyer (1997) que definiu:
“Estuário é um corpo de água costeiro semifechado, com interligação livre com o oceano aberto,
estendendo-se rio acima até o limite da influência da maré, sendo que em seu interior a água do
mar é diluída pela água doce proveniente da drenagem continental”.
Dependendo do tipo de abordagem, um estuário pode assumir definições mais específicas. Para
oceanógrafos, engenheiros, geógrafos e ecologistas o termo estuário é utilizado para indicar a
região interior de um ambiente costeiro, onde ocorre o encontro das águas fluviais com a do mar
transportada pelas correntes de maré.
Esta acumulação de nutrientes sustenta uma actividade biológica intensa transformando as zonas
estuarinas em autênticos viveiros de peixes e crustáceos, de importância vital na economia das
comunidades adjacentes, assim como dispõe de grande quantidade de energia que deve ser usada
e explorada duma forma racional e sustentável.
Considerando a definição clássica de estuário estabelecida por Cameron & Pritchard (1963), no
balanço de água estuarino, eles apresentam três fases:
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Estuários neutros, onde existe um balanço entre a taxa de evaporação e entrada de água
doce. Neste caso ocorre um regime de salinidade estático.
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(Dyer, 1997), o que traduzirá um equilíbrio bem estabelecido entre os processos de erosão ou
sedimentação e a energia das marés, a descarga fluvial é pequena em comparação com o volume
do estuário (Figura 2.3).
Existe, neste caso um fluxo de água doce superficial contínuo, mas a água do mar, proveniente
das marés, pode por vezes ser renovada apenas sazonalmente. A não renovação da água salgada
pode determinar a criação de condições anóxicas nas zonas mais profundas dos fiordes.
São pouco profundos, possuem área grande, na foz têm um colo submarino constituído por
bancos de areia (Figura 2.5), estes aspectos resultam do balanço sedimentar associado ao
transporte litoral resultante do regime da ondulação (ocorrem, portanto, em áreas onde o regime
dos ventos é relativamente estável). Devido a restrita área seccional, as velocidades de corrente
podem ser maiores na boca do estuário, mas em partes largas mais para o interior elas diminuem
rapidamente.
A forma destes estuários é governada pelo regime do rio na fase de inundação, e são geralmente
encontrados em zonas tropicais ou em regiões costeiras onde a deposição de sedimentos é activa,
(Dyer, 1997).
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A Mistura entre a água doce superficial e salgada sub-superficial no estuário é em grande parte
governada por movimentos relativo da maré e os efeitos de ondas internas. Em estuários onde as
descargas de água doce e a acção de ondas geradas pelo vento são relativamente baixos, a
circulação é basicamente guiada pelas correntes de maré, resultantes do gradiente de pressão
(Day citado por Vassele 2003).
Na camada superficial, através da tensão exercida, pode originar um transporte residual de água,
e as ondas geradas irão aumentar a intensidade da mistura vertical, e o transporte de água será
maioritariamente na direcção do vento (Bowden, 1967). A circulação devida ao vento é
particularmente importante em lagoas.
As condições que favorecem o domínio da circulação devida ao vento são grandes extensões de
água com baixa profundidade e baixa descarga do rio. O transporte de massa, nem sempre ocorre
na mesma direcção do fluxo principal da água, devido aos processos de mistura (advecção e
difusão), Dias et al. (2007).
Durante um ciclo de maré (enchente e vazante), geralmente, observa-se uma forte relação entre
as velocidades das correntes, o transporte e as concentrações de partículas em suspensão.
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Variações destes padrões podem ser observadas em ambientes, onde se verifica uma alta
deposição de sedimentos, em função das partículas e estabilização do substrato pela vegetação.
Os princípios básicos que controlam a circulação e mistura, são expressos pela equação de
movimento da água e pela equação de continuidade de volume da água e de massa de sal
(Bowden, 1983).
u u u u 1 P xx xy xz
x: u v w fv (2.1)
t x y z x x y z
v v v v 1 P yx yy yz
y: u v w fu (2.2)
t x y z y x y z
P
z: g 0 (2.3)
z
Onde:
f 2sen →é o parâmetro de Coriolis
→ é a latitude
→ é a velocidade angular
P → é a pressão
xy →é o stress no plano perpendicular para OX actuando na direcção OY
g → é aceleração de gravidade
→ é a densidade
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Nestas equações, as componentes de stress xx, xy, xz, etc., tem sempre um resultado do stress
turbulento, excepto perto dos limites; os stress devido a viscosidade molecular são vários de
magnitude pequena.
Então se u’, v’, w’, são as componentes da velocidade turbulenta em qualquer instante, As
velocidades horizontais são calculadas com base nas equações do movimento enquanto a
localização da superfície livre e a velocidade vertical são calculadas por continuidade. As
equações são aplicadas, explicitamente, a cada volume de controlo num referencial
tridimensional. Os termos de Coriolis e aceleração de gravidade podem ser omitidos.
Assumindo o equilíbrio dinâmico, onde não há variação com o tempo, a equação da continuidade
do volume resume-se em:
u v w
0 (2.4)
x y z
DS S S S
Kx K y K z (2.5)
Dt x x y y z z
Onde:
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p pa g dz (2.6)
Onde:
Pa → é a pressão atmosférica;
p
z
g s g dz (2.7)
x x 0
x
Onde:
= (S, , p) (2.8)
Em qualquer estuário, a variação da densidade () em função da pressão (P) podem ser omitidos,
e muitas vezes a dependência em função da temperatura potencial é de pequena importância
comparando com a dependência em S. Nesse caso é suficiente tomar a densidade () como sendo
uma função linear de S. Sendo assim:
0 S (2.9)
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Tempo de residência (ou de renovação) da água no interior do estuário é definido como sendo o
tempo necessário para que a água doce proveniente do rio chegue ao mar. (Dyer, 1997).
O tempo de residência da água doce no estuário pode ser calculado como a razão entre o volume
de água doce existente no interior do estuário e o caudal do rio. O cálculo do tempo de residência
a partir de dados de campo requer o conhecimento da distribuição espacial de salinidade, e em
alguns casos a suposição de que toda a água doce existente no interior do estuário é proveniente
do rio e que a distribuição de salinidade não dependia do tempo na altura em que foi medida,
Dias et al . (2007).
Em termos gerais, o tempo de residência de uma dada região varia de acordo as condições de
circulação encontradas em cada ambiente.
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III. METODOLOGIA
Este estudo, quanto a natureza é de carácter teórico visto que para a sua realização usou-se dados
de temperatura, salinidade e a profundidade, que foram disponibilizados pela Escola Superior de
Ciências Marinhas e Costeiras - UEM. Esses dados foram colhidos no Estuário dos Bons Sinais
durante os meses de (Julho, Agosto e Setembro de 2007), (Novembro de 2008 e Janeiro de
2009).
Para este estudo foram usados dados do caudal do rio Licuari, obtido na Dissertação de Mestrado
de (Roest, 2008), (Tabela 5), anexo.
Quanto aos fins, o presente estudo caracteriza-se como sendo Explicativo, no entanto, visa
identificar os processos físicos que influenciam na renovação da água
No trabalho de campo usou-se os seguintes instrumentos CTD SBE 19 plus e GPS III plus.
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Fez-se um cruzeiro no estuário dos Bons Sinais com finalidade de medir os parâmetros
Temperatura, Salinidade e Profundidade da água, com ajuda do CTD, que foi calibrado para
fazer medições contínuas no intervalo de 1segundo, para isso foi necessário fazer-se uma
excursão longitudinal ao longo do estuário onde já foram mapeadas e dimensionadas as 9
Estações (Figura 1.2), com ajuda do GPS, estando a estação inicial localizada na boca do
estuário. Os parâmetros acima indicados foram medidos em cada estação, da boca do estuário à
montante, durante os meses de medição.
Modelos usados.
O tempo de residência proveniente do rio pode ser inferior ao tempo proveniente de outras
descargas, sendo assim, usou-se dois modelos a fim de comparar os resultados obtidos, modelo
de Fracção de água doce e o de Prisma de maré, propostos por Ketchum (1951), usados por
Taylor (1973), Dyer (1997) e José (2004).
Este modelo considera todos parâmetros físicos que condicionam o processo de mistura em
segmentos ao longo do estuário (Figura 3.1). A fração de água doce f i é um número
adimensional assumindo valores entre 0 e 1 de acordo com a menor ou maior descarga de água
doce, respectivamente é representado pela (Equação 3.1).
S0 Si
fi (3.1)
S0
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Onde:
S 0 Salinidade da água na boca do estuário;
O volume geométrico estacionário (Vi) foi determinado a partir da largura e profundidade médias
entre duas estações consecutivas, multiplicadas pelo comprimento que as separa. Para se obter o
volume total, fez-se o somatório dos volumes parciais.
Assumindo equilíbrio dinâmico, Q representa a taxa de água doce que pode ser removida do
estuário (Dyer, 1997), no entanto o tempo de Residência (TR) será dado pela (Equação 3.2)
abaixo:
fV i i
TR i
(3.2)
Q
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Neste modelo assume-se que toda água que entra no interior do estuário durante a maré enchente
se mistura completamente com a água do estuário e o volume do prisma é igual ao volume da
água do mar e o volume do escoamento do rio. Na maré vazante, o mesmo volume de água é
removido e a água doce contida no estuário é igual ao incremento do escoamento do rio, como
ilustra a (Figura 3.2) na seguinte página.
Para satisfazer a hipótese da mistura completa da água da descarga fluvial com a do mar na maré
enchente, esse método deve ser aplicado a estuários bem misturados ou com pequena
estratificação vertical da salinidade (Miranda, 2002). Entre tanto, pode ser adoptado para
estuários parcialmente misturados ou altamente estratificados, considerando apenas a camada
superficial bem misturada do sistema.
O volume de água que entra em cada período de maré foi determinado a partir dos valores da
amplitude da maré prevista consultados na Tabela de Marés (INAHINA, 2007), para o Porto de
Quelimane nos meses de medição já referenciados acima, efectuada a partir de observações
maregráficas, e a amplitude de maré observada na estação inicial.
O volume do prisma VP foi determinado a partir da diferença dos volumes de água na maré
enchente e vazante, que é removido do estuário em cada período de maré.
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Com base no volume VP de água removida do estuário em cada período, determinou-se o volume
V0 do estuário no nível mais baixo subtraindo o volume total do estuário (V) pelo volume VP;
posteriormente determinar-se-á o tempo de renovação da água com base na (Equação 3.3) a
seguir.
V0 V p
TR *T (3.3)
Vp
Onde:
V0 Volume da água do estuário no nível mais baixo da maré;
Os dados obtidos foram tratados de forma quantitativa e processados no computador a partir dos
pacotes estatísticos Excel (usado para obter tabelas e gráficos), Matlab (usado para obter perfil
longitudinal do estuário.
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Com este modelo, a água no mês de Julho leva no máximo cerca de 2 dias para se renovar
completamente do Estuário, sendo este o período seco, onde se regista menor descarga de água
doce, além do volume de água, o caudal do rio, é um factor determinante para o aumento do
Tempo de renovação das águas, pois pode ou não apresentar competência para o rompimento da
barreira física imposta pelo regime de marés.
O domínio das marés, intensifica o processo de renovação da água, nos períodos com menores
volumes de água doce, tornando o estuário com características fortemente marinhas.
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No entanto, a descarga fluvial assim como as marés são os principais vectores que controlam a
hidrodinâmica do estuário. Dias et al. (2007) e Duarte (2001) afirmam que as variações sazonais
de água doce afectam directamente, os processos de circulação e mistura.
Para determinar o Tempo de renovação da água foi necessário determinar o volume de água doce
em cada secção do Estuário, assumindo que toda água deste durante a maré enchente, tenha
origem fluvial. O volume de água doce variou cerca de 1.39*106 a 12.49*106 m3
correspondentes a Novembro de 2008 e Janeiro de 2009, respectivamente. (Tabela 2).
A variação longitudinal dos tempos de renovação da água demonstra que o padrão da descarga
ao longo do estuário não é linear. A 26 km de distância da boca do estuário, correspondente a
secção S8 estimou-se que a massa de água doce ou qualquer contaminante levaria 0.8 dias para
sair daquela secção (Figura 4.1).
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Figura 4.2: Perfil topográfico longitudinal do estuário dos Bons Sinais com destaque para a área
com maior tempo de residência.
A descarga de água doce representa um dos principais meios pelos quais substâncias naturais ou
tóxicas fluem aos estuários e o tempo de residência é um dos indicadores de fragilidade mais
adequados à análise da vulnerabilidade de estuários.
Tabela 2: T. Renovação determinado a partir de Fracção de água doce
28/Novembro/08 30/Janeiro/09 Média
f1 (%) 0.1 0.2 0.2
f2 (%) 1.2 2.3 1.8
f3 (%) 0.001 4.3 2.2
f4 (%) 00.3 4.3 2.3
f5 (%) 0.1 6.5 3.3
f6 (%) 0.4 9.1 4.8
f7 (%) 2.1 8.3 5.2
f8 (%) 2.2 7.4 4.8
6 3
Vol. de água doce (10 m ) 1.39 12.49 6.94
3
Caudal do rio Q (m /s) 9.68 30 19.84
T. Renovação (dias) 1.7 4.8 3.24
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Os resultados obtidos (Tabelas 1 e 2), indicam que no modelo de Prisma de marés as águas se
renovam em menos tempo, tornando este modelo ideal para análise da qualidade de água,
assumindo o estuário dos Bons Sinais menos susceptível à retenção de poluentes.
Entretanto, o modelo de fracção de água doce é mais aplicável para determinar o tempo de
renovação da água no período chuvoso, por considerar a entrada significativa de água doce,
sendo assim, serve de indicador para análise da vulnerabilidade do estuário contra os processos
de eutroficação.
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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
O trabalho realizado, representa um mecanismo relevante na definição da escala temporal dos
processos de renovação da água no estuário dos Bons Sinais. Com base nos, resultados obtidos
conclui-se que:
No modelo de Prisma de marés, o tempo mínimo de renovação da água foi cerca de 0.5
dias e no máximo 2 dias, sendo este ideal para avaliação da qualidade da água no estuário
dos Bons Sinais.
Os principais factores físicos que influenciam na renovação da água no estuário dos Bons
Sinais são a topografia do próprio estuário, o caudal do rio e a influência das correntes de
marés.
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5.2. Recomendações
Que se faça o monitoramento das águas do estuário com maior frequência, pois efluentes
urbanos e domésticos descarregados nesta região podem ter efeitos negativos devido a
elevado tempo de renovação da água.
Que se crie estações fixas de medição de caudais dos rios Licuari e Cua-cua, que
desaguam no Estuário dos Bons Sinais.
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CAMERON, W. M. & Pritchard, D. W. (1963) Estuaries. In The Sea, Vol. 2 (Hill, M. N.,
ed.). Wiley, New York.
DIAS, F.J.S.; MARINS, R.V.; MAIA, L.P.; DE FARIAS, E.G.G. (2007). Dependência
do Tempo de Residência da Água no Estuário do Rio Jaguaribe
Duarte, A.A.L.S., Pinho J.L.S., Pardal M.A., Neto J.M., Vieira, J.M.P., Santos F.S.
(2001). Effect of Residence Times on River Mondego Estuary Eutrophication
Vulnerability. Water Science and Technology, 44 (2-3), 329-336.
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KETCHUM, B. H. (1951) The exchange of fresh and salt waters in tidal estuaries.
Journal of Marine Research, 10: 18–38.
(http://www.institutomilenioestuarios.com.br/monografias.html)
Font:http://www.tulane.edu/%7Ebianchi/Courses/Oceanography/chap%2012.ppt
http://earth.google.com/en/map:2008
http://www. www.mozpescas.gov.mz
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VII. ANEXO
Anexo 1
Na cidade de Quelimane ainda não existe nenhuma forma de tratamento de efluentes municipais,
pois estes são descarregados directamente no estuário dos Bons Sinais, tornando-os vulnerável a
problemas ambientais principalmente para a comunidade de Chuabo-Dembe, arredores. Assim
como, não existe uma gestão dos recursos hídricos que teria sido fundamental para o uso
sustentado desses recursos na região.
De um modo geral, a capacidade de suporte dos estuários será um reflexo da qualidade ambiental
de suas águas. O detrimento da qualidade das águas leva a processos de eutroficação e
contaminação, que resultam em significativa depreciação do capital natural de uma dada região,
limitando seus futuros usos e dificultando a gestão de seus recursos.
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Anexo 2
Secções Larg. Média (m) Comp. (m) Prof. Média (m) Volume (107 m3)
S1 1625 5000 8.94 7.26
S2 1093 3600 5.83 2.29
S3 1405.5 1800 6.56 1.65
S4 1250 5400 11.32 7.64
S5 719 1900 12.26 1.67
S6 688 3100 9.20 1.96
S7 688 2600 6.37 1.14
S8 813 3800 5.35 1.65
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