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Primeira Igreja Batista em Poá

Ministério de Ensino: Escola Bíblica Discipuladora

Ates de começarmos a estudar esta passagem da vida de Jesus, precisamos entender o


contexto geográfico dos eventos que estudaremos a seguir.
Vejamos, primeiro, a geografia do incidente. Tiro e Sidom eram cidades de
Fenícia, e Fenícia era parte da Síria. Estendia-se ao norte do Carmelo ao
longo da planície costeira. Fenícia, era a que se interpunha entre a Galiléia e
o mar. Como disse Josefo: Fenícia "cercava a Galiléia". Tiro estava a uns
sessenta e cinco quilômetros a Noroeste de Cafarnaum. Seu nome significa A
Rocha. Era assim chamava porque fora da borda jazem duas grandes rochas
unidas por um recife de mil metros de comprimento. Isto formava um quebra-
mar natural e Tiro era um dosgrandes portos naturais do mundo dos tempos
mais antigos. (Comentário William Barckay)

UMA GENTIA QUE ERA UMA “VERDADEIRA ISRAELIT A ”


(7.2430‫)־‬

O encontro de Jesus com a mulher siro-fenícia, aparece totalmente em contraste com os fariseus na
história precedente.

Uma vez que temos que lembrar que a história anterior girava em torno de homes judeus preocupados
com a lei. E vamos abordar dos versos 24 a 34, a história de uma mulher não judia que não tinha a lei
como sua tradição, e partindo do pressuposto dos líderes religiosos da época que afirmavam
categoricamente que a salvação estava intrinsicamente ligada a lei, ou seja em outras palavras sem lei não
existe salvação.

24-30 Jesus foi para os arredores de Tiro, porem Marcos deixa vago qual foi o ponto de partida de Jesus,
sendo o último local mencionado Genesaré, o que se pressupõe uma viagem sendo iniciada na galileia.
Tiro (Libano moderno) localizado ao oeste da Galileia, é o local de nascimento de Jezabel, que na época
de Elias quase subverteu o Reino do Norte com seus profetas, era um local onde o paganismo
predominava, também foi um povo que durante a revolta dos Macabeus junto com Ptolemaida e Sidon,
lutaram ao lado dos selêucidas contra os judeus.

1 ponto a ser observado é que esta é a única vez que Jesus sai para território gentio.

Será por acaso que este incidente aparece aqui?


O incidente anterior mostra Jesus apagando as distinções entre mantimentos limpos e imundos. Pode ser
que aqui o tenhamos apagando simbolicamente a diferença entre pessoas limpas e imundas?

Ou seja da mesma forma os judeus não se contaminariam com os gentios imundos, era este o pensamento
dos judeus e o contexto da época. De certa forma Jesus nos mostra aqui que ele mesmo está dizendo que
existe lugar no reino de Deus para os Gentios. Jesus está novamente quebrando o conceito de impureza
dos judeus.

(2) Mas há algo mais. Idealmente, essas cidades fenícias eram parte do reino de Israel.
Quando, sob Josué, a terra foi repartida entre as tribos, a Aser lhe tocou uma porção
“até à grande Sidom... e até à forte cidade de Tiro” (Josué 19:28-29). Nunca tinham
conseguido subjugar esse território, e nunca tinham entrado nele. Não é isto também
simbólico? (Comentário William Barckay)

Outro ponto interessante que devemos observar, é o fato a mulher siro-fenicia foi a primeira pessoa na
narrativa dos evangelhos a entender de fato a parábola que Jesus lhe contara, segundo o comentarista
James Edwards, ele afirma que a mulher entendeu com tanta propriedade o que Jesus lhe disse que ela
responde Jesus como se fosse de dentro da parábola.

O que podemos retirar desse recorte de versículo, é que Jesus vem, mas uma vez quebrando paradigmas,
pois vamos há alguns deles, o termo cachorro utilizado naquela época, era um termo que para os judeus
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fazia alusão a algo extremamente impuro, sujo, para eles os cachorros não eram bem vistos, pois é feita a
alusão de cachorros vadios de rua, que reviravam o lixo, que reviravam cadáveres em putrefação. Quando
Marcos faz uso do termo cachorrinho, ele esta direcionando o foco para outra vertente, como se o termo
cachorro fosse como algum comum que temos hoje, como um animal de estimação que é comum fazer
parte das famílias.

O contraste entre a mulher siro-fenícia e Jairo, o dirigente da


sinagoga judaica, não poderia ser mais extremado. No entanto,
Jairo, apesar de suas qualidades invejáveis, não tem nenhuma
vantagem com Jesus, e o déficit da mulher em relação a suas
qualificações será compensado pela profundidade de sua fé. Apesar
de ambos todas as diferenças entre eles, os suplicantes judeu e
gentia encontram cumprimento em Jesus, pois este vê a necessidade
humana, e não a posição social da pessoa. (Comentário James
Edwards)

A questão na conversa inteligente entre Jesus e a mulher não é se os gentios tem ou não tem direito as
misericórdias de Deus, mas a relação dessa pretensão com a alegação judaica. Um ponto que devemos
observar é que Jesus não nega o pedido da mulher, o que devemos entender é que em primeiro lugar a
missão de Jesus era com os Judeus, e não com os gentios, mas isso também não que dizer que Deus virou
as costas para o resto da humanidade, apenas ainda não era o momento correto, por isso Jesus diz Deixe
os filhos primeiro se fartar, apenas estabelece a prioridade da missão conforme o profeta Isaias diz ( Is
49.6; também 42.1; 61 1-11) “ O Servo do Senhor tem primeiro que restaurar Jacó”.

A resposta da Mulher no versículo 28, mostra a aceitação da mulher do privilegio de Israel, em outras
palavras ela compreendeu melhor a missão do Messias de Israel que o próprio Israel. Mas ela demonstra
confiança na superabundância de Jesus para abençoar, mostrando o tamanho de sua fé ela se Submete
totalmente a Jesus, por esta resposta Jesus afirma que ela podia ir o demônio já saiu da sua filha.

A grande ironia desse bloco de versículos é que Jesus busca desesperadamente ensinar os seus discípulos,
porem estes não o compreendem, e uma mulher pagã gentia, o compreende.

[ELES] VERÃO A GLÓRIA DO SENHOR” ( 7 .31 -37 )


31-37
O segundo episódio de Jesus nos mostra a cura de um homem surdo e mudo, em Decápolis, no evangelho
de Mateus fala de Jesus realizando muitos milagres e curas de uma forma bem resumida, enquanto no
evangelho de Marcos parece ser um grande ministério de cura em Decápolis, Jesus fez duas visitas em
Decápolis, sendo que a segunda visita contrasta em uma grande ingratidão das multidões da primeira
visita de Jesus ali. Outro ponto a ser observado é que a fama de Jesus nessa cidade provavelmente seja
fruto do endemoniado genesareno.

Jesus J partindo da região de Tiro, viaja mais de 32 quilômetros a norte para Sidom , depois para sudeste
através do rio Leontes e dali m ais a sul através da Cesareia de Filipe para Decápolis, a leste do mar da
Galileia. O itinerário em forma de ferradura não fica nem um passo a menos de 192 quilômetros de
extensão. E um itinerário inesperado, mais ou menos c m o ir de São Paulo para Itapetininga, a sul,
passando antes por Taubaté, a norte! Não é de surpreender que todos os outros evangelhos omitam isso.

Há varias tentativas de explicar esse itinerário de Jesus, alguns comentaristas sugerem que as respostas
desapontadoras que Jesus teve na Galileia o levaram a experimentar e talvez substituta, missão aos
gentios. Essa linha de raciocínio parece pouco provável, levando em consideração o real proposito da
missão de Jesus que era Israel, outros comentaristas sugerem que Marcos ignorava a geografia da
Palestina, outros ainda sugerem que Marcos inventou esses trajetos para colocar ficção no Evangelho de
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Marcos, o que parece improvável, levando-se em consideração que a fonte para o Evangelho de Marcos é
o Apostolo Pedro, acredito que ele não permitiria que tais complicações fosse feitas sem que ele as
corrigisse.

32 – Nesse versículo vemos que as pessoas trazem um homem até Jesus, com problemas de fala e
audição, no texto original em grego, essa descrição é transmitida em tempo presente, sugerindo uma
reminiscência de uma testemunha visual, há um fato interessante aqui, nesse versículo se usa uma palavra
no grego “mogilalos”, que ocorre uma outra única vez na bíblia, na descrição da revelação do Senhor às
nações em (Isaias 35. 5-6), e nessa passagem a utilização desta palavra faz um link de ratificação entre as
duas passagens, uma vez Marcos escreve para romanos gentios, ele raramente apela para textos-prova do
Antigo Testamento, como Marcos escreve para gentios Romanos, ele utiliza deste método como se
fossem colunas para sustentar o peso. A alusão com Isaias 35 é de suprema importância para a
apresentação de Jesus em Marcos.

33-34 Marcos narra a cura do surdo-mudo, acentuando a empatia de Jesus para com o homem com
deficiências de audição e fala, este homem é necessitado por si só, apenas a outra face da multidão dos
gentios, quando Jesus remove ele da multidão faz isso com a intuição de mostrar que ele não era apenas
um problema mas ele era um individuo único, o fato de Jesus colocar os dedos nos ouvidos dele, e logo
em seguida cuspiu e tocou na língua do homem, o ato do toque que Jesus faz, repete sua identificação
com as pessoas necessitadas e algumas vezes ritualmente imundas.

Por que Jesus toca o homem na língua com sua Saliva?

Segundo o comentarista James Edwards, ele assim o faz, primeiro por que era um costume dos judeus
acreditar que algumas pessoas tinham poderes curativos em sua saliva, e que se essa saliva fosse usada
junto de um ritual com orações e frases, este teria o poder de curar as pessoas, também o comentarista
levanta a questão de Jesus estar em Decápolis, e por isso sendo este lugar de hábitos e costumes
helenistas, cujo os curandeiros tinham costumes notáveis de aplicação de balsamos alguns do quais eram
um tanto desagradáveis, vale ressaltar que esses sinais ocorrem nessa cura, indicando portanto seu efeito
curador, Jesus não ministra a uma distância segura, mas olha para o céu e solta um profundo suspiro, de
envolvimento e ordena “Efata” e Marcos apresenta a tradução para o grego que significa “abra-se”. A
unção de Jesus com a saliva pode representar uma antecipação provisória e elementar de seu próprio
sangue que também será posto na língua de homens e mulheres pecadores. Todavia a saliva parece
carregar uma relevância quase sacramental, mas isso não é nem de longe o motivo da cura, todavia não é
efetuada pelo sinal material nem por poderes mágicos, mas a cura ocorre em si pela profunda compaixão
que Jesus sentiu por esse homem, e pela autoridade em sua Palavra.

35-37 A palavra e de Jesus, como Deus quebrando correntes das trevas e da sombra mortal, (Sl 107.14)
os ouvidos do homem se abriram, sua língua ficou livre e ele começou a falar corretamente. No texto
original em grego esta literalmente assim: “a corrente de sua língua foi quebrada”.

No Novo Testamento o, a palavra para “corrente” (gr. Desmos; NVI, ficou livre) significa que uma cadeia
ou corrente que prende um prisioneiro (Lc 8.29; At16.26; 20.23; 26.29; Fp1.7; Cl 4.18). O homem nessa
cura começou a falar “perfeitamente” (gr. Orthos; NVI, corretamente) deixando claro que as dificuldades
do versículo 32 são removidas.

Jesus Ordena a multidão a silenciar, contudo quando mais ele os proibia de falar sobre os milagres que
eram vistos, mas eles falavam, essas é a única ocasião em Marcos que Jesus ordena os gentios a se calar, a
recepção de sua missão gentia foi favorável, e no caso das mulher siro-fenícia até mesmo com fé. Jesus
tem ordenado para que as pessoas se calassem por dois motivos, o primeiro é que a compreensão acerca
de Jesus apenas pelos seus milagres é uma compreensão equivocada, pois a obra de Jesus é bem maior
que apenas os milagres realizados, esse problema ocorre tanto no meio dos gentios quanto dos judeus,
nenhum dos dois grupos tem aval automático para sair narrando a cerca de Jesus, o segundo motivo é que
o conhecimento adequado sobre Jesus anda não tinha sido revelado que ainda estaria por vir por meio da
cruz, a ordem para silencia no verso 36 é direta e não ambígua, não obstante os gentios assim como os
judeus não obedecem essa ordem. Jesus consegue fazer com que as diferenças que existiam entre judeus e
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gentios “pontos da lei, pureza e etnia” desaparecessem diante das questões humanas, pois em outras
palavras ele conseguiu provar que ambos os grupos eram humanamente iguais diante de Deus.

Marcos conclui com a admiração da multidão (também 1.22) e esta confissão


dessas pessoas: “Ele faz tudo muito bem”. Essa confissão resumida rememora
Deus examinando suas obras na criação e declarando que elas eram boas (G n
1.31). E um a outra instância de Jesus cumprindo o papel de Deus. A obra do
Filho na redenção é como a obra do Pai na criação: é bem feita e não deixa
nada a desejar. (Comentário James Edwards)

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