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4084-(2) DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.

o 155 — 6 de Julho de 2001

MINISTÉRIO DA ECONOMIA devem revestir a natureza de serviço público, é previsto


o seu exercício em regime de exclusivo, com base em
Decreto-Lei n.o 198-A/2001 contrato de concessão a celebrar entre o Estado e a
empresa concessionária.
de 6 de Julho Foi ouvida a Associação Nacional de Municípios
Após várias décadas de exercício da actividade Portugueses.
mineira em Portugal, constata-se que o exercício desta Assim:
actividade gerou um passivo ambiental muito signifi- Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da
cativo, agravado, ainda, pelos riscos potenciais que a Constituição, o Governo decreta, para valer como lei
falta de um adequado processo de recuperação ambien- geral da República, o seguinte:
tal das áreas abrangidas pode trazer para as populações
e para os ecossistemas envolventes. Artigo 1.o
O reconhecimento da gravidade da situação e da
Objecto
urgência em encontrar meios adequados de reposição
do equilíbrio ambiental de áreas sujeitas à actividade 1 — O presente diploma estabelece o regime jurídico
mineira, designadamente aquelas que hoje se encontram da concessão do exercício da actividade de recuperação
em estado de degradação e abandono, constitui um ambiental das áreas mineiras degradadas.
importante fundamento da presente iniciativa legis- 2 — A recuperação das áreas mineiras degradadas
lativa. compreende, designadamente, a sua caracterização,
Nestes termos, e tendo presente que constitui um obras de reabilitação e monitorização ambiental.
dever fundamental do Estado a recuperação das áreas
degradadas do território nacional, consagrado, aliás, na
Artigo 2.o
Lei n.o 11/87, de 7 de Abril (Lei de Bases do Ambiente),
importa definir os objectivos e os princípios que deverão Âmbito de aplicação
presidir à recuperação e monitorização ambiental das
áreas mineiras degradadas, a fim de assegurar a pre- 1 — O regime previsto no presente diploma é apli-
servação do património ambiental do País, tarefa que cável a áreas mineiras degradadas, entendendo-se como
é de reconhecido interesse público. tais as áreas mineiras que constituam um factor de risco
Se é certo que a administração pública central não potencial para a saúde humana ou para a preservação
se encontra vocacionada para a realização de acções do ambiente que justifique a intervenção do Estado.
de recuperação e monitorização ambiental de áreas 2 — Para efeitos do número anterior, são áreas minei-
mineiras degradadas, não é menos certo que, no meio ras degradadas as seguintes:
empresarial do Estado, existem entidades aptas a asse- a) Áreas abandonadas localizadas na zona de
gurar, com eficácia e aproveitamento, a respectiva gestão influência de antigas explorações mineiras
técnica, administrativa e financeira. desactivadas, cujas empresas concessionárias
É o caso das empresas públicas que actuam no sector não possam ser responsabilizadas pelas conse-
mineiro e que pertencem ao grupo EDM — Empresa quências ambientais decorrentes daquela acti-
de Desenvolvimento Mineiro, SGPS, empresa holding vidade, porque as respectivas concessões já
que representa os interesses do Estado no referido reverteram para o Estado ou porque essas
sector. empresas se encontram dissolvidas por falência;
Com efeito, a EDM congrega, quer na sua estrutura b) Áreas objecto de exploração mineira iniciada
própria, quer na do respectivo grupo, empresas ope- antes da entrada em vigor do Decreto-Lei
racionais e de serviços com vasta experiência no tra- n.o 90/90, de 16 de Março, e já desactivada até
tamento dos problemas associados aos diversos tipos essa data, independentemente de actuais con-
de exploração mineira exercida em Portugal, na espe- cessões de exploração para esse fim;
cificidade dos diferentes contextos locais, as quais dis- c) Áreas de exploração mineira, designadamente
põem dos conhecimentos suficientes e necessários ao as de minerais radioactivos, relativamente às
estudo, definição e concretização das soluções mais ade- quais seja reconhecido o interesse público da
quadas, incluindo do ponto de vista económico, com intervenção do Estado, mediante despacho con-
plena utilização das sinergias disponíveis. junto dos Ministros da Economia e do Ambiente
Neste contexto, é de salientar que, em matéria de e do Ordenamento do Território.
protecção ambiental, a EXMIN — Companhia de
Indústria e Serviços Mineiros e Ambientais, S. A., cujo Artigo 3.o
capital social é detido na totalidade pela EDM, se encon-
tra especificamente vocacionada para a investigação Objectivos
aplicada e prestação de serviços relativos ao meio A recuperação das áreas mineiras degradadas visa
ambiental natural, o que justifica a atribuição, a esta a valorização ambiental, cultural e económica, garan-
empresa, da actividade de recuperação e monitorização tindo a defesa do interesse público e a preservação do
ambiental das áreas mineiras degradadas, nos termos património ambiental, tendo em vista:
definidos pelo presente diploma.
Com esta medida pretende-se assegurar uma apli- a) Eliminar, em condições de estabilidade a longo
cação óptima dos recursos financeiros a afectar prazo, os factores de risco que constituam
mediante a maximização do binómio benefícios/custos ameaça para a saúde e a segurança públicas,
sociais, nomeadamente quanto à economia e eficácia resultantes da poluição de águas, da contami-
das soluções correctivas a adoptar. nação de solos, de resíduos de extracção e tra-
Considerando, finalmente, que no contexto do passivo tamento e da eventual existência de cavidades
ambiental existente em Portugal, em matéria de explo- desprotegidas;
ração mineira, as actividades de recuperação e moni- b) Reabilitar a envolvente paisagística e as con-
torização ambiental de áreas mineiras degradadas dições naturais de desenvolvimento da flora e
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da fauna locais, tendo como referência os habi- ANEXO


tats anteriores às explorações;
c) Assegurar a preservação do património aban- (a que se refere o artigo 5.o, n.o 2)
donado pelas antigas explorações, sempre que Bases do contrato de concessão do exercício da actividade
este apresente significativa relevância, quer eco- de recuperação ambiental das áreas mineiras degradadas
nómica, quer em termos de testemunhos de
arqueologia industrial;
d) Assegurar as condições necessárias para o estudo, I — Disposições e princípios gerais
preservação e valorização de vestígios arqueo-
lógicos, eventualmente existentes, relacionados Base I
com a actividade mineira;
Conteúdo
e) Permitir uma utilização futura das áreas recu-
peradas, em função da sua aptidão específica, A concessão do serviço público em regime de exclu-
em cada caso concreto, designadamente para sivo tem por conteúdo o exercício da actividade de recu-
utilização agrícola ou florestal, promoção turís- peração ambiental das áreas mineiras degradadas.
tica e cultural, além de outros tipos de apro-
veitamento que se revelem adequados e con-
venientes. Base II
Objecto da concessão
Artigo 4.o
Serviço público 1 — A actividade da concessão compreende a carac-
terização das áreas mineiras, as obras de reabilitação
1 — A recuperação ambiental das áreas mineiras e a monitorização ambiental.
degradadas consubstancia um serviço público a exercer 2 — Em especial, são objecto da concessão:
em regime de exclusivo.
2 — As situações que não se encontrem abrangidas a) A inventariação e caracterização das situações
pelo presente diploma, nos termos do número anterior, enquadráveis nas classes de áreas mineiras
regem-se pela legislação geral aplicável. degradadas;
b) O aprofundamento detalhado de elementos adi-
Artigo 5.o cionais de diagnóstico quanto à natureza e
extensão dos problemas existentes, quando tal
Da concessão seja indispensável, envolvendo trabalhos de
1 — O exclusivo do exercício da actividade de recu- campo para a recolha de amostras e respectivas
peração ambiental das áreas mineiras degradadas será análises, medições de caudais, volumes e quais-
adjudicado, em regime de concessão, à EXMIN — Com- quer outros indicadores relevantes;
panhia de Indústria e Serviços Mineiros e Ambien- c) A caracterização geral tanto dos sistemas eco-
tais, S. A. lógicos em causa como das envolventes sócio-
2 — A atribuição da concessão opera-se mediante a -económica e cultural, designadamente a com-
celebração de contrato administrativo, nos termos do ponente arqueológica, quando exista;
presente diploma e das bases anexas que dele fazem d) A elaboração de projectos de recuperação que
parte integrante. garantam a máxima eficiência técnica e econó-
mica das soluções a adoptar;
Artigo 6.o e) A preparação e lançamento dos concursos de
empreitada para a realização de obras no ter-
Outorga do contrato reno, avaliação de propostas e respectiva adju-
Ficam os Ministros da Economia e do Ambiente e dicação, acompanhamento e fiscalização da sua
do Ordenamento do Território autorizados, com a facul- execução e verificação rigorosa das condições
dade de delegação, a subscrever, em nome e represen- exigidas para a recepção definitiva;
tação do Estado, o contrato de concessão, cuja minuta f) A elaboração de planos e orçamentos anuais
deve ser aprovada mediante resolução do Conselho de e por projecto, de relatórios periódicos de pro-
Ministros. gresso e de prestação de contas, da documen-
tação exigível para os necessários licenciamen-
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 15 tos e de propostas concretas, em todas as fases,
de Fevereiro de 2001. — António Manuel de Oliveira que careçam de autorização expressa do con-
Guterres — Joaquim Augusto Nunes Pina Moura — Antó- cedente;
nio Luís Santos Costa — Mário Cristina de Sousa — g) Sempre que tal seja requerido, definição dos
Maria Manuela de Brito Arcanjo Marques da Costa — sistemas de monitorização permanente a levar
Rui Nobre Gonçalves — José Estêvão Cangarato Saspor-
a efeito, posteriormente à recuperação básica,
tes — José Mariano Rebelo Pires Gago.
e apresentação de sugestões ou estudos para
Promulgado em 3 de Julho de 2001. a melhor valorização económica ulterior das
áreas recuperadas.
Publique-se.
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Base III
Referendado em 5 de Julho de 2001. Princípio geral

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira A recuperação de áreas mineiras degradadas visa a


Guterres. valorização ambiental, cultural, económica e regional,
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garantindo a defesa do interesse público e a preservação 3 — A concessionária é obrigada a manter em bom


do património ambiental, mediante um conjunto de estado de funcionamento, de conservação e de segu-
intervenções assentes em níveis adequados de eficiência rança, a expensas suas, todos os bens e direitos afectos
e qualidade e orientados por critérios de gestão empre- à concessão.
sarial. 4 — A concessionária não poderá alienar ou onerar,
parcial ou totalmente, e sob qualquer forma, os bens
e os direitos afectos à concessão, salvo autorização pré-
Base IV via do concedente, ou tratando-se de bens depreciáveis
Regime de concessão ou ainda de bens cuja natureza imponha a sua subs-
tituição.
Com o objectivo de assegurar a permanente adequa-
ção da concessão às exigências da vertente ambiental
da política económica e à regularidade e continuidade Base VIII
do serviço público, o concedente pode alterar as con- Infra-estruturas pertencentes aos municípios
dições do seu exercício, nos termos da lei e das presentes ou a associações de municípios
bases.
1 — Os imóveis ou quaisquer infra-estruturas rela-
cionadas com a concessão pertencentes aos municípios
Base V ou associações de municípios poderão ser pelos mesmos
Prazo cedidos à concessionária, a título gratuito ou oneroso,
para a actividade da concessão.
A concessão terá uma duração de 10 anos, a contar 2 — Tornando-se desnecessária a utilização pela con-
da data da celebração do respectivo contrato, renovável, cessionária das infra-estruturas referidas no número
caso o interesse público o justifique. anterior, serão estas devolvidas aos municípios cedentes
nas condições inicialmente acordadas.
II — Dos bens e meios afectos à concessão
III — Condições financeiras
Base VI
Base IX
Estabelecimento da concessão e bens afectos à concessão
Financiamento
1 — Consideram-se afectos à concessão:
1 — A concessionária deve adoptar e executar, tanto
a) Os bens que integram a concessão; na construção das infra-estruturas como nas demais acti-
b) Todas as infra-estruturas, obras, máquinas e vidades da concessão, o esquema financeiro constante
aparelhagem e respectivos acessórios e, em do estudo económico anexo ao contrato de concessão.
geral, quaisquer outros bens a ela directamente 2 — O esquema referido no número anterior deve
afectos. ser organizado tendo em conta as seguintes fontes de
financiamento:
2 — As infra-estruturas consideram-se integradas na
concessão, para todos os efeitos legais, desde a apro- a) As comparticipações e subsídios atribuídos à
vação dos projectos de construção. concessionária por quaisquer entidades, públi-
cas ou privadas, nacionais ou comunitárias;
b) Quaisquer outras receitas que lhe sejam devidas
Base VII por lei, contrato ou qualquer outro título.
Bens e outros meios afectos à concessão
Base X
1 — Consideram-se, ainda, afectos à concessão:
Despesas
a) Todos os bens, móveis ou imóveis, corpóreos
ou incorpóreos, assim como todos os direitos 1 — Consideram-se incluídos no orçamento de cada
ligados directa ou indirectamente à actividade projecto de recuperação de áreas mineiras degradadas
de recuperação ambiental das áreas mineiras; os investimentos a realizar pela concessionária, os encar-
b) Os direitos privados de propriedade intelectual gos com a gestão e as despesas relativas a aquisições
e industrial de que a concessionária seja titular. de serviços, assistência técnica, estudos de diagnóstico
de áreas mineiras e outros, estudos e projectos de enge-
2 — Consideram-se igualmente afectos à concessão, nharia, aquisição de infra-estruturas, materiais e de equi-
desde que directamente relacionados com a actividade pamentos, obras de construção civil, obras de regene-
objecto do contrato ou complementares da mesma, nos ração de solos e aquíferos, aquisições e expropriações
termos do n.o 2 da base II: de terrenos indispensáveis à recuperação ambiental,
a) Quaisquer fundos ou reservas consignados à aquisição de informação e meios logísticos para o seu
garantia do cumprimento de obrigações da tratamento, deslocações, comunicações e estadas e
concessionária; acções de promoção, de divulgação e de formação.
b) A totalidade das relações jurídicas que se encon- 2 — Os investimentos e despesas referidos no n.o 1
trem em cada momento relacionadas com a con- devem ser efectuados tendo em vista o interesse público
tinuidade da concessão, nomeadamente labo- e de acordo com critérios de eficiência empresarial e
rais, de empreitada e de prestação de serviços. de qualidade dos serviços prestados.
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IV — Acompanhamento e fiscalização da concessão jectos a executar pela concessionária, podendo solicitar


pareceres de entidades externas, quando necessário.
Base XI
Poderes do concedente Base XIII
Fiscalização
1 — Além de outros poderes conferidos pelas pre-
sentes bases ou pela lei ao concedente, carecem de apro- 1 — O Instituto Geológico e Mineiro e a direcção
vação do concedente: regional do ambiente e do ordenamento do território
competente fiscalizam o cumprimento das leis e regu-
a) Os planos e relatórios de actividade e finan- lamentos aplicáveis e, bem assim, das cláusulas do con-
ceiros plurianuais para um período de, pelo trato de concessão, onde quer que a concessionária
menos, três anos e suas eventuais alterações; exerça a sua actividade, podendo, para tanto, exigir-lhe
b) Os orçamentos anuais de exploração, de inves- as informações e os documentos que considerar neces-
timento e financeiros, bem como as respectivas sários.
actualizações que impliquem redução de resul- 2 — O pessoal de fiscalização dispõe de livre acesso,
tados previsionais, acréscimo de despesas ou de no exercício das suas funções, a todas as infra-estruturas
necessidade de financiamento; e equipamentos da concessão e a todas as instalações
c) As áreas de intervenção, bem como os projectos da concessionária.
de recuperação ambiental. 3 — A concessionária deve enviar todos os anos aos
Ministros da Economia e do Ambiente e do Ordena-
2 — Os poderes do concedente referidos nas presen- mento do Território, até ao termo do 1.o semestre do
tes bases, bem como quaisquer outros com eles rela- ano seguinte a que respeita o exercício considerado,
cionados que lhe sejam conferidos por lei, são exercidos os documentos contabilísticos para o efeito indicados
conjuntamente pelos Ministros da Economia e do no contrato de concessão, os quais devem respeitar a
Ambiente e do Ordenamento do Território, com a facul- apresentação formal que tiver sido definida e estar cer-
dade de delegação na Comissão de Acompanhamento tificados por auditor aceite pelo concedente.
da Concessão referida na base seguinte.
Base XIV
Base XII Caução referente à concessão

Comissão de Acompanhamento da Concessão 1 — Para garantia do cumprimento dos deveres con-


tratuais emergentes da concessão, deverá a concessio-
1 — É criada a Comissão de Acompanhamento da nária prestar uma caução de valor a definir no contrato
Concessão (CAC) composta por cinco membros, sendo de concessão, a qual corresponderá a 1% do orçamento
constituída por dois representantes do Ministro da Eco- anual.
nomia, um dos quais preside, um representante do 2 — Nos casos em que a concessionária não tenha
Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, pago ou conteste as multas aplicadas por incumprimento
um representante do Ministro da Saúde e um repre- das obrigações contratuais, poderá haver recurso à cau-
sentante do Ministro da Ciência e da Tecnologia. ção, sem dependência de decisão judicial, mediante des-
2 — Os membros da CAC são designados mediante pacho dos Ministros da Economia e do Ambiente e
despacho conjunto dos membros do Governo referidos do Ordenamento do Território.
no número anterior, o qual deve fixar o limite máximo 3 — Na hipótese contemplada no número anterior,
das suas despesas de funcionamento da responsabilidade a concessionária, caso tenha prestado a caução por depó-
da concessionária. sito, deve repor a importância utilizada no prazo de
3 — A CAC será coadjuvada por uma subcomissão um mês contado da data de utilização.
que procederá à avaliação e acompanhamento técnicos 4 — A caução só pode ser levantada após o decurso
dos estudos de caracterização, projectos de recuperação de um ano sobre o termo da concessão.
e respectivas obras de construção, planos e relatórios
de monitorização, sem prejuízo do regime jurídico de V — Utilização do domínio público e construção
avaliação de impacte ambiental. das infra-estruturas
4 — A Subcomissão de Avaliação é constituída por
seis membros permanentes, sendo um indicado pela Base XV
Direcção-Geral do Ambiente, que preside, um indicado
pelo Instituto Geológico e Mineiro, um pelo Instituto Utilização do domínio público mineral
Tecnológico e Nuclear, um pela autoridade regional de 1 — A concessionária, no âmbito e fins do serviço
saúde, um pela direcção regional do ambiente e do orde- público e por efeito da aprovação dos projectos de recu-
namento do território, um pela direcção regional da peração, tem o direito de utilizar o domínio público
economia, territorialmente competente na área de loca- mineral e, observado o disposto no artigo 41.o do
lização do projecto e, ainda, eventualmente por espe- Decreto-Lei n.o 88/90, de 16 de Março, a faculdade de
cialistas, de acordo com especificidades ou particula- dispor dos produtos minerais ocasionalmente obtidos
ridades do projecto em apreciação, designadamente por no quadro das acções de recuperação ambiental das
um representante do Instituto Português de Arqueo- áreas mineiras degradadas.
logia, sempre que se verifique a existência de vestígios 2 — As intervenções para a caracterização e recupe-
arqueológicos. ração ambiental a realizar em áreas objecto de direitos
5 — Compete à Subcomissão de Avaliação apreciar concedidos ao abrigo do Decreto-Lei n.o 90/90, de 16
e dar parecer sobre a qualidade e ajustamento dos pro- de Março, ficam sujeitas a prévio parecer favorável do
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Instituto Geológico e Mineiro, ouvido o respectivo titu- Base XIX


lar da concessão, tendo em vista assegurar a compa-
Projectos de recuperação de áreas mineiras degradadas
tibilização do interesse público do aproveitamento racio-
nal dos recursos e da recuperação ambiental das áreas Sem prejuízo de prazos previstos em procedimentos
degradadas. especiais, a aprovação dos projectos, nos termos refe-
3 — O parecer a que se refere o número anterior ridos nas bases XI e XII, considera-se concedida caso
pode ser acompanhado da imposição de medidas a exe- não seja expressamente recusada no prazo de 60 dias,
cutar pela concessionária e ou pelo titular dos direitos devendo previamente ser submetida a parecer não vin-
mineiros, considerando-se favorável o parecer, caso não culativo da câmara municipal territorialmente com-
seja emitido no prazo de 30 dias após a entrada do petente.
respectivo pedido no IGM, acompanhado dos elementos
identificadores da intervenção a realizar.
4 — A concessionária abster-se-á de executar o plano VI — Sanções
de medidas de recuperação ambiental cuja realização,
com a aprovação do IGM, seja assumida pelo titular Base XX
de direitos mineiros o qual prestará àquele, para esse
efeito, garantia idónea de bom cumprimento. Multas contratuais

1 — O incumprimento pela concessionária das obri-


Base XVI gações assumidas no âmbito do contrato de concessão
Utilização do domínio público origina a aplicação de multas contratuais pelo conce-
dente, cujo montante variará entre 500 000$ a
1 — A concessionária terá ainda o direito de utilizar 9 000 000$, conforme a sua gravidade.
outros bens do domínio público do Estado ou dos muni- 2 — É da competência dos Ministros da Economia
cípios em que se localizem as áreas mineiras, neste caso e do Ambiente e do Ordenamento do Território a apli-
mediante afectação, para efeitos de implantação das cação das multas previstas na presente base.
infra-estruturas e obras da concessão, nos termos da 3 — A sanção aplicada é comunicada por escrito à
legislação aplicável. concessionária.
2 — A faculdade de utilização dos bens dominiais 4 — Os limites das multas referidos no n.o 1 são actua-
referidos no número anterior resulta da aprovação dos lizados anualmente de acordo com o índice de preços
respectivos projectos ou de despacho dos Ministros da no consumidor no continente.
Economia e do Ambiente e do Ordenamento do Ter- 5 — As multas que não forem pagas voluntariamente
ritório, sem prejuízo da formalização da respectiva até 30 dias após a data da notificação podem ser levan-
cedência nos termos da lei. tadas da caução prestada pela concessionária.
3 — No caso de afectação de bens dominiais dos
municípios ou de outras pessoas colectivas públicas é
aplicável o disposto no Código das Expropriações, cor- VII — Modificação e extinção da concessão
rendo por conta da concessionária as compensações a
que houver lugar. Base XXI
Trespasse de concessão
Base XVII
1 — A concessionária não pode trespassar a conces-
Servidões e expropriações são, no todo ou em parte, sem prévia autorização dos
1 — A concessionária poderá constituir as servidões Ministros da Economia e do Ambiente e do Ordena-
e requerer as expropriações necessárias à implantação mento do Território.
das infra-estruturas e obras da concessão. 2 — No caso de trespasse autorizado, considerar-
2 — As servidões e expropriações resultam da apro- -se-ão transmitidos para a trespassária os direitos e obri-
vação dos respectivos projectos pelos Ministros da Eco- gações da trespassante, assumindo ainda a trespassária
nomia e do Ambiente e do Ordenamento do Território as obrigações e encargos que eventualmente lhe venham
ou de declaração de utilidade pública, simultânea ou a ser impostos como condição de autorização do
subsequente, nos termos da lei aplicável, correndo por trespasse.
conta do concedente as indemnizações a que derem
lugar. Base XXII
Subconcessão
Base XVIII
1 — A concessionária não pode, salvo consentimento
Responsabilidade pela concepção, projecto e construção
das infra-estruturas por parte dos Ministros da Economia e do Ambiente
e do Ordenamento do Território, subconceder, no todo
1 — Constitui encargo e é da responsabilidade da con- ou em parte, a concessão.
cessionária a concepção, o projecto e a construção das 2 — O consentimento referido no número anterior
instalações e a aquisição dos equipamentos necessários, deve, sob pena de nulidade, ser prévio e dado por escrito.
em cada momento, à actividade da concessão. 3 — No caso de haver lugar a uma subconcessão devi-
2 — A concessionária responde perante o concedente damente autorizada, a concessionária mantém os direi-
por eventuais defeitos de concepção, de projecto, de tos e continua sujeita às obrigações emergentes do con-
construção ou dos equipamentos. trato de concessão.
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Base XXIII terão, sem qualquer indemnização, para o Estado, livres


Modificação da concessão
de quaisquer ónus ou encargos e em perfeitas condições
de utilização e manutenção.
Sem prejuízo do disposto na lei geral e na base IV, 2 — A reversão ocorrerá sem qualquer formalidade
o contrato de concessão apenas pode ser alterado por que não seja uma vistoria, para a qual será convocado
acordo entre concedente e concessionária. um representante da concessionária.
3 — Do auto de vistoria deve constar obrigatoria-
Base XXIV mente o inventário dos bens e equipamentos afectos
à concessão, assim como a descrição do seu estado de
Rescisão do contrato conservação.
1 — O concedente poderá dar por finda a concessão,
mediante rescisão do contrato, quando tenha ocorrido Base XXVI
qualquer dos factos seguintes:
Resgate da concessão
a) Desvio do objecto de concessão;
b) Oposição reiterada ao exercício de fiscalização 1 — O concedente poderá resgatar a concessão, reto-
ou repetida desobediência às determinações do mando a gestão directa do serviço público concedido,
concedente ou, ainda, sistemática inobservância sempre que motivos de interesse público o justifiquem,
das leis e regulamentos aplicáveis à exploração; e mediante aviso prévio feito à concessionária, por carta
c) Recusa em proceder à adequada conservação registada, com aviso de recepção, com um ano de
e reparação das infra-estruturas ou quaisquer antecedência.
obras; 2 — Decorrido o período de um ano sobre o aviso
d) Cessação de pagamentos pela concessionária ou do resgate, os Ministros da Economia e do Ambiente
apresentação à falência; e do Ordenamento do Território entrarão em posse de
e) Trespasse da concessão ou subconcessão não todos os bens afectos à concessão, nos termos da base
autorizado; anterior.
f) Violação grave das cláusulas do contrato de 3 — Pelo resgate a concessionária terá direito a uma
concessão. indemnização determinada por terceira entidade inde-
pendente, escolhida por acordo entre os Ministros da
2 — Não constituem causas de rescisão os factos ocor- Economia e do Ambiente e do Ordenamento do Ter-
ridos por motivos de força maior e, bem assim, os que ritório e a concessionária, devendo aquela atender, na
o concedente aceite como justificados. fixação do seu montante, ao valor contabilístico líquido
3 — A rescisão prevista no n.o 1 determina a reversão dos bens referidos no número anterior.
de todos os bens e meios afectos à concessão para o 4 — O crédito previsto no n.o 3 desta base compen-
concedente, a efectivar nos termos da base seguinte e sar-se-á com as dívidas ao concedente por multas con-
sem direito a qualquer indemnização. tratuais e a título de indemnizações por prejuízos
4 — A rescisão do contrato de concessão deve ser causados.
comunicada à concessionária por carta registada com
aviso de recepção e produzirá imediatamente os seus
efeitos. VIII — Contencioso

Base XXV Base XXVII


Termo do prazo da concessão Arbitragem

1 — No termo da concessão e sem prejuízo do dis- Nos litígios emergentes do contrato de concessão
posto na base VIII, os bens afectos à concessão rever- poderá o Estado celebrar convenção de arbitragem.

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