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Introdução
“A compreensão dos diagramas de fases para sistemas de
ligas é extremamente importante, pois existe uma forte
correlação entre a microestrutura e as propriedades
mecânicas, e o desenvolvimento da microestrutura de uma
liga está relacionado às características do seu diagrama de
fases.” Callister 2006
Definições e Conceitos Fundamentais
Matéria: é definida classicamente como tudo o que ocupa lugar no espaço e possui massa.
Material: pode ser definido como a composição de um ou mais elementos químicos que
visa atender uma determinada finalidade/aplicação/utilidade tecnológica. A utilização do
material visa resolver problemas da existência humana. Pode-se concluir que a definição
de matéria compreende a de material, ou seja, todo material é uma matéria em última
análise, contudo, pressupõe atender uma finalidade humana.
Definições e Conceitos Fundamentais
T [°C]
Substância Misturas Mistura Eutética
Mistura Azeotrópica
V
L+V
S+L
S ΔT
Tempo ou energia
Exemplo: mistura água e álcool (etanol)
T [°C]
100 Vapor
L+V 78,5
78,1
Líquido
96,5 % etanol
Mistura Azeotrópica
Solvente: representa o elemento ou componente que está presente em maior quantidade em uma
substância ou liga; ocasionalmente, os átomos de solvente também são chamados de átomos
hospedeiros.
Solução sólida: mistura homogênea no estado sólido de dois ou mais elementos ou componentes.
Definições e Conceitos Fundamentais
Solução sólida substitucional: os átomos de soluto substituem os átomos de solvente em suas
posições na rede cristalina.
Solução sólida intersticial: os átomos de soluto ocupam os interstícios existentes entre átomos
de solvente na rede cristalina.
Composto Cementita
C C C Fe
C Cr C C Cr C
C C C Fe Fe
Fe3C
Definições e Conceitos Fundamentais
Fase: Uma fase pode ser definida como uma porção homogênea de um sistema que possui
características físicas e químicas uniformes.
Definições e Conceitos Fundamentais
Microestrutura: nas ligas metálicas a microestrutura é caracterizada pelo número de fases
presentes, por suas proporções e pela maneira segundo a qual elas estão distribuídas ou
arranjadas. A microestrutura de uma liga é dependente dos elementos que a compõe, das
concentrações desses elementos, do tratamento térmico a que a liga foi submetida.
Equilíbrio: Um sistema está em equilíbrio quando as suas características não mudam ao longo
do tempo, mas persistem indefinidamente, ou seja, o sistema é estável. Em condições de
equilíbrio, a energia interna se encontra em um valor mínimo para uma combinação específica
de temperatura, pressão e composição.
Não equilíbrio ou estado metaestável: Quando um dado sistema não atinge seu estado de
equilíbrio, mas, o estado atingido persistirá indefinidamente com o passar do tempo com
mudanças praticamente imperceptíveis a menos que energia seja fornecido ao sistema para que
ele atinja a condição de equilíbrio. Essa energia fornecida é denominada de energia de ativação.
Definições e Conceitos Fundamentais
Energia livre. Grandeza termodinâmica que é uma função tanto da energia interna como da
entropia (aleatoriedade ou desordem dos átomos ou moléculas) de um sistema. A energia livre
é uma medida da espontaneidade de sistemas termodinâmicos e/ou reações químicas. Todo
sistema tende para o menor valor de energia livre quando sujeito a variação das variáveis de
estado (temperatura, pressão, composição, taxa de resfriamento/aquecimento, etc). Isto implica,
por exemplo, numa transformação de fases ou microestrutural do sistema em questão.
Por exemplo, na temperatura ambiente (25 °C) e pressão de 1 atm a condição de menor energia
livre para a água é o estado líquido, então se submetermos vapor d’água nestas condições, o
vapor irá condensar para reduzir a sua energia livre.
Analogia à Energia Livre
Equilíbrio de Fases
Instável
Energia “máxima”
Potencial Gravitacional
Energia de Ativação
Metaestável
Estável
Energia mínima
Distância
Vibração Atômica
Aquecimento
Resfriamento
Equilíbrio 1 Equilíbrio 2
Energia livre é mínima.
Função das variáveis de estado.
Vibração Atômica: Parâmetro de Rede
Aquecimento
Resfriamento
a
A
Equilíbrio 1 Equilíbrio 2
CFC CCC
Resfriamento
Aquecimento
912 °C
Equilíbrio 1 Equilíbrio 2
80
Limite de Solubilidade
Temperatura (°C)
60
40
Xarope (solução
água e açúcar) Solução líquida
20 +
Açúcar sólido
0
Açúcar 0 20 40 60 80 100
Água 100 80 60 40 20 0
Composição (%m)
Solução Sólida Substitucional
Átomo de Soluto < Átomo Solvente
α
β
Distorção no Reticulado.
Acomodação dos átomos de
soluto.
Precipitação 2ª Fase
α α
+β β T β
Solvente
rejeita/segrega β
Variáveis de Estado: São as grandezas físicas utilizadas para definir e descrever determinado
fenômeno termodinâmico, como por exemplo, transformação de fase. Exemplos: temperatura;
pressão; composição, taxa de variação da temperatura.
Esquema Diagrama de Fases da Água
T [°C]
1 atm
100
aquecimento
Líquido Vapor
resfriamento
0
aquecimento
Sólido Líquido
resfriamento
Tempo ou energia
T [°C]
> 1 atm
1 atm
Tevaporação = Tcondensação
100
aquecimento
Líquido Vapor
resfriamento
Tfusão = Tsolidificação
0
aquecimento
Sólido Líquido
resfriamento
Tempo ou energia
Esquema Diagrama de Fases da Água
T [°C]
1 atm
< 1 atm
100
Tevaporação = Tcondensação
aquecimento
Líquido Vapor
resfriamento
0
Tfusão = Tsolidificação aquecimento
Sólido Líquido
resfriamento
Tempo ou energia
Esquema Diagrama de Fases da Água
p[kPa]
Fluido supercrítico
22000
Líquido
patm = 101
Sólido
0,61
Vapor Gás
0,01
0 100 374 T[°C]
Esquema Diagrama de Fases da Água
p[kPa]
Fluido supercrítico
22000
Líquido
patm = 101
Sólido
0,61
Vapor Gás
0,01
0 0,01 100 374 T[°C]
Esquema Diagrama de Fases da Água
p[kPa]
L
Linha de vaporização: líquido e vapor em equilíbrio
S
V
Ponto triplo: sólido, líquido e vapor em equilíbrio
T[°C]
Solidificação dos Metais Puros
A
T
Ts C
B
A
T
A: liga metálica fundida (líquido). ponto liquidus
AB: resfriamento da liga líquida. Tb
B
BC: solidificação do metal num intervalo de temperatura ponto solidus
no intervalo de tempo t-t’. Tc
CD: resfriamento do metal sólido. C
D: metal sólido na temperatura ambiente. D
t t'
Construção Diagrama de Fases de uma
Solução Sólida
T [°C] 75%
50% T [°C]
25%
A líquido
T
Tb
B L+S
Tc
C
D
sólido
t t'
100% M1 100% M2
Difusão Atômica
Difusão é o fenômeno de transporte de matéria através do movimento atômico.
A partir de uma perspectiva atômica, a difusão consiste simplesmente na migração em
etapas dos átomos de um sítio na rede cristalina para outro sítio também na rede
cristalina. A difusão ocorre para eliminar diferenças de concentração e produzir
composições homogêneas e uniformes podendo ocorrer no interior de sólidos, líquidos
e gases. Além do gradiente de concentração, a difusão depende da temperatura, quanto
maior a temperatura maior a agitação atômica e consequentemente os átomos se
movimentam com maior velocidade ou com mais facilidade.
T, t
Difusão Atômica: exemplo
Fonte
perfume
Ausência
perfume
Ponto A
TA = 1100 °C
Concentração: 60%Ni e 40%Cu
Para essas condições de temperatura e composição
somente a fase α está presente. Assim, toda
microestrutura situada abaixo da linha sólidus será
representada pela fase α.
Ponto B
TB = 1250 °C
α Concentração: 35%Ni e 65%Cu
Para essas condições de temperatura e composição a
A liga se encontra na região mista constituída das fases
α e líquida. A região mista, portanto, é uma região
bifásica.
Início solidificação
Fim solidificação
Início solidificação
Fim solidificação
Ni
Cu
Ni
Cu
difusão no sólido
difusão no líquido
Líquido
Frente de
solidificação.
Sólido em
crescimento
Líquido
Contorno de
grão.
difusão na interface S-L
Ni
Cu
Ni
Cu
difusão no sólido
difusão no líquido
Resfriamento fora das Condições do Equilíbrio
No resfriamento fora das condições de equilíbrio as taxas de difusão são
muito baixas para a fase sólida e, para ambas as fases, diminuem com a
redução da temperatura. O processo de resfriamento fora das
condições de equilíbrio impede reajustes de composição e a
manutenção de um estado de equilíbrio entre as fases.
Consequentemente, são desenvolvidas microestruturas distintas
daquelas descritas anteriormente.
O encerramento do processo de solidificação fora da condição de
equilíbrio, ponto f’, mostra uma distribuição dos dois elementos não
uniforme devido a segregação. O centro de cada grão é composto pela
primeira parte que se solidificou, é rico no elemento de maior ponto de
fusão, neste caso Ni. A concentração do elemento de menor ponto de
fusão, Cu, aumenta na direção da fronteira (contorno) do grão. Esse tipo
de microestrutura é chamada de estrutura zonada e suas propriedades são
inferiores às obtidas no resfriamento em condições de equilíbrio.
As estruturas zonadas podem ser eliminadas pela realização de um
tratamento térmico de homogeneização a uma temperatura abaixo do
ponto sólidus para a composição específica da liga. Durante esse
processo, ocorre um difusão atômica que produz grãos com composição
homogênea.
Sistemas Eutéticos Binários
Nem sempre os componentes das ligas possuem características
tão semelhantes, como a dos sistemas isomorofos, e nesse caso, a
solubilidade entre os elementos não é total mesmo nas condições
de equilíbrio. Acréscimos de soluto para além do limite de
solubilidade resulta na formação de uma outra fase e nesse caso a α+L
microestrutura será heterogênea. Diagramas de fases como α E β+ L
β
mostrado na figura ao lado são conhecidos como diagramas de
fases eutético binário. Nesses sistemas há uma composição de
liga cuja temperatura de fusão é inferior a temperatura de fusão α+β
dos elementos considerados individualmente. Portanto, a liga
funde-se com maior facilidade em relação aos componentes
isoladamente, daí vem a origem da palavra eutético, de origem
grega, cuja tradução livre significa fundir com facilidade.
Nesse tipo de diagrama são encontradas três regiões monofásicas distintas: α, β e líquida (L). A título de exemplo, considerar o
diagrama chumbo-estanho (Pb-Sn) mostrado na figura ao lado.
A fase α é rica em Pb (CFC, Ra = 0,175 nm), enquanto que a β é rica em Sn (TCC , Ra = 0,158 nm). Considerando a adição de
Sn ao Pb (Sn é o soluto, Pb o solvente) observa-se que além das três regiões monofásicas, existem três regiões bifásicas: α + L;
α +β e β + L. Notar que a medida que se adiciona Sn ao Pb a temperatura de fusão da liga é reduzida ao longo da linha liquidus,
o mesmo ocorre pela adição de Pb ao Sn, essas duas linhas liquidus se interceptam no ponto E chamado de ponto invariante.
O ponto invariante, E, é designado pela composição CE e pela temperatura TE. Uma reação importante ocorre para uma liga
com composição CE à medida que a temperatura é reduzida, essa reação é denominada de EUTÉTICA.
Reação Eutética
resfriamento
L(CE) α (CαE) + β (CβE)
aquecimento
Em um processo de resfriamento em condições de equilíbrio,
a reação eutética é semelhante ao processo de solidificação
para componentes puros, ou seja, a reação prossegue até o seu
término a uma temperatura constante conhecida como
temperatura eutética, TE. Entretanto, o produto sólido da
solidificação eutética consiste sempre em duas fases, enquanto
que no caso de um componente puro ocorre a formação de
uma única fase.
A microestrutura sólida resultante dessa transformação consiste em camadas alternadas ou lamelas das fases α e
β que se formam simultaneamente durante a transformação. Essa microestrutura é chamada de estrutura
eutética, embora seja uma microestrutura bifásica, é comum tratar a microestrutura eutética, devido a sua
morfologia particular, como um microconstituinte, ou seja, como se fosse uma microestrutura monofásica.
Difusão Atômica na Transformação Eutética
Devido ao limite de solubilidade não ser total para a liga Pb-Sn; a
composição de cada fase, α e β, será, necessariamente, diferente da
composição do líquido. A redistribuição das composições durante a formação
das fases sólidas é obtida mediante um processo de difusão atômica. As setas
da figura ao lado indicam as direções da difusão dos átomos de Pb e Sn,
átomos de Pb se difundem na direção da fase α e de maneira oposta, os
átomos de Sn na direção da fase β. A estrutura eutética se forma segundo
essas camadas (ou lamelas) alternadas porque a difusão atômica do Pb e do
Sn precisa ocorrer apenas somente ao longo de distâncias relativamente
curtas.
Difusão Atômica na Transformação Eutética
Como o Pb tem temperatura de fusão (solidificação) mais elevada em relação ao Sn, a primeira partícula sólida a se formar será rica em Pb,
fase α. É importante observar que solidifica uma solução sólida (SS) e não Pb puro, nessa SS o teor máximo de Sn é de 18,3%. Como no
líquido há 61,9% de estanho e o sólido se forma rejeitando Sn, o líquido no entorno da partícula fica mais rico em Sn resultando na
formação de outra SS rica em Sn, ou seja, fase β. Durante a formação da fase β, o líquido no seu entorno fica rico em Pb cujo efeito é a
nucleação da fase α. É importante observar que a nucleação das duas fases ocorre simultaneamente e cooperativamente porque a
redistribuição de átomos de solvente e soluto contribuem na formação e no crescimento de ambas as fases. Além disso, a nucleação de uma
fase sempre ocorre na interface da outra fase e isso dificulta o crescimento na direção da espessura restando crescimento na direção
longitudinal ou na direção do líquido a frente de cada fase, por essa razão as fases têm forma de lamelas sobrepostas umas as outras.
Difusão Atômica na Transformação Eutética
Sn
Pb Sn
Pb
≈ 150
≈4
Desenvolvimento da Microestrutura em Ligas Eutéticas
O quarto caso, considerando a composição eutética o terceiro,
microestrutura para esse sistema inclui todas as composições
que não aquelas para o eutético e que, quando resfriadas,
cruzam a isoterma eutética. Para a liga Pb-Sn essas
composições se estendem desde 18,3% de Sn até 61,9% Sn
dissolvidos na fase α. Considerando uma liga com composição
C4, a medida que a temperatura é reduzida, nos movemos para
baixo, ao longo da linha zz’ a partir do ponto j. O
desenvolvimento microestrutura do ponto j até o ponto l é
semelhante ao que foi apresentado para o segundo caso, de
maneira tal que imediatamente antes do cruzamento da isoterma
eutética, as fase α e L estão presentes. No ponto l a fase L tem a
composição eutética e irá se transformar na estrutura do
eutético, conforme abordado anteriormente. A microestrutura
final está representada esquematicamente no detalhe do ponto
m e persistira sem alterações significativas até a temperatura
ambiente.
Algumas vezes é conveniente usar o termo microconstituinte,
isto é, um elemento da microestrutura que possui uma estrutura
característica e identificável. No ponto m existem dois
microconstituintes, a fase α primária e a estrutura eutética.
Diagrama de Fases do Sistema Ferro-Carbeto de Ferro
Linha liquidus
Fases
Sólidas
Acm γ : Austenita (CFC)
A3 α : Ferrita Alfa (CCC)
A1 Fe3C : Cementita (carbeto
de ferro, cerâmica)
0,008
Diagrama de Fases do Sistema Ferro-Carbeto de Ferro
δ
À temperatura ambiente, a forma estável, conhecida como ferrita,
ou ferro α, possui uma estrutura cristalina CCC. Na temperatura de
912 °C, a ferrita, experimenta uma transformação polimórfica para
austenita, ou ferro γ, que possui estrutura cristalina CFC. A γ
austenita persiste até 1394 °C, temperatura em que a austenita CFC
reverte novamente a uma fase com estrutura cristalina CCC,
conhecida como ferrita δ, e que finalmente se funde à temperatura
de 1538 °C. Todas essas alterações estão aparentes ao longo do eixo
vertical à esquerda no diagrama de fases. α
Diagrama de Fases do Sistema Ferro-Carbeto de Ferro
O eixo das composições se estende apenas até 6,7% C; nessa concentração, forma-se o
composto intermediário carbeto de ferro, ou cementita (Fe3C), o qual é representado por uma
linha vertical no diagrama de fases. Na prática, todos os aços e ferros fundidos possuem teores
de carbono inferiores a 6,7%C. O carbono é uma impureza no ferro e forma uma solução
sólida tanto na ferrita quanto na austenita. Na ferrita α, CCC, somente pequenas concentrações
de carbono são solúveis, máximo de 0,022%C, na temperatura de 727 °C. A austenita, γ,
quando ligada somente com carbono, não é estável a uma temperatura inferior a 727 °C. A
solubilidade máxima do carbono na austenita é de 2,11%C na temperatura de 1147 °C. Essa
solubilidade é aproximadamente 100 vezes maior do que o valor máximo para a ferrita CCC,
uma vez que as posições intersticiais na estrutura CFC são maiores. Cabe mencionar que a
austenita é não magnética. A cementita se forma quando do limite de solubilidade para o
carbono na ferrita α é excedido a temperatura abaixo de 727 °C. A cementita também
coexistirá com a fase γ entre as temperaturas de 727 °C e 1147 °C. Mecanicamente, a
cementita é muito dura e frágil; a resistência de alguns aços é aumentada substancialmente
pela sua presença. A rigor, a cementita é uma liga apenas metaestável; isto é, à temperatura
ambiente, ele permanecerá indefinidamente como um composto.
Linha liquidus
Linha solidus
Acm
A3
A1
resfriamento
CE L(CE) γ (CγE) + Fe3C
Acm aquecimento
A3
A1 Reação Eutetóide
resfriamento
γ (0,76%C) α (0,022%C) + Fe3C (6,7%C)
aquecimento
Aços HIPOEUTETÓIDES Aços HIPEREUTETÓIDES
Acm
A3
A1
Aços EUTETÓIDES
%C
Aço 1020 => 0,2%C Composição = 0,2 %C
Temperatura = 760 °C
γ
A3
Aumento %C reduz a temperatura de
γ transformação da γ em α. A redução
+ progride até teor de 0,76% C na
α temperatura de 727 °C, denominado de
concentração eutetóide.
A1
0,022
1 %C
2,11%
Acm
γ
+
Fe3C
760 °C
A3
A1
Desenvolvimento das Microestruturas em Ligas Fe-C
Como já definido anteriormente, aços são ligas de ferro e carbono com teor máximo de
carbono igual a 2,11%. Esse teor máximo é determinado em função da máxima
solubilidade do carbono na austenita, entretanto, nas aplicações tecnológicas o teor máximo
de carbono é inferior a +-1,4%. Isto significa dizer que todo aço, durante a sua solidificação
irá passar pelo campo autenítico, ou seja, o ponto de partida do desenvolvimento das
microestruturas de ligas Fe-C será sempre a fase austenita, numa faixa de teor de carbono
compreendida entre 0,022% a 1,4% C conforme mostrado na figura ao lado. Ao longo
AÇOS
dessa faixa pode-se categorizar as microestruturas em três categorias: Ligas Fe-C
(1) Ligas hipoeutéticas cujo teor de carbono varia de: 0,022% <= %C < 0,76%
(2) Ligas eutetóides cujo teor de carbono é igual a 0,76%
(3) Ligas hipereutetóides cujo teor de carbono varia de: 0,76% < %C <= 1,4% (a rigor
2,11%) Acm
A3
As ligas hipoeutetóides, resfriando numa condição de equilíbrio a partir da fase γ, irá cruzar
A1
a linha solvus que separa a fase γ de uma fase mista (γ + α) e depois irá cruza a isoterma
eutetóide que separa a fase mista da fase α + Fe3C. A liga eutetóide ao ser resfriada passa da
fase γ diretamente para a fase α + Fe3C. Por fim, as ligas hipereutetóides, inicialmente
cruzam a linha solvus que separa a fase γ da fase mista (γ + Fe3C) e por fim cruzam a
isoterma eutetóide que separa a fase mista da fase α + Fe3C. Embora a fase final seja
sempre α + Fe3C, para cada situação haverá uma microestrutura com características
especiais com será apresentado a seguir. 0,022% 1,4%
Microestrutura Ferrita Alfa (α)
Microestrutura Ferrita
Aço de teor de C extra baixo ou IF (Interstitial Free)
Microestrutura com Concentração Eutetóide
Anteriormente foi abordado a microestrutura eutética obtida a partir do resfriamento de um liga
com composição CE na fase líquida dando origem a uma fase sólida caracterizada por uma
microestrutura formada por camadas ou lamelas alternadas das fases α e β. A diferença entre a
reação eutética da eutetóida é a seguinte, enquanto a eutética parte de uma fase homogênea no
estado líquido a eutetóide parte de uma fase homogênea sólida e ambas dão origem a uma
microestrutura, no estado sólido, formada por camadas alternadas de dois microconstituintes.
Para os aços o teor de carbono da composição eutetóide, CO, é igual a 0,76%, muito acima da
solubilidade máxima do carbono na ferrita, por outro lado, esse teor está totalmente dissolvido na
austenita. Ao cruzar a isoterma eutetóide (727 °C) dá-se início a transformação de fase da
austenita (CFC) para ferrita (CCC) e como o teor de C na liga é superior a solubilidade máxima
do C na ferrita, os átomos de carbono são rejeitados ou segregados pela ferrita. Esses átomos
rejeitados se ligam quimicamente com átomos de Fe formando o carbeto de ferro ou cementida
(Fe3C). Como o processo ocorre na condição de equilíbrio, a difusão do carbono é lenta e em
pequenas distâncias. Essa é a razão da formação das lamelas, ou seja, a lamela de ferrita é
formada pela segregação do carbono e a lamela cementita é formada pela reação química entre o
C rejeitado e o Fe. Esse tipo de microestrutura é chamada de PERLITA.
C0
“Competição” Ferrita vs Cementita
Perlita
A perlita existe como grãos, chamados frequentemente de colônias; dentro de cada colônia, as camadas estão orientadas
essencialmente na mesma direção, a qual varia de uma colônia para outra. As camadas claras, mais grossas, representa a
fase ferrita, enquanto a fase cementita aparece com finas lamelas com coloração escura. Mecanicamente, a perlita
apresenta propriedades intermediárias entre a ferrita mole e dúctil, e a cementita dura e frágil.
C
α
SAE 1050
SAE 1005
SAE 1010
Microestruturas Hipereutetóides
A microestrutura hipereutetóide também é bisfásica composta por uma fase perlita e outra
cementita. As ligas hipereutetóide são aquelas com teores de carbono variando entre 0,76% até
1,4% C. O resfriamento é mostrado na figura ao lado pela linha tracejada zz’. Durante o
resfriamento a liga irá atravessar por três regiões: γ; γ + Fe3C e α + Fe3C.
Ao cruzar a linha solvus PO, dá-se início a transformação da austenita em cementida a partir dos
contornos de grãos austeníticos até atingir o ponto h imediatamente acima da isoterma eutetóide.
Nesse ponto a microestrutura é formada por duas fases, cementita e austenita com composição
eutetóide. Ao cruzar a isoterma eutetóide a fase cementita não sofrerá alterações significativas até
a temperatura ambiente. A fase austenita com composição eutetóide irá se transformar em perlita.
Assim, a microestrutura final será formada por uma fase cementita que envolve as colônias de
perlita como mostra a figura abaixo. As regiões claras correspondem a cementita e a fase lamelar
à perlita.
Referências Bibliográficas
[1] CALISTER JR., W. D.. Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais – uma
abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2ª edição, 2006.
[2] CHIAVERINI, V.. Aços e Ferros Fundidos. São Paulo: ABM, 7ª edição, 2015.
[3] COLPAERT, H.. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. São Paulo: Blucher,
4ª edição, 2008.
[4] PADILHA, A. F., SICILIANO JR., F.. Encruamento, Recristalização, Crescimento de
Grão e Textura. São Paulo: ABM, 3ª edição, 2005.
[5] SILVA, C. A. da, SILVA, I. A. da, CASTRO, L. F. A de, TAVARES, R. P., SESHADRI, V..
Termodinâmica Metalúrgica – Balanços de energia, soluções e equilíbrio químico em
sistemas metalúrgicos. São Paulo: Blucher, 1ª edição, 2018.
[6] SHACKELFORD, J. F.. Ciência dos Materiais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 6ª
edição, 2008.
Obrigado pela
Atenção!