Você está na página 1de 36

CAPITULO 3

Operações envolvendo a vaporização

Borges Chambal
Rodrigues Manjate
Vaporização
 Vaporização – passagem forçada (por absorcão de
energia) das moléculas dum líquido para a fase de vapor.
Fenómeno importante e comum em operacões
industriais.
Ex: Destilação, absorção, secagem, cristalização, condicionamento do ar, etc.

 Sabemos que qualquer líquido ferve e condensa a uma


certa temperatura bem determinda.

Ex: a água ferve e condensa a 100°C, sob pressão normal de 1 atm.


Vaporização
o Evaporação – passagem livre e espontânea das moléculas
duma substância da fase líquida para a fase de vapor,
movida por várias forças-motrizes (difusão e
transferência de calor)

o Fase – É a parte finita e distinta dum sistema, encerrando as


mesmas propriedades físicas e químicas. As fases podem ser:
sólida, líquida, de vapor ou gasosa. (Fase ≠ estado físico de
agregação da matéria).

Ex: A mistura de água e óleo forma um sistema de duas fases


imiscíveis, ambas no estado líquido
Tensão superficial
.
As moleculas no interior do líquido sofrem forcas de atraccão-repulsão com as moléculas
vizinhas, por todas as direccões.
As que estão na superfície-livre (inter-fase) do líquido já não estão sujeitas as mesmas
interacções (devido a presenca do ar).
Isto origina a tensão superficial, a qual tende a manter as moléculas ligadas em forma de película.

Ar + vapor

água

As moléculas estão em constante movimento, que aumenta de intensidade com a


temperatura (movimento Browniano). Se a energia absorvida fôr suficientemente
grande, algumas moleculas, nos seus choques com as outras, podem escapar da
fase líquida e passarem para a gasosa. As moléculas no vapor vão exercer uma
pressão sobre a superfície-livre do líquido.
Tensão superficial da água
Objectos leves flutuam Gota inteira pousando numa folha
Pressão de vapor
o Pressão exercida pelas moléculas de vapor da
substância sobre a superfície-livre do líquido,
a uma dada temperatura.
Ar + vapor
saturado Nas condicões de equilíbrio,
a temperatura (T):

Pov – pressão de vapor de equilíbrio


ou tensão de vapor

No equilíbrio, a velocidade do líquido


Liquido que passa para o vapor é igual a do
saturado vapor que condensa

O equilíbrio é uma situção dinâmica


Pressão de vapor de substâncias puras

o Uma substância pura entra em ebulição


quando a sua tensão de vapor se iguala a
pressão total do sistema.
A água, a 100°C, tem uma tensão de vapor de 760 mmHg
e ferve.

o A pressão de vapor de equilíbrio é função da


temperatura (aumenta com a temperatura)
Pv = f (T)
𝑑𝑑 ∆𝐻𝑉 ∆𝐻𝑉
= = (equação de Clausius Clapeyron)
𝑑𝑑 𝑇 ∆𝑉 𝑇(𝑉𝐺 − 𝑉𝐿 )

P - pressão de vapor de equilíbrio


T - temperatura absoluta
∆Hv - calor latente de vaporização, a temperatura T
VG - volume molar do gás, a temperatura T
VL - volume molar do líquido, a temperatura T ; (VG >> VL )

𝑅𝑅
𝑉𝐺 = (n = 1 mole)
𝑃
𝑑𝑑 𝑃. ∆𝐻𝑉 𝑃 ∆𝐻𝑉 1 1 ∆𝐻𝑉 1
= => ln = − ; 𝑑 ln 𝑃 = − d
𝑑𝑑 𝑅𝑇 2 𝑃0 𝑅 𝑇0 𝑇 𝑅 𝑇
Exemplo 1
 A pressão de vapor do éter etílico é de 185 mmHg a 0°C. O calor latente de
vaporização é igual a 92,5 cal/g a 0°C. Calcular a pressão de vapor a 20 e 35°C.

∆Hv = 92.5 x 74 = 6850 cal/mol


R = 1,99 cal/mol. K
T0 = 273 K
T = 293 K
P0 = 185 mm Hg

𝑃 6850 1 1
ln = − ⇒ 𝑃 = 437 𝑚𝑚 𝐻𝐻
185 1.99 273 293

T = 308 K (35°C) ; P = 773 mm Hg

Valores experimentais:
20°C 442 mm Hg
35°C 775,5 mm Hg
Verificação da equação
1000
∆𝐻𝑣
𝑡𝑔 α =−
α 𝑅

100
P0v , mm Hg

10

Experimental
Modelo
1
2/625 1/294 1/278 1/263
1/T , K-1
Pressão de vapor da água líquida

Perry’s Chemical Engineers’ Handbook


Pressão de vapor das substâncias puras
Método da substância de referência
carta de Cox
A água é usada como referência para a determinacão da pressão
de vapor duma substância.

∆𝐻𝑤 1
𝑑 ln 𝑃𝑤 = − 𝑑 Para a água
𝑅 𝑇

∆𝐻𝑣 1
𝑑 ln 𝑃 = − 𝑑 Para a substância em estudo.
𝑅 𝑇

∆𝐻 1
𝑑 ln 𝑃 − 𝑅𝑣 𝑑 𝑇
= ∆𝐻 1 ;
𝑑 ln 𝑃𝑤 − 𝑅𝑤 𝑑 𝑇
∆𝐻𝑣
donde: ln 𝑃 = ln 𝑃𝑤 + 𝐶
∆𝐻𝑤

equação duma recta


Carta de Cox
Vaporização de sistemas homogéneos
Sistemas de 2 componentes

o Soluções ideais – lei de Raoult


Numa solução, a temperatura (T), a pressão parcial de cada componente é menor
que a sua tensão de vapor.

𝑝𝐴 = 𝑃𝐴 𝑜 . 𝑥𝐴 𝑒 𝑝𝐵 = 𝑃𝐵 𝑜 . 𝑥𝐵

P = 𝑃𝐴 𝑜 . 𝑥𝐴 + 𝑃𝐵 𝑜 . 𝑥𝐵 = 𝑃𝐴 𝑜 . 𝑥𝐴 + 𝑃𝐵 𝑜 . (1 − 𝑥𝐴 )

P - pressão total do sistema


PA0 - tensão de vapor do componente A puro
P B0 - tensão de vapor do componente B puro
xi - fracção molar do componente (i) na fase liquida
Lei de Raoult

PA0
Pressão de vapor a temperatura T

PB0

0 Fraccão molar de A na solucão xA


1.0
Solucões não ideais
Solucões que não obedecem a lei de Raoult. Apresentam desvios
da idealidade (positivos ou negativos)

Quando as interaccões entre as moleculas de soluto – solvente são menores que as do


solvente – solvente, há grandes possibilidades deste escapar da solucao (exibindo
desvios positivos) e vice versa.

superfície-livre do líquido

solvente

soluto
Pela lei de Dalton

𝑝𝐴 𝑝𝐵
𝑦𝐴 = e 𝑦𝐵 =
𝑃 𝑃

𝑦𝐴 𝑝𝐴 𝑃𝐴 𝑜 𝑥𝐴
= = ; 𝑠𝑠 𝑃𝐴 𝑜 > 𝑃𝐵 𝑜
𝑦𝐵 𝑝𝐵 𝑃𝐵 𝑜 𝑥𝐵

=> A composicão na fase do vapor fica


enriquecida no componente mais volátil A
Solucões não ideais
(solucão muito diluida)

• Cada molecula do soluto está completamente envolvida pelas do


solvente. Portanto, a pressão parcial do soluto (B) é uma ínfima
parte da pressão total. Entretanto, se a quantidade do soluto
duplicar, a sua pressão parcial também duplica.
A pressão parcial do soluto é proporcial a sua composicão na fase líquida

𝑝𝐵 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 . 𝑥𝐵 ou seja: 𝑝𝐵 = 𝐾𝐻 . 𝑥𝐵 - Lei de Henry

• Todavia, dependendo da natureza das interaccões entre as


moléculas, a pressão parcial do soluto poderá ser maior ou menor
que a prevista pela lei de Rapult.

Se: 𝐾𝐻 = 𝑃𝐵 0 (solucão ideal); 𝐾𝐻 > 𝑃𝐵 0 (desvios positivos); 𝐾𝐻 < 𝑃𝐵 0 (desvios negativos)


Lei de Henry

PA0
Pressão de vapor a temperatura T

Região da lei de Região da lei de


Raoult para o Raoult para o
componente B componente A

PB0 Lei para o


solvente

Região da lei de
Henry para o
componente A Região da lei de
Henry para o
Lei para o componente B
soluto
0 Fraccão molar de A na solucão xA 1.0
Vaporizacão de solucões contendo
solutos não voláteis
• Soluto não volátil – quando a sua tensão de vapor
é desprezível. Exemplo, sal. Se fôr B:

• P = 𝑃𝐴 𝑜 . 𝑥𝐴 + 𝑃𝐵 𝑜 . 𝑥𝐵 = 𝑃𝐴 𝑜 . 𝑥𝐴
Dado que 𝑷𝑩 𝒐 ≈ 0

O efeito directo é que a pressão parcial do solvente é


reduzida pela dissolução do soluto e consequentemente o
seu ponto de ebulicão sobe, comparado ao puro, 𝒙𝑨 < 1.
Sistemas heterogéneos
Líquidos imiscíveis
• Quando líquidos não se dissolvem um noutro,
consideram-se imiscíveis.

• Consideremos um sistema de 2 líquidos, bem


agitado, a temperatura T (=> cada parte deles
consegue alcançar a superfície livre).
=> Cada componente exerce
independentemente uma pressão parcial
igual a sua tensão de vapor
Sistemas heterogéneos
Líquidos imiscíveis
𝑜 𝑜
P = 𝑃𝐴 + 𝑃𝐵 ; 𝑥𝐴 = 1 𝑒 𝑥𝐵 = 1

⇒A composição do vapor é independente das


quantidades relativas dos líquidos presentes no
sistema. Ela é função exclusiva da temperatura

⇒A temperatura de ebuliçao do sistema agitado


será menor do que a de qualquer um dos
componentes presentes no sistema.
Sistemas heterogéneos
Líquidos imiscíveis
𝑦𝐴 𝑃𝐴 𝑜 𝑚𝐴 𝑀𝐵
= 𝑜 =
𝑦𝐵 𝑃𝐵 𝑚𝐵 𝑀𝐴

𝒎𝑨 𝑷𝑨 𝒐 𝑴 𝑨
=
𝒎𝑩 𝑷𝑩 𝒐 𝑴 𝑩

𝑦𝐴 , 𝑚𝐴 e 𝑀𝐴 - composição, massa e peso


molecular de A na fase de vapor
Sistemas heterogéneos
Líquidos imiscíveis
Resulta daqui em método útil para a protecção das substâncias termosensíveis,
bastando adicionar um líquido imiscível para se alcançar uma temperatura de
ebulição mais baixa. Outra alternativa é conduzir a destilacao a pressao reduzida.
Se fôr água o líquido adicionado, o métdodo chama-se destilacão por
arrastamento do vapor
Exemplo1:
O dodecano C12H26 é insolúvel em água e é purificado pela destilação por
arrastamento do vapor, a 750 mm Hg

a) A que temperatura irá ocorrer a destilação?


b) A quantos graus abaixo da temperatura de ebulição do dodecano ocorre a
destilação.
c) Quantas libras de vapor saturado são teoricamente necessárias para a
destilação duma libra de dodecano.
Destilacao com vapor saturado
Arrastamento com vapor
sobreaquecido
Psicrometria
sistema Ar-Vapor de água
É também comum encontrar, na indústria, situacões
em que o vapor duma substância é arrastado por
um gás inerte não condensável.

Ex: a recuperacão de solventes, a secagem,


humidificacão, etc.

A psicrometria é o estudo do comportamento do


sistema Ar-Vapor de água.
Psicrometria
• Quando a uma dada temperatura T, a pressão de
vapor é menor que a tensão de vapor de equilíbrio, o
gás de arraste diz-se não saturado. Quer dizer, o
vapor é sobre-aquecido. O vapor está acima da
temperatura de equilíbrio.

Para alcançar a saturação é necessário arrefecer


o sistema até ao momento em que se verifica a
primeira condensação do vapor. Nesta altura o
gás não pode conter mais vapor, pois está
saturado.
Psicrometria - Definicões
• Humidade molar – é a razão entre o número de moles do vapor de água e
do ar sêco
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔
𝐻𝑀 =
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑 𝑎𝑎 𝑠𝑠𝑠𝑠

𝑛𝑤 𝑝𝑤 𝑝𝑤
𝐻𝑀 = = =
𝑛𝑎𝑎 𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑝𝑎𝑎 𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑃 − 𝑝𝑤

P – pressão total
pw – pressão parcial do vapor de água
Psicrometria - Definicões
• Humidade específica, humidade absoluta ou
simplesmente humidade.

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑑𝑑 á𝑔𝑔𝑔 𝑀𝑤 18


𝐻 = = 𝐻𝑀 =
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑 𝑎𝑎 𝑠𝑠𝑠𝑠 𝑀𝑎𝑎 29

𝐻 = 0.62 𝐻𝑀
Psicrometria - Definicões
• Humidade molar de saturacão – é a humidade molar
que o sistema teria nas condicões de saturacão.

𝑝𝑤 0
𝐻𝑠 =
𝑃 − 𝑝𝑤 0

𝑝𝑤 0 – pressão de vapor de equilíbrio


Psicrometria - Definicões
• Percentagem de humidade – indica o grau de saturacão
do siatema, em percentagem.
𝐻𝑀 𝑛𝑤
𝐻𝑝 = 𝑥 100 % 𝑜𝑜 𝑥 100%
𝐻𝑠 𝑛𝑠

• Humidade relativa - indica também o grau de saturacão.

𝑃𝑤
𝐻𝑅 = 𝑥 100 %
𝑃𝑤 0
HP vs HR
Carta psicrométrica
Obrigado

Você também pode gostar