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INTRODUÇÃO
Após entendermos os aspectos que envolvem a velocidade das reações, vamos, agora,
estudar Equilíbrio Químico. Para um sistema atingir o equilíbrio, as velocidades das reações
direta e inversa são iguais. Nós verificaremos que grande parte das reações químicas ocorrem
nas duas direções.
Comecemos nossos estudos lembrando que a entropia (desordem) de uma substância
aumenta com seu volume. Por exemplo, uma porção de moléculas de um gás maximiza sua
entropia ao ocupar todo o volume disponível para elas. De modo similar, moléculas dissolvidas
tornam-se uniformemente distribuídas no volume da sua solução.
Se a entropia variar com a concentração, o mesmo ocorrerá com a energia livre. Desse
modo, a variação de energia livre de uma reação química depende da concentração dos
reagentes e dos produtos. Esse fenômeno possui grande importância, porque muitas reações
químicas operam em ambas as direções, dependendo da concentração relativa dos seus
reagentes e dos seus produtos.
em que 𝐺𝐴̅ é conhecida como energia livre parcial molar ou como potencial químico de A (as
barras indicam quantidades por mol), 𝐺𝐴̅ ° é a energia livre molar parcial de A nas condições-
padrão ⎯ temperatura de 298 K (25 C), os reagentes e produtos estão presentes em concentrações iniciais de 1
mol L-1 (ou, para gases, as pressões parciais de 1 atm), o pH é igual a 7 e em solução aquosa (a concentração da água
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pura é de 55,5 mol L-1) ⎯ , R é a constante dos gases e [A] é a concentração molar de A. Portanto,
para a equação geral:
𝑎A + 𝑏B ⇌ 𝑐C + 𝑑D
porque as energias livres são aditivas e a variação da energia livre de uma reação é a soma das
energias livres dos produtos menos a soma das energias livres dos reagentes. Substituindo essas
relações na eq. 1, teremos:
[C]𝑐 [D]𝑑
𝐺 = 𝐺 0 + 𝑅𝑇 ln ([A]𝑎 [B]𝑏 ) (eq. 4)
em que 𝐺 é a variação da energia livre da reação, quando todos os seus reagentes e produtos
estão no estado-padrão. Portanto, a expressão para a variação da energia livre de uma reação
consiste em duas partes: (1) um termo constante cujo valor depende somente da reação e (2)
um termo variável que depende das concentrações dos reagentes e produtos, da estequiometria
da reação e da temperatura.
Para uma reação em equilíbrio, não existe variação líquida porque a energia livre da
reação em um sentido é exatamente balanceada pela reação no sentido oposto.
Consequentemente, G = 0. Assim, a equação 4 torna-se:
[C]𝑐 [D]𝑑
𝐾𝑒𝑞 = [A]𝑎 [B]𝑏
(eq. 6)
de equilíbrio são usualmente escritas sem esse índice). A constante de equilíbrio de uma reação
pode, portanto, ser calculada a partir dos dados da energia livre padrão e vice-versa.
Note que as concentrações dos reagentes e dos produtos estão escritas entre colchetes.
Esta é uma representação muito comum para saber que aquelas concentrações são as
concentrações das espécies no equilibro. E, os expoentes a, b, c e d, são os coeficientes
estequiométricos das reações.
Boa parte das reações em que estaremos interessados envolve substâncias em solução
aquosa, de modo que os dados utilizados na expressão da constante de equilíbrio são fornecidos
em concentração em quantidade de matéria, cuja unidade é mol L-1. Em reações desse tipo, o
símbolo K às vezes tem o subscrito c, que representa “concentração”, como em Kc.
Muitas reações importantes envolvem gases, e as expressões da constante de equilíbrio
para elas também podem ser escritas em função das pressões parciais dos reagentes e dos
produtos. Se rearranjarmos a lei dos gases ideais [PV = nRT] e reconhecermos que a
“concentração dos gases”, (n/V), equivale a P/RT, observamos que a pressão parcial de um gás
é proporcional a sua concentração [P = (n/V)RT]. Se as quantidades de reagentes e de produtos
são fornecidas em pressões parciais, então K apresenta o subscrito p, como em Kp.
Como podemos verificar, K é um número, que pode ou não estar acompanhado de uma
unidade, todavia, entender o significado de K é muito importante, veja:
Quociente de Reação, Q
Reação:
4
𝐶𝐶 𝑐 C𝐷 𝑑
𝑄= (eq. 7)
C𝐴 𝑎 C𝐵 𝑏
K depende da temperatura
A maneira como a constante de equilíbrio varia com a temperatura pode ser encontrada
substituindo-se a equação:
𝐺 = 𝐻 − 𝑇𝑆 (eq. 7)
Kc =
B b
Aa
Em fase gasosa as concentrações podem ser expressas em atm. Kc está relacionado com
o Kp através da equação
K p = ( RT ) n K c
R = Constante Universal dos Gases e a temperatura T é dada em Kelvin.
Kc = CO2 = PCO2
Vejamos um exemplo:
Para resolver questões sobre equilíbrio é necessário pensar que a reação se dá em partes,
separando as ocorrências, em “início”, “variação” e “equilíbrio”. Note que as concentrações na
“variação” correspondem à estequiometria da reação.
N2 H2 2 NH3
1. Concentração no Início 0,500 0,800 0
2. Concentração na Variação -0,075 -0,225 +0,150
3. Concentração no equilíbrio 0,425 0,575 0,150
[ NH 3 ] 2 0,15 2
Kc = = = 0,278
[ N 2 ][ H 2 ]3 0,425 x0,575 3
Princípio de Le Châtelier
Imagine então, sob o ponto vista industrial que, grande parte das vezes, quando a reação
atinge o equilíbrio, pode haver ainda, muito, reagente para ser consumido. Logo, para aumentar
a quantidade de formação dos produtos é necessário deslocar o equilíbrio para a direção de sua
formação.
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Para deslocar o equilíbrio químico de uma reação deve-se perturbar o sistema. Ou seja,
utilizar de estratégias químicas para tanto.
Portanto, verifica-se que, dos fatores apontados acima, apenas a temperatura afeta a
velocidade das reações, certo?
Pois bem, continuemos a entender como esses fatores alteram o equilíbrio, retomando
o exemplo clássico, que á a produção industrial de amônia. No exemplo apresentado acima,
apresentamos o cálculo da constante de equilíbrio da reação e você deve se lembrar de que era
um valor relativamente baixo para uma constante, 0,278. No exemplo dado, não foi informada
a temperatura da reação. Mas, nós sabemos que a temperatura altera a constante de equilíbrio
porque altera a velocidade da reação.
Para resolver o problema, precisamos lembrar que o equilíbrio irá deslocar-se para a
esquerda, sentido dos reagentes, pois a concentração de produto aumentou. Mas, podemos
encontrar o valor de Q (produto iônico ou quociente da reação) para comparar com K. vejamos:
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[NH3 ]2 (3,65)2
𝑄= [𝑁2 ][𝐻2 ]3
= (0,683)(8,80)3
= 2,86 x 10-2 → Q > K, logo o equilíbrio tenderá para a
Inicialmente, o químico alemão, Fritz Haber (1868 – 1934), por volta de 1908, propôs a
síntese da amônia a partir dos gases nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2):
1 3
2
N2(g) + 2 H2(g) ⇌ NH3(g) H = - 92,6 kJ mol-1
Acerto se você respondeu que o equilíbrio se deslocou para a direita, não? Lembremos
que, quando um equilíbrio que envolve gases sofre aumento de pressão — com consequente
redução do volume — o sistema se desloca para o sentido onde há o menor número de
moléculas — ou, mais especificamente, a menor quantidade de matéria (mol) formada. Então,
na reação de síntese da amônia, o aumento da pressão irá deslocar o equilíbrio para a direita.
Os estudos de Haber foram tão importantes que, em 1918 ele recebeu o Prêmio Nobel
de Química pela síntese da amônia a partir de seus elementos. Na verdade, ele recebeu o Prêmio
em 1919, pois em 1918 o comitê do Prêmio Nobel não havia encontrado um ganhador para
aquele ano e, só no ano seguinte, Fritz Haber foi o escolhido e ganhou o Prêmio atrasado.
Sugerimos a leitura dos seguintes capítulos dos livros( disponíveis na Biblioteca Virtual da
UFABC):
John Kotz, Paul M. Treichel, John R. Townsend e David A. Treichel, Química Geral e
Reações Químicas, Vol. 2, 9ª Edição → Capítulos 16 e 17 (de 17-1 até 17-5).