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Luanda - Angola
SUMÁRIO: Equilíbrio Químico
1.1. Introdução
Muitas reacções ocorrem completamente, ou seja, até que pelo menos um dos reagentes
seja totalmente consumido. Um exemplo desse tipo de reacção é a que acontece quando
queimamos um palito de fósforo. Existem sistemas, no entanto, em que as reacções
directas e inversa ocorrem simultaneamente. Esses sistemas são denominados reversíveis
e representados por ⇌. Essa situação acontece tanto em processos químicos como em
processos físicos.
1.1.1 Energia Livre e afinidade Química
∆G=∆G°+2,303RTlogK e ∆G°=-2,303RtlogK sendo que: ∆Geq=0
A reação se realiza espontaneamente apenas na direção que dá origem a um
decréscimo da energia livre, isto é, quando ∆G é negativo.
Critério de equilíbrio : As energias das reacções directas e inversas se igualam,
consequentemente as velocidades directa e inversas.
“A espontaneidade depende da variação total de entropia T∆S ≥ ∆H”
∆G = ∆H – T.∆S efeito da temperatura.
1.2. Conceito e estruturas das reacções químicas
Situação de equilíbrio dinâmico numa reacção química em que não se observa nenhuma
transformação efectiva. Um sistema em equilíbrio quando reagentes e produtos da reacção
coexistem, com concentrações constantes, em sistema fechado ou isolado. Mas as reacções
directas e inversa continuam a ocorrer, por isso diz-se que o equilíbrio químico é um
equilíbrio dinâmico.
Equilíbrio homogéneo – se os reagentes e os produtos da reacção se encontram todos
no mesmo estado de agregação.
Equilíbrio heterogéneo – ocorre em reacções em que os componentes envolvidos se
encontram em estado de agregação diferentes.
Uma reacção é reversível ou incompleta quando ocorre simultaneamente nos dois sentidos
(directo e inverso), pelo que os reagentes não se transformam totalmente em produtos. Ou
seja trata-se de uma reacção em que os reagentes formam os produtos de reacção
(diminuindo a concentração dos reagentes, sem se esgotarem) e em que, simultaneamente,
os produtos da reacção reagem entre si para originar os reagentes iniciais.
EX.: N2 (g) + H 2 (g) ⇌ NH 3 (g)
Reacção directa: A + B → C
Reacção inversa: A + B ← C
Aplicando às reacções directa e inversa a lei de velocidades, conclui -se que, com o passar
do tempo, a velocidade da reacção directa diminui enquanto a velocidade da reacção
inversa aumenta.
Após um tempo t, as velocidades das reacções directas e inversa se igualam. Diz-se, então
que a reacção atingiu um estado de equilíbrio dinâmico, o equilíbrio químico .
Graficamente, tem-se:
A partir do instante em que o sistema atinge o
estado de equilíbrio químico, tem-se a impressão
que a reacção cessou, pois não ocorre mais nenhuma
modificação observável. No entanto, as reacções
directas e inversa continuam a ocorrer com
velocidades iguais.
Isto faz com que, ao ser atingido o equilíbrio, as
concentrações molares das substâncias
participantes permaneçam constantes; cada
transformação de moléculas reagentes em produtos
é compensada por uma transformação de moléculas
produtos em reagentes.
A variação das concentrações molares dos reagentes e produtos, dependendo das condições
em que se estabeleça o equilíbrio, pode ser representada por um dos seguintes diagramas:
Em qualquer condição que se estabeleça, o equilíbrio químico será caracterizado por:
Ocorrer em um sistema fechado ou que se comporte como tal;
Apresentar reagentes e produtos, pois a reacção não se processa totalmente;
Apresentar velocidades iguais para as reacções directas e inversa;
Apresentar constância das concentrações molares das substâncias participantes
1.4.1. Grau de equilíbrio
O grau de equilíbrio (α) é a relação entre o número de mols consumidos de
um reagente e o número de mols inicial desse reagente. α = (nº de mols
consumidos/nº de mols inicial) α é um número puro (não tem unidade)
1.5. Determinação da constante de equilíbrio. Lei de equilíbrio
Visto que o equilíbrio químico pode ser homogéneo e heterogéneo então temos para a sua
representação:
Para equilíbrio homogéneo , em que temos mesmo estado de agregação:
nA (aq) + mB(aq) ⇌ xC(aq) + yD(aq)
[C] x [D]y
kc = constante de equilíbrio em termos de concentração
[A]n [B]m
Para gases temos: nA (g) + mB(g) ⇌ xC( g) + yD(g)
[C] x [D]y
kc = Constante de equilíbrio em termos de concentração
[A]n [B]m
PCx PD y
kp = (𝟐) Constante de equilíbrio em termos de pressão parcial
PA nPB m
Lembre-se que a pressão parcial de um gás é igual a: Pparcial = x. Ptotal (𝟑). Visto que trata-
se de gases podemos representar em termos de concentração e em termos de pressão ás
suas constantes, e conhecendo a relação entres gases que é dado pela equação de Clayperon
ou a famosa equação dos gases ideias que é 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇. 𝑛𝐴 (𝑔) + 𝑚𝐵(𝑔) ⇌ 𝑥𝐶(𝑔) + 𝑦𝐷(𝑔)
[C]x [D]y PCx PD y
𝑆𝑒𝑢 k c = 𝑒 𝑜 𝑠𝑒𝑢 k p =
[A] n [B]m PA nPB m
𝑛
Se 𝑃𝑉 = 𝑛RT onde [Molaridade] = ⟹ 𝑃 = [𝐶 ]𝑅𝑇 substituindo na 𝐾𝑝
𝑣
([C]RT) x ([D]RT)y [C]x (RT) x[D]y (RT)y [C]x [D]y (𝑅𝑇) 𝑥+𝑦
Kp = ⇒ Kp = =
([A]RT) n([B]RT)m [A] n (RT)n[B]m (RT)m [A]n [B]m (𝑅𝑇) 𝑛+𝑚
Kp = Kc. (RT) (x+y)−(n+m) ⇒ 𝐊𝐩 = 𝐊𝐜 (𝐑𝐓)∆𝐧 (𝟓)
Onde:
R é a constante dos gases 𝑅 = 0,0821 𝑎𝑡𝑚. 𝑑𝑚 3⁄𝑚𝑜𝑙. 𝑘
Δn – variação do nº de moles entre os produtos e reagentes no estado gasoso
A expressão (5) é relação entre Kp e Kc.
Para equilíbrios múltiplos , aqueles cuja reacção pode ser expressa como a soma de
duas ou mais reacções, a constante de equilíbrio da reacção global é dada pelo
produto das contantes de equilíbrio das reacções individuais.
A + B ⇌ C + D (6)
C + D ⇌ E + F (7)
Teremos para a equação (6) e (7) os seguintes Kc.
[C][D] [E][F]
Kc ´ = & Kc ´" =
[A][B] [C][D]
[𝐄 ][𝐅]
Sendo a reacção global: A + B ⇌ E + F 𝐊𝐜 = [ 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝐾𝑐 = Kc ´ Kc´"
𝐀][𝐁]
Obs- Se multiplicarmos a equação por um escalar n então Kc=Xn e se dividirmos pelo mesmo valor
Kc=X1/n .
Em suma, as regras para a escrita das expressões da Kc, são:
1. Na fase condensada, as concentrações das especeis reagentes são expressa em
Molaridade, em fase gasosa as concentrações podem ser expressa em Molaridade
ou em Atmosfera. Kc relaciona-se com Kp por uma equação simples a (5);
2. As concentrações de sólidos puros, líquidos puros (em equilíbrio heterogéneo) e
solventes (em equilíbrios homogéneo) não aparecem nas expressões da constante
de equilíbrio;
3. As constantes Kc e Kp são tratadas como quantidades a dimensionais;
4. Ao atribuir um valor da constante de equilíbrio, devemos sempre especificar a
respectiva equação química balanceada e a temperatura;
5. Se a reacção puder ser expressa como a soma de duas ou mais reacções a constante
de equilíbrio da reacção é dada pelo produto das constantes das reacções individuas;
nA + mB ⇌ xC + yD
Inicio (M) d D 0 0
Variação (M) −𝑛𝑥 −𝑚𝑥 +𝑥𝑥 +𝑦𝑥
Exemplo 2: Quando 1 mol de álcool etílico puro é misturada com 1 mol de ácido acético à
temperatura ambiente, a mistura em equilíbrio contém 2/3 mol de éster e outro tanto de
água. Qual é o valor da constante de equilíbrio à temperatura de reacção sendo todas as
substâncias líquidas? Reacção é: C2 H5 OH (l) + CH3 COOH (l) ⇌ CH3 COOC2 H5 (l) + H2 O (l)
Resolução
C2 H5 OH (l) + CH3 COOH (l) ⇌ CH3 COOC2 H5 (l) + H2 O (l)
Exemplo 3: Numa câmara de 10 litros, onde se faz o vácuo, reagem 0,5 mol de H2 e 0,5 mol
de I2 a 448℃ segundo a reacção: H2(g) + I2(g) → 2𝐻𝐼(𝑔). Nesta temperatura, para reacção, K
= 50, quando as concentrações são expressas em mol por litros. Qual é a pressão total (em
atm) na câmara? Dado R = 0,0821
2.3 V= 10l n(H2)= 0,5 mol
n(I2)= 0,5 mol
T= 448 ºC= 271 K…. Kc= 50……Pt- ? R= 0,082 atm.l.1/mol.K
Resolução:
Se a pressão sobre este equilíbrio for aumentada, ocorrerá deslocamento para a direita
(sentido de menor volume).
Se a pressão sobre este equilíbrio for diminuída, ocorrerá deslocamento para a esquerda
(sentido de maior volume).
Observação : Quando o volume total do sistema permanecer constante, a variação da
pressão não afectará o estado de equilíbrio desse sistema. No equilíbrio:
Não ocorre variação de volume. Neste caso, a
pressão não afectará o estado de equilíbrio da
reacção.
OBSERVAÇÕES:
A variação da pressão não afecta as substâncias sólidas, porque elas são
incompressíveis. Assim, um aumento da pressão em um equilíbrio que contém
sólido irá deslocar o equilíbrio no sentido desses sólidos e não da substância
gasosa.
Se os volumes (números de mol) dos gases nos reagentes e nos produtos forem
iguais, a variação da pressão não deslocará o equilíbrio.
A adição de um gás inerte não afecta o equilíbrio químico de uma reacção,
apesar dele aumentar a pressão total do sistema. Isso ocorre porque ele não
participa da reacção e as concentrações e as pressões parciais dos gases
participantes da reacção não são alteradas.
Em 1923, uma teoria mais abrangente (uma extensão da teoria de Arrhenius) de ácidos e
bases foi proposta independentemente pelo químico dinamarquês Johannes Bronsted e
pelo químico inglês Thomas Lowry. De acordo com a teoria de Bronsted-Lowry, um ácido
e qualquer substância (molécula ou ião) que pode transferir um protão (ião H+) para outra
substancia, e uma base e qualquer substancia que pode aceitar um protão. Em outras
palavras, ácidos são espécies doadoras de protões, bases são espécies aceptores de protões
e reacções acido-base são tidas como reacções de transferência de protões. Na teoria acido-
base de Bronsted-Lowry haverá a formação de um par acido-base conjugado, isto e, sempre
o ácido terá a sua base conjugada e vice-versa, ou seja, a base certamente terá o seu ácido
conjugado.
Exemplos:
Soluções aquosas de ácidos e bases também são encontradas na situação de equilíbrio, que
pode ser representado simplificadamente da seguinte maneira:
ácidos HA ( aq) ⇌ H(+aq) + A−(aq)
bases BOH( aq) ⇌ B(+aq) + OH(−aq)
As expressões da constante de equilíbrio correspondem às suas constantes de ionização,
que, nos ácidos, são representadas por Ka.
[𝐻 + ][𝐶𝑁− ]
𝐻𝐶𝑁 ⇌ 𝐻 + + 𝐶𝑁 − ⇒ 𝐾𝑎 =
[𝐻𝐶𝑁]
As expressões da constante de equilíbrio correspondem às suas c onstantes de ionização,
que, nas bases, são representadas por Kb.
+
[𝑁𝐻4 + ][𝑂𝐻− ]
−
𝑁𝐻4 𝑂𝐻 ⇌ 𝑁𝐻4 + 𝑂𝐻 ⇒ 𝐾𝑏 =
[𝑁𝐻4 𝑂𝐻]
BA B+ + A−
Quantidade inicial de mols N zero Zero
Quantidade de mols ionizados N𝛼 n𝛼 n𝛼
Quantidade de mols no equilíbrio 𝑛 − 𝑛𝛼 n𝛼 n𝛼
Concentrações em mol/L no 𝑛(1 − 𝛼) 𝑛𝛼 𝑛𝛼
equilíbrio 𝑉 𝑉 𝑉
Portanto:
𝑛𝛼 𝑛𝛼
[𝐵 +][𝐴− ] .
𝑉 𝑉 𝐧𝛂𝟐 𝑛𝛼2
𝐾= [𝐵𝐴]
⇒𝐾= 𝑛(1−𝛼) ⇒ 𝐊= ⇒𝐾=
𝐕( 𝟏−𝛂) 𝑉
𝑉
Essa última fórmula é a chamada lei da diluição de Ostwald. Observe que, para electrólitos
muito fracos, α é muito pequeno, e podemos admitir, nesse caso, que (𝟏 − 𝛂 ) seja igual a 1.
Assim, a lei de Ostwald pode ser particularizada:
Obs. Para ácido diprotico (H 2SO4): [𝐻 + ] = 2n𝛼 e Triprotico(H 3PO4): [𝐻 +] = 3 n𝛼
1.7.4. Conceito de pH, pOH. Escala de pH, classificação das soluções em função da escala
de pH
O termo pH (potencial hidrogeniónico) foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico
dinamarquês Soren Peter Lauritz Sorensen (1868-1939), com o objectivo de facilitar seus
trabalhos no controle de qualidade de cervejas.
O cálculo do pH pode ser feito por meio das expressões:
pH = colog [H+] ou 𝑝𝐻 = − log [𝐻 +]
Exemplo 7.14: Calcule o pH de uma solução de CH 3COOH 0,02M sabendo que o 𝐾𝑎 = 1,7 × 10−5
Resolução
pH-? 𝑆𝑒 𝐶𝑎 > 100 × 𝐾𝑎 𝑋2 𝑝𝐻 = − log[𝐻 +]
𝐾𝑎 =
𝐶𝑎 − 𝑋 𝑝𝐻 = − log[5,8 × 10−4 ]
𝐾𝑎 = 1,7 × 10−5 𝑋≅0
Sendo que: Ca-X=Ca e que 𝑋 =
𝐶𝑎 = 0,02 𝑀 100 × 𝐾𝑎 = 100 × 1,7 × 10−5
[𝐻 + ]
𝐾𝑎 = 0,0017 𝑝𝐻 = 3,2
[𝐻 +]2
0,0017 < 0,02𝑀 𝐾𝑎 = ⟹ [𝐻 +] = √𝐾𝑎 × 𝐶𝑎
𝐶𝑎
Então: [𝐻 + ] = √1,7 × 10−5 × 0,02
𝐶𝑎 − 𝑋 ≅ 𝐶𝑎
[ 𝐻 +] = 5,8 × 10−4 𝑀
Obs. Solução tampão: É uma solução que tem o efeito de manter o pH do meio
aproximadamente constante quando nele são introduzidos íons H + ou OH– (efeito
tampão).
𝐶𝑎
[𝐻 + ] = 𝐾𝑎.
𝐶𝑏(𝐶𝑜𝑛𝑗𝑢𝑑𝑎𝑑𝑜)
𝐶𝑎
𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎 − log( ( ) sendo: 𝑝𝐾𝑎 = −𝑙𝑜𝑔𝐾𝑎
𝐶𝑏 𝐶𝑜𝑛𝑗𝑢𝑑𝑎𝑑𝑜)