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EQUILÍBRIO QUÍMICO

Teoria Geral do Equilíbrio Químico

 Equilíbrio químico em soluções gasosas

Introdução

Neste capítulo estudaremos as consequências da reversibilidade das reações


químicas, e também o facto de que, em sistemas químicos fechados, ocorre finalmente
um estado de equilíbrio entre reagentes e produtos.

Reacções irreversíveis e reversíveis

As reações irreversíveis decorrem até ao fim, i.e., até ao esgotamento completo


de um dos reagentes. Por ex:

Mg(s) + 2HCl(aq) → MgCl2(aq) + H2(g)

As reações reversíveis não decorrem até ao fim; nenhum dos reagentes se


esgota. Esta diferença está ligada ao facto de que a reação irreversível processa-se
apenas num sentido. A reação reversível decorre tanto no sentido directo, como no
inverso. Por ex:

H2(g) + I2(g) 2HI(g)

Equilíbrio químico. Lei de equilíbrio

Consideremos uma reação homogénea reversível do tipo:


A + B C + D

As velocidades das duas reações opostas, em um instante qualquer são


respectivamente:

Vd = Kd [A] [B]

Vi = Ki [C] [D]

Nas condições de equilíbrio, as velocidades das reacções opostas tornam-se


iguais, Vd=Vi. Então:
Kd [A] [B] = Vi = Ki [C] [D] V
ou Vd
Vd = Vi
Kd / Ki = [C] [D] / [A] [B],
Vi

t
Fig 1: Alteração de Vd e Vi com o decorrer do tempo

como Kd / Ki = Ke (constante de equilíbrio), assim:

[C][D]
Ke = [A][B]

No caso geral de reação reversível:

aA + bB cC + dD
a constante de equilíbrio pode-se exprimir pela equação:
[C]c [D]d
Ke=
[A]a [B]b

No caso de reações heterogéneas, o componente sólido não intervém na


expressão da constante de equilíbrio, assim como de um líquido puro.

A lei de do equilíbrio pode ser assim enunciada: No estado de equilíbrio de uma


reação química, o produto das concentrações totais das substâncias resultantes
dividido pelo produto das concentrações das substâncias reacionantes, cada
concentração elevada a uma potência igual ao número de moléculas de substâncias
que figura na respectiva equação química, é uma constante para cada temperatura.

**Para qualquer instante, no decurso da reação, podemos avaliar em que sentido a


reação está progredindo através da lei da acção de massas (cinética química) ou lei de
equilíbrio químico:

(1) Pela cinética química: Nesse caso devem-se calcular as velocidades da


reação directa e inversa e compará-las, se:Vd > Vi: não está em equilíbrio
Vd = Vi: está em equilíbrio
Vd < Vi: não está em equilíbrio

(2) Pela lei de equilíbrio químico: Nesse caso deve-se calcular para qualquer
instante, no decurso da reação, o quociente da reação, Q, e comparar com
Ke do sistema no estado de equilíbrio. Veja, só existe um valor de K e para
uma dada temperatura e valores infinito de Q, nas mesmas condições.

se: (i) Q < Ke ou Q > Ke, isso significa que Q  Ke , o sistema não está em
equilíbrio; para que o sistema alcance o equilíbrio, o sistema deve
reagir no sentido adequado até que Q = Ke.
(ii) Q = Ke, o sistema está em equilíbrio químico.

**De um modo geral, se uma reação for multiplicada por certo fator (ʋ), sua constante de
equilíbrio deverá ser elevada a uma potência igual a esse fator, a fim de que se possa obter a
constante de equilíbrio da nova reação.

K 2 =K1ʋ−factor

**As constantes de equilíbrio para uma reação e sua inversa são recíprocas uma da outra.

K2 = 1/ K1

**Quando duas ou mais reações são somadas, suas constantes de equilíbrio devem ser
multiplicadas para dar a constante de equilíbrio da reação global

K3 = K1 x K2

**A magnitude da constante de equilíbrio depende das unidades para expressar as


concentrações das substâncias:

aA + bB cC + dD

Em pressões parciais, Kp: Em mol / L, Kc :

K p= PCc . PDd / PAa . PBb [C]c [D]d


Kc =
[A]a [B]b

Relação entre Kp e Kc :

Da lei dos gases ideais, vemos que: PV=nRT


n P
CM= V = RT , o fator de conversão de pressão para concentração é 1 / RT, assim:

K p = K c.(RT)∆n , Δn=(c+d) – (a+b) (só gasosos)

O valor numérico da constante de equilíbrio numa primeira aproximação


caracteriza o rendimento duma determinada reacção.

K>1, rendimento da reação é alto (a reação é extensa)


K<1, “ “ “ é baixo ( a reação é pouco extensa)

*Características do estado de equilíbrio químico:

1. Os componentes do sistema em equilíbrio coexistem no sistema, ou seja, estão


sempre presentes;

2. As concentrações das substâncias mantêm-se constantes, assim como outras


propriedades macroscópicas (cor);

3. O estado de equilíbrio é atingido em qualquer direção;

4. As velocidades das reações directa e inversa são iguais (equilíbrio dinâmico);

5. O equilíbrio químico existe em sistema fechado.

Dependência da variação de energia livre com relação à Ke

Em geral para a reação: aA + bB cC + dD

A constante de equilíbrio, Ke, da reação química está ligada à variação padrão da


energia de Gibbs, ΔGo, através da equação:

ΔGo = - RT ln Ke

Quando os valores de ΔGo < 0, o equilíbrio químico encontra-se deslocado no


sentido da reação directa e o rendimento pelos produtos é relativamente elevado.
Quando ΔGo > 0, acontece o contrario, o rendimento pelos produtos é relativamente
baixo. O sinal de ΔGo indica a pssibilidade ou a impossibilidade de reação decorrer só
nas condições padrão. Em geral, a possibilidade (ou impossibilidade) de reação
decorrer é determinada pelo sinal de ΔG e não de ΔGo.

Deslocamento de equilíbrio químico. Princípio de Le Chatelier

Se introduzirmos uma perturbação num sistema inicialmente em equilíbrio, como


uma variação na concentração, pressão ou temperatura ocorrerá uma reação que
deslocará o equilíbrio no sentido de reduzir essa perturbação introduzida. A posição
final de equilíbrio difere da original.

Por exemplo, para a reação (A) : CO(g) + 2H2(g) CH3OH(g) ; ΔHreç = -22 Kcal
(a) Efeito da variação de concentração

O aumento na concentração de CO na reação (A) em equilíbrio produz uma acção


que tende a consumir certa quantidade de CO, deslocando o equilíbrio no sentido de
formação de CH3OH.

*Explique em termos de Ke.

(b) Efeito da variação de pressão

Quando a pressão do sistema da reação (A) em equilíbrio é aumentada, o equilíbrio


é deslocado de modo a diminuir tanto quanto possível o volume, ou seja, no sentido de
menor número de moles. **Nesse caso o rendimento de CH3OH aumenta.

(c) Efeito da variação de temperatura

Quando a temperatura é aumentada no sistema da reação (A) em equilíbrio, este é


deslocado no sentido em que há absorção de calor, ou seja, da reação endotérmica
que é a inversa. **O rendimento de CH3OH baixa. A Ke é afectada, diminui porque as
concentrações dos reagentes aumentam.

**Agora, explique você, o efeito de adição de um gás inerte e, de um catalisador sobre a


posição de equilíbrio.

Cálculos de Equilíbrio em soluções gasosas

Agora vamos ilustrar os tipos de cálculos que podemos realizar para determinar
constante de equilíbrio, a partir das concentrações determinadas, ou para usar a
constante de equilíbrio para calcular as concentrações de reagentes e produtos em
uma mistura em equilíbrio.

Exemplo 1: O gás castanho NO2, um poluente do ar, e o gás incolor N2O4 encontram-
se em equilíbrio, como indicado pela equação:
2NO2 N2O4

Em uma experiência, 0,625 mole de N2O4 foram introduzidos em um reactor de 5,00


litros e deixou-se decompor até atingir o equilíbrio com o NO2. A concentração de
equilíbrio do N2O4 foi 0,0750 M. Qual Kc para esta reação ?

Solução: A expressão da constante de equilíbrio para esta reação:


Kc = [N2O4] / [NO2]

(1).Calcular as concentrações molares iniciais e no equilíbrio;

(2).Construir uma tabela e inserir as concentrações molares iniciais e de equilíbrio.

[N2O4]i = 0,625 mol / 5,00 L = 0,125 M; [NO2]i = 0,00 M

[N2O4]eq.= 0,0750 M

Δ [N2O4] = 0,125 M – 0,0750 M = 0,050 M, é indicado na tabela com um sinal de


menos; para indicar diminuição.

As variações nas concentrações de N2O4 e NO2 estão relacionadas pela estequiometria


da reação. Portanto, quando a [N2O4] diminui de 0,050 M, a [NO2] aumenta de 2 x
0,050 M = 0,10 M, o valor é escrito com um sinal de mais, para indicar o aumento.

[NO2] [N2O4]

Inicio 0,00 M 0,125 M


Δ + 0,10 M - 0,050 M
Equil. 0,10 M 0,075 M

Agora, substitui as concentrações de equilíbrio na expressão da lei de equilíbrio para


calcular Kc:

Kc = (0,075) / (0,10)2 = 7,5 M-1

Exemplo 2: Sabendo a constante de equilíbrio do processo H2(g) + I2(g) 2HI(g)


Kc = 50,1 a 444oC, calcular o número de moles de HI formados a partir de 5,3 moles de
I2 e 7,94 moles de H2 que reagem até atingir o equilíbrio a essa temperatura, volume do
sistema 1 litro.
Resolução:
[H2] [I2] [HI]

Inicio 7,94 M 5,30 M 0M


Equil. 7,94 – X 5,30 – X 2X

Kc = [HI]2 / [H2] . [I2] = (2.X)2 / (7,94 – X ) . (5,30 – X )

50,1 = 4.X2 / (7,94 – X ) . (5,30 – X )  46,1.X2 – 663,324.X + 2108,31 = 0


X12 = 663,324 ± 226,332 / 92,2  X1 = 9,65, X2 = 4,74

O número de moles de HI formados 2. 4,74 = 9,48 moles *Agora, calcule as


quantidades de H2 e de I2 no equilíbrio.

NOTA: O valor de X (X1= 9,65) deve ser eliminado porque o resultado não pode exceder o rendimento
máximo.

Exemplo 3: Determinar a constante de equilíbrio do sistema N2O4 2NO2


Sendo a concentração inicial de N2O4 de 0,02 M e a sua dissociação no momento de
equilíbrio, igual a 60 %. R// 7,2 . 10-2 M

Exemplo 4: Calcule Kc da reação: NH3(g) + HCl(g) ↔ NH4Cl(s), sabendo que as


energias livre nas condições – padrão (em Kj / mol) , das substâncias NH3(g), HCl(g),
NH4Cl(s) são -16,7; -94,8 e -203,2 respectivamente. R= 8,3144 j / (mol.K)

Resolução: (1) Cálculo de energia livre da reação: ΔGo = ΣΔGfo(P) - ΣΔGfo(R)

ΔGo = (ΔGf(NH4Cl) – {(ΔGf(NH3) + ΔGf(HCl)} = (-203,2) – (-16,7 – 94,8) = -91,7 Kj

ΔGo = - RT ln Ke substituindo os valores: -91,7 = -8,314 . 10-3 . 298 ln Kc

ln Kc ≅ 16  Kc ≅ 1 . 1016, então Kc = 1/ [NH3] . [HCl] = 1016

Exemplo 5: Sabendo as energias livre nas condições – padrão, do acetileno (g) e


benzeno (g) que são 50 Kcal / mole e 29,76 Kcal / mole, respectivamente, calcular a
constante de equilíbrio e dizer se poderia recomendar este processo como um método
prático para a produção de benzeno. R// 2 . 1088

 Equilíbrio químico em soluções aquosas

Na secção anterior foi tratada a teoria geral do equilíbrio químico, aplicada


especialmente a equilíbrios entre substâncias gasosas. Nesta secçào vamos estudar
equilíbrios em solução aquosa.
Ácidos e bases
Segundo Arrhenius, um ácido é uma substância que pode fornecer iões H+ em solução
aquosa e uma base como uma substãncia que fornece iões OH- em solução aquosa.
O conceito de ácidos e bases de Arrhenius foi modificado e generalizado por J.N.
Bronsted e Lowry De acordo com o conceito deste, um ácido é uma substância que pode
transferir um protão para uma outra substância, que pode ser o próprio solvente, e uma base é
uma substância, que pode ser o próprio solvente, que aceita um protão de um ácido. O ácido e
a forma desprotonada desse ácido são chamados de par conjugado ácido-base.

Ionização da água. Produto iónico da água. pH

A água pode actuar tanto como um ácido e como uma base, toda solução aquosa
é caracterizada pelo processo de auto-ionização, em que uma molécula de H2O
transfere um protão para outra molécula de H2O. O equilíbrio de auto-ionização da
água deve ser sempre satisfeito, mesmo que outros ácidos ou base estejam ou não
presentes na solução.

A água, um electrólito muito fraco dissocia-se pouco dando origem à formação de


iões H+ e OH-:
H2O(l) H+(aq) + OH-(aq)

A este processo corresponde a constante de equilíbrio de dissociação:

[H+] [OH-]
Kc =
[H2O ]

Nas soluções aquosas diluídas, a concentração da água praticamente não altera de


forma que ela pode ser considerada uma grandeza constante.

Kc .[H2O]= [H+] [OH-] Kw = [H+] [OH-]

O valor de Kw, igual ao produto das concentrações dos iões H+ e OH-, é uma
grandeza constante à temperatura em questão, e tem o nome de produto iónico da
água. A 25oC, Kw = 1,00 x 10-14; este valor deve ser memorizado. Em água pura não
contendo nenhum outro ácido ou base, as concentrações de H + e OH+ devem ser
iguais entre si, portanto, [H+] = [OH-] = 1,00 x 10-7 mol / L. A auto-ionização da água é
um processo endotérmico; **O que é que isso implica para o valor da Kw a temperatura
mais baixa do que 25oC ? A temperatura de 75oC, Kw = 1x 10-12 M2. Calcule as [H+] e
[OH-] na água pura a 75oC.

Vimos que na água pura sempre há iões H+ e OH- segundo o equilíbrio de


autoprotólise de água. Esse equilíbrio também existe em soluções de ácidos ou bases
na água. Ao dissolver HCl na água, a [H3O+] aumenta consideravelmente pela reação:

HCl(aq) + H2O → H3O+(aq) + Cl-(aq)


segundo o princípio de Le Chatelier, o equilíbrio da autoprotólise da água deslocar-se-á
para a esquerda, até que se atinge um novo estado de equilíbrio no qual de novo vale:
Kw = 10-14 M2. A [OH-] pelo deslocamento da posição do equilíbrio diminui. Portanto,
numa solução de HCl a [H+] é muito maior da dos iões OH-. Diz-se que a solução é
ácida (mas ainda contém OH-) de onde provém?

As soluções nas quais: [H+] = [OH-] sol. neutra; [H+] > [OH-] sol. ácida e [H+] < [OH-] sol.
básica.

Os ácidos e bases fortes ionizam-se completamente em soluções aquosas.


Exemplos de ácidos fortes: HCl, HBr, HI, HNO3, H2SO4, HClO3, HClO4 . Exemplos de
bases fortes são os de metais alcalino e alcalino terrosos.

EX1: Dissolvemos 0,1 mole de H2SO4 em um litro de água a 25oC. Calcular as


[H+] e de [OH-] ?

Resolução: A reação de dissociação simplificada: H2SO4(aq) → 2H+(aq) + SO42-(aq)

A proporção estequiométrica dá: 0,1 M 0,2 M 0,1 M

A [H+] = 0,2 M, como [OH-].[H+]= 10-14 M2, a [OH-] = 10-14 / 0,2 = 5 . 10-14 M. Aqui
desprezamos os iões que provêm de autoprotólise de água. Para concentrações mais
baixas do ácido temos que considerar.

EX2: Calcule as [OH-] e de [H+], em 500 ml solução que contém 0,3 moles de Ba(OH)2.

Conceitos de pH e pOH

Em vez da concentração dos iões H+ e OH- é mais prático utilizar os seus


logaritmos decimais tomados com o sinal contrário. Portanto, a acidez ou a alcalinidade
de uma solução é frequentemente expressa pelo seu pH. Por definição,

pH = log 1 / [H+] = -log [H+] ou [H+] = 10-pH

Quanto menor o pH, maior é a acidez. Da mesma maneira, definimos

pOH = -log [OH-]

Quanto menor o pOH, maior é a alcalinidade.

As duas medidas estão relacionadas por: pH + pOH = - log Kw = 14 (a 25oC), *mostre


isso.
Escala de pH e pOH

[H+] 100 10-1 10-3 10-5 10-7 10-9 10-11 10-13 10-14

pH 0 1 3 5 7 9 11 13 14

ácida neutra básica


E escala de pOH ?

EX3: A [H+] numa solução aquosa é igual a 4.10 -3 mol / L. Determinar o pH e o pOH da
solução em causa.

pH = log 1 / [H+] = -log [H+]  pH = -log 4.10-3 = 2,4 como pH + pOH=14, pOH= 11,6

EX4: Determinar a [H+] numa solução cujo pH= 4,60 ?

Exemplo 5: A temperatura de 75oC, Kw = 1 . 10-12 M2. Calcular pH duma solução de


Ba(OH)2 a 0,05 M a essa temperatura.

Exemplo 6: Quantas vezes a concentração dos iões de hidrogénio no sangue (pH =


7,36) é maior que no líquido espinal (pH = 6,2).

Electrólitos fracos. Constante e grau de dissociação

Quando se dissolvem na água ou qualquer solvente polar os electrólitos


dissociam-se em maior ou menor grau em catiões e aniões. Os electrólitos que se
dissociam de uma forma incompleta dizem-se fracos. Nessas soluções estabelecem-se
um equilíbrio entre as moléculas não dissociadas e os seus iões. Por exemplo, um
ácido qualquer fraco HÁ, ao dissolver-se na água dará o equilíbrio seguinte:

HA(aq) + H2O H+(aq) + A-(aq)

A lei deste equilíbrio é: K = [H+] [A-]


[H2O] [HA]

A concentração de água, [H2O], numa solução que não seja muita concentrada
fica quase constante. Mostre isso.

Incluindo a [H2O] no primeiro membro obtemos:

[H+] [A-]
K .[H2O] =
[HA]
O produto K.[H2O] é o produto de duas constantes, pois também é constante.
Chama-se à esta constante: A constante de ácido Ka:

[H+] [A-]
Ka=
[HA]

Quanto mais forte for o ácido, tanto mais o equilíbrio fica a direita e tanto maior o valor
de Ka.

O mesmo sucede com uma base fraca, ao dissolver-se se estabelece o


equilíbrio:
B(aq) + H2O BH+(aq) + OH-(aq)
+ -
A lei deste equilíbrio é: Kb = [BH ] [OH ]
[B]
A relação entre Ka e Kb dum par conjugado é: Ka . Kb = Kw , mostre? Os ácidos
que apresentam Ka >> 1 são fortes, ionizam-se completamente; da mesma maneira há
bases que têm Kb >>1. Em termos de pKa e pKb: pKa + pKb =14, mostre ?

Hidrólise dos sais

Hidrólise é a reação protolítica entre iões dum sal e a própria água. Sais ao
dissolver na água ionizam-se completamente; são electrólitos fortes. E os íons
formados reagem com a água formando soluções ácidas, neutras ou básicas. O
equilíbrio que se estabelece é semelhante a dos ácidos e bases fracas.

O grau de dissociação  de um electrólito é a fracção das suas moléculas que


se dissociam, isto é, a relação entre o número de moléculas que na solução em causa
se dissociam e o número total de moléculas de electrólito existente na solução.

[A+] = [X-] = .c

A constante e o grau de dissociação encontram-se ligados através da


expressão (lei da diluição de Ostwald).

K = 2C / (1 – ), onde C é a molaridade do electrólito em mol / L. Se o grau de


dissociação for consideravelmente inferior a 1, em cálculos aproximados pode-se
considerar que 1 –  ≈ 1. A lei de diluição simplifica-se:

K = 2C, de onde  = √𝐾/𝐶 , essa expressão mostra que quando se dilui uma solução
(i.e. diminui a concentração do electrólito) o grau de dissociação do electrólito aumenta.
Exemplo 7: O grau de dissociação do ácido acético numa solução a 0,1 M é igual a
1,32 . 10-2. Determinar a constante de dissociação do ácido e o seu pK. R// 1,74 . 10 -5.

Exemplo 8: Quantas vezes diminuirá a concentração dos iões de hidrogénio numa


solução a 0,2 M de ácido fórmico (HCOOH) Ka= 1,8 . 10-4, se juntarmos a 1 litro desta
solução 0,1 mol de HCOONa ? R// diminui 16,6 vezes

Exemplo 9: As constantes dos estádios de dissociação do H2S K1 e K2 são


respectivamente iguais a 6 .10-8 e 1. 10-14. Calcular a concentração dos iões de H+, HS-
e S2- numa solução de H2S a 0,1 M. R// [H+] ≈ [HS-] = 7,7 . 10-5 mol / L e [S2-]= 1.
10-14 M

Exemplo 10: Determinar a concentração de HCO3- e de CO32- numa solução de ácido


carbónico a 0,01 M, sabendo que o pH desta solução é igual a 4,18. R// 6,73 . 10 -5 M e
4,8 . 10-11 M , respectivamente.

Soluções tampão

Existem, no entanto, soluções das quais o pH mantém-se quase constante num


certo valor ( não necessariamente 7) quando se adiciona pequenas quantidades de
ácidos ou bases fortes. Na natureza encontra-se em muitos lugares e também é
possível prepara-las num laboratório. Chamam-se a essas soluções: Soluções tampão.

 Uma solução tampão é uma solução que resiste à mudança de pH. Contém
simultaneamente quantidades apreciáveis de ambos os membros de um par
conjugado de ácido-base, dos quais nem o ácido, nem a base sejam fortes.
 O pH da solução tampão calcula-se através da fórmula pH = pKa + log [base] /
[ácido]
*mostre isso, ao misturarmos ácido acético e acetato de sódio, ambos 0,1 moles em
um litro de solução.

 A solução resiste à mudança de pH ao: (i) diluir, porque a fracção [base] /


[ácido] não muda, (ii) adicionar H+ , porque a base presente na solução
tampão neutraliza quase todo ácido acrescentado, (iii) adicionar OH -, porque o
ácido presente na solução tampão neutraliza quase toda a base
acrescentada.

*Qual a impotância de solução tampão?


Exemplo 11: Calcular o pH de uma solução tampão constituída de uma solução de
ácido acético a 0,1 M e 0,1 M de acetato de sódio.

Solubilidade e produto de solubilidade

Nos parágrafos anteriores foram estudados os equilíbrios iónicos envolvendo


ácidos e bases. Estes não são os únicos equilíbrios que podem ocorrer em solução
aquosa. Vamos considerar agora os equilíbrios que ocorrem ao dissolver sais ou
hidróxidos pouco solúveis.

Há um limite na quantidade dum certo soluto que pode ser dissolvida na água.
Dizemos que uma solução a certa temperatura é saturada dum certo soluto quando
contém a quantidade máxima possível do soluto que pode ser dissolvida. A esta
quantidade máxima chama-se solubilidade (S) a referida temperatura. Como unidade
de solubilidade utiliza-se: mol / L (M); gramas por litro de solução (g / L) ou gramas por
100 g de água (g / 100 g).

Quase todos os sais são electrólitos fortes. Isto quer dizer que ao dissolver-se
na água ionizam-se completamente em iões. Considere um copo contendo uma
solução saturada dum sal, com ainda sal sólido não dissolvido no fundo do copo. Ex:
AgCl: é fácil ver no copo há um equilíbrio dinâmico heterogêneo entre o AgCl não-
dissolvido e os seus iões na solução segundo a equação:

AgCl(s) Ag+(aq) + Cl-(aq)

A constante deste equilíbrio: Ks = [Ag+] [Cl-], chama-se a esta constante o produto


de solubilidade do sal, indicado por Ks. Só há equilíbrio quando existe uma solução
saturada. Ao produto [Ag+] [Cl-] em geral chama-se o produto iónico do sal AgCl na
solução, P.I.; O produto de solubilidade Ks é o produto iónico PI numa solução
saturada. Para uma solução que contém os iões dum sal é possível distinguir três
situações diferentes.

1. PI < Ks : Solução não-saturada. Não há equilíbrio.


2. PI = Ks : Solução saturada. Estado de equilíbrio.
3. PI > Ks : Não há equilíbrio. Deve-se formar um precipitado de AgCl, baixando as
concentrações de Ag+ e de Cl- na solução até PI = Ks

A relação entre PI e Ks de facto é a mesma que existe entre a fracção das


concentrações (o quociente Q) e Ke que foi explicada na teoria geral de equilíbrios. Só
quando Q = K há equilíbrio. Se Q  K, deve haver deslocamento até Q igualar K e
atingir-se o estado de equilíbrio.

Tipos de cálculos: (i) Cálculos de Ks a partir de S; (ii) Cálculo de S a partir de Ks;


(iii) Averiguar se haverá precipitação ao juntar soluções com iões dum sal mal solúvel
ou não.

Exemplo 12: A solubilidade do Mg(OH)2 a 18oC é igual a 1,7 . 10-4 M. Determinar o


produto de solubilidade da base a essa temperatura. R// 1,96 . 10 -11

Exemplo 13: O produto de solubilidade do iodeto de chumbo a 20 oC é igual a 8 . 10-9.


Calcular a solubilidade deste sal (em mol/L e em g/L) a essa temperatura.

Exemplo 14: quantas vezes a solubilidade do oxalato de cálcio CaC 2O4 (Ks= 2 .10-9)
numa solução de oxalato de amónio (NH4)2C2O4 a 0,1 M é inferior à sua solubilidade na
água? Considere a dissociação do oxalato de amónio completa. R//reduz em 2200
ezes.

Exemplo 15: Será que se forma precipitado quando se misturam volumes iguais de
soluções de cloreto de cálcio e de sulfato de sódio a 0,02 M (Ks(CaSO4)= 1,3.10-4) ?
R//Não se forma ppd.

N. GlinKa//Prob. Qui. Fis. U

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