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REUTERS
Redação
BBC News Mundo
20 setembro 2023
Sons de artilharia e sirenes antiaéreas marcaram nesta terça-feira (19/9) o reinício da
disputa entre a Armênia e o Azerbaijão pelo controle da região de Nagorno-Karabakh.
Esta área no sul do Cáucaso — onde a Europa encontra a Ásia — é palco de confrontos há
anos. A tensão pelo controle do enclave separatista cresceu nos últimos meses — no local,
reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, vivem cerca de 120 mil
pessoas que se identificam como armênias.
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O Azerbaijão afirma que lançou a operação em resposta à morte de seis pessoas, incluindo
quatro policiais, em duas explosões de minas terrestres na manhã de terça-feira.
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Desde dezembro do ano passado, o Azerbaijão bloqueou a única rota da Armênia para o
enclave, conhecida como corredor de Lachin.
O corredor é a única estrada que liga o enclave ao território da Armênia. É uma artéria
essencial para abastecimento, e os residentes de Nagorno-Karabakh relataram grave
escassez de alimentos básicos e medicamentos nos últimos meses.
Nos termos do acordo, o território permaneceu parte do Azerbaijão, mas desde então tem
sido em grande parte governado por uma autoproclamada república separatista, liderada
por armênios étnicos e apoiada pelo governo armênio.
Como pano de fundo está uma controversa divisão territorial de fronteiras estabelecida
durante a época da União Soviética
Esta ideia é endossada por analistas como o historiador britânico Simon Sebag
Montefiore, que num artigo publicado no jornal New York Times argumentou que "Stalin
abraçou a missão imperial do povo russo e desenhou a URSS usando seu conhecimento
das disputas étnicas no Cáucaso para criar repúblicas dentro de repúblicas".
Esta rede de fronteiras influenciou vários conflitos étnico-políticos que ocorreram após a
desintegração da URSS, como as guerras chechenas da década de 1990, a guerra na
Geórgia em 2008 e as da Armênia e do Azerbaijão.
3. Os "Estados fantasma"
A URSS tinha como política tentar mudar a configuração demográfica de muitos lugares,
enviando população etnicamente russa para viver nestes locais, explicou.
“Todas estas tentativas de arquitetar a identidade nacional ao longo dos anos levaram a
rebeliões contra esta dinâmica quando a URSS caiu.”
O maior confronto militar desde o início da década de 1990 aconteceu há três anos,
durante seis semanas de intensos combates.
Nos termos do acordo, as forças armênias tiveram que se retirar destas áreas e desde
então ficaram confinadas a uma parte menor da região.
Desde o fim de 2020, cerca de 3 mil soldados russos monitoram a frágil trégua, mas a
atenção de Moscou foi desviada após a invasão russa na Ucrânia.
EPA
A Turquia, país membro da Otan, a aliança militar ocidental, foi a primeira nação a
reconhecer a independência do Azerbaijão em 1991 e continua a ser um forte aliado do
país.
Na opinião de muitos, os drones Bayraktar de fabricação turca tiveram papel crucial nos
combates de 2020, permitindo ao Azerbaijão ganhar territórios.
A Armênia, por sua vez, tem tradicionalmente mantido boas relações com a Rússia. Há
uma base militar russa na Armênia e os dois países são membros da aliança militar da
Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), formada por seis antigos Estados
soviéticos.
GETTY IMAGES
Mas as relações entre a Armênia e a Rússia azedaram desde que Nikol Pashinyan, que
liderou enormes protestos contra o governo em 2018, se tornou primeiro-ministro da
Armênia .
Ele disse recentemente que a dependência russa da Armênia como fonte única de
segurança era um “erro estratégico”.
A Armênia anunciou neste mês que estava organizando exercícios conjuntos com forças
dos EUA. Eles foram criticados por Moscou como “medidas hostis”.
O presidente Vladimir Putin negou que a Armênia tenha quebrado sua aliança com a
Rússia, mas declarou que Ierevan, a capital da Armênia, tinha "essencialmente
reconhecido" a soberania do Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh.
“Se a própria Armênia reconheceu que Karabakh faz parte do Azerbaijão, o que
deveríamos fazer?”, disse Putin durante um fórum econômico em Vladivostok.
O que está claro é a acentuada inimizade que continua a existir entre os dois países.
REUTERS
Muitas nações olham para esta área do Cáucaso com preocupação de que outra guerra
possa surgir no antigo território soviético, além da guerra na Ucrânia.
A Europa quer manter a paz no Azerbaijão, de onde importa 8 bilhões de metros cúbicos
de gás por ano, depois de sofrer com a perda de fornecimento de gás da Rússia devido ao
conflito com a Ucrânia.
Mas o barril de pólvora que este conflito representa é uma ameaça constante a esse e a
outros objetivos geopolíticos das potências que o rodeiam.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse na terça-feira que foi avisado sobre a
ofensiva do Azerbaijão com poucos minutos de antecedência e que instou ambos os países
a respeitarem um cessar-fogo assinado após a guerra em 2020.
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