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Estudo de

Caso

Avaliação de Sobrecarga
Térmica e Iluminação
Professora
Me. Ana Paula Micali Figueiredo
Unicesumar
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estudo de
caso

O setor de florestas plantadas no Brasil apresenta um grande destaque no cenário mundial.


Isso, devido a alguns fatores importantes, como os avanços tecnológicos das máquinas e equi-
pamentos, as pesquisas e às condições edafoclimáticas favoráveis aos plantios, à quantidade
de terras produtivas e ao baixo custo de produção se comparado aos países desenvolvidos.
O plantio é uma atividade silvicultural de grande importância dentro do processo pro-
dutivo, apresentando interferência direta na produtividade da floresta e nos parâmetros de
qualidade da madeira. Entretanto, na maioria das vezes, são executados por métodos manuais
ou semimecanizados, e envolvem um grande contingente de mão de obra com os trabalha-
dores atuando. Os trabalhadores, quando expostos a condições ambientais desfavoráveis,
em atividades de elevado esforço físico, assumem posturas inadequadas, além de manusea-
rem cargas acima do limite recomendado. Tal situação poderá comprometer a produtividade,
causar desconforto, aumentar os riscos de acidentes, além de tornar os trabalhadores sus-
ceptíveis ao aparecimento de lesões por esforços repetitivos e doenças osteomusculares,
provocando danos à sua saúde.
Com isso, devido a exposição desses trabalhadores a um ambiente externo, o calor se
torna um agravante às atividades dos trabalhadores do plantio de eucalipto, sendo, o plantio
manual, considerado uma atividade pesada e que favorece a elevada geração de calor me-
tabólico. Isso, associado com outras condições precárias de trabalho, favorece o estresse
térmico, podendo provocar graves doenças ou até levar à morte.
Para realização da avaliação do calor, os dados foram coletados a campo, por meio de
um IBUTG (índice de bulbo úmido termômetro de globo), ou seja, um instrumento que é
constituído pelo termômetro de bulbo seco, termômetro de globo e termômetro de bulbo
úmido. O equipamento foi calibrado antes e depois das avaliações, utilizando um sensor es-
pecífico. Devido ao fato de a fonte de calor ser intensa, os sensores foram montados em um
tripé, por meio de uma extensão.
Os trabalhadores exerciam as suas funções no plantio de eucalipto e suas atividades consis-
tiam em: buscar as mudas no caminhão para abastecer sua caixa de mudas; abrir covas, inserir
a muda no solo e fixá-las. Assim, esse ciclo se repetia até o final do expediente de trabalho.
Além disso, os trabalhadores utilizavam vestimenta adequada, exercendo um importante
papel para a condição de estresse térmico. É necessário ressaltar que a vestimenta atua como
uma barreira à troca de calor entre o corpo e o ambiente, dificultando ou impedindo o resfriamen-
to. A eficiência dessa troca de calor depende de vários fatores, entre eles, o tipo e cor do tecido.
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Entretanto, todos os trabalhadores confirmaram que, para realização das suas atividades
diárias, sempre utilizaram os EPIs fornecidos pela empresa, conforme fichas de controle de
entrega deles, tais como: botina de segurança, óculos de proteção, uniforme, boné e filtro
solar. Todos os Equipamentos de Proteção Individual recebidos foram adequados para o de-
senvolvimento diário das atividades.
Conforme os limites de tolerância (Tabela 1) estabelecidos pela NR-15 para os traba-
lhadores expostos ao calor, é definido que as medições do IBUTG sejam realizadas no local
onde o trabalhador executa suas atividades. Quando o IBUTG ultrapassa valores de 30ºC (ati-
vidade leve), 26,7ºC (atividade moderada) ou 25ºC (atividade pesada), tornam-se necessárias
medidas preventivas no trabalho para evitar doenças ocupacionais. Acima desses valores
(linhas 2, 3 e 4 da Tabela 1), os intervalos de IBUTG correspondem a períodos maiores de
descanso, podendo alcançar 15, 30 ou 45 minutos de descanso a cada hora trabalhada. Nas
situações mais extremas, quando o IBUTG ultrapassa os limites de 32,2ºC, 31,1ºC e 30ºC, para
atividades leve, moderada e pesada, respectivamente, a condição deve ser entendida como
de risco grave e eminente. Para essa condição, não é permitido o trabalho sem adoção de
medidas especiais de controle. Ressalta-se, ainda, que os trabalhadores da cultura de euca-
lipto geralmente trabalham em regime contínuo, por períodos maiores que uma hora, sem
gozar de descanso térmico necessário para o resfriamento do corpo.
Com base nas informações levantadas nas etapas anteriores, nos critérios estabelecidos
pela NR-15 e seus anexos, e da Portaria n. 3.214/78, foram realizadas três medições nos locais
de trabalho. Cada medição teve uma duração de 20 (vinte) minutos, totalizando o tempo de
medição em 1 (uma) hora, conforme reza o Anexo 3 da NR-15. A medição foi realizada no
horário em que o sol possui grande intensidade de calor, ou seja, na pior hora. O cálculo do
IBUTG para ambientes externos é:

IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs


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Os dados obtidos em campo foram:

1ª MEDIÇÃO:
Temperatura de bulbo úmido natural (tbn) = 22,8 °C
Temperatura de bulbo seco (tbs) = 29,6 °C
Temperatura de globo (tg) = 33,1 °C
Calor metabólico (M) = 220 kcal/h

2ª MEDIÇÃO
Temperatura de bulbo úmido natural (tbn) = 25,5 °C
Temperatura de bulbo seco (tbs) = 33,0 °C
Temperatura de globo (tg) = 45,5 °C
Calor metabólico (M) = 250 kcal/h

3ª MEDIÇÃO:
Temperatura de bulbo úmido natural (tbn) = 24,5 °C
Temperatura de bulbo seco (tbs) = 30,9 °C
Temperatura de globo (tg) = 32,1 °C
Calor metabólico (M) = 240 kcal/h

Com base nas informações levantadas nas etapas anteriores, nos critérios estabelecidos pela
NR-15 e seus anexos, e da Portaria n. 3.214/78, não foram identificados riscos de sobrecarga
térmica e, desse modo, a atividade não é caracterizada como insalubre.

REFERÊNCIA

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia.


Portaria GM n. 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras - NR
- do capítulo V, título II, da consolidação das leis do trabalho, relativas a segurança e medicina
do trabalho. Brasília: Diário Oficial da União, 06 jul. 1978a. Nº 127, Seção I - Parte I, p. 10.423.

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