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Núcleo de Pesquisa e Estudos Sociolinguísticos, Dialetológicos e Discursivos - NUPESDD


Laboratório Sociolinguístico de Línguas Não-Indo-europeias e Multilinguismo - LALIMU
ISSN: 2178-1486 • Volume 6 • Número 18 • Maio 2016
Edição Especial • Homenageada
MARIA CECÍLIA MOLLICA

DESIGNAÇÕES PARA SEMÁFORO: UM ESTUDO A PARTIR


DOS DADOS DO ALIB NA REGIÃO CENTRO-OESTE

Amanda Chofard1
amandachofard@gmail.com

Dayse de Souza Lourenço2


dayse.lourenco1990@gmail.com

RESUMO: O léxico no português do Brasil e suas variações revelam a dinamicidade da língua e


contribuem para mostrar as possíveis influências dos povos que colaboraram para sua formação. Posto
isso, este estudo, vinculado ao projeto Atlas Linguístico do Brasil (doravante ALiB), insere-se no
campo dos estudos lexicais e busca investigar as designações para semáforo por meio das respostas
obtidas para a questão 194 do Questionário Semântico-Lexical do ALiB (COMITÊ NACIONAL,
2001): “Na cidade, o que costuma ter em cruzamentos movimentados, com luz vermelha, verde e
amarela?, junto a 84 informantes, estratificados segundo as variáveis extralinguísticas sexo (masculino
e feminino), faixa etária (18 a 30 e 50 a 65 anos) e localidade. Com essa pesquisa objetivamos,
portanto, i) registrar as variantes produzidas para semáforo; ii) analisar se e quais as variáveis
extralinguísticas contribuem para a utilização de determinada variante e iii) mapear a distribuição das
variantes. Pretende-se, portanto, contribuir para o mapeamento da língua falada no Brasil, além de
destacar a diversidade linguística brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Atlas Linguístico do Brasil. Centro-Oeste. Semáforo.

ABSTRACT: The lexicon in Portuguese of Brazil and its variations reveal the dynamics of the
language and contribute to show the possible influences of the people who contributed to their
formation. That said, this study linked to the project Linguistic Atlas of Brazil (hereinafter Alib), falls
within the field of lexical studies and investigates the designations for traffic through the responses
received to the question 194 of the Semantic-Lexical Questionnaire Alib ( NATIONAL
COMMITTEE, 2001): "in the city, which usually has at busy intersections with red, green and yellow
light ?, with 84 informants, stratified according to extralinguistic variables gender (male and female),
age (18 to 30 and 50-65 years) and location. With this aim research, therefore, i) register the variants
produced for light; ii) whether and extra-linguistic variables which contribute to the use of a variant
and iii) mapping the distribution of variants. It is intended, therefore, contribute to the mapping of the
language spoken in Brazil, in addition to highlighting the Brazilian linguistic diversity.

KEYWORDS: Linguistic Atlas of Brazil. Midwest. Semaphore.

1
Graduada pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: amandachofard@gmail.com
2
Doutoranda em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail:
dayse.lourenco1990@gmail.com

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Primeiras considerações

O histórico sociocultural é irradiado por meio do sistema lexical, dessa


forma, as escolhas vocabulares do indivíduo são condicionadas segundo a bagagem
proveniente das experiências do falante, clarifica Biderman (1989). As
transformações sociais inspiram novas necessidades ao povo e, por conseguinte, na
invenção de dispositivos capazes de preencher essas lacunas. Assim, diante de
novos instrumentos, surgem as novas lexias para denominá-los. Esse fenômeno está
presente na língua e exerce profunda influência nos hábitos linguísticos, como
observamos no êxodo rural, na industrialização e era digital, por exemplo. Nesse
escopo, visamos analisar as variantes lexicais para designar um instrumento de
trânsito cujo nome técnico, hoje, é semáforo.
O lexema semáforo, de acordo com a revista Mundo Estranho (2014), teve
sua origem na Grécia Antiga, a partir da aglutinação de sema (sinal) e phoros (que
leva) e referia-se à espécie de um sistema que transmitia mensagens por tabuletas. Já
a primeira notícia que se tem desse dispositivo luminoso utilizado em vias é no ano
de 1868, em Londres, mais precisamente no distrito de Westminster, com comando
manual e funcionamento a gás. Posteriormente, no ano de 1918, em Nova Iorque,
surge o utensílio com as lâmpadas em três cores e somente em 1926, em
Wolverhampton, cidade inglesa, o comando automático, explica Costa, Seco e
Vasconcelos (2005). Com o passar do tempo, o dispositivo tornou-se comum e
indispensável em grandes centros urbanos.
Posto isso, a partir da Geolinguística Pluridimensional (THUN, 1998) e da
Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1994 [1972]), visamos i) registrar as
variantes produzidas para semáforo; ii) analisar se e quais as variáveis
extralinguísticas contribuem para a utilização de determinada variante; iii)
dicionarizar as formas registradas e iv) mapear a distribuição das variantes.

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Aporte teórico

A comunicabilidade entre falantes conta com a utilização do acervo lexical da


sua língua, pois

qualquer indivíduo adulto, membro de uma sociedade, possui


armazenado no cérebro o seu acervo linguístico pessoal que constitui
parte do acervo linguístico da sua comunidade. No ato linguístico, ele
se serve dessas virtualidades, gerando material de fala e de língua,
que se acumulará ao longo da sua vida de membro de um grupo
societário (BIDERMAN, 2001, p.16).

Assim, ressaltamos que o acervo lexical de determinada língua engloba os


traços histórico-culturais de um povo, porquanto “qualquer sistema léxico é a
somatória de toda a experiência acumulada de uma sociedade e do acervo da sua
cultura através das idades” (BIDERMAN, 2001, p. 179), ou seja, é construído por
meio das relações estabelecidas segundo os valores incutidos na comunidade.
A partir da íntima relação entre sociedade e acervo lexical, assinalamos a
língua como um patrimônio social, porquanto “classifica-se como uma realidade
heterogênea, sujeita aos outros fatores que compõem a herança social, como a cultura
e a estrutura da sociedade” (BIDERMAN, 2001, p. 13), portanto, destacamos a
importância que os fatores sociais possuem na motivação das escolhas lexicais, pois
os falantes são responsáveis pela transformação do vocabulário, uma vez que

funcionam como sujeitos-agentes, no processo de perpetuação e


reelaboração contínua do Léxico da sua língua. Nesse processo em
desenvolvimento, o Léxico se expande, se altera e, às vezes, se contrai.
As mudanças sociais e culturais acarretam alterações nos usos
vocabulares; daí resulta que unidades ou setores completos do Léxico
podem ser marginalizados, entrar em desuso e vir a desaparecer
(BIDERMAN, 2001, p. 179).

Posto isto, fundamentamo-nos nos preceitos da Dialetologia


Pluridimensional (THUN, 1998) e Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1994
[1972]), cujo objetivo é “demonstrar a covariação sistemática das variações

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linguística e social e, talvez, até mesmo demonstrar uma relação causal em uma ou
outra direção” (BRIGHT, 1974, p.17).
Há vários fatores que condicionam a variação da língua, como os fatores
sociais, externos à língua, ou seja, as variáveis diassexual, diageracional, diatópica e
diastrática (MORENO FERNÁNDEZ, 1998). A diassexual diz respeito à maneira
como os falantes de ambos os sexos utilizam a linguagem, a diageracional refere-se à
idade dos falantes, a diatópica remete às diferenças existentes entre falantes de
origens geográficas distintas e, por fim, a variação social, ou diastrática, trata de
fatores de identidade do falante, como traços da organização sociocultural da
comunidade, escolaridade e outros. Contudo, para nosso estudo, dada a metodologia
do ALiB para os inquéritos em pontos no interior, verificamos apenas as variáveis
diassexual, diageracional e diatópica. No tópico adiante, delineamos os
procedimentos metodológicos que norteiam nossa análise.

Procedimentos metodológicos

A partir dos pressupostos da Dialetologia Pluridimensional, ou seja, a teoria


da Dialetologia tradicional (THUN, 1998) associada à Sociolinguística Variacionista
(LABOV, 1994 [1972]), o corpus desta pesquisa compõe-se por dados obtidos junto
ao acervo do projeto ALiB, cuja coleta é realizada in loco, e corresponde às respostas
obtidas para a questão 194 do questionário Semântico-Lexical (QSL) do ALiB
(COMITÊ NACIONAL, 2001), “Na cidade, o que costuma ter em cruzamentos
movimentados, com luz vermelha, verde e amarela?”.
A amostra constitui-se por 84 informantes, distribuídos em 21 localidades da
região centro-oeste brasileira, a saber: Aripuanã, São Félix do Araguaia, Diamantino,
Poxoréu, Vila Bela da Santíssima Trindade, Barra do Garças, Cáceres, Alto Araguaia,
Porangatu, São Domingos, Aruaná, Formosa, Goiás, Jataí, Catalão, Quirinópolis,

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Coxim, Corumbá, Paranaíba, Nioaque e Ponta Porã. Os informantes estão


estratificados segundo as variáveis sociais apresentadas no quadro 1.

Quadro 1 - Perfil dos informantes

Informante Escolaridade Faixa etária Sexo

01 Fundamental I (18-30 anos) Masculino

02 Fundamental I (18-30 anos) Feminino

03 Fundamental II (50-65 anos) Masculino

04 Fundamental II (50-65 anos) Feminino

Fonte: Projeto Atlas Linguístico do Brasil

A fim de verificarmos as variantes realizadas, levantamos as respostas para os


itens, revisamos e tabulamos. Com a planilha montada, quantificamos os dados em
percentual e números absolutos. Em seguida, elaboramos uma carta experimental e,
por fim, verificamos se as variáveis extralinguísticas sexo e faixa etária condicionam
as respostas dos informantes.

Análise dos dados

Primeiramente, tabulamos, descrevemos e analisamos todas as unidades lexicais


que designam o referente semáforo. Em seguida, elaboramos cartas linguísticas a fim de
ilustrar a divisão diatópica das variantes e, por fim, verificamos se, e em que medida, os
fatores sociais (sexo, faixa etária e localidade) motivam as escolhas lexicais dos
informantes.

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Posto isto, iniciamos com a catalogação dos dados, a qual documentou sete
designações: semáforo, sinaleiro, farolete, sinalização, sinal, farol e sinaleira,
totalizando 106 respostas. Ressaltamos que o número de respostas é maior que o
número de informantes porque consideramos todas as respostas dadas e não somente
a primeira resposta.
Posto isto, é válido observarmos se as variáveis sociais são significativas na
realização das escolhas lexicais. Para tanto, elaboramos cartas linguísticas por
estado, a fim de ilustrar a variável diatópica, e quadros das variáveis diassexual e
diageracional.

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Carta linguística 1 – Mato Grosso

Fonte: CHOFARD, 2014.

A carta linguística 1 ilustra os dados coletados no estado do Mato Grosso.


Nele, encontramos o total de 41 respostas, das quais 16 correspondem a sinaleiro
(39%), 12 a semáforo (29%), 8 a sinal (20%), 3 a farol (7%) e 2 a sinalização (5%).
Verificamos, portanto, o predomínio de sinaleiro, que aparece em todas as
localidades exceto em Aripuanã, seguido de semáforo e sinal. Já farol e sinalização
caracterizam-se como as menos produtivas.

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Em relação à variável disssexual, observamos que homens e mulheres


preferem a variante sinaleiro, seguida de semáforo, mostrando-se pouco significativa
no condicionamento das respostas. No que concerne à faixa etária, os jovens realizam
mais a variante semáforo enquanto os idosos preferem sinaleiro. Esse cenário atesta
que os jovens se respaldam na forma técnica e, consequentemente, a de maior
prestígio.
Em seguida, apresentamos a carta linguística 2, a respeito dos dados do Mato
Grosso do Sul.

Carta linguística 2 – Mato Grosso do Sul

Fonte: CHOFARD, 2014.

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A carta linguística 2 ilustra as variantes encontradas no estado do Mato


Grosso do Sul. São elas: semáforo com 9 respostas (38%), concorrendo com sinaleiro
que possui 8 respostas (33%), sinal com 4 (17%), farol com 2 respostas (8%) e, por
fim, sinaleira com ocorrência única (4%), na resposta de um homem da faixa II em
Corumbá.
Diante dos das ocorrências, verificamos que semáforo é a variante
predominante, não sendo presente apenas em Ponta Porã que possui como variantes
concorrentes sinal e sinaleiro.
A respeito da variável disssexual, observamos os homens preferem a variante
sinaleiro, enquanto as mulheres, semáforo, o que remete à preferência das mulheres
pela variante de maior prestígio, atestando o que Paiva (2007, p. 35) afirma “uma
maior consciência feminina do status social das formas linguísticas” (PAIVA, 2007,
p. 35). Dessa forma, acreditamos que as mulheres, em geral, são mais sensíveis às
variantes de maior prestígio e tendem a utilizá-las mais do que os homens. No que
concerne à faixa etária, os jovens realizam mais a variante semáforo enquanto os
idosos preferem sinaleiro. Esse cenário atesta que os jovens preferem a forma de
maior prestígio.
Em seguida, apresentamos a carta linguística 3, a respeito dos dados de Goiás.

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Carta linguística 3 – Goiás

Fonte: CHOFARD, 2014.

A carta linguística 3 apresenta os dados do estado de Goiás. Verificamos o


total de 41 registros, em que há a concorrência entre as variantes semáforo e sinaleiro,
ambas com 16 respostas (39%) cada. Tais variantes são seguidas por sinal, com 3
realizações (8%), farol e outros com uma resposta ininteligível e outra não resposta
(5%), farolete realizada por uma mulher idosa de Catalão e, ainda, sinalização, na fala
do jovem de São Domingos, como respostas únicas (2%) cada. Por meio dos dados

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obtidos, analisamos que o interior goiano, se comparado aos outros dois investigados,
é o estado que possui o maior número de variantes para o instrumento regulador de
trânsito.
No que concerne à variável disssexual, observamos as mulheres preferem a
variante sinaleiro, enquanto os homens, semáforo, contrariando a hipótese de Paiva
(2007, p. 35) de que as mulheres tendem a realizar as formas de prestígio.
Em relação à faixa etária, os jovens realizam mais a variante semáforo enquanto os
idosos preferem sinaleiro, mantendo o mesmo direcionamento dos demais estados
analisados neste estudo e confirmando que os jovens preferem a forma de maior
prestígio.

Considerações finais

A partir da análise do corpus, constatamos que a variante mais produtiva no


interior centro-oestino é sinaleiro, a qual concorre com a denominação técnica
semáforo que, embora não seja a de maior produtividade no montante das respostas
obtidas, vem ganhando espaço devido às mudanças ocorridas na sociedade e,
consequentemente, na língua e no léxico dos sujeitos.
Constatamos que a variável faixa etária é condicionadora das respostas, visto
que a forma técnica predomina na fala dos jovens e não figura o mesmo cenário na
fala nos idosos. No que concerne à variável sexual, não é possível estabelecer um
eixo fixo, visto que os dados se alternam, ora os homens preferem determinara
variante, ora as mulheres, e vice-versa.
Dessa forma, com esta pesquisa, foi possível apurar as denominações para o
instrumento regulador de trânsito em uma das regiões do Brasil e, com isso, mapear e
comprovar a diversidade linguística existente no português brasileiro. Esperamos
colaborar com demais estudos lexicais e, assim, ampliar a descrição da língua
vernácula nacional.

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Referências

BIDERMAN, M. T. C. O léxico, testemunha de uma cultura. Actas do XIX


Congresso Internacional de Linguística e Filoloxía Românicas. Universidade de
Santiago de Compostela, 1989.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria Linguística: teoria lexical e linguística
computacional. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BRIGHT, William. As dimensões da sociolinguística. In: FONSECA, Maria Stella V.
e NEVES, Moema F (orgs.) Sociolinguística. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974. p. 41-
47.
COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB. Atlas Linguístico do Brasil:
Questionários 2001. Londrina: EDUEL, 2001.
COSTA, A. H. P.; SECO, A. J. M.; VASCONCELOS, A. L. P. Sinais Luminosos:
textos didácticos. 2005. Disponível em:
http://www.sinaldetransito.com.br/artigos/sinais_luminosos_portugal.pdf. Acesso
em: 4. maio. 2016.
LABOV, William. Principles of Linguistic change. Volume II: Social Factors.
Oxford: Blackwell, 1994.
MORENO FERNÁNDEZ, Francisco. Princípios de Sociolingüística y Sociologia
del Lenguaje. Barcelona: Ariel, 1998.
PAIVA, Maria da Conceição. Transcrições de dados linguísticos. In: MOLLICA,
Maria Cecília. Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação.3. ed, São
Paulo: Editora Contexto, 2007, p. 101-116.
SEMÁFORO. In: Mundo Estranho. Disponível em:
<http://mundoestranho.abril.com.br; /materia/quem-inventou-o-semaforo>. Acesso
em: 04.maio.2016.
THUN, Harald. La géographie linguistique romane à la fin du XXe siècle. In:
ENGLEBERT, Annick; PIERRARD, Michel; ROSIER, Laurence; van
RAEMDONCK, Dan. Actes do XXIIe Congrès International de Linquistique et de
Philologie Romanes. Bruxelas: Max Niemeyer Verlag, 1998.

Recebido Para Publicação em 21 de maio de 2016.


Aprovado Para Publicação em 13 de setembro de 2016.

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