Você está na página 1de 89

© 2023

Publicado no Brasil com todos os direitos autorais reservados por:


Editora Kaleo
1° Edição - Outono de 2023

Autor:
Antônio Lemos Filho

Editorial:
Alexandre de Almeida

Diagramação e Capa:
Osias Volanski

Correção e Revisão:
Glaucia Grellmann

Todos os direitos reservados e protegidos


pela lei n° 9.610, de 19/02/1998

É expressamente proibida a reprodução total


ou parcial deste livro, por quaisquer meios
(eletrônico, mecânico, fotográfico e outros),
sem prévia autorização, por escrito, da edi-
tora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Lemos Filho, Antônio.
Servir: Intercessão/Antônio Lemos Filhos. - Blumenau - Editora Kaleo,
2023
89 p.

ISBN: 978-65-89348-36-8

1. Devocional
Índice
Contents
Convite à Intercessão....................................................9
Notas sobre a obra:......................................................13
Prefácio........................................................................15
Intercedendo pelos outros...........................................17
Intercedendo pela cura................................................23
Intercedendo pelos obreiros........................................29
Intercedendo pelos enlutados.....................................35
Intercedendo pela nação.............................................41
Intercedendo pelas autoridades..................................47
Intercedendo pela salvação.........................................53
Intercedendo pela família...........................................59
Intercedendo pelos inimigos.......................................65
Intercedendo por nossas crianças...............................71
Intercedendo em gratidão...........................................79
Conclusão....................................................................85
Servir - Intercessão

-4-
Servir - Intercessão

“Não peço somente por es-


tes, mas também por aqueles
que vierem a crer em mim,
por meio da palavra que eles
falarem, a fim de que todos
sejam um” (Jo 17.20–21).

-5-
Servir - Intercessão

-6-
Servir - Intercessão

AGRADECIMENTOS
Muito obrigado Pai,
por essa oportunidade de levar Tua
Palavra, edificando vidas na Tua
Verdade.

Agradeço a minha amada esposa


Tati, e maravilhosa filha Marina, pelo
apoio,auxílio e valorosa intercessão.
Fevereiro / 2023

-7-
Servir - Intercessão

-8-
Servir - Intercessão

Convite à Intercessão

Convite à Intercessão
Este livro é um convite a servir aos outros em interces-
são!
Ou, se quiser, um “Manual da Guerrilha em Interces-
são”. Existe uma beleza inexplicável na vida de oração, só
comparável à “luz” em nosso mundo natural. A luz é invi-
sível e intocável, mas essencial a vida; tal qual nossa luz
espiritual, a oração é uma força invisível, mas ainda assim
poderosa. É algo que não pode ser visto ou tocado, mas é
fundamental para nossa saúde física - hoje já temos mui-
tos estudos científicos comprovando a eficácia da oração
na saúde - e espiritual, no ter uma Vida Plena.
A oração é uma forma de conexão com Deus que não
pode ser vista ou tocada, mas é essencial para nossa vida
espiritual. Através da oração, podemos trazer nossas
preocupações, medos e desejos aos pés do Senhor; que,
em resposta, acalma nosso coração, tranquiliza nossa
alma e fortalece nosso espírito!
Desde sempre, a oração foi a melhor forma de buscar
orientação, consolo e força, de renovar nossa fé e espe-

-9-
Servir - Intercessão

rança; sendo uma poderosa luz espiritual, que ilumina


nossos caminhos, fornecendo clareza e direção, e nos aju-
da a superar as sombras e as dificuldades da vida.
Assim como a luz espiritual é essencial para uma vida
plena e realizada, a oração é indispensável para a vida
cristã. Através da oração, podemos cultivar uma relação
profunda com Deus e estar constantemente ao alcance
de Sua presença e orientação. A vida de oração há muito
foi esquecida e hoje se encontra negligenciada pela Igre-
ja; e, se as notícias sobre a prática da oração não são boas
nos dias de hoje, as tocantes à disciplina espiritual da in-
tercessão são bem piores.
A oração é uma experiência espiritual maravilhosa; e
a intercessão é seu ápice – orar pelos outros, buscar em
Deus Sua Graça em intervenção pelo próximo, exige um
grau de maturidade e vivência espiritual, que só pode ser
praticada pelo verdadeiro discípulo de Jesus, que O ama,
e quer nEle imitar Seu exemplo! Jesus, que é muito lem-
brado por seus milagres e pelos sinais e maravilhas que
operava é, na verdade, nosso melhor modelo de quem,
em solitude, alcançava seus grandes feitos. Os milagres e
maravilhas de Jesus são a manifestação de Seu poder ex-
terno; já Seu interno era Sua intensa conexão pela oração
e intercessão ao Pai.
Somos “Chamados Para Servir”, sendo que existe uma
infinidade de meios e formas de servir; mas... pelo exem-
plo de Jesus, sugiro a intercessão pelos outros! A interces-
são é uma forma poderosa de servir os outros e ajudá-los
em suas necessidades, como nos ensina a Bíblia. O após-
tolo Tiago orienta: “orai uns pelos outros, para que sejam
curados” (Tg 5.16). Na intercessão, temos cura! A oração
é um instrumento de poder eficaz! Paulo nos ensina “ir-

- 10 -
Servir - Intercessão

mãos, orai uns pelos outros” (1 Te 5.25).


Na intercessão pelos outros, trazemos nosso próximo
diante de Deus, clamando por Sua orientação, consolo e
cura. Na oração pelo outro, me coloco em seu lugar, en-
tendendo suas necessidades e se importando com elas.
Ao orar por alguém, estamos mostrando amor e cuidado,
além de nos comprometermos a ajudar essa pessoa.
Ao aceitar o convite da intercessão, embarcamos na
mais fantástica missão, inaugurada por todo herói da fé,
que foi aprofundada e ensinada por Jesus, e que sem dú-
vida, nos fará caminhar os superiores caminhos e mundos
da espiritualidade prática!
Não temos poder, meios ou força de mudar o mundo...
Mas, ao servir a Deus na oração de intercessão, pode-
mos impactar e mudar o mundo de alguém! Faça a dife-
rença: – Interceda!

- 11 -
Servir - Intercessão

- 12 -
Servir - Intercessão

Notas sobre a obra:


Organizamos o livro por alguns temas de intercessão,
sendo que existe uma gama infinita de outras oportuni-
dades de oração.
Após breve exposição do tema, focamos a ideia em
uma palavra chave, que resume e amplia o entendimento
do tema, ao aprofundar sua compreensão da intercessão.
Por último, como não poderia deixar de ser e aconte-
cer, deixamos uma faísca de oração, pedindo a Deus que
estas sejam as primeiras palavras de um longa e intensa
conversa com o Mestre.
Ao final, deixamos nossos contatos para críticas, su-
gestões e interação.
Por favor, deixe sua mensagem de testemunho, pois
serão de grande valor em minha vida e na experiência es-
piritual de muitos outros.

Excelente leitura!
Autor

- 13 -
Servir - Intercessão

- 14 -
Servir - Intercessão

Prefácio
“Que mesmo em nossas limitações diante de tantas
desgraças, venhamos compreender o grande poder que
há na oração de um justo. A mudança que o mundo preci-
sa passa pelos joelhos de uma igreja que intercede”.

Certa vez ouvi uma afirmação que dizia: uma das maio-
res provas de amor por alguém é demostrado quando
você ora por ela. De fato, a oração é uma fonte de bene-
fícios inimagináveis para quem ora e para quem recebe
a oração, e quando intercedemos por alguém diante de
Deus sabemos que benfeitorias mais valiosas que presen-
tes e palavras a alcançarão.
Sendo o chamado do mestre para que sejamos agen-
tes de amor, é necessário que o nosso comprometimento
com a oração pelas pessoas seja ampliado a cada dia. Que
as necessidades deste mundo que chegam aos nossos
ouvidos gerem em nossa alma o desejo de orar e clamar
por cada vida que sofre. Que mesmo em nossas limita-
ções diante de tantas desgraças, venhamos compreender
o grande poder que há na oração de um justo. A mudan-
ça que o mundo precisa passa pelos joelhos de uma igre-
ja que intercede.
Este precioso livro do Pr. Antônio Lemos nos desafia a
servirmos mais através da oração intercessória. O mun-
do seria diferente se cada crente compreendesse o po-
der da intercessão. A orientação paulina em Filipenses
2.4-5 é que ninguém cuide apenas dos seus interesses,
mas que seu olhar permeie as necessidades que o cercam
imitando o exemplo de Cristo que se importou conosco.

- 15 -
Servir - Intercessão

Precisamos entender que quanto mais perto de Deus es-


tivermos, mais amor sentiremos por vidas e mais orações
intercessórias fluirão de nós.
Minha oração é para que este livro possa gerar em
você, assim como gerou em mim, o desejo de amadure-
cer ainda mais na fé, a ponto da intercessão se tornar algo
natural a medida que o Espirito Santo nos conduz na jor-
nada da vida.
Pr. Lediel dos Santos
Pastor Vice-Presidente da
Assembleia de Deus em Blumenau (SC).

- 16 -
Servir - Intercessão

Intercedendo pelos outros

- 17 -
Servir - Intercessão

O poder da oração intercessória é incalculável.


A Bíblia nos ensina a orar uns pelos outros e interceder
pelas necessidades dos outros. O apóstolo Tiago orienta
orai “uns pelos outros, para que sejam curados” (Tg 5.16).
A oração é instrumento de poder eficaz! Paulo roga e
insiste “ irmãos, orai uns pelos outros” (1 Ts 5.25). A oração
intercessória é o resultado de maturação cristã, produto
final de um longo processo de desenvolvimento na rela-
ção do homem com Deus e os outros.
Na oração intercessória trazemos o outro diante de
Deus pedindo Sua orientação, consolo e cura. Ao me co-
locar no lugar do outro, entendendo suas necessidades e
importo-me com elas. Ao orar por alguém, estamos mos-
trando amor e cuidado, nos comprometendo em ajudar
essa pessoa através do agir de Deus!
Interceder é se importar! Quando oramos em inter-
cessão, estamos dizendo a Deus e ao mundo que essa
pessoa é importante para nós, não aceitando que o outro
passe aquela situação, ou viva daquele modo; sendo que,
se não houver na terra auxílio ou ajuda humana, cremos
na esperança viva de que Deus pode agir! Aquilo que é
impossível ao homem, para Deus é possível! “Jesus olhou
para eles e respondeu: “Para o homem é impossível, mas
para Deus todas as coisas são possíveis” (Mt 19.26).
Na oração intercessória, comprometido, me coloco no
lugar e posição do outro; neste sentido, não só clamo ou
peço por alguém, mas sinto suas dores, participo de suas
angústias e entendo seus temores – e por isso com ardor,

- 18 -
Servir - Intercessão

clamo a Deus, que tudo pode através da oração. Não bas-


ta orar, simplesmente... na intercessão que aprendemos
com Jesus, precisamos suar sangue, viver de fato a aflição
e inquietude de alma do outro, para em empatia orar com
fé. Quando oramos pelos outros, estamos pedindo a Deus
para agir em suas dores e tristezas, e Ele é capaz de fazer
isso! Assim também pensava John Wesley, “a oração é o
meio pelo qual a graça de Deus entra em nossas vidas e
pelo qual a vida de Deus flui através de nós para os ou-
tros”.
Quando oramos pelos outros, estamos crescendo em
compaixão e amor e nos tornando mais parecidos com
Jesus, que se colocou no nosso lugar e orou por nós, na
clássica e belíssima oração intercessória de João 17 – “eu
rogo por eles”, “eu não rogo somente por estes, mas tam-
bém por aqueles que pela sua palavra, hão de crer em
mim” (9, 20). Em toda a Bíblia, no exemplo de Jesus e dos
santos, o cristão é encorajado a orar com ousadia pelos
outros. A oração do cristão está enraizada, objetivamen-
te, na intercessão de Cristo e na capacitação do Espírito
Santo. Pelo exemplo humano de Jesus, o poder de sua
obra intercessória nos encorajada a ir a Deus, para encon-
trar e ministrar graça ao outro.
Orar em intercessão, é buscar viver à semelhança de
Jesus, querer imitá-Lo; buscar sua melhor característica
da Graça compartilhada, experimentando o poder de
Deus que flui em nós, em benefício do outro! Jesus orou
em intercessão, assim como por nós o Espírito intercede
(Rm 8.26)! Nisto praticamos e obedecemos a Escritura
quando ensina que não devemos olhar só para os nossos
“próprios interesses, mas sim para os interesses dos ou-
tros” (Fp 2.4).

- 19 -
Servir - Intercessão

Orar e interceder pelos outros é buscar em Jesus, nos-


so modelo, o exato exemplo de conduzir nossa vida de fé
e maturidade espiritual em constante desenvolvimento
e crescimento sadio. Nossa oração pelos outros começa
pelo Seu modelo, e termina nEle na cruz, concedendo
perdão... Sem a vida do Cristo em nós, não conseguimos
orar pelos outros; mas com Sua Graça fluindo em nosso
interior, não conseguimos asfixiar nem ocultar nossa in-
tercessão pelos outros!

PALAVRA CHAVE: INTERCESSÃO


A palavra “intercessão” vem do latim “intercessio” e é
composta pelo prefixo “inter” que significa “entre” e “ces-
sio” que significa “ir, entrar” ou “proceder”. Portanto, a raiz
semântica da palavra “intercessão” é “ir entre” ou “proce-
der, agir entre”.
No grego “entunchanō” é um composto formado pelo
verbo altamente complexo tunchanō (5018), “acertar”
(um alvo). A segunda definição principal é “falar com” e,
em terceiro lugar, “interceder por”. Moulton-Milligan cita
um uso técnico deste verbo como “pedir” ou “apelar”,
bem como seu sentido clássico normal (cf. Josefo Anti-
guidades 12.2.2, de um “apelo” a um rei). Thoralf Gilbrant,
“ἐντυγχάνω”, em The New Testament Greek-English Dictio-
nary, The Complete Biblical Library (WORDsearch, 1991).
Segundo Strong, ir ao encontro de uma pessoa, esp. com
o propósito de conversar, ou suplicar; orar, pedir; fazer in-
tercessão por alguém.
No hebraico, “‫( ”עַגָּפ‬pā·ḡǎʿ), significando interceder
por, ajudar, ou seja, falar em nome de outra pessoa, com
o foco de que o encontro seja eficaz; fazer intercessão, in-

- 20 -
Servir - Intercessão

tervir. James Swanson, Dictionary of Biblical Languages


with Semantic Domains : Hebrew (Old Testament) (Oak
Harbor: Logos Research Systems, Inc., 1997).
Conceitualmente, a intercessão é o ato de agir entre
Deus e os homens, ou seja, clamar com alvo certo, em
nome de alguém ou algo, experimentando suas dores e
aflições, pedindo a Deus para agir em sua vida ou situa-
ção, imitando assim o exemplo de Jesus e do Espírito San-
to. Se olharmos ao nosso redor com os olhos e visão espi-
ritual de amor de Jesus, veremos milhares e milhares de
pessoas sedentas e carentes deste Deus que habita em
nós; por elas choremos em intercessão “ao ver as multi-
dões, Jesus sentiu grande compaixão pelas pessoas, pois
que estavam aflitas e desamparadas como ovelhas que
não têm pastor” (Mt 9.36). Por estas pessoas... interceda!

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, sentindo, Senhor, a dor
daquela pessoa, em aflição por este momento do outro,
clamo em súplicas pela tua intervenção. Nada nem nin-
guém pode fazer o que só Teu amor e Graça tem poder
de realizar. Que Teu amor alcance o meu próximo Senhor,
que Tua bênção em paz, alegria, amor, saúde e prospe-
ridade, sejam abundantes sobre sua vida! Que Teu mila-
gre Jesus, quer seja por ocasião miraculosa, ou através de
Teus meios naturais, chame esta vida a Tua Presença, re-
conhecendo ela Teu Amor, Provisão e Graça. Manifesta Pai
teu poder, e que mais uma vez possamos testemunhar a
presença viva de teu Nome! Crendo, e em gratidão, pelo
Espírito Santo, Amém.

- 21 -
Servir - Intercessão

- 22 -
Servir - Intercessão

Intercedendo pela cura

- 23 -
Servir - Intercessão

“Querido Deus...” – orar pela cura tem a atitude exata


do escrever uma carta; uma carta onde expomos a dor
de alguém, em fé Viva, e que embora a carta seja nossa,
as letras e mensagem são ditadas pelo Autor da Escritura.
Ele que “começou a boa obra” (Fp 1.6) do nos fazer crer
em Seu poder, terá a Graça de terminar, completando a
mensagem com a cura – para testemunho e Glória dEle!
Esta carta começa em dependência absoluta, mas em
seus primeiros parágrafos, traz uma inabalável fé, resolu-
ta; em que clama escalando a desesperança e dor dizen-
do: “- Levanta-Te Senhor”! “Levanta-te, SENHOR! Ergue a
tua mão, ó Deus! Não te esqueças dos desamparados” (Sl
10.12)! Na oração pelo enfermo, por cura de alguém, tor-
namos claro aos céus que a dor é intolerável à misericór-
dia; que o tormento não comunga com a ternura e que a
agonia é tortura à Graça... “querido Deus, curai”!
Oramos por cura, pois cremos em um Deus Vivo, que
tem todo o Poder! E aceitamos que, às vezes, a cura é a
enfermidade, pois o Deus Vivo e poderoso também é So-
berano; e me submeto à Sua eterna e perfeita Vontade.
O Deus que cura é o mesmo Deus que não cura... Mas, ao
orar pela cura, sou sarado do vitimismo; não me escon-
do nas fatalidades nem nas circunstâncias da existência,
assumo as rédeas da vida em amor e clamor (as duas fa-
ces da mesma moeda – amor e clamor!), verdadeiro ardor
pela cura de alguém... só admitindo a resposta de Deus
– na oração por cura, ninguém pode substituir o respon-
der de Deus – é Deus, e só Deus! Pelo sim ou pelo não – é
Deus! “Querido Deus, curai”!

- 24 -
Servir - Intercessão

Em nosso servir orando por cura, não ficamos reféns da


enfermidade, nem prisioneiros da dor, nos libertamos do
cativeiro da aflição pela fé em Deus; nEle podemos agir
– não desprezando ou de modo simplista superficializan-
do o problema, mas abrindo outro caminho, mostran-
do outra realidade, realizando a ponte entre o enfermo
e Deus (assim como Maria que conduz Jesus ao túmulo
de Lázaro – Jo 11.33) libertando um corpo da tribulação,
pela fé em um Cristo que levou sobre si nosso cativeiro
de desespero, dor e enfermidades, “ele tomou sobre si as
nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores” (Is
53.4). Que grande passo de fé, sair do natural impossível,
e trilhar pelo servir ao próximo, o caminho da oração por
cura – buscar no Deus de todo o possível, aquilo que é
impossível a alguém! “Querido Deus, curai”!
Que privilégio servir e crer, na oração por cura do ou-
tro! Na oração por cura, vencemos nossa insignificância,
carne frágil, fraca e doente, igual à de meu irmão enfer-
mo, e nos unimos ao poder da cura de Jesus, pedindo que
Ele atue na vida de outrem! Que oportunidade de servir
é maior que esta? Presentear alguém com uma mansão
ou carro de luxo não se compara ao exercício da interces-
são por cura! Andrew Murray afirmou: “a oração é a chave
para desbloquear o poder divino de cura. Quando ora-
mos, estamos reconhecendo nossa necessidade de Jesus
e pedindo que ele atue em nossas vidas e nas vidas dos
outros”. “Querido Deus, curai”!
Levar o milagre de Deus ao enfermo, que privilégio!
Parafraseando Isaías 52.7: “Quão formosos são, sobre
o doente, anunciar ao próximo o servir em oração, que
traz a cura e testemunha: O nosso Deus sara”! Pense no
quanto nosso mundo e espiritualidade seriam diferentes,
se ninguém sofresse sozinho... se para cada prisioneiro da

- 25 -
Servir - Intercessão

enfermidade houvesse um bom samaritano da interces-


são – se para cada dor tivesse um irmão, anjo intercessor
e por consequência óbvia, se cada doença servisse de tes-
temunho de que Deus cura! Que diferente seria... “Queri-
do Deus, curai”!
O cristão não pode se intimidar com o mal, nem ha-
bituar-se com a dor; no servir em oração de fé, por cura,
não só fizemos a diferença na vida dos outros, como tes-
temunhamos na prática a salvação dando Glórias a um
Deus Vivo e Poderoso! Charles Spurgeon disse “oração é a
chave para a porta da cura. Se você quer ser curado, você
deve orar. Se você quer curar os outros, você deve orar”.
“Querido Deus, curai”!

PALAVRA CHAVE: MILAGRE


A palavra “milagre” vem do latim “miraculum”, que
significa “coisa admirável” ou “coisa maravilhosa”. A raiz
da palavra é “mirus”, que significa “admirável” ou “estra-
nho”. A palavra “milagre” é usada para descrever eventos
ou ações divinas que são considerados fora do alcance
da natureza humana ou do mundo natural, e são fre-
quentemente vistos como sinais da intervenção divina
na vida humana.
No novo testamento, a idéia de “milagre” deriva das
palavras gregas a) “σημεῖον” (semeion); b) τέρας (teras);
c) “δύναμις” (dynamis); d) “ἐργάζομαι” (ergazomai), sig-
nificando sinal, milagre; ocorrência incomum, que trans-
cende o curso normal da natureza; prodígios; Strong.
Um ato de origem divina, realizado pelo próprio Deus,
por Cristo, ou por homens de Deus - William Arndt et al.,
A Greek-English lexicon of the New Testament and other

- 26 -
Servir - Intercessão

early Christian literature (Chicago: University of Chicago


Press, 2000), 920.
No hebraico, “‫( ”תֹוא‬ʾôt), sendo que, na maioria das
vezes, esta palavra é usada para atos maravilhosos de
Deus que mostram seu poder, caráter e fidelidade, por
exemplo os sinais que Deus realizou no Egito durante
a época do êxodo. Eric Lewellen, “Miracles”, in Lexham
Theological Wordbook, org. Douglas Mangum et al., Le-
xham Bible Reference Series (Bellingham, WA: Lexham
Press, 2014).
Milagres são autenticações de uma intervenção divina.
Os escritores sagrados apelaram para eles como provas de
que eram mensageiros de Deus. Assim, estando fora do
curso comum da natureza e além do poder do homem,
eles são adequados para transmitir a Graça da mensagem,
presença e poder de Deus. Que grande privilégio, no servir
em intercessão por cura, sermos este vaso frágil de barro,
com o grande tesouro de Deus (2 Co 4.7); seu poder, mise-
ricórdia e milagre em cura a alguém! “Querido Deus, curai”!

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, clamo pela cura desta pessoa; sinto
sua dor e angústia por estar aprisionada pela enfermida-
de, mas Tu Senhor, não só poder curar, como já levastes na
cruz nossas enfermidades, garantindo em Sua ressurreição
a cura sobre toda enfermidade. Quero testemunhar teu mi-
lagre! Quero ser teu agente de milagres! Manifesta, Pai, teu
poder e que mais uma vez possamos proclamar, como luz
viva, o poder de teu Nome! Querido Deus, curai! Crendo, e
em gratidão, pelo Espírito Santo, Amém.

- 27 -
Servir - Intercessão

- 28 -
Servir - Intercessão

Intercedendo pelos obreiros.

- 29 -
Servir - Intercessão

Ninguém, ninguém vence sozinho! Ninguém triunfa só


por suas forças... pois somos uma unidade de várias par-
tes, um aglomerado de células, um concentrado e união
em conexão de átomos. “Somos um só corpo em Cristo,
e cada membro está ligado a todos os outros” (Rm 12.5).
Sempre iremos precisar de apoio e suporte na caminhada
- quanto mais na vida pastoral e ministerial. Interceder em
encorajamento por nossos líderes espirituais é uma tare-
fa sublime no animar os trabalhadores do Reino – mesmo
sem nunca termos apertado a mão do missionário, nosso
apoio espiritual, em oração, sobre sua vida e ministério é
essencial.
Na vida de Jesus, isto era uma constante: “eu, entre-
tanto, roguei por ti, para que a tua fé não se esgote...”
(Lc 22.31), assim como na vida de todo herói da fé – para
cada herói, havia um intercessor, em suporte de fé! A vida
pastoral é uma trajetória em solitude… repleta de muitas
batalhas solitárias e, invariavelmente, em solidão. Mas,
através da oração de intercessão, podemos lutar juntos,
quando quebro a solidão e fortaleço a solitude de meu
pastor, sendo apoio e suporte, calor e compreensão ao lí-
der, servindo pela manifestação do amor em compaixão,
na oração.
Na compaixão pela oração aos nossos líderes, curamos
as distorções do amor - o amor que quer se mostrar, apre-
sentar ações e “serviço” prático (como Pedro com a espa-
da; pela entrepidez… - para trás Satanás da hipocrisia e
puxa saquismo). Na oração de intercessão de compaixão,
curamos esta distorção do amor – tornando-o entrega a

- 30 -
Servir - Intercessão

Deus, que é Amor, que nos inspira a amar e orar pelo en-
corajamento e conforto do pastor! Mesmo sem abraçar
o líder, o abraço e o fortaleço em encorajamento divino!
Pense nos pastores esgotados pelas constantes tenta-
ções e limitações; nos missionários perseguidos correndo
risco de morte; líderes desanimados pensando em desis-
tir; obreiros feridos... Nossa oração pode fazer absoluta
diferença no Reino, encorajando nossos líderes!
Como não chorar junto com nossos irmãos da igre-
ja primitiva, que clamavam e oravam incessantemente
por seus líderes, pedindo a Deus por eles, por poder em
suas ministrações, sabedoria divina na administração das
coisas sagradas, ternura e amabilidade no aconselhar?
Quantas e quantas vezes o pastor Paulo ensinou e disci-
pulou a igreja a esta essencial atitude; clamando por es-
sas poderosas orações de encorajamento na intercessão,
“rogai, ao mesmo tempo, de igual maneira por nós, para
que Deus abra uma porta para nossa mensagem, a fim de
que possamos proclamar o mistério de Cristo, pelo qual
estou preso” (Cl 4.3); “rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor
Jesus e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente co-
migo por meio das vossas orações a meu favor diante de
Deus” (Rm 15.30); “orai do mesmo modo por mim para
que, quando eu falar, seja-me concedido o poder da
mensagem, a fim de que, destemidamente, possa reve-
lar o mistério do Evangelho”; enfim, sempre ensinando a
prática pelo rogo humilde e insistente “irmãos, orai por
nós” (1 Ts 5.25).
Os três amigos de Jó, muito o ajudaram durante sete
dias em que com ele choraram e oraram em silêncio,
compartilhando a dor, encorajando-o pelo calor da pre-
sença (Jó 2.11-13)! Erraram quando quiseram discursar e
ser Deus diante do mistério... por nossos líderes, ore! Não

- 31 -
Servir - Intercessão

tente entender ou acusar, mas seja instrumento de Deus


em oração, dando consolo e suporte espiritual na minis-
tração de encorajamento. Que, nesta prática, sejamos tão
profundos que nosso nome por comunhão espiritual na
intercessão seja “Barnabé” – “José, um levita de Chipre a
quem os apóstolos deram o nome de Barnabé, que signi-
fica “encorajador” (At 4.36).
O triunfo da Igreja e do Reino de Deus acontece sob
a administração de nossos líderes; e podemos, de nosso
lugar, motivar e estimular as práticas espirituais de nos-
sa liderança, exortando e animando os trabalhadores do
Reino através da intercessão de encorajamento; nisto
compartilhamos com eles e o corpo místico da Igreja de
seus triunfos e juntos escrevemos as páginas da histó-
ria Militante e Triunfante da Igreja; sendo Arão e Hur (Ex
17.12) nossos líderes em oração. Parafraseando At 13.15,
“irmãos, em oração de intercessão e encorajamento por
nossos líderes, orem”!
Que nosso pastor e liderança possam dizer de nós
aquilo que a Palavra já expressou de grandes encoraja-
dores e intercessores de nossos pais na fé: “Tenho grande
confiança em vocês, e de vocês tenho muito orgulho. Sin-
to-me bastante encorajado; minha alegria transborda em
todas as tribulações” (2 Co 7.4); ou ainda “Por isso tudo
fomos revigorados. Além de encorajados, ficamos mais
contentes ainda ao ver como Tito estava alegre, porque
seu espírito recebeu refrigério de todos vocês” (2 Co 7.13).

PALAVRA CHAVE: ENCORAJAMENTO


A palavra “encorajar” vem do inglês antigo “encoura-
gier” que vem do francês “encourager”, que significa “dar

- 32 -
Servir - Intercessão

coragem, dar ânimo”. O verbo tem origem no latim “cor”


que significa “coração”, “animar o coração, dar confian-
ça”.
No Novo Testamento, encorajamento deriva da pa-
lavra grega “παράκλησις” (paráklēsis), ato de exortação,
encorajamento, conforto. Toda a Escritura é na verdade
uma paráklēsis, uma exortação, admoestação ou enco-
rajamento com o propósito de fortalecer e estabelecer o
crente na fé, para a conquista de uma missão e propósito.
Da mesma raiz que “παράκλητος” (paraklētos), que de-
signa a missão do Espírito Santo. Gerhard Kittel, Gerhard
Friedrich, e Geoffrey William Bromiley, Theological Dic-
tionary of the New Testament, Abridged in One Volume
(Grand Rapids, MI: W.B. Eerdmans, 1985), 778.
No hebraico “‫( ”הָמָחֶנ‬neḥāmâ), significando encora-
jamento, conforto. The Lexham Analytical Lexicon of the
Hebrew Bible (Bellingham, WA: Lexham Press, 2017).
A ideia principal é dar força, confiança, ânimo para al-
guém para continuar fazendo algo; ou seja, assim como
na medicina moderna o médico utiliza o desfibrilador
para animar com choques o coração, encorajar é chocar
o coração de alguém com o poder e ânimo de Deus, com
a alegria de Cristo.

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, clamo pela vida física, emocional e
espiritual de meu pastor, líderes e missionários; de todos
aqueles que tens escolhido para a obra em teu Reino! Traz
de teu bálsamo, cura-os em suas enfermidades físicas ou
emocionais; fortaleça sua alma e que Tua Graça, abun-

- 33 -
Servir - Intercessão

dante em seu espírito, seja coragem, ânimo e intrepidez


ministerial! Que em suas batalhas pelas Tuas ovelhas, Se-
nhor, meu pastor possa Te ver ao seu lado; encoraja-o,
Senhor, com a Tua presença, pelo poder de Tua Palavra
manifeste-se a ele, no ministério, saúde e família! Que Tua
Igreja o reconheça, honre e o abençoe. Crendo, e em gra-
tidão, pelo Espírito Santo, Amém.

- 34 -
Servir - Intercessão

Intercedendo pelos enlutados.

- 35 -
Servir - Intercessão

A morte nos faz viver o luto; um processo emocional


da “ausência”, quando sentimos na alma o peso do va-
zio causado pela perda. Normalmente, este processo
está ligado à angústia da perda de um ente querido, mas
também o vivenciamos em outras perdas: o fim de um
relacionamento, um prejuízo financeiro, falência, perda
do emprego... Para um adolescente por exemplo, es-
sas perdas podem incluir o divórcio dos pais, mudança
na rede de amigos, mudança para outra cidade, abuso,
abandono... Qualquer tipo de perda significativa requer o
processo do luto para resolver a dor e encontrar esperan-
ça para o futuro.
No encerramento de um ciclo que vivemos, quer na
morte física de alguém, ou em outra perda, muitas coisas
ficam fora da “sepultura”; entre elas, a vida que continua,
mas como? Como continuar com tanta dor? Como cami-
nhar em tamanha treva densa de tristeza? Com humilda-
de, precisamos nos calar, pois o luto é um tempo de não
falar, mas de orar! A oração de intercessão no luto, em
essência, é a única resposta possível a quem ama e sofre
a dor de alguém enlutado. Oramos crendo em fé viva que
“bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; que
nos consola em toda a nossa tribulação, para que tam-
bém possamos consolar os que estiverem em alguma tri-
bulação, com a consolação com que nós mesmos somos
consolados de Deus” (2 Co 1.3-4).
No livro de Lamentações existe um tema monótono
repetido cinco vezes: “Não há ninguém para consolar (1.2,
9, 16, 17, 21). Triste realidade, que não pode ocorrer no
Reino. Servir através da oração intercessória por alguém
em luto é uma extraordinária forma de caridade. No tem-

- 36 -
Servir - Intercessão

po de luto, pode ser difícil encontrar as palavras certas ou


saber como ajudar. A oração intercessória é uma maneira
de oferecer consolo e apoio, mesmo quando as palavras
falham. No dizer de Billy Graham, a “oração é uma forma
de amar aqueles que sofrem, mesmo quando não sabe-
mos como ajudar”. A Bíblia nos ensina a orar uns pelos
outros, e essa é uma forma de servir ao próximo. Roma-
nos 12.15 diz: “Regozijai-vos com os que se regozijam, e
chorai com os que choram”. A oração intercessória é uma
maneira de chorar com aqueles que estão sofrendo e tra-
zer suas preocupações e tristezas diante de Deus.
Não importa a etapa do luto (negação, raiva, barga-
nha, depressão ou aceitação), durante e depois, a nossa
atenção, amor e ação em oração intercessória, é bálsamo
e alento, força e luz nas densas trevas da alma quebrada
pela perda... cada oração é uma ministração de esperança
e consolo. Quando oramos por alguém em luto, trazemos
o Emanuel, “Deus conosco” em suas angustias. “Não te-
mas, porque eu estou contigo; não te assombres, porque
eu sou teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento
com minha mão direita vitoriosa” (Is 41.10). Que nossa
oração ao enlutado seja a resposta ao vazio, uma troca
de dor por consolo, despertando o enlutado à verdade
de que “a perda de um ente querido é uma das maiores
provações da vida. Não podemos evitá-la, mas podemos
aprender a viver com ela e a encontrar significado no so-
frimento. A dor pode nos tornar mais fortes e mais cons-
cientes da nossa finitude e da nossa responsabilidade
diante da vida” (Viktor E. Frankl).
“Consolem, consolem o meu povo, diz o Deus de vo-
cês” (Is 40.1). E ainda insiste o profeta, consolem “todos os
que andam tristes” (Is 61.2). Deus é o Deus de toda con-
solação, que faz da associação de sofrimento uma comu-

- 37 -
Servir - Intercessão

nhão de consolação. A base de nossa oração no presente


é definida à luz da consumação vindoura, quando Deus
removerá todo sofrimento por sua presença gloriosa “e
Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá
mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque
já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.3). Por vezes
o enlutado pode estar aborrecido com Deus porque Ele
não impediu a perda; mas, pela oração na Palavra, en-
contramos sabedoria e força. Nela veremos muitos que
também sofreram suas perdas, mas confiaram em Deus
para ajudá-los em sua dor. Veja, “Deus limpará”! Deus em
pessoa agirá no futuro em nossa dor; mas, no presente,
Jesus também entende nosso sentimento de perda. Je-
sus chorou por Lázaro. Jesus consolou, preparando seus
discípulos para a Sua partida, “não se turbe o vosso cora-
ção: credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14.1).
Na oração de intercessão por consolo no luto, somos a
mão de Deus enxugando as lágrimas e o consolo do Cris-
to por Sua Palavra! Que, por nossa oração de compaixão e
empatia genuína, o enlutado possa ser fortalecido com a
certeza de que Deus o conhece e se importa, de que Deus
é com ele!

PALAVRA CHAVE: LUTO


A palavra “luto” vem do latim “luctus”, que significa
“luta, combate, dor”. Originalmente, o termo se referia a
um sentimento de tristeza ou dor causado por uma perda,
especialmente a morte de alguém querido. Com o tem-
po, o significado da palavra evoluiu para incluir também a
ideia de um período de tempo durante o qual as pessoas
expressam essa tristeza e dor, não somente na intercorrên-
cia de morte, mas para diversos tipos de ocorrências.

- 38 -
Servir - Intercessão

No hebraico “‫( ”לֶבֵא‬ʾē·ḇěl), no grego “πένθος” (pén-


thos); luto, tristeza, dor, doloroso lamentação, pesar, es-
pecialmente pelos mortos. Johan Lust, Erik Eynikel, e Ka-
trin Hauspie, A Greek-English Lexicon of the Septuagint:
Revised Edition (Deutsche Bibelgesellschaft: Stuttgart,
2003).
Que possamos, em nosso servir em intercessão ao en-
lutado, levar a esperança da Vida de Jesus, que sempre
será maior que a perda; pois nenhuma perda se compara
à superioridade de Cristo (Fp 3.8).

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infini-
ta Graça e misericórdia, choramos com quem chora – e
Tu, Senhor, choras conosco. Corremos para Ti, clamando
pela dor da perda de nosso irmão. Tu, Senhor, que já es-
tais no fim de todas as coisas, esteja agora no presente
trazendo ao meu irmão o consolo do fim de toda dor em
Ti. Traz tua paz e consolo, o bálsamo de tua Graça e infi-
nito amor e cuidado sobre Teu filho. Fortaleça-o mesmo
na dor e preencha o seu vazio com Sua Presença. Sara a
dor da ferida, que o assombro passe e que a cicatriz seja
somente um testemunho do Teu cuidado e cura. Crendo,
e em gratidão, pelo Espírito Santo, Amém.

- 39 -
Servir - Intercessão

- 40 -
Servir - Intercessão

intercedendo pela nação

- 41 -
Servir - Intercessão

A Bíblia nos ensina que as nações, assim como os indi-


víduos, podem pecar. As Escrituras descrevem várias na-
ções que pecaram contra Deus, como a nação de Israel,
a Babilônia e a Assíria. De acordo com a tradição cristã, o
pecado da nação pode ser resultado da má conduta dos
seus líderes ou da má conduta de seu povo (população)
- sendo que o pecado de uma nação terá consequên-
cias sérias, incluindo a retirada da bênção de Deus, Seu
castigo divino ou destruição – e, por vezes, seu simples
afastamento... e por isso devemos servir nossa nação em
intercessão!
Obviamente, no tempo da Graça, o relacionamento
de Deus com as pessoas é especial, através de Seu Filho,
Jesus, o Cristo, nosso Senhor e Salvador. Mas, embora
salvos e pertencentes a Sua Igreja, ainda vivemos neste
mundo, pertencemos a esta cidade, estado, país e nação;
que peca. É essencial que a nação busque agir de acordo
com os princípios e ordenamentos divinos, tais quais jus-
tiça e equidade. Entretanto, quando isso não é observa-
do, faz-se necessária a nossa intervenção em clamor, pe-
dindo pelo perdão nacional, na confissão destes pecados,
buscando a cura de nossa pátria. “A ti, ó Senhor, pertence
a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê;
aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo
o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em todas as
terras por onde os tens lançado, por causa das suas trans-
gressões que cometeram contra ti” (Dn 9.7).
Somos ensinados a orar por Jerusalém (Sl 122.6), mas
também somos orientados a orar pela Babilônia “e orai

- 42 -
Servir - Intercessão

por ela ao Senhor, porque, na sua paz, vós tereis paz” (Jr
29.7). Oremos pela cidade e nação onde vivemos e ser-
vimos, pois é ali que existimos enquanto filhos de Deus
refletindo Sua Luz e Glória! Quais os pecados de uma
nação? Para ficar em nossa era: holocausto, escravidão,
apartheid, racismo, aborto, violência contra a mulher... no
Brasil, 45 mil assassinatos por ano, corrupção endêmica,
tráfico, miséria programada, frieza e desvio espiritual...
como não “corar de vergonha”, com o que hoje se vê?
Dilúvio, Torre de Babel, Sodoma e Gomorra, todos são
eventos de juízo de Deus, nações que foram punidas por
seus pecados, juízo nacional com efeitos globais.
Os textos proféticos e escatológicos descortinam o
plano divino e eterno, trazendo luz sobre as nações: “as
nações de todo o mundo o adorarão, cada uma em sua
própria terra” (Sf 2.11); e ainda “e as nações que hão de
ser salvos hão de andar na sua luz; e os reis da terra hão
de trazer a sua glória e honra a ela. E os seus portões nun-
ca mais hão de ser fechados de dia; porque ali não haverá
mais noite. E hão de trazer a sua glória e honra a ela” (Ap
21.4-26) e ainda “naquele dia, muitas nações se juntarão
ao Senhor e serão o meu povo. Habitarei em seu meio,
e vocês saberão que o Senhor dos Exércitos é quem me
enviou a vocês” (Zc 2.11), pois “porquanto nele foram
criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos ou dominações, sejam governos
ou poderes, tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16).
Em todas as páginas da Bíblia, notamos que a justiça,
equidade, moralidade e retidão na sociedade importam
para Deus no administrar suas bênçãos e a prosperida-
de de uma nação; sendo que as nações pecam quando
se afastam destes princípios. Agostinho, em sua obra “A
Cidade de Deus”, entendia que o pecado da nação traria,

- 43 -
Servir - Intercessão

fatalmente, consequências sérias. A oração de interces-


são pela nação é um esforço de fé consciente na luta con-
tra o pecado nacional. Neste sentido, concorda Dietrich
Bonhoeffer, em sua obra “Ética na Comunidade Cristã”,
quando enfatiza a importância da fé e da ação na luta
contra o pecado da nação, argumentando que a fé e a
ação são interdependentes na oposição ao pecado nacio-
nal: “O combate ao pecado da nação requer a fé e a ação
dos indivíduos, juntamente com o compromisso com a
justiça e a responsabilidade social”.
Quando oramos pela nação, quebramos um ciclo de
descaso pelo poder espiritual, sendo que o descaso so-
cial, o entorpecer e anestesiar os sentidos para a injus-
tiça, a imoralidade e a iniquidade são consequências do
poder das trevas e a oração é uma arma revolucionária
de mudança de atitude espiritual, moral e social de um
país. “O pecado da nação é tão perigoso quanto o peca-
do individual, pois ele pode se tornar institucionalizado e
justificado” (“Moral Man and Immoral Society”, Reinhold
Niebuhr).
“O pecado é a ausência de Deus, e a justiça é a presen-
ça de Deus. O pecado é a negação da justiça, e a justiça
é a afirmação do pecado” (“A Epístola aos Romanos”, Karl
Barth). Oramos com fervor por nossa nação, para que haja
um fluir de Deus sobre nosso país, afastando os impérios,
hostes e dominações das trevas, para que “em vez disso,
deixai correr livre o direito como um rio caudaloso, e a
justiça como um ribeiro eterno”! (Am 5.24). Pela vida, jus-
tiça, paz, prosperidade, família; oremos por nossa nação!

- 44 -
Servir - Intercessão

PALAVRA CHAVE: JUSTIÇA


A palavra “justiça” vem do latim “justitia”, que signifi-
ca “justiça, equidade, imparcialidade”. O termo também
tem raízes no latim “jus”, que significa “direito” ou “lei”. A
ideia central da justiça é a de equilibrar os interesses de
diferentes partes e garantir a igualdade perante a lei.
Do grego “δικαιοσύνη” (dikaiosúnēs), justo, justiça, re-
tidão. É a essência daquilo que é justo, ou daquele que é
justo; aquilo que se opõe à anomia, ilegalidade. Tanto no
AT quanto no NT, a justiça é o estado ordenado por Deus
e que resiste ao teste de Seu julgamento. Spiros Zodhia-
tes, The complete word study dictionary: New Testament
(Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000).
No hebraico “‫( ”הָקָדְצ‬ṣeḏā·qā(h)), retidão, justiça, o
estado de fazer o que é exigido de acordo com um pa-
drão; o estado ou condição de decidir com justiça o que é
certo em um caso legal, sem preconceito; o estado de ter
uma quantidade abundante de bens e riquezas. James
Swanson, Dictionary of Biblical Languages with Semantic
Domains : Hebrew (Old Testament) (Oak Harbor: Logos
Research Systems, Inc., 1997).
A noção de justiça é essencial e central para a história
e o desenvolvimento de qualquer povo ou nação, sen-
do uma virtude fundamental para uma sociedade justa
e equilibrada; uma das palavras mais importantes para
compreender e viver o cristianismo.
Servir nossa nação em intercessão é tornar nossas lá-
grimas fontes de justiça!

- 45 -
Servir - Intercessão

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, clamamos por nossa nação. Que
Teu olhar que tudo perscruta e conhece, traga sobre
nossa nação a transparência e poder da justiça... Que a
Tua Graça nos desperte a amar Tua Paz e Vida; tornando
cada cidadão um agente vivo de integridade, no respei-
to ao próximo, por amor a Deus. Que Tua prosperidade,
Senhor, sobre nossa nação, seja justiça social pelo salário
justo e pão santo sobre a mesa; afaste de nossa terra a
miséria, violência e morte; que o horror à corrupção seja,
em nós, marca de Tua Santidade! Crendo, e em gratidão,
pelo Espírito Santo, Amém.

- 46 -
Servir - Intercessão

intercedendo pelas autoridades

- 47 -
Servir - Intercessão

Não somos chamados para ser “sal” (Mt 5.13) sem ora-
ção! Quando não oro diante dos desafios do viver em so-
ciedade, me torno cúmplice do (des)governo e injustiças
banalizadas em nossa comunidade, ou seja, corto o ga-
nho em que estou sentado!
Deus delegou, por sua exclusiva iniciativa e vontade,
autoridade ao ser humano. “Também disse Deus: Faça-
mos o homem à nossa imagem, conforme a nossa seme-
lhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre
as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda
a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de
Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os aben-
çoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei
a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre
as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela ter-
ra” (Gênesis 1.26–28).
Deus comissionou o homem com a autoridade de go-
verno sobre a criação, para sujeição e domínio, no melhor
e mais amplo sentido do cuidar, cultivar e pelo trabalho,
transformar em seu favor a criação. “Meu é o conselho
sábio; a mim pertencem o entendimento e o poder! Por
meu intermédio, os reis governam, e as autoridades exer-
cem a justiça; da mesma forma, mediante meu poder, go-
vernam os nobres, todos os juízes da terra” (Pv 8.13-16);
e para o correte uso desta autoridade delegada, nossos
governantes precisam da sabedoria divina, por isso, nos-
sa intercessão é essencial.
O poder de governo sobre outros, no exercício de au-
toridade, é um mandato de Deus; e por isso é relativo,
revogável e mutável. Estamos todos sujeitos as autorida-
des “superiores”, como nos ensina Paulo: “Todo homem

- 48 -
Servir - Intercessão

esteja sujeito às autoridades superiores” (Romanos 13.1);


note bem – superiores, não “supremas”. Ao mesmo tem-
po que o apóstolo nos lembra nosso dever de honrar e
submeter-se as autoridades, ele lembra que esta auto-
ridade não é absoluta nem suprema, pois a supremacia
reside em Deus. O absoluto não está na autoridade e sim
em Deus que a estabelece. Deus institui a autoridade,
mas também delimita suas competências e esferas de in-
fluência, que pode muito, mas não pode tudo. A oração
por nossas autoridades, portanto, é uma forma de honrar
a vontade de Deus e ajudar nossos governantes a realizar
Seus propósitos.
Todo cristão é convocado para honrar as autoridades
que Deus determina e estabelece sobre a nação e socie-
dade, com o intuito de manter a ordem, fazer justiça e dis-
tribuir o bem. Infelizmente, muitos; diante da corrupção,
erros e mazelas de nossas autoridades, se calam e pelo
ódio esperam semear e colher o melhor. A Escritura é cla-
ra sobre o propósito do governo sob mandato de Deus
conforme Romanos 13.1-7 e 1 Pedro 2.13-14: punir o mal,
servo do bem, para louvor dos que praticam o bem, exer-
cer justiça e administrar com lisura a coisa pública.
O Estado ou autoridade contrária a seu mandato, para
o bem (estado redentor) ou para o mal (estado totalitá-
rio), que pretende em si anular a autonomia do ser huma-
no, torna-se diabólico; e nossa melhor arma de rejeição a
esta caótica situação, é a intercessão! Ao orar por nossas
autoridades, o servo de Cristo não divide sua fidelidade
ou lealdade com o Estado, autoridade ou ideologias; pois
tal ato seria idolatria e quebra do primeiro mandamento,
mas confirma seu pacto de fé em Deus, Senhor dos se-
nhores e Rei dos reis (Ap 19.16)!

- 49 -
Servir - Intercessão

“Exorto, pois, antes de tudo, que se façam rogos, ora-


ções, súplicas, ações de graças, por todos os homens; por
reis e por todos os que estão em elevada posição, para
que possamos viver uma vida tranquila e sossegada, com
toda piedade e dignidade”. A oração por nossas autori-
dades, além de mandamento bíblico, também é uma
excelente oportunidade para interceder pela paz, justiça
e bem-estar da sociedade. Quando oramos por nossas
lideranças estamos, em última análise, trabalhando por
benefícios espirituais e práticos, no buscar construir uma
sociedade e mundo melhor para todos!

PALAVRA CHAVE: AUTORIDADE


A palavra “autoridade” vem do latim “auctoritas”, que
significa “poder, capacidade, influência, direito de dar
ordens”. Ao longo do tempo, o significado da palavra
“autoridade” evoluiu para se referir ao poder ou direito
de governar ou controlar outras pessoas ou coisas, espe-
cialmente em um contexto político ou legal. Em muitos
casos, a autoridade é vista como legítima ou justa, mas
também pode ser vista como abusiva ou opressiva, de-
pendendo das circunstâncias.
No grego “ἐξουσία” (exousía), significando poder,
autoridade, jurisdição. Permissão, direito, liberdade, po-
der para fazer algo. Pode significar tanto da capacidade
quanto do direito de fazer uma determinada ação. Con-
tém em si as ideias de direito e poder. No que diz respeito
ao direito, autoridade ou capacidade, envolve habilidade,
poder, força. O poder de fazer algo, habilidade, faculda-
de. Spiros Zodhiates, The complete word study dictio-
nary: New Testament (Chattanooga, TN: AMG Publishers,
2000).

- 50 -
Servir - Intercessão

No hebraico, “‫( ”הָלָׁשְמֶמ‬memshâlâh), significando go-


verno, poder, autoridade, domínio, força militar. James
Strong, A Concise Dictionary of the Words in the Greek
Testament and The Hebrew Bible (Bellingham, WA: Logos
Bible Software, 2009).
Quando entendemos que ao viver em sociedade abri-
mos mão de nossa “liberdade absoluta”, permitindo que
sejamos governados por uma autoridade, entendemos
que todas as decisões tomadas, quer sejam estas boas
ou ruins, irão nos afetar direta ou indiretamente, indivi-
dualmente ou coletivamente; compreendemos então a
importância essencial da intercessão por nossas autori-
dades, pois são elas nossos exemplos primeiros e ordena-
dores do manter a ordem, fazer justiça e distribuir o bem.

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, clamamos por nossas autoridades.
Senhor, que toda autoridade delegada por Ti, em Ti tenha
seu fim em justiça, paz e prosperidade. Dê, Senhor, aos
nossos governantes, sabedoria, prudência e humildade
no exercício do governo; tendo eles consciência de que
desta autoridade, prestarão contas ao Rei e Senhor Abso-
luto. Pai querido, que no exercer controle; não abusem,
que no decidir; não fraudem, que no comandar sejam
sempre justos e que, por Teu Poder, sejam respeitados e
honrados. Que cumpram, sem vacilar, seu propósito divi-
no, que não sejam derrotados em tentações autoritárias
e que na íntegra sua missão de ordenadores e mantene-
dores da ordem, realizando a justiça e distribuindo o bem
seja realizado. Embora essa nobre missão seja delegada
por Ti, Soberano Deus, toda autoridade que tem os pés

- 51 -
Servir - Intercessão

de barro é falha, mas que em Ti, Senhor, e por Tua Pala-


vra, possam nossas autoridades buscar forças, exemplo e
Graça. Crendo, em gratidão, pelo Espírito Santo, Amém.

- 52 -
Servir - Intercessão

intercedendo pela salvação

- 53 -
Servir - Intercessão

Sem dúvida, a mais necessária, dramática e abençoada


oração que podemos fazer por alguém, é por sua salva-
ção. A oração intercessória por salvação, pedir a Deus que
atue na vida de alguém e o leve a encontrar a salvação
em Jesus, o Cristo, é um ato de fé e amor que todos de-
vemos praticar e experimentar. Cremos que Deus é amor
e deseja o melhor para todos, e sem dúvida o melhor de
Deus para uma pessoa é a salvação em Jesus, “porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
Orar intercedendo pela salvação de alguém, ao mesmo
tempo que nos humilha diante de Deus - pois reconhece-
mos que não temos o poder de salvar ninguém, mas que
podemos pedir a Deus para que o faça - o adoramos em
Sua Graça, do Ser nosso Salvador. Nesta oração, unimos
o amor de Deus ao Seu poder para salvar! “O Senhor não
adia a sua promessa, como alguns entendem adiamen-
to, mas tem paciência para convosco, não querendo que
alguns pereçam, senão que todos venham a arrepender-
-se” (2 Pe 3.9).
No orar por salvação, nos colocamos em sintonia com
o coração de Deus, pois o desejo de Deus é que todos
os seres humanos sejam salvos e venham a conhecer a
Verdade (1 Timóteo 2:4). Quando oramos por alguém,
estamos orando em acordo com o coração de Deus e
abrindo caminho para que ele atue na vida desta pessoa.
Sabemos que a salvação vem de Deus, mas que também
precisamos proclamá-la e compartilhá-la (Rm 10.14-15).

- 54 -
Servir - Intercessão

Quando oramos por alguém, estamos colaborando com


o plano de Deus de levar a pessoas à salvação.
Manifestamos o amor na prática, ao clamarmos em in-
tercessão de salvação, pois por mais que alguém não per-
mita nossa aproximação física, ou rejeite nosso abraço,
a oração nunca poderá ser impedida, e quando exposta
diante de Deus, vem ao chão todo muro, resistência ou
impedimento, trazendo, quando atendida, salvação eter-
na em Jesus! Que prêmio! Que privilégio, ao orar, partici-
par do parto e novo nascimento de alguém em Deus!
Na intercessão de Abraão por Sodoma e Gomorra, se
aprende que interceder por salvação também é um ato
de extrema ousadia. Abraão intervém, suplicando a Deus
que poupe os justos que vivem ali, ele ora incansavel-
mente, até que Deus finalmente aceita e promete poupar
a cidade caso houvessem apenas dez justos ali. Abraão,
com ousadia, insiste “eis que me atrevi a falar ao Senhor”,
e ainda “não se ire o Senhor, se lhe falo somente mais esta
vez. E se, por acaso...” (Gn 18.31, 32), e seu clamor por sal-
vação mudou o parecer de Deus; ou seja, a oração inter-
cessória pode mudar o curso e destino de outras pessoas.
Nos evangelhos, pai clama por filha (Mc 5.23 – Jairo
por sua filha doente, e depois morta), mãe clama por filha
(Mt 15.22, mulher cananeia), Maria e Marta clamam por
Lázaro (Jo 11.3), o centurião romano clama por seu servo
(Lc 7.3)... e tantos outros exemplos que alguém levantou
sua voz e clamou a Deus, crendo na Sua intervenção a um
terceiro. Clamamos pela salvação de alguém, pois ama-
mos a Deus, nosso Salvador e Senhor Jesus, o Cristo, e tal
qual Ele, queremos a salvação de todos e “isto é bom e
agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja
que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno

- 55 -
Servir - Intercessão

conhecimento da verdade” (2 Tm 2.3-4).


Conta-se uma parábola da cultura judaica sobre inter-
cessão por salvação, em que um homem pediu ajuda a
um amigo para interceder por ele diante de Deus. O ami-
go concordou e foi até o templo para orar em nome do
homem. Enquanto ele orava, o homem ouvia o amigo
implorando a Deus por perdão e salvação para ele. De-
pois de muitas horas de oração, o amigo saiu do templo
com uma expressão de profunda paz no rosto. Quando
o homem perguntou o que havia acontecido, o amigo
respondeu: “Deus me escutou e respondeu a minhas ora-
ções. Você está perdoado e salvo!”. A oração de interces-
são por salvação de alguém é a prova absoluta de que
nós mesmos somos salvos; pois só quem ama como Deus
ama, ora, intercede e clama por salvação!

PALAVRA CHAVE: SALVAÇÃO


A palavra “salvação” vem do latim “salvatio”, que sig-
nifica “ação ou efeito de salvar”; também significando
“resgate” ou “libertação”, em conotação mais espiritual e
teológica, relacionada à ideia de salvação da alma ou da
vida eterna.
No grego, “salvação” deriva da palavra “σωτηρία”
(sōtēría), trazer à segurança, libertação do perigo ou es-
cravidão, preservação do perigo ou destruição; livrar de
problema presente ou, mais especificamente, da derrota
na batalha. Spiros Zodhiates, The complete word study
dictionary: New Testament (Chattanooga, TN: AMG Publi-
shers, 2000). Em todo o Novo Testamento, a salvação é
a libertação do pecado e das suas consequências espiri-
tuais, envolvendo a união ao corpo de Cristo, Sua Igreja e

- 56 -
Servir - Intercessão

admissão à vida eterna como bem-aventurança no Reino


de Cristo.
No hebraico, “ְ‫( ”הָעּוׁש‬yešû·ʿā(h), a palavra salvação
adquire um belíssimo significado, pois além de liberta-
ção, segurança, resgate, vitória; Salvador, é um título de
Deus (Dt 32.15; Sl 42.6,12; 43.5; 68.20; 89.27, e este título
é, na verdade, a forma hebraica do nome “Jesus”. Assim,
a palavra “(yešû·ʿā(h)” é usada tanto para se referir à ideia
de salvação ou redenção, quanto para se referir à pessoa
de Jesus Cristo. James Swanson, Dictionary of Biblical
Languages with Semantic Domains : Hebrew (Old Testa-
ment) (Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc., 1997).
A benção da intercessão por salvação, tem em si o
maior de todos os prêmios, salvação! E esta salvação não
é apenas a libertação da punição futura; inclui também a
liberdade do pecado como um poder presente. De fato, é
esta libertação presente que torna o futuro possível. Cla-
mar por salvação vale a pena!

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infini-
ta Graça e misericórdia, clamamos pela salvação desta
pessoa! Senhor, que esta pessoa seja liberta do pecado
e experimente, pela Tua cruz e sacrifício, Tua salvação
hoje, aqui, e pela eternidade! Deus, Teu amor nos salva!
Tu a amas, Senhor Jesus! Viestes a este mundo horrível
como homem, e homem de dores, morrestes humilhado,
por amor, em desejo de salvação da humanidade e des-
ta pessoa. Concedas, Senhor, Tua Graça libertadora, por
Teu poder salvífico, a esta pessoa que sofre escravizada
pelo poder das trevas e do pecado... Salva, Jesus! Liber-

- 57 -
Servir - Intercessão

ta, Jesus! Transforma, Senhor, concedendo Tua Salvação,


tornando-a filiada, nascida em Ti, participante de Tua Fa-
mília, Igreja e Reino Eterno! Crendo, em gratidão, pelo Es-
pírito Santo, Amém.

- 58 -
Servir - Intercessão

intercedendo pela família

- 59 -
Servir - Intercessão

“Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). Que


frase pétrea de fé, resolução e clamor a Deus pela família,
seu clã, povo e nação. Nesta pequena, mas poderosa fra-
se, Josué falando ao seu povo, revela bem a família pelo
que ela é - a base da sociedade, o tijolo da Igreja e a me-
nor célula de uma nação; e nossa família, sendo o que é,
necessita de constante intercessão!
A família é uma instituição criada por Deus, sagrada
e vital para o nascimento, desenvolvimento e plenitude
do ser humano “assim Deus criou o ser humano à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fe-
cundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na.
Tenham domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves
dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gn
1.27–28). A oração por nossos familiares, é o principal fa-
tor de fortalecimento dos laços na família, partindo de
sua essência, no espírito; pois embora a família no plano
terreno começa por uma vontade humana, ela já existia
antes por desejo de Deus; a família tem seu começo, ma-
nutenção e propósito em Deus, sendo a intercessão seu
melhor oxigênio!
É na família, a Igreja doméstica, onde aprendemos a
reconhecer, adorar e servir a Deus! A família é nossa co-
munidade primordial e insubstituível, assim como Deus!
Na família, pedra angular da formação humana, está nos-
sa história passada, nosso presente sólido e o futuro exi-
toso, tudo que diz respeito a vida, tem na família sua base
“se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente

- 60 -
Servir - Intercessão

dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um


descrente” (1 Tm 5.8). Por nosso cônjuge, filhos, paren-
tes... a oração é ação urgente e constante!
Sem a ação de Deus na família, sem um matrimônio
bíblico, uma união indissolúvel, uma aliança santa, não
poderemos ter uma família forte, consagrada e segundo
o coração de Deus. “Assim, eles já não são dois, mas sim
uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém se-
pare” (Mt 19.6) – veja que provocação, desafio e mistério
pelo qual devemos interceder!
Na intercessão, com o auxílio de Deus, alcançamos no
familiar aquilo que é impossível para nós... sua alma. E
assim, pelo agir de Deus, legamos aos nossos familiares
uma herança de bênçãos – paz, amor, vida, alegria, pros-
peridade e salvação! “Filhos, obedeçam a seus pais no Se-
nhor, pois isto é justo. “Honre o seu pai e a sua mãe”, que
é o primeiro mandamento com promessa, “para que tudo
corra bem com você, e você tenha uma longa vida sobre
a terra” (Ef 6.1–3). Obediência ao Senhor, vem de casa!
Honra ao pai e mãe, vem do lar! Que tudo corra bem, e
que haja vida longa na terra, vem da família! E sem dúvi-
da, nada disso é sorte ou acaso, são conquistas de muita,
muito mesmo do “buscar”, “pedir” e “bater” (Mt 7.7-8) em
oração e intercessão por nossa família.
Quando que nossos relacionamentos familiares não
precisam do bálsamo do Espírito? Quando que, no corpo,
alma ou espírito, um de nossos familiares não precisa de
cura? Direção em tomada de decisão? Conserto em erros?
Sabedoria financeira? Assim como no biológico geramos
nossos filhos, na intercessão familiar, geramos Cristo em
nossos familiares “meus amados filhos, novamente estou
sofrendo como que com dores de parto por vossa causa,

- 61 -
Servir - Intercessão

e isso até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19). Você
se lembra de quando segurava seu filho bebê no peito, e
o acalmava só com sua respiração? Traga-o novamente
a seu peito em intercessão! Não tem dia, nem ora, nem
idade... que nossos filhos tornam-se independentes de
nosso clamar; devem ser para sempre, assim como o pai e
mãe, nesta existência, foco de nossas intercessões!
Conta-se que uma vez, um farol situado numa rocha
perto do mar precisou ser consertado. O velho faroleiro
tinha uma família e, para consertar o farol, ele precisaria
subir a torre e ficar lá por alguns dias. Ele sabia que estaria
longe de sua esposa e filhos por um período prolongado
e estava preocupado com eles. Antes de subir a torre, ele
chamou sua esposa e filhos e disse: “Queridos, eu preciso
consertar o farol e ficar lá por alguns dias. Mas quero que
vocês saibam que eu vou orar por vocês todas as noites
enquanto estiver longe”. E assim ele foi, e ficou fora por
um longo tempo. Quando ele finalmente voltou para
casa, ele encontrou sua esposa e seus filhos em saúde e
felizes. – “Por que tamanha felicidade”? Perguntou o ve-
lho faroleiro. E seu filho mais novo rapidamente respon-
deu: “Todas as noites, ao ver a luz do farol lá longe, sen-
tíamos aqui perto suas orações e cuidado”! “Jó chamava
os seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada
e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles.
Pois Jó pensava assim: “Talvez os meus filhos tenham pe-
cado e blasfemado contra Deus em seu coração.” Jó fazia
isso continuamente” (Jó 1.5). Todo dia é tempo oportuno
de inteceder por nossa família!

- 62 -
Servir - Intercessão

PALAVRA CHAVE: FAMÍLIA


Etimologicamente, encontram-se muitas dúvidas
quanto à palavra família. Há quem afirme sua origem na
palavra latina “fames” (fome); e uma grande maioria en-
tende derivada do termo “famulus” ou ”famuli” no plural;
significando “servo ou escravo doméstico”; posterior-
mente fazendo menção a uma unidade social sanguínea.
No grego “οἶκος” (oíkos), casa, morada, habitação; fa-
mília, aqueles que vivem juntos em uma casa; linhagem,
descendentes, ancestrais; domésticos. Metaforicamen-
te “oíkos tou Theoú”, a família de Deus, ou seja, a Igreja
Cristã, os cristãos. Spiros Zodhiates, The complete word
study dictionary: New Testament (Chattanooga, TN: AMG
Publishers, 2000).
No hebraico, “‫( ”הָחָּפְׁשִמ‬mišpāḥôt), família, e em ex-
tensão clã (grupo no qual existe uma relação de sangue.
Grupo de pessoas com um ancestral comum; uma unida-
de social primária, como pais, avós e filhos. Povo, nação,
raça, ou seja, alcançando um grupo social/religioso/po-
lítico. James Swanson, Dictionary of Biblical Languages
with Semantic Domains : Hebrew (Old Testament) (Oak
Harbor: Logos Research Systems, Inc., 1997).

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, clamamos por nossa família! Que
Tua mão poderosa seja sobre os pensamentos, palavras
e ações de meu cônjuge e filhos. Precisamos constante-
mente de Tua direção em nossas decisões, afasta nossa
casa do engano, das palavras e atos que ferem; sejas Tu
em nosso meio, um Guia fiel à paz, amor, unidade, alegria

- 63 -
Servir - Intercessão

e prosperidade. Que o bálsamo de Tua presença seja a


Graça que possibilita e solidifica a verdade e sinceridade,
transparência e bondade, afeição e perdão em nossa fa-
mília. Que tudo que temos, em nós ou em nossas posses,
Te sirvam Senhor! Que nossa casa seja um lar, e que nosso
lar seja Tua Igreja Jesus! Crendo, em gratidão, pelo Espíri-
to Santo, Amém.

- 64 -
Servir - Intercessão

intercedendo pelos inimigos

- 65 -
Servir - Intercessão

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc


23.34). Interceder com sinceridade, intensidade e empa-
tia por nossos inimigos é o último degrau de crescimento
e maturidade espiritual, testemunhando a concretude de
sermos discípulos de Jesus. Orar pelo inimigo é orar pela
pessoa, não por seus atos ou ações que, por sua injustiça,
nos causam dor, aflição e tristeza. Se focarmos na pessoa,
clamando pela salvação e bênçãos de Deus sobre ela,
mudaremos, consequentemente, seus atos.
Na oração por nosso inimigo, aprendemos não a mu-
dar os outros, mas a nós mesmos; crendo no milagre da
revolução espiritual em mim, de amar meu inimigo, te-
rei fé prática e concreta. Se nem eu, dito cristão, consigo
mudar para amar e interceder por meus inimigos, como
Deus poderá agir? A melhor “vingança” contra o ódio de
nossos adversários é o amor em intercessão por eles! “Ao
contrário: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer;
se tiver sede, dá-lhe de beber; porquanto agindo assim
amontoarás brasas vivas sobre a cabeça dele” (Rm 12.20).
Jesus, na cruz, diante de seus algozes, inimigos mor-
tais que tanto lhe infligiram dor, intercede em amor ao
Pai por suas vidas. Quando, na sexta-feira, o mundo ofe-
receu seu pior, Jesus retribuiu com o seu melhor – amor,
perdão e intercessão; por isso Ele sai vitorioso da História,
salvando seus inimigos e ressuscitando no domingo! Su-
pere o ódio com o que é melhor, mais nobre e superior
em poder: o amor em intercessão. Esta atitude nos con-
duzirá pela avenida do triunfo em Deus, assim como foi
em Cristo “oro, ainda, para que os olhos do vosso coração
sejam iluminados, para que saibais qual é a real esperan-

- 66 -
Servir - Intercessão

ça do chamado que Ele vos fez, quais são as riquezas da


glória da sua herança nos santos e a incomparável gran-
deza do seu poder para conosco, os que cremos, confor-
me a atuação da sua portentosa força. Esse mesmo poder
que agiu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e entro-
nizando-o à Sua direita, nas regiões celestiais, muito aci-
ma de toda potestade e autoridade, poder e domínio, e
de todo nome que possa ser pronunciado, não somente
nesta era, mas da mesma forma na que há de vir” (Ef 1.18-
21). Este mesmo poder que agiu em Cristo, agirá em nós
e por nós!
Interceder por nossos inimigos exigirá de nós o que
outro desafio espiritual nunca pediu, a verdade e autenti-
cidade do amor divino em nós. Deus é Amor (1 Jo 4.8, 16)
e, se somos salvos por Graça deste Deus Amor, vivemos
e agimos nEle! Já dizia Nelson Rodrigues que, “se o amor
acaba, é porque nunca foi amor”. “O amor é paciente, é
benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não
se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente,
não procura os seus interesses, não se exaspera, não se
ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas rego-
zija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. O amor jamais acaba...” (1 Co 13.4-8).
Interceder por nossos inimigos exige que testemunhe-
mos ao mundo o amor sem hipocrisia e sacrificial do Cris-
to, que ama para servir, e não ser servido (Mc 10.45)! Nes-
ta atitude, amamos como Deus, e não como os homens!
O padrão humano não é o padrão de Deus! Nos ensina
Alfred Plummer que retribuir o bem com o mal é demo-
níaco; retribuir o bem com o bem é humano; retribuir o
mal com o bem é divino! Ou, como ilumina Agostinho,
“muitos já aprenderam a “oferecer a outra face”; mas ain-
da não amadureceram para amar quem as esbofeteou”.

- 67 -
Servir - Intercessão

Nosso inimigo não nos odeia simplesmente para nos


causar dor, aflição e tristeza. Ele, a exemplo do Diabo em
relação a Jesus, está procurando com toda a sua força,
poder e meios nos fazer o mal... para nos transformar em
mal! Mas, ao perdoá-lo, amando-o e intercedendo por
ele, o superamos em fazendo o bem e deixando nas mãos
de Deus a vingança (Rm 12.19) e o fazer a justiça “porque
a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.20)!
Este é o padrão de Deus, assim Jesus agiu com seus ini-
migos e conosco; Ele nos amou, se entregou a nós, ainda
quando seus inimigos! “Porque, se nós, sendo inimigos,
fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho...”
(Rm 5.10).
É impossível orar e interceder por alguém sem amá-lo!
Ao orar pelos nossos inimigos, rejeitamos o ódio e esco-
lhemos o Caminho de Jesus, e não o do ressentimento; é
o máximo da humilhação do ego e do exercício do domí-
nio próprio, bem como o ápice do amor cristão. Se quiser-
mos alcançar o padrão de perfeição espiritual em Cristo,
não podemos pular o degrau da prática de intercessão
por nossos inimigos! “Eu, porém vos digo: Amai a vossos
inimigos, bem-dizei os que vos maldizem, fazei bem aos
que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está
nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus
e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se
amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não
fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudares
unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não
fazem os publicanos também assim? Sede vós pois per-
feitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mt
5.44–48).

- 68 -
Servir - Intercessão

PALAVRA CHAVE: INIMIGO


A palavra “inimigo” vem do latim “inimicus”, que signi-
fica “hostil, adversário”.
No grego “ἐχθρός” (echthrós), odioso ou odiado, ini-
migo ou inimizade, hostil; adversário, oposto, contrário,
antagônico; perverso, profano; detestável, abominável.
Tendo como antônimos “philos”, amigo; companheiro;
“súntrophos”, aquele que foi criado junto com alguém,
camarada; “adelphós”, irmão. Spiros Zodhiates, The com-
plete word study dictionary: New Testament (Chattanoo-
ga, TN: AMG Publishers, 2000).
No hebraico, “‫( ”בֵיֹא‬ʾō·yēḇ), inimigo, adversário, com
intenção hostil ou hostilidade, animosidade, rancoroso.
Francis Brown, Samuel Rolles Driver, e Charles Augustus
Briggs, Enhanced Brown-Driver-Briggs Hebrew and En-
glish Lexicon (Oxford: Clarendon Press, 1977), 33.
A forma como tratamos nosso inimigo reflete inexora-
velmente nosso caráter, e as raízes de nossa espiritualida-
de, bem como nosso tamanho moral e ético.

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infini-
ta Graça e misericórdia, clamamos por nossos inimigos!
Deus, muda meu interior; maior que meu ódio e dor, que
Teu amor derramado em mim, possa ser pleno no amar
meu inimigo. Clamo Deus, para que Tua Graça alcance
meu adversário, pois desejo a ele o Teu melhor, assim
como quero de Ti a intimidade e profundidade para amá-
-lo! Tua Presença nos enche Pai, anulando minha hostili-
dade; Tua Graça me basta Senhor, eliminando minha afli-

- 69 -
Servir - Intercessão

ção; Teu amor é bálsamo Emanuel, curando minha dor!


Que meu inimigo tenha em Ti salvação, abundante Vida e
a Paz que tanto almeja. Sei Senhor, que tal qual a mim, ele
também sofre, cuida dele como cuidasses do samaritano,
derramando sobre suas feridas, o óleo e vinho da Graça!
Crendo, em gratidão, pelo Espírito Santo, Amém.

- 70 -
Servir - Intercessão

Intercedendo por nossas crianças

- 71 -
Servir - Intercessão

Nossas crianças estão sofrendo. Das profundezas de


sua humanidade, ouve-se um grito silencioso de seu tor-
mento; não buscam alento ou conforto material (embora
seu desespero, às vezes, seja vociferado pelo consumis-
mo), mas de socorro em salvação... Crianças, no começo
da vida, mas que trazem em sua alma a dor e o terror de
quem já viveu a maldade de uma árdua guerra pela exis-
tência.
Desde sempre, o mal odeia as crianças, pois cada crian-
ça traz em si a marca do Criador – e, no embate contra as
forças do mal e nossa maldade enraizada, são as crian-
ças as maiores vítimas, quer sendo sacrificadas aos falsos
deuses; quer sendo violentadas pelo aborto; quer so-
frendo pelo desejo sexual depravado de uma sociedade
doente ou ainda, por ser alvo de ideologias cada vez mais
desumanizadas, que tem como método o transtorno psi-
cológico, pela alienação parental e da essência espiritual.
Na cultura moderna, as crianças são alvos fáceis! A cul-
tura atual frequentemente apresenta uma visão distorci-
da da infância e da sexualidade infantil. Essa visão reduz
as crianças a objetos sexuais e cria um ambiente propí-
cio à exploração infantil e à escravidão. Assim, o mal se
aproveita desse ambiente para se infiltrar na sociedade e
corromper essas crianças. Nossas crianças necessitam da
cobertura espiritual de nossas intercessões já!
O mal odeia as crianças! E, nos dias atuais, já sem
medo, disfarces ou no oculto das trevas, o mal tem per-
seguido, aviltado e assassinado nossas crianças; seja fisi-
camente, mentalmente ou em sua inocência espiritual. A
cada dia, torna-se comum vermos crianças sendo usadas

- 72 -
Servir - Intercessão

pelo crime, sendo exploradas pela cultura sensual, sexual


e pornográfica (coisificação que, nos diversos programas
de televisão no Brasil, é algo comum), como escudos hu-
manos em guerras, abandonadas nas ruas, assassinadas
em aborto hoje amplamente aceito e defendido por nos-
sa elite social. Além disso, tem se tornado frequentes, a
cada dia mais perto de nossa casa, os bárbaros crimes de
assassinatos em creches e escolas. Nossas crianças neces-
sitam de nosso clamor em intercessão já!
A criança, em sua fragilidade, é um ser vulnerável e de-
pendente, o que a torna alvo fácil para as forças do mal
que querem controlá-la e manipulá-la. Seu amor incon-
dicional e ingenuidade a torna especialmente suscetível
à má influência da mídia, doutrinação e entretenimento
abusivo. As crianças representam a inocência e a pureza,
mas o mal odeia o que as crianças expressam. Ao corrom-
pê-los, o mal procura manchar essa pureza e transformá-
-los em seus agentes. Assim, as crianças perdem a inocên-
cia e tornam-se novas vítimas do maligno, perpetuando
seu ciclo destrutivo.
Quem aceita o sacrifício de crianças? Quem incenti-
va e propaga a prática do aborto? Quem por ira invade
uma creche e degola bebês? Quem abusa da inocência
sexual de um menino ou menina? Quem semeia a dúvida
na mente de um menino de que ele pode ser menina?
Quem? O mal se alimenta do sofrimento infantil. O sofri-
mento das crianças é uma fonte de energia para o mal.
O medo, a dor e a tristeza das crianças são combustíveis
para as forças do mal que se alimentam dessas emoções
negativas. Ao escravizar crianças, o mal garante um su-
primento constante de energia para seus propósitos. E,
nesta guerra inglória, podemos sim fazer a diferença

- 73 -
Servir - Intercessão

com nossa necessária atitude e postura intercessora, pois


Deus ama as crianças! O mal odeia nossas crianças pois
cada criança é um lembrete em imagem e semelhança do
Divino, que Deus Vive!
Como lidar com esta tragédia que está fora de nosso
alcance físico? Pela intercessão! Não podemos tocar ou
abraçar, nem levar para casa uma escola ou creche, mas
podemos tocar, abraçar e proteger seus alunos, professo-
res e funcionários com a nossa incessante intercessão!
“Jesus, porém, disse: deixai os pequeninos, e não os
impeçais de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus”
(Mateus 19.14). “Dos tais é o reino dos céus”! E em outra
ocasião, o Filho de Deus, repreendeu seus discípulos por
impedir as crianças de se aproximar dEle: “e, tomando-os
nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou”
(Marcos 10.16).
E ainda, mais especialmente demonstrando seus cui-
dado e proteção às crianças, enfatiza o Mestre (posso ver
seu rosto calmo e duro, e seu olhar enérgico enquanto
revela que: “qualquer, porém, que fizer tropeçar a um
destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora
que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de
moinho, e fosse afogado na profundeza do mar” (Mateus
18.6). Não fazer tropeçar, nem colocar tropeço – e veja
com que dureza o Mestre condena tais práticas! Jesus ao
revelar o amor de Deus pelas crianças, torna claro a nós,
por que para o mal, as crianças são uma ameaça.
O mal recebe a potência da criança como ameaça e
procura corrompê-los ou destruí-los para enfraquecer
a sociedade como um todo. Ao controlar e escravizar as
crianças, o mal ganha poder sobre a próxima geração e
pode moldar a sociedade de acordo com seus desejos.

- 74 -
Servir - Intercessão

Mas nossas orações podem impedir isto!


Por vezes e vezes, a realidade da dor infantil torna-se
insuportável... intragável e complexa demais para viver-
mos. Diante dos fatos destes crimes bárbaros, frio e cru,
nada explica; e pior, não temos alguém real para culpar.
Polícia ou segurança ajudam, mas são incapazes de pre-
venir ou impedir o mal; a organização social não nos pro-
tege do sociopata; pai e mãe não têm o poder de defen-
der seus filhos do criminoso bestial; nem mesmo o poder
bélico pode anular o mal. Mas... por mais que sejamos im-
potentes diante do crime animalesco contra nossas crian-
ças, existem coisas que podemos fazer, melhor: devemos
fazer! Interceder!
Não podemos mais nos omitir frente à barbárie do mal
com nossas crianças! Não podemos mais nos esconder
do sufocante grito de nossos pequenos, de sua dor – por
existir em um mundo em que, a cada dia, os adultos os
afundam mais e mais nas trevas da maldade. Imagine a
dor excruciante de uma mãe ou pai recebendo a notícia
de que seu filho foi assassinado por um sociopata na cre-
che... Imagine a dor dilacerante de uma mãe ou pai ao
receber a notícia de que foi seu filho que invadiu uma
creche e, a golpes de faca, assassinou vários bebês... Esta
dor que imaginamos é muito real em dezenas e dezenas
de vidas; e esta dor deve nos colocar de joelhos, em in-
tercessão... clamando em gemidos inexprimíveis pela in-
tervenção deste Deus, que atrai, toca e abraça as crianças.
Diante de tanto terror e dor... se manifesta nos filhos
de Deus, em conformidade com Sua absoluta vontade
divina, um desejo ardente não de justiça própria ou de
vingança; mas de repetirmos tal qual o Filho, uma prece
de intercessão – uma oração plena escapará do coração

- 75 -
Servir - Intercessão

e dos lábios do crente fervoroso, que será ouvida se for


perseverante, colocando nossa dor de alma em comu-
nicação íntima com Deus; pois se tantas e tantas coisas
recebemos quando pedimos com fé, imagine quando pe-
dimos por nossas crianças, das quais é o Reino dos Céus!

PALAVRA CHAVE: MAL


A palavra “mal” tem origem no latim “malus”, que signi-
fica “ruim” ou “mau”. A raiz da palavra “malus” é “ma-”, que
pode ser encontrada em outras palavras latinas como
“malum” (mal, desastre) e “malignus” (mal, perverso). Essa
raiz também é comum a outras línguas indo-européias,
como o sânscrito “mala” (sujeira, impureza) e o grego an-
tigo “molos” (trabalho difícil, fadiga).
Acredita-se que a raiz “ma-” pode ter surgido como
uma onomatopeia que sugere algo pesado, difícil, dolo-
roso ou desagradável.
Com o tempo, a palavra “mal” adquiriu diferentes cono-
tações e significados no português e em outras línguas,
principalmente denotando um comportamento perverso
ou desviante, prejudicial ou maligno; podendo também
ser usado como um substantivo para se referir ao próprio
mal, como uma força ou entidade negativa operante.
No grego, “πονηρός” (ponērós), mal no sentido moral
ou espiritual, perverso, malicioso, tristeza, dor; mal que
corrompe os outros, mal-intencionado, malévolo, malig-
no, perverso. Definindo ainda “ho ponērós”, o maligno,
Satanás (Mateus 13.19, 38; Efésios 6.16; 1 João 2.13, 14;
3.12; 5.18). Veja também Mateus 5.37; 6.13; Lucas 11.4;
João 17.15; 1 João 5.19. Inveja, maus pensamentos; ato
e artimanhas em como causar dor ou magoar, ofender;

- 76 -
Servir - Intercessão

maldade, má intenção, malícia, infligindo calamidade,


aflição, perversidade, corrupção e criminalidade. Spiros
Zodhiates, The complete word study Dictionary: New Tes-
tament (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000).
No hebraico, “‫( ”עַר‬rǎʿ), mau, perverso, não bom, ou
seja, pertencente àquilo que não é moralmente puro ou
bom de acordo com um padrão adequado; comporta-
mento moralmente censurável, implicando que esse mal
impede ou rompe um relacionamento com o justo, acei-
tável socialmente; aquilo que causa dano, destruição ou
infortúnio; ação que provoca calamidade (evento), que
resulta em grande perda, gerando dor, horror e terror; sel-
vagem, prejudicial, ou seja, pertencente àquilo que pode
prejudicar ou ferir; perturbado; ‫( עַר ַחּור‬rûaḥ rǎʿ) espíri-
to maligno (1 Samuel 16.14); causa de tormento; àquilo
que não é agradável e traz raiva ou repugnância. James
Swanson, Dictionary of Biblical Languages with Seman-
tic Domains: Hebrew (Old Testament) (Oak Harbor: Logos
Research Systems, Inc., 1997).

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, oramos em favor de nossas crian-
ças e professores; por todos os ambientes onde convivem
nossas crianças, em suas casas, escolas, creches e parques.
Clamamos, Jesus, que as guarde e as proteja de todo o
mal que as rodeia. Que em Tuas mãos poderosas esteja
sua segurança, assim como proteges o Teu Reino! Liberte
nossas crianças das mãos do inimigo, que quer destruí-las
e usá-las para seus propósitos malignos. Que Tu as prote-
ja de todos os perigos, visíveis e invisíveis. Que as prote-
ja do mal que está à espreita e das pessoas que querem

- 77 -
Servir - Intercessão

prejudicá-las. Jesus, Senhor do Reino, que seu amor e paz


envolvam cada criança, dando-lhes segurança e confian-
ça para viver em um mundo tão difícil. Que elas cresçam
em Tua graça, conhecendo a Tua bondade e amor. Que a
Tua luz brilhe em suas vidas, iluminando seus caminhos
e libertando-as das trevas que tentam envolvê-las. Que
o Teu amor as recubra, dando-lhes força, coragem e sa-
bedoria para enfrentar qualquer dificuldade. Que elas
estejam, em Ti, protegidas! Senhor, levante uma geração
de homens e mulheres que sejam protetores e defenso-
res das crianças, que lhes dêem amor, cuidado, respeito
e o exemplo do ensino de Tua Palavra. Que sejamos uma
sociedade que valoriza a vida e a inocência das crianças,
protegendo-as e garantindo um futuro seguro e próspe-
ro; que nossas famílias, igrejas, escolas e creches, sejam
um lugar seguro de respeito, amor e dignidade para nos-
sos pequenos! Que sejamos instrumentos de Tua paz e
proteção em suas vidas! Confio nossos filhos e crianças
em Tuas mãos, crendo que Tu és o Deus que os protege e
guarda! Que Tua bênção esteja sobre eles hoje e sempre;
em gratidão, pelo Espírito Santo, Amém.

- 78 -
Servir - Intercessão

intercedendo pela gratidão

- 79 -
Servir - Intercessão

Sem dúvida, a gratidão é a “cereja” do bolo na interces-


são. Interceder todos “sabemos” e, de um modo ou outro,
todos fazemos; mas agradecer, render tributo de glória e
gratidão por outros, isto é para poucos. “Não eram dez os
que foram curados? Onde estão os nove? Não se achou
quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este es-
trangeiro? E lhe disse: — Levante-se e vá; a sua fé salvou
você” (Lc 17.11–19). De dez, só um voltou rendendo tri-
buto de glória e gratidão! Veja o quanto somos ruins e
ingratos. É mais fácil recebermos o milagre, do que ser-
mos agradecidos, imagine o quão difícil é, então, sermos
agradecidos pelo outro!
Ao interceder em gratidão pela vida e bênçãos alcan-
çadas por outros, nos humilhamos diante de Deus, reco-
nhecendo sua providência, e anulamos nosso ego, do
querer as bênçãos só para nós – muitos vivem uma neu-
rose de “filho mimado” com Deus, do querer a Sua aten-
ção exclusiva... a tal ponto, que não conseguem se alegrar
com o milagre e bênção do próximo! Que festa maravi-
lhosa acontece quando temos prazer em ver os outros
crescerem em Deus, alcançando frutos milagrosos, em-
bora o nosso ainda não tenha acontecido. Interceder por
gratidão aos outros, sem dúvida, é prova de maturidade
em fé, tendo a consciência da graça alcançada pelo outro,
e de que a minha, está no tempo de Deus! Intercedo me
alegrando pela vitória do meu irmão, e pela certeza de
que, quanto a minha vida e necessidades, Deus está no
controle!
Na cultura hebraica, existe uma parábola, que em livre

- 80 -
Servir - Intercessão

adaptação, nos ensina isto. “Havia um homem muito sá-


bio chamado Rav, que sempre passava horas em oração e
estudando as Escrituras. Um dia, ele foi abordado por um
leigo que pediu ajuda com sua vida financeira, pois es-
tava passando por dificuldades. Rav aconselhou-o a orar
pelas bênçãos financeiras. No entanto, o leigo perguntou:
“Como posso orar pelas bênçãos financeiras, se eu não
tenho nada para oferecer a Deus em agradecimento”?
Rav então lhe contou a história de um rico comerciante
que, apesar de ter tudo o que precisava, nunca agradecia
a Deus. Um dia, ele perdeu toda sua riqueza e caiu em
desgraça. Quando finalmente orou pela ajuda, Deus lhe
respondeu: “Como posso abençoá-lo agora, quando você
nunca me agradeceu pelas bênçãos que já recebeu”? O
leigo compreendeu a lição e começou a orar pelas bên-
çãos financeiras, agradecendo antes mesmo de recebê-
-las. Na oração de intercessão pelos outros, agradecemos
a Deus pelas bênçãos de nosso próximo e, nesta atitude,
consequentemente, agradecemos com um coração puro
pelas nossas, mesmo antes de recebe-las!
Orar em gratidão pelo outro é uma belíssima pratica
de amor, um privilégio do reconhecer a dádiva da vida de
nosso irmão; alguém que caminha a existência conosco,
que nos inspira a fé pelo reconhecimento, além do tes-
temunho do agir de Deus nele, de que o próprio Deus
providenciou sua comunhão conosco! Que melhor for-
ma de comunhão teríamos? Conheço meu próximo, sei
de suas dores e me alegro com suas graças... este tipo de
conexão o tempo ou intempéries das circunstâncias não
podem apagar! “Dou graças ao meu Deus por tudo o que
lembro de vocês, fazendo sempre, com alegria, súplicas
por todos vocês, em todas as minhas orações” (Fp 1.3–4).
Na prisão, em muitas privações e necessidades... mas o

- 81 -
Servir - Intercessão

apóstolo Paulo ainda se alegrava em oração e intercessão


por seus irmãos! Nisto, dedique-se em ser agradecido (Cl
4.2)!
Ao nos concentrar em gratidão pelo outro, tornamos
a vida mais plena, pois focamos no que é essencial no
nosso irmão, nas suas vitórias e no agir de Deus; valo-
rizando e tornando nossas relações mais profundas em
sua essência – enxergando o outro, seu valor e se ale-
grando com suas experiências. Assim, de “brinde”, cul-
tivamos uma perspectiva de fé mais positiva e esperan-
çosa sobre nosso presente e futuro, nos afastando do
ressentimento e rancor, tão fácil de nos aprisionar, ao se
irritar ou entristecer pelo sucesso alheio; mas pelo con-
trário, que possamos viver e respirar “transbordando de
gratidão” (Cl 2.7).
Se no céu há festa quando um pecador se arrepende
(Lc 15.7), se os santos no paraíso se alegram com a bên-
ção da salvação alcançada por outros, imitar esta pos-
tura é um ato de santidade espiritual, atitude de santos
em Cristo; que imitam na terra aquilo que ocorre no céu!
Que, na intercessão em gratidão pela vida do outro, se
cumpra a Escritura, pois “a vida de vocês estará cheia
das boas qualidades que só Jesus Cristo pode produzir,
para a glória e o louvor de Deus” (Fp 1.11), pois esta prá-
tica espiritual em nós, “só Jesus Cristo pode produzir”!

PALAVRA CHAVE: GRATIDÃO


A palavra “gratidão” deriva do latim “gratitudinem”,
que significa “reconhecimento, grato, agradecido”.
No grego, “εὐχαριστία” (eucharistía), agradecido,
gratidão, ação de graças ou seja, a expressão de grati-

- 82 -
Servir - Intercessão

dão a Deus. A eucaristia é usada na linguagem moderna


para a comunhão, em ato de ação de graças pelo maior
dom recebido de Deus, o sacrifício de Jesus. Tem como
antônimo a ideia de “katára”, maldição. Spiros Zodhia-
tes, The complete word study dictionary: New Testa-
ment (Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000).
No hebraico, “‫( ”הָדָי‬yādâ), dar graças, agradecer, lou-
var, celebrar; indicando que aquele que é agradecido a
Deus, rende gratidão (Sl 54.6). John Frederick, Lexham
Theological Wordbook, org. Douglas Mangum et al., Le-
xham Bible Reference Series (Bellingham, WA: Lexham
Press, 2014). Ou seja, por outro sentido, se não consigo
ter gratidão pelas bênçãos de meu irmão, como conse-
guirei ser grato a Deus? E, se sou grato a Deus, como
posso não ser para com meu irmão? Os únicos que não
conseguem ser gratos a Deus e aos seus irmãos, são os
mortos... (Is 38.18-19).

ORAÇÃO
Deus Pai, em nome de Jesus, crendo em tua infinita
Graça e misericórdia, oramos em gratidão pela bênção
da vida de nosso irmão! Que bênção, Senhor, ter meu
irmão comigo e que unidos podemos nos alegrar em Ti,
pela graça por ele recebida! Que Tua Providência sobre
sua vida seja salvação em sua casa, prosperidade em
seus negócios e abundante crescimento em Tua intimi-
dade! Que maravilha, Senhor, testemunhar de Tua supe-
rabundante Graça, pois, em Ti, meu irmão tem colocado
sua fé e esperança! Te agradeço, Pai, em festa e regozi-
jo, pois meu próximo tem experimentado mais e mais
de Teus milagres! Faz, Senhor, e faz mais! Quero a cada
dia me alegrar, sorrir ao mundo pelo que Tens feito aos

- 83 -
Servir - Intercessão

meus irmãos, me regozijando com suas vitórias e sendo


por elas edificado em uma fé viva, que a todos move e
contagia! Que bênção ver meu irmão vencer, Pai Querido!
Muito obrigado! Crendo, em gratidão, pelo Espírito San-
to, Amém.

- 84 -
Servir - Intercessão

Conclusão

(1 Te 5.17).

- 85 -
Servir - Intercessão

Se existe algo que o cristão tem... são motivos para


orar e interceder!
Para o cristão, tudo e todas as coisas são motivos de
oração!
Aconteceu o que queríamos... ore em gratidão!
Não aconteceu o que queríamos... ore em gratidão!
Nada pode estar fora do alcance de nossas orações “dedi-
quem-se à oração com a mente alerta e o coração agrade-
cido” (Cl 4.2), pois sabemos por esperança ou experiência,
que a intercessão por fé muda o curso da história!
Não há nada mais poderoso em amor do que unir nos-
sas forças em oração pelo outro. Unidos podemos trazer,
por nosso clamor, consolo, esperança e cura ao cansado
e aflito de coração; o bálsamo que alguém necessita está
em sua oração de intercessão!
A oração intercessória é a melhor forma de amor su-
blime em ação. É um ato de coragem de todo verdadeiro
discípulo de Jesus que, em fé de sua ação, pode mudar
vidas e trazer salvação onde há destruição, esperança ao
desesperado e paz ao aflito. A intercessão sempre será a
melhor resposta ao próximo, tal como ao mundo, neces-
sitado; pois não há distância, obstáculo ou problema em
que a oração não possa intervir. Sempre teremos, na ora-
ção intercessória, uma oportunidade de operar o milagre
de Deus!
Pregava Charles Spurgeon que a intercessão “é o me-
lhor remédio para ajudar o outro” e com toda razão! Nada
substitui este remédio! Talvez você esteja com um casaco

- 86 -
Servir - Intercessão

e, caso o dia fique quente, você troque de roupa. Talvez


você queira camarão e não tem... então você se contenta
com carne. Talvez você queira assistir um bom filme, mas
não acha nenhum, e opta por um livro.
Muitas coisas podemos trocar e substituir; mas a ora-
ção em intercessão é insubstituível!
Falar com Deus é um privilégio! Falar com nossa alma
e pelo Espírito ouvir Deus... milagre maravilhoso! Orar é
mais que falar... orar é um lugar: diante de Deus! Orar é
uma pessoa – Deus!
Como vou substituir este lugar? Que lugar na terra, po-
deria substituir o “estar com Deus”? Não existe paraíso,
na terra ou universo, capaz de substituir o lugar de “estar
com Deus”!
Orar é falar com Deus! Com que ou quem poderia
substituir a pessoa de Deus? Quem eu vou colocar no lu-
gar de Deus para conversar? Deus não é um casaco que
troco por camisa; Deus não é camarão que troco por car-
ne. Deus não é um filme que troco por livro... A oração em
intercessão é insubstituível!

Não troque, nem negocie, seu tempo de oração!


Tem solução – Intercessão!

- 87 -
Servir - Intercessão

CONTATOS
Para mais conteúdo e troca de informações.
Antônio Lemos Filho
WhatsApp (048) 99128-7181
Instagram: @antoniolemosoficial
YouTube: /AntonioLemos

Tatiana de Andrade Lemos


Instagram: @dratatilemos
YouTube: /dratatilemos

- 88 -
Servir - Intercessão

- 89 -

Você também pode gostar