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AÍSM
AÍSM
OO

Literatura Brasileira: Modernismo ao Contemporâneo


Discente: Rohnny Jandderson Lima Bezerra
O dadaísmo, também conhecido como “dada”,
foi uma corrente artística de vanguarda que teve
como país de origem a Suíça e que aconteceu
durante a Primeira Guerra Mundial.
Com um slogan baseado na proposta de que
“destruir também é criar”, esse movimento ficou
conhecido por apresentar um forte caráter
anárquico.
The Art Critic by Raoul Hausmann, 1919-20
The Art Critic é a crítica ardente de Raoul
Hausmann à superficialidade do mundo da
arte. A peça é uma colagem composta por
alguns desenhos e uma série de recortes de
revistas e jornais.

A obra é considerada ‘lowbrow’ por usar


materiais da cultura popular. Isso conota que,
assim como a construção de uma colagem, os
críticos possuem um conhecimento
remendado de fatos vazios e não entendem
verdadeiramente o significado da arte.
A partir desse contexto histórico, a arte dadaísta foi influenciada pela arte
cubista, o expressionismo e o futurismo na arte. Assim, questionou, além da
guerra, a sociedade e a modernidade. Logo, as raízes do dada são bastante
profundas, pois a criação desse movimento teve como base a reação contra a
cultura capitalista e a degradação da arte.
Assim, além da atitude de resistência contra a guerra e o capitalismo, os artistas
dadaístas questionavam o papel da arte na modernidade. Esse questionamento
se tornou ainda mais relevante à medida que a arte dadaísta se espalhou ao
redor do globo.
Fountain by Marcel Duchamp, 1917
Fountain é uma obra de Marcel
Duchamp é considerada uma das
peças de arte mais icônicas do século
20. Embora a peça original de 1917
não exista mais, uma réplica de
cerâmica foi criada em 1964. É um
dos primeiros exemplos de
esculturas ‘lowbrow’ ou
‘readymade’, que são compostas a
partir de objetos encontrados.
Duchamp apresentou a escultura ao
Salão de Paris, mas ela foi rejeitada
por não ser considerada arte.
Em outras palavras, a arte
dadaísta apresentou um forte
caráter de negação. Isso porque,
por meio dela, diversos valores
foram rejeitados, como a própria
cultura da época. Dessa forma, o
Logo, com ironia e como o intuito de desestruturar dada ficou conhecido por seu
as propostas da arte tradicional, o dada teve como radicalismo ao promover
base a desconstrução de tudo o que fosse racional. intensamente o absurdo e o
Desse modo, valorizou a causalidade e o caos, por irracional.
meio da mescla de elementos de modo aleatório.
LHOOQ é outro exemplo famoso de

L.H.O.O.Q. by Marcel Duchamp, 1919


escultura “pronta” de Marcel Duchamp.
Foi criado a partir de um cartão postal
barato da Mona Lisa de Leonardo da Vinci
(1503-06), no qual o artista desenhou um
bigode e um cavanhaque.

A peça apresenta elementos de sátira,


rejeitando a estética da ‘arte erudita’. O título
da peça também é satírico, já que LHOOQ,
quando dito em francês soa como ‘ Elle a chaud
au cul’, traduzido como ‘ela é quente na
bunda’.
Na literatura, o dadaísmo apresenta
a falta de sentido da linguagem, as - Agressividade verbalizada
palavras são dispostas conforme - Desordem das palavras - Irreverência artística;
surgem no pensamento, a fim de - Incoerência
ridicularizar o tradicionalismo. - Protesto contra a guerra, o
- Banalização da rima, da capitalismo e o consumismo;
Apresenta ainda:
lógica e do raciocínio. - Caráter pessimista e irônico,
- Elementos mecânicos; principalmente em relação à
- Desejo de romper o limite política;
entre as varias modalidades - Incorporação de diversos
artísticas; materiais;
- Utilização de diversas formas de
expressão, como a fotografia,
poesia, música sons, etc. na
composição das obras de arte.
A falta de lógica e a espontaneidade do Dadaísmo atingiram
na literatura sua expressão máxima, caracterizado através
do improviso, da desordem e pela rejeição a qualquer tipo de
racionalização e equilíbrio. Em seu último manifesto, Tristan
Tzara afirma que o grande segredo da poesia é que "o
pensamento sai da boca". Diante da dificuldade da
compreensão desta afirmação, criou então uma receita de
poema dadaísta para guiar seus seguidores:

Veja como escrever um poema dadaísta a partir da receita


fornecida pelo próprio criador do movimento, Tristan Tzara: Retrato de 1927, por Lajos Tihanyi
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo que tenha o tamanho
que pensa dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte seguidamente com cuidado as palavras que
formam o artigo e meta-as num saco.
Agite com cuidado.
Seguidamente, retire os recortes um por um.
Copie conscienciosamente
segundo a ordem pela qual foram saindo do saco.
To Make a Dadaist Poem O poema parecer-se-á consigo.
by Tristan Tzara, 1920
E você tornou-se um escritor infinitamente original
e duma sensibilidade encantadora, ainda que
incompreendida pelo vulgo.
Os principais artistas do movimento dadaísta
foram:

Hans Arp: pintor e poeta alemão;


Hugo Ball: poeta, filósofo e escritor alemão;
Tristan Tzara: poeta romeno;
Hans Richter: pintor e artista plástico;
Else Lasker-Schuler: poeta alemão;
Emil Ludwig: escritor germano-suíço;
Marcel Duchamp: pintor, escultor e poeta
francês;
Raoul Hausmann: artista plástico e poeta
austríaco;
Max Ernst: escultor, artista gráfico e pintor
alemão;
Jean Arp: escritor, pintor e poeta franco-
Hans Arp, Tristian Tzara, and Hans alemão.
Hugo Ball. Gadji Beri Bimba. 1916.
Richter. Zurich. 1917-18. Francis Picabia: pintor e poeta.
https://www.youtube.com/watch?v=N8i13r0HzlE
No mesmo período em que o Dadaísmo surgiu e
tinha seu ápice na Europa, no Brasil, a arte
moderna vivia seus dias gloriosos, com a Semana
de Arte Moderna de 1922. Em comum a
necessidade de produção de obras de arte
polêmicas e originais, foram justamente esses
elementos que permitiram que o dadaísmo no
Brasil alcançasse a abrangência que conseguiu.

Entre os desejos da arte moderna no Brasil estava


a busca por liberdade criativa e de expressão,
especialmente conseguidas por meio das
características do dadaísmo europeu.
E foi assim, por meio da apropriação dos ideais
dadaístas, que o modernismo no Brasil absorveu a
anti-arte e seus discursos políticos, filosóficos e
inquietantes.
Entre os principais artistas plásticos, que
vestiram a camisa como artistas dadaístas
brasileiros está Flávio de Carvalho.

Flávio foi um dos artistas que trouxeram o


dadaísmo para o Brasil, afinal, viveu na
Europa por tempo suficiente para
conhecer e entender o que era o
A Inferioridade de Deus, Flávio de Carvalho, 1931 | Acervo Itaú Cultural movimento e seus ideais. Foi um dos
principais artistas brasileiros aplicando os
conceitos e as características do
dadaísmo em suas obras.
Além da pintura, outro importante campo da arte moderna que adotou as características do dadaísmo no Brasil, em
larga escala, foi a literatura. Nesse campo, dois nomes são proeminentes entre os demais: Manuel Bandeira e Mário
de Andrade.
Mas, é justo dizer que, quando falamos de dadaísmo no Brasil dentro da literatura, o nome mais engajado é o de
Mário de Andrade.

Com características da linguagem brasileira livre e com o uso estratégico e abusado de paródias, Mário de Andrade,
um dos “fundadores” do modernismo no Brasil, usou e abusou das características dadaístas em seus poemas.

Em “Paulicéia Desvairada” são claros os sinais da presença de elementos do dadaísmo, em especial, no poema “Ode
ao Burguês”.

“Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,

Tarsila do Amaral, Mário de Andrade


Retrato de Mário de Andrade, 1922
o burguês-burguês!

A digestão bem feita de São Paulo!

O homem-curva! o homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (…)”


“You’ll never know why you exist, but you’ll always allow yourselves to be easily persuaded to take life seriously.”

— Tristan Tzara
https://www.youtube.com/watch?v=qKFn66dzdz0
https://www.byroncaplan.com/documentary-random-acts-of-beauty?utm_source=canva&utm_medium=iframely
https://www.theguardian.com/books/booksblog/2009/aug/31/hugo-ball-gadji-beri-bimba?utm_source=canva&utm_medium=iframely

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