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Dadaísmo

 O Dadaísmo, ou simplesmente “Dadá”, foi um movimento artístico pertencente às vanguardas


europeias do século XX, cujo lema era: "a destruição também é criação".
Foi considerado o movimento propulsor das ideias surrealistas e tinha um caráter ilógico, anti-
racionalista e de protesto.
Isso porque, através da ironia, buscava questionar a arte e, sobretudo, seu contexto histórico, com
a ocorrência da Primeira Guerra Mundial.

Características do Dadaísmo
Podemos destacar algumas características do movimento dadaísta, a saber:
 Rompimento com os modelos tradicionais e clássicos;
 Espírito vanguardista e de protesto;
 Espontaneidade, improvisação e irreverência artística;
 Anarquismo e niilismo;
 Busca do caos e desordem;
 Teor ilógico e irracional;
 Caráter irônico, radical, destrutivo, agressivo e pessimista;
 Aversão à guerra e aos valores burgueses;
 Rejeição ao nacionalismo e ao materialismo;
 Crítica ao consumismo e ao capitalismo.

Origem do Movimento Dadaísta

Tristan Tzara, o maior articulador do movimento dadaísta

Em 1916, os artistas e agitadores culturais Hugo Ball, Emmy Hennings, Marcel Janco, Richard
Huelsenbeck, Tristan Tzara, Sophie Tauber-Arp e Jean Arp fundam o Cabaret Voltaire.
O espaço foi feito com o intuito de ser um lugar para manifestações políticas e artísticas em
Zurique, na Suiça. Lá, um grupo de artistas refugiados com tendências anarquistas, dentre
escritores, pintores e poetas, reuniram-se para inaugurar uma nova manifestação de arte.
É nesse contexto que o poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963) cria o movimento Dadaísta, em
meados da primeira guerra mundial, junto aos artistas Hugo Ball (1886-1927) e Hans Arp (1886-
1966).
Essa proposta de arte era irreverente e espontânea, pautada na irracionalidade, na ironia, na
liberdade, no absurdo e no pessimismo. O intuito principal era de chocar a burguesia da época e
criticar a arte tradicionalista, a guerra e o sistema.
Foi assim que aleatoriamente foi escolhido o termo "dadaísmo". Os artistas reunidos resolveram
escolher um termo num dicionário que, de certa maneira, já indicava o caráter ilógico do
movimento que surgia. Do francês, o termo “dadá” significa "cavalo de madeira".
Intervenção de manequim pendurado no teto na Primeira Feira
Internacional Dadá, 1920
Nesse sentido, o dadaísmo é considerado um movimento antiartístico, uma vez que questiona a
arte e busca o caótico e a imperfeição.
"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e
sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar
que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca
respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação
também, eu não sou nem pró nem contra e não explico por que odeio o bom-
senso. A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está
morta." (Tristan Tzara)

Dadaísmo no Brasil
O dadaísmo, assim como outras vanguardas artísticas europeias, influenciou o movimento
modernista que surgia no Brasil, sobretudo após a Semana de Arte Moderna.
Na literatura, podemos notar essa influencia em algumas manifestações dos escritores Mário de
Andrade e Manuel Bandeira. Além deles, destaca-se o "teatro de experiência" de Flávio de
Carvalho e as pinturas de Ismael Nery.
Veja abaixo um poema de Mário de Andrade, com influência dadaísta:
Ode ao burguês
Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...)

Dadaísmo na Literatura
Note que o movimento dadaísta se difundiu nas artes plásticas e também na literatura. Os poetas
dadaístas cultivavam a disposição aleatória das palavras.
Dessa forma, era notória a falta de lógica e irracionalidade, próprias do dadaísmo. Ocorria assim, a
banalização das rimas e da construção poética.
 Hugo Ball (1886-1927)

Fundador do movimento, foi poeta, escritor, crítico, dramaturgo e filósofo. De origem alemã,
exilou-se na Suíça durante a Primeira Guerra Mundial. Ball é considerado o pai da poesia
fonética ou poesia sonora, forma de lírica dadaísta que fragmentava as palavras em sílabas
fonéticas individuais, retirando qualquer significado ou sentido originais. O autor, muitas
vezes, declamava essas poesias em performances no Cabaret Voltaire, espaço que abriu em
colaboração com outros artistas e que chamou de “cabaré artístico”.

 Kurt Schwitters, (Hannover, Alemanha 20 de junho de 1887 - Ambleside, Reino


Unido, 8 de janeiro de 1948)

foi um artista plástico, poeta, pintor e escultor alemão, além de ter se aventurado por


outras artes. Conhecido do grande público atualmente, principalmente, por
suas colagens, foi, no entanto, um multi-artista que inventou a arte de
instalações artísticas e precursor da chamada Nova Tipografia. Suas inovações iriam,
definitivamente, conduzir muito da arte dos século XX e início do XXI e, através de sua
influência na Bauhaus, definir novos rumos para o design publicitário.

 Raul Hausmann (1886-1971)

Um dos dadaístas mais experimentais, Raul Hausmann assinava suas obras com o
pseudônimo Der Dadasophe, e foi pintor, escultor e poeta. Também foi o inventor
da fotomontagem. Como Hugo Ball, também escreveu diversos poemas sonoros, além de
produzir também o que chamou de “poemas de cartaz”, criando mecanismos e recursos
tipográficos para que os poemas sonoros fossem visualizáveis.

 Marcel Duchamp (1887-1968)

Duchamp foi um pintor e escultor francês famoso por seus ready-mades, objetos que são
escolhidos aleatoriamente e que, após uma leve intervenção do artista, tornam-se obra de
arte. É o caso de Fonte, um urinol de louça que Duchamp enviou a uma mostra, em 1917,
mas que foi rejeitado. O artista ficou conhecido também por pintar bigodes na Mona Lisa, em
clara demonstração de desprezo pela arte acadêmica. Inventou mecanismos ópticos, fez
curtas-metragens e colagens.

 Hannah Höch,
nascida Johanna Höch, (Gota, Alemanha, 1 de Novembro de 1889 — Berlim, Alemanha, 31 de
Maio de 1978) foi uma das mais importantes representantes do movimento dadaísta e precursora
da fotomontagem.
Hannah refletiu em suas obras a justaposição entre a mulher alemã moderna e a mulher alemã
colonial. Ao fazê-lo desafiou as representações culturais das mulheres, levantando questões
relativamente à sexualidade das mulheres e aos seus papéis de gênero na nova sociedade. Com
as suas imagens Höch abordou os medos, possibilidades e as novas esperanças para as
mulheres na Alemanha moderna.

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